As Religioes Afro-Brasileiras
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EDSON POUJEUX GONALVES
AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS:
ORIGENS, DESENVOLVIMENTO E INFLUNCIAS NO BRASIL E NO SERTO
PARAIBANO
Monografia apresentada ao SEP -Seminrio Evanglico de Patos, comoinstrumento parcial para a obteno dottulo de Bacharel em Teologia.
ORIENTADOR: Prof. Pr. Irinaldo CaetanoMarques
PATOS PB2007
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minha esposa, Adalmira Leandro daCruz Gonalves, como gratido por seuamor e incansvel apoio, incentivo,compreenso e, principalmente, tanta
pacincia e tolerncia para comigo nosmomentos em que enfrentei as maioresdificuldades, at conseguir chegar ataqui.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me alcanado com sua graa infinita e tido misericrdia de
mim, libertando-me das trevas em que me encontrava em mais de trinta anos
servindo ao espiritismo, trazendo-me para a maravilhosa luz do Seu amor;
A minha esposa, Adalmira, e filhas Edna e Evila, pelo apoio, estmulo,
compreenso, tolerncia e, principalmente, por seu amor sempre presente;
Aos pastores e professores do SEP pelos ensinamentos que me repassaram
e, principalmente, pelo maravilhoso convvio proporcionado ao longo desses cinco
anos de Seminrio.
Aos amados colegas de classe, pelo carinho, amizade, zelo, preocupao,
apoio, incentivo, troca de experincias e, principalmente, pela pacincia que sempre
tiveram para comigo;
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contriburam comigo, seja por
oraes, seja por palavras de apoio e incentivo e que me fizeram conseguir chegar
at este degrau em minha escalada crist. Meu MUITO OBRIGADO e que Deus
esteja abenoando a todos, em nome de Jesus!
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No se achar entre ti quem faa passar pelo fogo o seu filhoou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nemagoureiro, nem feiticeiro; 11 nem encantador, nemnecromante, nem mgico, nem quem consulte os mortos;12pois todo aquele que faz tal coisa abominao ao SENHOR;e por estas abominaes o SENHOR, teu Deus, os lana de
diante de ti. (Deuteronmio 18:10-12)
... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar. (Joo8:32)
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RESUMO
Este trabalho investiga as origens e desenvolvimento do que hoje
denominamos de Religies Afro-brasileiras. Como surgiram, em que so
fundamentadas, qual o percentual - em relao s demais religies - de pessoas que
fazem parte dessas religies, como influenciaram e foram influenciadas pelas
demais culturas que compem a diversidade cultural do povo brasileiro, e, em
concluso, como a prtica desse credo religioso influencia a religiosidade do serto
paraibano-brasileiro.
Palavras-Chave: CANDOMBL - UMBANDA - QUIMBANDA - CATIMB - XANG -
BABACU - CULTO VODU -ORIXS - ENTIDADES.
ABSTRACT
This study investigates the origins and development of what we denominate today as
"Afro-Brazilian Religions". How did they commence, what are they based upon, how
do their statistics compare with other religions, how have the diverse Brazilian
cultures affected them and how have they affected these cultures, and finally, how
has the practice of this religious crede influenced the religiosity of the Brazilian
Paraiban backlands.Key Words: Candombl - Umbanda - Quimbanda - Catimb - Xang - Babacu -
Voodoo -Orixs - Entities
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INTRODUO
O que so, na verdade, as religies denominadas de Afro-brasileiras? Como
surgiram? Em que so fundamentadas? Qual o percentual em nossa sociedade, emrelao s demais religies, de pessoas que fazem parte das religies denominadas
afro-brasileiras? Qual o reflexo na sociedade brasileira e, em paralelo, em nossa
realidade local, da prtica desse credo religioso? Como o sincretismo religioso
influencia a economia em algumas regies de nosso pas? Quais as diferenas entre
sincretismo e ecumenismo? Como tem se comportado a populao sertaneja no
tocante religiosidade?
Nosso objetivo ao longo deste trabalho apresentar respostas s perguntas
acima formuladas e a outras que certamente surgiro.
Justificamos a realizao deste trabalho percebendo a necessidade de,
enquanto alunos do curso Bacharel em Teologia, do Seminrio Evanglico de Patos
- SEP, conhecermos e entendermos a influncia dessas religies em nossa
sociedade, como forma at mesmo de melhor nos prepararmos para receber, em
nossa atividade pastoral, pessoas oriundas dessas religies e estarmos capacitados
para entend-las e bem orient-las na s doutrina.
Utilizamos, para a coleta de dados em geral, vrios livros de diversos autores,
bem como diversos textos recolhidos na Internet, conforme explicitado ao final deste
trabalho, na seo bibliografia. E, para a coleta de dados locais, realizamos visitas e
entrevistas aos lderes de templos de umbanda.
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1 ORIGENS DAS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS
1.1 HISTRICO
No incio do sculo XV, perodo da colonizao brasileira, mais de quatro
milhes de negros africanos cruzaram o Atlntico para tornarem-se escravos na
colnia portuguesa. Oriundos de diferentes regies da frica, entravam no pas,
atravs de navios negreiros, principalmente pelos portos do Rio de Janeiro, de
Salvador, do Recife e de So Lus do Maranho, trazendo na bagagem a cultura
africana.
A maior parte desses negros era proveniente da costa Oeste da frica, onde
predominavam dois grandes grupos: os Sudaneses e os Bantos.
Os sudaneses vm da regio do Golfo da Guin, onde se situam hoje a
Nigria e o Benin. Pertenciam s naes Haussais, Jeje, Keto e Nag, e foram os
principais precursores do Candombl.
Os bantos agregam as naes de Angola, Benguela, Cabinda e Congo.
Dessas naes, herdamos, entre outros elementos culturais, a capoeira e a
congada.
O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria,
escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem.
Na viagem, no trfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua
cultura, sua histria, suas paisagens, suas vivncias vieram com ele. Estas
sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a
frica, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a f, a crena - o
que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onil confundidos mais
tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras verses do sincretismo), surgiu a
raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitios (ebs), e os quilombos.
Para evitar que houvesse rebelies, os senhores brancos agrupavam os
escravos em senzalas, sempre evitando juntar os originrios de mesma nao. Por
esse motivo, houve uma mistura de povos e costumes, que foram concentrados de
forma diferente nos diversos estados do pas. Os escravos possuam suas prprias
danas, cantos, santos e festas religiosas. Aos poucos, eles foram misturando os
ritos catlicos presentes com os elementos dos cultos africanos, na tentativa deresgatar a atmosfera mstica da ptria distante. O contato direto com a natureza
fazia com que atribussem todos os tipos de poder a ela e que ligassem seus deuses
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aos elementos nela presentes. Diversas divindades africanas foram tomando fora
na terra dos brasileiros.
Nesse contexto histrico-cultural, surgem, ento, as chamadas religies afro-
brasileiras, que eram, na verdade, novas religies, diferentes das que praticavam na
frica, pois, aqui no Brasil, foram misturadas as tradies de diversas culturas
africanas com os ingredientes do catolicismo romano.
Os trezentos anos da histria da escravido do negro no Brasil, atestam
acima de tudo, a resistncia, a organizao dos negros. A cultura africana
sobreviveu para o negro atravs de sua crena, de sua religio. O que se acredita,
se deseja, mais forte do que o que se vive, sempre que h uma situao limite. A
religio, sua organizao em terreiros (roas), foi como muito j se escreveu, a
resistncia negra. Resistiu-se por haver organizao. A organizao consigo
mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu av teve, um farol, um guia, um orix
protetor.
No meio dos objetos traficados (os escravos) haviam jias raras:
Babalorixs e Iyalorixs. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenas, criaram a
frica no Brasil. Esta mgica, esta organizao reestruturante s possvel de ser
entendida se pensarmos no que a iniciao , todo processo que implica e
estabelece. A cana de acar do Senhor de Engenho era plantada por Ias recm
sados das camarinhas, dos roncs.
A fora se espalhou, o ax cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos
terreiros de candombl. Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezvel
e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado,
branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas.
Havia, de parte dos senhores, das autoridades e da Igreja, um zelo natural
pela converso dos africanos ao catolicismo, sendo considerado um dever cristoreceberem os mesmos a doutrina, serem batizados e levados prtica da religio
catlica. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito. Ele
dizia: - meu Senhor, a gente t tocando para Senhor do Bonfim, seu Santo, nh!
No para Oxal, quer dizer, Oxal o Pai Nosso, o mesmo que Senhor do
Bomfim. Assim se estabeleceu o Sincretismo no Brasil.
Com o objetivo de evitar choques com as autoridades, sem deixar de
preservar na prtica do seu culto, os africanos dissimulavam seus ots colocandosempre frente deles a imagem de um santo catlico que mais se aproximasse -
segundo interpretaes individuais - das caractersticas do Orix cultuado. Nasceu,
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com isto, um grande sincretismo dos Orixs com os santos da Igreja. A falta de
sistematizao com que se realizou esse ajustamento muito concorreu para que
surgissem as discrepncias hoje constatveis. Assim que diferentes santos da
Igreja so sincretizados num mesmo Orix.
Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torres, porm o
candombl era eficaz: o senhor procurava a negra velha para fazer um feitio, para
que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patu.
Em tupi, patu quer dizer caixa, caixo, designando-se com essa palavra
todas as modalidades de magia que do sorte. Patus so igualmente os
amuletos "de santos ou do diabo", os primeiros, na maioria, trabalhados
pelos italianos, assim os de Santa Lcia contra a vista fraca, corao de
Jesus, os do Esprito Santo contra todos os males, e a "figa" contra o mau-
olhado. (CASCUDO, Lus da Cmara. Antologia do folclore brasileiro, p.106-
109).
Assim, de gerao para gerao, seus rituais vm sendo adaptados nossa
cultura, na medida da necessidade. E, ao longo do tempo, ganharam adeptos dentre
os brasileiros de outras raas, conquistando parcela, de certa forma, at expressiva
em nossa populao. O fetiche, marca registrada de muitos cultos praticados na
poca, associado luta dos negros pela libertao e sobrevivncia, formao dosquilombos e toda a realidade da poca acabaram impulsionando a assimilao e a
formao de religies muito praticadas atualmente - a Umbanda, a Quimbanda e o
Candombl, as quais tm forte penetrao no pas, especialmente em So Paulo, no
Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e na Bahia.
1.2 A COMPLEXIDADE DO SINCRETISMO
Compreende-se sincretismo numa viso complexa, como analisa Sergio
Ferretti . Ele localiza cinco tendncias ou fases nos debates sobre o sincretismo
religioso afro-brasileiro.
A primeira foi a teoria evolucionista, sistematizada por Nina Rodrigues, que a
denominou "a iluso da catequese".
