As Principais Contribuições Do Pensamento Sociológico Clássico II

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  • A U L A D A D I S C I P L I N A C I N C I A S S O C I A I S

    P R O F E S S O R A M O N I C A S O A R E S

    As principais contribuies do pensamento sociolgico

    clssico II

  • L I V R O : S O C I O L O G I A I N T R O D U O C I N C I A D A S O C I E D A D E

    A U T O R : C R I S T I N A C O S T A

    P P . 1 1 0 - 1 2 9

    Karl Marx

  • O materialismo histrico, corrente de pensamento desenvolvida por Karl Marx, foi a corrente mais revolucionria do pensamento social, tanto no campo terico como no da poltica.

    Sua inteno no era apenas contribuir para o desenvolvimento da cincia, mas propor uma ampla transformao poltica, econmica e social.

    Sua obra destinava-se a todos, tendo um alcance maior e adquirindo dimenses de ideal revolucionrio e ao poltica efetiva.

  • Marx era um militante da causa socialista e sua ideias serviram com princpios norteadores para o desenvolvimento de uma nova sociedade .

    Marx foi especialmente sensvel s dificuldades que a Europa enfrentava numa poca de pleno e contraditrio desenvolvimento do capitalismo.

    As contradies bsicas da sociedade capitalista e as possibilidades de superao apontadas por sua obra, deram origem a diferentes modelos de administrao pblica, de organizao partidria, de aes revolucionarias e de exerccio do poder.

  • As origens

    Pensamento sintetizador de diferentes preocupaes filosficas, polticas e cientficas de sua poca.

    Hegel: diferente percepo da histria. A histria vista como um processo coeso que envolve diversas instancias da sociedade e cuja dinmica se d por oposies entre foras antagnicas tese e anttese. Desse embate resulta a sntese que fecha o processo.

  • Socialistas franceses e ingleses do sculo XIX: criticavam sociedade burguesa e propunham uma transformao social, embora Marx as julgasse utpicas, j que no consideraram a necessidade de luta poltica entre as classes sociais ou o papel do proletariado na implantao da nova ordem social.

    Crtica ao pensamento do economistas ingleses como Adam Smith e David Ricardo.

  • Friedrich Engels: cofundador do socialismo cientfico ou comunismo.

    Comunismo: doutrina que demonstrava pela anlise cientfica e dialtica da realidade social as contradies histricas do capitalismo levariam sua superao por um regime igualitrio e democrtico que seria sua anttese.

  • A ideia da alienao

    A industrializao, a propriedade privada e o assalariamento separaram/ alienaram o trabalhador dos meios de produo e do fruto do seu trabalho.

    Esta alienao tambm se deu politicamente, dado que numa sociedade de classes, o Estado representa apenas a classe dominante.

    Por sua vez, a filosofia tambm parcial, refletindo o pensamento do grupo dominante, tornando-se a filosofia do Estado, que aliena o homem.

  • As classes sociais

    As ideias liberais consideravam os homens iguais. Para Marx, tal igualdade no existia, dado que as relaes de produo capitalista geraram uma desigualdade que se tornou a base do sistema de classes sociais.

    As relaes entre os homens se caracterizam por relaes de oposio, antagonismo, explorao e complementaridade entre as classes sociais.

  • A histria do homem , segundo Marx, a histria da luta de classes. As divergncias, oposies e antagonismos de classes esto subjacentes a toda relao social, nos mais diversos nveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

  • A origem histrica do capitalismo

    O capitalismo surge na histria quando, por circunstncias diversas, uma enorme quantidade de riquezas se concentra nas mos de uns poucos indivduos, que tm por objetivo a acumulao de lucros cada vez maiores.

    A partir do sculo XVI, o arteso e as corporaes de ofcio foram substitudas, respectivamente, pelo trabalhador "livre assalariado - o operrio - e pela indstria.

  • Na produo artesanal, o trabalhador mantinha em sua casa os instrumentos de produo. Aos poucos porm, estes passaram s mos de indivduos enriquecidos, que organizaram oficinas.

    A Revoluo Industrial introduziu inovaes tcnicas na produo que aceleraram o processo de separao entre o trabalhador e os instrumentos de produo

  • O salrio

    No capitalismo, a fora de trabalho se torna uma mercadoria, algo til, que se pode comprar e vender.

