As Religioes Afro-Brasileiras

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    EDSON POUJEUX GONALVES

    AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS:

    ORIGENS, DESENVOLVIMENTO E INFLUNCIAS NO BRASIL E NO SERTO

    PARAIBANO

    Monografia apresentada ao SEP -Seminrio Evanglico de Patos, comoinstrumento parcial para a obteno dottulo de Bacharel em Teologia.

    ORIENTADOR: Prof. Pr. Irinaldo CaetanoMarques

    PATOS PB2007

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    minha esposa, Adalmira Leandro daCruz Gonalves, como gratido por seuamor e incansvel apoio, incentivo,compreenso e, principalmente, tanta

    pacincia e tolerncia para comigo nosmomentos em que enfrentei as maioresdificuldades, at conseguir chegar ataqui.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por ter me alcanado com sua graa infinita e tido misericrdia de

    mim, libertando-me das trevas em que me encontrava em mais de trinta anos

    servindo ao espiritismo, trazendo-me para a maravilhosa luz do Seu amor;

    A minha esposa, Adalmira, e filhas Edna e Evila, pelo apoio, estmulo,

    compreenso, tolerncia e, principalmente, por seu amor sempre presente;

    Aos pastores e professores do SEP pelos ensinamentos que me repassaram

    e, principalmente, pelo maravilhoso convvio proporcionado ao longo desses cinco

    anos de Seminrio.

    Aos amados colegas de classe, pelo carinho, amizade, zelo, preocupao,

    apoio, incentivo, troca de experincias e, principalmente, pela pacincia que sempre

    tiveram para comigo;

    A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contriburam comigo, seja por

    oraes, seja por palavras de apoio e incentivo e que me fizeram conseguir chegar

    at este degrau em minha escalada crist. Meu MUITO OBRIGADO e que Deus

    esteja abenoando a todos, em nome de Jesus!

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    No se achar entre ti quem faa passar pelo fogo o seu filhoou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nemagoureiro, nem feiticeiro; 11 nem encantador, nemnecromante, nem mgico, nem quem consulte os mortos;12pois todo aquele que faz tal coisa abominao ao SENHOR;e por estas abominaes o SENHOR, teu Deus, os lana de

    diante de ti. (Deuteronmio 18:10-12)

    ... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar. (Joo8:32)

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    RESUMO

    Este trabalho investiga as origens e desenvolvimento do que hoje

    denominamos de Religies Afro-brasileiras. Como surgiram, em que so

    fundamentadas, qual o percentual - em relao s demais religies - de pessoas que

    fazem parte dessas religies, como influenciaram e foram influenciadas pelas

    demais culturas que compem a diversidade cultural do povo brasileiro, e, em

    concluso, como a prtica desse credo religioso influencia a religiosidade do serto

    paraibano-brasileiro.

    Palavras-Chave: CANDOMBL - UMBANDA - QUIMBANDA - CATIMB - XANG -

    BABACU - CULTO VODU -ORIXS - ENTIDADES.

    ABSTRACT

    This study investigates the origins and development of what we denominate today as

    "Afro-Brazilian Religions". How did they commence, what are they based upon, how

    do their statistics compare with other religions, how have the diverse Brazilian

    cultures affected them and how have they affected these cultures, and finally, how

    has the practice of this religious crede influenced the religiosity of the Brazilian

    Paraiban backlands.Key Words: Candombl - Umbanda - Quimbanda - Catimb - Xang - Babacu -

    Voodoo -Orixs - Entities

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    INTRODUO

    O que so, na verdade, as religies denominadas de Afro-brasileiras? Como

    surgiram? Em que so fundamentadas? Qual o percentual em nossa sociedade, emrelao s demais religies, de pessoas que fazem parte das religies denominadas

    afro-brasileiras? Qual o reflexo na sociedade brasileira e, em paralelo, em nossa

    realidade local, da prtica desse credo religioso? Como o sincretismo religioso

    influencia a economia em algumas regies de nosso pas? Quais as diferenas entre

    sincretismo e ecumenismo? Como tem se comportado a populao sertaneja no

    tocante religiosidade?

    Nosso objetivo ao longo deste trabalho apresentar respostas s perguntas

    acima formuladas e a outras que certamente surgiro.

    Justificamos a realizao deste trabalho percebendo a necessidade de,

    enquanto alunos do curso Bacharel em Teologia, do Seminrio Evanglico de Patos

    - SEP, conhecermos e entendermos a influncia dessas religies em nossa

    sociedade, como forma at mesmo de melhor nos prepararmos para receber, em

    nossa atividade pastoral, pessoas oriundas dessas religies e estarmos capacitados

    para entend-las e bem orient-las na s doutrina.

    Utilizamos, para a coleta de dados em geral, vrios livros de diversos autores,

    bem como diversos textos recolhidos na Internet, conforme explicitado ao final deste

    trabalho, na seo bibliografia. E, para a coleta de dados locais, realizamos visitas e

    entrevistas aos lderes de templos de umbanda.

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    1 ORIGENS DAS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS

    1.1 HISTRICO

    No incio do sculo XV, perodo da colonizao brasileira, mais de quatro

    milhes de negros africanos cruzaram o Atlntico para tornarem-se escravos na

    colnia portuguesa. Oriundos de diferentes regies da frica, entravam no pas,

    atravs de navios negreiros, principalmente pelos portos do Rio de Janeiro, de

    Salvador, do Recife e de So Lus do Maranho, trazendo na bagagem a cultura

    africana.

    A maior parte desses negros era proveniente da costa Oeste da frica, onde

    predominavam dois grandes grupos: os Sudaneses e os Bantos.

    Os sudaneses vm da regio do Golfo da Guin, onde se situam hoje a

    Nigria e o Benin. Pertenciam s naes Haussais, Jeje, Keto e Nag, e foram os

    principais precursores do Candombl.

    Os bantos agregam as naes de Angola, Benguela, Cabinda e Congo.

    Dessas naes, herdamos, entre outros elementos culturais, a capoeira e a

    congada.

    O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria,

    escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem.

    Na viagem, no trfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua

    cultura, sua histria, suas paisagens, suas vivncias vieram com ele. Estas

    sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a

    frica, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a f, a crena - o

    que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onil confundidos mais

    tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras verses do sincretismo), surgiu a

    raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitios (ebs), e os quilombos.

    Para evitar que houvesse rebelies, os senhores brancos agrupavam os

    escravos em senzalas, sempre evitando juntar os originrios de mesma nao. Por

    esse motivo, houve uma mistura de povos e costumes, que foram concentrados de

    forma diferente nos diversos estados do pas. Os escravos possuam suas prprias

    danas, cantos, santos e festas religiosas. Aos poucos, eles foram misturando os

    ritos catlicos presentes com os elementos dos cultos africanos, na tentativa deresgatar a atmosfera mstica da ptria distante. O contato direto com a natureza

    fazia com que atribussem todos os tipos de poder a ela e que ligassem seus deuses

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    aos elementos nela presentes. Diversas divindades africanas foram tomando fora

    na terra dos brasileiros.

    Nesse contexto histrico-cultural, surgem, ento, as chamadas religies afro-

    brasileiras, que eram, na verdade, novas religies, diferentes das que praticavam na

    frica, pois, aqui no Brasil, foram misturadas as tradies de diversas culturas

    africanas com os ingredientes do catolicismo romano.

    Os trezentos anos da histria da escravido do negro no Brasil, atestam

    acima de tudo, a resistncia, a organizao dos negros. A cultura africana

    sobreviveu para o negro atravs de sua crena, de sua religio. O que se acredita,

    se deseja, mais forte do que o que se vive, sempre que h uma situao limite. A

    religio, sua organizao em terreiros (roas), foi como muito j se escreveu, a

    resistncia negra. Resistiu-se por haver organizao. A organizao consigo

    mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu av teve, um farol, um guia, um orix

    protetor.

    No meio dos objetos traficados (os escravos) haviam jias raras:

    Babalorixs e Iyalorixs. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenas, criaram a

    frica no Brasil. Esta mgica, esta organizao reestruturante s possvel de ser

    entendida se pensarmos no que a iniciao , todo processo que implica e

    estabelece. A cana de acar do Senhor de Engenho era plantada por Ias recm

    sados das camarinhas, dos roncs.

    A fora se espalhou, o ax cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos

    terreiros de candombl. Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezvel

    e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado,

    branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas.

    Havia, de parte dos senhores, das autoridades e da Igreja, um zelo natural

    pela converso dos africanos ao catolicismo, sendo considerado um dever cristoreceberem os mesmos a doutrina, serem batizados e levados prtica da religio

    catlica. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito. Ele

    dizia: - meu Senhor, a gente t tocando para Senhor do Bonfim, seu Santo, nh!

    No para Oxal, quer dizer, Oxal o Pai Nosso, o mesmo que Senhor do

    Bomfim. Assim se estabeleceu o Sincretismo no Brasil.

    Com o objetivo de evitar choques com as autoridades, sem deixar de

    preservar na prtica do seu culto, os africanos dissimulavam seus ots colocandosempre frente deles a imagem de um santo catlico que mais se aproximasse -

    segundo interpretaes individuais - das caractersticas do Orix cultuado. Nasceu,

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    com isto, um grande sincretismo dos Orixs com os santos da Igreja. A falta de

    sistematizao com que se realizou esse ajustamento muito concorreu para que

    surgissem as discrepncias hoje constatveis. Assim que diferentes santos da

    Igreja so sincretizados num mesmo Orix.

    Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torres, porm o

    candombl era eficaz: o senhor procurava a negra velha para fazer um feitio, para

    que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patu.

    Em tupi, patu quer dizer caixa, caixo, designando-se com essa palavra

    todas as modalidades de magia que do sorte. Patus so igualmente os

    amuletos "de santos ou do diabo", os primeiros, na maioria, trabalhados

    pelos italianos, assim os de Santa Lcia contra a vista fraca, corao de

    Jesus, os do Esprito Santo contra todos os males, e a "figa" contra o mau-

    olhado. (CASCUDO, Lus da Cmara. Antologia do folclore brasileiro, p.106-

    109).

    Assim, de gerao para gerao, seus rituais vm sendo adaptados nossa

    cultura, na medida da necessidade. E, ao longo do tempo, ganharam adeptos dentre

    os brasileiros de outras raas, conquistando parcela, de certa forma, at expressiva

    em nossa populao. O fetiche, marca registrada de muitos cultos praticados na

    poca, associado luta dos negros pela libertao e sobrevivncia, formao dosquilombos e toda a realidade da poca acabaram impulsionando a assimilao e a

    formao de religies muito praticadas atualmente - a Umbanda, a Quimbanda e o

    Candombl, as quais tm forte penetrao no pas, especialmente em So Paulo, no

    Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e na Bahia.

    1.2 A COMPLEXIDADE DO SINCRETISMO

    Compreende-se sincretismo numa viso complexa, como analisa Sergio

    Ferretti . Ele localiza cinco tendncias ou fases nos debates sobre o sincretismo

    religioso afro-brasileiro.

