Aspectos Físico-químicos e microbiológicos da água utilizada pelos animais do zoológico do...
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ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA
UTILIZADA PELOS ANIMAIS NO ZOOLÓGICO DO PARQUE SABIÁ – UBERLÂNDIA - MG-BRASIL
Fernando Francisco Borges Resende1, Noé Ribeiro da Silva2.
RESUMO
A água, essencial à vida de todo animal, atua também como importante veículo de
contaminação de várias doenças, seja em decorrência de excretos humanos ou de outros animais,
seja pela presença de substâncias químicas nocivas à saúde do indivíduo. As águas utilizadas nos
recintos do zoológico do Parque Sabiá, no município de Uberlândia – MG, são classificadas
como águas doces, classe 01, destinadas ao consumo humano e/ou animal e a qualquer uso mais
exigente quanto a sua qualidade. O nível de contaminação microbiológica de cada ponto de coleta
do zoológico do Parque Sabiá foi avaliado durante nove meses, de junho de 2003 a março de
2004. Foi detectada uma variação de 0 a 104 UFC/100mL na contagem de Coliformes totais e 0 a
103 UFC/100mL na contagem de Coliformes fecais. Dentre os testes físico-químicos realizados,
como: pH, cor, turbidez, Cloreto, Sulfato, Nitrito e Nitrato, somente as análises de pH mostraram
anormalidades, demonstrando características ácidas da água. As águas utilizadas pelo zoológico
do Parque Sabiá, apesar de apresentarem baixos índices de contaminação, tanto por Coliformes
totais quanto por fecais e terem demonstrado boa qualidade físico-química, ainda assim
necessitam de atenção para que estes parâmetros não venham a se alterar, levando a uma possível
poluição dessas águas, bem como a contaminação de seu lençol freático.
Palavras-chave: água, coliformes, controle microbiológico, zoológico.
________________
1 – Discente, bolsista CNPq Faculdade de Medicina Veterinária – UFU;
2 – Prof. Dr. Faculdade de Medicina Veterinária – UFU.
2
ABSTRACT
Water is essential for animal life but also works as a contamination mean for many
diseases. It may occur as a result of human and animal excreta or by the contamination for
chemical substances. The water used at the Parque do Sabiá zoo, in Uberlândia – MG, is
classified as fresh water (Type1). This water is for human and animal use. The microbiological
contamination level of each water point, in the Parque do Sabiá, has been evaluated during nine
months. It is detected, between June 2003 and March 2004, a variation of 0 to 104UFC/100mL
on total count of coliforms and 0 to 103UFC/100mL on total count of faecal coliforms. Amoung
the undertaked physical-chemical tests (pH, color, cooper sulfete, etc), only the pH analysis had
abnormal results. It presented acid characteristics for the water used on the Parque do Sabiá
zoo. Otherwise, the results did not show serious contamination. On the other hand, the water
need a special attention so that quality level keep normal.
3
INTRODUÇÃO
O zoológico do Parque do Sabiá, em
Uberlândia – MG, encontra-se localizado em
área urbana na região leste da cidade.
Hospeda, no momento, 73 espécies entre
mamíferos, aves e répteis, que necessitam
permanentemente de cuidados especiais, tais
como: alimentos, água e acompanhamento
médico veterinário.
A água é fartamente utilizada para
suprir suas necessidades biológicas:
ingestão, banho, preparo dos alimentos,
limpeza dos recintos e desinfecção dos
utensílios. Esta tem origem em uma nascente
na parte sul do Parque, distante
aproximadamente 500 metros dos recintos,
chegando até eles por tubulação galvanizada
com diâmetro de 100 milímetros.
Parte dessa água é armazenada em
uma caixa de alvenaria com capacidade para
40.000 litros, para daí ser distribuída a
alguns recintos, sendo que os outros recebem
água por derivação da tubulação mestra.
Cada recinto apresenta um bebedouro
coletivo para os animais ali confinados.
