Artigos Recomendados · 2017-10-02 · comunidade escolar e ao nosso País. ... que lhes permite...

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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 100 - Março 2016 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Artigos Recomendados Maestro! Para que serve? Quem já assistiu a um concerto certamente reparou que em frente à or- questra existe uma pessoa que não toca nada, fica ali balançando os braços en- quanto os músicos à sua frente tocam. Es- sa pessoa é o(a) regente da orquestra. Mui- tas vezes chamado(a) de maestro ou ma- estrina. Página 4 ******************* Divagações... aprendizados/ escolhas É inegável que a medida que o tempo passa vamos aprendendo mais e mais so- bre quem somos, sobre a vida e tudo que a envolve. Página 5 ******************* GREVE DOS PROFESSORES: O INÍCIO DE 2016 Página 9 ******************* O BRASIL NUNCA FOI UMA COLÔNIA! Página 10 ******************* E seu eu fosse candidato? Página 12 ******************* - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu www.culturaonlinebrasil.net Baixe o aplicativo IOS www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org Mensagem comemorativa da centésima edição Chegamos á centésima edição da Gazeta Valeparaibana. São sonhos e es- peranças que se renovam, como se cada mês fosse um novo renascimento. A centésima edição da Gazeta Valeparaibana representa um marco impor- tante para a história do projeto Formiguinhas do Vale. Desde janeiro de 1997, sem interrupção, com uma frequencia e pontualidade mensal, o jornal tem procurado cumprir sua missão de transmitir conhecimento. Renascer a cada edição é muito bom, já que, dia após dia estamos receben- do mais adesões e se denota um maior comprometimento com o exercício da cidadania e a divulga- ção do conhecimento, além da busca de informações confiáveis, pelos leitores e seguidores. Leia mais: Página 2 - EDITORIAL Página 3 EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E LEITURA Dia desses, estava num grupo de pessoas falan- do sobre livros, leitura e leitores e em se falando disso, a realidade indisfarçável não pode deixar de vir à tona: lê-se muito pouco no Brasil. O bra- sileiro lê pouco. Aliás, até fora do Brasil o brasi- leiro lê pouco. Página 6 Grito de Alerta A Terra está definhando Página 8 As grandes industrias farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis Em matéria por mim publicada com o título "Rede Globo e Dráuzio Varella se vendem ao Lobby no- jento e orquestrado das indústrias químicas e far- macêuticas" abordei o boicote que grandes in- dústrias químicas e farmacêuticas desempenha- vam para impedir que uma substância visse a ser registrada como medicamento, por não interessar economicamente a eles. Página 13 A dignidade da pessoa humana vista como um superpoder e como uma letra esquecida na Constituição Federal. Seus extremos hermêuticos Página 14 Capitalismo e democracia na Europa PARTE III Página 15

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Ano VIII - Edição 100 - Março 2016 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Artigos Recomendados

Maestro!

Para que serve? Quem já assistiu a um concerto

certamente reparou que em frente à or-questra existe uma pessoa que não toca nada, fica ali balançando os braços en-quanto os músicos à sua frente tocam. Es-sa pessoa é o(a) regente da orquestra. Mui-tas vezes chamado(a) de maestro ou ma-estrina.

Página 4 *******************

Divagações... aprendizados/ escolhas

É inegável que a medida que o tempo passa vamos aprendendo mais e mais so-bre quem somos, sobre a vida e tudo que a

envolve.

Página 5 *******************

GREVE DOS PROFESSORES:

O INÍCIO DE 2016 Página 9

*******************

O BRASIL NUNCA FOI UMA

COLÔNIA! Página 10

*******************

E seu eu fosse candidato?

Página 12 *******************

- Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

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Mensagem comemorativa da centésima edição Chegamos á centésima edição da Gazeta Valeparaibana. São sonhos e es-peranças que se renovam, como se cada mês fosse um novo renascimento. A centésima edição da Gazeta Valeparaibana representa um marco impor-tante para a história do projeto Formiguinhas do Vale. Desde janeiro de 1997, sem interrupção, com uma frequencia e pontualidade mensal, o jornal tem procurado cumprir sua missão de transmitir conhecimento.

Renascer a cada edição é muito bom, já que, dia após dia estamos receben-do mais adesões e se denota um maior comprometimento com o exercício da cidadania e a divulga-ção do conhecimento, além da busca de informações confiáveis, pelos leitores e seguidores.

Leia mais: Página 2 - EDITORIAL

Página 3

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E

LEITURA Dia desses, estava num grupo de pessoas falan-do sobre livros, leitura e leitores e em se falando disso, a realidade indisfarçável não pode deixar de vir à tona: lê-se muito pouco no Brasil. O bra-sileiro lê pouco. Aliás, até fora do Brasil o brasi-

leiro lê pouco.

Página 6

Grito de Alerta A Terra está definhando

Página 8

As grandes industrias farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam,

porque não são rentáveis Em matéria por mim publicada com o título "Rede Globo e Dráuzio Varella se vendem ao Lobby no-jento e orquestrado das indústrias químicas e far-macêuticas" abordei o boicote que grandes in-dústrias químicas e farmacêuticas desempenha-vam para impedir que uma substância visse a ser registrada como medicamento, por não interessar economicamente a eles.

Página 13

A dignidade da pessoa humana vista

como um superpoder e como uma letra esquecida na Constituição Federal.

Seus extremos hermêuticos

Página 14

Capitalismo e democracia

na Europa

PARTE III

Página 15

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download

Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da Educação e da divulgação da

CULTURA Nacional

Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a

bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses

professores.