    A primeira foi a teoria evolucionista, sistematizada por Nina Rodrigues, que a

    denominou "a iluso da catequese".

    A segunda, de Arthur Ramos e Herskovitz, a culturalista - o sincretismocomo aculturao incluindo conflitos, acomodao e assimilao.

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    A terceira, de Roger Bastide e seguidores. Um deles, Juana Elbein dos

    Santos, acredita na capacidade do negro de "digerir" diversos elementos ou

    africanizar as contribuies sem "embranquecer".

    Uma quarta tendncia (anos 70-80 at hoje), da qual Peter Fry um dos

    conceptores, analisa a "nagocracia" (predomnio do modelo nag-ketu) entre os

    terreiros e o sincretismo uma construo que nasce da disputa de poder e

    prestgio.

    A quinta, mais atual, elaborada principalmente a partir da dcada de 80 critica

    a idia de sincretismo como "mscara colonial para escapar a dominao ou

    estratgia de resistncia"; tambm no aceita a justaposio ou a "colcha de

    retalhos". Em sntese, Ferretti prope a complexidade do termo sincretismo, seus

    mltiplos sentidos que se aplicam s religies afro-brasileiras, e as variadas

    combinaes de significados que pode apresentar conforme o contexto estudado

    (FERRETI, 1995).

    esta complexidade que consideramos como pressuposto, como assinala

    BRAGA (1995, p.18):

    Certo que o negro soube criar e soube valer-se de situaes sociais eculturais que lhe permitiram, de alguma maneira, alcanar resultadosprticos, necessrios consolidao de alguns de seus interesses

    fundamentais... Toda vez que interessou aos propsitos de suasreivindicaes sociais o negro soube, com extrema competncia aproveitar-se da situao social em que vivia. Conduziu seu projeto maior de ascensosocial com habilidade, sabendo negociar, aproveitando das raras ocasiesfavorveis, para sedimentar bases slidas que ainda servem de substrato sdiferentes frentes de lutas...

    Por outro lado, outros autores assim interpretam e entendem o

    SINCRETISMO:

    O processo sincrtico, observado do ponto de vista do negro escravizado, se

    aproxima muito daquilo que L. Maldonado chama, positivamente, de sincretizao: areleitura dos significantes originrios enriquecendo-os de outros novos, para que o

    significado no seja perdido. Se no fosse assim, como explicar a presena em seus

    cultos de somente alguns smbolos catlicos? Por que existem esttuas de alguns

    santos nos templos de vodu e nos terreiros de candombl, e faltam, em vez, outros

    smbolos diretamente ligados missa catlica, por exemplo?

    Para R. Bastide (1971), o chamado sincretismo resulta de trs modalidades

    de relao: estrutural, cultural e sociolgica. O africano l o panteo catlico,transbordante de santos e virgens-marias, a partir da relao entre os orixs

    intercessores e Olorum, deixando de lado, no entanto, a ideologia catlica do "sofre

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    aqui para gozar no alm". Portanto, sincretismo significa a religio africana a

    purificar o catolicismo quando aceita o culto aos santos.

    Bastide no v o cristianismo como compensao para a desgraa dos

    escravos, ou sublimao de seus sofrimentos. Explicar dessa forma o complexo

    fenmeno do sincretismo afro-brasileiro "s tem cabimento para a mentalidade dos

    brancos e somente possvel aos negros alienados". A leitura (cultural) dos santos

    como aqueles que presidem diversas atividades humanas facilita a aproximao

    com os orixs, tambm esses dirigentes de um determinado setor da natureza

    (Xang, os relmpagos e troves; Oi-Ians, os ventos e tempestades; Oxum, a

    gua doce) ou protetores das profisses (como Ogum, que protege todos aqueles

    que trabalham o ferro).

    Enfim, a prtica catlica das irmandades, com as suas disputas e rivalidades,

    propicia um espao adequado a fim de que se mantenha certa emulao dentre as

    diversas etnias africanas, contribuindo indiretamente com sua sobrevivncia. Assim,

    conforme P. Verger, um angolano ou um congols residentes no Brasil se inscreve

    na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens de cor do Pelourinho;

    um daomeano jeje, na Irmandade de Bom Jesus dos Necessitados e da Redeno

    dos Homens Negros; um nag-iorub, na Irmandade de Nossa Senhora da Boa

    Morte, e assim por diante.

    Portanto, no h to-somente uma aproximao entre orixs e santos, mas

    antes a participao dos membros do candombl na vida da igreja catlica. E isso a

    tal ponto que, se algum no for catlico, no poder tomar parte num terreiro.

    Assim, e com um leve toque de imaginao, os escravos encontram nos santos

    catlicos algo que os remete a seu panteo. Por exemplo, para a analogia entre

    Oxal e Jesus Cristo basta a aproximao externa entre a bengala de Oxal velho e

    a figura do Bom Pastor com seu cajado.Com procedimentos desse gnero, os negros reinterpretam inmeras festas

    catlicas: Exu festejado no dia de So Bartolomeu; Xang, no dia de So Joo;

    Ogum divide as comemoraes com So Jorge; Omolu, com So Sebastio; os

    Ibejis (orixs da infncia), na festa de Cosme e Damio; Oxal brilha nos festejos do

    ano novo (na Bahia, na festa do Senhor do Bonfim); e Ians, no dia de Santa

    Brbara. Mas, as datas e as correspondncias santo-orix no so iguais para todas

    as regies do Brasil. Xang So Jernimo na Bahia, o Arcanjo So Miguel no Riode Janeiro, e So Joo em Alagoas. Exu o diabo na Bahia (talvez, por causa de

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    seu carter trickster), Santo Antnio no Rio de Janeiro, So Pedro no Rio Grande do

    Sul (aqui entendido como porteiro e mensageiro dos deuses).

    Proliferao de terreiros. Massificao, turismo, folclore. Dinheiro.Sincretismo.

    Tudo isso, reunidos, formam interessantes Fenmenos SOCIOLGICOS, que

    influenciam, direta ou indiretamente, na vida do povo brasileiro.

    1.3 O CENSO DO IBGE E AS RELIGIES DOS BRASILEIROS

    1.3.1 A decadncia da hegemonia catlica

    H algumas dcadas, Ribeiro de Oliveira constatava o fenmeno da misturareligiosa sincrnica, verificada nas diversas camadas da populao brasileira. Para

    ilustrar a singularidade do fenmeno, o autor apresentava os resultados dos

    recenseamentos oficiais em relao religio declarada. Ali se percebia, de fato,

    que, em 1950, 93,48% dos brasileiros se professa catlico; vinte anos mais tarde, a

    cifra mantm-se em 91,77%. Durante o mesmo perodo, o nmero daqueles que se

    declaravam espritas chegou at a baixar: de 1,59% em 1950 cai para 1,27% em

    1970.Tais dados maravilhavam o referido pesquisador, uma vez que o crescimento

    dos movimentos religiosos autnomos e do assim chamado "baixo espiritismo"

    clarssimo. o que j indicava, por exemplo, o seguinte quadro, tirado de uma

    pesquisa realizada h mais de trs dcadas numa favela carioca:

    Tabela 1 - A DECADNCIA DA HEGEMONIA CATLICA

    1937 1500 habitantes 1 capela

    catlica

    2 centros

    espritas

    1952 4513 habitantes 1 capelacatlica

    1 Igreja protestante 4 centrosespritas

    1967 30702habitantes

    1 capelacatlica

    9 igrejasprotestantes

    18 centrosespritas.

    Fonte: http://www.pucsp.br/rever/rv3_2002/t_soares.htm - acessado em 07.10.07, s 07h09m

    Sem dvida, a agressividade apologtica dos decnios anteriores ao Conclio

    Vaticano II sofreu um grave revs. Nada mais fez seno apavorar as pessoas e inibi-las socialmente o que explicaria porque existe a tendncia difusa de se esconder a

    segunda religio. Segundo Ribeiro de Oliveira, os fatores da ortodoxia tiveram,

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    ento, de se render mistura ritual, a fim de no perder a hegemonia na sociedade

    civil.

    Todavia, como foi possvel este revival explcito, sobretudo aps a dcada

    de sessenta, de heranas simblico-religiosas consideradas praticamente

    desaparecidas? M. C. Azevedo, 1986, sugere quatro fatores que poderiam explicar o

    recente "fenmeno esprita": (Comunidades Eclesiais de Base e Inculturao da f,

    p. 140-144):

    Nas ltimas dcadas verificou-se uma notvel reaproximao de populaesde origem africana dos cultos e elementos subjacentes sua cultura. Osportes foram escancarados aps a perda da estrutura rural que sustentavaa religiosidade popular catlica. Contemporaneamente, foi intensificado oprocesso de descriminalizao das expresses culturais afro-brasileiras.

    O espiritismo responde, alm do mais, necessidade popular domaravilhoso, que uma vez impregnara o catolicismo rural, e que provinhabasicamente de determinadas fontes africanas e indgenas. A parquiacatlica urbana - CEBs includas - no vinha satisfazendo mais esseaspecto.

    Segundo M. C. Azevedo, 1986, com exceo da linha kardecista, os demais

    espiritismos no tm uma grande bagagem de contedos mentais que promovam a

    pessoa mediante novos conhecimentos - como, por exemplo, faz a Bblia. Oferecem,

    em vez, um novo espao sensibilidade e afetividade que supre suficientemente adimenso ldica do catolicismo festivo. O caso que nem todos os clientes do que

    Azevedo chama, genericamente, de espiritismo esto dispostos a enfrentar o longo

    e exigente caminho inicitico.

    Por fim, o espiritismo, nesse sentido lato usado por Azevedo, representaria

    uma verdadeira ruptura contra dois elementos decididamente caros igreja: a

    palavra (Bblia) e os sacramentos. Todavia, isso no requer - como fazem, em geral,

    os movimentos religiosos pentecostais - um distanciamento institucional. O catlico

    que o freqenta no se sente no dever de abandonar a igreja, e procura manter as

    duas pertenas, uma vez que ambos se complementam na resposta a suas

    necessidades religiosas.

    A alternativa esprita atrai sempre mais o apelo religioso das pessoas. Os ritos

    catlicos de integrao da biografia individual j vm sendo repetidos sem muita

    clareza e convico, deixando progressivamente o espao ao espiritismo. Uma

    tendncia que, no parecer de M. C. Azevedo, poder reduzir ou eliminar a

    ambigidade da prtica religiosa das pessoas. O Autor vislumbra a lenta passagem

    de um catolicismo popular festivo para um espiritismo popular festivo. O espiritismo

    ritual j deve ter ultrapassado o catolicismo ritual (velas, despachos, devoes a So

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    Jorge, Cosme e Damio, Iemanj). "Talvez, a prpria missa catlica - 7 dia, etc. - j

    esteja situando-se, de modo impreciso, entre a 'conveno social' pura e um confuso

    'ritual' passivo e no compreendido".

