ASPECTOS DE SEGURANÇA EM SMART GRIDabepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_185_054_23091.pdf ·...
Transcript of ASPECTOS DE SEGURANÇA EM SMART GRIDabepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_185_054_23091.pdf ·...
ASPECTOS DE SEGURANÇA EM SMART
GRID
Josilene Aires Moreira (UFPB )
Stevon Schettino (ENERGISA )
Ricardo Moreira da Silva (UFPB )
Smart Grid (SG) é uma rede elétrica inteligente se que comunica entre os
usuários e fornecedores, para tornar a distribuição da energia mais
eficiente, possibilitando a inserção de geração distribuída. Para funcionar
precisa de todo um aparrato computacional interligado através das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Especificamente,
precisa de sensores e redes de comunicação transmitindo dados em tempo
real interligando clientes e fornecedores. Com necessário e volumoso
investimento inicial, otimizará os gerenciadores de demanda,
descentralizando a produção de energia e irá possibilitar o
desenvolvimento real do trafego de carros elétricos no Brasil, onde
através de tomadas elétricas caseiras, cada usuário poderá se transformar
num consumidor ou fornecedor de energia. Entretanto, é necessário haver
uma segurança computacional para proteção, quer no roubo eletrônico de
energia, via software, onde o consumo de cargas elétricas poderá ser
desviado virtualmente para outros medidores, quer nos ataques de hackers
desestabilizando o sistema, evitando danos e prejuízos na rede inteligente.
Esse artigo discute o Smart Grid e aspectos da sua segurança.
Palavras-chaves: Smart Grid; Segurança, Brasil
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
2
1- Introdução
O constante crescimento do consumo de energia elétrica no mundo tem representado um desafio
para o setor energético, o qual precisa prover meios para expansão do sistema elétrico
responsável pela geração, transmissão e distribuição dessa energia, com antecedência a esse
aumento de consumo para evitar restrições de fornecimento. Porém, a construção de grandes
empreendimentos de geração de energia elétrica está, cada vez mais, sujeita a restrições sejam,
geográficas, tecnológicas, econômicas, regulatórias ou ambientais.
As alternativas encontradas pelo setor energético para contornar tais restrições compreendem
ações de eficientização da cadeia energética (da geração de energia ao consumidor final),
utilização de fontes alternativas de geração e adoção de geração distribuída (pequenas unidades
de geração próximas aos consumidores), estando cada vez mais presentes nesses casos as fontes
de energia renováveis ou alternativas, que apresentam baixa emissão de gases causadores do
efeito estufa, por não consumirem combustíveis fósseis. A tabela 1 relaciona a evolução da
capacidade instalada de fontes alternativas no mundo, estando consideradas as seguintes fontes
alternativas: geotérmica, eólica, solar, das marés, das ondas, biomassa e resíduos, com o Brasil
situado em uma posição de destaque, na sétima posição em termos de capacidade instalada de
fontes alternativas.
Tabela 1 – Capacidade instalada de fontes alternativas– 10 maiores países em 2009 (GW)
PAÍS 2005 2006 2007 2008 2009 Δ% (2008-2009) Part. %(2009)
EUA 22,1 25,0 30,9 39,4 49,4 25,5 20,8
Alemanha 23,4 27,6 30,9 34,3 41,6 21,4 17,5
Espanha 10,7 12,6 16,3 20,6 23,5 13,9 9,9
China 3,3 4,9 8,6 15,4 19,8 28,9 8,3
Índia 6,3 7,4 9,3 11,8 13,2 11,9 5,6
Itália 3,6 4,0 5,0 6,3 8,7 37,8 3,7
Brasil 6,1 6,5 6,6 7,4 6,7 -9,3 2,8
Japão 4,7 5,5 5,5 5,9 6,7 12,3 2,8
UK 3,2 3,7 4,3 5,2 6,4 23,6 2,7
França 2,0 2,7 3,6 5,0 6,3 26,8 2,6
Outros 32,3 37,1 40,5 46,8 55,5 18,7 23,3
Mundo 117,7 137,0 161,4 198,1 237,9 20,1 100,0
Fonte: Adaptado de EPE (2012)
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
3
A saída para o futuro, conforme análise de Battaglini et al (2009), é a combinação de grandes
potenciais de geração renovável (que estão situados longe dos grandes centros de consumo, por
exemplo parques eólicos) com a geração distribuída (por exemplo: turbinas a gás, micro turbinas,
células de combustível, geração fotovoltaica, pequenas turbinas eólicas, biogás, etc.), conectados
ao sistema elétrico.
