AssistênciA à sAúde em Perigo: LíbiA e somáLiA no oLhAr de ... · Diante essa permanente e...

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ASSISTÊNCIA À SAÚDE EM PERIGO: LÍBIA E SOMÁLIA NO OLHAR DE ANDRÉ LIOHN MOSTRA DE FOTOGRAFIAS

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Foto da capaRas Lanuf, norte da Líbia, março de 2011. Uma ambulância evacua um combatente morto do hospital de Ras Lanuf para Bengazi, no nordeste do país.

Comitê Internacional da Cruz Vermelha Delegação Regional para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai SHIS QI 15 Conjunto 05 Casa 23, Lago Sul Brasília, Brasil DF CEP: 71.635-250 T +55 61 3106-2382 F +55 61 3248 79 [email protected] www.cicr.org/por© CICV, agosto de 2014

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Em tempos de paz, muitos de nós já experimentamos o desespero de, ao ir a um hospital em busca do atendimento para um filho, um irmão, os pais ou um amigo, enfrentar dificuldades, tornando o processo de admissão e atendimento difícil e às vezes demorado, causando-nos a angústia de não conseguir o socorro desejado para nossos entes queridos.

Imaginemos essa situação em um conflito armado, onde as ambulâncias têm restrições de circulação ou são alvos de tiroteios, onde os trabalhadores de saúde são ameaçados ou perseguidos apenas por ajudar ou ter ajudado pessoas consideradas “não prioritárias” ou “inimigas”, onde os socorristas do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, que se arriscam para socorrer a população, são atacados.

Diante essa permanente e inaceitável realidade, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou, em 2011, a campanha internacional Assistência à Saúde em Perigo. O objetivo desta mobilização mundial é reforçar a determinação dos Estados, das instituições e da opinião pública sobre a necessidade de proteger o acesso à saúde, garantindo a prestação imparcial e eficaz dos serviços médicos em situações de conflito armado e emergências.

Trata-se de garantir que os feridos e os doentes tenham acesso adequado aos serviços de saúde. Trata-se também de ter certeza de que as instalações médicas e o pessoal de saúde não sejam atacados sob nenhuma circunstância. As normas universais do Direto Internacional Humanitário (DIH) preveem este “espaço humanitário de proteção e assistência”.

A realidade, no entanto, demonstra que apesar de 150 anos de existência, estas normas e princípios humanitários não são respeitados em muitos países afetados por conflitos armados. Não é uma fatalidade da guerra que a violência atinja, sem distinção, os serviços de saúde, justamente nos momentos em que eles são mais necessitados. Combatentes feridos e milhares de crianças, mulheres e homens morrem de lesões que poderiam ter sido tratadas se as disposições do DIH fossem respeitadas.

Toda esta preocupante e desafiante problemática humanitária é retratada com realismo, crueza e muita emoção na mostra fotográfica ‘Assistência à Saúde em Perigo – Líbia e Somália no Olhar de André Liohn’. As imagens realizadas pelo fotojornalista brasileiro nestes dois turbulentos contextos nos impactam e sensibilizam sobre a falta de acesso à saúde em segurança.

O reconhecimento da gravidade desta problemática é o primeiro passo na procura de respostas concretas e práticas que possam garantir o acesso seguro à saúde nos conflitos armados e em outras emergências. O CICV conta também com o papel influente que o Brasil e os brasileiros podem jogar nesta campanha humanitária. É uma questão de vida ou morte!

Felipe Donoso Chefe da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai

gArAntir A vidA: um dever humAnitário de todos

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Os cinegrafistas e fotógrafos de guerra são aqueles que capturam imagens de uma violência que não vemos em nosso cotidiano. Há de se ressaltar a coragem, que é um componente essencial desses heróis, que escolheram ter um trabalho que revela aos homens a sua desumanidade. O sofrimento do outro está sempre em foco, na pauta do dia das redações, e construir uma carreira sobre as imagens dos escombros e da barbárie parece não alterar a psique desses profissionais do perigo. Num mundo em conflito, esses documentaristas do apocalipse usam as suas câmeras como armas possantes contra o mal. Conseguem com seu ofício prestar um serviço humanitário: o de reverter grande parte da opinião pública em favor da paz mundial. Muitos já perderam suas vidas, mas os sobreviventes continuam em zonas de risco para informar, por meio de imagens dramáticas, o que as palavras não conseguem traduzir.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma instituição que abarca por natureza o apoio aos sobreviventes de guerra e promove a paz entre os homens, ao prestar diversos tipos de serviços humanitários. A fotografia de guerra é também uma instituição paralela, que reverte o nosso olhar para a consciência sobre o que pode haver de mais desumano e violento no espírito do homem contemporâneo. Admitimos essa violência ao tentar ignorá-la nessa sociedade do supérfluo, mas quando nos deparamos com as imagens das vítimas de guerras, eu creio que o nosso grau de humanidade fica ameaçado e diminuído, daí surge em nós a indignação e a noção do que não é próprio e decente nesse mundo “civilizado”.