Khalil Gibran

**************** Fazer aniversário é olhar para trás com

gratidão e para frente com fé!

Rosaura Gomes

**************** Agradeço ao meu Deus e Pai por todas as coisas boas que vivi, por que sei que o bem apenas dele é que veio. O que

vivi de ruim em minha vida, foi por ignorância, estupidez e escolha minha.

Mas minha felicidade eu só devo ao Pai!

Augusto Branco

**************** A gratidão é um fruto de grande cultura;

não se encontra entre gente vulgar.

Samuel Johnson

**************** A gratidão de quem recebe um benefí-cio é bem menor que o prazer daquele

de quem o faz. Machado de Assis

Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

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A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

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Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

Mensagem comemorativa da centésima edição

Chegamos á centésima edição da Gazeta Valeparaibana. São sonhos e esperanças que se renovam, como se cada mês fosse um novo renasci-mento. A centésima edição da Gazeta Valeparaibana representa um marco importante para a história do projeto Formiguinhas do Vale. Des-de janeiro de 1997, sem interrupção, com uma frequencia mensal, o jor-nal tem procurado cumprir sua missão de transmitir conhecimento.

Renascer a cada edição é muito bom, já que, dia após dia estamos re-cebendo mais adesões e se denota um maior comprometimento com o exercício da cidadania e a divulgação do conhecimento, além da busca de informações confiáveis, pelos leitores e segui-dores.

A Gazeta Valeparaibana na atualidade tem algumas colunas tradicionais; Genha Auga, Mariene Hildebrando, Ivan Claudio Guedes, João Paulo Barros, Maestro Luis Gustavo Petri, Alberto Blan-quet e Loryel Rocha, além de artigos de diversos outros autores ocasionais referentes ás princi-pais datas comemorativas do mês.

Algumas matérias são sazonais e outras matérias são pontuais.

O projeto “Formiguinhas do Vale” só tem a comemorar o sucesso de seus meios de comunicação “Gazeta Valeparaibana” que já alcançou a significativa marca de 5 milhão de downloads e a sua rádio Web CULTURAonline BRASIL que também já ultrapassou a marca de 137.500 ouvintes únicos e mais de 2.5 milhões de acessos nos seus sites, no seu Blog ou nas suas páginas do Fa-cebook. Enfim, realizações e sonhos que se renovam junto com o compromisso de bem servir à comunidade escolar e ao nosso País.

Filipe de Sousa (Editor e Jornalista Responsável) acredita que os seus maiores desafios ao longo desses 8 anos à frente do Jornal Gazeta Valeparaibana foram assegurar a coerência e a preci-são da informação, bem como manter pontualmente o prazo de entrega do jornal ao leitor. Afir-mou também que a principal contribuição do jornal é o sentimento que todos têm de que há um veículo de comunicação, que lhes permite saber o que acontece no Brasil e no Mundo na área da Educação.

Outra contribuição é que os voluntários envolvidos no processo terminam percebendo da sua im-portância dentro da área docente, trabalhando na mesma direção, que é democratizar a informa-ção e opinar com responsabilidade além de acreditar que o conhecimento e a cultura podem con-tribuir sim para uma educação de qualidade e, que neste mundo de informação e desinformação, elucidar e transmitir conhecimento de Aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos.

William Shakespeare

uma forma laica e apartidária neste mundo ainda é possível.

Muito obrigado a todos pelo incentivo, apoio e pelo sucesso alcançado. Parabéns para todos que contribuíram com as Pautas Educação e Cidadania que fizeram destes veículos ícones na área de comunicação.

A Diretoria

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

CULTURAonline BRASIL

Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 3

Nossos animais

Dia 14 se comemora o dia nacional do animal e nesse sentido resolvi me colocar sobre o assunto. Falo nos animais de estimação e nos animais utili-zados para trabalho ou “diversão”.

Primeiramente me coloco sobre os animais utilizados como ferramentas de trabalho para carroceiros que se dedicam ás mais diversas atividades que vão desde a coleta de entulho passando até pela recolha de material de reci-clagem. Nada contra desde que bem tratados , mas tudo contra sobre os ani-mais sobrecarregados e maltratados.

Quanto aos rodeios então nem se fala, pura crueldade e barbarismo.

Mas hoje vou escrever sobre os de estimação pois tenho 3 maravilhosas cri-aturas que me pedem e me dão responsabilidade mas muito amor e lealda-de.

Não é novidade para ninguém, nos dias de hoje, a existência dos tradicionais animais de estimação, predominantemente, cães e gatos, em grande quanti-dade. Vemo-los em casas e apartamentos.

A maioria, sem condições de espaço e higiene. Em bairros com construções horizontais, é frequente ver, nas ruas, estes animais á solta e á vontade. Sa-be-se que não estão abandonados pelo aspecto bem tratado que alguns apresentam.

São soltos propositadamente pelos donos, para fazerem as necessidades e ao mesmo tempo usufruírem do espaço que lhes falta, enquanto habitam no pequeno espaço que lhe está atribuído na residência.

Os animais de estimação são a alegria de muita gente. Um animal nunca de-silude o seu dono, mantém-se sempre fiel e amigo. No entanto, os donos de-viam ter em mente três princípios básicos: Abandono, trato e disciplina.

Quanto ao abandono, só tenho a dizer que é de uma crueldade tremenda. Quem o faz, são pessoas insensíveis e egoístas que não sabem ou esque-cem que os animais também sofrem. Lembro que abandono e maus tratos

são crimes previstos na Legislação Brasileira.

