As Portas Trancadas

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Introdução A paz está ameaçada no mundo. A história da humanidade tem sido considerada por alguns historiadores como a história das guerras. O homem é um ser beligerante. É o lobo do próprio homem. Está em guerra com Deus, com seu semelhante e até consigo mesmo. Há guerras e rumores de guerra entre as nações. Há conflitos e tensões por todos os lados. As armas de destruição que as nações têm em suas mãos são suficientes para transformar nosso planeta em poeira cósmica várias vezes. Numa conflagração mundial hoje não haveria vencedores nem vencidos. O mundo não caminha na direção da paz, mas na direção de guerra. O próprio Jesus, em seu sermão profético, alertou para esse fato: “Porque se levantará nação contra nação e reino contra reino…” (Mt 24.7). O conflito entre Israel e os palestinos na região de Gaza, a guerra civil na Síria e a invasão da Rússia à Ucrânia são uma evidência desse fato. O mundo, na verdade, é como um barril de pólvora. Está à beira de uma explosão. As tensões se agigantam por toda parte, trazendo instabilidade e temor. A aparente paz que reina entre as nações é postiça. Queremos paz, mas nos armamos até os dentes. Selamos acordos de paz e erguemos monumentos à paz, mas investimentos ainda mais em armas de destruição. Temos tecnologia, mas não temos paz. Mergulhamos nos segredos mais intrincados da ciência, mas não temos paz. Temos comunicação rápida, mas não temos paz. Fazemos viagens espaciais, mas não temos paz. Acumulamos riquezas, mas não temos paz. Erguemos muros de proteção e reforçamos as trancas de nossas portas, mas não temos paz. A paz não se alcança com tratados humanos nem mediante acordos internacionais, pois o coração do homem é o laboratório de todas as guerras. A paz não se impõe pela força da baioneta nem pela ameaça das bombas. Somente Jesus, o Príncipe da paz, pode conceder paz verdadeira. Somente submetendo-se ao governo de Cristo as nações podem experimentar a verdadeira paz. A paz com os homens é resultado da paz com Deus. Somente quando nossa relação vertical é restaurada, podemos ter paz na dimensão horizontal. É quando somos reconciliados com Deus que caminhamos em paz na direção do nosso próximo. Somente quando temos paz com Deus, temos a experiência de desfrutar de paz uns com os outros. O Deus da paz nos transforma em agentes da paz. Aqueles que têm paz com Deus e experimentam a paz de Deus tornam-se embaixadores da paz entre os homens e em vez de serem

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Introdução

A paz está ameaçada no mundo. A história da humanidade tem sido considerada por alguns historiadores como a história das guerras. O homem é um ser beligerante. É o lobo do próprio homem. Está em guerra com Deus, com seu semelhante e até consigo mesmo. Há guerras e rumores de guerra entre as nações. Há conflitos e tensões por todos os lados. As armas de destruição que as nações têm em suas mãos são suficientes para transformar nosso planeta em poeira cósmica várias vezes. Numa conflagração mundial hoje não haveria vencedores nem vencidos. O mundo não caminha na direção da paz, mas na direção de guerra. O próprio Jesus, em seu sermão profético, alertou para esse fato: “Porque se levantará nação contra nação e reino contra reino…” (Mt 24.7). O conflito entre Israel e os palestinos na região de Gaza, a guerra civil na Síria e a invasão da Rússia à Ucrânia são uma evidência desse fato.

O mundo, na verdade, é como um barril de pólvora. Está à beira de uma explosão. As tensões se agigantam por toda parte, trazendo instabilidade e temor. A aparente paz que reina entre as nações é postiça. Queremos paz, mas nos armamos até os dentes. Selamos acordos de paz e erguemos monumentos à paz, mas investimentos ainda mais em armas de destruição. Temos tecnologia, mas não temos paz. Mergulhamos nos segredos mais intrincados da ciência, mas não temos paz. Temos comunicação rápida, mas não temos paz. Fazemos viagens espaciais, mas não temos paz. Acumulamos riquezas, mas não temos paz. Erguemos muros de proteção e reforçamos as trancas de nossas portas, mas não temos paz.

