Astreria. Passando por Vaticunia
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7/23/2019 Astreria. Passando por Vaticunia
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Os dias naquela cidade sempre carregavam um ar de cansaço. Todoscorriam para trabalhar, alguns simplesmente para manterem o emprego, mastodos gritariam em uníssono o tamanho de sua preguiça em se levantar.
Deixando a manhã mais cansativa do que o fm da tarde. Era um sistemainverso ao normal. am trabalhar cansados, aos poucos ganhavam !orças e porfm, saiam tão animados que ia para algum bar beber ou prostibulocomemorar. "ada que manchasse a imagem dos homens ou mulheres que seentregavam a esses dese#os, era uma atividade tão comum que se um amigogritasse para seu colega do outro alto da rua que iria $!oder umas putas da%asconcelo&, os que escutassem, homens ou mulheres, correriam a chance depensarem $eu tamb'm&.
"ada era mais alegre do que a noite daquela cidades. (s lu)es dosbordeis piscavam cintilantes e as m*sicas que saiam das boates ao abrir deporta continuou poderia iniciar uma pequena dança de casais no meio da rua. Tão libertinos e tão $saud+veis& são os seus habitantes que mal percebem ovoou continuo de aves de !ogo sobre si. "ão eram !nix, longe disso, ao inv'sde criarem da morte a vida, elas criavam na vida, a morte. E aqueleshabitantes eram os seus libert+rios, sem sentir a vida esvair de seus peitos,enquanto descia vibrante para o meio de suas pernas.
- existia um *nico lugar que poderia chegar perto do silencio naquelastão agitadas noites, e este lugar era o chamado $retiro de descanso&, locali)adona /imia a esquerda do maior e mais caro 0ordel que poderia existir. Tão cara
que as putas e putos s !altavam se embebedarem em ouro, não que nãotivessem tentado... Essa mesmíssima passagem não tinha nada de descanso,os descansos eram tirados nos trabalhos, a noite ' para ser curtida. E assimmostravam as apaixonados que gemiam descuidadamente de dentro dosquartos. 1areciam querer mostrar para todo mundo at' onde ia seus go)os depaixão, o quais eram con!undidos por um amor condicional de uma noite,2quem sabe duas.
1or'm, não seria #usto generali)ar todos os seus habitantes atuais,principalmente pela chegada de um #ovem cavalheiro que trocara a armadura
relu)ente por um sobretudo que ocultava o atraente rosto. -eus passos eramsilenciosos, quase mais do que os de um bichano. -eus olhos ftavam a tudo,com cautela e ameaça, cada movimento das sombras ou das aves eram dignosde atenção, pois não poderia ser pego naquele lugar ne!asto.
3hegando ao fm da rua avistou o que seria o ponto de encontrocombinado. 1arou por um momento diante as lu)es e acompanhou andar porandar do pr'dio amarelo com seus olhos lupinos, at' não poder mais ver osandares. Tão impossível parecia aquele lugar, que sua altura dava a impressãode tocar o infnito. Era essa a sensação que seu criador queria passar. O #ovemftou a porta roxa e !oi abrindo devagar, preparando2se para qualquer eventual
surpresa, ou mulheres nuas que assustadoramente sempre conseguiamencantar.
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2 4ual o segredo desse lugar5 6 1erguntou sem mesmo se preocupar, poiss tinha uma certe)a7 "ão se deixar ser pego.
(#eitou mais o sobretudo ao adentrar no breu do lugar. -em queestivesse com o coração preparado, !oi surpreendido por trs grandes holo!ote
direcionados para ele. 8ma mulher o dava as boas vindas nos alto2!alantes ev+rias outras seminuas iam sedutoras em sua direção. 1or um momento sesentiu um gatinho que logo seria abatido, mas como *ltimo recurso ergueu umdedo e apontou para uma mulher que estava no meio, sem conseguir v2la porcausa da lu) intensa. Os holo!ote se dispersão, revelando e incrível e enormesalão a meia lu), com as mais variadas putas e putos sentados e tendo umaconversa apaixonante com seus clientes.
O #ovem olha con!uso para todas as mulheres que se dispersavam eperguntava2se continuamente7 $4uem eu escolhi5&, temendo que !osse a maisbela dentre as outras. E isso certamente seria um suicídio não intencional.
-uavi)ou a expressão ao ver a mulher que se aproximava. Era baixa edelicada. 1ele quase tão clara quanto as !olhas de %itin que carregava nacarteira. 3abelos ondulados e castanhos beirando o ruivo. E a armadilha !atal7olhos verdes e um corpo sem muitos volumes, mas com curvas per!eitas quedeixariam qualquer um tentado a explorar cada detalhe com a palma dasmãos, ou at' com as costas da língua.
2 O que dese#a meu garanhão5 6 1erguntou a puta com tom macio e olevando em direção a uma mesa.
2 %im ver algu'm. 1recisa mesmo me acompanhar5 6 1erguntou aoretomar a compostura e lutando !ero)mente para não deixar os olhosdesli)arem mais outra ve) pelo corpo da mulher, que vestia apenas roupasintimas, coberta por um vestido transparente.
2 1reciso sim. 3ada cliente, no mínimo um acompanhante. 9egras dacasa. 6 :alou alegremente enquanto o segurava pelo braço. 6 4uem veio ver5 61erguntou com um sorriso simp+tico e baixando as argolas que escondiam orosto do rapa).
2 Don galante... 6 :alou sem muita confança se aquele nome revelaria
alguma coisa ; puta.
2 Oh, claro. 3omo não5 Tem o mesmo emblema que ele. 6 ( garota riuenquanto apontava para o peito esquerdo do #ovem. 4ue de sobressalto olhouna direção e nada viu entalhado no sobretudo.