Os bebedouros são confeccionados
em alvenaria, permanecendo fixos ao solo,
podendo se tornar susceptíveis à
contaminação microbiana (KNAP, 1970).
Algumas vezes os animais dos
recintos, tanto aves como mamíferos,
apresentaram um quadro de diarréia, que
foram controlados prontamente pelo serviço
de medicina veterinária do zoológico,
porém, naquele momento não foi possível
indicar a causa da doença, ficando sob
suspeita a água de consumo dos animais.
Assim, julga-se oportuno realizar esta
pesquisa elegendo os Coliformes totais e
fecais como microorganismos objeto desta
pesquisa por serem indicadores universais da
qualidade higiênico-sanitária da água e
parâmetros físico-químicos, como pH, cor,
turbidez, sulfato, cloreto, nitrito e nitrato
com a finalidade de avaliar a presença de
contaminação por detritos provenientes de
esgotos ou residências.
O serviço de Medicina Veterinária do
zoológico do Parque Sabiá tem uma grande
preocupação com a qualidade da água
utilizada pelos animais nos 51 recintos
existentes. Apesar da existência de rotina
diária com procedimentos higiênico-
sanitários em relação à água, utensílios de
preparação dos alimentos e os bebedouros
dos recintos, existem possibilidades de
contaminação microbiológica dessa água.
Em levantamento de reconhecimento
do local, realizado pela equipe desse
trabalho, pode-se constatar a existência de
um bairro residêncial ao norte da nascente,
além de um canil a 150 metros da mesma;
4
sobre este canil é importante salientar que
não há rede de esgoto instalada e que os
detritos são depositados em fossas, o que é
preocupante, visto que o perfil topográfico
do terreno é caracterizado por um declive
acentuado em direção à nascente.
Esse entorno, assim descrito, pode
ser, ou vir a ser, fonte de contaminação para
os lençóis freáticos de interesse no
abastecimento de água em questão. Várias
afirmações de pesquisadores atentam sobre a
possibilidade dessa contaminação (JAY,
1994; KNAP, 1970; OLIVEIRA, 1984;
SPECK, 1984).
Essa suspeita pode ser comprovada
com monitoramento específico, utilizando-se
como referência, indicadores
microbiológicos universais e alguns
parâmetros físico-químicos para
classificação das águas de consumo
(KINZELMAN, 2003).
Animais selvagens, como quaisquer
outros animais, necessitam de água em
abundância; seja para beber, se lavar ou
como habitat.
Assim, um dos pontos primordiais
em um zoológico é uma boa disponibilidade
de água, tanto para os animais, como para a
higienização dos recintos e utensílios.
Porém, apenas a fartura de recursos
hídricos não é o suficiente, deve-se levar em
consideração a qualidade desta, sendo que,
animais selvagens em cativeiro estão
bastante predispostos a estresse e dessa
forma susceptíveis a baixas do sistema
imunológico, tornando-se aptos a
desenvolverem patologias causadas por
germes veiculados, principalmente, pela
água, como bactérias, vírus e protozoários.
Segundo Leclerc (2002) a principal
fonte de contaminação da água é justamente
as fezes de animais, tanto selvagens como
domésticos e humanos. Essas fezes, que
podem conter agentes causadores de
enfermidades, costumam ser depositados
sobre o solo, na água ou em fossas e a partir
daí serem espalhadas pela chuva, vento e a
própria ação de animais, contaminando o
terreno, o curso de água em questão ou até
mesmo o lençol freático. Alguns fatores vêm
a aumentar a chance de contaminação do
local, como o tipo de rocha da região, o
perfil topográfico e a profundidade do lençol
freático (KNAP, 1970).
Geralmente os germes contaminantes
são bactérias, vírus e protozoários, bastante
resistentes em água e que podem causar
enfermidades, principalmente entéricas
(HOFFMANN et al, 1997).
