Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

12
47 Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58 Revisão/Review 1 Responsável pelo Depto. de Controle de Qualidade em Imuno-hematologia da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo. 2 Professora Colaboradora da Disciplina de Hematologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Chefe da Divisão de Imuno-hematologia e das Agências Transfusionais da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo. Correspondência para: Dra. Marcia Cristina Zago Novaretti Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo – Divisão de Imuno-hematologia Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 – 1º andar/ sala 114 – Cerqueira César – CEP: 05403-000 – São Paulo-SP Fax: (11) 3061-5544 ramal 253 – e-mail: [email protected] Aspectos moleculares do Sistema Sangüíneo ABO Molecular aspects of ABO Blood Group System Ana Carla Batissoco 1 Marcia Cristina Zago Novaretti 2 O sistema ABO é o mais importante grupo sangüíneo na medicina transfusional. O gene ABO codifica as glicosiltransferases responsáveis pela transferência dos resíduos específicos de açúcar, GalNaca1-3 e Gala 1-3, ao substrato H e os convertem ao antígeno A ou B respectivamen- te. A estrutura do DNA dos três principais alelos do sistema ABO, A 1 , B e O foi primeiramente descrita em 1990. Os avanços da genética molecular permitiram o entendimento da base molecular dos genes ABO e o conhecimento do polimorfismo dos alelos comuns a esse locus. Essa revisão tem como objetivo o estudo dos alelos variantes desse sistema, assim como a compreensão das mutações, deleções ou rearranjo de genes responsáveis pela ocorrência de alguns dos subgrupos do sistema ABO. As técnicas mais comumente utilizadas para a genotipagem ABO também são avaliadas, bem como suas vantagens e limitações. Rev.bras.hematol.hemoter. 2003;25(1):47-58. Palavras-chave: Grupos sangüíneos; sistema ABO; genotipagem ABO; PCR; alelos ABO; subgrupos ABO. Introdução O sistema de grupo sangüíneo ABO, des- coberto por Karl Landsteiner no começo do século XX, é, até hoje, considerado o mais importante sistema de grupos sangüíneos na medicina clínica transfusional. Os epítopos do sistema ABO são resíduos terminais encontrados nos hidratos de carbono presentes na superfície das células e nas secre- ções que são biossintetizadas por glicosil- transferases específicas codificadas no locus ABO. O locus ABO esta localizado no braço longo do cromossomo 9. 1,2,3,4 A heterogeneidade fenotípica do sistema san- güíneo ABO é devido à diferença estrutural do gene das glicosiltransferases, que são responsá- veis pela transferência dos resíduos específicos de açúcar, α13-N-acetil-galactosamina transferase ou α 13-N-galactosil transferase ao substrato H, e os convertem ao antígeno A ou B respectiva- mente. 5,6,7,8,9 As transferases A e B têm estruturas simi- lares entre si, sendo que a sua especificidade Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:13 47

Transcript of Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

Page 1: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

47

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

Revisão/Review

1Responsável pelo Depto. de Controle de Qualidade em Imuno-hematologia da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro deSão Paulo.

2Professora Colaboradora da Disciplina de Hematologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São PauloChefe da Divisão de Imuno-hematologia e das Agências Transfusionais da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro deSão Paulo.

Correspondência para: Dra. Marcia Cristina Zago NovarettiFundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo – Divisão de Imuno-hematologiaAv. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 – 1º andar/ sala 114 – Cerqueira César – CEP: 05403-000 – São Paulo-SPFax: (11) 3061-5544 ramal 253 – e-mail: [email protected]

Aspectos moleculares do Sistema Sangüíneo ABOMolecular aspects of ABO Blood Group System

Ana Carla Batissoco1

Marcia Cristina Zago Novaretti2

O sistema ABO é o mais importante grupo sangüíneo na medicinatransfusional. O gene ABO codifica as glicosiltransferases responsáveispela transferência dos resíduos específicos de açúcar, GalNaca1-3 e Gala1-3, ao substrato H e os convertem ao antígeno A ou B respectivamen-te. A estrutura do DNA dos três principais alelos do sistema ABO, A1, Be O foi primeiramente descrita em 1990. Os avanços da genéticamolecular permitiram o entendimento da base molecular dos genesABO e o conhecimento do polimorfismo dos alelos comuns a esse locus.Essa revisão tem como objetivo o estudo dos alelos variantes dessesistema, assim como a compreensão das mutações, deleções ou rearranjode genes responsáveis pela ocorrência de alguns dos subgrupos dosistema ABO. As técnicas mais comumente utilizadas para a genotipagemABO também são avaliadas, bem como suas vantagens e limitações.Rev.bras.hematol.hemoter. 2003;25(1):47-58.

Palavras-chave: Grupos sangüíneos; sistema ABO; genotipagem ABO;PCR; alelos ABO; subgrupos ABO.

Introdução

O sistema de grupo sangüíneo ABO, des-coberto por Karl Landsteiner no começo doséculo XX, é, até hoje, considerado o maisimportante sistema de grupos sangüíneos namedicina clínica transfusional.

Os epítopos do sistema ABO são resíduosterminais encontrados nos hidratos de carbonopresentes na superfície das células e nas secre-ções que são biossintetizadas por glicosil-transferases específicas codificadas no locus

ABO. O locus ABO esta localizado no braçolongo do cromossomo 9.1,2,3,4

A heterogeneidade fenotípica do sistema san-güíneo ABO é devido à diferença estrutural dogene das glicosiltransferases, que são responsá-veis pela transferência dos resíduos específicosde açúcar, α1→3-N-acetil-galactosamina transferaseou α 1→ 3-N-galactosil transferase ao substratoH, e os convertem ao antígeno A ou B respectiva-mente.5,6,7,8,9

As transferases A e B têm estruturas simi-lares entre si, sendo que a sua especificidade

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1347

Page 2: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

48

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

será determinada pelos aminoácidos localiza-dos próximos ao sítio de ligação da enzimacom seu respectivo açúcar.10

O antígeno H é um carboidrato produzidopela ação da enzima α-2-L-fucosiltransferasecodificada no locus FUT1 do cromossomo 19,na posição q13.3, sendo, portanto, genetica-mente independente do locus ABO.11,12

As glicosiltransferases são enzimas quecatalisam as reações de transglicolização entreo substrato aceptor e o açúcar receptor. A açãodas transferases nessas reações dependerá desua estrutura conformacional, que permitirá ounão sua ligação ao substrato. A atividade dasglicosiltransferases dos antígenos A e B varianos diversos subgrupos do sistema ABO. A suaheterogeneidade tem sido confirmada constan-temente e suas diferenças podem ser refletidasna composição bioquímica dos antígenos pro-duzidos.13 O grupo sangüíneo AB apresenta aatividade das duas transferases (A e B), en-quanto o grupo O não possui as transferases Ae B, mas apresenta o antígeno H em grandequantidade na superfície das hemácias.