A paz não se alcança com tratados humanos nem mediante acordos internacionais, pois o coração do homem é o laboratório de todas as guerras. A paz não se impõe pela força da baioneta nem pela ameaça das bombas. Somente Jesus, o Príncipe da paz, pode conceder paz verdadeira. Somente submetendo-se ao governo de Cristo as nações podem experimentar a verdadeira paz. A paz com os homens é resultado da paz com Deus. Somente quando nossa relação vertical é restaurada, podemos ter paz na dimensão horizontal. É quando somos reconciliados com Deus que caminhamos em paz na direção do nosso próximo. Somente quando temos paz com Deus, temos a experiência de desfrutar de paz uns com os outros.

O Deus da paz nos transforma em agentes da paz. Aqueles que têm paz com Deus e experimentam a paz de Deus tornam-se embaixadores da paz entre os homens e em vez de serem provocadores de contendas tornam-se facilitadores da paz e reparadores de brechas. Em vez de cavar abismos de separação, constroem pontes de aproximação; em vez de abrir feridas no coração das pessoas tornam-se terapeutas da alma. Se o pecado que mais Deus abomina é espalhar contendas entre os irmãos, a virtude que mais nos assemelha ao caráter de Deus é sermos agentes da paz entre os irmãos. Os pacificadores serão chamados filhos de Deus, pois nessa bendita empreitada refletem o caráter do Pai. O pacificador trabalha em duas dimensões. Primeiro, como ministro da reconciliação e embaixador de Cristo, roga aos homens que se reconciliem com Deus. Não há paz entre os homens se primeiro não nos submetermos ao Deus da paz. Não há paz na terra sem o reinado no Príncipe da paz em nossos corações. Segundo, como pacificadores devemos nos esforçar para que inimizades sejam desfeitas e mágoas sejam perdoadas. Assim, a paz tem uma dimensão vertical e outra horizontal. É quanto somos reconciliados com Deus que estreitamos os laços com o nosso próximo.

Ponto 1 – As portas trancadas (20.19-23)

Jesus ressuscitou no domingo pela manhã e apareceu aos discípulos pela primeira vez ao cair da tarde do mesmo dia. O shabbath havia terminado quando Jesus ressuscitou (Mc 16.1). Sua ressurreição aconteceu no primeiro dia da semana (20.1; Mt 28.1; Lc 24.1). A mudança do sétimo para o primeiro dia não se deu por algum decreto da igreja nem do imperador romano;

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foi, desde o princípio, decorrente da fé e do testemunho dos primeiros cristãos. Nesse dia, os discípulos estavam com as portas trancadas, com medo dos judeus. As portas trancadas são um emblema, um símbolo. Cinco fatos merecem destaque aqui.

Em primeiro lugar, portas trancadas pelo medo (20.19). Antes do Pentecostes, os discípulos estavam escondidos atrás de portas trancadas por causa do medo dos judeus; depois do Pentecostes, foram presos por falta de medo.

Em segundo lugar, portas trancadas pela falta de paz (20.19). Jesus disse aos discípulos: Paz seja convosco! Os discípulos não estavam apenas com medo; estavam, também, perturbados, inquietos e desassossegados. O coração deles era um turbilhão de dúvidas, incertezas e culpa.

Em terceiro lugar, portas trancadas pela ausência de Jesus (20.19,20). Os discípulos estavam acostumados a ter Jesus por perto em todas as horas. Mas, desde sexta-feira, quando foi pregado na cruz e depois depositado no túmulo de José de Arimateia, eles estão privados de sua presença. Quando Jesus não está presente, nosso coração também se enche de medo. Só sua presença pode espanar a poeira da dúvida, dissipar o nevoeiro da angústia e restaurar a paz no coração aflito. Diante do testemunho ocular do Cristo vivo, os discípulos se alegram.