É grande a variedade de espécies
patogênicas encontrados na água. Entre as
bactérias, as mais comuns são a Shigella
5
sonnei, Clostridium jejuni, Escherichia coli,
Vibrio cholerae, Pasteurella aeruginosa,
Legionella e Mycobacterium avium complex.
Os vírus mais encontrados são os da hepatite
tipos A e B e entre os protozoários se
encontram o Cryptosporidium spp e a
Giardia sp, conforme relata Leclerc (2002).
Para se conseguir manter um nível de
qualidade da água são necessários
parâmetros para medir e qualificar a
contaminação desta; para isto, pode-se
utilizar a contagem de alguns
microrganismos e analisar alguns padrões
físico-químicos. A utilização da contagem
de Coliformes fecais é mais significativa,
tendo em vista que a maior parte das
bactérias desse grupo são de origem entérica,
ao contrário do grupo dos Coliformes totais,
que contém bactérias não entéricas, o que
garante uma maior confiabilidade nos
resultados, mostrando com grande certeza a
origem da contaminação (GUERREIRO,
1984).
A utilização de parâmetros de
controle de qualidade da água é de muita
importância tanto em zoológicos como em
qualquer lugar que necessite de água potável
(LeCHEVALIER; WELCH; SMITH, 1996).
Brewer e Lucas (1982) relataram que
em 37% de 342 amostras de água de uso
rural, apresentou-se positiva para
Coliformes, decorrente da contaminação de
aqüíferos. Sanahu; Warren; Nelson (1979)
detalharam informações sobre a presença de
contaminação por Coliformes em água de
nascentes.
Knap (1970) identificou
Estreptococcus fecais e Coliformes fecais
em água rural monitorada em dois pontos
diferentes, sugerindo a possibilidade de
contaminação por infiltração do solo.
APHA (1976) informou sobre o
monitoramento realizado em água do mar,
mostrando a presença de Escherichia coli,
Coliformes fecais e Coliformes totais.
Guerreiro (1984) relata que durante muito
tempo a Escherichia coli era residente do
tubo digestivo dos animais e do homem,
colaborando nos processos digestivos, sem
ação patogênica. Atualmente, sabe-se que
em condições favoráveis pode causar
doenças, chamadas de colibacilose em
animais e no homem (GLEESON e GRAY,
1997). Além de sua importância como
entidade patogênica, o isolamento da
Escherichia coli da água é de significado
sanitário, pois é uma indicação de
contaminação fecal (EDBERG et al, 2000).
De conformidade com o Bergey's
Manual of Determinative Bacteriology, 1974
o germe está situado no grupo de bactérias
gram-negativas, facultativamente
6
anaeróbicas, pertencendo à família
Enterobacteriaceae, gênero Escherichia e
dentro do grupo dos Coliformes fecais.
Causa diarréia em humanos e animais, além
de mastite, aborto, salpingites, pericardite,
etc.
Dessa forma o objetivo do presente
estudo foi verificar a contagem de
Coliformes totais e Coliformes fecais na
água do zoológico, bem como analisar os
seguintes parâmetros físico-químicos: pH,
cor, turbidez, cloreto, sulfato, nitrito e
nitrato.
MATERIAL E MÉTODOS
No zoológico do Parque Sabiá, que é
administrado pela FUTEL - Fundação de
Turismo, Esporte e Lazer da Prefeitura
Municipal de Uberlândia, apresenta 51
recintos que abrigam 73 diferentes espécies
de mamíferos, aves e répteis.
Estes recintos guardam
características próprias para atender as
espécies animais ali instaladas, sendo que,
todos recebem água, não tratada, da mesma
origem, de uma nascente dentro do próprio
parque. Esta se encontra em área bem
protegida por alambrado e vegetação ciliar,
porém com possibilidades de contaminação
pelo lençol freático do seu entorno por estar
próximo a um bairro de periferia e a um
canil situado a 150 metros de distância da
nascente, também dentro do parque.