Relativo aos maus tratos, há mais a dizer. Os maus tratos são diversos.

Alguns, são praticados e as pessoas nem se apercebem disso. Para um ani-mal que necessite de espaço para correr, prendê-lo ou restringi-lo a um canil, é maltratar o animal. Podem-lhe proporcionar todas as condições de higiene e alimentação, mas falta-lhe o que lhe é de mais sagrado, a liberdade.

O contrário também é verdade. Dar todo o espaço e liberdade a um animal que não necessite dele, é criar-lhe confusão e um animal confuso, sofre.

Filipe de Sousa

Calendário

Algumas datas Comemorativas

02 - Dia Nacional do Turismo

08 - Dia da Mulher

09 - Eclipse Solar 2016

12 - Dia Mundial Contra a Cibercensura

14 - Dia Nacional dos Animais

15 - Dia da Escola

15 - Dia Mundial do Consumidor

20 - Dia Internacional da Felicidade

20 - Início do Outono

21 - Dia Universal do Teatro

21 - Dia Mundial da Terra

21 - Dia Intern. Contra Discriminação Racial

21 - Dia Internacional da Síndrome de Down

21 - Dia Intern. das Florestas e da Árvore

22 - Dia Mundial da Água

23 - Dia Mundial da Meteorologia

23 - Eclipse Lunar 2016

25 - Dia da Constituição

27 - Dia do Circo

30 - Dia Mundial da Juventude

31 - Dia da Saúde e Nutrição

31 - Dia da Integração Nacional

FRASE DO MÊS

As mulheres não sabem o que querem, e não dão descanso,

enquanto não recebem aquilo que querem.

Oscar Wilde

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EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

A educação para a cidadania significa fazer de cada pessoa um agente de

transformação social, por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma reflexão/ação dos homens sobre o

mundo para transformá-lo.

Este é um dos objetivo do Jornal

Gazeta Valeparaibana

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 4

Fala maestro

Maestro! Para que serve? Quem já assistiu a um concerto certa-

mente reparou que em frente à orquestra e-xiste uma pessoa que não toca nada, fica ali balançando os braços enquanto os músicos à sua frente tocam. Essa pessoa é o(a) regente da orquestra. Muitas vezes chamado(a) de maestro ou maestrina.

Afinal o que essa pessoa está

fazendo ali? A história da regência é antiga, não

se sabe exatamente quem ou quando essa profissão foi inventada. A música existe desde que o mundo é mundo e sempre foi usada co-mo motivo de reunião social. Por esse mesmo motivo os grupos musicais não eram grandes e era mais que suficiente que eles mesmos se auto-dirigissem. A música fluía normalmente, não havia a menor necessidade de um dire-tor. Com o tempo os grupos foram crescendo e a música se tornando mais complexa. Natu-ralmente foram aparecendo dentro dos gru-pos os líderes. Aquelas pessoas que possuí-am mais facilidade para ouvir o conjunto e, com isso, ajudarem na melhora da execução daquela obra musical.

Quando a notação musical apareceu,

ainda na Idade Média, apareceram os compo-sitores, aqueles que poderiam anotar a peça musical para que fosse executada mais de uma vez e que a própria execução fosse apri-morada. Muitas vezes eles próprios tocavam e faziam parte do grupo de músicos. A com-plexidade aumentando e o ensaio, aquele tempo usado pelos músicos para aprimorar a execução, foi ficando mais necessário.

Quando chegamos no período pós-

renascimento, quando os instrumentos que hoje conhecemos começaram a ser construí-dos e desenvolvidos e a notação musical co-mo a conhecemos hoje se estabeleceu apare-ceu a figura do líder do grupo. O instrumentis-ta principal ou aquele que era responsável pela harmonia passou a ter um papel impor-tante. Como o músico precisava além de diri-gir, tocar o instrumento, ele começou a de-senvolver uma linguagem corporal que aju-dasse o grupo sem que prejudicasse a audi-ção nem sua própria performance.

Apareceram as orquestras, a música

começou a ser espetáculo, onde as pessoas se reuniam para assistir. Muitas vezes ainda misturadas a uma atividade social, o espetá-culo precisava ter uma qualidade superior de execução. A ópera, espetáculo que une tea-tro, dança, canto e músicos, ganhou populari-dade e começou a ficar complicado para a-quele músico tocar e dirigir o grupo ao mesmo tempo. Muitas vezes ele precisava largar seu instrumento, se levantar para ajudar um gru-po, ou auxiliar o cantor. A coisa foi complican-do de um tal jeito que esse músico abando-

nou o instrumento para que se dedicasse ex-clusivamente à direção. Nascia aí a figura do regente.

E aquele “gravetinho" na mão do ma-

estro? Como funciona? Essa ferramenta se chama “batuta" em português, baton em in-glês. A origem é um pouco obscura, há regis-tros de uso de algo parecido bem antes de Cristo. O que sabemos com certeza é que no séc. XVII já era uso comum o regente se colo-car à frente com um longo bastão, como a-quela que vemos nas imagens de pastores antigos ou nos magos como o Gandalf.

Essa ferramenta tinha grandes vanta-

gens, os músicos conseguiam vê-la ou sentir seu movimento sem realmente precisar tirar os olhos da partitura e muitas vezes o barulho do bastão no chão ajudava a união na execu-ção. Há uma história trágica e curiosa sobre o uso desta ferramenta. Talvez o primeiro “acidente de trabalho” na história da regência. Jean-Baptiste Lully (1632-1687) foi um grande compositor francês e um dos primeiros gran-

des regentes da história da música ocidental. Em 1687 ele conduzia um Te Deum de sua autoria para o rei Luís XIV, que acabara de se recuperar de uma cirurgia.

