As Crianças Que Vivem Com as Doenças Mais Raras Do Mundo

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8/20/2019 As Crianças Que Vivem Com as Doenças Mais Raras Do Mundo http://slidepdf.com/reader/full/as-criancas-que-vivem-com-as-doencas-mais-raras-do-mundo 1/5 As crianças que vivem com as doenças mais raras do mundo Beth Rose BBC News 29 fevereiro 2016 Compartilhar O dia 29 de fevereiro é o Dia da Doença Rara e, para marcar a data, a BBC entrevistou três famílias que convivem com casos assim. Uma é a dos Torrances, na Grã-Bretanha. O filho mais novo, Dylan, hoje com 12 anos, foi diagnosticado com uma mutação no 15º cromossomo, a trissomia parcial 15, doença que afeta apenas 19 pessoas em todo o mundo - mas ele é o único com esse defeito no cromossomo específico. A mãe de Dylan, Janie Torrance, diz que ficou "feliz" de certa forma quando o filho finalmente foi diagnosticado pois "ninguém sabia o que era". O problema é tão raro que sequer tem um nome. O diagnóstico dado à família foi apenas uma des crição do que aconteceu no cromossomo de Dylan. "A primeira coisa que você tenta fazer é encontrar outra pessoa com isso – e quando falaram que ninguém mais tinha, foi um golpe", disse Janie. Cada pessoa tem 23 pares de cromossomos. No 15º cromossomo de Dylan um dos componentes do par é mais longo. Por causa disso, Dylan não consegue falar, tem epilepsia grave e usa cadeira de rodas. Leia também: Cinco fatos curiosos sobre os anos bissextos Jaine disse que teve uma gravidez normal; mas que o bebê não demonstrava vontade de se alimentar e que seus movimentos eram descoordenados. A mãe afirmou que foi preciso muita insistência da família para conseguir um exame genético que confirmasse a doença - o que só ocorreu quando o menino estava com três anos. "Sou otimista em relação à vida. Olho para Dylan e penso 'como posso reclamar sobre minha Janie Torrance Janie Torrance

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As crianças que vivem com as doenças mais raras do mundo

Beth Rose

BBC News

29 fevereiro 2016

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O dia 29 de fevereiro é o Dia da Doença Rara e, para marcar a data, a BBC entrevistoutrês famílias que convivem com casos assim.

Uma é a dos Torrances, na Grã-Bretanha.

O filho mais novo, Dylan, hoje com 12 anos, foi diagnosticado com uma mutação no 15ºcromossomo, a trissomia parcial 15, doença que afeta apenas 19 pessoas em todo o mundo -mas ele é o único com esse defeito no cromossomo específico.

A mãe de Dylan, Janie Torrance, diz que ficou "feliz" de certa forma quando o filho finalmente foidiagnosticado pois "ninguém sabia o que era".

O problema é tão raro que sequer tem um nome. O diagnóstico dado à família foi apenas umades crição do que aconteceu no cromossomo de Dylan.

"A primeira coisa que você tenta fazer é encontrar outra pessoa com isso – e quando falaramque ninguém mais tinha, foi um golpe", disse Janie.

Cada pessoa tem 23 pares de cromossomos. No 15º cromossomo de Dylan um dos

componentes do par é mais longo.

Por causa disso, Dylan não consegue falar, tem epilepsia grave e usa cadeira de rodas.

Leia também: Cinco fatos curiosos sobre os anos bissextos

Jaine disse que teve uma gravidez normal; mas que o bebê não demonstrava vontade de sealimentar e que seus movimentos eram descoordenados.

A mãe afirmou que foi preciso muita insistência da família para conseguir um exame genéticoque confirmasse a doença - o que só ocorreu quando o menino estava com três anos.

"Sou otimista em relação à vida. Olho para Dylan e penso 'como posso reclamar sobre minha

Janie Torrance

Janie Torrance

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situação quando meu filho passa por isso todo dia?' Ele é tão positivo."

"Por enquanto não há cura, mas espero que alguém muito inteligente consiga descobrir algo",acrescentou.

Apesar dos cuidados constantes com Dylan, a família tenta manter uma vida o mais normalpossível. Jaine trabalha um dia por semana como cabeleireira e vai à academia, além degarantir que o filho mais velho, Callum, de 14 anos, possa ir a escola normalmente.

Dylan também tem a agenda cheia: recebe cuidados no centro para crianças Haven House, emEssex, e também frequenta uma escola especial quando sua saúde permite.

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Dia da Doença Rara

O Dia da Doença Rara é uma chance para aumentar a conscientização a respeito das 60milhões de pessoas no mundo todo afetadas por cerca de 6 mil doenças consideradas raras.

Nick Meade, da organização britânica especializada nestas doenças, a Rare Disease UK,afirmou que ao menos uma em cada 2 mil pessoa sofre destas doenças no mundo.