A segunda, de Arthur Ramos e Herskovitz, a culturalista - o sincretismocomo aculturao incluindo conflitos, acomodao e assimilao.
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A terceira, de Roger Bastide e seguidores. Um deles, Juana Elbein dos
Santos, acredita na capacidade do negro de "digerir" diversos elementos ou
africanizar as contribuies sem "embranquecer".
Uma quarta tendncia (anos 70-80 at hoje), da qual Peter Fry um dos
conceptores, analisa a "nagocracia" (predomnio do modelo nag-ketu) entre os
terreiros e o sincretismo uma construo que nasce da disputa de poder e
prestgio.
A quinta, mais atual, elaborada principalmente a partir da dcada de 80 critica
a idia de sincretismo como "mscara colonial para escapar a dominao ou
estratgia de resistncia"; tambm no aceita a justaposio ou a "colcha de
retalhos". Em sntese, Ferretti prope a complexidade do termo sincretismo, seus
mltiplos sentidos que se aplicam s religies afro-brasileiras, e as variadas
combinaes de significados que pode apresentar conforme o contexto estudado
(FERRETI, 1995).
esta complexidade que consideramos como pressuposto, como assinala
BRAGA (1995, p.18):
Certo que o negro soube criar e soube valer-se de situaes sociais eculturais que lhe permitiram, de alguma maneira, alcanar resultadosprticos, necessrios consolidao de alguns de seus interesses
fundamentais... Toda vez que interessou aos propsitos de suasreivindicaes sociais o negro soube, com extrema competncia aproveitar-se da situao social em que vivia. Conduziu seu projeto maior de ascensosocial com habilidade, sabendo negociar, aproveitando das raras ocasiesfavorveis, para sedimentar bases slidas que ainda servem de substrato sdiferentes frentes de lutas...
Por outro lado, outros autores assim interpretam e entendem o
SINCRETISMO:
O processo sincrtico, observado do ponto de vista do negro escravizado, se
aproxima muito daquilo que L. Maldonado chama, positivamente, de sincretizao: areleitura dos significantes originrios enriquecendo-os de outros novos, para que o
significado no seja perdido. Se no fosse assim, como explicar a presena em seus
cultos de somente alguns smbolos catlicos? Por que existem esttuas de alguns
santos nos templos de vodu e nos terreiros de candombl, e faltam, em vez, outros
smbolos diretamente ligados missa catlica, por exemplo?
Para R. Bastide (1971), o chamado sincretismo resulta de trs modalidades
de relao: estrutural, cultural e sociolgica. O africano l o panteo catlico,transbordante de santos e virgens-marias, a partir da relao entre os orixs
intercessores e Olorum, deixando de lado, no entanto, a ideologia catlica do "sofre
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aqui para gozar no alm". Portanto, sincretismo significa a religio africana a
purificar o catolicismo quando aceita o culto aos santos.
Bastide no v o cristianismo como compensao para a desgraa dos
escravos, ou sublimao de seus sofrimentos. Explicar dessa forma o complexo
fenmeno do sincretismo afro-brasileiro "s tem cabimento para a mentalidade dos
brancos e somente possvel aos negros alienados". A leitura (cultural) dos santos
como aqueles que presidem diversas atividades humanas facilita a aproximao
com os orixs, tambm esses dirigentes de um determinado setor da natureza
(Xang, os relmpagos e troves; Oi-Ians, os ventos e tempestades; Oxum, a
gua doce) ou protetores das profisses (como Ogum, que protege todos aqueles
que trabalham o ferro).
Enfim, a prtica catlica das irmandades, com as suas disputas e rivalidades,
propicia um espao adequado a fim de que se mantenha certa emulao dentre as
diversas etnias africanas, contribuindo indiretamente com sua sobrevivncia. Assim,
conforme P. Verger, um angolano ou um congols residentes no Brasil se inscreve
na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens de cor do Pelourinho;
um daomeano jeje, na Irmandade de Bom Jesus dos Necessitados e da Redeno
dos Homens Negros; um nag-iorub, na Irmandade de Nossa Senhora da Boa
Morte, e assim por diante.
Portanto, no h to-somente uma aproximao entre orixs e santos, mas
antes a participao dos membros do candombl na vida da igreja catlica. E isso a
tal ponto que, se algum no for catlico, no poder tomar parte num terreiro.
Assim, e com um leve toque de imaginao, os escravos encontram nos santos
catlicos algo que os remete a seu panteo. Por exemplo, para a analogia entre
Oxal e Jesus Cristo basta a aproximao externa entre a bengala de Oxal velho e
a figura do Bom Pastor com seu cajado.Com procedimentos desse gnero, os negros reinterpretam inmeras festas
catlicas: Exu festejado no dia de So Bartolomeu; Xang, no dia de So Joo;
Ogum divide as comemoraes com So Jorge; Omolu, com So Sebastio; os
Ibejis (orixs da infncia), na festa de Cosme e Damio; Oxal brilha nos festejos do
ano novo (na Bahia, na festa do Senhor do Bonfim); e Ians, no dia de Santa
Brbara. Mas, as datas e as correspondncias santo-orix no so iguais para todas
as regies do Brasil. Xang So Jernimo na Bahia, o Arcanjo So Miguel no Riode Janeiro, e So Joo em Alagoas. Exu o diabo na Bahia (talvez, por causa de
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seu carter trickster), Santo Antnio no Rio de Janeiro, So Pedro no Rio Grande do
Sul (aqui entendido como porteiro e mensageiro dos deuses).
Proliferao de terreiros. Massificao, turismo, folclore. Dinheiro.Sincretismo.
Tudo isso, reunidos, formam interessantes Fenmenos SOCIOLGICOS, que
influenciam, direta ou indiretamente, na vida do povo brasileiro.
1.3 O CENSO DO IBGE E AS RELIGIES DOS BRASILEIROS
1.3.1 A decadncia da hegemonia catlica
H algumas dcadas, Ribeiro de Oliveira constatava o fenmeno da misturareligiosa sincrnica, verificada nas diversas camadas da populao brasileira. Para
ilustrar a singularidade do fenmeno, o autor apresentava os resultados dos
recenseamentos oficiais em relao religio declarada. Ali se percebia, de fato,
que, em 1950, 93,48% dos brasileiros se professa catlico; vinte anos mais tarde, a
cifra mantm-se em 91,77%. Durante o mesmo perodo, o nmero daqueles que se
declaravam espritas chegou at a baixar: de 1,59% em 1950 cai para 1,27% em
1970.Tais dados maravilhavam o referido pesquisador, uma vez que o crescimento
dos movimentos religiosos autnomos e do assim chamado "baixo espiritismo"
clarssimo. o que j indicava, por exemplo, o seguinte quadro, tirado de uma
pesquisa realizada h mais de trs dcadas numa favela carioca:
Tabela 1 - A DECADNCIA DA HEGEMONIA CATLICA
1937 1500 habitantes 1 capela
catlica
2 centros
espritas
1952 4513 habitantes 1 capelacatlica
1 Igreja protestante 4 centrosespritas
1967 30702habitantes
1 capelacatlica
9 igrejasprotestantes
18 centrosespritas.
Fonte: http://www.pucsp.br/rever/rv3_2002/t_soares.htm - acessado em 07.10.07, s 07h09m
Sem dvida, a agressividade apologtica dos decnios anteriores ao Conclio
Vaticano II sofreu um grave revs. Nada mais fez seno apavorar as pessoas e inibi-las socialmente o que explicaria porque existe a tendncia difusa de se esconder a
segunda religio. Segundo Ribeiro de Oliveira, os fatores da ortodoxia tiveram,
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ento, de se render mistura ritual, a fim de no perder a hegemonia na sociedade
civil.
Todavia, como foi possvel este revival explcito, sobretudo aps a dcada
de sessenta, de heranas simblico-religiosas consideradas praticamente
desaparecidas? M. C. Azevedo, 1986, sugere quatro fatores que poderiam explicar o
recente "fenmeno esprita": (Comunidades Eclesiais de Base e Inculturao da f,
p. 140-144):
Nas ltimas dcadas verificou-se uma notvel reaproximao de populaesde origem africana dos cultos e elementos subjacentes sua cultura. Osportes foram escancarados aps a perda da estrutura rural que sustentavaa religiosidade popular catlica. Contemporaneamente, foi intensificado oprocesso de descriminalizao das expresses culturais afro-brasileiras.
O espiritismo responde, alm do mais, necessidade popular domaravilhoso, que uma vez impregnara o catolicismo rural, e que provinhabasicamente de determinadas fontes africanas e indgenas. A parquiacatlica urbana - CEBs includas - no vinha satisfazendo mais esseaspecto.
Segundo M. C. Azevedo, 1986, com exceo da linha kardecista, os demais
espiritismos no tm uma grande bagagem de contedos mentais que promovam a
pessoa mediante novos conhecimentos - como, por exemplo, faz a Bblia. Oferecem,
em vez, um novo espao sensibilidade e afetividade que supre suficientemente adimenso ldica do catolicismo festivo. O caso que nem todos os clientes do que
Azevedo chama, genericamente, de espiritismo esto dispostos a enfrentar o longo
e exigente caminho inicitico.
Por fim, o espiritismo, nesse sentido lato usado por Azevedo, representaria
uma verdadeira ruptura contra dois elementos decididamente caros igreja: a
palavra (Bblia) e os sacramentos. Todavia, isso no requer - como fazem, em geral,
os movimentos religiosos pentecostais - um distanciamento institucional. O catlico
que o freqenta no se sente no dever de abandonar a igreja, e procura manter as
duas pertenas, uma vez que ambos se complementam na resposta a suas
necessidades religiosas.
A alternativa esprita atrai sempre mais o apelo religioso das pessoas. Os ritos
catlicos de integrao da biografia individual j vm sendo repetidos sem muita
clareza e convico, deixando progressivamente o espao ao espiritismo. Uma
tendncia que, no parecer de M. C. Azevedo, poder reduzir ou eliminar a
ambigidade da prtica religiosa das pessoas. O Autor vislumbra a lenta passagem
de um catolicismo popular festivo para um espiritismo popular festivo. O espiritismo
ritual j deve ter ultrapassado o catolicismo ritual (velas, despachos, devoes a So
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Jorge, Cosme e Damio, Iemanj). "Talvez, a prpria missa catlica - 7 dia, etc. - j
esteja situando-se, de modo impreciso, entre a 'conveno social' pura e um confuso
'ritual' passivo e no compreendido".
No se deve esquecer, porm, de que tanto as igrejas pentecostais quanto o
espiritismo tm a vantagem de contar com estruturas acentuadamente aliviadas do
peso hierrquico-piramidal, com a conseqente homogeneizao das classes. Da
resulta a crescente aproximao entre membros e lideranas. Soma-se a isso a
efetiva rede assistencial que tais organizaes tm em mos, e que fazem
estrepitoso sucesso em meio aos milhes de doentes, abandonados pelos rgos
pblicos (ir-)responsveis.