Em quarto lugar, portas trancadas pela falta de propósito (20.21). Jesus oferece aos discípulos a paz e dá a eles um comissionamento. Assim como Jesus havia sido comissionado pelo seu Pai, ele também comissiona seus discípulos. O mandato de Cristo não é apenas para fazer a obra, mas para fazer a obra da mesma maneira que ele havia feito. Jesus veio do céu não para trazer-nos uma mensagem divorciada de sua vida. Ele se fez carne, habitou entre nós e inseriu-se em nossa cultura. Tornou-se um de nós, exceto no pecado. Assim também devemos, no cumprimento da missão, aproximar-nos das pessoas para amá-Ias, servi-Ias e levar-lhes a mensagem da salvação. Concordo com D. A. Carson quando ele diz que os apóstolos receberam a comissão de continuar a obra de Cristo, e não de começar outra obra."

Em quinto lugar, portas trancadas por falta de poder (20.22,23). Jesus não apenas comissiona seus discípulos, dando-lhes uma missão, mas também sopra sobre eles o Espírito Santo, dando-lhes capacitação e poder. Esse sopro do Espírito Santo em breve se transformaria no derramamento do Espírito, no cumprimento da promessa do Pai, na descida definitiva do Espírito para estar para sempre com a igreja. D. A. Carson, citando Calvino, diz que os discípulos são aqui "aspergidos" com a graça do Espírito, mas não "saturados" com o seu pleno revestimento de poder, o que só viria em Atos 2.

Os discípulos seriam revestidos de poder no Pentecostes e, então, cumpririam a Grande Comissão. Concordo com F. F. Bruce quando ele diz que a expressão Se perdoardes os pecados de alguém, serão perdoados; se os retiverdes, serão retidos (20.23) deve ser entendida aqui não como uma referência à disciplina na igreja, como parece ser o contexto em Mateus 18, mas relacionada com a missão dos discípulos no mundo. Os dois passivos - serão perdoados e serão retidos - subentendem a ação divina. A função do pregador é declarar, e é Deus quem, na verdade, perdoa ou retém.

Ponto 2 – Dimensões da Paz

“Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti” (Is 26.3).

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O homem é um ser em conflito: conflito com Deus, com o próximo e consigo mesmo. O homem é uma guerra civil ambulante. O pecado arruinou seu corpo, sua mente e sua alma. O mundo é um barril de pólvora porque o homem não está em paz. Ele precisa de paz. Mas, que paz?

Em primeiro lugar, paz com Deus. “Justificados, pois, mediante a fé temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). O pecado é o maior mal, pois nos priva do maior bem. O pecado faz separação entre o homem e Deus. O pecado separa o homem de Deus agora e para sempre. O homem não pode limpar-se de seus pecados. Nenhuma religião tem poder para perdoar pecados. Portanto, o Deus ofendido procurou o homem ofensor. Deus mesmo tomou a iniciativa de nos reconciliar consigo mesmo por meio de Cristo. O Filho de Deus veio ao mundo como nosso substituto. Deus lançou sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele pagou a nossa dívida e morreu a nossa morte. Agora, os que estão em Cristo estão quites com as exigências da lei e com as demandas da justiça. Fomos justiçados. Estamos reconciliados. Não pesa mais sobre nós, que cremos em Cristo, nenhuma condenação. Temos paz com Deus!

Em segundo lugar, paz com o próximo. “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18). Ao desfrutarmos da paz com Deus, precisamos ser agentes da paz com o próximo. Aqueles que foram reconciliados com Deus precisam se reconciliar com os seus irmãos. Em vez de cavarmos abismos de mágoa, devemos construir pontes de reconciliação. Em vez de criarmos divisões, devemos ser aliviadores de tensões. Em vez de jogarmos uma pessoa contra a outra, devemos ser pacificadores. Em vez de sermos o estopim dos conflitos, devemos trabalhar pela preservação da unidade e pela promoção da paz. Em vez de guardar ressentimento, devemos exercitar o perdão. Em vez de sermos os iniciadores de conflitos devemos ter paz com todos os homens.