    O salrio , o valor da fora de trabalho, considerada como mercadoria.

    O salrio deve garantir a reproduo das condies de subsistncia do trabalhador e sua famlia.

    O salrio depende ainda da natureza do trabalho e da destreza e da habilidade do prprio trabalhador.

  • Trabalho, valor e lucro

    Enquanto os produtos, ao serem usados, simplesmente sedes gastam ou desaparecem, o uso da fora de trabalho significa, ao contrrio, criao de valor.

    Para ele, o trabalho, ao se exercer sobre determinados objetos, provoca nestes uma espcie de "ressurreio.

    O capitalismo, segundo o marxismo, transformou o trabalho em mercadoria.

    Marx dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o tempo de trabalho socialmente necessrio sua produo.

  • Na verdade, de acordo com a anlise de Marx, no no mbito da compra e a venda de mercadorias que se encontram bases estveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manuteno do sistema capitalista. Ao contrrio, a valorizao da mercadoria se d no mbito de sua produo.

  • A mais valia

    A durao da jornada de trabalho resulta, portanto, de um clculo que leva em considerao o quanto interessa ao capitalista produzir para obter lucro sem desvalorizar seu produto.

    Esse valor excedente produzido pelo operrio o que Marx chama de mais-valia.

    O capitalista pode obter mais-valia procurando aumentar constantemente a jornada de trabalho.

  • A tecnologia aplicada faz aumentar a produtividade e tambm faz com que a qualidade dos produtos dependa menos da habilidade e do conhecimento tcnico do trabalhador individual.

    Numa situao dessas, portanto, a fora de trabalho vale cada vez menos e, ao mesmo tempo, graas maquinaria desenvolvida, produz cada vez mais.

  • As relaes polticas

    As diferenas entre as classes sociais no se reduzem a uma diferena quantitativa de riquezas, mas expressam uma diferena de existncia material.

    Os indivduos de uma mesma classe social partilham de uma situao de classe comum, que inclui valores, comportamentos, regras de convivncia e interesses.

  • Diante da alienao do operariado, as classes economicamente dominantes desenvolveram formas de dominao polticas que lhes permitem apropriar-se do aparato de poder do Estado e, com ele, legitimar seus interesses sob a forma de leis e planos econmicos e polticos

  • Para Marx as condies especficas de trabalho geradas pela industrializao tendem a promover a conscincia de que h interesses comuns para o conjunto da classe trabalhadora e, consequentemente, tendem a impulsionar a sua organizao poltica para a ao.

  • Materialismo histrico

    Marx parte do princpio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produo social de bens. A produo social, segundo Marx, engloba dois fatores bsicos: as foras produtivas e as relaes de produo.

    As foras produtivas constituem as condies materiais de toda a produo.

    O homem, principal elemento das foras produtivas, o responsvel por fazer a ligao entre a natureza e a tcnica e os instrumentos.

  • O desenvolvimento da produo determinar a combinao e o uso desses diversos elementos: recursos naturais, mo-de-obra disponvel, instrumentos e tcnicas produtivas, procurando atingir o mximo de produo em funo do mercado existente.

    As relaes de produo so as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva.

  • Referem-se s maneiras pelas quais so apropriados e distribudos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matrias-primas, os instrumentos e a tcnica, os prprios trabalhadores e o produto final.

    Foras produtivas e relaes de produo so condies naturais e histricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade.

  • A forma pela qual ambas existem e so reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modo de produo.

    Para Marx, o estudo do modo de produo fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade.

    As relaes de produo, nesse sentido, so consideradas as mais importantes relaes sociais

  • Em cada modo de produo, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relaes de produo, cria contradies bsicas com o desenvolvimento das foras produtivas.

    Essas contradies se acirram at provocar um processo revolucionrio, com a derrocada do modo de produo vigente e a ascenso de outro

  • A historicidade e a totalidade

    Marx conseguiu, como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relaes profundas entre a realidade, a filosofia e a cincia.

    Para Marx, a realidade social era uma concretude histrica um conjunto de relaes de produo que caracteriza um momento histrico.

    Por outro lado, cada sociedade representava para Marx uma totalidade, isto , um conjunto nico e integrado das diversas formas de organizao humana nas suas mais diversas instncias - famlia, poder, religio.