Por isso, ser catlico e ser brasileiro, apesar do anticlericalismo explcito da
Repblica Velha (1889-1930), praticamente permaneceu como sinnimo. E, com
exceo de solitrias vozes no deserto, a sociedade religiosa instaurada perdeu a
oportunidade de ser Evangelion. No foi uma Boa Notcia para os povos cujos
cuidados assumiram. No foi, portanto, igreja para eles.
A seguir, fomos buscar dados estatsticos e encontramos o seguinte:
1.3.2 Os dados do censo brasileiro
Conforme mostra a Tabela 1, abaixo, o pequeno contingente de afro-
brasileiros declarados representava em 1980 apenas 0,6% da populao brasileira
residente. Em 1991 eles eram 0,4% e agora, em 2000, so 0,3%. De 1980 a 1991 os
afro-brasileiros perderam 30 mil seguidores declarados, perda que na dcada
seguinte subiu para 71 mil. Ou seja, o segmento das religies afro-brasileiras estem declnio. Principalmente se levarmos em conta que, nesse interregno, a
populao do pas aumentou consideravelmente.Vejamos os dados comparativos:
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Tabela 2 - religies declaradas nos censos do Brasil em 1980, 1991 e 2000(populao no residente)
Religio 1980 1991 2000
Catlicos 89,2 83,3 73,8Evanglicos 6,6 9,0 15,4Espritas 0,7 1,1 1,4Afro-brasileiros 0,6 0,4 0,3Outras religies 1,3 1,4 1,8Sem religio 1,6 4,8 7,3
TOTAL (*) 100,0% 100,0% 100,0%
(*) No inclui religio no declarada e no determinada.Fontes: IBGE, Censos demogrficos.
http://revistaseletronicas.pucrs.br/civitas/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/108/104, acessado em 08.10.2007, s 11h27m
Tabela 3 - As religies afro-brasileiras nos censos de 1980, 1991 e 2000
Religio 1980 1991 2000 Incremento em %1980-1991 1991-2000
Religies afro-brasileiras(candombl +umbanda)
678.7140,57%
648.4750,44%
571.3290,34%
- 4,5% - 11,9%
Candombl (*) 106.9570,07%
139.3280,08%
(*)+ 31,3%
Umbanda (*) 541.5180,37%
432.0010,26%
(*) - 20,2%
Populao totaldo Brasil
119.011.052100%
146.815.788100%
169.799.170100%
+ 23,4% + 15,7
Candomblsobre o total deafro-brasileirosem %
(*) 16,5% 24,4%
Fonte: IBGE, Censos Demogrficos, 2003. (*) Dado no disponvel.http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/seguidor.doc., acessado em 08.10.2007, s 11h29s
Conforme o censo realizado em 2000, vemos que 73,8% dos brasileiros so
catlicos, 15,4% so evanglicos e logo a seguir vm os sem religio, com 7,3% de
auto-declarao. Somando-se estas trs principais religies, chegamos a um total de
96,5%. Com isso, conclumos que as demais religies ocupam apenas 3,5% da
populao brasileira.
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Todas as outras modalidades religiosas que no as catlicas e evanglicas se
acotovelam nessa faixa, que estreitssima. Claro que so muitas as outras
religies citadas pelos entrevistados, e o Censo as discerne nominalmente, mas
nelas se congregam populaes muito pequenas, para no dizer nfimas.
Os espritas kardecistas comparecem com apenas 2.337.432 adeptos, ou
1,38% da populao. Mas esto crescendo. Todavia, importante avaliarmos os
resultados obtidos no Censo do IBGE: recentemente, quando Chico Xavier morreu,
(cone brasileiro do kardecismo) seus seguidores afirmavam que existiam 10 milhes
de espritas no Brasil. Porm, de acordo com o censo, como vimos acima, so 2,3
milhes.
Mas, ao contrrio dos kardecistas, as religies afro-brasileiras -- objeto deste
trabalho -- esto diminuindo: no Censo 2000 seus seguidores so apenas 571.329,
ou apenas 0,34% dos brasileiros. Nesse nmero, os umbandistas so pouco mais
de 430 mil e os candomblecistas no chegam a 140 mil em todo o pas.
Podem ser muitas as razes do descenso afro-brasileiro, mas certamente
elas esto associadas s novas condies da expanso das religies no Brasil no
contexto do mercado religioso. A oferta de servios que a religio capaz de
propiciar aos consumidores religiosos e as estratgias de acessar os consumidores
e criar novas necessidades religiosas impem mudanas que nem sempre religies
mais ajustadas tradio conseguem assumir. preciso, sobretudo, enfrentar-se
com os concorrentes, atualizar-se.
Para religies antigas, podem ocorrer mudanas que mobilizam apenas um
setor dos lderes e devotos, como, por exemplo, ontem, a frao das Comunidades
Eclesiais de Base e, hoje, a parcela da Renovao Carismtica do catolicismo
(Prandi, 1997). Isso vale para os grandes grupos de religies congneres. No caso
dos evanglicos, avanam os renovados pentecostais, mas declinam algumas dasdenominaes histricas, tradicionais.
Certamente, o sincretismo catlico, que por quase um sculo serviu de
guarida aos afro-brasileiros, no deve mais lhes ser to confortvel. Quando o
prprio catolicismo est em declnio, a ncora sincrtica catlica pode estar pesando
desfavoravelmente para os afro-brasileiros, fazendo-os naufragar. Por outro lado,
sabido como muitas igrejas neo-pentecostais tm crescido custa das religies afro-
brasileiras, sendo que para uma de suas mais bem sucedidas verses, a IgrejaUniversal do Reino de Deus, o ataque sem trgua ao candombl e a umbanda e a
seus deuses e entidades constitutivo de sua prpria identidade (Mariano, 1999).
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No interior das religies afro-brasileiras, o pequeno candombl foi crescendo.
Mostra a Tabela 2 acima, que, em 1991, o candombl j tinha conquistado 16,5%
dos seguidores das diferentes denominaes de origem africana. Em 2000, esse
nmero passou a 24,4%. O candombl cresceu para dentro e para fora do universo
afro-brasileiro. Seus seguidores declarados eram cerca de 107 mil em 1991 e quase
140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 31,3% num perodo em que a
populao brasileira cresceu 15,7%. Por outro lado, a umbanda, que contava com
aproximadamente 542 mil devotos declarados em 1991, viu seu contingente
reduzido para 432 mil em 2000. Uma perda enorme, de 20,2%. E porque o peso da
umbanda maior que o do candombl na composio das religies afro-brasileiras,
registrou-se para este conjunto nada mais nada menos que um declnio de 11,9%
numa s dcada. Na dcada anterior, as religies afro-brasileiras j tinham sofrido
uma perda de 4,5%, declnio que no somente se confirmou como se agravou na
dcada seguinte. Em suma, o conjunto encolheu, mas o candombl cresceu.
2 AS PRINCIPAIS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS
2.1 O CANDOMBL
Religio afro-brasileira que cultua os orixs, deuses das naes africanas de
lngua Yorub dotados de sentimentos humanos como cime e vaidade, e que tem
suas origens no Bantu, Nag e Yorub.
O candombl chegou ao Brasil entre os sculos XVI e XIX com o trfico de
escravos negros da frica Ocidental. Sofreu grande represso dos colonizadores
portugueses, que o consideravam feitiaria.
a religio que mais conservou as fontes do panteo africano, servindo como
base para o assentamento das divindades que regeriam os aspectos religiosos da
Umbanda. conhecido e praticado, no s no Brasil, como tambm em outras
partes da Amrica Latina onde ocorreu a escravido negra - a Santera -- similar
cubana, por exemplo, muito famosa.
Em seu culto, para cada Orix h um toque, um tipo de canto, um ritmo, uma
dana, um modo de oferenda, uma forma de incorporao, um local prprio e uma
saudao diferente. A autoridade suprema no Candombl, o mestre, guia e chefe de
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um terreiro, encarregado de dirigir o culto aos orixs, chamado Babalorix, pai-de-
santo, bab ou babala.
A palavra candombl sinnimo de religio africana. Sempre foi e usada
ainda neste sentido. O Candombl propriamente dito, uma dana religiosa, de
origem africana, na qual os iniciados reverenciam ou rezam para seus Orixs. A
dana , portanto, uma invocao. praticada principalmente por pessoas do sexo
feminino, chamadas sambas. Homens tambm podem participar da dana, mas o
bailado das sambas tem maior efeito invocador.
As reunies so realizadas em barraces rsticos e erguidos de acordo com
certos preceitos: o feitio do barraco retangular, com telhado coberto de palmas e
ao seu redor so construdas casinholas para assentos dos santos.
Os deuses do Candombl tm origem nos ancestrais africanos divinizados h
mais de 5000 anos. Muitos acreditam que esses deuses eram capazes de manipular
as foras naturais, por isso, cada orix tem sua personalidade relacionada a um
elemento da natureza.
As cerimnias so realizadas com cnticos, em geral, em lngua nag ou
yorub. Os cnticos em portugus so em menor nmero e refletem o linguajar do
povo. H sacrifcios de animais (galo, bode, pomba) ao som de cnticos e danas. A
percusso dos atabaques constitui a base da msica. O despacho exige azeite de
dend, farofa, cachaa e outras oferendas, variando conforme a necessidade.
Os filhos de santo so os sacerdotes dos orixs e nem todos so preparados
para receber os santos. Existem os que sacrificam animais, os que cuidam dos guias
quando os espritos baixam e ainda os que tocam o atabaque e os que preparam a
comida a ser oferecida. A sntese de todo o processo seria a busca de um equilbrio
energtico entre os homens e a energia dos seres que habitam o orum, o suprareal
(que tanto poderia localizar-se no cu - como na tradio crist - como no interior daTerra, ou ainda numa dimenso estranha a essas duas).
No Brasil, existem diferentes tipos de Candombl, o Queto, na Bahia, o
Xang, em Pernambuco, o Batuque, no Rio Grande do Sul e o Angola, em So
Paulo e Rio de Janeiro. Eles se diferenciam pela maneira de tocar os atabaques,
pela lngua do culto, e pelo nome dos orixs. A zona de maior propagao dessa
religio encontra-se nos arredores de Salvador, Bahia.
O mais antigo terreiro de Candombl da Bahia nasceu h 450 anos. conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca, e fica na avenida Vasco da Gama,
em Salvador. Por volta de 1830 trs mulheres negras conseguiram fundar o primeiro
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templo de sua religio na Bahia, conhecida como Yl Y Nass, casa da me
Nass. (Nass seria o ttulo de princesa de uma cidade natal da costa da frica).