A chave para o sucesso da operação simultânea das fontes de geração renovável, distribuída e
geração convencional, se dará através do desenvolvimento da Smart Grid (SG). Esse novo
conceito de integração e utilização do sistema elétrico, também será a saída para obtenção da
eficiência energética, e também possibilitar a geração e armazenamento de energia pelo lado do
consumidor, conforme destaca Al-Ali et al (2011).
A SG possivelmente será responsável por uma revolução tecnológica em toda cadeia de valor do
sistema elétrico, que apresentou uma evolução muito singela no último século (GAOA et al,
2012). Essa modernização vai englobar desde a geração de energia, passando pelo setor de
transmissão e distribuição, alcançando até o consumidor final, será responsável por tornar
otimizar toda a rede elétrica existente, provendo ganhos de qualidade, segurança, eficiência
energética, redução de emissões de poluentes, melhoria da gestão de ativos, dentre outros
inúmeros benefícios relacionados.
Assim, a SG é considerada o mais promissor conglomerado de tecnologia, o qual está ganhando
popularidade generalizada em serviços públicos de eletricidade, institutos de pesquisa e empresas
de telecomunicação. Em termos gerais, a SG é referida como a tecnologia de rede moderna, que
abrange toda a parte elétrica indústria de energia, a partir da produção de energia para
transmissão e consumo, e implementa a convergência o fluxo de energia elétrica, o fluxo de
informações e o fluxo de negócios com base na tecnologia da informação, tecnologia de
comunicação e informática.
Em função da relevância do tema SG para implantação de melhorias e inovações que estão
revolucionando a cadeia de produção e suprimento de energia elétrica no mundo, em termos de
otimização de processos, eficientização energética, aumento da sustentabilidade ambiental, o
presente trabalho apresenta os conceitos de SG e vai explorar apenas uma vertente os desafios da
segurança e a técnica metodologica empregada foi realizar um rastreamento bibliográfico,
embasando o trabalho.
2- Smart Grid (SG)
No Brasil, em 2001, após um período de contínua expansão da economia e do consumo de
energia no Brasil, associados à falta de investimentos na expansão do sistema de geração /
transmissão com um período de pouca chuva, culminou na escassez da disponibilidade de
fornecimento de eletricidade, resultando em um período crítico para o país com a necessidade de
racionamento de energia, acarretando sanções para todas as classes de consumo, para
concessionárias e para toda a economia do país (SILVA, 2011).
O racionamento de energia elétrica durou até o inicio do ano seguinte e incorreu na necessidade
global de redução de 20% do consumo. A partir dessa ocasião, foram intensificadas as ações de
eficientização energética e de reforço/expansão do sistema de geração e transmissão de energia
elétrica marcando fortemente a história do setor elétrico brasileiro. (SCHETTINO, 2013)
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
4
Além disso, existe uma previsão de um aumento da temperatura do planeta de 4 a 7°C até o final
do século e em função dessa previsão de aquecimento global, grandes desafios para a agricultura,
manutenção dos mananciais, saúde pública e geração de energia haverão (GCCI-US, 2009 e
SCHIERMEIER, 2011). A seguir, a figura 1, apresentando um sistema de energia tradicional
Figura 1: Sistema tradicional de energia
Fonte: Schettino (2013)
Na análise de Battaglini et al (2009), a energia é um driver crítico para o crescimento da
economia mundial e as alternativas encontradas pelo setor energético compreendem ações de
eficientização da cadeia energética, utilização de fontes alternativas e geração distribuída
(pequenas unidades de geração próximas aos consumidores), estando cada vez mais presentes as
energia renováveis ou limpas (hidráulica, solar, eólica, etc.), que apresentam baixa emissão de
gases causadores do efeito estufa. Então, a saída para o futuro, conforme aludido autor é a
conexão do sistema elétrico através da SG.