A água chega até os recintos, através
das tubulações galvanizadas, percorrendo
aproximadamente 400 metros até uma caixa
de alvenaria de 40.000 litros, parte dos
recintos recebem água desta caixa e os
outros por derivação da rede principal (entre
nascente e caixa).
Para realização deste trabalho foram
coletadas dez amostras de água, de junho de
2003 a março de 2004, em doze pontos
diferentes, conforme especificados a seguir:
Ponto 1:
Nascente, localizada
aproximadamente a 500 metros dos recintos;
Ponto 2:
Recinto Lhama (Lama glama) que é
ocupado por um Lhama macho, sendo que o
bebedouro é localizado na parte leste do
recinto;
Ponto 3:
Recinto Cachorro do Mato
(Cerdocyon thous), ocupado por três animais,
sendo dois machos e uma fêmea.
Ponto 4:
Recinto Macacos, neste ponto a
coleta é feita em uma caixa de distribuição
que fornece água para quatro recintos
diferentes, todos ocupados por macacos;
7
Ponto 5:
Recinto Jaguatirica (Leopardus
pardalis), este é ocupado por duas fêmeas e
um macho.
Ponto 6:
Recinto Leão (Panthera leo), neste
habita um leão macho.
Ponto 7:
Recinto Arara (Ara ararauna), nesta
baia está instalado um casal de Araras
Canindé.
Ponto 8:
Recinto Pavão, neste encontram-se
nove Pavões, de espécies variadas e também
três Mutuns (Crax fasciolata).
Ponto 9:
Recinto Ouriço Cacheiro (Coendou
prehensilis), aí vivem dois animais, um
casal, o bebedouro é localizado no centro da
baia.
Ponto 10:
Lagoa dos Patos, está ao norte da
nascente e abriga várias espécies de pássaros
aquáticos, como patos, gansos e cisnes;
Ponto 11:
Recinto Tigre d’água (Trachemys
elegans), neste, além dos Tigre d’água,
vivem também Cutias Amarelas
(Dasyprocta azaroe) e um Lagarto Teiú
(Tupinambis merrionoe), sendo que todos
têm acesso ao bebedouro que fica no centro
do recinto.
• Ponto12:
Caixa geral de distribuição.
A água foi coletada nos referidos
pontos em frascos esterilizados com todos os
cuidados de assepsia que esse tipo de prática
requer, para em seguida ser transportado até
o laboratório em caixas de isopor com gelo.
As análises foram realizadas no
Laboratório de Análises de Água do DMAE
– Departamento Municipal de Água e
Esgoto da Prefeitura Municipal de
Uberlândia – MG. Os exames
microbiológicos foram conduzidos de
acordo com as técnicas indicadas pelo
LANARA (1992) e os testes físico-químicos
seguiram os modelos do APHA (1976).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos por esse
trabalho foram analisados segundo a
Resolução Número 20 do CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que
as classifica como água doce, classe 1,
destinadas ao consumo humano e/ou animal
e a qualquer uso mais exigente quanto a sua
qualidade. Dessa forma os limites
estabelecidos pela respectiva Portaria estão
explicitados no Quadro 1.
8
Quadro 1 – Limites estabelecidos pela Resolução N° 20 do CONAMA, para águas doces, classe 01.
Parâmetro
Unidade
Valor Máximo Permitido pH Cor
Turbidez Cloreto Sulfato Nitrito Nitrato
Coliformes totais Coliformes fecais
---- uH
NTU mg/L mg/L mg/L mg/L
UFC/100mL UFC/100mL
6,0-9,0 N.C.A.
40 250 250 1,0 10
1.000 200
NTU - Unidade Nefelométrica de Turbidez.
UFC - Unidade Formadora de Colônia.