Os antígenos ABO não estão restritos ape-nas à membrana dos eritrócitos, podendo serencontrados também em uma grande varieda-de de células como linfócitos, plaquetas,endotélio capilar venular e arterial, células sinu-soidais do baço, medula óssea, mucosa gástri-ca, além de secreções e outros fluidos comosaliva, urina e leite.12

A determinação do fenótipo ABO podeser feita pela detecção sorológica com o usode reagentes imuno-hematológicos, que irãoidentificar os açúcares específicos dos glóbulosvermelhos, pela presença ou ausência das subs-tâncias -A, -B e -H no soro e/ou na saliva epelas técnicas de adsorção e eluição.11,14,15 Di-ferentes níveis de expressão de antígenos Aou B nos eritrócitos podem ser encontrados,sendo chamados de subgrupos de A ou B, con-forme a intensidade de aglutinação dos eritrócitoscom os reagentes anti-A, anti-B, anti-AB, anti-A

1e anti-H.

A reatividade do reagente anti-H com ashemácias dos diferentes grupos sangüíneosABO tende a ser: O>A

2>B>A

2B>A

1>A

1B. Os

dois principais alelos de A, A1 e A2 são dife-

renciados sorologicamente com o uso doreagente lectina anti-A

1.15

Dependendo da tipagem sangüínea de umindivíduo, a IgM anti-A e/ou o anti-B presentesno soro podem constituir uma barreira para astransfusões de sangue e para o transplante deórgãos ABO incompatíveis.1

A freqüência dos antígenos ABO varia emdiferentes populações. Na tabela 1 podemosobservar essa variação em relação ao fenótipodos doadores de sangue da Fundação Pró-San-gue/Hemocentro de São Paulo.16

Apesar de os anticorpos monoclonais anti-A e/ou anti-B reconhecerem e aglutinarem amaioria dos subgrupos ABO, a determinaçãodaqueles que apresentam baixíssima expres-são de antígenos é laboratorialmente trabalho-sa.1,17 Além de ser uma ferramenta indepen-dente no laboratório clínico, a genotipagemABO pode ser usada para confirmar a presençade um antígeno de fraca expressão, como osdos subgrupos A e/ou B e também para excluirmarcadores do alelo de fenótipo B como oantígeno B adquirido, por exemplo.1,18,19 As-sim, podemos afirmar que a genotipagem ABOé um complemento valioso à determinação cor-reta do grupo sangüíneo do doador e do re-ceptor.1,5,13,17,19-25

Genética ABO

Os genes são codificados por meio de se-qüências específicas presentes no DNA, locali-zadas em pontos estratégicos ao longo do cro-

oãçalupoPadadutse sediósacuaC

sediórgeNlatoT

sotaluM sorgeN

0ABBA

25,6454,9315,11

25,2

02,3536,9287,31

93,3

49,7469,1306,61

05,3

32,9417,3393,31

31,3

Tabela 1Sistema de grupo sangüíneo ABO - Freqüência

fenotípica relativa (percentual) em 2.462 doadores desangue caucasóides e negróides da Fundação Pró-

Sangue/Hemocentro de São Paulo.16

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1348

Page 3: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

49

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

mossomo. Já os alelos são formas alternativasde genes, que ocupam um único locus emcromossomos homólogos. Os principais alelosdo gene ABO são A1, B e O, que darão origemaos quatro grupos sangüíneos: A, B, AB e O.15

Noventa anos após a descoberta do gruposangüíneo ABO, a base genética molecular dosistema foi definida e os polimorfismos dos aleloscomuns a esse locus estabelecidos.9,26 A clonagemdo cDNA da transferase A, realizada porYamamoto et al, em 1990, foi baseada na se-qüência parcial do gene dessa enzima, na suaforma solúvel, a partir do tecido do pulmãohumano,11,26,27 e a construção da biblioteca decDNA do gene ABO foi feita por meio do poli-A do RNA de células humanas cancerígenas doestômago, as quais expressaram altos níveis deantígeno A.11,14

O locus ABO estende-se por uma regiãode 18-20 kilobases (kb), na posição 9q34.1-9q34.2,consistindo de 7 exons (cujo tamanho varia entre26-688 pares de base, sendo que grande parteda seqüência codificadora se encontra nos exons6 e 7) e 6 introns.10,28 Desse modo, o gene ABOtem no total 19514 pares de bases (pb), contandodesde o codon de iniciação até o terminal (onúmero exato de nucleotídeos pode variar entreos diferentes alelos).10

Alguns estudos realizados demonstraram quea proteína transferase apresenta três domínios:um N-terminal, transmembrana hidrofóbica e umC-terminal. A forma solúvel e purificada daenzima é ativa cataliticamente. A ausência dosdomínios N-terminal e da transmembrana hidro-fóbica demonstrou que, provavelmente, a por-ção C-terminal da enzima é a responsável pelasua atividade catalítica, sendo os exons 6 e 7,que respondem por aproximadamente 90% daseqüência codificadora do gene ABO, respon-sáveis pela tradução do domínio C-terminal daenzima glicosiltransferase.11

A análise da seqüência de nucleotídeos docDNA da transferase A

1revelou uma região de

código de 1062 pb, produzindo um polipeptídeode 354 aminoácidos (aa), cuja massa molecularé de 41KDa.10,12,26,29

Pesquisas realizadas com o gene ABO hu-mano e seus homólogos, entre as diferentesespécies de mamíferos, demonstraram grau ele-

vado de conservação durante a sua evolução.O gene ABO apresenta também uma elevadahomologia entre os não-primatas para a α1,3-galactosiltransferase e para os pseudogeneshumanos, que estão localizados no mesmolocus.30,31

As substituições de nucleotídeos queocorrem em um dos sete exons do gene ABO eque conduzem a mudança do aminoácido naproteína podem alterar a atividade catalítica dosantígenos resultantes da enzima. As mutaçõesencontradas nos vários subgrupos dos alelos Aou B têm sido revistas recentemente.1,10,14

Teoricamente, a menor reatividade encontradanos subgrupos do sistema sangüíneo ABO écausada pelas mutações na região de código dogene, ou pela influência inibitória de outros locino gene ABO.10 Poucos alelos (A1, A2, B, B(A),O2), até hoje, tiveram suas transferases expressasem sistemas sintéticos para estudo da causa eefeito entre as mutações e os fenótipos asso-ciados.10,32

O conhecimento da estrutura tridimensionalda proteína, junto com as propriedades cinéticasdas enzimas quanto à especificidade entre o açú-car aceptor e o substrato, pode revelar como asubstituição do nucleotídeo e/ou aminoácido afe-ta a atividade das glicosiltransferases dos sub-grupos do sistema sangüíneo ABO.10

Base estrutural do alelo A

A clonagem e o seqüenciamento do cDNAda célula humana de adenocarcinoma de cólondos fenótipos A, B e O demonstraram que osdois principais alelos do gene ABO, A1 e Bdiferem entre si em sete mutações: A297G,C526G, C657T, G703A, C796A, G803C e G930A,das quais apenas quatro (526, 703, 796 e 803)são responsáveis pelas substituições dos ami-noácidos: Arg176Gly, Gly235Ser, Leu266Met eGly26Ala.1,9,11,13,14,20 As duas últimas substituiçõessão consideradas críticas na determinação daespecificidade das glicosiltransferases.5,11

É importante lembrar que a seqüência doalelo A1 (A101) é tomada como base de com-paração em relação a todos os outros alelos dogene ABO.10 A seqüência desse alelo pode servisualizada na tabela 2.

