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Atividade antibiofilme do hipoclorito de sódio contra biofilmes
simples formados por Salmonella Typhimurium
T.A. Penno1,
V. Schuh1, G.A. Hillesheim
1, A.G. Forchesatto
1, S.M. Silveira
2, A.F. Millezi
3.
1- Discente do curso Engenharia de Alimentos, Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia – CEP:
89700-000 – Concórdia – SC – Brasil. Telefone: (49) 9122-9206 – e-mail: ([email protected]).
2- Docente do curso Engenharia de Alimentos, Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia – CEP: 89700-
000 – Concórdia – SC – Brasil. Telefone: (49) 8840-7007 – e-mail: ([email protected] ).
3- Orientadora, Docente do curso de Agronomia, Instituto Federal Catarinense – campus Concórdia – CEP:
89700-000 – Concórdia – SC – Brasil. Telefone: (49) 9803-9600 – e-mail: (alessandra.millezi@ifc-
concordia.edu.br ).
RESUMO – Biofilme é uma matriz celular, biologicamente ativa, que se forma em superfícies.
Salmonella Typhimurium é uma bactéria em forma de bacilos, Gram-negativos, anaeróbia facultativa e
móvel. O hipoclorito de sódio é atualmente o sanitizante mais utilizado, em função da sua rápida ação,
fácil aplicação e completa dissociação em água. Foram realizadas as análises de MTT (Atividade
Metabólica), CV (Quantificação de Biomassa) e UFC (Quantificação de Células Viáveis). Todas as
análises foram realizadas em triplicata, com uma concentração de hipoclorito de sódio a 2%. Os
resultados obtidos pelas análises, após serem avaliados por ANOVA pelo método de Bonferroni:
Compare Select Pairs of Columns, foram satisfatórios, na concentração utilizada de hipoclorito de
sódio, pois apresentaram resultados significativos (P<0,05), o que indica uma boa ação do hipoclorito
de sódio como sanificante. Contudo, pode-se concluir que o hipoclorito de sódio, apresentou uma boa
eficiência, agindo contra biofilmes formados por S. Typhimurium.
ABSTRACT - Biofilm is a cellular matrix, biologically active, that is formed on surfaces. Salmonella
Typhimurium bacteria is in the form of bacilli, Gram-negative, facultative anaerobic and mobile.
Sodium hypochlorite is currently the most widely used sanitizer, due to its fast action, easy to use and
complete dissociation in water. the analysis MTT (Metabolic Activity), CV (Quantification of
Biomass) and CFU (Quantification of Viable Cells). All analyzes were performed in triplicate, with a
sodium hypochlorite concentration of 2%. The results obtained by the analysis, after being evaluated
by ANOVA Bonferroni Compare Select Pairs of Columns were satisfactory, the concentration used
sodium hypochlorite, as had results below the stipulated limit (P <0.05), which It indicates a good
action of sodium hypochlorite as a sanitizer. However, it can be concluded that sodium hypochlorite
had good efficiency, acting against biofilms formed by S. Typhimurium.
PALAVRAS – CHAVE: Biofilme, Salmonella Typhimurium, hipoclorito de sódio.
KEYWORDS: Biofilm, Salmonella Typhimurium, sodium hypochlorite.
1- INTRODUÇÃO
As bactérias, em sua maioria, quando se encontram em seu habitat natural, vivem em grupos
de diferentes graus de complexidade, o que se associa com a variedade de superfícies bióticas ou
abióticas, onde podem assim formar um biofilme (Caixeta, 2006). Biofilme pode ser definido como
complexas comunidades de microrganismos, aderidos a uma superfície, juntamente com uma matriz
de substâncias poliméricas extracelular de origem microbiana (Xavier, 2002). Biofilme também pode
ser definido como uma matriz celular, biologicamente ativa, e substâncias extracelulares em
associação com uma superfície sólida (Kumar, 1998). Na sua formação ocorre primeiramente a adesão
das células bacterianas, através de forças físicas e atrações eletrostáticas, à superfície (Arcuri, 2000).