    No se deve esquecer, porm, de que tanto as igrejas pentecostais quanto o

    espiritismo tm a vantagem de contar com estruturas acentuadamente aliviadas do

    peso hierrquico-piramidal, com a conseqente homogeneizao das classes. Da

    resulta a crescente aproximao entre membros e lideranas. Soma-se a isso a

    efetiva rede assistencial que tais organizaes tm em mos, e que fazem

    estrepitoso sucesso em meio aos milhes de doentes, abandonados pelos rgos

    pblicos (ir-)responsveis.

    Por isso, ser catlico e ser brasileiro, apesar do anticlericalismo explcito da

    Repblica Velha (1889-1930), praticamente permaneceu como sinnimo. E, com

    exceo de solitrias vozes no deserto, a sociedade religiosa instaurada perdeu a

    oportunidade de ser Evangelion. No foi uma Boa Notcia para os povos cujos

    cuidados assumiram. No foi, portanto, igreja para eles.

    A seguir, fomos buscar dados estatsticos e encontramos o seguinte:

    1.3.2 Os dados do censo brasileiro

    Conforme mostra a Tabela 1, abaixo, o pequeno contingente de afro-

    brasileiros declarados representava em 1980 apenas 0,6% da populao brasileira

    residente. Em 1991 eles eram 0,4% e agora, em 2000, so 0,3%. De 1980 a 1991 os

    afro-brasileiros perderam 30 mil seguidores declarados, perda que na dcada

    seguinte subiu para 71 mil. Ou seja, o segmento das religies afro-brasileiras estem declnio. Principalmente se levarmos em conta que, nesse interregno, a

    populao do pas aumentou consideravelmente.Vejamos os dados comparativos:

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    Tabela 2 - religies declaradas nos censos do Brasil em 1980, 1991 e 2000(populao no residente)

    Religio 1980 1991 2000

    Catlicos 89,2 83,3 73,8Evanglicos 6,6 9,0 15,4Espritas 0,7 1,1 1,4Afro-brasileiros 0,6 0,4 0,3Outras religies 1,3 1,4 1,8Sem religio 1,6 4,8 7,3

    TOTAL (*) 100,0% 100,0% 100,0%

    (*) No inclui religio no declarada e no determinada.Fontes: IBGE, Censos demogrficos.

    http://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/108/104, acessado em 08.10.2007, s 11h27m

    Tabela 3 - As religies afro-brasileiras nos censos de 1980, 1991 e 2000

    Religio 1980 1991 2000 Incremento em %1980-1991 1991-2000

    Religies afro-brasileiras(candombl +umbanda)

    678.7140,57%

    648.4750,44%

    571.3290,34%

    - 4,5% - 11,9%

    Candombl (*) 106.9570,07%

    139.3280,08%

    (*)+ 31,3%

    Umbanda (*) 541.5180,37%

    432.0010,26%

    (*) - 20,2%

    Populao totaldo Brasil

    119.011.052100%

    146.815.788100%

    169.799.170100%

    + 23,4% + 15,7

    Candomblsobre o total deafro-brasileirosem %

    (*) 16,5% 24,4%

    Fonte: IBGE, Censos Demogrficos, 2003. (*) Dado no disponvel.http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/seguidor.doc., acessado em 08.10.2007, s 11h29s

    Conforme o censo realizado em 2000, vemos que 73,8% dos brasileiros so

    catlicos, 15,4% so evanglicos e logo a seguir vm os sem religio, com 7,3% de

    auto-declarao. Somando-se estas trs principais religies, chegamos a um total de

    96,5%. Com isso, conclumos que as demais religies ocupam apenas 3,5% da

    populao brasileira.

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    Todas as outras modalidades religiosas que no as catlicas e evanglicas se

    acotovelam nessa faixa, que estreitssima. Claro que so muitas as outras

    religies citadas pelos entrevistados, e o Censo as discerne nominalmente, mas

    nelas se congregam populaes muito pequenas, para no dizer nfimas.

    Os espritas kardecistas comparecem com apenas 2.337.432 adeptos, ou

    1,38% da populao. Mas esto crescendo. Todavia, importante avaliarmos os

    resultados obtidos no Censo do IBGE: recentemente, quando Chico Xavier morreu,

    (cone brasileiro do kardecismo) seus seguidores afirmavam que existiam 10 milhes

    de espritas no Brasil. Porm, de acordo com o censo, como vimos acima, so 2,3

    milhes.

    Mas, ao contrrio dos kardecistas, as religies afro-brasileiras -- objeto deste

    trabalho -- esto diminuindo: no Censo 2000 seus seguidores so apenas 571.329,

    ou apenas 0,34% dos brasileiros. Nesse nmero, os umbandistas so pouco mais

    de 430 mil e os candomblecistas no chegam a 140 mil em todo o pas.

    Podem ser muitas as razes do descenso afro-brasileiro, mas certamente

    elas esto associadas s novas condies da expanso das religies no Brasil no

    contexto do mercado religioso. A oferta de servios que a religio capaz de

    propiciar aos consumidores religiosos e as estratgias de acessar os consumidores

    e criar novas necessidades religiosas impem mudanas que nem sempre religies

    mais ajustadas tradio conseguem assumir. preciso, sobretudo, enfrentar-se

    com os concorrentes, atualizar-se.

    Para religies antigas, podem ocorrer mudanas que mobilizam apenas um

    setor dos lderes e devotos, como, por exemplo, ontem, a frao das Comunidades

    Eclesiais de Base e, hoje, a parcela da Renovao Carismtica do catolicismo

    (Prandi, 1997). Isso vale para os grandes grupos de religies congneres. No caso

    dos evanglicos, avanam os renovados pentecostais, mas declinam algumas dasdenominaes histricas, tradicionais.

    Certamente, o sincretismo catlico, que por quase um sculo serviu de

    guarida aos afro-brasileiros, no deve mais lhes ser to confortvel. Quando o

    prprio catolicismo est em declnio, a ncora sincrtica catlica pode estar pesando

    desfavoravelmente para os afro-brasileiros, fazendo-os naufragar. Por outro lado,

    sabido como muitas igrejas neo-pentecostais tm crescido custa das religies afro-

    brasileiras, sendo que para uma de suas mais bem sucedidas verses, a IgrejaUniversal do Reino de Deus, o ataque sem trgua ao candombl e a umbanda e a

    seus deuses e entidades constitutivo de sua prpria identidade (Mariano, 1999).

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    No interior das religies afro-brasileiras, o pequeno candombl foi crescendo.

    Mostra a Tabela 2 acima, que, em 1991, o candombl j tinha conquistado 16,5%

    dos seguidores das diferentes denominaes de origem africana. Em 2000, esse

    nmero passou a 24,4%. O candombl cresceu para dentro e para fora do universo

    afro-brasileiro. Seus seguidores declarados eram cerca de 107 mil em 1991 e quase

    140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 31,3% num perodo em que a

    populao brasileira cresceu 15,7%. Por outro lado, a umbanda, que contava com

    aproximadamente 542 mil devotos declarados em 1991, viu seu contingente

    reduzido para 432 mil em 2000. Uma perda enorme, de 20,2%. E porque o peso da

    umbanda maior que o do candombl na composio das religies afro-brasileiras,

    registrou-se para este conjunto nada mais nada menos que um declnio de 11,9%

    numa s dcada. Na dcada anterior, as religies afro-brasileiras j tinham sofrido

    uma perda de 4,5%, declnio que no somente se confirmou como se agravou na

    dcada seguinte. Em suma, o conjunto encolheu, mas o candombl cresceu.

    2 AS PRINCIPAIS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS

    2.1 O CANDOMBL

    Religio afro-brasileira que cultua os orixs, deuses das naes africanas de

    lngua Yorub dotados de sentimentos humanos como cime e vaidade, e que tem

    suas origens no Bantu, Nag e Yorub.

    O candombl chegou ao Brasil entre os sculos XVI e XIX com o trfico de

    escravos negros da frica Ocidental. Sofreu grande represso dos colonizadores

    portugueses, que o consideravam feitiaria.

    a religio que mais conservou as fontes do panteo africano, servindo como

    base para o assentamento das divindades que regeriam os aspectos religiosos da

    Umbanda. conhecido e praticado, no s no Brasil, como tambm em outras

    partes da Amrica Latina onde ocorreu a escravido negra - a Santera -- similar

    cubana, por exemplo, muito famosa.

    Em seu culto, para cada Orix h um toque, um tipo de canto, um ritmo, uma

    dana, um modo de oferenda, uma forma de incorporao, um local prprio e uma

    saudao diferente. A autoridade suprema no Candombl, o mestre, guia e chefe de

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    um terreiro, encarregado de dirigir o culto aos orixs, chamado Babalorix, pai-de-

    santo, bab ou babala.

    A palavra candombl sinnimo de religio africana. Sempre foi e usada

    ainda neste sentido. O Candombl propriamente dito, uma dana religiosa, de

    origem africana, na qual os iniciados reverenciam ou rezam para seus Orixs. A

    dana , portanto, uma invocao. praticada principalmente por pessoas do sexo

    feminino, chamadas sambas. Homens tambm podem participar da dana, mas o

    bailado das sambas tem maior efeito invocador.

    As reunies so realizadas em barraces rsticos e erguidos de acordo com

    certos preceitos: o feitio do barraco retangular, com telhado coberto de palmas e

    ao seu redor so construdas casinholas para assentos dos santos.

    Os deuses do Candombl tm origem nos ancestrais africanos divinizados h

    mais de 5000 anos. Muitos acreditam que esses deuses eram capazes de manipular

    as foras naturais, por isso, cada orix tem sua personalidade relacionada a um

    elemento da natureza.

    As cerimnias so realizadas com cnticos, em geral, em lngua nag ou

    yorub. Os cnticos em portugus so em menor nmero e refletem o linguajar do

    povo. H sacrifcios de animais (galo, bode, pomba) ao som de cnticos e danas. A

    percusso dos atabaques constitui a base da msica. O despacho exige azeite de

    dend, farofa, cachaa e outras oferendas, variando conforme a necessidade.

    Os filhos de santo so os sacerdotes dos orixs e nem todos so preparados

    para receber os santos. Existem os que sacrificam animais, os que cuidam dos guias

    quando os espritos baixam e ainda os que tocam o atabaque e os que preparam a

    comida a ser oferecida. A sntese de todo o processo seria a busca de um equilbrio

    energtico entre os homens e a energia dos seres que habitam o orum, o suprareal

    (que tanto poderia localizar-se no cu - como na tradio crist - como no interior daTerra, ou ainda numa dimenso estranha a essas duas).

    No Brasil, existem diferentes tipos de Candombl, o Queto, na Bahia, o

    Xang, em Pernambuco, o Batuque, no Rio Grande do Sul e o Angola, em So

    Paulo e Rio de Janeiro. Eles se diferenciam pela maneira de tocar os atabaques,

    pela lngua do culto, e pelo nome dos orixs. A zona de maior propagao dessa

    religio encontra-se nos arredores de Salvador, Bahia.

    O mais antigo terreiro de Candombl da Bahia nasceu h 450 anos. conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca, e fica na avenida Vasco da Gama,

    em Salvador. Por volta de 1830 trs mulheres negras conseguiram fundar o primeiro

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    templo de sua religio na Bahia, conhecida como Yl Y Nass, casa da me

    Nass. (Nass seria o ttulo de princesa de uma cidade natal da costa da frica).