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1349

Page 4: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

50

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

– subgrupos de A:A mudança estrutural no alelo A1 que dará

origem ao A1variante ou A1v (A102) é decor-rente da mutação no nucleotídeo (nt) 467, queresulta na substituição do aminoácidoPro156Leu. Os dois alelos são comuns, porém,com freqüências extremamente diferentes naspoucas populações estudadas.10,21,33,34,35

Outros dois alelos A1 mutantes foram des-critos, sendo que o primeiro apresenta as subs-tituições C467T (Pro156Leu) e C564T, e o se-gundo a mutação silenciosa A297G. As altera-ções nesses dois alelos não afetam a atividadedas transferases, mas a mutação A297G, pre-sente também no alelo B, pode conduzir à pre-dição errônea do genótipo se essa posição for

Tabela 2Comparação das seqüências dos nucleotídeos dos vários alelos do locus ABO humano1,11-14,21,22,24,37-39,41

Obs.: d: deleção; i: inserção

tN opitónef 8 1 1 1 1 2 2 2 2 3 4 5 5 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 8 8 8 8 9 1 17 0 0 8 8 2 4 6 9 2 6 2 6 4 4 5 6 8 0 2 7 9 9 0 0 2 7 3 0 0

6 9 8 9 0 7 1 7 2 7 6 4 1 6 7 9 1 3 1 1 6 8 2 3 9 1 0 5 64 0

AsolelA101A A1 - G G G C C G G A C C C C T T C G G G C C C G G G G G G C C201A A v1 - - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

--- A1 - - - - - - - - - - T - T - - - - - - - - - - - - - - - - ---- A1 - - - - - - - - G - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -102A A2 - - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - - - - - - d601A A2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - T -701A A2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - G -101R A2 - - - - - - - - G - - G - - - T - - A - - T - - - - A - - -

--- A2 - - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - - - - - - -103A A3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - A - -

--- A3 - - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - - - - - - d--- A3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - d--- A3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - A - - d801A Ax - - - - - - - - - - - - - - A - - - - - - - - - - - - - - -901A A le - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - i - - - - - - -

BsolelA101B B - - A - - - - - G - - G - - - T - - A - - A - - C - - A - -103B B3 - - ? - - - - - G - - G - - - T - - A - - A - - C - - A T -

--- B3 - - ? - - - T - G - - G - - - - - - A - - A - - C - - A - ---- Bx - - ? - - - - ? ? - - G - - - T - - A - - A - - C - A A - -

101eB B le - - ? - - - - ? ? - - G - G - T - - A - - A - - C - - - - -201eB B le - - ? - - - - ? ? - - G - - - T T - A - - A - - C - - - - -)A(B )A(B - - ? - - - - - G - - G - - - - - - - - - A - - C - - A - -BA-sic BA-sic - - ? - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - C - - - - -

OsolelA10O O1 - - - - - - - d - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -20O O v1 - T - A T T - d G - - G - - A - - A - - T - - - - A - - - -30O O2 - - - - - - - - G - - - - - - - - - - - - - - A - - - - - ---- O3 - - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - i - - - - - - ---- O4 i - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ---- O5 - - - - - - - - - T - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Exon 1-5 6 7

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1350

Page 5: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

51

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

utilizada como um dos marcadores para pes-quisa em genotipagem desse alelo.10

O fenótipo A2, comum em caucasianos, é

detectado, sorologicamente, por meio da capa-cidade desses eritrócitos aglutinarem com o soroanti-A e de não aglutinarem com o soro lectinaanti-A

1, ao contrário do fenótipo A

1cujas

hemácias são aglutinadas na presença dessereagente.10,15,36 O alelo A2 (A201) é caracteriza-do pela substituição de uma única base no nt467 e uma deleção no nt 1060.11,14,21,37 Essadeleção ocorre em um dos três resíduos conse-cutivos de citosina (C), próximo à carboxila ter-minal. Em conseqüência disso, são adicionadosà transferase A 21 aminoácidos, o que diminuia sua atividade e leva a um espectro limitadode substrato aceptor.8,11,14 A mutação no nt 467,C→T, leva à troca do aminoácido prolina pelaleucina, não apresentando nenhuma relaçãoquanto à atividade da transferase.8,11,12,14

Recentemente, alguns estudos demonstra-ram a presença de outros três variantes em in-divíduos detectados sorologicamente como A

2,

A106, A107 e R101. Os alelos A106 e A107são caracterizados pela alteração do nt 1054,(C→T e C→G, respectivamente), resultando napermuta do aminoácido 352 (Arg→Trp eArg→Gly). Essa substituição Arg352Trp é en-contrada também no alelo B3.12,38 O terceiroalelo R101, o mais raro dos três, tem seis muta-ções quando comparado ao alelo A1, sendo trêssilenciosas, A297G, C657T e C771T, e trêsmissenses, C526G, G703A e G829A, que re-sultam nas seguintes substituições de amino-ácidos: Arg176Gly, Gly235Ser e Val277Met.Acredita-se que esse alelo (R101) tenha suaorigem devido a uma recombinação gênica en-tre os alelos B (B101) e O1v (O102) na regiãodos nt703-771.12,38

Um outro exemplo do alelo A2 onde nãose detecta a mutação C467T foi descrito recen-temente.21

– subgrupo A3

Os diversos estudos realizados sobre o aleloA3 (A301) têm demonstrado que esse subgrupopossui um alto grau de heterogeneidade, umavez que diversas mutações já foram associadasa ele.

Yamamoto et al, em suas investigações nocDNA de indivíduos A

3, encontraram em dois

exemplos de amostras A3B a mutação G871A,

nas quais há substituição do aminoácido 291(Ácido Aspártico→Asparagina); nas outras amos-tras pesquisadas, as seqüências dos exons 6 e7 mostraram-se idênticas à da transferaseA1.13,18,22,37

Barjas e Castro, em um estudo com trêsfamílias brasileiras sobre a heterogeneidademolecular do alelo A3, não encontrou a muta-ção 871, mas durante a análise da seqüênciados nucleotídeos dessas amostras identificououtras substituições.