Os fotógrafos de guerra devem ter em mente esse impacto sofrido por corações e mentes dos que veem suas imagens na imprensa ou nas exposições, como essa promovida pelo CICV. No ambiente dessas mostras gera-se um clima de desconforto e de revolta, provocado pela dura realidade daqueles que vivem no seu dia a dia a desumanidade.

Wagner Barja Artista plástico e chefe do Sistema de Museus do DF

oLhos de sAngue

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O trabalho de André Liohn é forte e impactante, como um soco no estômago do público. A sua intenção não é a de estar exclusivamente nas linhas de frente para imortalizar momentos de guerra e violência, mas, sobretudo, a de restituir às vítimas de uma guerra o motivo do seu trauma. Ele não está interessado nas consequências dos eventos, mas, sim, em documentar o momento do trauma para, desta maneira, compreender os motivos das mudanças futuras na personalidade das crianças, das mulheres e dos homens que fotografa.

Seja no seu trabalho sobre a Líbia ou sobre a Somália, a opção de Liohn não é acompanhar os rebeldes ou os militares, mas, sim, as equipes de primeiros socorros. Na Líbia, vive a experiência do conflito contra o regime de Kadafi, na maioria das vezes, dentro de uma ambulância e, portanto, sob ataque direto. Com frequência está lado a lado com médicos que buscam salvar vidas enquanto bombas continuam explodindo ao seu redor.

Na Somália, a sua visão se concentra exclusivamente no hospital, exaltando a humanidade de médicos e paramédicos no difícil papel que desempenham, no árduo trabalho físico e psicológico que devem enfrentar. O público permanece incrédulo diante de tanta violência. Os gritos de uma criança se fazem sentir e nos perguntamos o que será dela quando tudo acabar - se acabar.

O trabalho de André Liohn abre portas, apresenta perguntas, é profundo e cru ao mesmo tempo. É uma documentação que dispensa palavras e sons. As suas imagens são violentas, assim como são as experiências que decide documentar.

Annalisa D’Angelo Curadora

um soco no estômAgo

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Misurata, noroeste da Líbia, abril de 2011. Combatentes se movem com cuidado na linha de frente, prontos para invadir prédio utilizado como base para as forças pró-regime de Kadafi.

Misurata, noroeste da Líbia, abril de 2011. Combatente ferido chama por socorro em meio à batalha.

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Misurata, noroeste da Líbia, abril de 2011. No hospital da cidade, amigos e parentes choram a morte de uma vítima dos enfrentamentos.

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Adjdabia, leste da Líbia, abril de 2011. Médico recebe a notícia da morte de quatro colegas de trabalho – um

médico, duas enfermeiras e um motorista de ambulância – em um ataque aéreo enquanto viajavam de Adjdabia para Brega, no nordeste do país.

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Misurata, noroeste da Líbia, abril de 2011. Na linha de frente, médico procura por feridos que precisam de assistência.

Mogadíscio, capital da Somália, novembro de 2010. Após serem alvo de ataques, o administrador geral e o chefe de cirurgia do Hospital Medina passaram a receber escolta armada 24 horas por dia.

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Mogadíscio, capital da Somália, agosto de 2011. Mãe com criança desnutrida e desidratada é atendida no Hospital Benadir. O país sofre as consequências do conflito armado combinada com longos períodos de seca e fome.

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Mogadíscio, capital da Somália, novembro de 2010. No Hospital Medina, um dos maiores da cidade, garoto ferido

durante uma troca de tiros é tratado na unidade de recuperação.

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Mogadíscio, capital da Somália, novembro de 2010. No Hospital Medina, apoiado pelo CICV, jovem passa por cirurgia após ser atingido por um tiro no abdômen.

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Missão

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é uma organização

imparcial, neutra e independente, cuja missão exclusivamente

humanitária é proteger a vida e a dignidade das vítimas de

conflitos armados e outras situações de violência, assim

como prestar-lhes assistência.O CICV também se esforça para

evitar o sofrimento por meio da promoção e fortalecimento

do direito e dos princípios humanitários universais. Fundado

em 1863, o CICV deu origem às Convenções de Genebra e ao

Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente

Vermelho. Dirige e coordena as atividades internacionais

que o Movimento conduz em conflitos armados e outras

situações de violência.

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Realização

Visitação10 de setembro a 12 de outubroTerça-feira a domingo, das 9h as 18h30Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, AnexoEntrada franca

Mais informações www.cicr.org/por

Mogadíscio, capital da Somália, novembro de 2010. Jovem se recupera de ferimento à bala no hospital de Medina. Muitos pacientes do hospital são civis vítimas de balas perdidas, disparadas por grupos envolvidos no conflito armado.

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