As Filosofias Educacionais Para Surdos

6
AS FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: Comunicação total, oralismo, bilingüismo A filosofia educacional é um ramo do pensamento que se dedica a reflexão sobre os processos educativos. Conhecer as filosofias educaconais para surdos, a linguagem e a qualidade de interações servem de suporte para analisar o ensino do povo surdo. Existem atualmente na área da surdez três filosofias educacionais que estão sendo utilizadas e estudadas. No processo histórico dos surdos no Brasil, mantendo o olhar pelo aspecto educacional um ponto importantíssimo para compreendermos melhor a educação de surdos é a evolução dessas filosofias educacionais são elas : oralismo, comunicação total e o bilingüismo. 1. Oralismo (1911) O oralismo visa à integração do surdo na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. A noção de linguagem, para esta filosofia, restringe-se à língua oral, e esta deve ser a única forma de comunicação dos surdos. Seu objetivo é fazer com que o surdo faça parte da sociedade ouvinte através da fala e de boa leitura orofacial, evitando a utilização de sinais. O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela estimulação auditiva. Esta estimulação possibilitaria a aprendizagem da língua portuguesa e levaria a criança surda a integrar-se na comunidade ouvinte e a desenvolver uma personalidade idêntica à dos indivíduos ouvintes. A educação oral começa no lar e, portanto, necessita da participação efetiva da família. O oralismo sempre foi e continuasendo uma experiência que apresenta resultados nada atraentes para o desenvolvimento da linguagem e da comunidade dos surdos. Críticos desta abordagem, argumentam que canalizar todas as experiências pedagógicas e sociais da criança surda pelo recurso mais fraco, a competência oral, produzia fracassos em lugar de sucessos. O surdo não é visto dentro de suas possibilidades e de suas diferenças, mas no que lhe falta e que deve ser corrigido de qualquer forma para que ele possa integrar-se e ser "normal". O oralismo força as pessoas surdas a se adaptarem a uma imagem do que as pessoas ouvintes pensam que elas deveriam ser. Todas essas tentativas de oralização do surdo buscam a

description

libras

Transcript of As Filosofias Educacionais Para Surdos

Page 1: As Filosofias Educacionais Para Surdos

AS FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS:Comunicação total, oralismo, bilingüismo

A filosofia educacional é um ramo do pensamento que se dedica a reflexão sobre os processos educativos. Conhecer as filosofias educaconais para surdos, a linguagem e a qualidade de interações servem de suporte para analisar o ensino do povo surdo.Existem atualmente na área da surdez três filosofias educacionais que estão sendo utilizadas e estudadas. No processo histórico dos surdos no Brasil, mantendo o olhar pelo aspecto educacional um ponto importantíssimo para compreendermos melhor a educação de surdos é a evolução dessas filosofias educacionais são elas : oralismo, comunicação total e o bilingüismo.1. Oralismo (1911)O oralismo visa à integração do surdo na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. A noção de linguagem, para esta filosofia, restringe-se à língua oral, e esta deve ser a única forma de comunicação dos surdos.Seu objetivo é fazer com que o surdo faça parte da sociedade ouvinte através da fala e de boa leitura orofacial, evitando a utilização de sinais.O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela estimulação auditiva. Esta estimulação possibilitaria a aprendizagem da língua portuguesa e levaria a criança surda a integrar-se na comunidade ouvinte e a desenvolver uma personalidade idêntica à dos indivíduos ouvintes.A educação oral começa no lar e, portanto, necessita da participação efetiva da família. O oralismo sempre foi e continuasendo uma experiência que apresenta resultados nada atraentes para o desenvolvimento da linguagem e da comunidade dos surdos. Críticos desta abordagem, argumentam que canalizar todas as experiências pedagógicas e sociais da criança surda pelo recurso mais fraco, a competência oral, produzia fracassos em lugar de sucessos. O surdo não é visto dentro de suas possibilidades e de suas diferenças, mas no que lhe falta e que deve ser corrigido de qualquer forma para que ele possa integrar-se e ser "normal".O oralismo força as pessoas surdas a se adaptarem a uma imagem do que as pessoas ouvintes pensam que elas deveriam ser. Todas essas tentativas de oralização do surdo buscam a transformação desta num ouvinte que jamais poderá vir a ser. Uma vez que ele não pode vir a ser, nem a se comportar, nem a aprender da mesma forma que o ouvinte, as abordagens oralistas não alcançaram o resultado desejado (desenvolvimento e integração do surdo na comunidade ouvinte).O princípio educacional não estava baseado na necessidade do surdo e numa compreensão de suas necessidades, ou sequer em sua forma de comunicação. Isto não quer dizer que muitos surdos trabalhados no oralismo não tenham conseguido desenvolver um nível de linguagem e de fala bastante inteligível. O problema é que estes são poucos e a questão de integração na comunidade ouvinte, ainda continua existindo. A surdez nunca é anulada, tanto pelos profissionais como pelos ouvintes e, infelizmente, o surdo continua sendo estigmatizado pela sociedade ouvinte.2. Comunicação Total(1970)Na década de 60, a insatisfação com os resultados da linha oralista era muito grande nos EUA. Pesquisas e novos conhecimentos teóricos levaram a questionar o trabalho realizado até aquele momento, pois este não levava ao desenvolvimento esperado de fala, leitura orofacial, desenvolvimento de linguagem