Em duas amostras da mesma família (A3Be A3O1) foi encontrada a substituição C467Tassociada à del 1060C, essa última responsávelpela redução da atividade da transferase, sen-do característica do alelo A2. Na segunda famí-lia, em outras duas amostras (A3O1 e A3O1) ana-lisadas, somente a del1060C estava presente,enquanto nos dois membros da terceira família(A3O1V e A3O1) foram encontradas a del1060Ce a mutação do nucleotídeo G829A associa-das.13,22

– outros subgrupos de ASe comparado com o consenso A1, o alelo

Ax (A108) possui uma única mutação T646A,que resulta na substituição do aminoácido 216,onde a fenilalanina é substituída pela iso-leucina.39

Nas pesquisas realizadas por Olsson et al,para identificação do alelo Ael (A109), em vinteindivíduos pertencentes a 14 famílias suecas,foi encontrada, em todas as amostras analisa-das, a inserção de uma base G (guanina) nonucleotídeo 798-804 do gene da transferase A,que irá produzir uma fita de oito G e não sete,tendo como conseqüência a alteração do“frame” de leitura a partir do codon 268, es-tendendo a proteína traduzida em 37 amino-ácidos.40,41

Vários estudos sobre outros subgrupos doalelo A, como, por exemplo, A

en, A

finn, A

m,

Abantu

, etc., têm sido realizados, porém, devidoàs diferenças na morfologia desses variantes, abase genética dos mesmos permanece desco-nhecida.12

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1351

Page 6: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

52

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

Base estrutural do alelo B

O tamanho do DNA traduzido nas transfe-rases A e B (B101) é idêntico, diferindo ape-nas em sete substituições de nucleotídeos(A297G, C526G, C657T, G703A, C79A, G803C eG930A). Essas mutações resultam em apenasquatro mudanças de aminoácidos que serãoexpressas nas proteínas traduzidas (nt 526, 703,796 e 803).5,11

Yamamoto, em 2001, em um estudo deta-lhado sobre as diferenças moleculares e seussignificados, adicionou a essas sete mutações,que diferenciam os alelos A1 e B, uma oitavasubstituição G109A, localizada além do codonterminal, que é útil para a triagem do genótipoABO.41

Outros três variantes do alelo B têm sidopesquisados na população japonesa, sendo ca-racterizados pela perda de um dos pontos dasmutações que os diferenciam da transferase A.Essa mutação resulta na alteração do aminoácidoque será expresso na proteína em um dessesvariantes, na qual a primeira das quatro subs-tituições de aminoácidos (nt 526) está ausente,não alterando a expressão da atividade datransferase B. Esses três alelos raros, previsivel-mente, devem ser formas intermediárias entreos alelos A e B, tendo sua origem provável noseventos de conversão gênica. 7,10,42,43

– subgrupos de BOs subgrupos de B são mais raros do que

os de A. Eles são caracterizados pela fracaaglutinação dos eritrócitos com o soro anti-B e/ou anti-AB, bem como pela baixa absorção des-sas células na presença de anti-B. A saliva dosindivíduos desses secretores exibem altas con-centrações do antígeno H.12,15 Em geral e, aocontrário dos subgrupos de A, a classificaçãodos subgrupos de B é bastante controversa.

Os fenótipos B, que possuem a atividadeda transferase mais fraca que o normal, desig-nados como B

3, B

xe B

el, são de grande impor-

tância uma vez que permitem a caracterizaçãodas suas glicosiltransferases, pelo estudo dasmutações presentes nesses alelos.37

Yamamoto et al, em um estudo realizadocom uma amostra A1B3, sobre o subgrupo B

3

(B301), atribuíram a ele uma única mutação naposição do nucleotídeo 1054(C→T), resultan-do na troca do aminoácido 352 (arginina →triptofano).37

Recentemente foram analisadas as seqüên-cias dos sete exons e dos sítios adicionais de“splice” do gene ABO de 14 amostras de indi-víduos com o fenótipo B

3. Em uma das amos-

tras foi encontrada a mutação missense G247T,localizada no exon 6 e responsável pela subs-tituição Asp83Tyr, enquanto as outras 13 amos-tras apresentaram a mutação G→A nonucleotídeo +5 do intron 3 (IVS3 + 5G→A),que irá destruir a seqüência da região de splicelevando à perda do exon 3 durante o processodo RNA mensageiro, com conseqüente dimi-nuição de 19 aminoácidos no segmento N-ter-minal na proteína expressa, a transferase B.44

Investigações realizadas com o subgrupoB

xrevelaram a mutação no nucleotídeo G871A,

causando a substituição do aminoácido 291 (Áci-do Aspártico→Asparagina), que, por sua vez,é encontrada nas amostras de indivíduos A

3.12,37

Quanto ao subgrupo Bel, foram atribuídos

a ele as mutações: T641G, que dará origem àsubstituição da metionina pela arginina naposição 214 (B105), e G669T, que irá alterar oácido glutâmico pelo ácido aspártico na posição223 (B106), encontradas isoladamente nas duasamostras analisadas.12,38

– Subgrupos B(A) e cis-ABEm relação ao alelo B, o alelo B(A) possui

duas mutações, T657C e A703G, que irão re-sultar na alteração do aminoácido Ser235Gli.

A primeira substituição, T657C, torna o aleloidêntico ao alelo A, enquanto a segunda, A703G,comum ao alelo B, está localizada no segundodos quatro sítios que discriminam as transferaseshumanas A e B, possuindo uma influência sig-nificativa no reconhecimento e/ou ligação entreo substrato H e seus respectivos resíduos deaçúcares.11,12,45

Para o fenótipo raro, cis-AB, dois mecanis-mos genéticos são propostos para explicá-lo.O primeiro é baseado em um crossing-over de-sigual, resultando em um gene que irá apre-sentar partes tanto do alelo A quanto do B,enquanto o segundo tem como base uma muta-

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1352

Page 7: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

53

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

ção estrutural do gene da glicosiltransferase Aou B, tendo como conseqüência a atividadebifuncional da mesma. A análise molecularmostrou que o alelo cis-AB é idêntico ao A1 àexceção de duas substituições de nucleotídeos:C467T (Pro156Leu) e G803C (Gli268Ala). Acre-dita-se que essas mutações na transferase A doalelo cis-AB fizeram parte da evolução do geneABO, ocorrendo antes da combinação entre osalelos A e B.11,45 Embora o fenótipo B(A) sejaherdado em uma posição cis, ele é classificadoseparadamente do cis-AB devido às diferençassorológicas entre esses dois alelos.39