Os Quadros 2 e 3 mostram os
resultados obtidos nas análises
microbiológicas, nos doze pontos de coleta
investigados no zoológico do Parque Sabiá,
de junho de 2003 a março de 2004,
abrangendo tanto tempo chuvoso como
tempo seco, bem como os intervalos de
variação dos resultados obtidos em cada
ponto de coleta. Os intervalos de variação
dos resultados foram expressos por
aproximações estatísticas. Exemplificando, a
coleta X do ponto 2 apresentou 6x103
UFC/100mL de Coliformes totais, cujo valor
foi aproximado para 104 UFC/100mL.
N.C.A – Não Característico da Amostra.
Analisando os resultados, foi
constatado que a contagem de Coliformes
totais variou na faixa de 0,0 a
104UFC/100mL (Quadro 2), enquanto a
contagem de Coliformes fecais variou de 0,0
a 103UFC/100mL (Quadro 3). A contagem
de Coliformes totais foi 10 vezes maior que
a contagem de Coliformes fecais cujos
resultados são justificados pela abundante
vegetação presente em todo o zoológico
(CAVALCANTE; SILVA; SALGUEIRO,
1998).
Nas contagens de Coliformes totais
podemos observar que das 120 amostras
coletadas nos 12 pontos citados acima, 30
delas foram positivas, ou seja 25% conforme
mostra o Gráfico 1.
9
Quadro 2 – Coliformes totais (UFC/100mL) em doze pontos de coleta investigados no zoológico
do Parque Sabiá de junho de 2003 a março de 2004 em Uberlândia -MG.
Coleta Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
Ponto 6
Ponto 7
Ponto 8
Ponto 9
Ponto 10
Ponto 11
Ponto 12
I II III IV V VI VII VIII IX X
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<103 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<103 <103 6x103
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<103 2x104
<103
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 104
<103
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<103 2x103
<103
0,0 S/E 0,0 0,0 S/E S/E
>103 <103 <103 <103
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<103 4x103
3x103
0,0 0,0 0,0 S/E S/E 0,0 0,0 S/E 0,0
5x103
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 0,0 S/E
2x103 3x103
0,0 0,0
>103 >103 0,0
>103 0,0 S/E 104
5x103
0,0 0,0
>103 0,0 S/E 0,0 0,0
<103 0,0
<103
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 S/E S/E 0,0 S/E
Variação
0 - 103 0 - 104 0 - 104 0 - 104 0 - 103 0- >103
0 - 103
0-104 0 - 103 0 - 104 0- >103 ----
S/E – Sem Exame
120
300
20
40
60
80
100
120
Quantidade
Total de Amostras Amostras Contaminadas
Gráfico 1 – Quantidade de amostras
contaminadas por Coliformes totais nos doze
pontos de coleta investigados no zoológico
do Parque Sabiá de junho de 2003 a março
de 2004 em Uberlândia - MG.
Pode-se também constatar que dessas
30 amostras consideradas positivas, apenas
16 delas estão acima dos valores máximos
permitidos pela Resolução N° 20 do
CONAMA, de 1986, conforme o Gráfico 2
demonstra.
30
16
0
5
10
15
20
25
30
Quantidade
Amostras ContaminadasAmostras Fora dos Padrões
Gráfico 2 – Quantidade de amostras contaminadas por Coliformes totais que não atendem a Resolução N°20 do CONAMA,
1986.
10
Quadro3 – Coliformes fecais (UFC/100mL) em doze pontos de coleta investigados no zoológico do Parque Sabiá de junho de 2003 a março de 2004 em Uberlândia - MG.