    Seria o primeiro terreiro resistindo s opresses catlicas. Da casa da me Nass se

    originam outros que sobrevivem at hoje, e que fazem parte do grande

    CANDOMBL DA BAHIA: o Gantis, cuja ilustre dirigente foi me menininha do

    gantis (falecida em 1986), e o Ax Op Afonj, em So Gonalo do Retiro, que, por

    sua vez, deram origem a muitas outras, em cada canto de Salvador, das principais

    cidades do interior e de outros estados brasileiros.

    2.1.1 Generalidades do Candombl

    Caboclo - Existem os chamados "Candombls de Caboclo", tpicos dos cultos

    trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimnias, as filhas e os filhos de santo

    incorporam no apenas os orixs (que jamais conversam com os presentes), mas

    tambm os espritos de "caboclos", que seriam entidades de luz da corrente

    indgena.

    No Candombl, o caboclo o dono da terra. Em Salvador h uma festa

    anual que dura trs dias em sua homenagem. Os caboclos, na sua maioria, so

    espritos de ndios, exceto o Boiadeiro, que vaqueiro; o Martin Pescador, que como

    o nome j diz, pescador; o Marujo que marinheiro e alguns outros. Os caboclos

    de maior popularidade so: Oxoss, Tupinamb, Tupiniquim, Sete flechas, Pena

    Branca, Sulto das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta (este ultimo teria

    sido o espirito do famoso pai de santo Joozinho da Gomeia), Er, Rompe Mato,

    Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os Candombls so em maioria

    caboclos, so um misto de Keto e Angola.Vodum - A religio dos orixs entre os Iorubs-nags (Nigria/Benin) e dos

    voduns entre ev-fon (Togo/Benin), no Brasil conhecido como Jejes ou Minas, est

    ligada nao de famlia numerosa originria de um mesmo antepassado que

    engloba os vivos e os mortos. Em principio seria um ancestral divinizado que em

    vida estabelecera vnculos que lhe garantiam um controle sobre as foras da

    natureza, como o trovo, as guas, o vento ou a possibilidade de exercer atividades

    como a caa, trabalho com metais e o conhecimento de propriedades das plantas esua utilizao.

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    Mavu Lissa - A mais importante divindade dos voduns. Lissa simboliza o

    principio masculino, o sol e representado pelo camaleo. Mavu simboliza o

    principio feminino, a lua, considerada me de todos os sexos. So representados

    por duas metades de uma cabea embranquecida. Mavu e Lissa exprime a unidade

    do mundo concebido em termos de qualidade, na nao Keto Olorum.

    Xapan/Sapat - Divindade da varola e das doenas contagiosas. Xapan

    chamado Obalua ou Omolu, e o vodum Sapat o dono da terra e rei das prolas.

    Seu dia segunda-feira.

    Egun - Alma dos mortos cultuada nas famlias. Os Eguns recebem as peas e

    oferendas dos seus descendentes e proferem em reciprocidade, beno e votos de

    felicidades.

    Tambor - Tambor das Minas ou tambor de Mina. Um dos nomes do culto Jeje

    de Candombl no Maranho, j que as cerimnias eram marcadas pelo toque de

    tambores.

    Terreiro - Uma casa de santo pode existir em qualquer espao, desde que

    tenha ligao com a terra, neste espao existem pontos, instalados pelo pai ou me

    de santo, que todo terreiro deve ter. Sendo uma religio inicitica, o acesso a certos

    espaos do terreiro, como por exemplo, pejis, ronc, cozinha, est vinculado ao

    conhecimento da religio que o indivduo tem. Apenas os ebomis transitam

    livremente por todos estes espaos.

    O candombl ainda necessita de outros espaos para realizao de seus

    rituais e por ser tambm uma religio tribal, originria de sociedades agrrias, sua

    relao com a natureza, do ponto de vista dos rituais se encontra bastante

    prejudicada em grandes cidades como So Paulo, por exemplo.Tornam se

    necessrias adaptaes, substituies, muito lamentadas pelos sacerdotes.

    Cerimnias Pblicas - Festa ou Toque o nome que se d, genericamente,

    cerimnia pblica de candombl. O objetivo principal a presena dos orixs entre

    os mortais. Sendo a msica uma linguagem privilegiada no dilogo dos orixs, a

    festa pode ser entendida como um chamado ou uma prece, pedindo aos deuses que

    venham estar junto a seus filhos, seja por motivo de alegria ou necessidade.

    Tratando-se de uma festa,todo o terreiro enfeitado com folhas na parede e

    no cho e os trs atabaques (RUM, RUMPI, L), considerados aqueles que chamamos orixs juntamente com EX, recebem comidas e so enfeitados com laos na cor

    do orix ao qual foram consagrados. Todas as festas acontecem no espao do

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    Religio afro-brasileira que mistura crenas e rituais africanos com

    europeus. As razes umbandistas encontram-se em duas religies trazidas da frica

    pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candombl, da nao nag. Cavalcante

    Bandeira reporta-se aos mestres do idioma africano, citando o vocbulo umbanda

    como: Arte de curar, Magia, Faculdade de curar por meio da medicina natural ou

    sobrenatural; ou ainda Os sortilgios que, segundo se presume, estabelecem e

    determinam a ligao entre os espritos e o mundo fsico. O vocbulo Umbanda s

    pode ser identificado dentro das qualificadas lnguas mortas. Assim, a palavra

    "UMBANDA" oriunda do Snscrito, que se pode traduzir por DEUS AO NOSSO

    LADO ou AO LADO DE DEUS.

    Uma das religies afro-brasileiras mais praticadas no Brasil, com maior

    propagao na Bahia e no Rio de Janeiro, a Umbanda brasileira comeou a ser

    formada por volta de 1530, com a mistura de concepes religiosas trazidas pelos

    negros da frica, na poca da escravido.

    Todavia, o primeiro terreiro foi fundado somente em 15 de novembro de 1908,

    atravs de Zlio Fernandino de Moraes. Na poca com 17 anos, Zlio, que fazia

    parte de uma famlia tradicional de Niteri, RJ, incorporava o chamado Caboclo das

    Sete Encruzilhadas e foi o responsvel pela formao de sete tendas que acabaram

    difundindo a Umbanda. Todas as tendas funcionavam sob o lema: "manifestao do

    esprito para a caridade" e usavam rituais simples com cnticos baixos e

    harmoniosos.

    2.2.1 Aspectos Caractersticos da Umbanda

    A Umbanda uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o Catolicismo, oEsoterismo, etc... o que no impede de haver entre elas diferenas essenciais que

    lhe do caractersticas prprias. resultante natural da fuso espiritual das raas

    branca, ndia e negra. A Umbanda incorpora os adeptos dos deuses africanos como

    caboclos, pretos velhos, crianas, boiadeiros, espritos das guas, eguns, Exs, e

    outras entidades desencarnadas na Terra, sincretizando geralmente as religies

    catlica e esprita.

    Fundamento bsico a crena ou culto aos espritos evoludos. Sua lei

    principal resumida numa s palavra: CARIDADE no sentido do amor fraterno em

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    benefcio dos seus irmos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raa, o credo e a

    condio social, no podendo haver ambicioso, vaidoso, mistificadores, pois estes,

    mais cedo ou mais tarde, so afastados da Umbanda pelos espritos de luz. Por tais

    razes, os atendimentos na Umbanda so totalmente gratuitos.

    O sacrifcio de animais (oferenda de sangue) nunca foi, no e nem ser

    ritual de Umbanda. No cobrar, no matar, usar o branco, evangelizar e utilizar as

    foras da natureza so rituais de Umbanda.

    O chefe da casa conhecido como Pai de Santo e seus filiados so os filhos

    ou filhas de santo. O Pai de Santo principia a cerimnia com o encruzamento e a

    defumao dos presentes e do local. Seguem-se os pontos, cnticos sagrados para

    formar a corrente e fazer baixar o santo.

    Muitos so os orixs invocados na cerimnia de Umbanda, entre eles Ogun,

    Oxssi, Iemanj, Ex, entre outros. Tambm se invocam pretos velhos, ndios,

    caboclos, ciganos.

    A Umbanda absorveu das religies africanas o culto aos Orixs e o adaptou

    nossa sociedade pluralista, aberta e moderna, pois s assim um culto ancestral

    poderia renovar-se no meio humano, sem que a identidade bsica dos seus deuses

    fosse perdida. A Umbanda definida pelos umbandistas como um movimento

    mgico religioso, genuinamente brasileiro, e a sua finalidade primordial como

    religio a de despertar anseios de espiritualidade na criatura humana. Para que

    esse despertamento se faa, torna-se necessrio um permanente estado de

    religiosidade, onde toda vivncia baseada na compreenso e plena sensibilidade

    (no sentimentalismo), para com tudo e todos que nos cercam e compem a

    humanidade.

    A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, que so

    chamados de guias, os quais entram em contato com os homens por intermdio deum iniciado (o mdium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de

    figuras como o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os elementos africanos

    misturam-se ao catolicismo, atravs do que conhecemos como sincretismo

    religioso, criando a identificao de orixs com santos. Outra influncia sofrida pela

    umbanda do espiritismo kardecista, que acredita na possibilidade de contato entre

    vivos e mortos e na evoluo espiritual aps sucessivas vidas na Terra. Incorpora

    ainda, a umbanda, ritos indgenas e prticas mgicas europias.Na Umbanda o Ex uma Entidade (alma) que cuida da Segurana da casa

    e de seus mdiuns.A reunio de Ex ou Gira de Ex tem como finalidade

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    descarregar os mdiuns e os consulentes. Unindo suas energias eles so capazes

    de entrar em contato e orientar mais facilmente com almas que ainda no

    encontraram um caminho. Estas almas vivem entre os encarnados, prejudicando-

    os, obsedando e at mesmo trazendo-lhes um desequilbrio to grande que estes

    so considerados loucos.

    Os Exs so almas que riem, fazem troa, mas no brincam em servio,

    segundo os entendidos da umbanda. Cada pessoa que entra em uma casa de

    Umbanda traz consigo seu saco de lixo cheio (so seus pensamentos, suas raivas,

    suas desiluses...) e so os Exs os trabalhadores encarregados de juntarem todos

    estes sacos para descarregar, dando a cada um a oportunidade de diminuir o seu

    lixo e facilitando as prximas limpezas.

    Os Exs so considerados pelos umbandistas como a polcia espiritual das

    casas de Umbanda e trabalham ligados s falanges das Sete Linhas de Umbanda,

    que trabalham nos Templos.

    Os Ex e a Pomba Gira so tidas pelos umbandistas como aquela polcia

    que guarda e toma conta das ruas, obedecendo sempre uma hierarquia de

    comando, que o Ex chefe do Terreiro, e acima dele os guias chefes da Casa. Os

    Exs so vistos, tambm, na umbanda, como aqueles lixeiros alegres que passam

    pelas ruas recolhendo toda a sujeira. Vm com brincadeiras e algazarras, mas

    fazem um trabalho enorme em benefcio da sociedade. E as Pombas-gira seriam

    as margaridas -- mulheres que trabalham tambm na limpeza das ruas e da

    cidade, exercendo a sua profisso com presteza e determinao. Os Exs e

    Pomba-gira prestam obedincia ao Chefe da Casa.