Com a substituição da glicina pela alanina(aa 268) no alelo cis-AB da transferase A, po-demos dizer que ele tem a transferase B, po-rém com a estrutura principal da transferase A.Similarmente, a substituição da serina pela gli-cina na posição 235 no alelo B(A) da transferaseB faz com que o mesmo tenha a transferase A,mas com a estrutura principal da transferase B.Esses resultados implicam que ambos os aleloscis-AB e B(A) codificam proteínas que possuemem sua estrutura quimeras das transferases A eB.14

Base estrutural do alelo O

Estudos realizados por Yamamoto et al de-monstraram que as seqüências dos alelos do geneABO possuem diferenças mínimas entre si; dessemodo, a inabilidade do gene O em codificar astransferases A ou B é devido a uma diferençaestrutural em relação aos nucleotídeos e não àfalha da expressão das transferases A ou B.9

Nos testes sorológicos de rotina, o gruposangüíneo O é caracterizado por não apresentaros antígenos A e B na membrana das hemácias;assim, os seus eritrócitos não aglutinam na pre-sença do soros anti-A, anti-B e anti-AB.15

– Subgrupos de OO primeiro alelo O descrito, nomeado ori-

ginalmente como O1 (O01), possui uma estru-tura idêntica ao gene A1, com exceção de umaúnica deleção (G) no nt261 do exon 6, próxi-mo à região N-terminal da proteína. Essa deleçãoirá causar uma alteração na leitura da proteínae com isso provocar um stop codon nos

nucleotídeos 352-354 e conduzindo à traduçãode uma proteína de 117 aminoácidos enzima-ticamente inativa.9,11-13,17,21-24,46

Estudos posteriores revelaram um segun-do alelo O, denominado de O1 variante ou O1V

(O02), que, além de apresentar a deleção deuma única base no nt261, tem também outrasnove substituições de nucleotídeos (G106T,G188A, C189T, C220T, A297G, T646A, G681A,C771T e G829A) que o diferem da seqüênciado consenso A1.5,9,11,14,23,24,46

Em 1994, Grunnet et al identificaram eseqüenciaram um alelo O mutante, denomina-do posteriormente de O2 (O03), no qual adeleção na posição 261 estava ausente, masdiferindo do gene A1 em quatro substituiçõesde nucleotídeos: 297 526, 802, e 1.096, dasquais apenas duas resultam em alterações deaminoácidos (C526G: Arg176Gly e G802A:Gly268Arg).5,9,11,13,23,24,25,46,47 Dessas quatro mu-tações, duas, nt297 e 526, são específicas doalelo B, enquanto a terceira, G802A, é utilizadapara explicar a perda da atividade da transferaseA e B, uma vez que a alteração do aminoácidoglicina pela arginina, na posição 268, está loca-lizada na região da glicosiltransferase envolvidacom a atividade enzimática.5,9,11,13,23,24,25,46,47

Um alelo O inicialmente denominado deO3, encontrado em uma família sueca, mostrouas mutações C467T e de l1060C, sendo que ambassão características do alelo A2. A esse variantefoi adicionada também uma outra substituiçãopassível de ser encontrada, que seria a inserçãodo nucleotídeo G (guanina) na posição 798-804,semelhante ao que ocorre no alelo Ael.12,48

Como outros exemplos de variantes do gru-po sangüíneo O, podemos citar o alelo O4,que é caracterizado por uma inserção G nont87-88, tendo por resultado a alteração na lei-tura da proteína e conseqüente stop codon noaa 56, e o alelo O5 com a mutação C322T queirá criar um stop codon direto.10

Recentemente, uma série de outros alelosO tem sido pesquisada e acredita-se que elessão formados provavelmente devido a umcrossing-over ou uma conversão gênica, even-tos esses que ocorrem entre os alelos conheci-dos do sistema ABO, como por exemplo: O1v-B, B- O1v, O1-A2, O1- O1v e O1v-O1..12

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1353

Page 8: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

54

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

Sistema H

O sistema H tem dois genes, H e h e umantígeno ou substrato H, sobre o qual ocorre aação das glicosiltransferases para a formaçãodos antígenos A e B, podendo ser expressotanto no estado homozigoto (H/H) como noheterozigoto (H/h). O alelo h é consideradoamorfo e nenhum produto antigênico é associ-ado a ele, enquanto o gene hh é extremamen-te raro, e nessa situação nenhuma substância Hé produzida.12,15

O seqüenciamento do gene humano H, quecodifica a enzima α1,2-L fucosiltransferase,identificou uma proteína de 365 aminoácidoscom uma massa molecular de 41,249Da, que écodificada no locus FUT1 no braço longo docromossomo 19. Esse gene é formado por quatroexons, sendo que a região de código da proteínaestá localizada no exon 4.12,49

O primeiro variante deficiente do gene Hfoi detectado em 1952 e chamado de fenótipoBombay ou O

h. Esse fenótipo é caracterizado

sorologicamente pela perda total da atividadedas transferases ABH nos eritrócitos e nassecreções corpóreas e pelas grandes quantidadesde anti-H que fazem com que os eritrócitos O

h

sejam incompatíveis com aqueles do tipo O,uma vez que esses últimos apresentam antígenoH na superfície dos seus eritrócitos.12,15

Outro variante deficiente do gene H é ca-racterizado como para-Bombay (A

h, B

h, e AB

h).

Portadores desse fenótipo são identificados porapresentarem quantidades mínimas dos antí-genos A e B nos eritrócitos e pouco ou ne-nhum antígeno H. Nesse fenótipo, ao contráriodo Bombay, a transferase H esta presente comatividade muito fraca, sendo que as poucas quan-tidades de substância H produzidas são con-vertidas aos antígenos A e B pelas suas res-pectivas transferases.12,15

Investigações moleculares em amostrasBombay e para-Bombay identificaram um nú-mero grande de mutações, sendo que a maio-ria dessas produz alelos silenciosos que, quan-do transcritos, codificam uma fucosiltransferaseinativa. Alguns alelos, entretanto, codificam afucosiltransferase, porém com baixa atividade,as quais são responsáveis pela expressão fraca

do gene H. Algumas das mutações do gene Hpodem ser observadas na tabela 3.11,12

Técnicas para Genotipagem ABO

Os avanços na biologia molecular na últimadécada têm providenciado aos bancos de sangueo conhecimento de diferentes alelos ABO, as-sim como diversas técnicas para sua detecção.Ao longo de todo esse tempo, mais de trintadiferentes métodos para a genotipagem do geneABO têm sido descritos em diversas publicaçõescientíficas.10