  • Entretanto, apesar de considerar as sociedades da sua poca e do passado como totalidades e como situaes histricas concretas, Marx concluiu, pela profundidade de suas anlises, extrair concluses de carter geral e aplicveis a formas sociais diferentes

  • A amplitude da contribuio de Marx

    O sucesso e a penetrao do materialismo histrico, quer no campo da cincia -cincia poltica, econmica e social-, quer no campo da organizao poltica, se deve ao universalismo de seus princpios e ao carter totalizador que imprimiu s suas ideias.

    Para Marx, a cincia, assim como a ao poltica, s pode ser verdadeira e no ideolgica se refletir uma situada realidade.

    Assim, objetividade no uma questo de mtodo, mas de como o pensamento cientifico se insere no contexto das relaes de produo e na historia.

  • Para ele a sociedade constituda de relaes de conflito e de sua dinmica que surge a mudana social. Fenmenos como luta, conflito, revoluo e explorao so constituintes dos diversos momentos histricos e no disfunes sociais

    Suas ideias marcaram o pensamento cientfico e a ao poltica, formando duas diferentes maneiras de atuao sob a bandeira do marxismo.

  • A primeira abraar o ideal comunista, de uma sociedade onde esto abolidas as classes sociais e a propriedade privada dos meios de produo.

    Outra exercer a crtica realidade social, procurando suas contradies, desvendando as relaes de explorao e expropriao do homem pelo homem, de modo a entender o papel dessas relaes no processo histrico.

  • A abordagem do conflito, da dinmica histrica, da relao entre conscincia e realidade e da correta insero do homem e de sua prxis no contexto social foram conquistas jamais abandonadas pelos socilogos.

  • A sociologia, o socialismo e o marxismo

    A teoria marxista teve ampla aceitao terica e metodolgica, assim corno poltica e revolucionria.

    Em 1917, uma revoluo inspirada nas ideias marxistas, a Revoluo Bolchevique, na Rssia, criava no mundo o primeiro Estado operrio.

    A aceitao dos ideais marxistas no se restringia mais apenas Europa. Difundia-se pelos quatro continentes, medida que se desenvolvia o capitalismo internacional.

  • Vrias revolues instauraram regimes operrios que, organizavam um sistema poltico com algumas caractersticas comuns - forte centralizao, economia altamente planejada, coletivizao dos meios de produo, fiscalismo e uso intenso de propaganda ideolgica e do culto ao dirigente.

  • Intensificava-se, nos anos cinquenta e sessenta, a oposio entre os dois blocos mundiais - o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela URSS.

    O marxismo na URSS deixou de ser um mtodo de anlise da realidade social para transformar-se em ideologia, perdendo, assim, parte de sua capacidade de elucidar os homens em relao ao seu momento histrico e mobiliz-los para uma tomada consciente de posio.

  • O fim da Unio Sovitica provocou um abalo nos partidos de esquerda do mundo todo e o redimensionamento das foras internacionais.

    A sociologia confundiu-se com socialismo em muitos pases, em especial nos pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

    Nesses pases, intelectuais e lideres polticos associaram de maneira categrica o desenvolvimento da sociologia ao desenvolvimento da luta poltica e dos partidos marxistas.

  • No se devem confundir tentativas de realizaes levadas a efeito por inspirao das teorias marxistas com as propostas de Marx de superao das contradies capitalistas.

    Marx mostrou que o prprio esforo por manter e reproduzir um modo de produo acarreta modificaes qualitativas nas foras em oposio.

    Assim, preciso voltar o olhar para a compreenso da emergncia de novas foras sociais e de novas contradies

  • A teoria marxista transcende o momento histrico no qual foi concebida e os regimes polticos inspirados por ela.

    Hoje se vive nas cincias um momento de particular cautela, pois j no se acredita na infalibilidade dos modelos, e o trabalho permanente de discusso, reviso e complementao se coloca como necessrio.

  • O que se toma necessrio rever essa sociedade cujas relaes de produo se organizam sob novos princpios, entendendo que as contradies no desapareceram mas se expressam em novas instncias.

    A teoria marxista transcende amamente histrico no qual foi concebida e os regimes polticos inspirados por ela.

  • Por mais que pretendesse entender o desenvolvimento universal da sociedade humana, Marx jamais deixou de respeitar cientificamente a especificidade e a historicidade de cada uma de suas manifestaes.