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CP5

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  • Ano letivo 2014 / 2015 Pgina 1

    CP5 - Deontologia e princpios ticos Atividade 6

    Leia com muita ateno:

    Discurso do Dalai Lama

    Esta noite, gostaria de falar convosco sobre a importncia da bondade e da compaixo. Ao discutir esses

    temas, no me vejo como budista, Dalai Lama ou tibetano, mas sim como um ser humano e espero que

    vocs, no auditrio, pensem em vocs mesmos dessa maneira. No como americanos, ocidentais ou

    membros de um determinado grupo, pois essas condies so secundrias. Se interagirmos como seres

    humanos, podemos chegar a esse nvel. Caso eu diga "sou monge" ou "sou budista", as afirmaes sero,

    em comparao com a minha natureza de ser humano, temporrias. Ser humano bsico. Uma vez

    nascido assim, no se poder mudar at morte. Outras condies, ser ou no instrudo, rico ou pobre, so

    secundrias.

    Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns so criados essencialmente por ns mesmos, com base em

    diferenas de ideologia, religio, raa, situao econmica ou outros fatores. Chegou, portanto, o momento

    de pensarmos em nveis mais profundos. Em nvel humano, condio essa que deveremos apreciar e

    respeitar em todos os que nos cercam. Devemos construir relacionamentos baseados na confiana mtua,

    na compreenso, no respeito e na solidariedade, independentemente de diferenas culturais, filosficas ou

    religiosas.

    Todos os seres humanos so iguais. Feitos de carne, ossos e sangue. Todos queremos a felicidade e evitar

    o sofrimento e temos direito a isso. Por outras palavras, importante compreender a nossa igualdade.

    Pertencemos todos a uma famlia humana. O fato de brigarmos uns com os outros deve-se a razes

    secundrias, e todas essas discusses so inteis. Infelizmente, durante muitos sculos, os seres humanos

    usaram todos os mtodos para se ferirem uns aos outros. Muitas coisas terrveis aconteceram, resultando

    em mais problemas, mais sofrimento e desconfiana. E, consequentemente, em mais divises.

    O mundo hoje est cada vez menor em vrios aspectos, particularmente o econmico. Os pases esto

    mais prximos e interdependentes e, nesse quadro, torna-se necessrio pensar mais em nvel humano do

    que em termos do que nos divide. Assim, falo a vocs apenas como um ser humano e espero,

    sinceramente, que vocs estejam a escutar com o pensamento: "Sou um ser humano e estou a ouvir outro

    ser humano falar".

    Todos queremos a felicidade; nas cidades, no campo, mesmo em lugares remotos, as pessoas trabalham

    com o objectivo de alcan-la, entretanto, devemos ter em mente que viver a vida superficialmente no

    solucionar os problemas maiores.

    H muitas crises e medos nossa volta. Por meio do grande desenvolvimento da cincia e da tecnologia,

    atingimos um estado avanado de progresso material, que necessrio. No podemos, no entanto,

    comparar o progresso externo com nosso progresso interior. As pessoas queixam-se do declnio da

    moralidade e do aumento da criminalidade, mas esses problemas no sero resolvidos, se no procurarmos

    desenvolver o nosso interior.

    No passado remoto, se houvesse uma guerra, os efeitos seriam geograficamente limitados, porm hoje, em

    funo do progresso, o potencial de destruio ultrapassou o concebvel. No ano passado estive em

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    Hiroshima, no Japo. Mesmo tendo informaes a respeito da exploso nuclear l ocorrida, era muito

    diferente estar no local, ver com meus prprios olhos e encontrar pessoas que realmente sofreram com

    aqueles acontecimentos. Fiquei profundamente emocionado. Uma arma terrvel tinha sido usada. Embora

    possamos considerar algum como inimigo, temos de levar em conta que essa pessoa um ser humano e

    que tem direito a ser feliz. Olhando para Hiroshima e refletindo a respeito, fiquei ainda mais convencido de

    que a raiva e o dio no so meios para solucionar problemas.

    A raiva no pode ser superada pela raiva. Quando uma pessoa tiver um comportamento agressivo com

    voc e a sua reaco for semelhante, o resultado ser desastroso. Ao contrrio, se voc puder se controlar

    e tomar atitudes opostas "compaixo, tolerncia e pacincia", no s se manter em paz, como a raiva do

    outro diminuir gradativamente. Do mesmo modo, problemas mundiais no podem ser solucionados pela

    raiva ou pelo dio. Sentimentos como esses devem ser enfrentados com amor, compaixo e pura bondade.

    Pensem em todas as terrveis armas que existem, mas que, por si mesmas, no podem iniciar uma guerra.

    Por trs do gatilho h um dedo, movido pelo pensamento, no por sua prpria fora. A responsabilidade

    permanece na nossa mente, de onde se comandam as aces. Portanto, controlar em primeiro lugar a

    mente muito importante. No estou a falar de meditao profunda, mas apenas de cultivar menos raiva e

    mais respeito aos direitos do outro. Ter uma compreenso mais clara da nossa igualdade como seres

    humanos.