Entre os mais freqüentes métodos descritospara a genotipagem do locus ABO destacam-sea reação de polimerase em cadeia (PCR) junta-mente com o estudo do polimorfismo de com-primento de fragmentos de DNA (RFLP-Restriction Fragment Length Polymorphism), aamplificação do DNA por meio dos primersalelos específicos (ASP), a detecção de alteraçõesde conformação das cadeias simples do DNA

35 C→T 12 Ala→Val349 C→T 117 His→Tyr442 G→T 148 Asp→Tyr460 T→C 154 Tyr→His461 A→G 154 Tyr→Cys491 T→A 164 Leu→His513 G→C 171 Trp→Cys547-552 deleção dos

nt AG658 C→T 220 Arg→Cys695 G→A 232 Trp→Ter721 T→C 241 Tyr→His725 T→G 242 Leu→Arg776 T→A 259 Val→glu826 C→T 276 Gln→Ter880-882 deleção dos

nt TT944 C→T 315 Ala→Val948 C→G 316 Tyr→Ter969-970 deleção dos

nt CT980 A→C 327 Asn→Thr990 deleção do

nt G1042 G→A 348 Glu→Lys1047 G→C 349 Trp→Cys

Nucleotídeo Mutação Aminoácido Substituição

Tabela 3Mutações possíveis de serem encontradas em indivídu-

os portadores do gene H deficiente11,12

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1354

Page 9: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

55

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

Olsson e Chester, em 1995, pesquisaramum método de triagem para genotipagem dogene ABO, por meio de uma reação “multiplex”de amplificação utilizando vários primers si-multaneamente: mo46, mo57, mo71 e mo101e as enzimas de restrição KpnI e HpaII paraidentificação dos alelos A1, A2, B, O1 e O2. Essemétodo utiliza a observação prévia da existên-cia de um sítio de clivagem para a enzima HpaIIna região 3’ UTR (untraslated region) dos alelosA1 e O1, sendo que os alelos B e O2 não possu-em esse sítio. Assim, a mutação G1096A pre-sente nesses dois últimos alelos (B e O2) é uti-lizada como um marcador genético, uma vezque ela irá abolir o sítio de clivagem com aenzima HpaII. A presença das mutações asso-ciadas aos alelos A2 (C467T), B (G703A eG1096A) e O2 (G1096A) também removem ossítios da HpaII presentes na seqüência do con-senso do gene ABO.10,24

Na tabela 4 é apresentada uma relação deenzimas de restrição comumentemente usadaspara identificação dos alelos do gene ABO, bemcomo seus respectivos sítios de restrição.50 Essatécnica, PCR-RFLP, tem como vantagem o fatode ser de execução fácil e rápida, mas oferecemuitos dados para serem analisados em umúnico fragmento amplificado.10

Outra técnica amplamente empregada é oPCR alelo específico, onde cada amostra deDNA é submetida a duas amplificações com ointuito de que o polimorfismo do gene ABOseja detectado por meio de primers específi-cos para a seqüência pesquisada, sendo consi-

Tabela 4Correlação entre as enzimas de restrição e seus

respectivos alelos.9,14,22,24,50

olelA noxE oãçatuM edamiznEoãçirtser

O v1 4 T>C981,A>G881 IUtsB

O,1O v1 6 ledG162 npK I

A2 O, 3 BA-sic, 7 T>C764 apH II

O,B 2 7 T>C625 raN /I HssB II

Ax O, v1 7 A>T646 obM I

B 7 A>G307 ulA /I paH II

Ax O, rav1 7 T>C177 edD I

A3 7 A>G178 laS I

O,B 2 7 A>G6901 apH II

(SSCP-Single Strand Conformation Polymorphism)e outras diversas técnicas como o seqüencia-mento automático.3

O polimorfismo de comprimento de frag-mentos de DNA (RFLP), obtido pelo tratamentodo DNA com enzima de restrição, consiste nadigestão do produto amplificado com uma oumais endonucleases, seguido de eletroforesepara separação dos fragmentos de acordo como seu comprimento. O número de fragmentosobtidos corresponde ao número de sítios derestrição reconhecidos pela(s) enzima(s). Porexemplo, a deleção G261- encontrada no aleloO1 pode ser convenientemente detectada pelouso de duas endonucleases, a KpnI, que é aptapara clivar o alelo O1, mas não o é para oconsenso A1 no nt261, e a enzima BstEII, quetem ação inversa.1,5,9,11,23,24,25

olelA ´5esnesremirP →→→→→ ´3 ´5esnesitnaremirP →→→→→ ´3

O1

O-oãN 1ATGCTGCTCCTGTAGGAAGGTGAATT

GTGCTGCTCCTGTAGGAAGGTGAATGTAACCCAATTGACACAAACGGTATATATA

O2

O-oãN 2

BB-oãN

CCTTGAGGTACAGGTGCAGGTGA

TCGAAGAAGCCCCCCAGCTCCGAAGAAGCCCCCCAGCGCGAGAAGCCCCCCAGCTACCGAGAAGCCCCCCAGCC

A2

A-oãN 2GCGAAGGCCTGGCGGAGGCACAAGGCCTGGCGGAG

CAGGGGTGGAGTTTAGTGTGGG

elortnoC ATTCCCTTACCAACCCTTCCGT CTTGTGTTGTCTTTAGGCACTCACC

Tabela 5Primers alelo específicos para amplificação multiplex do gene ABO50

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1355

Page 10: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

56

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

derada “positiva” a reação que apresentar oalelo pesquisado e “negativa” a reação que nãoapresentar o alelo em questão. Esses primerssão formulados de maneira que permitam a am-plificação de uma região predeterminada dogene onde se encontra a mutação do nucleo-tídeo que se deseja detectar, devendo ter entre19 e 21 pb, e permitir uma hibridização dife-rencial baseada em uma única mudança de base,fornecendo uma especificidade elevada com olocus a ser estudado. Os fragmentos obtidosapós amplificação deverão ser separados eidentificados por meio de eletroforese.50 Essetipo de técnica pode ser utilizada em conjuntocom o RFLP, uma vez que é possível criar sítiosde clivagem para determinadas enzimas, comuso de primers durante as reações de amplifi-cação.20,50 Na tabela 5 podemos verificar al-guns primers utilizados para identificação dosalelos A2, B, O1 e O2.50,51

Para análise do polimorfismo do gene po-demos citar a técnica de SSCP (Single StrandConformation Polymorphism), que permite iden-tificar variações de seqüência (mutações ou poli-morfismos) através da detecção de alterações daconformação de cadeias simples de DNA. A téc-nica de SSCP é considerada uma das melhorespara detecção das mutações inesperadas no gene,pois é capaz de identificar substituições, deleçõese/ou inserções de nucleotídeos baseada na dife-rença de mobilidade eletroforética dos fragmen-tos de DNA com seqüências diferentes. O fatorlimitante dessa técnica é a dificuldade opera-cional na prática clínica.10,21,52

Outras técnicas, como PCR-SSP (seqüênciade primers específicos) ou PCR seguido pordenaturação em gel gradiente para eletroforese,também podem ser empregadas, porém, devi-do ao elevado polimorfismo do gene ABO, prin-cipalmente na detecção de seus subgrupos, oseqüenciamento direto das bases dos alelos temsido uma das técnicas mais amplamenteutilizadas para confirmação dessas mutações.

