As Sete Igrejas de Apocalips3

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As Sete Igrejas de Apocalipse: Tiatira

R. Fowler White12 de Maro de 2015 -Igreja e MinistrioNas pginas iniciais de Apocalipse, nosso Senhor se apresenta como o santo guerreiro celestial (1.12-20) que prepara o seu povo para conquistar os seus inimigos (2.7, 22, 17, 26; 3.5, 12, 21) ao exort-los a ouvirem o que o Esprito tem a dizer nas cartas que ele escreve a sete igrejas. Notavelmente, embora ele escreva cada carta a uma igreja particular, Cristo insiste que cada uma delas seja ouvida por todos (2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22), tornando cada uma delas, efetivamente, uma carta aberta para todos os crentes lerem. O que, ento, Cristo deseja que aprendamos de sua carta igreja de Tiatira? Para ouvir essa lio, ns precisamos examinar alguns aspectos chave da carta que Cristo escreveu aos cristos de l.

Acima de tudo, a mensagem de Cristo aos cristos de Tiatira uma advertncia de que eles esto em grave perigo espiritual. Mas como pode ser isso? Essa igreja, diferentemente da de feso, no perdeu o seu primeiro amor (2.4-5), ao contrrio, cresceu em amor e f, com servio e perseverana (2.19). Certamente, eles esto seguros. Todavia, junto a essas virtudes habita um vcio. Em outras palavras, o risco no est vindo de fora da igreja: assim como ocorria em Laodicia, a perseguio da Roma imperial no representava nenhuma ameaa ao bem-estar de Tiatira. Em vez disso, o perigo vem de dentro. A igreja est tolerando a presena de uma falsa profetiza e seus discpulos (2.20). Com efeito, a influncia dessa rvore m e seus frutos maus (Mateus 7.15-20) est comprometendo o professo noivado de Tiatira com Cristo (ver 2Corntios 11.2-3). Ns entendemos melhor a ameaa posta por esses lobos ao analisarmos o pano de fundo de Tiatira.

Embora segundo padres mundanos Tiatira fosse a menos conhecida das sete cidades do Apocalipse, ela se destacava pelo grande nmero de corporaes de ofcio (relacionadas especialmente a tecidos e armaduras) que nela prosperavam. A influncia desses sindicatos na vida civil era considervel. Rigorosamente todo ms, eles patrocinavam refeies comuns para os seus membros, banquetes que envolviam adorao ao imperador romano com divindades padroeiras locais e, freqentemente, imoralidade sexual. No se acomodar a essas prticas pags colocava algum em significativo risco econmico, particularmente se esse algum desejasse progredir nos negcios e na sociedade.

Uma coisa seria, em Tiatira, os cristos envolvidos no comrcio (como Ldia, Atos 16.14) serem convidados para essas festas por colegas de fora da igreja; outra coisa era um lder na igreja aprovar que cristos aceitassem tais convites. Imagine estas palavras tentadoras: Vocs conhecem as coisas profundas (Apocalipse 2.24) que esto em jogo aqui. Vocs sabem que o dolo nada (1Corntios 8.4); vocs sabem que todas as coisas so lcitas a vocs (6.12). Ento, vo ao banquete; comam, bebam e se divirtam! Vocs precisam ganhar a vida, no ?. No de surpreender que o Senhor da igreja tenha chamado a falsa profetiza de Tiatira pelo depreciador apelido de Jezabel. Em Israel, aquela rainha gentia do maligno rei Acabe havia perseguido os profetas de Deus e promovido a tpica adorao sexualmente desenfreada a Baal (1Reis 16.31-33; 18.4; 21.25; 2Reis 9.22). Os paralelos entre Israel e Tiatira so bvios.

A idolatria e imoralidade de Tiatira, contudo, expe ainda mais acerca da falsa profetiza e seus discpulos. Se a Jezabel de Tiatira no for o modelo para o retrato da Cafetina Babilnia feito por Joo em Apocalipse 17, ela ao menos uma encarnao local de tudo o que aquela prostituta representava. Como uma filha imitando sua me, as sedues de Jezabel ecoam as rejeies da Babilnia ao nico e verdadeiro Deus e sua justia, rejeies encarnadas nos sistemas sociais da presente era maligna. Como a Babilnia, Jezabel faz com que seus filhos-seguidores tornem-se cmplices das prostituies deste mundo, no corpo e na alma. E no corao dessas prostituies est o engodo da estabilidade econmica. Seguir Jezabel, ento, partilhar da identidade da Babilnia terrena; renunci-la partilhar da identidade da Jerusalm celestial.

Mas Cristo nos d ainda mais discernimento acerca da escolha posta diante de Tiatira e diante de ns. Com uma sabedoria superior de Salomo, Ele quer que as igrejas examinem seu destino pela sua semelhana com a sua me espiritual. Aqueles que Jesus identifica como a profetiza impenitente e seus filhos sero punidos com sofrimento e morte nesta era (Apocalipse 2.22-23); aqueles que ele identifica como o seu povo arrependido e firme (vv. 24-25) sero recompensados com uma participao na autoridade real de subjugar seus inimigos no final desta era (vv. 26-28). A lio para Tiatira e para ns clara: partilhar da identidade de uma me partilhar do seu destino.

Temos ns ouvidos para ouvir a mensagem de Cristo a Tiatira? Acaso o engodo da estabilidade econmica levou nossas igrejas a tolerarem o falso ensino? Nossos antepassados protestantes viram sua igreja tornar-se uma prostituta sujeita ao julgamento de Cristo. Ento, eles renunciaram a Jezabel; eles aceitaram perder famlias, bens, prazer e vir a morte enfim chegar[1] e assim seguiu a Reforma. Que ns tambm nos arrependamos de nosso desejo promscuo por estabilidade econmica neste mundo babilnio; que ponhamos um fim em nosso adultrio com mestres que nos seduzem para longe da santa segurana da Jerusalm de cima e do mundo por vir.

Notas:[1] N.T.: Trecho do hino Castelo Forte (letra original composta por Martinho Lutero).