Segundo Al-Ali et al (2011), uma das chaves do sucesso do SG é a integração de fontes
renováveis e o armazenamento de energia pelo lado do consumidor. Diferente das redes
tradicionais, Zahedi (2011) destaca que as SG são redes informacionais computacionais que
possibilitarão uma combinação de geração de energia centralizada e distribuída, com mais
flexibilidade, permitindo o fluxo multidirecional de energia. Nesse sistema, os consumidores de
também irão produzir energia.
As SG interliga todos os envolvidos na rede tradicional, informando, monitorando e manobrando
através de rede de comunicação computacional, como pode ser visto na figura 2.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
5
Figura 2 – Sistema de energia com conceito de SG
Fonte: (WANG, XU, KHANNA, 2011)
Nesse caso, a arquitetura de comunicação do SG, A é a subestação de energia, B é um segmento
de linhas de transmissão de energia, C é uma estação de recarga de carros elétricos, D é uma
subdivisão residencial com painéis solares, E é um complexo residencial com infraestrutura de
medição automática, e F é uma casa com energia inteligente, todos conectados via SG. A Internet
e os ISPs servem como um backbone conectando as subredes distribuídas.
É uma rede aberta para todos os tipos e tamanhos de fontes de geração alternativa ou não a serem
conectadas. A tecnologia da informação é imprescindível e torna o gerenciamento da rede mais
fácil, permitindo uma comunicação bidirecional entre a operação do sistema, a geração e o
consumidor, sendo que essa comunicação é baseada em dados de tempo real. Desafios futuros
dessa rede incluem a integração das fontes, resposta à demanda, sistema de potência mais
confiável e eficiente com menor pico de carga.
A SG é responsável por uma revolução tecnológica em toda cadeia de valor do sistema elétrico,
que apresentou uma evolução muito singela no último século. Essa modernização otimiza toda a
rede elétrica existente, provendo ganhos de qualidade, segurança, eficiência energética, redução
de emissões de poluentes, melhoria da gestão de ativos (DEPURU et al, 2011), dentre outros
inúmeros benefícios relacionados.
A automação do sistema compreende o monitoramento e controle/operação remoto (em tempo
real) de equipamentos que compõem o sistema elétrico desde a geração à disponibilização da
energia ao consumidor, os quais permitirão desligamentos ou religamentos de equipamentos,
alteração de ajustes, leitura de dados, etc., permitido maior flexibilidade e agilidade na operação
do sistema, com ganhos em termos de segurança, confiabilidade e produtividade.
Essa otimização do sistema elétrico engloba a utilização de sistemas computacionais que
auxiliam na operação do sistema, com rotinas destinadas a minimizar as áreas atingidas por
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
6
desligamentos do fornecimento de energia elétrica e restabelecimento automático de carga e
despacho otimizado de equipes para atendimento a emergências. Essa otimização também
compreende a eliminação de perdas e desperdícios de energia, para aproveitamento máximo de
sua capacidade instalada.
Deve-se destacar que é possível reduzir custos de eletricidade por meio da realização de controle
de carga através da utilização de equipamentos e instalações de armazenamento de energia junto
às unidades consumidoras. Ao aplicar o conceito de Smart Grid, pode-se esperar alta eficiência,
conservação de energia e baixa emissão de carbono (TAKANA et al, 2012).