O baixo número de pacientes pode ter um impacto no desenvolvimento de tratamentos efrequentemente não há nenhuma opção a não ser os cuidados paliativos.

"Se você tem apenas 50 pessoas com um problema, então a pesquisa sobre esta doença émuito mais difícil, pois você tem menos pessoas para pesquisar. A busca por um diagnósticopode durar até 20 anos", afirmou.

Segundo a campanha Rare Disease Day uma doença rara é definida como um problema queafeta menos que uma a cada 2 mil pessoas.

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E cerca de 80% das doenças raras têm origem genética. Enquanto que outras são resultado deinfecções, alergias e causas ambientais.

Frequentemente não há cura e 30% dos pacientes que sofrem destas doenças vão morrer antes de chegar aos cinco anos de idade.

Não há um banco de dados central que tenha uma lista de cada uma das doençasconsideradas raras.

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'Infecção viral'

Em 2008 a menina Husna Naee, então com cinco anos, foi levada ao hospital pelos pais quetemiam ter "perdido a filha durante a noite".

"Ela ficou mal com uma infecção viral, foi ao hospital para ser tratada pelo que nós pensávamosser desidratação e saiu de lá dez dias depois em uma cadeira de rodas e tendo esquecido até

como segurar um lápis", disse Rahna Nabi, mãe de Husna.

A menina foi diagnosticada com a Ataxia de Friedreich, que causa dano progressivo ao sistemanervoso e ao coração, faz com que a pessoa perca a mobilidade, visão e audição. Husnatambém sofre de diabetes e Síndrome de Asperger.

"Não há nada pior do que alguém te falar que sua filha vai morrer lentamente, na sua frente",disse Rahna.

"Nos falaram que o estado de Husna se deteriorará gradualmente; ela não vai conseguir usar aspernas e braços, ficará cega, surda, perderá a habilidade de comer, engolir e falar - até ficar completamente incapacitada. Não havia nada que nós ou qualquer outra pessoa pudessemfazer, pois não há uma cura", acrescentou.

Rahna afirma que a filha é "muito determinada e animada", mas acrescenta que as tarefas maissimples são uma "luta" e Husna, hoje aos 16 anos, compreende o que está acontecendo comela.

A situação, segundo Rahan, é como uma "nuvem escura em cima de nossas cabeças".

Um dos maiores problemas, de acordo com a mãe de Husna, é para os irmãos: um mais velhoe outro mais jovem. Eles passaram por um período de "luto" pela irmã que conheceram e agoraeles tentam criar memórias positivas dela.

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"Houve muita tristeza pois uma doença rara significa que você perde a filha que pensou que iria

ter. Literalmente não há nada que você possa fazer a não ser tentar deixá-la o mais felizpossível", afirmou Rahna.

A mãe afirma que a família agora tenta se concentrar nas coisas que Husna consegue fazer enão no que ela perdeu. E acrescenta que a fé muçulmana os ajudou muito.

Foto: Rare Disease UK

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Coma

Alea Begum, de Londres, teve a filha, Khadija, diagnosticada com acidúria argininosuccínicaquanto tinha apenas um ano de idade.

A doença provoca o acúmulo de amônia no sangue, o que pode torná-lo tóxico e afetar osistema nervoso.

Para os pais, Khadija parecia saudável até que completou um ano de idade e seu estado desaúde foi se deteriorando.

"Ela estava vomitando então a levei para o hospital onde a colocaram em coma por duassemanas quando descobriram que o cérebro dela começou a inchar", disse Alea.

"Quando ela voltou, eles falaram que a parte de trás do cérebro tinha sido danificada, e que ela

tinha perdido a visão.""Foi difícil, muito difícil, aceitar pois ela nasceu normal e então, um dia, tudo mudou", disse.

Além de perder a visão, Khadija teve danos permanentes no cérebro e epilepsia, além de ter atraso no desenvolvimento.

A doença teve impacto na saúde mental da mãe, que passou a receber acompanhamentopsicológico.

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"Eu estava deprimida, tomando remédios e tinha todas estas lembranças. Como mãe dela eume culpava. Até hoje, todo dia 5 de março, quando ela foi internada, é como um aniversário e eutenho uma recaída."

"Pensamos muito sobre o futuro dela - ela vai se casar, ter filhos? Ela é capaz de estudar ou ir para a universidade?", questionou.

Com cinco anos de idade Khadija é "feliz", estuda em uma escola comum onde aprende embraille. A mãe conseguiu se qualificar como conselheira psicológica e agora apoia outrasfamílias através da organização Scope.

"Quando aconteceu, eu não conhecia ninguém com este problema, então é bom estar naposição de ajudar. Vejo famílias devastadas e quero dizer a elas 'em dois anos vocês estarãode pé'. Pensei que fosse perder minha filha, mas vou lutar com todas as minhas forças",afirmou.

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Alea Begum

AFP

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