O cloro, na forma de hipoclorito de sódio, consiste no sanitizante mais utilizado para garantir a
qualidade microbiológica da água e dos alimentos (Both, 2009). Os compostos, que tem o cloro como
princípio ativo, são germicidas de amplo espectro de ação, pois reagem com as proteínas da membrana
das células microbianas, promovendo assim uma interferência no transporte de nutrientes e fazendo
com que se percam componentes celulares (Antoniolli, 2005). O hipoclorito de sódio é atualmente o
sanitizante mais utilizado, em função da sua rápida ação, fácil aplicação e completa dissociação em
água (Antoniolli, 2005), além de ser de baixo custo, comparado com outros sanitizantes, de fácil
acesso e amplamente disponível no comércio (Both, 2009).
Salmonella Typhimurium é uma bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae e se
apresenta na forma de bacilos Gram-negativos não produtores de esporos, é anaeróbia facultativa, é
móvel devido aos seus flagelos peritríqueos, produz ácido a partir da glicose além de ser capaz de
utilizar citrato como única fonte de carbono. O pH ótimo para o seu crescimento é em torno de sete,
sendo a temperatura ótima na faixa entre 35ºC a 37ºC, porém podendo haver crescimento na faixa
entre 5ºC e 47ºC. Essa bactéria não é capaz de suportar concentrações de NaCl acima de 9% (Franco,
1996).
Este trabalho foi realizado considerando os problemas que são encontrados nas indústrias, com
a formação de biofilmes, nas superfícies dos equipamentos e superfícies sem contato com o alimento.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo, avaliar a eficiência do hipoclorito de sódio
contra a formação biofilmes simples de Salmonella Typhimurium, em superfícies.
2- MATERIAIS E MÉTODOS
Inoculou-se uma alça de bactéria em TSB, e incubou-se a 36°C por 24 horas, após o
crescimento da bactéria, fez-se inóculo padronizado. A partir desse inóculo, colocou-se 100 µL em
três poços, da placa de 96 poços, nesses mesmos três poços colocaram-se 100 µL de hipoclorito de
sódio a 2%, tendo assim o tratamento. Para obter o controle positivo, sem sanitizante, fez-se a
inoculação de três poços somente com o inóculo padronizado. Após incubou-se novamente, em
Shaker, com 80 rpm a 36°C por 24 horas. O mesmo procedimento foi realizado para as três análises:
MTT (Atividade Metabólica), CV (Quantificação de Biomassa) e UFC (Quantificação de Células
Viáveis).
2.1- Atividade Metabólica (MTT)
Após a incubação no Shaker, lavou-se a placa com água destilada estéril, secou-se a placa
perto da chama, e adicionou-se a solução de MTT em todos os poços que haviam sido inoculados, e
mais três poços extras, para serem obtidos os resultados sem interferência da solução de MTT na
leitura. As placas foram incubadas por 2 horas e 30 minutos em over night a 37°C. Ao término desse
período fez-se a leitura da placa em Elisa, a 630 nm.
2.2- Quantificação de Biomassa (CV)
Após a incubação no Shaker, lavou-se a placa com água destilada estéril, a placa foi seca
próximo à chama, adicionou-se metanol em todos os poços que haviam sido inoculados, deixou-se agir
por 15 minutos, adicionou-se cristal violeta deixando agir por 5 minutos, passado esse tempo, lavou-se
a placa em água corrente, bom baixa vazão, secou-se a placa novamente e foi adicionado ácido acético
33% nos poços, seguindo assim para a leitura da placa em espectrofotômetro Elisa, a 630 nm.
2.3- Quantificação de Células Viáveis (CFU)
Após a incubação no Shaker, a placa foi lavada com água destilada estéril, secou-se a placa
próximo à chama, adicionou-se água destilada estéril, seguindo assim para o banho-maria de
ultrassonografia, permanecendo por seis minutos. Após transferiu-se 100 µl da água destilada contida
no poço para um microtubo contendo 900 µL de água peptonada esterilizada. Foram realizadas as
diluições até 10-6
. Inoculou-se em triplicata, pelo método de microgota. As placas foram incubadas a
36°C por 24 horas, fez-se esse procedimento para todos os poços da placa. Após o tempo de incubação
realizou-se a contagem das colônias.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir, dos valores gerados pela leitura em Elisa, nas análises de MTT e CV, e a partir, dos
números de colônias contadas na análise de CFU, foram realizados os cálculos de média e desvio
padrão, após aplicou-se o teste de ANOVA pelo método de Bonferroni: Compare Select Pairs of
Columns, tendo 99% como nível de significância, gerando assim os seguintes gráficos.