Em termos gerais, a SG é referida como a tecnologia de rede moderna, que abrange toda a parte
elétrica indústria de energia, a partir da produção de energia para transmissão e consumo, e
implementa a convergência o fluxo de energia elétrica, o fluxo de informações e o fluxo de
negócios com base na tecnologia da informação, tecnologia de comunicação e informática. Na
realidade, SG é um novo e complexo modelo para o setor de energia elétrica que permite
adicionar novas tecnologias ou alterar o que já existe de maneira simples. A SG tem sido cada
vez mais reconhecido como um meio para melhorar a eficiência energética e, de gerar e consumir
energia elétrica em residências, empresas e instituições públicas (LI e ZHOU, 2011).
A transformação da rede de energia elétrica atual para a SG deverá acontecer de forma
incremental: novas tecnologias de automação, computação e comunicações serão introduzidas
nos setores da rede atual, formando bolsões de sub-redes, as quais conviverão de forma
harmoniosa com rede legada. Na medida em que esses bolsões aumentem em número e
capacidade, a rede elétrica como um todo tenderá para uma rede dentro da nova visão (FALCÃO,
2010).
Elas não são projetadas exclusivamente para facilitar o balanceamento de oferta e demanda. A
SG pode até mesmo resolver problemas específicos de cada país. Para a Dinamarca e a Suécia,
por exemplo, as SG contribuirão para uso generalizado de veículos elétricos (plug-in). A Espanha
quer melhorar a qualidade da oferta com menos incidentes. Portugal pretende reforçar a
integração de energias renováveis no seu sistema elétrico. A Itália espera reduzir as fraudes e
furtos de energia. A Holanda está à espera de economizar energia e reduzir as emissões de gases
de efeito estufa (CLASTRES, 2011).
Nair e Zhang (2009) destacam ainda que a Nova Zelândia tem a aspiração de atingir o índice de
90% de sua matriz energética oriunda de fontes renováveis, até 2025. Para conter o aquecimento
global a Europa estipulou a meta de ter em 2050, 100% de sua energia advinda de fontes
renováveis com a ajuda da SG.
Por fim, a França está desenvolvendo essa tecnologia para possibilitar aos consumidores o
controle da demanda de energia, aumentar a qualidade de fornecimento e melhorar a operação do
sistema elétrico. Para limitar os custos das distribuidoras cada país/concessionária tem sua
própria visão a respeito de qual segmento de mercado ganharia mais com as redes inteligentes
(Schentino, 2013).
A Smart Grid tem atraído interesse em áreas tão diversas como economia, sociologia e
engenharia elétrica, usando ferramentas da teoria econômica como regulação, incentivos ou
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
7
análise da concorrência, para fomentar as possíveis soluções de incentivo ao surgimento de novas
tecnologias (CLASTRES, 2011).
3- Aspectos de comunicação e computacionais
Desde o começo do século XX, existe um sistema elétrico tradicional, interligando clientes e
fornecedores top-down do ponto de vista elétrico com um sistema de medição de consumo de
energia. Mesmo nessa rede tradicional existem alguns equipamentos com acionamento a
distancia, como disjuntores e chaves, mais importantes do ponto de vista hierárquico de manobra
e algumas medições de tensão e corrente em pontos estratégicos de controle. Os consumidores,
em quase sua totalidade, só recebem informações do consumo.
As SGs mudam essa perspectiva e fazem sua comunicação por três formas, por fiação, sem fio e
pela própria rede elétrica. Uma visão mais detalhada da arquitetura de uma SG é mostrada na
Figura 3.