Seria o primeiro terreiro resistindo s opresses catlicas. Da casa da me Nass se
originam outros que sobrevivem at hoje, e que fazem parte do grande
CANDOMBL DA BAHIA: o Gantis, cuja ilustre dirigente foi me menininha do
gantis (falecida em 1986), e o Ax Op Afonj, em So Gonalo do Retiro, que, por
sua vez, deram origem a muitas outras, em cada canto de Salvador, das principais
cidades do interior e de outros estados brasileiros.
2.1.1 Generalidades do Candombl
Caboclo - Existem os chamados "Candombls de Caboclo", tpicos dos cultos
trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimnias, as filhas e os filhos de santo
incorporam no apenas os orixs (que jamais conversam com os presentes), mas
tambm os espritos de "caboclos", que seriam entidades de luz da corrente
indgena.
No Candombl, o caboclo o dono da terra. Em Salvador h uma festa
anual que dura trs dias em sua homenagem. Os caboclos, na sua maioria, so
espritos de ndios, exceto o Boiadeiro, que vaqueiro; o Martin Pescador, que como
o nome j diz, pescador; o Marujo que marinheiro e alguns outros. Os caboclos
de maior popularidade so: Oxoss, Tupinamb, Tupiniquim, Sete flechas, Pena
Branca, Sulto das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta (este ultimo teria
sido o espirito do famoso pai de santo Joozinho da Gomeia), Er, Rompe Mato,
Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os Candombls so em maioria
caboclos, so um misto de Keto e Angola.Vodum - A religio dos orixs entre os Iorubs-nags (Nigria/Benin) e dos
voduns entre ev-fon (Togo/Benin), no Brasil conhecido como Jejes ou Minas, est
ligada nao de famlia numerosa originria de um mesmo antepassado que
engloba os vivos e os mortos. Em principio seria um ancestral divinizado que em
vida estabelecera vnculos que lhe garantiam um controle sobre as foras da
natureza, como o trovo, as guas, o vento ou a possibilidade de exercer atividades
como a caa, trabalho com metais e o conhecimento de propriedades das plantas esua utilizao.
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Mavu Lissa - A mais importante divindade dos voduns. Lissa simboliza o
principio masculino, o sol e representado pelo camaleo. Mavu simboliza o
principio feminino, a lua, considerada me de todos os sexos. So representados
por duas metades de uma cabea embranquecida. Mavu e Lissa exprime a unidade
do mundo concebido em termos de qualidade, na nao Keto Olorum.
Xapan/Sapat - Divindade da varola e das doenas contagiosas. Xapan
chamado Obalua ou Omolu, e o vodum Sapat o dono da terra e rei das prolas.
Seu dia segunda-feira.
Egun - Alma dos mortos cultuada nas famlias. Os Eguns recebem as peas e
oferendas dos seus descendentes e proferem em reciprocidade, beno e votos de
felicidades.
Tambor - Tambor das Minas ou tambor de Mina. Um dos nomes do culto Jeje
de Candombl no Maranho, j que as cerimnias eram marcadas pelo toque de
tambores.
Terreiro - Uma casa de santo pode existir em qualquer espao, desde que
tenha ligao com a terra, neste espao existem pontos, instalados pelo pai ou me
de santo, que todo terreiro deve ter. Sendo uma religio inicitica, o acesso a certos
espaos do terreiro, como por exemplo, pejis, ronc, cozinha, est vinculado ao
conhecimento da religio que o indivduo tem. Apenas os ebomis transitam
livremente por todos estes espaos.
O candombl ainda necessita de outros espaos para realizao de seus
rituais e por ser tambm uma religio tribal, originria de sociedades agrrias, sua
relao com a natureza, do ponto de vista dos rituais se encontra bastante
prejudicada em grandes cidades como So Paulo, por exemplo.Tornam se
necessrias adaptaes, substituies, muito lamentadas pelos sacerdotes.
Cerimnias Pblicas - Festa ou Toque o nome que se d, genericamente,
cerimnia pblica de candombl. O objetivo principal a presena dos orixs entre
os mortais. Sendo a msica uma linguagem privilegiada no dilogo dos orixs, a
festa pode ser entendida como um chamado ou uma prece, pedindo aos deuses que
venham estar junto a seus filhos, seja por motivo de alegria ou necessidade.
Tratando-se de uma festa,todo o terreiro enfeitado com folhas na parede e
no cho e os trs atabaques (RUM, RUMPI, L), considerados aqueles que chamamos orixs juntamente com EX, recebem comidas e so enfeitados com laos na cor
do orix ao qual foram consagrados. Todas as festas acontecem no espao do
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Religio afro-brasileira que mistura crenas e rituais africanos com
europeus. As razes umbandistas encontram-se em duas religies trazidas da frica
pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candombl, da nao nag. Cavalcante
Bandeira reporta-se aos mestres do idioma africano, citando o vocbulo umbanda
como: Arte de curar, Magia, Faculdade de curar por meio da medicina natural ou
sobrenatural; ou ainda Os sortilgios que, segundo se presume, estabelecem e
determinam a ligao entre os espritos e o mundo fsico. O vocbulo Umbanda s
pode ser identificado dentro das qualificadas lnguas mortas. Assim, a palavra
"UMBANDA" oriunda do Snscrito, que se pode traduzir por DEUS AO NOSSO
LADO ou AO LADO DE DEUS.
Uma das religies afro-brasileiras mais praticadas no Brasil, com maior
propagao na Bahia e no Rio de Janeiro, a Umbanda brasileira comeou a ser
formada por volta de 1530, com a mistura de concepes religiosas trazidas pelos
negros da frica, na poca da escravido.
Todavia, o primeiro terreiro foi fundado somente em 15 de novembro de 1908,
atravs de Zlio Fernandino de Moraes. Na poca com 17 anos, Zlio, que fazia
parte de uma famlia tradicional de Niteri, RJ, incorporava o chamado Caboclo das
Sete Encruzilhadas e foi o responsvel pela formao de sete tendas que acabaram
difundindo a Umbanda. Todas as tendas funcionavam sob o lema: "manifestao do
esprito para a caridade" e usavam rituais simples com cnticos baixos e
harmoniosos.
2.2.1 Aspectos Caractersticos da Umbanda
A Umbanda uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o Catolicismo, oEsoterismo, etc... o que no impede de haver entre elas diferenas essenciais que
lhe do caractersticas prprias. resultante natural da fuso espiritual das raas
branca, ndia e negra. A Umbanda incorpora os adeptos dos deuses africanos como
caboclos, pretos velhos, crianas, boiadeiros, espritos das guas, eguns, Exs, e
outras entidades desencarnadas na Terra, sincretizando geralmente as religies
catlica e esprita.
Fundamento bsico a crena ou culto aos espritos evoludos. Sua lei
principal resumida numa s palavra: CARIDADE no sentido do amor fraterno em
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benefcio dos seus irmos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raa, o credo e a
condio social, no podendo haver ambicioso, vaidoso, mistificadores, pois estes,
mais cedo ou mais tarde, so afastados da Umbanda pelos espritos de luz. Por tais
razes, os atendimentos na Umbanda so totalmente gratuitos.
O sacrifcio de animais (oferenda de sangue) nunca foi, no e nem ser
ritual de Umbanda. No cobrar, no matar, usar o branco, evangelizar e utilizar as
foras da natureza so rituais de Umbanda.
O chefe da casa conhecido como Pai de Santo e seus filiados so os filhos
ou filhas de santo. O Pai de Santo principia a cerimnia com o encruzamento e a
defumao dos presentes e do local. Seguem-se os pontos, cnticos sagrados para
formar a corrente e fazer baixar o santo.
Muitos so os orixs invocados na cerimnia de Umbanda, entre eles Ogun,
Oxssi, Iemanj, Ex, entre outros. Tambm se invocam pretos velhos, ndios,
caboclos, ciganos.
A Umbanda absorveu das religies africanas o culto aos Orixs e o adaptou
nossa sociedade pluralista, aberta e moderna, pois s assim um culto ancestral
poderia renovar-se no meio humano, sem que a identidade bsica dos seus deuses
fosse perdida. A Umbanda definida pelos umbandistas como um movimento
mgico religioso, genuinamente brasileiro, e a sua finalidade primordial como
religio a de despertar anseios de espiritualidade na criatura humana. Para que
esse despertamento se faa, torna-se necessrio um permanente estado de
religiosidade, onde toda vivncia baseada na compreenso e plena sensibilidade
(no sentimentalismo), para com tudo e todos que nos cercam e compem a
humanidade.
A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, que so
chamados de guias, os quais entram em contato com os homens por intermdio deum iniciado (o mdium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de
figuras como o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os elementos africanos
misturam-se ao catolicismo, atravs do que conhecemos como sincretismo
religioso, criando a identificao de orixs com santos. Outra influncia sofrida pela
umbanda do espiritismo kardecista, que acredita na possibilidade de contato entre
vivos e mortos e na evoluo espiritual aps sucessivas vidas na Terra. Incorpora
ainda, a umbanda, ritos indgenas e prticas mgicas europias.Na Umbanda o Ex uma Entidade (alma) que cuida da Segurana da casa
e de seus mdiuns.A reunio de Ex ou Gira de Ex tem como finalidade
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descarregar os mdiuns e os consulentes. Unindo suas energias eles so capazes
de entrar em contato e orientar mais facilmente com almas que ainda no
encontraram um caminho. Estas almas vivem entre os encarnados, prejudicando-
os, obsedando e at mesmo trazendo-lhes um desequilbrio to grande que estes
so considerados loucos.
Os Exs so almas que riem, fazem troa, mas no brincam em servio,
segundo os entendidos da umbanda. Cada pessoa que entra em uma casa de
Umbanda traz consigo seu saco de lixo cheio (so seus pensamentos, suas raivas,
suas desiluses...) e so os Exs os trabalhadores encarregados de juntarem todos
estes sacos para descarregar, dando a cada um a oportunidade de diminuir o seu
lixo e facilitando as prximas limpezas.
Os Exs so considerados pelos umbandistas como a polcia espiritual das
casas de Umbanda e trabalham ligados s falanges das Sete Linhas de Umbanda,
que trabalham nos Templos.
Os Ex e a Pomba Gira so tidas pelos umbandistas como aquela polcia
que guarda e toma conta das ruas, obedecendo sempre uma hierarquia de
comando, que o Ex chefe do Terreiro, e acima dele os guias chefes da Casa. Os
Exs so vistos, tambm, na umbanda, como aqueles lixeiros alegres que passam
pelas ruas recolhendo toda a sujeira. Vm com brincadeiras e algazarras, mas
fazem um trabalho enorme em benefcio da sociedade. E as Pombas-gira seriam
as margaridas -- mulheres que trabalham tambm na limpeza das ruas e da
cidade, exercendo a sua profisso com presteza e determinao. Os Exs e
Pomba-gira prestam obedincia ao Chefe da Casa.