    Ningum quer a raiva, ningum quer a intranquilidade, mas por causa da ignorncia somos acometidos por

    sentimentos como esses. A raiva faz-nos perder uma das melhores qualidades humanas, o poder de

    discernimento. Temos um crebro bem desenvolvido, coisa que outros mamferos no tm. Esse rgo

    permite-nos julgar o que certo e o que errado. No apenas em termos actuais, mas em projeces para

    daqui dez, vinte ou mesmo cem anos. Sem nenhum tipo de pr-cognio, podemos utilizar o nosso bom

    senso para determinar o certo e o errado. Imaginar as causas e seus possveis efeitos. Contudo, se a nossa

    mente estiver ocupada pela raiva, perderemos o poder de discernimento e tornar-nos-emos mentalmente

    incompletos. Devemos salvaguardar essa capacidade e, para tanto, temos que criar uma companhia de

    seguros interna: autodisciplina, autoconscincia e uma clara compreenso das desvantagens da raiva e dos

    efeitos positivos da bondade. Se refletirmos a respeito dessas questes com frequncia, podemos

    incorporar a ideia e, ento, controlar a mente.

    Por exemplo: pode ser que voc seja uma pessoa que se irrita facilmente com pequenas coisas. Com

    desenvolvida compreenso e consciencializao, isso pode ser controlado. Se voc fica geralmente

    zangado durante dez minutos, tente reduzi-los para oito. Na semana seguinte, reduza para cinco e, no

    prximo ms, para dois. Depois, passe para zero. assim que desenvolvemos e treinamos nossa mente.

    o que penso e tambm o que pratico.

    perfeitamente claro que todos necessitam de paz interior, que s pode ser alcanada por meio da

    bondade, do amor e da compaixo. O resultado uma famlia em paz, felicidade entre pais e filhos, menos

    brigas entre casais. Numa nao, essa atitude pode criar unidade, harmonia e cooperao com saudvel

    motivao. A nvel internacional, precisamos de confiana e respeito mtuos, discusses francas e

    amistosas, com motivaes sinceras e um esforo conjunto no sentido de resolver problemas. Tudo isso

    possvel.

    Precisamos, porm, mudar interiormente. Nossos lderes tm feito o melhor que podem para resolver

    nossos problemas, mas, quando um resolvido, surge outro. Tenta-se solucionar este, surge mais um

    noutro lugar. Chegou o momento ento de tentar uma abordagem diferente.

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    certamente difcil realizar um movimento mundial pela paz de esprito, mas a nica alternativa. Caso

    houvesse outro mtodo mais fcil e prtico, seria melhor, porm no h. Se com armas pudssemos chegar

    paz duradoura, muito bem. Transformaramos todas as fbricas em produtoras de armamentos.

    Gastaramos todos os dlares necessrios, se consegussemos a definitiva paz, mas tal impossvel.

    As armas no permanecem empilhadas. Uma vez desenvolvidas, algum ir us-las. O resultado a morte

    de criaturas inocentes. Portanto, a nica maneira de atingirmos uma paz mundial duradoura por meio da

    transformao interior. E, mesmo que essa transformao no ocorra durante esta vida, a tentativa ter sido

    vlida. Outros seres humanos viro; a prxima gerao e as seguintes. E o progresso pode continuar. Sinto

    que, apesar das dificuldades prticas, e, mesmo correndo o risco de que tal viso seja considerada pouco

    realista, vale a pena o esforo. Assim, aonde quer que eu v, expresso essas idias e sinto-me muito

    motivado porque mais pessoas tm sido receptivas a elas.

    Cada um de ns responsvel por toda a humanidade. Chegou a hora de pensarmos nas outras pessoas

    como verdadeiros irmos e irms e nos preocuparmos com o seu bem-estar. Mesmo que voc no possa

    sacrificar-se inteiramente, no dever esquecer-se das dificuldades dos outros. Temos de pensar mais

    sobre o futuro em benefcio de toda a humanidade. Se voc tentar dominar os seus sentimentos egostas e

    desenvolver mais bondade e compaixo, em ltima anlise, voc quem ir sair beneficiado. o que

    chamo de egosmo sbio. Pessoas egostas tolas s pensam em si mesmas, e o resultado negativo.

    Egostas sbios pensam nos outros, ajudam da melhor forma e tambm colhem os benefcios. Essa

    minha simples religio. No h necessidade de templos ou de filosofias complicadas. O nosso prprio

    crebro, o nosso corao so nossos templos. A filosofia a bondade.

    Responda s seguintes questes:

    1. Diga qual a tese do texto.

    2. Explicite as diferentes analogias utilizadas pelo autor do texto.

    3. Enuncie qual , segundo o autor, o nico instrumento, ferramenta, que permite transformar as

    pessoas e o mundo.

    4. Explique a diferena entre egosmo sbio e egosmo tolo.

    5. Elabore um comentrio seguinte afirmao: A biodiversidade tambm s tu. Renasce.

    Reconhece. Reage.

    O formador

    Antnio Costa