Figura 3 - Modelo conceitual de uma SG
Fonte: (VAIDYA; MAKRAKIS; MOUFTAH, 2013)
Como pode ser visto na figura 3, existem uma gama muito grande de tecnologias de comunicação
que tem suporte para as SG. As principais são:
a. Comunicação pela rede elétrica: a rede elétrica é usada principalmente para
transmissão de energia, mas também pode ser usada para transmissão de dados. O sistema
de comunicação por este meio opera enviando sinais modulados para a fiação
Normalmente os sinais de dados não podem propagar através dos transformadores e
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
8
portanto, a comunicação pela rede elétrica é limitada pois cada segmento de linha é
conectada entre transformadores. As taxas de dados variam de algumas centenas de bits
por segundo para milhões de bits por segundo, em proporção inversa com a distância da
linha de transmissão. Com isso, o principal uso deste tipo de comunicação é em um
ambiente interno, possibilitando uma rede de comunicação alternativa, assim evitando a
instalação de uma rede dedicada.
b. Comunicação em rede com fio: Cabos dedicados podem ser usados para construir
redes de comunicação de dados, separados da rede elétrica. Isso requer um investimento
extra, mas podem oferecer maior capacidade e menor atraso na comunicação. A
comunicação por fio podem usar a SONET/SDH, Ethernet, DSL, e acesso a rede por cabo
coaxial.
c. Comunicação em rede sem fio: O avanço em tecnologia de redes de computadores
permite conectar dispositivos sem fio, evitando o uso físico de cabos. Redes sem fio
atualmente podem prover conexões em curta distância com baixa taxa de dados. As redes
802.11 são as mais populares para redes locais sem fio, dos quais se comunicam numa
taxa máxima de 150 Mbps e uma distância de até 250m. Em uma pequena rede pessoal as
taxas variam de 20 kbps e 55 Mbps. Com o acesso à internet, a rede 802.16 pode suportar
transmissões de dados de até 100 Mbps em uma distância de 50 km.
O Quadro 2 mostra uma visão da arquitetura de uma rede inteligente.
SIGLA INGLÊS PORTUGUÊS
CIS Communication and Information Service Serviço de Comunicação e Informação
DMS Distribution Management System Sistema de Gerenciamento de Distribuição
EMS Energy Management System Sistema de Gerenciamento de Energia
ISO Independent System Operator Operador Independente do Sistema
ISP Internet Service Provider Provedor de Serviço de Internet
LAN Local Area Network Rede local
MDMS Metering Data Management System Sistema de Gerenciamento da Medição de
Dados
RTO Regional Transmission Operator Operador Regional de Transmissão
SCADA Supervisory Control and Data
Acquisition Controle de Supervisão e Aquisição de Dados
WAMS Wide Area Control System Sistema de Controle de Área Ampla
Tabela 1 - Definição das siglas
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
9
4 -Segurança
De acordo com Pearson (2011), a implantação do SG ainda terá que enfrentar diversos desafios
com relação a segurança, que são:
A grande quantidade de informações do cliente que o grid necessita transmitir
O grande número de dispositivos que precisam ser controlados pelo SG
A segurança física ainda reduzida de um grande número de dispositivos
A falta de maior padronização de hardware e comunicação dos equipamentos
O grande número de stakeholders (ou entidades envolvidas) nos quais o SG precisará
confiar para a sua operação.
A segurança da comunicação é uma questão tão importante quanto a confiabilidade do
funcionamento do sistema de gerenciamento de energia. Diferente da confiabilidade, os
problemas de segurança aumentam devido ao comportamento malicioso dos humanos e por isso
são tão desafiadores de se resolver. Como as redes de comunicação necessitam de
responsabilidades para a troca de informação usada no gerenciamento de energia, podem ser
alvos de ataques que tentem modificar as funções de gerenciamento. As pessoas que atacam
podem ter benefícios monetários ou simplesmente causar danos ao sistema de energia por hobby.
Portanto, é imprescindível a proteção das redes de comunicação contra esses ataques.