Durante a execução ele acidental-

mente amassou o dedão de seu pé direito com o bastão. O estrago foi grande. O dedo gangrenou e ele se recusou a amputar a per-na, que era o único tratamento possível na época. Ele não queria parar de dançar. Pouco tempo depois Lully morria pelos estragos cau-sados por essa infecção. O bastão se tornou um instrumento perigoso…

Lá pelo início do séc. XIX era muito

comum um violinista ser o líder da orquestra, e muitas vezes usava o arco, que é aquele pedaço de madeira com crina de cavalo que é usado para vibrar as cordas do instrumento, para dirigir. A mistura das duas ideias fez nas-cer a batuta, esse pequeno “graveto" que hoje em dia é usado para ajudar a orquestra a soar com unidade. Com menos possibilidades de “acidentes graves de trabalho”.

Mas o trabalho de regente não se re-sume a abanar os braços com a batuta na mão. Seu grande desafio é preparar o conjun-to para a apresentação. Saber ensaiar, detec-tar as dificuldades de cada um dos instrumen-tistas, estudar as obras que ficaram extrema-mente mais complexas hoje em dia para que o tempo de ensaio seja aproveitado. Lidar com o grupo, com as diferentes personalida-des, trabalhar com solistas convidados, com os cantores/atores, bailarinos, cenários de um espetáculo de ópera, são habilidades extre-mamente importantes para o bom regente. Acrescente-se a isso uma noção boa de ad-ministração, já que ele precisa trabalhar de acordo com o setor orçamentário e adminis-trativo do grupo. A profissão hoje é bastante complexa!

Uma pergunta frequente dirigida a

mim. “Maestro, o senhor toca todos os instru-mentos?”

Claro que não! Mas é minha obriga-ção conhecer o funcionamento de cada um deles. Saber sugerir maneiras de se executar determinado trecho, saber das particularida-des sonoras de cada um para se encontrar o equilíbrio é uma das nossas obrigações, mas não exatamente tocar aquele instrumento. Na minha opinião é muito importante que o re-gente toque bem pelo menos um instrumento. Para ele sentir dentro de si o que é executar uma peça musical, seus desafios.

Na história mais recente grandes no-

mes como Gustav Mahler (1860-1911), Her-bert von Karajan (1908-1989) ou Claudio Ab-bado (1933-1914) trouxeram um grande brilho a essa profissão. Como em toda posição de líder esses desafios criam e com isso, o amor e ódio de músicos e público. Mas isso é as-sunto para um outro dia!

Em tempo: “Regente ou Maestro”. Regente ou Diretor de Orquestra é o nome da profissão. Representa a atividade, o ofício. Maestro é um tratamento. A palavra significa “mestre’’ em italiano e é usado quando al-guém se dirige a um regente, como usamos Doutor como tratamento a um professor com esse título.

Luís Gustavo Petri é regen-te, compositor, arranjador e pianista. Fundador da Or-questra Sinfônica Municipal de Santos. Diretor musical da Cia. de Ópera Curta cria-da e dirigida por Cleber Pa-pa e Rosana Caramaschi. É

frequente convidado a reger as mais impor-tantes orquestras brasileiras, e em sua carrei-ra além de concertos importantes, participa-ções em shows, peças de teatro e musicais.

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

Divagações... aprendizados/ escolhas

É inegável que a medida que o tempo passa vamos aprendendo mais e mais sobre quem somos, sobre a vida e tudo que a en-volve. A compreensão e aceitação de fatos e acontecimentos que nos envolvem e permei-am a nossa existência nos trás paz. Nem tu-do conseguimos entender, mas isso já é um aprendizado, percebermos que certas coisas não entenderemos nunca. Em cada fase de nossas vidas importantes aprendizados i-rão ocorrer. E todos são significativos para o nosso crescimento pessoal.

Verdade é que no aprender a viver, está aprender a respeitar o outro. Aprender a se doar, aprender que o outro tem tantos direi-tos e deveres quanto eu. Aprender que nun-ca saberei tudo, que estarei sempre “aprendendo” . Perceber que tudo é imper-manente, e é aí na impermanência que está o aprendizado. . Quando aceitamos o desa-pego e a impermanência, nos encaminhamos para conseguir a paz tão almejada. Só assim para haver evolução. O crescimento interno acontece na medida em que aproveitamos nossas experiências. Ciclos, a vida é feita disso. Temos que ser meio camaleônicos e nos adaptar, ou então, mudar tudo de novo e nos rebelar.

Aprender a sorrir mais, a abraçar mais, a amar, a ser gentil, ter compaixão, se colocar no lugar do outro, sublimar, abstrair, relaxar, contemplar mais. Aprender a conviver com a

ausência de alguns, com o término de rela-cionamentos, de ciclos de vida. Aprender a recomeçar, aprender a começar. Aprender que não teremos respostas para tudo, e que podemos encarar a vida de maneira mais po-sitiva. Desfrutando do que alegra a nossa al-ma, nos deixa mais feliz e torna nossos dias mais leves e coloridos. Aprender a deixar a arrogância de lado achando que sabemos tudo.