    Outra curiosidade na Umbanda diz respeito, hoje, ao uso generalizado de

    atabaques nessa religio. Quando o Pai Zlio Fernandino de Moraes registrou em

    cartrio a primeira tenda Umbandista em 1908, sua prpria casa, a Tenda deUmbanda Nossa Senhora da Piedade no tocava atabaques, mas estes

    instrumentos do Candombl foram incorporados a religio e hoje difcil encontrar

    um terreiro de Umbanda que no os possua em seus rituais.

    As prticas existentes dentro dos terreiros de Umbanda variam muito. Alguns

    demonstram uma ligao mais forte com o Espiritismo, outros se aproximam mais do

    Candombl. Em comum, tm a fora dos rituais, denominados giras, em que os

    filhos e filhas-de-santo entoam cnticos e danam ao som dos atabaques. Ascerimnias geralmente acontecem noite e se estendem madrugada adentro. Os

    espritos que "descem" incorporam-se nos fiis que esto participando da gira.

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    Aqueles que "recebem" os espritos so chamados de cavalos. Durante a

    incorporao, o "cavalo" permanece inconsciente, e quem fala atravs dele seu

    "guia", ou seja, a entidade espiritual a ele associada. Para auxiliar os cavalos,

    existem os cambonos, que ocupam papel relevante na hierarquia do terreiro. Mas a

    posio mais elevada cabe me ou ao pai-de-santo, que a pessoa responsvel

    pelos trabalhos espirituais.

    Nos terreiros umbandistas, o ponto focal o cong, altar profusamente

    enfeitado com flores, velas acesas e colares de contas coloridas, que simbolizam os

    diferentes santos e orixs. No cong, imagens de Jesus, Nossa Senhora e santos

    catlicos dividem espao com estatuetas de preto-velhos, caboclos, ciganos,

    marinheiros e outras entidades espirituais.

    Para a umbanda, seu Mestre Supremo Jesus, considerado como o Filho de

    Deus.

    Eles acreditam que Os mentores da Umbanda, sediados na Aruanda

    (cidade localizada no plano astral), j determinaram sabiamente o procedimento

    normativo, religioso para os setenta anos vindouros, 1979/2049, como sendo o

    perodo de Afirmao Doutrinria. Obviamente, a doutrina de Umbanda ficar como

    ponto essencial para a estabilidade e perpetuao desse movimento, na forma

    digna, ensejada pelo estudo constante, a par do esforo sincero de cada devoto, no

    sentido de conduzir a Umbanda, no plano fsico, a um merecido status de religio

    organizada, a servio da comunidade religiosa nacional.

    Vejamos, a seguir, algumas outras caractersticas da Umbanda:

    Jogo de Bzios - Orculo usado como canal de comunicao entre os

    homens e os deuses. comandado por If, o orix da adivinhao.

    Quizilas - Coisas que desagradam aos orixs. Nesse grupo, se incluem

    certos tipos de alimentos, alm de cores, perfumes e uma infinidade de elementos.Por exemplo: O sangue a quizila de Xang.

    Obrigaes - De tempos em tempos, o adepto do Candombl tem o dever de

    prestar certas homenagens e de fazer oferendas para seus orixs, de modo que

    possa contar sempre com seus favores e sua proteo.

    Oferendas - Quando as entidades que compem as diferentes falanges esto

    incorporadas, elas se prestam a aconselhar seus consulentes e a realizar alguns

    rituais. Nestas ocasies, utilizam-se dos quatro elementos bsicos da Natureza - ouseja, AR, TERRA, FOGO e GUA.

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    por isso que, muitas vezes, essas entidades solicitam cigarros, bebidas,

    alimentos. Cada item pedido corresponde a determinados elementos naturais. Veja

    os exemplos:

    gua e bebidas no-alcolicas: Servem para a cura, pois simbolizam a

    fora, o remdio e o poder gerador.

    Bebidas alcolicas: Pertencem ao elemento Fogo e permitem transmutar as

    energias.

    Cachimbo, charuto ou cigarro: Une o Fogo, a gua, a Terra e o Ar,

    sintetizando, assim, os elementos de todas as linhas.

    Sacrifcios Os sacrifcios de aves e animais totalmente alheio

    Umbanda.

    Agog - Sineta de ferro dupla, que acionada pelo alab para dar incio

    cerimnia.

    Atabaques (rum, rumpi e l) - Instrumentos musicais tocados durante as

    cerimnias por filhos de santo designados especificamente para essa funo.

    Barraco - Grande sala, onde ocorrem os rituais, inclusive as cerimnias

    abertas ao pblico.

    Camarinha - Pequenos "quartinhos" espalhados pelo terreiro, dentro dos

    quais os filhos e filhas de santo se recolhem por ocasio de sua iniciao.

    Peji - Altares das Divindades. Nos pejis so depositadas as oferendas.

    Alab - Responsvel pelos atabaques e pelo toque do agog, que marca o

    incio dos trabalhos.

    Axoguns - So os filhos-de-santo encarregados de executar os servios

    sacrificiais. Trabalham sempre sob a superviso do babalorix ou da ialorix

    responsvel pela casa.

    Babalorix - Chamado tambm de zelador do terreiro ou pai-de-santo, odirigente dos trabalhos. sobre ele que recai a responsabilidade pelos trabalhos

    espirituais realizados na casa. Aplica-se essa expresso somente para o sexo

    masculino.

    Ekede - uma espcie de "monitora". Durante os rituais, ela conduz as ias

    incorporadas at seus respectivos pejis, e as paramenta com as roupas e as armas

    correspondentes ao orix incorporado.

    Ialorix - Exatamente a mesma coisa que babalorix, s que neste caso,trata-se de algum do sexo feminino. Tambm chamada de "me-de-santo" ou

    zeladora.

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    Las - Filhas-de-santo, que entoam os cnticos de louvor aos orixs e

    danam em roda, durante os trabalhos. Em geral, so entoadas de trs a sete

    cantigas para cada orix. Quando este "desce", incorpora-se nas ias

    correspondentes. Vale ressaltar que as ias dividem todas as atividades realizadas

    no terreiro, inclusive limpeza, preparao das oferendas, etc.

    Ogans - Filhos-de-santo encarregados de garantir a manuteno do terreiro,

    por meio de contribuio financeira ou de algum benefcio obtido por meio de seu

    prestgio pessoal. So sempre designados pelo responsvel da casa. Cabe ao

    Conselho de Ogans garantir a subsistncia material do terreiro.

    Pai-pequeno (ou me-pequena) - Assistente direto do babalorix ou da

    ialorix.

    2.2.2 MANTRAS DE UMBANDA

    Um mantra ou ponto cantado, uma srie de slabas que invocam a energia

    dos Orixs ou de Entidades espirituais durante as sesses atravs da energia

    mental.

    A relao entre a fala, a respirao e o mantra podem ser mais bem

    demonstrados atravs do mtodo pelo qual o mantra funciona. Como vimos, um

    mantra uma srie de slabas cujo poder reside em seu som; atravs da

    pronunciao repetida, pode-se obter controle sobre uma determinada forma de

    energia. A energia do indivduo est fortemente ligada energia externa, e uma

    pode influenciar a outra. possvel influenciar a energia externa, efetuando os assim

    chamados "milagres". Tal atividade realmente o resultado de se ter controle sobre

    a prpria energia, atravs do qual se obtm a capacidade de comando sobre

    fenmenos externos.

    2.2.3 O sincretismo da umbanda com outras religies

    Alm do sincretismo clssico entre a herana religiosa africana e o

    Catolicismo, a Umbanda absorveu elementos do Espiritismo kardecista, de modo

    que, no decorrer dos rituais, o fiel se comunica com espritos desencarnados. Osincretismo entre orixs e santos catlicos muito forte. Vejamos as principais

    correspondncias:

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    Eu - Nossa Senhora das Neves.

    Ians - Santa Brbara.

    Ibejis - Cosme e Damio.

    Iemanj - Virgem Maria, principalmente Nossa Senhora da Conceio e

    Nossa Senhora dos Navegantes.

    Logum - So Miguel Arcanjo e Santo Expedito.

    Nan - Santa Ana, me de Maria.

    Ob - Santa Catarina, Santa Joana DArc e Santa Marta.

    Obaluai - So Lzaro e So Roque.

    Ogum - Santo Antonio e So Jorge.

    Oxal - Jesus.

    Oxssi - So Jorge e So Sebastio.

    Oxum - Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora Aparecida.

    Oxumar - So Bartolomeu.

    Xang - So Francisco de Assis, So Jernimo, So Joo Batista e So

    Pedro.

    2.3 A QUIMBANDA

    Terceira maior religio afro-brasileira, a Quimbanda, por sua vez, diferencia-

    se das outras acima citadas, pois suas influncias no so somente Bantu, Nag e

    Yorub. Tambm abrangem em larga escala vrios aspectos da Religio Indgena,

    Catlica, o Espiritismo moderno (kardecismo), a alquimia, o estudo da natureza

    fundamental da realidade e Correntes Orientais.

    A formao da Quimbanda teve uma forte influncia dos escravos e ndiosque sincretizaram Ex com o Diabo, por este ser inimigo dos brancos e por no

    aceitarem os Santos Catlicos, identificando-se assim mais uma vez com o Diabo.

    Com o advento da Umbanda comeou o trabalho de Quimbanda em Terreiros de

    Umbanda, o que deu sustentao firme aos trabalhos com os Compadres e Exs e

    assim formatou-se o atual culto da Quimbanda. Na verdade pode-se dizer que a

    Quimbanda, como a conhecemos atualmente, nasceu juntamente com a Umbanda,

    em 15 de novembro de 1908, pois uma Linha completa a outra.

    A Quimbanda, tambm conhecida pelos leigos como macumba, uma

    ramificao da umbanda que pratica a magia negra. Embora cultuem os mesmos

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    Orixs e as mesmas entidades, se sirvam das mesmas indumentrias, e tenham em

    seus terreiros semelhanas muito marcantes, tais como a presena de um cong

    (altar) repleto de imagens dos santos catlicos simbolizando os orixs, caboclos e

    pretos velhos, existem entre as duas religies diferenas fundamentais e decisivas.

    Uma delas que na Quimbanda so realizados despachos com animais como galos

    e galinhas pretas por exemplo, plvora, objetos da pessoa a quem se quer

    prejudicar, dentes, unhas ou cabelo de pessoas ou animais. Estes despachos

    costumam-se realizar a meia-noite em locais como encruzilhadas e cemitrios.

    Outra prtica bastante freqente da quimbanda e que tambm se encontra

    presente no vodu haitiano sob o nome de paket, o envultamento. Este, diz

    respeito construo de um boneco de pano ou qualquer outro material, desde quepertencente pessoa a quem quer se prejudicar, e a seguir alfinetes ou pregos so

    utilizados para transpassar o corpo da imagem.