Outra curiosidade na Umbanda diz respeito, hoje, ao uso generalizado de
atabaques nessa religio. Quando o Pai Zlio Fernandino de Moraes registrou em
cartrio a primeira tenda Umbandista em 1908, sua prpria casa, a Tenda deUmbanda Nossa Senhora da Piedade no tocava atabaques, mas estes
instrumentos do Candombl foram incorporados a religio e hoje difcil encontrar
um terreiro de Umbanda que no os possua em seus rituais.
As prticas existentes dentro dos terreiros de Umbanda variam muito. Alguns
demonstram uma ligao mais forte com o Espiritismo, outros se aproximam mais do
Candombl. Em comum, tm a fora dos rituais, denominados giras, em que os
filhos e filhas-de-santo entoam cnticos e danam ao som dos atabaques. Ascerimnias geralmente acontecem noite e se estendem madrugada adentro. Os
espritos que "descem" incorporam-se nos fiis que esto participando da gira.
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Aqueles que "recebem" os espritos so chamados de cavalos. Durante a
incorporao, o "cavalo" permanece inconsciente, e quem fala atravs dele seu
"guia", ou seja, a entidade espiritual a ele associada. Para auxiliar os cavalos,
existem os cambonos, que ocupam papel relevante na hierarquia do terreiro. Mas a
posio mais elevada cabe me ou ao pai-de-santo, que a pessoa responsvel
pelos trabalhos espirituais.
Nos terreiros umbandistas, o ponto focal o cong, altar profusamente
enfeitado com flores, velas acesas e colares de contas coloridas, que simbolizam os
diferentes santos e orixs. No cong, imagens de Jesus, Nossa Senhora e santos
catlicos dividem espao com estatuetas de preto-velhos, caboclos, ciganos,
marinheiros e outras entidades espirituais.
Para a umbanda, seu Mestre Supremo Jesus, considerado como o Filho de
Deus.
Eles acreditam que Os mentores da Umbanda, sediados na Aruanda
(cidade localizada no plano astral), j determinaram sabiamente o procedimento
normativo, religioso para os setenta anos vindouros, 1979/2049, como sendo o
perodo de Afirmao Doutrinria. Obviamente, a doutrina de Umbanda ficar como
ponto essencial para a estabilidade e perpetuao desse movimento, na forma
digna, ensejada pelo estudo constante, a par do esforo sincero de cada devoto, no
sentido de conduzir a Umbanda, no plano fsico, a um merecido status de religio
organizada, a servio da comunidade religiosa nacional.
Vejamos, a seguir, algumas outras caractersticas da Umbanda:
Jogo de Bzios - Orculo usado como canal de comunicao entre os
homens e os deuses. comandado por If, o orix da adivinhao.
Quizilas - Coisas que desagradam aos orixs. Nesse grupo, se incluem
certos tipos de alimentos, alm de cores, perfumes e uma infinidade de elementos.Por exemplo: O sangue a quizila de Xang.
Obrigaes - De tempos em tempos, o adepto do Candombl tem o dever de
prestar certas homenagens e de fazer oferendas para seus orixs, de modo que
possa contar sempre com seus favores e sua proteo.
Oferendas - Quando as entidades que compem as diferentes falanges esto
incorporadas, elas se prestam a aconselhar seus consulentes e a realizar alguns
rituais. Nestas ocasies, utilizam-se dos quatro elementos bsicos da Natureza - ouseja, AR, TERRA, FOGO e GUA.
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por isso que, muitas vezes, essas entidades solicitam cigarros, bebidas,
alimentos. Cada item pedido corresponde a determinados elementos naturais. Veja
os exemplos:
gua e bebidas no-alcolicas: Servem para a cura, pois simbolizam a
fora, o remdio e o poder gerador.
Bebidas alcolicas: Pertencem ao elemento Fogo e permitem transmutar as
energias.
Cachimbo, charuto ou cigarro: Une o Fogo, a gua, a Terra e o Ar,
sintetizando, assim, os elementos de todas as linhas.
Sacrifcios Os sacrifcios de aves e animais totalmente alheio
Umbanda.
Agog - Sineta de ferro dupla, que acionada pelo alab para dar incio
cerimnia.
Atabaques (rum, rumpi e l) - Instrumentos musicais tocados durante as
cerimnias por filhos de santo designados especificamente para essa funo.
Barraco - Grande sala, onde ocorrem os rituais, inclusive as cerimnias
abertas ao pblico.
Camarinha - Pequenos "quartinhos" espalhados pelo terreiro, dentro dos
quais os filhos e filhas de santo se recolhem por ocasio de sua iniciao.
Peji - Altares das Divindades. Nos pejis so depositadas as oferendas.
Alab - Responsvel pelos atabaques e pelo toque do agog, que marca o
incio dos trabalhos.
Axoguns - So os filhos-de-santo encarregados de executar os servios
sacrificiais. Trabalham sempre sob a superviso do babalorix ou da ialorix
responsvel pela casa.
Babalorix - Chamado tambm de zelador do terreiro ou pai-de-santo, odirigente dos trabalhos. sobre ele que recai a responsabilidade pelos trabalhos
espirituais realizados na casa. Aplica-se essa expresso somente para o sexo
masculino.
Ekede - uma espcie de "monitora". Durante os rituais, ela conduz as ias
incorporadas at seus respectivos pejis, e as paramenta com as roupas e as armas
correspondentes ao orix incorporado.
Ialorix - Exatamente a mesma coisa que babalorix, s que neste caso,trata-se de algum do sexo feminino. Tambm chamada de "me-de-santo" ou
zeladora.
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Las - Filhas-de-santo, que entoam os cnticos de louvor aos orixs e
danam em roda, durante os trabalhos. Em geral, so entoadas de trs a sete
cantigas para cada orix. Quando este "desce", incorpora-se nas ias
correspondentes. Vale ressaltar que as ias dividem todas as atividades realizadas
no terreiro, inclusive limpeza, preparao das oferendas, etc.
Ogans - Filhos-de-santo encarregados de garantir a manuteno do terreiro,
por meio de contribuio financeira ou de algum benefcio obtido por meio de seu
prestgio pessoal. So sempre designados pelo responsvel da casa. Cabe ao
Conselho de Ogans garantir a subsistncia material do terreiro.
Pai-pequeno (ou me-pequena) - Assistente direto do babalorix ou da
ialorix.
2.2.2 MANTRAS DE UMBANDA
Um mantra ou ponto cantado, uma srie de slabas que invocam a energia
dos Orixs ou de Entidades espirituais durante as sesses atravs da energia
mental.
A relao entre a fala, a respirao e o mantra podem ser mais bem
demonstrados atravs do mtodo pelo qual o mantra funciona. Como vimos, um
mantra uma srie de slabas cujo poder reside em seu som; atravs da
pronunciao repetida, pode-se obter controle sobre uma determinada forma de
energia. A energia do indivduo est fortemente ligada energia externa, e uma
pode influenciar a outra. possvel influenciar a energia externa, efetuando os assim
chamados "milagres". Tal atividade realmente o resultado de se ter controle sobre
a prpria energia, atravs do qual se obtm a capacidade de comando sobre
fenmenos externos.
2.2.3 O sincretismo da umbanda com outras religies
Alm do sincretismo clssico entre a herana religiosa africana e o
Catolicismo, a Umbanda absorveu elementos do Espiritismo kardecista, de modo
que, no decorrer dos rituais, o fiel se comunica com espritos desencarnados. Osincretismo entre orixs e santos catlicos muito forte. Vejamos as principais
correspondncias:
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Eu - Nossa Senhora das Neves.
Ians - Santa Brbara.
Ibejis - Cosme e Damio.
Iemanj - Virgem Maria, principalmente Nossa Senhora da Conceio e
Nossa Senhora dos Navegantes.
Logum - So Miguel Arcanjo e Santo Expedito.
Nan - Santa Ana, me de Maria.
Ob - Santa Catarina, Santa Joana DArc e Santa Marta.
Obaluai - So Lzaro e So Roque.
Ogum - Santo Antonio e So Jorge.
Oxal - Jesus.
Oxssi - So Jorge e So Sebastio.
Oxum - Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora Aparecida.
Oxumar - So Bartolomeu.
Xang - So Francisco de Assis, So Jernimo, So Joo Batista e So
Pedro.
2.3 A QUIMBANDA
Terceira maior religio afro-brasileira, a Quimbanda, por sua vez, diferencia-
se das outras acima citadas, pois suas influncias no so somente Bantu, Nag e
Yorub. Tambm abrangem em larga escala vrios aspectos da Religio Indgena,
Catlica, o Espiritismo moderno (kardecismo), a alquimia, o estudo da natureza
fundamental da realidade e Correntes Orientais.
A formao da Quimbanda teve uma forte influncia dos escravos e ndiosque sincretizaram Ex com o Diabo, por este ser inimigo dos brancos e por no
aceitarem os Santos Catlicos, identificando-se assim mais uma vez com o Diabo.
Com o advento da Umbanda comeou o trabalho de Quimbanda em Terreiros de
Umbanda, o que deu sustentao firme aos trabalhos com os Compadres e Exs e
assim formatou-se o atual culto da Quimbanda. Na verdade pode-se dizer que a
Quimbanda, como a conhecemos atualmente, nasceu juntamente com a Umbanda,
em 15 de novembro de 1908, pois uma Linha completa a outra.
A Quimbanda, tambm conhecida pelos leigos como macumba, uma
ramificao da umbanda que pratica a magia negra. Embora cultuem os mesmos
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Orixs e as mesmas entidades, se sirvam das mesmas indumentrias, e tenham em
seus terreiros semelhanas muito marcantes, tais como a presena de um cong
(altar) repleto de imagens dos santos catlicos simbolizando os orixs, caboclos e
pretos velhos, existem entre as duas religies diferenas fundamentais e decisivas.
Uma delas que na Quimbanda so realizados despachos com animais como galos
e galinhas pretas por exemplo, plvora, objetos da pessoa a quem se quer
prejudicar, dentes, unhas ou cabelo de pessoas ou animais. Estes despachos
costumam-se realizar a meia-noite em locais como encruzilhadas e cemitrios.
Outra prtica bastante freqente da quimbanda e que tambm se encontra
presente no vodu haitiano sob o nome de paket, o envultamento. Este, diz
respeito construo de um boneco de pano ou qualquer outro material, desde quepertencente pessoa a quem quer se prejudicar, e a seguir alfinetes ou pregos so
utilizados para transpassar o corpo da imagem.