Aprender a sermos mais humildes, mo-destos e honestos. Aprender a nos doarmos mais! Quando nos doamos, nos entregamos, e a entrega faz com que a gente consiga a-proveitar os momentos de uma forma mais completa. Abusar da sinceridade, ser verda-deiro, leal, autêntico. Aprender a ser “desafetado”, afetuoso, tem pessoas que não conseguem demonstrar o que sentem, tem que aprender. Ser fiel com tudo e com todos. Com nossas crenças e ideais, com nosso companheiro ou companheira, com nossos propósitos de vida.

Sermos nós mesmos, mas não esque-cendo que viver é aprender , e que nada é imutável, que podemos errar e acertar, e nos decepcionar, mas é só assim que melhora-mos como pessoas, e só assim conseguimos nos relacionar com o outro, trocando, nos co-nectando com o mundo. È fato que tudo isso acontece, é importante, mas o que mais pre-cisamos aprender é sobre o amor. Amar os outros, amar a si mesmo. A vida é movida por ele. Pode ser até que alguns discordem, mas acredito muito nisso. Não encontrei até hoje nenhum sentimento que o supere. E por amor, nós mudamos, nós tentamos, nós so-fremos, nós rimos sozinhos, muita coisa boa e muita coisa ruim, é feita em nome dele.

A vida está sempre nos cobrando atitu-des, estamos sempre tendo que escolher, sem mesmo nos darmos conta de que faze-mos isso a todo instante. A maior parte das nossas escolhas diárias fazemos sem perce-ber. Não há grandes consequências quando o fazemos. Mas a vida às vezes nos apre-senta aquelas escolhas que são muito difí-ceis, e que nos tiram o sono, a fome, dói o estômago, a cabeça, a gente já não racioci-na. O que fazer? Viajar ou não viajar; mudar

de cidade, de estado ou de país; mudar de emprego, iniciar um novo relacionamento, acabar um antigo? Os momentos de confron-tos irão surgir e teremos que escolher, a difi-culdade está justamente no impacto que a nossa decisão irá causar na nossa vida e até na vida das pessoas que estão ao nosso re-dor, que convivem com a gente, familiares, amigos, colegas, e por mais que a gente di-ga, “ a VIDA É MINHA, EU FAÇO O QUE BEM ENTENDO” nunca é só isso. No mo-mento em que não decidimos algo por medo ou outro motivo qualquer, já estamos fazendo uma escolha, a de não decidir, a de não nos comprometer. Viver é correr riscos, é se a-venturar a todo instante, não tem como saber se o caminho que escolhemos é o melhor, o tempo dirá. Certo é que devemos espantar o medo de escolher e de tentar, melhor se ar-repender por ter tentado, de outro jeito va-mos ficar apenas imaginando como seria.

Acredito que uma forma de escolher é com o coração, dificilmente ele erra, a intui-ção também ajuda. A primeira impressão, a primeira ideia que tivemos, normalmente é o caminho mais acertado. Deixar o medo de lado e agir. Fazer a nossa história, acertando e errando. Arriscando! Correr riscos dá me-do, mas nos ajuda a alcançar nossos sonhos. Muita segurança diminui a nossa liberdade e vice versa. Temos que dosar com ousadia e coragem. Viver é isso, não arriscar é perigo-so, não experimentar é tedioso. “Vambora” viver a vida que ela não espera, escolhas, aprendizados... nossa história!

Mariene Hildebrando

Especialista em Direitos Humanos

Email: [email protected]

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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DESIGUALDADES

Os contrastes sociais são responsáveis por todas as desigualdades raciais, étnicas e interculturais. Mesmo em tempos pós emancipação quem tem muita melanina, na maioria das vezes, é olhado de canto, é temido. Julgado e culpado. Prostrado à marginalização e banalidade. Jogado à sorte do destino. É triste ver que muitos são obrigados a sobreviver com pouca coisa, enquanto poucos riem e fazem de tudo um

circo, vivendo bem e muito bem, "com muitas coisas"

O problema da desigualdade social não é a falta de dinheiro para muitos, e sim o excesso na mão de poucos.

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Dia 15 - Dia da Escola

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Nelson Rodrigues

As grandes convivências estão a um milí-metro do tédio.

Com sorte vc atravessa o mundo, sem

sorte vc não atravessa a rua.

Começava a ter medo dos outros. Apren-dia que a nossa solidão nasce da

convivência humana.

Copacabana vive, por semana, sete do-mingos.

D. Helder só olha o céu para saber se leva

ou não o guarda-chuva.

Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e

neurastênica.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um

milímetro do erro e da obtusidade. Deus está nas coincidências.

Dinheiro compra tudo, até amor

verdadeiro.

É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O

ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria

hediondez.

É preciso trair para não ser traído.

Em muitos casos, a raiva contra o subde-senvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa

abundância.

Entre o psicanalista e o doente, o mais pe-rigoso é o psicanalista.

Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o

desgaste da nossa delicadeza.

Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso

moral.

Existem situações em que até os idiotas perdem a modéstia.

Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 6

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E LEITURA

Dia desses, estava num grupo de pessoas fa-lando sobre livros, leitura e leitores e em se falando disso, a realidade indisfarçável não pode deixar de vir à tona: lê-se muito pouco no Brasil. O brasileiro lê pouco. Aliás, até fora do Brasil o brasileiro lê pouco. Nossa amiga bata-lhadora das letras, catarinense radicada na Suiça, Jacqueline Aisenman, com o sucesso da sua revista literária eletrônica Varal do Bra-sil, mais as antologias, que divulgam a literatu-ra brasileira pelo mundo afora, resolveu abrir um livraria com títulos em português em Gene-bra. Uma livraria com livros de autores brasilei-ros, primordialmente, para leitores brasileiros, para a colônia brasileira que, como Jacqueline, vive na Suiça. Pois teve que fechar depois de alguns meses, pois os brasileiros que vivem lá também não compram livros. Então há que se fazer a pergunta que não quer calar: o que é preciso para incentivar o hábito da leitura, para fazer com que o brasilei-ro leia mais, que se interesse mais pela litera-tura? O consenso foi que o preço do livro, a falta de bibliotecas, o pequeno número de li-vrarias existentes no Brasil não são, exata-mente e exclusivamente, os culpados disso. A educação em nosso país é que é deficiente, não está fazendo o seu papel como deveria. A educação brasileira está num processo cres-cente de deteriorização: o sistema de ensino sofreu mudanças, nos últimos anos, que ao invés de melhorar o aprendizado do primeiro e segundo graus, complicaram métodos que es-tava funcionando até então. A alfabetização, no primeiro grau, no sistema antigo, possibilita-va que os alunos aprendessem a ler e escre-ver no primeiro ano. Hoje, com alterações e-quivocadas, existem crianças no terceiro ano – considerando-se que foi aumentado um ano do ensino fundamental, com a inclusão do pré – e até no quarto que não conseguem domi-nar, ainda, a leitura e a escrita. Os professores são mal pagos, falta treinamento, qualificação,

as escolas não são equipadas com o mínimo necessário, muitas vezes, para os professores trabalharem, faltam escolas e das escolas e-xistentes algumas estão caindo aos pedaços. Falamos da escola pública, mas o rendimento da escola particular também não é dos melho-res. Constata-se, não é de hoje, que a educação, neste nosso Brasil, está caminhando para a falência, infelizmente. E não está se fazendo muita coisa para mudar isso. Se a escola não melhorar, se a educação não tiver mais quali-dade, essa lacuna que é a falta de tempo, a impossibilidade de incluir aulas de leitura e in-terpretação no conteúdo programático, para incutir o gosto pela literatura em nossos leito-res em formação continuará. E nossas crianças, nossos estudantes cresce-rão sem estímulo para a leitura, crescerão sem gostar de ler e, além de não comprar livros, entrarão na vida adulta e enfrentarão o merca-do de trabalho sem qualificação para conse-guirem um bom emprego. E, consequente-mente, não terão uma boa renda, o que os im-pedirá de comprar bons livros. É uma bola de neve: se os pequenos leitores em potencial não aprenderem a gostar de ler, não terão muito gosto pelo estudo, pois estu-dar significa ler, o que significa também que terão que trabalhar mais e ganharão menos, tendo menos tempo e dinheiro para boas leitu-ras. E não saberão nem aproveitar oportunida-des mais baratas, como as bibliotecas e sebos que existem. E os filhos deles terão o mesmo destino, pois em casa que não tem livro, crian-ças não poderá gostar de livros, pois não se gosta de uma coisa que não se conhece. E a bola de neve continuará rolando. Não é uma nova descoberta, mas a verdade é que precisamos de mais atenção e mais dedi-cação do poder público pela educação, para que ela seja recuperada. Se não tivermos uma educação decente, nossas crianças não serão adultos que gostarão de ler e a maldição, a-quela que reza que “brasileiro não lê”, continu-ará a rondar nosso país. De maneira que a so-lução para que se leia mais é, mais do que tu-do, uma educação de qualidade. Precisamos cobrar isso de nossos governantes. Antes que seja tarde demais. Existem professores dedi-cados e abnegados, em nossas escolas públi-cas, que apesar das dificuldades e do pouco reconhecimento, são exemplos, ao mostrar co-mo fazer para que nossas crianças gostem de ler. Como a professora Mariza Schiochet, em Joinville.

Luiz Carlos Amorim

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 7

Contos, Poesias e Crônicas BEIJO AZUL

As ondas vinham mansas e devagarzinho molhavam aqueles pezinhos que saltitantes es-pirravam água o bastante para que molhassem suas roupas e, alegremente, fazia-os gritar de euforia. David parecia um macaquinho: magricela de cabelo enroladinho pulava até perder o fôlego, jogava-se na água e começava de novo. Sua irmã Flor ria muito das traquinagens do irmão, Tainá, melhor amiga dos dois, jogava água na Flor, mas, quando David a molhava, trancava a cara e ficava brava. Os três moravam à beira da praia e estavam sempre juntos, iam cedo para a escola e quando voltavam, almoçavam, faziam o dever de casa e saiam para brincar até o Sol se por. O clima sempre quente do lugar tardava o escurecer e como os dias eram mais longos, tinham a vanta-gem de brincarem mais do que crianças que mo-ravam em outros lugares. O pai de David e Flor era pescador e aos domingos, seu dia de folga, levava os três para passear no barco de pesca até o alto mar. Ensi-nava o filho conduzir o barco, pois notava que ele levava jeito, quem sabe quando atingisse mais idade iria acompanhá-lo nas pescarias, com os dois juntos haveria possibilidade de au-mentar a renda e David, cada vez mais, empe-nhava-se para aprender tudo com o pai. Certo dia, o pescador acordou indisposto e não pode levá-los ao passeio e, David, confiante que poderia fazê-lo, insistiu para deixá-lo ir com as meninas convencido de que saberia levar o barco. O pai concordou, mas, recomendou-lhe que ficasse mais para a beira e não se atrevesse a enfrentar o alto-mar. David todo cheio de si preparou o barco, vis-toriou todos os acessórios e equipamentos para fazer um passeio seguro, afinal, seria o respon-sável pelo divertimento de todos. As meninas empolgadas pela aventura trata-ram de preparar comes e bebes e agasalhos. Todos prontos, zarparam bem cedo e lá foram... David dominou o barco tão bem que seu pai fica-ria orgulhoso de vê-lo. O dia estava claro, o céu azul da cor do mar e nenhuma nuvem anunciava a possibilidade de chover, tudo favorecia o pas-seio. Alegremente seguiram cantando, rindo, de-liciavam-se nas guloseimas e parecia que a pai-sagem reverenciava a independência deste dia que David tão bem conduzia. Depois de algumas horas, David resolveu fazer uma surpresa desviando o roteiro em dire-ção ao alto mar, ao perceberem, as meninas fo-ram logo indagar com ele que por sua vez, ten-tou acalmá-las na certeza de que nada aconte-ceria. Flor aceitou e resolveu aproveitar, mas Tainá ralhou com ele preocupada com seus pais e receosa dos perigos que poderiam enfrentar. O barco deslizava tranquilamente até que de re-pente as ondas aumentavam cada vez mais, transpunham por elas aos solavancos que os faziam agarrar-se gritando com medo do barco virar. David perdeu o controle do barco e esta-vam cada vez mais perto da linha entre o céu e o mar. Assustados e sem conseguirem voltar porque o mar estava bem agitado, foram parar no “Beijo Azul”, onde o mar parece beijar o céu, na linha do horizonte. O “Beijo Azul” era um lugar mágico, onde encontraram seres encantados que nunca imagi-naram existir. Dragões brincavam com peixes voadores, sereias sentadas sobre pedras, vaido-