Em terceiro lugar, paz com nós mesmos. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7). Aqueles que têm paz com Deus desfrutam da paz de Deus. Paz com Deus não é um sentimento, mas um relacionamento certo com Deus. Aqueles que foram reconciliados com Deus experimentam a paz de Deus. Essa paz interior, entretanto, não é apenas uma emoção, mas, sobretudo, uma pessoa. Nossa paz é Jesus. Aqueles que conhecem a Jesus, podem cantar nas noites mais escuras da alma. Aqueles que são salvos por Jesus e vivem em paz com os irmãos, experimentam uma paz que excede todo o entendimento. Essa paz não é simplesmente presença de coisas boas nem apenas ausência de coisas ruins. Essa paz é o governo de Cristo em nosso coração. Essa paz coexiste com a dor. Está presente nas tempestades da vida. Sustenta-nos nos vales mais escuros. Consola-nos na hora do choro mais amargo.

Você já tem paz com Deus? Seus pecados já foram perdoados? Você tem a alegria de ter seu nome escrito no livro da vida? Você está em paz com todos os homens? Há ainda alguma mágoa em seu coração? Hoje é o tempo oportuno para você fazer uma assepsia em sua alma e lancetar os abcessos do seu coração. Agora é a hora de perdoar e pedir perdão e ter paz com o seu próximo. Você está desfrutando da paz de Deus? Tem recebido o consolo do Altíssimo? Tem experimentado o conforto do Espírito no meio das lutas? É tempo de você tomar posse de todas as dimensões da paz: paz com Deus, paz com o próximo e paz com você mesmo!

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Ponto 3 – Terapeuta da alma

Sabendo que podemos desfrutar a paz de Cristo (14.25-31) Jesus, como terapeuta da alma, conclui sua mensagem de consolo falando sobre quatro verdades importantes.

Em primeiro lugar, o Espírito ensinador virá para nós (14.25,26). O Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome do Filho, ensinará aos discípulos todas as coisas e trará à memória deles tudo o que eles aprenderam de Jesus. Nas horas mais graves do cerco do adversário, o Espírito Santo trará as palavras certas, nas horas certas, aos discípulos.

Em segundo lugar, a paz consoladora estará em nós (14.27). MacArthur fala sobre quatro características dessa paz que Cristo dá:

1) a natureza da paz: Deixo-vos a paz... 2) a fonte da paz: [ ... ] a minha paz vos dou [ ... ]; 3) o contraste da paz: [ ... ] Eu não a dou como o mundo a dá [ ... ]; 4) a perseverança na paz: [ ... ] Não se perturbe o vosso coração nem tenha medo.

Jesus vai para o Pai, mas deixa com seus discípulos a sua paz. Essa paz não é a mesma paz que o mundo dá. A paz do mundo é apenas uma trégua. É apenas ausência de problemas. Concordo com D. A. Carson quando ele diz que o mundo não tem o poder de dar paz. Há tanto ódio, egoísmo, amargura, malícia, ansiedade e medo que toda tentativa na direção da paz é rapidamente submergida. A paz de Cristo é alegria inefável no meio da luta. É a presença sobrenatural na fornalha. É a proteção segura na cova dos leões. É a coragem inabalável no vale da morte. A paz de Cristo é a paz que defende nosso coração e nossa mente da invasão da ansiedade. Werner de Boor diz que essa paz, como revela toda a história da Paixão, é uma paz completa em meio às piores aflições e na mais extrema escuridão dos suplícios. Durante todos os eventos amargos, desde a prisão até o último suspiro na cruz, não sai dos lábios de Jesus nem uma única palavra sem paz.

Em terceiro lugar, o Salvador virá para junto de nós (14.28,29). Jesus disse que os discípulos deveriam se alegrar por sua volta para o Pai, pois isso desembocaria no envio do outro consolador. Isso iniciaria sua obra intercessora junto ao trono da graça (Hb 2.17,18; 4.14-16; 7.25). Warren Wiersbe afirma acertadamente: "Temos o Espírito dentro de nós, o Salvador acima de nós e a Palavra diante de nós - recursos tremendos para nos dar paz!".