Uma das prticas mais conhecidas da Quimbanda a Gira dos Exs, ou
Enjira dos Exs, cerimnia realizada, via de regra meia noite, na qual diversos
Exus incorporam nos mdiuns e passam a danar, beber, fumar, utilizando-se de
uma linguagem bastante grosseira.
A Quimbanda est organizada hierarquicamente em sete grandes reinos, que
compem as Sete Linhas da Quimbanda, sendo que na Quimbanda tambm
Oxal quem manda. O Sr. Omolu o Rei, coroado por Oxal, e este delega os
poderes aos ExsChefes de Falange.
Assim como h as sete linhas que regem e organizam as foras existentes
dentro da Umbanda, dentro da Quimbanda o mesmo acontece e processa, pois
conforme eles definem, "tudo que h em cima, h em baixo".
Um dado muito interessante, colhido na realizao deste trabalho, foi a
seguinte informao, prestada pelo Xang Damio Preto - Trabalho 33 - Grau 01,
no dia 07/11/2005:
O Reino de Exu composto em sua totalidade por um povo de18.672.577 Exus, divididos em 7 linhas, onde estas linhas compreende1.111 legies, o que se entende que h 2401 Exus distribudos nas
falanges, sem contar os Kiumbas existentes e transitrios na LinhaMista. (Extrado do site http://www.umbandavirtual.byhost.com.br/consulta.php?id=375,acessado em 23.11.2006).,
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De se perguntar, como curiosidade, como foi que chegaram a esse nmero
existente de Exus!
Por outro lado, encontramos esta explicao tambm assaz interessante, do
Sr. Ronald Sanson Stresser Junior, o qual se diz entendido na quimbanda, e reside
em Salvador - BA:
importante lembrar que quando o Ex, qualquer um deles, estiverincorporado no Pai de Santo, no dirigente dos trabalhos, ele esttrabalhando com a Coroa e por este motivo o Chefe dos trabalhos da Girade Quimbanda, tendo liberdade de movimento entre os Reinos atravs docontato com os outros Exs presentes no trabalho. Trabalhar com os"compadres" Exs requer muito respeito e considerao por parte dosdirigentes, mdiuns e consulentes pois so entidades muito poderosas, demuito Ax.
(Extrado de http://www.ruadasflores.com/quimbanda/ , acessado em 07.10.2007, s 8h25s).
As entidades que constituem a Quimbanda so denominadas Exs, Pombas-
gira e Exs-mirins. Tm misso crmica definida e trabalham no sentido de evoluir
no plano espiritual, exatamente como os integrantes de todas as outras falanges.
Os Exs so responsveis pelos trabalhos de proteo, alm de terem
energia vitalizadora e promoverem a desagregao de energias malficas. Existe
ainda um outro papel, muito delicado, que cabe aos integrantes desta hierarquia: ode liberar o consciente e o inconsciente do fiel que estiver se preparando para
desenvolver um trabalho mais ativo no terreiro. As entidades de Quimbanda podem
trazer tona os traumas e os segredos reprimidos - conscientemente ou no - pelo
"filho de f".
Sendo assim, pode acontecer de os "cavalos" que estejam incorporando
essas entidades de Esquerda usar linguajar torpe ou adotarem comportamentos
duvidosos. Nestes casos, deve-se entender que aquele no o procedimento daentidade em si - na verdade, pode tratar-se de uma "faxina" no inconsciente do
prprio mdium.
Seus adeptos entendem que a natureza complexa da misso confiada aos
espritos da Quimbanda os torna bem mais difceis do que as demais entidades.
Sendo assim, necessrio ter muito CONHECIMENTO e, principalmente,
DISCERNIMENTO, para lidar com essas foras.
2.4 O CATIMB
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Culto estudado como uma das manifestaes afro-brasileiras que comeou
sob forma de um ritual de origem indgena, com o tempo foi assimilando elementos
do Candombl, tornando-se uma manifestao cultural independente, cultuado ate
hoje. Entretanto mais conhecido por ser uma das correntes formadoras do
sincretismo umbandista brasileiro. O culto bsico simples, resume-se no transe
medinico do paj, que atende as consultas dando orientao mdica, prevendo o
futuro, e resolvendo questes prticas. Aqui sua funo se aproxima a do
Babalorix, j que ambos so pessoas que conhecem as folhas que curam ou
provocam doenas, bem como aqueles que exercem ou orientam a nao para
atravs do astral conseguirem o que lhes negado pelo mundo material. O termo
Catimb originalmente se refere ao cip que o indgena utilizava para entontecer os
peixes e apanh-los com maior facilidade. No catimb, no so os deuses que se
incorporam, mas os espritos dos antepassados, o que influenciou claramente as
linhas mestras do ritual umbandista.
2.5 O XANG
Cultos de origem nag ou cultos sincrticos por eles fortemente influenciados,
na regio nordestina, especialmente em Pernambuco e Alagoas. Tambm pode ser
encontrado o termo, designando um culto semelhante ao Candombl de caboclo.
Essa extenso do nome de um orix totalidade do culto originada no grande
numero de devotos de Xang entre os escravos que se fixaram na rea.
2.6 O BABACU
Culto brasileiro da Amaznia, especialmente de Belm do Par. Tem muito da
Umbanda em seus ritos, sendo formado pelo sincretismo entre o Candombl, cultos
indgenas nativos e informaes crists em geral.
2.7 O CULTO VODU
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Tem sua origem entre os negros do Daom (atual Benin) e se baseia em dois
pilares principais: a incorporao dos prprios deuses pelos fiis e a invocao dos
espritos dos antepassados, com o objetivo de se fazer consultas oraculares.Essa
crena se disseminou largamente no Haiti, onde ganhou os contornos de uma
religio afro-crist repleta de mitos supersticiosos e demonstraes exageradas de
fora e poder.
No Brasil, esse culto no to popular quanto o Candombl e a Umbanda,
mas conta com um bom nmero de adeptos, sobretudo na regio de So Luis do
Maranho. Foi l que, em 1796, foi fundado o culto Mina Jeje, pelos negros fons,
originrios de Abomey ( poca, capital do Daom). A famlia real Fon trouxe
consigo o culto s divindades (voduns, equivalentes aos orixs) e Serpente
Sagrada, denominada Dan (correspondente ao orix Oxumar).
No Maranho, a sacerdotisa - que equivaleria me-de-santo do Candombl
- chamada de Noche. Quando o homem ocupa este cargo, recebe a
denominao de Toivoduno.
A mais famosa Noche da Histria do culto vodu maranhense foi Me
Andresa. Acredita-se que tenha sido a ltima princesa de linhagem direta da famlia
real Fon. Morreu em 1954, aos 104 anos de idade.
2.8 O TERMO MACUMBA
a gria popular para freqentadores dos terreiros, independente da sua
funo - que so chamados de macumbeiros. originalmente o nome africano de
um instrumento musical. O termo usado genericamente pelos leigos para designar
a totalidade dos cultos afro-brasileiros, num sentido pejorativo como sinnimo defeitiaria primitiva. Serve tambm para indicar os diversos alquidares e despachos
encontrados na rua. Geralmente denota uma postura no mnimo mal informada e
preconceituosa que joga na mesma vala manifestaes culturais e teolgicas
bastante distintas reduzindo os cultos a meras manifestaes.
3 AS RELIGIES E SUAS LITURGIASEm resumo, o Candombl, a Umbanda, a Quimbanda, o Catimb, etc., so
prticas espritas, vinculadas ao espiritismo pago, ou baixo espiritismo.
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Mas quem so os orixs? Que so essas entidades a quem os
candomblecistas prestam culto e adoram? Vejamos alguns conceitos:
A liturgia do candombl reverencia a memria dos orixs, praticada por
aqueles que se acreditam seus descendentes, como forma de trazer seus espritos
de volta ao convvio dos vivos pela reencarnao durante o culto. O nome orix se
aplica s divindades trazidas ao Brasil pelos negros escravizados da frica
ocidental. Entre os escravos, orix foi traduzido por santo, em analogia com os
santos catlicos, expediente destinado a proteger culto contra a intolerncia oficial.
As cerimnias de invocao aos orixs se realizam nos terreiros.
Cada orix reverenciado com suas cores, insgnias e comidas
caractersticas, danas e gritos de saudao.
Reginaldo Prandi, professor do Departamento de Sociologia da Universidade
de So Paulo (USP) e que estuda h 15 anos as religies afro-brasileiras, autor do
livro "Mitologia dos Orixs", assim se refere:
A mitologia dos orixs fala do cotidiano dos deuses e de sua interao comos homens, de uma poca em que havia trnsito entre homens e deuses,como, alis, em todas as mitologias. Os orixs so as divindadespredominantes nas religies afro-brasileiras, como o candombl e aumbanda, e serviram de modelo para deuses de outras naes negras. (http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v16n46/a13v1646.pdf, acessado em 08.10.07, s 11h20m)
3.1 QUEM SO OS ORIXS
De acordo com o Dicionrio de Cultos Afro-Brasileirosde Olga Cacciatore,
os orixs so divindades intermedirias entre Olorum (o deus supremo) e os
homens. Na frica eram cerca de 600. Para o Brasil vieram talvez uns 50, que esto
reduzidos a 16 no Candombl, dos quais s 8 passaram para Umbanda. Muitos
deles so antigos reis, rainhas ou heris divinizados, os quais representam as
vibraes das foras elementares da natureza: raios, troves, tempestades, gua;
atividades econmicas, como caa e agricultura; e ainda os grandes ceifadores de
vidas, as doenas epidmicas, como a varola, etc Orix, portanto, uma fora de
criao divina e uma manifestao de Olorum. Olorum, o Criador, tudo: no tem
representao nem fetiches. infinito. o Pai da criao universal. Corresponde,
pois, idia de Deus.. A palavra Orix significa Ministro de Olorum.
Todos os seres humanos nascem da natureza, num determinado lugar, dia ehora, sob o comando de um Orix. Assim, claro est que receberam a influncia
desse Orix e, portanto, cada um ter em toda a sua vida as vibraes e proteo
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do Pai Orix a que est vinculado, de origem natural, o qual rege seu destino.
Os Orixs incorporam nos mdiuns (ias) sob a condio vibratria. Chama-se esse
transe virar para o santo. A primeira vez que ocorre com uma pessoa, denomina-se
bolar para o santo.
A incorporao do Orix, sendo vibratria, no transmite mensagens orais,
como sucede com a incorporao de espritos desencarnados (chamados, no
Candombl, de eguns) e com os encantados.
O culto, no Candombl, feito exclusivamente aos Orixs.
3.2 ORIGEM MITOLGICA DOS ORIXS
Quanto origem dos orixs, uma das lendas mais populares diz que
Obatal (o cu) uniu-se a Odudua (a terra), e desta unio nasceram Aganju (a
rocha) e Iemanj (as guas). Iemanj casou-se com seu irmo Aganju, de quem
teve um filho, chamado Orung. Orung apaixonou-se loucamente pela me,
procurando sempre uma oportunidade para possu-la, at que um dia, aproveitando-
se da ausncia do pai, violentou-a. Iemanj ps-se a fugir, perseguida pr Orung.