sas, penteavam seus longos cabelos, golfinhos mergulhavam atrás de lindos corais falantes por entre um jardim que crescia do fundo do mar com flores dançantes cercadas de peixinhos dourados e prateados que brilhavam e inunda-vam o mar com suas cores. E contava a lenda que havia no fundo, bem no fundo, um mago que jogava neve no mundo. Tudo isso, encanta-va as crianças perdidas no mar. Tão espantados ficaram que até esquece-ram a preocupação de voltar para casa e quan-do menos esperavam aqueles seres vieram brin-car com eles e os atraíram mais ainda. As crianças estavam tão emocionadas e nem perceberam o tempo passar até que os per-sonagens se aproximaram para convidá-los a brincar. Mas Tainá logo lembrou que tinham de voltar porque estava ficando tarde, porém, um dos peixinhos voadores avisou que naquele lu-gar o dia não acabava e poderiam brincar o quanto quisessem e David entusiasmado já que-ria ficar, quando as meninas retrucaram, pois os pais, àquela altura, já deveriam estar preocupa-dos. Só que eles não sabiam como fazer para voltar e Flor desesperada, chorou deixando cair uma lágrima que brilhou sobre a água e dela surgiu uma fada de nome Ondina. Ela cuidava daquele lugar sagrado e sempre que alguma cri-ança chorava era o sinal de que alguém precisa-va de ajuda. Ofegantes explicaram o que aconteceu, ela os acalmou e disse que poderiam ficar mais um pouco para conhecer melhor o lugar e se diverti-rem com os novos e mágicos amiguinhos. Ela daria um jeito de voltarem sãos e salvos para seus pais dando-lhes um pozinho que os trans-portaria de volta a tempo e poderiam usá-lo sempre que quisessem. Conversaram sobre o assunto, decidiram voltar para terra firme comprovando se o pozi-nho realmente funcionaria e seus pais estavam bem, pois se tudo desse certo retornariam sem-pre que quisessem despreocupados. Ondina recomendou-lhes que colocassem um pouco do pó mágico sobre a cabeça e imagi-nassem lugares fantásticos. Feito isso, iniciaram a jornada de volta. Despediram-se de todos e agradeceram por tudo. Logo após colocarem o pozinho sobre suas cabeças, fecharam os olhinhos e, ao mesmo tempo em que imaginavam lugares mágicos, vi-ram-se passando por túneis coloridos e em rede-moinhos que rapidamente os conduziam por en-tre luzes brilhantes despejando-os calmamente com o barco sobre as águas do mar, pertinho de onde moravam e chegaram seguramente. Em suas casas, tudo estava tranquilo e fo-ram recebidos sem nenhum problema. David ficou envaidecido quando seu pai o elogiou por ter levado as meninas para o passeio em segu-rança. Durante alguns dias, cada um dormia com o pozinho embaixo do travesseiro e quando iam para a escola o levavam junto. Mas era preciso encontrar um lugar bem protegido para guardá-lo enquanto não o usavam para não correr riscos de alguém achar ou de perdê-lo. – Uma missão difícil, quase impossível. Em pouco tempo tiveram uma grande e feliz ideia e finalmente encontraram um lugar secreto que além de deixá-los tranquilos, jamais alguém encontraria. Que lugar seria esse? Ah! Eu, autora dessa história, achei incrível esse lugar. Mas, como cúmplice desse segre-do... Jamais revelarei.

TAINÁ DIAS Escritora mirim – (dez anos)

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POESIA DA MULHER Genha Auga

Anda a passos largos; o caminho é árduo.

Rastros de melancolia...

Pensa no que precisa e não se enfraquece, quer ser atendida, quer ser ouvida.

Diminui os passos, sente que Deus a empurra.

Não se desespera, entrega se e voa...

Nessa relação de Deus e a mulher, quando o medo lhe tira a alma,

a mão divina lhe mostra a grandeza.

Nas adversidades e aflições, quando tudo parece pior,

acontece o milagre...