Assim concluindo, essa revisão possibilitaao leitor um maior entendimento das basesmoleculares do sistema sangüíneo ABO, dosseus subgrupos e das principais técnicas atual-mente empregadas, assim como suas aplica-ções e limitações.

Abstract

The ABO blood group is the most important blood groupsystem in transfusion medicine. Antigens of the ABOsystem consist of A or B carbohydrate structure carriedon the substrate H antigen. The ABO gene is responsiblefor encoding for glycosyltransferases A or B that defi-nes which specific carbohydrate is added to the end ofH substance oligosaccharide chains, GalNacα1-3 andGalα 1-3, respectively. The DNA structure of the threemajor alleles of the human blood group ABO system,A1 and B, was first described in 1990. Advances ofmolecular genetics have allowed understanding of themolecular basis of the ABO blood group system andthe knowledge of the common alleles polymorphismsof this locus. This review article has the purpose ofdescribing the variants of these alleles and theunderlying mutations, deletions or rearrangement ofthe genes responsible for the occurrence of ABOsubgroups and O transferases inactivation. Finally,various methods available for ABO genotyping are alsoevaluated, as well as its advantages and limitations.Rev.bras.hematol.hemoter. 2003;25(1):47-58.

Key words: Blood group; ABO system; ABOgenotyping; PCR; ABO alleles; ABO subgroups.

Referências Bibliográficas

1. Olsson ML, Irshaid NM, Hosseini-Maaf B, Helberg A,Moulds MK, Sareneva H, Chesser A. Genomic analysisof clinical samples with serologic ABO blood groupingdiscrepancies: identification of 15 novel A and Bsubgroup alleles. Blood 2001;98(5):1.585-1.593.

2. Watkins WM. Biochemistry and genetics of the ABO,Lewis and P blood group systems. Ed. Advances inHuman Genetics. Vol. 10. New York: Plenum Press;1980:1-136.

3. Ferguson-Smith MA, Aitken DA, Turleau C, Grouchy J.Localization of the human ABO:Np-1:AK-1 linkagegroup by regional assignment of AK-1 to 9q34. HumGenet 1976;34:35-43.

4. Bennett EP, Steffensen R, Clausen H, Weghuis DO, VanKessel AG. Genomic cloning of the human histo-bloodgroup ABO locus. Biochem Biophys Res Commun 1995;206:318-325.

5. Zago MA, Tavella MH, Simões BP, Franco RF, Guerreiro JF,Santos SB. Racial heterogeneity of DNA polymorphismslinked to the A and the O alleles of the ABO blood groupgene. Ann Hum Genet 1996;60:67-72.

6. Yoshida A, Yamaguchi YD, Dave V. Immunologichomology of human blood group glycosyltransferases

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1356

Page 11: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

57

Batissoco AC et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58

and genetic background of blood group (ABO)determination. Blood 1979;59:344-350.

7. Yamamoto F, Hakomori S. Sugar-nucleotide donorspecificity of histo-blood group A and B transferase isbased on amino acid substitutions. J Biol Chem 1990;265:19.257-19.262.

8. Yamamoto F, McNeill PD, Hakomori S. Human histo-blood group A2 transferase coded by A2 allele, one ofthe A subtypes, is characterized by a results in anadditional domain at the carboxyl terminal. Biochem.Biophys Res Commun 1992;187:366-374.

9. Yamamoto F, Clausen H, White T, Marken J, HakomoriS. Molecular genetic basis of the histo-blood groupABO system. Nature 1990;345:229-233.

10. Olsson ML, Chester MA. Polymorphism andrecombination events at the ABO locus: a majorchallenge for genomic ABO blood grouping strategies.Transfusion Medicine 2001;11(4):295-313.

11. Lee AH, Reid ME. ABO blood group system: a reviewof molecular aspects. Immunohematology 2000;16(1):01-06.

12. Schenbel-Brunner H. Human Blood Groups. Chemicaland Biochemical Basis of Antigen Specificity. 2th ed.Springer Wien New York, 2000.

13. Barjas-Castro ML, Carvalho MH, Locatelli MF, Bordin S,Saad STO. Molecular heterogeneity of the A

3subgroup.

Clin Lab Haem 2000;22:73-78.

14. Yamamoto F. Molecular Genetics of ABO. Vox Sang2000;78(suppl):91-103.

15. Vengelen-Tyler V. ed. AABB: Technical Manual, 12thed. Bethesda: American Association of Blood Banks,1999.

16. Novaretti MCZ. Estudo de Grupos Sangüíneos em Do-adores de Sangue Caucasóides e Negróides na Cidadede São Paulo. Faculdade de Medicina da USP. 1995.

17. Novaretti MC, Batissoco AC, Bueno VJ, Dorlhiac-LlacerPE, Chamone DAF. Solving na ABO complexdiscrepancy by rapid genotyping using PCR-RFLP.Transfusion 2000;40(suppl.:113S.)

18. Olsson ML, Chesser MA. Polymorphims at the ABOlocus in subgroup A individuals. Transfusion 1996; 36:309-313.

19. Fischer GF, Fae I, Dub E, Pickl WF. Analysis of thegene polymorphism of ABO blood group specifictransferases helps diagnosis of acquired b status. VoxSang 1992;62:113-116.

20. Pearson SL, Hessner MJ. A1,2 BO1,2 genotyping bymultiplexed allele-specific PCR. British Journal ofHaematology 1998;100:229-234.

21. Yip SP. Single-tube multiplex PCR-SSCP analysisdistinguishes 7 common ABO alleles and readilyidentifies new alleles. Blood 2000;95(4):1.487-1.492.

22. Barjas-Castro MLR, Saad STO. Absence of the G871Amutation in A

3blood donors from Brazil. Transfusion

1997;37:564.

23. Olsson ML, Chester MA. Frequent occurrence of avariant O1 gene at the blood ABO locus. Vox Sang1996;70:26-30.

24. Olsson ML, Chester MA. A rapid and simple ABOgenotype scrrening method using a novel B/O2 versusA/O2 discriminating nucleotide at the ABO locus. VoxSang 1995;69:242-247.

25. Batissoco AC, Novaretti MC, Bueno VJ, Dorlhiac-LlacerPE, Chamone DAF. Easy method for determining thefrequency of O1 and O2 alleles in Brazilian blood donorsby PCR-RFLP. Immunohematology 2001;17(4):111-116.