Na fuga Iemanj caiu de costas, e ao pedir socorro a Obatal, seu corpo comeou a
dilatar-se grandemente, at que de seus seios comearam a jorrar dois rios que
formaram um lago, e quando o seu ventre se rompeu, saram a maioria dos orixs .
Por isto Iemanj chamada a me dos orixs.
Mas h controvrsias. Em outra verso encontramos que Iemanj teve trs
filhos: Ogum, Ex, Oxssi. Como os trs abandonaram o seu reino, ela foi ficando
sozinha e cada vez mais sozinha e resolveu percorrer o mundo. Chegando em
Oker, foi admirada por todos do reino por sua beleza e meiguice. At que o rei seapaixonou por ela e a quis como sua esposa. Iemanj negou e fugiu do rei. O rei
colocou seu exrcito para persegui-la. Na corrida, j estando exausta, Iemanj cai e
corta os seios criando assim os mares e rios.
3.3 A QUESTO HISTRICA: VERDADE OU MITO?
Enfim, ao analisarmos os cultos afros, uma das primeiras coisas que
observamos a impossibilidade de se fazer uma avaliao objetiva sobre a origem
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dos orixs. Existem muitas lendas que tentam explicar o surgimento dos deuses do
panteo africano, e estas histrias variam de um terreiro para o outro e at de um
pai-de-santo para o outro. No h possibilidade de se fazer uma verificao
cientfica ou arqueolgica; no h uma fonte autoritativa que leve a concluir se os
fatos aconteceram mesmo ou se trata somente de mitologia, sendo difcil uma
avaliao histrica dos eventos relatados.
3.4 PRINCIPAIS ENTIDADES DOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS
Ogum a divindade dos que trabalham ou utilizam o ferro. Manifesta-se
como um guerreiro que dana com a espada. Conhecido no Brasil como deus
guerreiro, foi uma das primeiras figuras do candombl a ser incorporada por outros
cultos. Quando irado vingativo e, quando apaixonado, sensual. Seu dia da
semana tera-feira, e suas contas so azul-escuras. Recebe sacrifcios de bodes e
galos e gosta de inhame assado com azeite. sincretizado com santo Antnio, na
Bahia, e com so Jorge, no Rio de Janeiro. Seu grito de saudao "Ogum i!
Oxssi o deus dos caadores, muito popular na Bahia. Recebe sacrifcios
de porcos e bodes. Sua comida axox (milho branco cozido com lascas de coco).
Corresponde na Bahia a so Jorge e no Rio de Janeiro a so Sebastio. Seu grito
de saudao "Ok ar! O elemento principal de apetrecho de Ogum o ferro, que
lembra sua condio de ferreiro e metalrgico, fazendo dele uma divindade da
defesa e do ataque, que luta com prazer e que tem sede de conquista do poder.
Dono da espada e da faca, est presente com sua simbologia em todas as
cerimnias e no cotidiano da vida.
Omolu, ou Obaluai, a divindade das doenas contagiosas. Recebesacrifcios de bodes e porcos. Gosta de pipoca e aberm (massa de milho branco
assado em folhas de bananeira). Identifica-se, no catolicismo romano, com So
Lzaro e So Roque. Sua saudao "Atot!"
Oxumar a cobra e o arco-ris, e simboliza a riqueza e o dinamismo dos
movimentos. sincretizado em So Bartolomeu. Recebe homenagens especiais no
dia 24 de Agosto, o seu dia. Usa colares de bzios enfiados em forma de escamas
de cobra, e come guguru (mistura de feijo fradinho com milho, cebola, azeite ecamaro) e caruru sem caroos de quiabo. Recebe sacrifcios de galos. Quando
dana, leva na mo uma cobra de ferro. Sua saudao "A boboi!"
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Iemanj a divindade associada gua salgada no Brasil, mas na frica
apenas ao rio Ogum (que no tem nenhuma relao com o orix Ogum). Originria
do rio Ogun, na Nigria, tem seus domnios nas profundezas das guas, de onde
emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que atribuem a ela
poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. maternal, sempre pronta
para amamentar as crianas sob seu domnio, mas tambm sabe ser belicosa,
mantendo-se de espada em punho para defender seus filhos e seus direitos. a me
dos outros orixs. Seu nome significa me dos filhos-peixes. Geralmente
representada sob a forma de sereia: cabea, tronco e busto femininos e apndice
caudal de peixe. Sincretizada com Nossa Senhora da Conceio, das Candeias, do
Carmo ou da Piedade, recebe oferendas rituais levadas ao mar por embarcaes.
Seus alimentos sagrados so o pombo, a canjica, o galo e o bode castrado, e o seu
dia da semana sbado. Dana vestida de azul, imitando o movimento das ondas
do mar. Festejada na Bahia em 2 de fevereiro, e em 31 de dezembro, no Rio de
Janeiro. Sua saudao "Od-i!".
Xang a divindade que domina troves, raios e tempestades, simbolizada
por machados de pedra num alguidar de madeira. sincretizado em So Jernimo.
Recebe sacrifcios de carneiros, galos e cgados. Come amal (quiabo com
camaro ou carne) e begiri (quiabo com azeite, camaro, inhame, sal e cebola). o
representante da justia espiritual e o mais solicitado nas pendncias judiciais. Tido
como heri divinizado, Xang ambicioso e tem obsesso pelo poder. Seu alvo
castigar os mentirosos e os malfeitores, no admitindo a contestao de suas
atividades. A saudao que se dirige a ele "Kaw kabiecil!".
Ians, uma das esposas de Xang, o orix dos ventos e das tempestades.
sincretizada com Santa Brbara. Recebe sacrifcios de cabras, dana com mmica
guerreira, e come acaraj. Sua saudao "Epa hei!".Oxum, tambm mulher de xang, representa na Bahia a gua doce.
Oxum era a mais bela e desejada. A todos encantava por sua meiguice e
inteligncia. Certa vez, quis aprender a ler o futuro e pediu a Orunmil que a
ensinasse. Mas o cargo de Olu (dono dos segredos) s era ocupado por homens.
Ento, Oxum seduz Ex e pede que este pea a Orunmil para ensin-lo e depois
repassar para ela. Este assim o faz, e mais tarde aprendendo, se v obrigado a
ensinar a Oxum e entregar os 16 bzios (tornando assim as mulheres capazes dejogar os bzios e dando a qualidade de bons videntes a todos os seus filhos).
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sincretizada com Nossa Senhora das Candeias e tambm com Nossa
Senhora de Aparecida e Nossa Senhora da Conceio.
Come mulucu (feijo fradinho com cebola, sal e camaro) e adum (fub de
milho com mel e aceite). Sua dana faceira, mas ocasionalmente tambm
belicosa. saudada com o grito "Ora Ii !".
Oxal, ou Obatal, a divindade que preside a procriao. Aceita sacrifcios
de pombas, cabras e galinhas. Criador dos homens, obstinado e independente,
identificado, no Brasil, como Jesus Cristo mas sincretizado na Bahia, com o Senhor
do Bonfim, sendo cultuado como o senhor de todas as coisas e do universo. Oxal,
que visto como o senhor do silncio, do vcuo frio e calmo, no qual as palavras
no podem ser ouvidas, est ligado a todas as etapas da vida, desde a criao at a
morte. Lento como caramujo, todo de branco, como seu ritual exige, conhecido
como Oxalufan. Enrgico e guerreiro, de colar branco com azul real, Oxaguian. Em
todas as verses Orixanl e em todas as situaes Obatal, rei do pano branco.
saudada com o grito "pa-bab".
Er um orix filho de Xang. Manifesta-se por meio de linguagem infantil e
se comporta como criana".
Ex - De personalidade considerada atrevida e agressiva, o Ex, o senhor
dos caminhos que levam e trazem, fazendo as pessoas se aproximarem ou se
distanciarem. Cada um tem seu prprio Ex, assim como todo o terreiro, que usa
essa figura para proteger e zelar pela segurana da casa, do pai de santo e dos
freqentadores da entidade. O Ex no deve ser subestimado, pois se presta ao
papel de servo em nome de uma recompensa que pode ser dinheiro, bebida
alcolica ou animais sacrificados. Ele representa o smbolo mximo da sensualidade
e da voluptuosidade desenfreada. Com muito senso de humor, brinca e possibilita
prazeres aos seres humanos, quebrando com suas prprias normas, os tabus denossa sociedade. Tudo isso faz com que ele seja tanto amado quanto odiado.
A lenda diz que Ex era insacivel, e que ele conseguiu comer todos os
animais de sua aldeia. Comeou ento a comer rvores, pedras e tudo o que estava
em sua frente. Orunmil chegou a previso de que se Ex continuasse dessa forma
iria comer os homens, o mar e at o cu. Solicitou ento que, Ogum (irmo de Ex)
impedisse o seu irmo de continuar dessa forma. Ogum tentou de vrias formas e s
conseguiu depois de matar Ex. Mesmo com a morte de Ex, tudo comeou aressecar, a morrer, perdendo vida. Ento um Babala disse que era o esprito de
Ex que estava insacivel e pedia para ser saciado e que se isso no acontecesse
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ele iria provocar a discrdia, a doena e a morte em geral. Orunmil determinou que
toda obrigao feita pelos homens a algum orix, seja dedicada uma parte Ex e
que esta deve ser servida antes para ele no se irar e causar a discrdia.
3.5 UMA CURIOSIDADE - O SMBOLO DE EX
O smbolo de Exu o Og (um falo, um pnis), representando a fertilidade e
virilidade deste orix, que caminha levando as preces dos homens aos Orixs e
trazendo as ddivas dos Orixs aos homens, j que Ex dono do movimento, do
som, conhecido como o Mensageiro.
SINCRETISMO: Geralmente assemelhado ao diabo ou a imagens na
umbanda vermelhas, com chifres e corpo descoberto. No candombl simbolizado
por carrancas ou falos.
4 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E SEU RELACIONAMENTOCOM DEUS
Um fato que devemos considerar a posio tradicionalmente dada aos
orixs nos cultos afros como intermedirios entre o deus supremo (Olorum) e os
homens. (Note-se que no Catolicismo Romano, Maria tambm recebe o ttulo de
intermediria). Alm disso, os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os
orixs, vivem em constante medo de suas represlias e punies. Note um trecho de
uma entrevista no livro de Reginaldo Prandi, citado no artigo Desvendando os
Segredos do Candombl, de Joaquim de Andrade e Dr. Paulo Romeiro:
O Pesquisador - Gostaria de perguntar s o seguinte: desde que h
regras, quando a regra quebrada, quem pune essa ao?