    Uma das prticas mais conhecidas da Quimbanda a Gira dos Exs, ou

    Enjira dos Exs, cerimnia realizada, via de regra meia noite, na qual diversos

    Exus incorporam nos mdiuns e passam a danar, beber, fumar, utilizando-se de

    uma linguagem bastante grosseira.

    A Quimbanda est organizada hierarquicamente em sete grandes reinos, que

    compem as Sete Linhas da Quimbanda, sendo que na Quimbanda tambm

    Oxal quem manda. O Sr. Omolu o Rei, coroado por Oxal, e este delega os

    poderes aos ExsChefes de Falange.

    Assim como h as sete linhas que regem e organizam as foras existentes

    dentro da Umbanda, dentro da Quimbanda o mesmo acontece e processa, pois

    conforme eles definem, "tudo que h em cima, h em baixo".

    Um dado muito interessante, colhido na realizao deste trabalho, foi a

    seguinte informao, prestada pelo Xang Damio Preto - Trabalho 33 - Grau 01,

    no dia 07/11/2005:

    O Reino de Exu composto em sua totalidade por um povo de18.672.577 Exus, divididos em 7 linhas, onde estas linhas compreende1.111 legies, o que se entende que h 2401 Exus distribudos nas

    falanges, sem contar os Kiumbas existentes e transitrios na LinhaMista. (Extrado do site http://www.umbandavirtual.byhost.com.br/consulta.php?id=375,acessado em 23.11.2006).,

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    De se perguntar, como curiosidade, como foi que chegaram a esse nmero

    existente de Exus!

    Por outro lado, encontramos esta explicao tambm assaz interessante, do

    Sr. Ronald Sanson Stresser Junior, o qual se diz entendido na quimbanda, e reside

    em Salvador - BA:

    importante lembrar que quando o Ex, qualquer um deles, estiverincorporado no Pai de Santo, no dirigente dos trabalhos, ele esttrabalhando com a Coroa e por este motivo o Chefe dos trabalhos da Girade Quimbanda, tendo liberdade de movimento entre os Reinos atravs docontato com os outros Exs presentes no trabalho. Trabalhar com os"compadres" Exs requer muito respeito e considerao por parte dosdirigentes, mdiuns e consulentes pois so entidades muito poderosas, demuito Ax.

    (Extrado de http://www.ruadasflores.com/quimbanda/ , acessado em 07.10.2007, s 8h25s).

    As entidades que constituem a Quimbanda so denominadas Exs, Pombas-

    gira e Exs-mirins. Tm misso crmica definida e trabalham no sentido de evoluir

    no plano espiritual, exatamente como os integrantes de todas as outras falanges.

    Os Exs so responsveis pelos trabalhos de proteo, alm de terem

    energia vitalizadora e promoverem a desagregao de energias malficas. Existe

    ainda um outro papel, muito delicado, que cabe aos integrantes desta hierarquia: ode liberar o consciente e o inconsciente do fiel que estiver se preparando para

    desenvolver um trabalho mais ativo no terreiro. As entidades de Quimbanda podem

    trazer tona os traumas e os segredos reprimidos - conscientemente ou no - pelo

    "filho de f".

    Sendo assim, pode acontecer de os "cavalos" que estejam incorporando

    essas entidades de Esquerda usar linguajar torpe ou adotarem comportamentos

    duvidosos. Nestes casos, deve-se entender que aquele no o procedimento daentidade em si - na verdade, pode tratar-se de uma "faxina" no inconsciente do

    prprio mdium.

    Seus adeptos entendem que a natureza complexa da misso confiada aos

    espritos da Quimbanda os torna bem mais difceis do que as demais entidades.

    Sendo assim, necessrio ter muito CONHECIMENTO e, principalmente,

    DISCERNIMENTO, para lidar com essas foras.

    2.4 O CATIMB

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    Culto estudado como uma das manifestaes afro-brasileiras que comeou

    sob forma de um ritual de origem indgena, com o tempo foi assimilando elementos

    do Candombl, tornando-se uma manifestao cultural independente, cultuado ate

    hoje. Entretanto mais conhecido por ser uma das correntes formadoras do

    sincretismo umbandista brasileiro. O culto bsico simples, resume-se no transe

    medinico do paj, que atende as consultas dando orientao mdica, prevendo o

    futuro, e resolvendo questes prticas. Aqui sua funo se aproxima a do

    Babalorix, j que ambos so pessoas que conhecem as folhas que curam ou

    provocam doenas, bem como aqueles que exercem ou orientam a nao para

    atravs do astral conseguirem o que lhes negado pelo mundo material. O termo

    Catimb originalmente se refere ao cip que o indgena utilizava para entontecer os

    peixes e apanh-los com maior facilidade. No catimb, no so os deuses que se

    incorporam, mas os espritos dos antepassados, o que influenciou claramente as

    linhas mestras do ritual umbandista.

    2.5 O XANG

    Cultos de origem nag ou cultos sincrticos por eles fortemente influenciados,

    na regio nordestina, especialmente em Pernambuco e Alagoas. Tambm pode ser

    encontrado o termo, designando um culto semelhante ao Candombl de caboclo.

    Essa extenso do nome de um orix totalidade do culto originada no grande

    numero de devotos de Xang entre os escravos que se fixaram na rea.

    2.6 O BABACU

    Culto brasileiro da Amaznia, especialmente de Belm do Par. Tem muito da

    Umbanda em seus ritos, sendo formado pelo sincretismo entre o Candombl, cultos

    indgenas nativos e informaes crists em geral.

    2.7 O CULTO VODU

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    Tem sua origem entre os negros do Daom (atual Benin) e se baseia em dois

    pilares principais: a incorporao dos prprios deuses pelos fiis e a invocao dos

    espritos dos antepassados, com o objetivo de se fazer consultas oraculares.Essa

    crena se disseminou largamente no Haiti, onde ganhou os contornos de uma

    religio afro-crist repleta de mitos supersticiosos e demonstraes exageradas de

    fora e poder.

    No Brasil, esse culto no to popular quanto o Candombl e a Umbanda,

    mas conta com um bom nmero de adeptos, sobretudo na regio de So Luis do

    Maranho. Foi l que, em 1796, foi fundado o culto Mina Jeje, pelos negros fons,

    originrios de Abomey ( poca, capital do Daom). A famlia real Fon trouxe

    consigo o culto s divindades (voduns, equivalentes aos orixs) e Serpente

    Sagrada, denominada Dan (correspondente ao orix Oxumar).

    No Maranho, a sacerdotisa - que equivaleria me-de-santo do Candombl

    - chamada de Noche. Quando o homem ocupa este cargo, recebe a

    denominao de Toivoduno.

    A mais famosa Noche da Histria do culto vodu maranhense foi Me

    Andresa. Acredita-se que tenha sido a ltima princesa de linhagem direta da famlia

    real Fon. Morreu em 1954, aos 104 anos de idade.

    2.8 O TERMO MACUMBA

    a gria popular para freqentadores dos terreiros, independente da sua

    funo - que so chamados de macumbeiros. originalmente o nome africano de

    um instrumento musical. O termo usado genericamente pelos leigos para designar

    a totalidade dos cultos afro-brasileiros, num sentido pejorativo como sinnimo defeitiaria primitiva. Serve tambm para indicar os diversos alquidares e despachos

    encontrados na rua. Geralmente denota uma postura no mnimo mal informada e

    preconceituosa que joga na mesma vala manifestaes culturais e teolgicas

    bastante distintas reduzindo os cultos a meras manifestaes.

    3 AS RELIGIES E SUAS LITURGIASEm resumo, o Candombl, a Umbanda, a Quimbanda, o Catimb, etc., so

    prticas espritas, vinculadas ao espiritismo pago, ou baixo espiritismo.

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    Mas quem so os orixs? Que so essas entidades a quem os

    candomblecistas prestam culto e adoram? Vejamos alguns conceitos:

    A liturgia do candombl reverencia a memria dos orixs, praticada por

    aqueles que se acreditam seus descendentes, como forma de trazer seus espritos

    de volta ao convvio dos vivos pela reencarnao durante o culto. O nome orix se

    aplica s divindades trazidas ao Brasil pelos negros escravizados da frica

    ocidental. Entre os escravos, orix foi traduzido por santo, em analogia com os

    santos catlicos, expediente destinado a proteger culto contra a intolerncia oficial.

    As cerimnias de invocao aos orixs se realizam nos terreiros.

    Cada orix reverenciado com suas cores, insgnias e comidas

    caractersticas, danas e gritos de saudao.

    Reginaldo Prandi, professor do Departamento de Sociologia da Universidade

    de So Paulo (USP) e que estuda h 15 anos as religies afro-brasileiras, autor do

    livro "Mitologia dos Orixs", assim se refere:

    A mitologia dos orixs fala do cotidiano dos deuses e de sua interao comos homens, de uma poca em que havia trnsito entre homens e deuses,como, alis, em todas as mitologias. Os orixs so as divindadespredominantes nas religies afro-brasileiras, como o candombl e aumbanda, e serviram de modelo para deuses de outras naes negras. (http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v16n46/a13v1646.pdf, acessado em 08.10.07, s 11h20m)

    3.1 QUEM SO OS ORIXS

    De acordo com o Dicionrio de Cultos Afro-Brasileirosde Olga Cacciatore,

    os orixs so divindades intermedirias entre Olorum (o deus supremo) e os

    homens. Na frica eram cerca de 600. Para o Brasil vieram talvez uns 50, que esto

    reduzidos a 16 no Candombl, dos quais s 8 passaram para Umbanda. Muitos

    deles so antigos reis, rainhas ou heris divinizados, os quais representam as

    vibraes das foras elementares da natureza: raios, troves, tempestades, gua;

    atividades econmicas, como caa e agricultura; e ainda os grandes ceifadores de

    vidas, as doenas epidmicas, como a varola, etc Orix, portanto, uma fora de

    criao divina e uma manifestao de Olorum. Olorum, o Criador, tudo: no tem

    representao nem fetiches. infinito. o Pai da criao universal. Corresponde,

    pois, idia de Deus.. A palavra Orix significa Ministro de Olorum.

    Todos os seres humanos nascem da natureza, num determinado lugar, dia ehora, sob o comando de um Orix. Assim, claro est que receberam a influncia

    desse Orix e, portanto, cada um ter em toda a sua vida as vibraes e proteo

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    do Pai Orix a que est vinculado, de origem natural, o qual rege seu destino.

    Os Orixs incorporam nos mdiuns (ias) sob a condio vibratria. Chama-se esse

    transe virar para o santo. A primeira vez que ocorre com uma pessoa, denomina-se

    bolar para o santo.

    A incorporao do Orix, sendo vibratria, no transmite mensagens orais,

    como sucede com a incorporao de espritos desencarnados (chamados, no

    Candombl, de eguns) e com os encantados.

    O culto, no Candombl, feito exclusivamente aos Orixs.

