ATIVIDADE 1 - Concepções de Linguagem e o Ensino de Língua Portuguesa

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ATIVIDADE 1 - Concepções de Linguagem e o Ensino de Língua Portuguesa. Faça um levantamento dos principais problemas de ortografia, pontuação, referência e encadeamento de orações encontrados no texto. O texto do aluno (levantamento) não precisa ser muito longo, porém deve abranger os tópicos solicitados (ortografia, pontuação, referência e encadeamento), estudados no capítulo 2 do livro Concepções de Linguagem e o Ensino. Problemas nas produções de textos do ensino fundamental Verônica Karina Ipólito É comum encontrarmos em textos produzidos por crianças dos 3º e 4º anos do ensino fundamental, elementos da língua falada. Ao analisarmos o texto proposto nessa atividade estaremos avaliando os componentes gramaticais associando- os as várias características da linguagem oral e escrita. O enfoque principal é trabalhar gramaticalmente o texto, ou seja, compartilhar normas aos alunos para que eles possam falar e escrever corretamente. Para isso, iremos abordar em nossa análise as dificuldades e as possíveis soluções que podem ser aplicadas nos problemas de ortografia, pontuação, referência e encadeamento de orações que são normalmente encontrados em textos de alunos do ensino fundamental.

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Concepções de Linguagem

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ATIVIDADE 1 - Concepções de Linguagem e o Ensino de Língua Portuguesa.

Faça um levantamento dos principais problemas de ortografia, pontuação, referência

e encadeamento de orações encontrados no texto.

O texto do aluno (levantamento) não precisa ser muito longo, porém deve abranger

os tópicos solicitados (ortografia, pontuação, referência e encadeamento),

estudados no capítulo 2 do livro Concepções de Linguagem e o Ensino.

Problemas nas produções de textos do ensino fundamental

Verônica Karina Ipólito

É comum encontrarmos em textos produzidos por crianças dos 3º e 4º anos do

ensino fundamental, elementos da língua falada. Ao analisarmos o texto proposto nessa

atividade estaremos avaliando os componentes gramaticais associando-os as várias

características da linguagem oral e escrita. O enfoque principal é trabalhar

gramaticalmente o texto, ou seja, compartilhar normas aos alunos para que eles possam

falar e escrever corretamente. Para isso, iremos abordar em nossa análise as dificuldades

e as possíveis soluções que podem ser aplicadas nos problemas de ortografia,

pontuação, referência e encadeamento de orações que são normalmente encontrados em

textos de alunos do ensino fundamental.

Na versão escrita da narrativa analisada são freqüentes alguns erros de grafia

(“éra”, “éram”, “erperto”, “também”, “pertp”, “corendo”, “corrento”, “meto”, “oces”,

etc), que, segundo Ana C. J. Hintze e Juliano D. Antonio (2010, p. 51), não devem, em

um primeiro momento, ser corrigidos com uma simples indicação porque são frutos de

condicionantes lingüísticos e psicológicos. Por isso, essas falhas devem ser trabalhadas

pelo professor já que na língua portuguesa é comum a falta de correspondência entre

som e letra, dificultando a aprendizagem do aluno. Ao escrever “éram” em vez de

“eram”, é possível que a criança tenha associado o som do <e> com o <é>. Os autores

sugerem o exercício e estudo com os alunos sobre a estruturação e formação das

palavras e suas diferenças e semelhanças com os sistemas sonoros da linguagem oral.

Observamos no texto a quase inexistência de pontuação, talvez porque o aluno

esteja mais preocupado com as informações do que propriamente com os elementos

gramaticais. Nesse sentido, Hintze e Antonio (2010, p. 50), sugerem algumas medidas a

serem tomadas pelo professor a fim de conscientizar os alunos do uso adequado da

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pontuação. Os autores afirmam que o ideal é propor a leitura do texto,

preferencialmente em voz alta, para que eles observem alguns excessos, como o uso

indevido de alguns elementos de ligações entre as orações, como o caso do “e” ou “ele”.

Outra sugestão proposta pelos autores é desafiar os alunos a realizarem um

exercício de leitura e assinalar os lugares do texto em que há mudanças de temas ou

assuntos. Esses sinais devem preferencialmente ser feitos com material colorido, para

que o aluno se sinta motivado ao desenvolver sua percepção. Neste caso, os autores

recomendam cautela alertando que o exercício de pontuação jamais deve estar associado

ao momento em que percebemos a “pausa para respirar”. Este método é

convencionalmente utilizado pelos professores e, no entanto, não levam à prática da

percepção, tão importante na leitura e produção do texto.

No que tange ao problema da referência, podemos notar o uso constante em

alguns momentos do texto do pronome “ele”, como nas orações: “Era uma vez um

menino ele chamava Luguinha ele tinha um cachorro o nome do cachorro éra fofinho

eles éram muito erperto tambem tinha o pai do Luguinha ele éra muito bonito (...) Eles

viver em uma pesca pertp da floresta na floresta tinha um lobo ele chamava lobão da

floresta la tinha muitos morcegos”. Isso significa que na transferência da palavra falada

para a escrita o aluno manteve desnecessariamente o pronome “ele”. Neste caso,

segundo Hintze e Antonio (2010, p. 55), o objetivo é conscientizar o aluno que utilizar

“ele” várias vezes em um texto é dispensável. Através de um trabalho de comparação do

texto produzido pelo aluno com outro texto pode despertar seu interesse para a produção

de sentido na hora da escrita. O objetivo é fazer com que o aprendiz perceba que o autor

escreveu um texto com o mesmo tema que o seu sem, no entanto, colocar o pronome

pessoal “ele”.

Com relação ao encadeamento de orações, podemos perceber no texto, a

ausência de sentido entre partes da oração e do próprio texto, conforme o excerto já

supracitado: “Era uma vez um menino ele chamava Luguinha ele tinha um cachorro o

nome do cachorro éra fofinho eles éram muito erperto tambem tinha o pai do Luguinha

ele éra muito bonito”. Além disso, o encadeamento das orações é prejudicado pela

ausência de pontuação e repetição desnecessária de palavras: “Um belo dia fofinho saiu

para fora lá fora tinha um lobo lo fofinho foi corendo chamar o luquinha luguinha

falou”. Verificamos que essas repetições são marcantes também na linguagem oral,

caracterizando a influência da língua falada no processo de escrita. Nesse caso, é

importante despertar no aluno o interesse em criar nexos entre as palavras. Esse

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exercício demanda tempo e prática. Em consonância com Hintze e Antonio (2010, p.

58) a construção de orações sem o uso repetitivo de pronomes pessoais e devidamente

pontuadas pode ser o início para criar essa consciência nos alunos.

Através de um trabalho cauteloso do professor em procurar seguir essas dicas e

evitar a prática desses erros, os alunos perceberão, ao longo do tempo, que a linguagem

escrita deve receber um tratamento diferenciado da linguagem falada. Mais do que um

desafio, esse exercício é necessário para o entendimento e articulação da linguagem

escrita pelo aluno.

Referência bibliográfica:

HINTZE, Ana Cristina J.; ANTONIO, Juliano D.. Tecendo novas relações com a gramática no ensino fundamental. In: MENEGASSI, Renilson J.; SANTOS, Annie Rose dos; RITTER, Lílian C. B.. (orgs). Concepções de linguagem e ensino. Maringá: Eduem, 2010, p. 41-66.