Me Juju - O prprio santo, ou a me-de-santo : Olha voc no venhamais aqui, no venha fazer isto aqui que esta errado, quando voc estiverbbado, ou quando voc estiver bebendo, no venha mais dar santo aqui,no venha desrespeitar a casa.O Pesquisador - Como a punio do orix? Ser que eu poderia resumirassim: doena, morte, perda de emprego, perder a famlia, ficar sem nada
de repente e sem motivo aparente, enlouquecer, dar tudo errado, a prpriacasa-de-santo desabar, isto , todo mundo ir embora...?Todos - Isso.Extrado de http://www.agirbrasil.org/Seitas/Candomble/Candombl%E9.html, acessado em
07.10.2007, s15h42m.
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Assim, alm do constante medo de punies em que vive o devoto do orix,
ele deve ainda submeter-se a rituais e sacrifcios nada agradveis a fim de satisfazer
os seus deuses.
4.1 O SACRIFCIO ACEITVEL
De acordo com Cacciatore, eb a oferenda ou sacrifcio animal feito a
qualquer orix. s vezes chamado vulgarmente de despacho, um termo mais
comumente empregado para as oferendas a Ex (um dos orixs, sincretizado com o
diabo da teologia crist), pedindo o bem ou o mal de/para algum.Extrado de http://www.agirbrasil.org/Seitas/Candomble/Candombl%E9.html, acessado em 07.10.2007, s15h42m.
4.2 ENCARANDO A MORTE
Basta dialogar com os adeptos dos cultos-afros - principalmente do
Candombl - para algum se cientificar de que os orixs tm medo da morte (quemmenos tem medo da morte Ians). Ento, quando um filho ou filha-de-santo est
prximo da morte, seu orix praticamente o abandona. Esta pessoa j no fica mais
possessa, pois seu orix procura evit-la.
4.3 A SALVAO E A VIDA APS A MORTE
Nestas religies o assunto de vida aps a morte no bem definido. Na
Umbanda , devida influncia kardecista, ensinada a reencarnao. J o
Candombl no oferece qualquer esperana depois da morte, pois uma religio
para ser praticada somente em vida, segundo os seus defensores. Outros pais-de-
santo apresentam idias confusas, tais como: quando morre, a pessoa vai para a
mesa de Santo Agostinho ou vai para a balana de So Miguel.
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4.4 - A AUSNCIA DA LIBERDADE: O MEDO DAS CONSEQNCIAS
Freqentemente, as pessoas tm medo de deixar os cultos afros para buscar
uma alternativa. Foi-lhes dito que se abandonarem seus orixs (ou outros guias) e
no cumprirem com suas obrigaes, tero conseqncias desastrosas em suasvidas.
5 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E SUA INFLUNCIA NO
COMPORTAMENTO
Nem precisa ser adepto do Candombl para vestir roupas brancas na sexta-
feira. Esta j uma tradio na Bahia, em homenagem ao deus Oxal que, no
sincretismo, representa Jesus Cristo. A visita ao candombl, como a qualquer
outro templo religioso deve ser feita com seriedade e respeito, seguindo-se algumas
regras bsicas: no trajar bermuda ou roupa de banho; no tirar fotos, gravar ou
filmar os cultos. E muitos outros costumes, trazidos com essa religio afro, j se
incorporaram ao dia-a-dia dos baianos, de todas as raas e classes sociais. A
seguir, destacamos alguns desses exemplos.
5.1 A INFLUNCIA NA CULINRIA
5.1.1 A Baiana do acaraj
Ser baiana de acaraj significa muito mais do que ser uma vendedora
ambulante, com seu tabuleiro, oferecendo os deliciosos quitutes da culinria afro-
baiana. A maioria delas faz esse trabalho como obrigao de santo, reverenciando
os orixs que guiam suas cabeas inicialmente apenas Ians e, em troca, tiram
da o seu sustento e o de suas famlias.
A cada dia, ela est vestida com as cores do santo daquele dia e exibe no
pescoo as guias de contas na cor do santo de sua cabea e outros orixs dos quais
gosta (ou os quais precisa) reverenciar. A roupa, de origem africana, j setransformou em marca registrada: a roupa de baiana, com saia rodada, blusa
rendada, pano da costa, turbante, sandlia fechada na frente e aberta atrs.
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5.1.2 Menos pimenta, mais dinheiro
A comida de Ians era, antigamente, preparada s por filhas-de-santo,
seguindo um ritual religioso. Os tempos mudaram, mas a aura continua. A forma
como se faz a massa, o tamanho dos bolinhos, a variedade de recheios, tudo isso
conta. A disputa alimenta a briga por pontos de venda e enche as baianas de
dinheiro, hoje no contando mais se so ou no adeptas do candombl. Na onda do
acaraj, toda a comida baiana se populariza. Com menos pimenta e contida no
dend, bem verdade.
Um outro atestado de que existe reverncia religiosa aos orixs do
candombl, na atividade de baiana de acaraj, so os pequenos acarajs fritos
antes da primeira fritura comercial, dedicados aos orixs meninos, os ibje.
5.2 DOMINGO DIA DOS ORIXS
Para os baianos, domingo dia de todos os Orixs. Circulam na Internet, em
folhetos, em mensagens de rdio, enfim, orientaes para que as pessoas procurem
identificar-se com um dos orixs e, to logo identificados, rezem para ele, pedindo
proteo, sade e paz acima de tudo.
5.3 AS RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS E A MDIA
Destacamos a relevncia que a mdia, em geral, d para as religies afro-
brasileiras. Esto to impregnadas no dia-a-dia do brasileiro, que dificilmente se
abre uma revista, jornal (principalmente baiano), programas televisivos e
radiofnicos, sites na Internet, que no tragam alguma notcia ou referncia a
acontecimentos que envolvem tal cultura.
Como ilustrao, mostramos, abaixo, duas reportagens estampadas na
Revista poca, colhidas em seu site na Internet, que nos exemplificam muito bem a
relevncia dada pela mdia a tudo que envolve tais religies. Como podemos ver,
vrios aspectos so mostrados nas reportagens ou artigos: as opinies de
personalidades daquele meio, o envolvimento de polticos famosos, artistas idem,
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entrosamentos", afirma. Enquanto viver, brigar por isso. Filha de Oxssi, osanto da caa, no medir esforos para trazer de volta o rebanhodesgarrado.
(http://epoca.globo.com/edic/19991213/soci2.htm- acessado em 25.11.2006, 8h10m)
O Gantois aguarda o veredicto dos orixs
Processo sucessrio no terreiro j dura mais de ano
Ainda o centro de candombl mais conhecido do pas, o terreiro do Gantoiscontinua de luto. Desde agosto do ano passado seus integrantes choram aperda da ialorix Cleusa Millet, aos 67 anos. Cleusa era filha da lendriaMaria Escolstica Conceio Nazar, a Me Menininha, que reinou noGantois por mais de 60 anos. O processo sucessrio est em curso.Me Menininha foi a mais venerada ialorix de todos os tempos. Filha deOxum, uma deusa das guas do rio, ela soube como ningum popularizar oterreiro. Figura forte, Me Menininha foi cantada em verso e prosa pelocompositor Dorival Caymmi, cativou admiradores famosos, como CaetanoVeloso, e no poupou conselhos a polticos, entre eles o senador Antonio
Carlos Magalhes.Faleceu aos 92 anos, em agosto de 1986, e desde ento o terreiro no teveoutra me-de-santo altura de seu magnetismo. Me Cleusa, tambmrespeitada pelos baianos, reinou de maneira discreta e silenciosa. Agora, tempo de aguardar por sua sucessora.Como numa monarquia, a alternncia do poder se d por laos sanguneos.Hoje o terreiro vive em compasso de espera. Seus "filhos" esperam overedicto dos orixs. As candidatas mais cotadas seriam Carmem, irm deCleusa, ou sua filha, Monica. O processo lento e admite adiamentos.Quando Cleusa morreu, os santos disseram que em um ano a sucessoestaria consumada. No aconteceu. bem provvel que as divindades notenham chegado a um consenso.
(http://epoca.globo.com/edic/19991213/soci2.htm- acessado em 25.11.2006, 8h10m)
5.4 ALGUNS ARTISTAS DE EXPRESSO NACIONAL, IDENTIFICADOS COM AS
RELIGIES AFRO-BRASILEIRAS
5.4.1 Dorival Caymmi
Nasceu em Salvador, Bahia, em 30 de abril de 1914, filho de Durval Henrique
Caymmi e Aurelina Soares Caymmi - cantor, compositor brasileiro e pintor. Adepto
do candombl, em 1968 foi consagrado Ob de Xang no Ax Ap Afonj. Foi filho
de santo de Me Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a cano em
sua homenagem: "Orao de Me Menininha", gravado por grandes nomes como
Gal Costa e Maria Bethnia. Caymmi filho de Xang e Iemanj, e vive
intensamente o sincretismo religioso baiano.
5.4.2 Jorge Amado, sincretismo e candombl: duas travessias
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Jorge Amado, um dos mais afamados escritores do Brasil, em muitas de suas
obras focalizou o culto afro-brasileiro do candombl e sua prtica na Bahia. Pode-se
mesmo dizer que, em grande medida, as idias mais generalizadas a respeito do
candombl da Bahia devem-se s obras de Jorge Amado, transformadas algumas
em novelas televisivas, e sua ampla difuso por todo o mundo.
Evidentemente a apresentao que Jorge Amado faz desse culto em suas
novelas no equivale a um documentrio, a uma etnografia. Sua interpretao do
sistema simblico do candombl merece considerao antropolgica, e em particular
o seu envolvimento pessoal com este mundo religioso um dado a ser ponderado
antropologicamente. Embora Jorge Amado se definisse como um ateu, ele tomou
posio de modo firme como defensor do sincretismo entre o culto afro-brasileiro e o
catlico, especialmente em duas de suas novelas: Tenda dos milagres e O sumio
da santa.
5.5 EXTREMOS DO SINCRETISMO: UM MONGE CRISTO E ZEN
O monge beneditino Marcelo Barros um monge polmico, carismtico e que
exerce o ecumenismo e o sincretismo diariamente. No seu mosteiro, em Gois
Velho, as celebraes catlicas ganham tons indgenas e afro-brasileiros.
Conhecedor da Umbanda e freqentador do Candombl, ele debrua seu olhar
sobre as pessoas com generosidade e compreenso. Em tempos de "guerra santa",
busca a paz santa, assumindo por misso o dilogo entre as diversas religies.
O monge Marcelo Barros um dos coordenadores do Mosteiro da
Anunciao. O Mosteiro da Anunciao uma comunidade de monjas, monges eleigos que seguem a Regra de So Bento. Foi fundada em