    3.2 ORIGEM MITOLGICA DOS ORIXS

    Quanto origem dos orixs, uma das lendas mais populares diz que

    Obatal (o cu) uniu-se a Odudua (a terra), e desta unio nasceram Aganju (a

    rocha) e Iemanj (as guas). Iemanj casou-se com seu irmo Aganju, de quem

    teve um filho, chamado Orung. Orung apaixonou-se loucamente pela me,

    procurando sempre uma oportunidade para possu-la, at que um dia, aproveitando-

    se da ausncia do pai, violentou-a. Iemanj ps-se a fugir, perseguida pr Orung.

    Na fuga Iemanj caiu de costas, e ao pedir socorro a Obatal, seu corpo comeou a

    dilatar-se grandemente, at que de seus seios comearam a jorrar dois rios que

    formaram um lago, e quando o seu ventre se rompeu, saram a maioria dos orixs .

    Por isto Iemanj chamada a me dos orixs.

    Mas h controvrsias. Em outra verso encontramos que Iemanj teve trs

    filhos: Ogum, Ex, Oxssi. Como os trs abandonaram o seu reino, ela foi ficando

    sozinha e cada vez mais sozinha e resolveu percorrer o mundo. Chegando em

    Oker, foi admirada por todos do reino por sua beleza e meiguice. At que o rei seapaixonou por ela e a quis como sua esposa. Iemanj negou e fugiu do rei. O rei

    colocou seu exrcito para persegui-la. Na corrida, j estando exausta, Iemanj cai e

    corta os seios criando assim os mares e rios.

    3.3 A QUESTO HISTRICA: VERDADE OU MITO?

    Enfim, ao analisarmos os cultos afros, uma das primeiras coisas que

    observamos a impossibilidade de se fazer uma avaliao objetiva sobre a origem

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    dos orixs. Existem muitas lendas que tentam explicar o surgimento dos deuses do

    panteo africano, e estas histrias variam de um terreiro para o outro e at de um

    pai-de-santo para o outro. No h possibilidade de se fazer uma verificao

    cientfica ou arqueolgica; no h uma fonte autoritativa que leve a concluir se os

    fatos aconteceram mesmo ou se trata somente de mitologia, sendo difcil uma

    avaliao histrica dos eventos relatados.

    3.4 PRINCIPAIS ENTIDADES DOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS

    Ogum a divindade dos que trabalham ou utilizam o ferro. Manifesta-se

    como um guerreiro que dana com a espada. Conhecido no Brasil como deus

    guerreiro, foi uma das primeiras figuras do candombl a ser incorporada por outros

    cultos. Quando irado vingativo e, quando apaixonado, sensual. Seu dia da

    semana tera-feira, e suas contas so azul-escuras. Recebe sacrifcios de bodes e

    galos e gosta de inhame assado com azeite. sincretizado com santo Antnio, na

    Bahia, e com so Jorge, no Rio de Janeiro. Seu grito de saudao "Ogum i!

    Oxssi o deus dos caadores, muito popular na Bahia. Recebe sacrifcios

    de porcos e bodes. Sua comida axox (milho branco cozido com lascas de coco).

    Corresponde na Bahia a so Jorge e no Rio de Janeiro a so Sebastio. Seu grito

    de saudao "Ok ar! O elemento principal de apetrecho de Ogum o ferro, que

    lembra sua condio de ferreiro e metalrgico, fazendo dele uma divindade da

    defesa e do ataque, que luta com prazer e que tem sede de conquista do poder.

    Dono da espada e da faca, est presente com sua simbologia em todas as

    cerimnias e no cotidiano da vida.

    Omolu, ou Obaluai, a divindade das doenas contagiosas. Recebesacrifcios de bodes e porcos. Gosta de pipoca e aberm (massa de milho branco

    assado em folhas de bananeira). Identifica-se, no catolicismo romano, com So

    Lzaro e So Roque. Sua saudao "Atot!"

    Oxumar a cobra e o arco-ris, e simboliza a riqueza e o dinamismo dos

    movimentos. sincretizado em So Bartolomeu. Recebe homenagens especiais no

    dia 24 de Agosto, o seu dia. Usa colares de bzios enfiados em forma de escamas

    de cobra, e come guguru (mistura de feijo fradinho com milho, cebola, azeite ecamaro) e caruru sem caroos de quiabo. Recebe sacrifcios de galos. Quando

    dana, leva na mo uma cobra de ferro. Sua saudao "A boboi!"

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    Iemanj a divindade associada gua salgada no Brasil, mas na frica

    apenas ao rio Ogum (que no tem nenhuma relao com o orix Ogum). Originria

    do rio Ogun, na Nigria, tem seus domnios nas profundezas das guas, de onde

    emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que atribuem a ela

    poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. maternal, sempre pronta

    para amamentar as crianas sob seu domnio, mas tambm sabe ser belicosa,

    mantendo-se de espada em punho para defender seus filhos e seus direitos. a me

    dos outros orixs. Seu nome significa me dos filhos-peixes. Geralmente

    representada sob a forma de sereia: cabea, tronco e busto femininos e apndice

    caudal de peixe. Sincretizada com Nossa Senhora da Conceio, das Candeias, do

    Carmo ou da Piedade, recebe oferendas rituais levadas ao mar por embarcaes.

    Seus alimentos sagrados so o pombo, a canjica, o galo e o bode castrado, e o seu

    dia da semana sbado. Dana vestida de azul, imitando o movimento das ondas

    do mar. Festejada na Bahia em 2 de fevereiro, e em 31 de dezembro, no Rio de

    Janeiro. Sua saudao "Od-i!".

    Xang a divindade que domina troves, raios e tempestades, simbolizada

    por machados de pedra num alguidar de madeira. sincretizado em So Jernimo.

    Recebe sacrifcios de carneiros, galos e cgados. Come amal (quiabo com

    camaro ou carne) e begiri (quiabo com azeite, camaro, inhame, sal e cebola). o

    representante da justia espiritual e o mais solicitado nas pendncias judiciais. Tido

    como heri divinizado, Xang ambicioso e tem obsesso pelo poder. Seu alvo

    castigar os mentirosos e os malfeitores, no admitindo a contestao de suas

    atividades. A saudao que se dirige a ele "Kaw kabiecil!".

    Ians, uma das esposas de Xang, o orix dos ventos e das tempestades.

    sincretizada com Santa Brbara. Recebe sacrifcios de cabras, dana com mmica

    guerreira, e come acaraj. Sua saudao "Epa hei!".Oxum, tambm mulher de xang, representa na Bahia a gua doce.

    Oxum era a mais bela e desejada. A todos encantava por sua meiguice e

    inteligncia. Certa vez, quis aprender a ler o futuro e pediu a Orunmil que a

    ensinasse. Mas o cargo de Olu (dono dos segredos) s era ocupado por homens.

    Ento, Oxum seduz Ex e pede que este pea a Orunmil para ensin-lo e depois

    repassar para ela. Este assim o faz, e mais tarde aprendendo, se v obrigado a

    ensinar a Oxum e entregar os 16 bzios (tornando assim as mulheres capazes dejogar os bzios e dando a qualidade de bons videntes a todos os seus filhos).

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    sincretizada com Nossa Senhora das Candeias e tambm com Nossa

    Senhora de Aparecida e Nossa Senhora da Conceio.

    Come mulucu (feijo fradinho com cebola, sal e camaro) e adum (fub de

    milho com mel e aceite). Sua dana faceira, mas ocasionalmente tambm

    belicosa. saudada com o grito "Ora Ii !".

    Oxal, ou Obatal, a divindade que preside a procriao. Aceita sacrifcios

    de pombas, cabras e galinhas. Criador dos homens, obstinado e independente,

    identificado, no Brasil, como Jesus Cristo mas sincretizado na Bahia, com o Senhor

    do Bonfim, sendo cultuado como o senhor de todas as coisas e do universo. Oxal,

    que visto como o senhor do silncio, do vcuo frio e calmo, no qual as palavras

    no podem ser ouvidas, est ligado a todas as etapas da vida, desde a criao at a

    morte. Lento como caramujo, todo de branco, como seu ritual exige, conhecido

    como Oxalufan. Enrgico e guerreiro, de colar branco com azul real, Oxaguian. Em

    todas as verses Orixanl e em todas as situaes Obatal, rei do pano branco.

    saudada com o grito "pa-bab".

    Er um orix filho de Xang. Manifesta-se por meio de linguagem infantil e

    se comporta como criana".

    Ex - De personalidade considerada atrevida e agressiva, o Ex, o senhor

    dos caminhos que levam e trazem, fazendo as pessoas se aproximarem ou se

    distanciarem. Cada um tem seu prprio Ex, assim como todo o terreiro, que usa

    essa figura para proteger e zelar pela segurana da casa, do pai de santo e dos

    freqentadores da entidade. O Ex no deve ser subestimado, pois se presta ao

    papel de servo em nome de uma recompensa que pode ser dinheiro, bebida

    alcolica ou animais sacrificados. Ele representa o smbolo mximo da sensualidade

    e da voluptuosidade desenfreada. Com muito senso de humor, brinca e possibilita

    prazeres aos seres humanos, quebrando com suas prprias normas, os tabus denossa sociedade. Tudo isso faz com que ele seja tanto amado quanto odiado.

    A lenda diz que Ex era insacivel, e que ele conseguiu comer todos os

    animais de sua aldeia. Comeou ento a comer rvores, pedras e tudo o que estava

    em sua frente. Orunmil chegou a previso de que se Ex continuasse dessa forma

    iria comer os homens, o mar e at o cu. Solicitou ento que, Ogum (irmo de Ex)

    impedisse o seu irmo de continuar dessa forma. Ogum tentou de vrias formas e s

    conseguiu depois de matar Ex. Mesmo com a morte de Ex, tudo comeou aressecar, a morrer, perdendo vida. Ento um Babala disse que era o esprito de

    Ex que estava insacivel e pedia para ser saciado e que se isso no acontecesse

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    ele iria provocar a discrdia, a doena e a morte em geral. Orunmil determinou que

    toda obrigao feita pelos homens a algum orix, seja dedicada uma parte Ex e

    que esta deve ser servida antes para ele no se irar e causar a discrdia.

    3.5 UMA CURIOSIDADE - O SMBOLO DE EX

    O smbolo de Exu o Og (um falo, um pnis), representando a fertilidade e

    virilidade deste orix, que caminha levando as preces dos homens aos Orixs e

    trazendo as ddivas dos Orixs aos homens, j que Ex dono do movimento, do

    som, conhecido como o Mensageiro.

    SINCRETISMO: Geralmente assemelhado ao diabo ou a imagens na

    umbanda vermelhas, com chifres e corpo descoberto. No candombl simbolizado

    por carrancas ou falos.

    4 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E SEU RELACIONAMENTOCOM DEUS

    Um fato que devemos considerar a posio tradicionalmente dada aos

    orixs nos cultos afros como intermedirios entre o deus supremo (Olorum) e os

    homens. (Note-se que no Catolicismo Romano, Maria tambm recebe o ttulo de

    intermediria). Alm disso, os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os

    orixs, vivem em constante medo de suas represlias e punies. Note um trecho de

    uma entrevista no livro de Reginaldo Prandi, citado no artigo Desvendando os

    Segredos do Candombl, de Joaquim de Andrade e Dr. Paulo Romeiro:

    O Pesquisador - Gostaria de perguntar s o seguinte: desde que h

    regras, quando a regra quebrada, quem pune essa ao?