Figura 1- Resultado da análise de UFC, utilizando hipoclorito de sódio a 2%, como antibiofilme.
A Figura 1 apresenta os resultados da análise de UFC, a qual determina a quantidade de
células viáveis do biofilme. Como se pode perceber no controle, que é onde não teve aplicação do
tratamento com hipoclorito de sódio, apresentou valor próximo de 8,0 CFU.log10.cm2. Entretanto
quando foi aplicado o tratamento com hipoclorito de sódio, o valor foi próximo a 1,5 CFU.log10.cm2.
Comparando os resultados com e sem tratamento, pode-se perceber que houve uma redução decimal
significativa, tanto que os resultados apresentaram significância (P<0,05), entre eles.
Figura 2 - Resultado da análise de MTT, utilizando hipoclorito de sódio a 2%, como antibiofilme.
A Figura 2 apresenta os resultados da análise de MTT, a qual determina a atividade metabólica
do microrganismo no biofilme. O controle apresentou atividade metabólica elevada com translucidez,
próxima a 0,16 em OD de 630 nm, enquanto nos poços, nos quais se aplicou o sanitizante, apresentou
translucidez, em torno, de 0,02, na mesma faixa de leitura. Comparando os resultados com e sem
tratamento, pode-se perceber que houve uma redução significativa da atividade metabólica, os
resultados apresentaram significância (P<0,05), entre eles.
Figura 3 - Resultado da análise de CV, utilizando hipoclorito de sódio a 2%, como antibiofilme.
A Figura 3 apresenta os resultados da análise de CV, a qual determina a quantificação da
biomassa no biofilme. Nesta análise, também houve redução significativa (P<0,05), entre o controle e
o tratamento realizado com o sanitizante. O controle apresentou uma translucidez, próxima a 0,16, em
OD 630 nm, enquanto nos poços em que houve a aplicação do hipoclorito de sódio apresentou uma
translucidez próxima a 0,06, em OD de 630nm.
4- CONCLUSÃO
As três análises realizadas, para avaliar a eficiência do hipoclorito de sódio, na eliminação de
biofilmes simples formados por S. Typhimurium apresentaram bons resultados, mostrando assim que o
hipoclorito de sódio é capaz de eliminar o biofilme, deixando em níveis aceitáveis, concluindo-se que
houve uma boa sanitização da superfície.
5- AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
financiamento do projeto, e também ao Instituto Federal Catarinense- Campus Concórdia por ceder às
instalações do laboratório de microbiologia de alimentos, para a realização das análises.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Antoniolli, L. R. Benedetti, B. C.; Filho, M. S. M. S.; Borges, M. F. (2005). Efeito do hipoclorito de
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Arcuri, E. F. (2000). Biofilmes bacterianos na indústria de alimentos. Leite e derivados, 40-45. V 9,
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dbi%2Fdocsonline%2Fget.php%3Fid%3D1352&usg=AFQjCNG-
8iC49uwqqbE2MWWiTSovxwTNzg&sig2=lncHAsDQxiFapUDNrxqkng
Caixeta, D. S. (2006). Formação de biofilme por diferentes linhagens de Pseudomonas sp.na
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Franco, Bernadette, D.G de Melo; Landgraf, Mariza. Microbiologia de alimentos. São Paulo: Atheneu,
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Kumar, C. G.; Anand, S. K. (1998). Significance of microbial biofilms in food indrustry: a review.
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Xavier, J. B.; Picioreanu, C.; Almeida, J. S.; Vanloosdrecht, M. C. M. (2002). Monitorização e
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