Coleta Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
Ponto 6
Ponto 7
Ponto 8
Ponto 9
Ponto 10
Ponto 11
Ponto 12
I II III IV V VI VII VIII IX X
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<102 <102
3x103
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
2x102 103
0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 S/E
9x102
6x102
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
6x102
103
2x102
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E S/E 0,0 0,0 0,0
< 102
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
<102 S/E
3x103
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 0,0 S/E 0,0
3x103
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 0,0 S/E
2x102
103
0,0 0,0
3x102
3x102
0,0 4x102
0,0 S/E
3x103
4x103
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 0,0
6x102
0,0 8x102
0,0 0,0 0,0 0,0 S/E 0,0 0,0 S/E 0,0 S/E
Variação
--- 0 - 103 0 -103 0 - 103 0 - 103 0 - 102 0 - 103 0 - 103 0 - 103 0 - 103 0 - 103 ---
S/E – Sem Exame
Observou-se também que o maior
índice de contaminação por Coliformes
totais se deu no Ponto 10, o que pode ser
explicado levando-se em conta as
características do recinto, que é formado por
uma lagoa, onde vivem muitas espécies de
aves aquáticas, dessa forma a água desse
recinto fica passível à contaminação por
esses animais.
Nas contagens de Coliformes fecais,
pode-se observar que de todas as análises
realizadas, que foram 120, somente 23 delas
apresentaram resultados positivos, ou seja,
aproximadamente 19% (Gráfico 3).
120
230
20
40
60
80
100
120
Quantidade
Total de Amostras Amostras Contaminadas
Gráfico 3 – Quantidade de amostras contaminadas por Coliformes fecais nos doze pontos de coleta investigados no
zoológico do Parque Sabiá de junho de 2003 a março de 2004 em Uberlândia - MG.
Dessas 23 amostras ditas positivas,
19 delas estão em desacordo com o
CONAMA (1986). (Gráfico 4).
11
2319
0
5
10
15
20
25
Quantidade
Amostras Contaminadas
Amostras Fora dos Padrões
Gráfico 4 – Quantidade de amostras contaminadas por Coliformes fecais que não atendem a Resolução N°20 do CONAMA,
1986.
Da mesma forma que nas pesquisas
de Coliformes totais, o Ponto 10, lagoa dos
Patos, foi o ponto que demonstrou maiores
índices de contaminação por Coliformes
fecais.
Dentre os doze pontos analisados,
somente o Ponto 12, caixa geral de
distribuição, não apresentou nenhum tipo de
contaminação, o que prova que entre a
nascente e os recintos a água não sofre
contato com os microorganismos em
questão. Pode-se também dizer que a
nascente, Ponto 1, está praticamente livre de
contaminação microbiológica, visto que
dentre as dez amostras coletadas, apenas
uma demonstrou contaminação por
Coliformes totais, mesmo assim ficando
dentro dos padrões estabelecidos pela
Portaria que rege o assunto, fato que também
pode ser explicado pela abundante vegetação
ciliar à sua volta.
Observa-se, desta forma, que os
focos de contaminação microbiológica na
água de uso do Parque Sabiá estão
relacionados diretamente com as
características de cada recinto, bem como os
hábitos dos animais ali instalados, que
podem influenciar na contaminação desta
água, como, por exemplo, o ato de ciscar ao
redor do bebedouro, que acontece nos
Pontos 7 e 8, recintos Araras e Pavão,
respectivamente; e também o próprio fato de
defecar dentro d’água, como acontece na
lagoa dos patos, Ponto 10. De modo geral,
como em todos os recintos os bebedouros
ficam no solo, em contato direto com terra,
fezes, urina, capim entre outros agentes
contaminantes, é sempre possível que haja
contaminação por bactérias (KNAP, 1970).
Com relação aos testes físico-
químicos, entre todos os parâmetros
analisados, somente os testes de pH
demonstraram alteração, ficando sob
suspeita a composição geológica do local
onde está a nascente do Parque Sabiá. O
Quadro 4 nos mostra todos os valores
obtidos nas dez coletas realizadas nos doze
pontos investigados no zoológico do Parque
Sabiá.
12
Quadro 4 – Valores do pH nos doze pontos de coleta investigados no zoológico do Parque do Sabiá de junho de 2003 a março de 2004 em Uberlândia - MG.