    Me Juju - O prprio santo, ou a me-de-santo : Olha voc no venhamais aqui, no venha fazer isto aqui que esta errado, quando voc estiverbbado, ou quando voc estiver bebendo, no venha mais dar santo aqui,no venha desrespeitar a casa.O Pesquisador - Como a punio do orix? Ser que eu poderia resumirassim: doena, morte, perda de emprego, perder a famlia, ficar sem nada

    de repente e sem motivo aparente, enlouquecer, dar tudo errado, a prpriacasa-de-santo desabar, isto , todo mundo ir embora...?Todos - Isso.Extrado de http://www.agirbrasil.org/Seitas/Candomble/Candombl%E9.html, acessado em

    07.10.2007, s15h42m.

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    Assim, alm do constante medo de punies em que vive o devoto do orix,

    ele deve ainda submeter-se a rituais e sacrifcios nada agradveis a fim de satisfazer

    os seus deuses.

    4.1 O SACRIFCIO ACEITVEL

    De acordo com Cacciatore, eb a oferenda ou sacrifcio animal feito a

    qualquer orix. s vezes chamado vulgarmente de despacho, um termo mais

    comumente empregado para as oferendas a Ex (um dos orixs, sincretizado com o

    diabo da teologia crist), pedindo o bem ou o mal de/para algum.Extrado de http://www.agirbrasil.org/Seitas/Candomble/Candombl%E9.html, acessado em 07.10.2007, s15h42m.

    4.2 ENCARANDO A MORTE

    Basta dialogar com os adeptos dos cultos-afros - principalmente do

    Candombl - para algum se cientificar de que os orixs tm medo da morte (quemmenos tem medo da morte Ians). Ento, quando um filho ou filha-de-santo est

    prximo da morte, seu orix praticamente o abandona. Esta pessoa j no fica mais

    possessa, pois seu orix procura evit-la.

    4.3 A SALVAO E A VIDA APS A MORTE

    Nestas religies o assunto de vida aps a morte no bem definido. Na

    Umbanda , devida influncia kardecista, ensinada a reencarnao. J o

    Candombl no oferece qualquer esperana depois da morte, pois uma religio

    para ser praticada somente em vida, segundo os seus defensores. Outros pais-de-

    santo apresentam idias confusas, tais como: quando morre, a pessoa vai para a

    mesa de Santo Agostinho ou vai para a balana de So Miguel.

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    4.4 - A AUSNCIA DA LIBERDADE: O MEDO DAS CONSEQNCIAS

    Freqentemente, as pessoas tm medo de deixar os cultos afros para buscar

    uma alternativa. Foi-lhes dito que se abandonarem seus orixs (ou outros guias) e

    no cumprirem com suas obrigaes, tero conseqncias desastrosas em suasvidas.

    5 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E SUA INFLUNCIA NO

    COMPORTAMENTO

    Nem precisa ser adepto do Candombl para vestir roupas brancas na sexta-

    feira. Esta j uma tradio na Bahia, em homenagem ao deus Oxal que, no

    sincretismo, representa Jesus Cristo. A visita ao candombl, como a qualquer

    outro templo religioso deve ser feita com seriedade e respeito, seguindo-se algumas

    regras bsicas: no trajar bermuda ou roupa de banho; no tirar fotos, gravar ou

    filmar os cultos. E muitos outros costumes, trazidos com essa religio afro, j se

    incorporaram ao dia-a-dia dos baianos, de todas as raas e classes sociais. A

    seguir, destacamos alguns desses exemplos.

    5.1 A INFLUNCIA NA CULINRIA

    5.1.1 A Baiana do acaraj

    Ser baiana de acaraj significa muito mais do que ser uma vendedora

    ambulante, com seu tabuleiro, oferecendo os deliciosos quitutes da culinria afro-

    baiana. A maioria delas faz esse trabalho como obrigao de santo, reverenciando

    os orixs que guiam suas cabeas inicialmente apenas Ians e, em troca, tiram

    da o seu sustento e o de suas famlias.

    A cada dia, ela est vestida com as cores do santo daquele dia e exibe no

    pescoo as guias de contas na cor do santo de sua cabea e outros orixs dos quais

    gosta (ou os quais precisa) reverenciar. A roupa, de origem africana, j setransformou em marca registrada: a roupa de baiana, com saia rodada, blusa

    rendada, pano da costa, turbante, sandlia fechada na frente e aberta atrs.

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    5.1.2 Menos pimenta, mais dinheiro

    A comida de Ians era, antigamente, preparada s por filhas-de-santo,

    seguindo um ritual religioso. Os tempos mudaram, mas a aura continua. A forma

    como se faz a massa, o tamanho dos bolinhos, a variedade de recheios, tudo isso

    conta. A disputa alimenta a briga por pontos de venda e enche as baianas de

    dinheiro, hoje no contando mais se so ou no adeptas do candombl. Na onda do

    acaraj, toda a comida baiana se populariza. Com menos pimenta e contida no

    dend, bem verdade.

    Um outro atestado de que existe reverncia religiosa aos orixs do

    candombl, na atividade de baiana de acaraj, so os pequenos acarajs fritos

    antes da primeira fritura comercial, dedicados aos orixs meninos, os ibje.

    5.2 DOMINGO DIA DOS ORIXS

    Para os baianos, domingo dia de todos os Orixs. Circulam na Internet, em

    folhetos, em mensagens de rdio, enfim, orientaes para que as pessoas procurem

    identificar-se com um dos orixs e, to logo identificados, rezem para ele, pedindo

    proteo, sade e paz acima de tudo.

    5.3 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E A MDIA

    Destacamos a relevncia que a mdia, em geral, d para as religies afro-

    brasileiras. Esto to impregnadas no dia-a-dia do brasileiro, que dificilmente se

    abre uma revista, jornal (principalmente baiano), programas televisivos e

    radiofnicos, sites na Internet, que no tragam alguma notcia ou referncia a

    acontecimentos que envolvem tal cultura.

    Como ilustrao, mostramos, abaixo, duas reportagens estampadas na

    Revista poca, colhidas em seu site na Internet, que nos exemplificam muito bem a

    relevncia dada pela mdia a tudo que envolve tais religies. Como podemos ver,

    vrios aspectos so mostrados nas reportagens ou artigos: as opinies de

    personalidades daquele meio, o envolvimento de polticos famosos, artistas idem,

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    entrosamentos", afirma. Enquanto viver, brigar por isso. Filha de Oxssi, osanto da caa, no medir esforos para trazer de volta o rebanhodesgarrado.

    (http://epoca.globo.com/edic/19991213/soci2.htm- acessado em 25.11.2006, 8h10m)

    O Gantois aguarda o veredicto dos orixs

    Processo sucessrio no terreiro j dura mais de ano

    Ainda o centro de candombl mais conhecido do pas, o terreiro do Gantoiscontinua de luto. Desde agosto do ano passado seus integrantes choram aperda da ialorix Cleusa Millet, aos 67 anos. Cleusa era filha da lendriaMaria Escolstica Conceio Nazar, a Me Menininha, que reinou noGantois por mais de 60 anos. O processo sucessrio est em curso.Me Menininha foi a mais venerada ialorix de todos os tempos. Filha deOxum, uma deusa das guas do rio, ela soube como ningum popularizar oterreiro. Figura forte, Me Menininha foi cantada em verso e prosa pelocompositor Dorival Caymmi, cativou admiradores famosos, como CaetanoVeloso, e no poupou conselhos a polticos, entre eles o senador Antonio

    Carlos Magalhes.Faleceu aos 92 anos, em agosto de 1986, e desde ento o terreiro no teveoutra me-de-santo altura de seu magnetismo. Me Cleusa, tambmrespeitada pelos baianos, reinou de maneira discreta e silenciosa. Agora, tempo de aguardar por sua sucessora.Como numa monarquia, a alternncia do poder se d por laos sanguneos.Hoje o terreiro vive em compasso de espera. Seus "filhos" esperam overedicto dos orixs. As candidatas mais cotadas seriam Carmem, irm deCleusa, ou sua filha, Monica. O processo lento e admite adiamentos.Quando Cleusa morreu, os santos disseram que em um ano a sucessoestaria consumada. No aconteceu. bem provvel que as divindades notenham chegado a um consenso.

    (http://epoca.globo.com/edic/19991213/soci2.htm- acessado em 25.11.2006, 8h10m)

    5.4 ALGUNS ARTISTAS DE EXPRESSO NACIONAL, IDENTIFICADOS COM AS

    RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS

    5.4.1 Dorival Caymmi

    Nasceu em Salvador, Bahia, em 30 de abril de 1914, filho de Durval Henrique

    Caymmi e Aurelina Soares Caymmi - cantor, compositor brasileiro e pintor. Adepto

    do candombl, em 1968 foi consagrado Ob de Xang no Ax Ap Afonj. Foi filho

    de santo de Me Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a cano em

    sua homenagem: "Orao de Me Menininha", gravado por grandes nomes como

    Gal Costa e Maria Bethnia. Caymmi filho de Xang e Iemanj, e vive

    intensamente o sincretismo religioso baiano.

    5.4.2 Jorge Amado, sincretismo e candombl: duas travessias

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    Jorge Amado, um dos mais afamados escritores do Brasil, em muitas de suas

    obras focalizou o culto afro-brasileiro do candombl e sua prtica na Bahia. Pode-se

    mesmo dizer que, em grande medida, as idias mais generalizadas a respeito do

    candombl da Bahia devem-se s obras de Jorge Amado, transformadas algumas

    em novelas televisivas, e sua ampla difuso por todo o mundo.

    Evidentemente a apresentao que Jorge Amado faz desse culto em suas

    novelas no equivale a um documentrio, a uma etnografia. Sua interpretao do

    sistema simblico do candombl merece considerao antropolgica, e em particular

    o seu envolvimento pessoal com este mundo religioso um dado a ser ponderado

    antropologicamente. Embora Jorge Amado se definisse como um ateu, ele tomou

    posio de modo firme como defensor do sincretismo entre o culto afro-brasileiro e o

    catlico, especialmente em duas de suas novelas: Tenda dos milagres e O sumio

    da santa.

    5.5 EXTREMOS DO SINCRETISMO: UM MONGE CRISTO E ZEN

    O monge beneditino Marcelo Barros um monge polmico, carismtico e que

    exerce o ecumenismo e o sincretismo diariamente. No seu mosteiro, em Gois

    Velho, as celebraes catlicas ganham tons indgenas e afro-brasileiros.

    Conhecedor da Umbanda e freqentador do Candombl, ele debrua seu olhar

    sobre as pessoas com generosidade e compreenso. Em tempos de "guerra santa",

    busca a paz santa, assumindo por misso o dilogo entre as diversas religies.

    O monge Marcelo Barros um dos coordenadores do Mosteiro da

    Anunciao. O Mosteiro da Anunciao uma comunidade de monjas, monges eleigos que seguem a Regra de So Bento. Foi fundada em