$-eria possível5 8ma puta deste lugar pode ver tal coisa5&, perguntou2seempalidecido enquanto a acompanhava para o quarto reservado de seu velhoamigo.
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2 (qui est+ ele. O nobre Don <alante. 6 Disse com n!ase abrindo a portado quarto e adentrando sem rodeios, ou temendo pegar algu'm no ato. "ãoque o #ovem duvidasse da fdelidade do amigo para com a esposa.
(o entrar nos aposentos, logo ftou, seu conhecido com uma alta e
curvilínea mulher ruiva sentada ao colo. De !rente para uma mesa com cartasde baralho espalhadas, algumas caídas ao piso.
2 Oh... "obre5 6 1erguntou com certo desd'm, enquanto sentava2secon!ort+vel na poltrona vermelha a !rente do homem que o chamou at' ali. (prostituta que o acompanhava sentou2se em seu colo.
2 %e#o que tem bons olhos. 6 (frmou o velho amigo apontando a mulherque o rapa) escolhera. 6 8ma bela e puritana, at' o momento... 6 Ele ri #untocom a ruiva. 6 %irgem.
O #ovem lupino levantou as sobrancelhas, incr'dulo.
2 O que uma virgem est+ !a)endo em %aticunia5 6 1erguntou alto.
2 Ora... Ela precisa pagar suas contas. 6 9espondeu com um sorrisodebochado.
2 3ontas5 6 1erguntou olhando para a mulher que confrmou com umaceno. 6 /as que diabos, =orge. %oc !ala isso como se não !osse absurdo. "ãoh+ como virgens entrarem em %aticunia, por mais endividadas que !orem. 6(frmou erguendo as mãos, para enaltecer as prprias palavras.
2 %oc conseguiu entrar (ur'lio, por que ela não5 6 1erguntou com umlargo sorriso.
2 =orge... 1are de absurdos. %oc sabe o peso da loucura que est+di)endo5 6 1erguntou tentando se recompor enquanto baixava as mãos e semquerer apalpava o seio esquerdo da sua acompanhante. -eguiu sem esboçarreaç>es, fngindo não ter percebido e pousando2as sobre os braços da poltrona.
2 -ei. 6 9espondeu com um largo e empolgado sorriso. 6 ? por isso que tichamei aqui, precioso (ur'lio.
2 O que quer di)er com isso5
=orge passa a mão por seu poucos fos de cabelo enquanto apalpava aruiva com a outra. Em seguida p>e a mão no bolso e tira uma carta selada apondo com cuidado sobre a mesa.
2 Estou di)endo que7 %amos explodir esse lugar. 6 Disse com um sorrisodiablico que pareceu, por um momento, rasgar suas bochechas gordas e deuum soco na mesa. O brasão que ardia em seu peito como um símbolo de !ogose apaga, restando apenas uma densa !umaça.
2 O que voc pensa que est+ !a)endo, =orge5 6 @evantou2se assustado,
derrubando a mulher em seu colo que estava tão atordoada com a conversaquanto a ruiva.
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2 Diga a minha mulher que eu a amo. 6 :alou com um sorriso sincero eindicou a carta para que o amigo a pegasse.
(ssim que estirou a mão, uma explosão estremeceu todo o lugar,!a)endo as putas e putos gritarem horrori)ados e as coisas do quarto caírem. (
mesa vira, mas não antes de (ur'lio segurar frme a carta. Ele olha surpresopara o peito esquerdo da puta que lhe servira de acompanhante.
2 (s duas Aechas, a da esquerda para o alto e da direita para baixo, secru)ando no alto a um Bngulo de CC graus, com uma ave de duas cabeças nocentro rodeada por um aro dourado, e uma coroa que mais se assemelhava auma !ogueira a)ul. 6 (nalisou o símbolo que relu)ia de dentro da virgem. Eleolha p+lido para =orge. 6 mpossível. 6 (frmou com um misto de assombro eraiva.
Outra explosão ocorre, dessa ve) do outro lado. (lgu'm do lado de !ora
estava decidido a derrubar o pr'dio. (ur'lio encara =orge uma *ltima ve), oamigo sorri e !a) sinal para o #ovem levar a acompanhante com ele.
(ur'lio, sem entender mais do que havia tentado, segurou a carta comuma mão e com outra puxou sem o menor cuidado a virgem, saindo correndocom toda a mente !ocada em prever onde iria acontecer a prxima explosão,que para a sua sorte !oi pouco ; !rente de onde estava, abrindo uma saídaprec+ria que ameaçava se !echar. -em pensar duas ve)es saiu por ela com amulher, e s parou de correr quando #+ estava !ora dos limites da cidade.O!egante !oi ao chão, sobre um gramado p+lido, derrubando consigo a mulherque deu um grito agudo.
2 /as que droga est+ acontecendo. 4uem diabos são vocs, e o quef)eram comigo5 6 1erguntou enraivecida enquanto olhava para o brasão noprprio peito, perdendo totalmente o aspecto meigo e submisso que seapresentara.
2 Oh... 6 O rapa) riu, quase sem conseguir por causa da respiraçãopesada. 6 %oc ainda estava ai5 6 1erguntou com um sorriso sonolento, e nomesmo instante a *ltima explosão se seguiu e o enorme edi!ício !oi desabandopara a esquerda, como uma +rvore com o tronco cerrado.
2 -e esse lugar ' mesmo infnito. Então alcançar+ o fm do mundo. 6Debochou =orge no micro!one, que ecoou pelos holo!ote de toda a cidade de%aticunia, e depois gargalhou, at' não poder mais.