Page 2: As Filosofias Educacionais Para Surdos

e habilidades de leitura.A comunicação total foi considerada como filosofia que incorpora as formas de comunicação auditivas, manuais e orais apropriadas para assegurar uma comunicação efetiva com as pessoas surdas. Preocupa-se, principalmente, com os processos comunicativos entre surdos e surdos e surdos e ouvintes. Acredita também que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser menosprezados em prol do aprendizado exclusivo da língua oral. Por isso essa filosofia defende o uso de recursos espaço-visuais como facilitadores da comunicação. Fornece, portanto, uma comunicação fácil, livre, de dois caminhos entre a criança surda e o seu ambiente mais próximo . A idéia consiste na utilização de alguma maneira que transmita vocabulário, linguagem e conceitos de idéias entre o falante e a criança surda.A comunicação total acredita que apenas o aprendizado da língua oral não propicie um pleno desenvolvimento à criança surda.Estudos sugerem que sejam estimuladas todas as formas possíveis de comunicação, tendo por objetivo o desenvolvimento cognitivo e da linguagem.Outra característica importante é o fato desta filosofia valorizar a família da criança surda, acreditando que cabe à família o papel decompartilhar seus valores e significados, formando junto com a criança, pela comunicação, sua subjetividade.No Brasil, além da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a comunicação total usa a datilologia (alfabeto manual), o "cued- speech" (sinais manuais que representam os sons do português), o português sinalizado (língua artificial que utiliza o léxico da língua de sinais como a estrutura sintática do português e alguns sinais inventados, para representar estruturas gramaticais do português que não existem na língua de sinais) e o pidgin (simplificação da gramática de duas línguas em contato). Por exemplo, português e língua de sinais no Brasil.A comunicação total não privilegia o fato de esta língua ser natural e levar junto uma cultura própria, então cria recursos artificiais para facilitar a comunicação e educação dos surdos, que podem provocar uma dificuldade de comunicação entre surdos que dominam códigos diferentes e língua de sinais.3. Bilingüismo (1980 até hoje)O bilingüismo tem como idéia básica que o surdo deve ser bilíngüe, ou seja, deve ter como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país.A língua de sinais propiciará ao indivíduo uma base para a aprendizagem de uma segunda língua, a qual pode ser escrita ou oral, dependendo do modelo seguido. Isto é, a criança é exposta à Língua de Sinais por interlocutores surdos, ou ouvintes que tenham proficiência em Língua de Sinais. A língua oral ou escrita serátrabalhada seguindo os princípios de aprendizado de uma segunda língua. Assim, as línguas de sinais são tanto o objetivo como o facilitador do aprendizado em geral. São ainda, línguas naturais e de modalidade gestual-visual e, como tal, apresentam especificidades próprias devido às restrições de ordem estrutural e a fatores sócio- culturais. Além da função comunicativa, as línguas naturais têm outra importante função que é a de suporte lingüístico para a estruturação do pensamento.Os surdos apresentam um impedimento de ordem sensorial na percepção das distinções fonêmicas da fala, que prejudica a compreensão dos significados. Em vista disso, criou-se a necessidade de um outro "meio" para a realização de suas potencialidades lingüísticas.O princípio fundamental do bilingüismo é oferecer à criança um ambiente lingüístico, no qual seus interlocutores se comuniquem com ela de uma forma natural, da mesma forma como é feito com a criança ouvinte através da língua