26. Yamamoto F, Marken J, Tsuji T, White T, Clausen H,Hahomori S. Cloning and characterization of DNAcomplementary to human UDP-GalNAc:fuc-alpha1-2Gal alpha1-3GalNAc transferase (histo-blood group atransferase) mRNA. J Biol Chem 1990;265:1.146-1.151.

27. Clausen H, Whitw T, Takio K, et al. Isolation tohomogeneity and partial characterization of a histo-blood group A defined Fuca1→2Gala1→3-Nacetylgalactosaminyltransferase from human lungtissue. J BiolChem 1990;265:1.139-45.

28. Yamamoto F, McNeil PD, Hakamori S. Genomicorganization of human histo-blood group ABO genes.Glycobiology 1995;5:51.

29. Clausen H, White T, Takio K, Titani K, Stroud M, HolmesE, Karkov J, Thim L, Hakomori SI. Isolation tohomogeneity and partial characterization f a histo-bloodgroup A defined Fuc a1→2gala1→3-N-acetyl-galactosaminyltransferase from human lung tissue. JBiol Chem 1990;265:1.139-1.145.

30. Martinko JM, Vincek V, Klein D, Klein J. Primate ABOglycosyltransferases: evidence for transpecies evolution.Immunogenetics 1993;37:274-278.

31. Yamamoto F. Cloning and regulation of the ABO genes.Transfusion Medicine 2001;11:281-294.

32. Yamamoto F, MacNeill PD. Amino acid residue at codon268 determines both activity and nucleotide-sugar donorsubstrate specificity of human histo-blood group aand B transferases. In vitro mutagenesis study. J BiolChem 1996;271:10.515-10.520.

33. Fukumori Y, Ohnoki S, Shibata H, Nishimukai H.Suballeles of the ABO blood group system in a Japanesepopulation. Human Heredity 1996;46:85-91.

34. Kang SH, Fukumori Y, Ohnoki S, Shibata H, Han KS,Nishimukai H, Okubo Y. Distribution of ABO genotypesand allele frequencies in a Korean population.Japanese. J Hum Genetics 1997;42:331-335.

35. Ogasawara K, Bannai M, Saitou N, Yabe R, Nakata K,Takenaka M, Fujisawa K, Uchikawa M, Ishikawa Y, JujiT, Tokunaga K. Extensive polymorphism of ABO bloodgroup gene: three major lineages of the alleles for thecommon ABO phenotypes. J Human Genetics 1996;97;777-783.

36. Mourant AE, Kopec Ac, Domaniewska K. Thedistribution of human blood groups and otherspolymorphisms. Oxford Univrsity Press.1976.

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1357

Page 12: Aspectos Moleculares Do Sistema ABO

58

Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1):47-58 Batissoco AC et al

37. Yamamoto F, McNeil PD, Yamamoto M, Hakomori S,harris T, Judd WJ, Davenport RD. Molecular geneticanalysis of the ABO blood system:1.Weak subgroups:A

3and B

3alleles. Vox Sang 1993;64:116-117.

38. Ogasawara K, Yabe R, Uchikava M, Saitou N, BannaiM, Nakata K, Takenaka M, Fujisawa K, Ishikawa Y, JujiT, Tokunaga K. Molecular genetic analysis of variantphenotypes of the ABO blood group system. Blood1996;88:2.732-2.737.

39. Yamamoto F, McNeil PD, Yamamoto M, Hakomori S,Harris T. Molecular genetic analysis of the ABO bloodsystem:3. Ax and B(A) alleles. Vox Sang 1993;64:171-174.

40. Hansen T, Namork E, Olsson ML, Chesser MA, HeierHE. Different genotypes causing indiscenible patternsof A expression on A

elred blood cells as visualized by

scanning immunogold electron microscopy. Vox Sang1998.

41. Olsson ML, Thuresson B, Chesser MA. An Ael allele-specific nucleotide insertion at the blood group ABOlocus and its detection using a sequence-specificpolymerase chain reaction. Biochem Biophys ResCommun 1995 Nov 13;216(2):642-7.

42. Ogasawara K, Bannai M, Saitou N, Yabe R, Nakata K,Takenaka M, Fujisawa K, Uchikawa M, Ishikawa Y, YujiT, Takunaga K. Extensive polymorphism of ABO bloodgroup gene: three major lineages of the alleles for thecommom ABO phenotypes. Human Genetics 1996;97:777-783.

43. Ogasawara K, Yabe R, Uchikawa M, Bannai M, NakataK, Takenaka M,Takahashi Y, Yuji T, Takunaga K.Different alleles cause an imbalance in A

2and A

2B

phenotypes of the ABO blood group. Vox Sang 1998;74:242-247.

44. Yu LC, Twu YC,Chou ML, Chang CY, Wu CY, Lin M.Molecular genetic analysis for the B3 allele. Blood 2002;100(4):1.490-1.492.

45. Yamamoto F, McNeil PD, Kominato Y, et al. Moleculargenetic analysis of the ABO blood system: II. Cis ABalleles. Vox Sang 1993;64:120-3.

46. Yamamoto F, McNeill P, Yamamoto M, Hakomori S,Bromilow I, Duguid JKM. Molecular genetic analysisof the ABO blood group system: 4. Another type of Oallele. Vox Sang 1993:64:175-178.

47. Grunnet N, Steffensen R, Bennet EP, Clausen H.Evaluation of histo-blood group ABO genotyping in aDanish population: frequency of a novel allele definedas O2. Vox Sang 1997;67:210-215.

48. Olsson ML, Chesser MA. Evidence for a new type of Oallele at the ABO locus, due to a combination of theA2 nucleotide deletion and the Ael nucleotide insertion.Vox Sang 1996;71:113-117.

49. Koda, Y, Soejima M, Kimura H. Structure and expressionof H-type GDP-L fucose:b-D-galactoside 2-a-L-fucosyltransferase gene (FUT1) – Two transcription startsites and alternative splicing generate several forms ofFUT1 mRNA. J Biol Chem 1997;272:7501-7505.

50. Denomme GA, Rios M, Reid ME. Molecular Protocolsin Transfusion Medicine. Academic Press. 2000.

51. Gassner C, Schmarda A, NussbaumerW. ABO glycosyl-transferase genotyping by polymerase chain reactionusing sequence-specific primers. Blood 1996;88:1852-1856.

52. Tsai L, Kao L, Chang J, Lee H, Linacre A, Lee JC. Rapididentification of the ABO genotypes by their single-stand conformation polymorphism. Electrophoresis2000; 21:537-540.

Recebido: 20/08/2Aceito: 18/12/02

Aspectos Moleculares do sistema....p65 07/05/03, 20:1358