Coleta Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Ponto 4
Ponto 5
Ponto 6
Ponto 7
Ponto 8
Ponto 9
Ponto 10
Ponto 11
Ponto 12
I II III IV V VI VII VIII IX X
5,0 5,0 5,0 5,4
5,01 5,2 4,6 4,7 4,9 5,0
5,5 5,3 5,2 5,3 5,11 5,2 4,9 4,96 4,7 5,6
6,1 4,8 6,0 5,8 6,11 6,3 5,6 5,81 5,1 6,7
5,7 5,9 5,9 6,0 5,1 6,1
5,44 5,51 5,1 5,6
6,1 5,1 5,0 5,2 5,7 5,7 4,6
5,03 4,0 4,7
5,3 S/E 6,5 6,6 S/E S/E 5,6
4,67 4,7 4,7
5,3 6,4 5,5 5,4 6,0 5,9 4,8 4,74 4,6 5,1
5,4 5,4 5,1 S/E S/E 5,4 4,6
4,75 4,6 4,9
5,0 5,2 5,0 5,1 S/E 5,2 4,6
4,73 4,7 4,7
6,8 6,5 6,9 6,5 5,01 6,3 6,4 6,79 6,2 6,3
5,8 5,8 4,9 5,8 S/E 5,7 5,1
5,27 2,8 5,5
5,2 5,0 5,6 6,1 S/E 5,1 S/E 5,66 4,8 S/E
Variação
4,6 - 5,4
4,7 - 5,6
4,8 - 6,11
5,1 -6,1
4,0 - 6,1
4,67 -6,6
4,6 -6,4
4,6 -5,4
4,6 - 5,2
5,01 -6,9
2,8 - 5,8
4,8 - 5,66
S/E – Sem Exame
Das 120 amostras coletadas, apenas
22 delas estavam dentro do intervalo de 6,0 a
9,0 indicado pela Resolução N°20 do
CONAMA de 1986, conforme relata o
Gráfico 5.
12098
220
20
40
60
80
100
120
QuantidadeTotal de Amostras
Amostras Fora dos Padrões
Amostras Normais
Gráfico 5 – Quantidade de amostras que
ficaram fora dos padrões estabelecidos pelo CONAMA, 1986, segundo seus valores de
pH.
CONCLUSÕES
As águas de consumo do zoológico
do Parque Sabiá, apesar de terem
demonstrado alguns índices positivos de
contaminação microbiológica, tanto por
Coliformes totais quanto por fecais, estão
relativamente dentro dos padrões
estabelecidos pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente, sendo que a maioria das
amostras foram negativas para contagem
dessas bactérias.
Levando em consideração os testes
físico-químicos, essas águas estão fora dos
limites estabelecidos pelo CONAMA, visto
que aproximadamente 82% delas revelaram
pH abaixo de 6,0, porém esses resultados
13
podem ser explicados pelas características
geológicas do local onde se encontra o
Parque do Sabiá.
Assim conclui-se que, mesmo a
nascente estando bem próximo a um canil e
a um bairro residencial e sendo o terreno em
questão um declive em direção à nascente,
não houve contaminação por escoamento de
detritos desse entorno à fonte de água, bem
como não houve contaminação do lençol
freático em questão.
Os resultados positivos para
microbiologia encontrados em algumas
amostras podem ser explicados levando-se
em consideração as características de cada
recinto e também pelos hábitos de cada
espécie animal ali instalada.
Contudo, pela importância atrelada a
esse abastecimento de água, não se pode
deixar de lado um controle mais minucioso
desta. Assim, seria justificada até a
implantação de rede de esgoto neste canil
próximo à nascente e também a instalação de
uma Estação de Tratamento de Água dentro
do Parque, dessa forma haveria um controle
mais adequado ao fornecimento de água a
esses animais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que auxiliaram
nesta pesquisa, em especial a diretoria do
DMAE – Departamento Municipal de Água
e Esgoto, a diretoria do Zoológico Municipal
do Parque Sabiá, ao meu orientador, Noé
Ribeiro da Silva e ao CNPq pelo apoio
financeiro concedido a esta pesquisa.
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