Page 3: As Filosofias Educacionais Para Surdos

oral. Assim, a criança não apenas terá assegurada a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, como a integração de um autoconceito positivo.Segundo os bilingüistas, o surdo não precisa ter uma vida semelhante ao do ouvinte, podendo aceitar e assumir a sua surdez.O conceito mais importante desta filosofia é que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. A noção de que o surdo deve aprender, de qualquer forma, a modalidade oral da língua para poder se aproximar ao máximo do padrão de normalidade é rejeitada por esta filosofia. Isto nãoquer dizer que a aprendizagem da língua oral não seja importante para o surdo, ao contrário, este aprendizado é desejado, mas não é visto como o único objetivo educacional do surdo, ou sequer como uma possibilidade de reduzir as diferenças causadas pela surdez.A proposta do bilingüismo é educacional, social e cultural, independente do modo como se concebe a segunda língua a ser adquirida pelo surdo.O sistema social, que a escola bilíngüe dá à criança surda, lhe fornece uma chance de se ver a partir da "semelhança de" e não da "impossibilidade de ser". A linguagem e a sociabilização são elementos importantes para que a formação inicial de sua identidade seja possível, e elas devem estar acessíveis à criança surda, para que a mesma tenha instrumentos para, posteriormente, adaptar-se a um mundo, que não será tolerante com seu estigma.Esta filosofia desempenha uma importante função de suporte do pensamento e de estimulador do desenvolvimento cognitivo e social.Rocha - Coutinho (1986) diz: Um deficiente auditivo não pode adquirir uma língua falada como língua nativa, visto que ele não tem acesso a um sistema de monitoria que lhe forneça um feedback constante para a sua fala. O deficiente auditivo conta somente com expressões faciais e movimentos corporais e não possui uma das fontes mais rica de língua oral: monitorar sua própria fala e elaborar sutilezas pela entonação, volume de voz e hesitação.A presença de surdos adultos apresenta grandes vantagens dentro da proposta bilíngüe. Primeiro, a criança tão logo tenhaentrado na escola, é recebida por um membro que pertença à sua comunidade cultural, social e lingüística; assim ela começa a ter oportunidade de criar a sua própria identidade. Segundo, essa criança começa a adquirir a sua língua natural. Tais vantagens são importantes para o sucesso da proposta bilíngüe.Assim, o bilingüismo seria o mais apropriado às necessidades da pessoa surda, cuja potencialidade se habilita a um desenvolvimento pleno da linguagem, contanto que haja "input". Desse modo, os dados lingüísticos que lhe servirão de "input" serão transmitidos através de um canal gestual-visual, a Língua de Sinais, já que sua audição está danificada.Conclusão: O que parece consenso entre os pesquisadores, e profissionais envolvidos diretamente na educação de pessoas surdas é que o programa bilíngüe oferece melhores condições para aprendizagem desses sujeitos. A língua de sinais é a língua natural da comunidade surda, é através dela que o sujeito surdo se apropria da cultura de sua comunidade para pensar, construir conceitos e conhecimento de mundo e interagir na sociedade em que vive.

Page 4: As Filosofias Educacionais Para Surdos

Bibliografia:- Filosofia Educacional em relação ao surdo : Do oralismo à comunicção total e bilingüismo.- Estudo histórico dos surdoswww.abpee.netInternet

ANHANGUERAJAILTON MACENARA 111304644DISCIPLINA – LIBRASPROFESSORA : LIDIANE

FILOSOFIA EDUCACIONAL DOS SURDOS

20122012

FILOSOFIA EDUCACIONAL DOS SURDOS> Oralismo> Comunicação total> Bilinguismo