Nesse caso, a solução para os SG quanto à importância da segurança da comunicação de redes
inteligentes tem sido reconhecidas pelas pesquisas científicas. As alternativas tem se pautado na
construção de algumas soluções de segurança, a saber:
● Defesa de Denial-of-Service: Esse ataque à rede interfere na troca de informação
sendo injetada pacotes falsos ou inúteis dentro da comunicação da rede. As informações
falsas confundem o receptor dos pacotes para reconhecer a informação correta. Os pacotes
inútes consomem a banda da rede impedindo o tráfego normal. As soluções para defender
a rede contra esses ataques de Denial-of-service depende de um discreto cuidado de
avaliar o tráfego, para analisar se está havendo ataque, e com isso filtrar os ataques.
● Proteção da integridade: para prevenir trocas não autorizadas durante a
transmissão, alguns mecanismos são necessários para que o destinatário verifique a
originalidade das mensagens recebidas. As soluções para proteção da integridade
dependem de acordos estabelecidos entre as mensagens da fonte e do destino, com o uso
de criptografia de dados.
● Verificação de autenticidade: as origens das mensagens devem ser verificadas em
redes inteligentes para prevenir ataques que transmitem mensagens falsas vinda dos
dispositivos de energia. As soluções para garantir a autenticidade das mensagens é
construir mecanismos que peçam para que o remetente se identifique, usando também
mensagens criptografadas.
5 -Conclusão
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
10
São diversos benefícios advindos da implantação e uso de SG, como a eficientização energética,
redução de custos operacionais do sistema, possibilidade de redução dos gastos dos consumidores
com a energia elétrica consumida, melhoria da sustentabilidade ambiental, entre outros, obtidos
no Brasil à medida que a SG for sendo implantada no país.
As SG será uma realidade instalada e em funcionamento não apenas no Brasil, mas em todo
mundo até 2020 (SCHETTINO, 2013). Para isso é necessário uma rede de comunicação entre os
usuários e os distribuidores, por isso, a segurança é um item primordial para sua instalação, pois
hackers podem causar danos a rede e seus envolvidos, precisando assim mais estudos sobre sua
segurança.
Para Blumsack e Fernandez (2012), a SG em si é simplesmente a aplicação de infraestrutura de
comunicação moderna para vários segmentos da rede elétrica. São poucos os avanços
tecnológicos em hardware necessários para tornar a SG funcional e útil, mas os sistemas de
controle, software, e as políticas necessárias para realizar plenamente a visão do SG ainda estão
em desenvolvimento.
A grande penetração da tecnologia da informação e telecomunicação é um resultado do
desenvolvimento das redes comunicação sem fio (GPRS, WiMAX, UMTS, satélite). Essa
evolução contribuiu para o processo de telemetria de diversas atividades. O telefone celular, por
exemplo, pode ser usado para acionar remotamente o sistema de aquecimento/refrigeração ou
qualquer outro equipamento elétrico em uma residência ligada em SG.
Por isso, segundo Blumsack e Fernandez (2012), o SG vai efetivamente aumentar a
complexidade do sistema elétrico tradicional e então, a introdução de falhas de grande escala, são
susceptíveis e inevitáveis que ainda não começaram a aparecer ou a ser estudado. Nair e Zhang
(2009) afirmam que é fundamental que os equipamentos integrantes do sistema elétrico se
comuniquem e se entendam (falem uma mesma linguagem). Os protocolos de comunicação
universal devem ser definidos, precisam atender algumas características fundamentais, tais como:
seletividade, sensibilidade, velocidade e capacidade de reabilitação, sobretudo, têm que haver
segurança.
Na análise de Depuru, Wang e Devabhaktuni (2011), existem diversos meios de se implementar a
comunicação destes dispositivos com confiabilidade, porém, de todas as possibilidades propostas
e disponíveis de tecnologias de comunicação, as tecnologias GPRS e PLC são atualmente mais
usuais por causa da facilidade na manutenção e fatores econômicos.