Quando Jesus diz: [ ... ] pois o Pai é maior do que eu (14.28), ele não nega sua divindade nem sua igualdade com Deus, pois, se o fizesse, cairia em contradição (10.31) Concordo ainda com as palavras de Warren Wiersbe:

Quando Jesus estava na terra, limitou-se, necessariamente a um corpo humano. Em um gesto espontâneo, colocou de lado o exercício independente de seus atributos divinos e se sujeitou ao Pai. Nesse sentido, o Pai era maior do que o Filho. É evidente que, quando o Filho voltou para o céu, tudo o que havia colocado de lado lhe foi restituído (17.1,5).

Em quarto lugar, o inimigo será derrotado para nosso beneficio (14.30,31). Jesus conclui esse capítulo citando dois grandes inimigos espirituais: o mundo e o diabo. Cristo venceu o mundo e o diabo (12.31), e Satanás não tem poder sobre ele. Não há nada em Jesus Cristo que o diabo possa controlar. Uma vez que estamos "em Cristo”, Satanás também não pode controlar nossa vida. Nem Satanás nem o mundo podem perturbar nosso coração.

Conclusão

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As Escrituras nos falam de paz com Deus e paz de Deus. A primeira é um estado, a segunda um sentimento. A paz de Deus nos fala de um relacionamento certo com Deus, fruto da reconciliação com ele, por meio de Cristo. A paz de Deus é fruto da paz com Deus e tem a ver com um sentimento de gozo inefável, que inunda a nossa alma, mesmo em meio aos vendavais da vida. Não há paz de Deus sem que primeiro se estabeleça a paz com Deus. A paz com Deus é a raiz, a paz de Deus é o fruto. A paz com Deus é a fonte e a paz de Deus é o fluxo que corre dessa fonte.

Mas, o que de fato é a paz com Deus? Ela é fruto da justificação, e justificação é um ato jurídico de Deus, declarando-nos inocentes e inculpáveis diante do seu tribunal, em virtude do sacrifício substitutivo de Cristo, em nosso favor e em nosso lugar. Mediante a justificação, ficamos quites com a lei de Deus e com a justiça divina, não pesando mais sobre nós nenhuma condenação. Nossos pecados não são imputados a nós, pois foram lançados sobre Jesus na cruz e toda a justiça de Cristo é transferida para o nossa conta, de tal maneira que somos justificados no tribunal de Deus. A justificação é um ato e não um processo; é feito no tribunal de Deus e não no nosso coração. Ela não tem graus, uma vez que todos os salvos são de igual forma justificados com base nos méritos de Cristo Jesus. Por isso, a paz com Deus é a mesma para todos os remidos. Nenhum salvo tem mais paz com Deus do que outro. Todos estão de igual forma reconciliados com Deus por meio de Cristo Jesus.

Já a paz de Deus difere de crente para crente. Nem todos os salvos a experimentam com a mesma intensidade. Ela não é um estado, mas um sentimento, fruto do nosso estreito relacionamento com Deus. Paulo diz que a falta dessa paz deixa o coração e a mente vulneráveis à ansiedade. A ansiedade é uma espécie de estrangulamento da alma, quando somos sufocados pelas tensões que chegam das circunstâncias, dos relacionamentos estremecidos e da preocupação com as coisas materiais. Quando buscamos a Deus em oração e o adoramos, dando graças por sua bondade, a ansiedade precisa bater em retirada e, a paz de Deus, como uma sentinela divina, passa a guardar nosso coração e a nossa mente em Cristo Jesus. A paz de Deus é uma fortaleza ao redor da nossa mente e do nosso coração, da nossa razão e dos nossos sentimentos. A paz de Deus é aquele descanso interior, em saber que Deus está no controle, que nossa vida está em suas mãos, mesmo quando as circunstâncias ao nosso redor estão tempestuosas. Não precisamos ser prisioneiros da ansiedade. Se já fomos reconciliados com Deus, já temos a paz com Deus, e agora, podemos experimentar a paz de Deus!