Por fim, apesar dos grandes avanços da tecnologia da informação e telecomunicações, que estão
permitindo o desenvolvimento da SG, ainda falta o desenvolvimento de padrões e de protocolos
de comunicação confiáveis, que são de extrema importância para a efetiva operacionalização
dessa rede no Brasil.
Referências
AL-ALI, A. R.; EL-HAG, Ayman; BAHADIRI, Mujib; HARBAJI, Mustafa; HAJ, Yousef Ali
El. Smart Home Renewable Energy Management System. Energy Procedia v.12, 2011.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
11
BATTAGLINI, Antonella; LILLIESTAM, Johan; HAAS, Armin, PATT, Anthony. Development
of SuperSmart Grids for a more efficient utilization of electricity from renewable sources. Journal
of Cleaner Production v.17, 2009.
BLUMSACK, Seth; FERNANDEZ, Alisha. Ready or not, here comes the smart grid! Energy
v.37, 2012.
CLASTRES, Cédric. Smart grids: Another step towards competition, energy security and climate
change objectives. Energy Policy v. 39, 2011.
DEPURU, Soma Shekara Sreenadh Reddy, WANG, Lingfeng, DEVABHAKTUNI, Vijay. Smart
meters for power grid: Challenges, issues, advantages and status. Renewable and Sustainable
Energy Reviews 15, 2011.
EPE, Empresa de Pesquisa Energética (Brasil). Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2012 –
Rio de Janeiro : EPE, 2012.
FALCÃO, Djalma M. Integração de Tecnologias para Viabilização da Smart Grid. III Simpósio
Brasileiro de Sistemas Elétricos (SBSE/2010), 2010.
GAOA, J.; XIAO, Y.; LIU, J.; Liang, W; CHENC, C. L. P. A survey of
Communication/Networking in Smart Grids. Future Gener. Comput. Syst. vol. 28, issue. 2, 2012.
GCCI-US (Global Climate Changes Impacts in the United States), Cambridge, U.S. Global
Change Program, Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY,
USA, 2009.
LI, Qilin, ZHOU, Mingtian. The Future-Oriented Grid-Smart Grid. Journal of Computers, Vol. 6,
Nº 1, 2011.
NAIR, Nirmal-Kumar C., ZHANG Lixi. SmartGrid: Future networks for New Zealand power
systems incorporating distributed generation. Energy Policy 37, 2009.
PEARSON, Ivan L.G. Smart grid cyber security for Europe. Energy Policy, vol. 39, issue 9,
2011.
SCHETTINO, Stevon. Cenário de uso das redes elétricas inteligentes (smart grid): tendências de
sua difusão no Brasil. Dissertação. PPGEP. Universidade Federla da Paraíba. João Pessoa, Pb.
2013.
SILVA, Ricardo Moreira da. Um Modelo para Análise da Sustentabilidade de Fontes Elétricas -
Tese de doutorado em Administração, da Universidade Federal de Pernambuco - PROPAD - 29
de agosto de 2011.
SCHIERMEIER, Q., Extreme measures. Nature, vol. 477, September, 2011.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
12
TANAKA, Kenichi, YOZA, Akihiro, OGIMI, Kazuki, YONA, Atsushi, SENJYU, Tomonobu,
FUNABASHI, Toshihisa. Optimal operation of DC smart house system by controllable loads
based on smart grid topology. Renewable Energy 39, 2012.
VAIDYA, B. MAKRAKIS, D., MOUFTAH, H. Secure communication mechanism for
ubiquitous smart grid infrastructure. The Journal of Supercomputing, vol. 64, issue 2, 2013.
WANG, W; XU, Yi; KHANNA, Mohit. A survey on the communication architectures in Smart
grid. Computer Networks, vol 55, issue 15, 2011.
ZAHEDI, Ahmad. Smart Grid: Opportunities & Challenges for Power Industry to Manage the
Grid more efficiently. APPEEC 2011 Asia-Pacific Power and Energy Engineering Conference,
25-28 March 2011, Wuhan, China, 2011.