“Ele” lhe põe à frente seu atributo natural; guerreira, alicerce da família,

raízes entrelaçadas com sentimento e cumpli-cidade,

engrandece a vida do homem e a sua própria.

Assim faz, não é missão e sim vocação. Sabe lidar com seu fraco para ser forte,

não rema contra a maré; cansa os braços.

Amadurece, esquece a dor e coloca-se divinamente no Universo.

Tem a natureza do aprimorar, Mãe da Terra traz ao mundo o amor,

amor que enfrenta desafetos, amor que se fortalece na trilha da jornada.

Abraça os filhos, cuida do pai, vela também pela mãe.

Seu gesto nobre muda o caráter do menino,

muda o destino do homem.

Essa é a mulher. Beleza eterna onde a vida se renova.

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 8

Dia da Água e das Florestas

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Grito de Alerta A Terra está definhando, temos

que fazer alguma coisa...

Nos últimos dias, meses e também anos temos vivenciado uma autêntica montanha-russa de alte-rações climáticas. Invernos mais quentes do que deveriam ser, chuvas em demasia, estiagens pro-longadas, verões antecipados, quedas bruscas de temperatura, furacões e tornados em grande quantidade e até mesmo maremotos tem provoca-do a ruína de agricultores, a destruição de cida-des e a morte de milhares de pessoas.

O planeta Terra está gritando alto. Os especialis-tas sabem disso e acompanham com atenção as grandes e pequenas alterações que acontecem ao redor do planeta em busca de novas informa-ções que possam ajudá-los a compreender me-lhor os problemas e levá-los a soluções.

A tecnologia tem sido utilizada com o intuito de detectar as dificuldades ou mesmo sanar alguns desses infortúnios. Novos equipamentos são cria-dos nos laboratórios de todo o mundo. A coleta de dados aprofunda-se e quanto mais ficamos sa-bendo mais tomamos consciência de que a res-posta para os problemas não depende de solu-ções mirabolantes ou de máquinas maravilhosas.

O melhor e mais eficaz caminho passa necessari-amente pela racionalização do uso dos recursos naturais. Tudo depende basicamente da ação dos seres humanos, de sua capacidade de gerir o mundo que está ao seu redor, de evitar as perdas e desperdícios.

Reciclar virou palavra-chave nesse difícil quebra-cabeça da preservação ambiental. Poupar tam-bém é pedra de toque para a sobrevivência da Terra e da própria humanidade. Recuperar áreas devastadas ou impedir o avanço das queimadas e das motos-serra sobre as florestas é de vital im-portância. Em termos gerais isso tudo significa que temos que ir com menos sede ao pote, pois a

fonte está secando e podemos todos morrer de inanição.

Quando vemos o Amazonas, o rio de maior volu-me de água do mundo passar por gravíssima esti-agem, com os peixes morrendo na secura dos leitos dos rios que compõem a bacia hidrográfica do norte do Brasil e os pescadores pegando o seu ganha pão com as próprias mãos temos que ficar muito mais preocupados e reorientar as nossas ações.

Dizem os chineses que a morte de uma simples borboleta afeta de algum modo os rumos da vida em nosso planeta. O que dizer então da predató-ria forma de exploração dos recursos empreendi-da pelos homens ao longo dos últimos 300 anos com o advento do sistema industrial de produção e seus afins surgidos posteriormente?

Quantas árvores são necessárias para a produção de papel? O que é jogado fora nesse processo? De que modo podemos reaproveitar o papel ou a madeira proveniente de objetos e produtos que irão ser jogados no lixo? Quais são os procedi-mentos mais eficazes para acelerar e reiterar o plantio de árvores?

Quanto custa a recuperação de rios poluídos? Em que países esse trabalho já foi realizado com su-cesso? A despoluição não acontece pelos custos ou pela falta de vontade política? O que estare-mos legando as novas gerações se queimarmos nossas florestas ou continuarmos a poluir os rios?

Que espécies naturais já desapareceram e serão conhecidas apenas a partir de fotos e livros? Quais são os animais ameaçados de extinção no presente momento e o que está sendo feito em favor desses bichos? O que estamos deixando de saber quando promovemos o sumiço de espécies vegetais ou animais? Os lucros imediatos obtidos através dessas ações causarão que prejuízos pa-ra o futuro da humanidade?

Perguntas, perguntas e mais perguntas se acumu-lam e parecem ter respostas que não satisfazem completamente por não deter a destruição. Todos os remédios tomados até o presente são suaves e doces demais para realmente significar a solução dos problemas do planeta.

O avô de minha esposa costumava dizer a ela que somente remédios amargos conseguem re-solver realmente as doenças, sejam elas simples ou complexas. Reitero esse pensamento sábio e reafirmo a necessidade de políticas públicas mais severas e rigorosas no combate ao desperdício, à poluição, ao desmatamento, ao apresamento de animais silvestres, as queimadas ou a emissão de poluentes na atmosfera.

Temos que cobrar, fiscalizar e punir as pessoas, empresas e governos que estejam destruindo o meio-ambiente. Devemos ensinar as novas gera-ções o valor e a importância da natureza e o com-promisso que temos que ter quanto a sua preser-vação. É fundamental que deixemos de fazer ape-nas discursos e aprovar leis que pouco represen-tam na prática para a defesa da natureza.

Seria aconselhável, por exemplo, que nas escolas existisse desde as primeiras séries do Ensino Fundamental, quem sabe até mesmo antes disso, ainda na Educação Infantil, um espaço exclusivo para se ensinar respeito, dedicação, apreço e até mesmo amor pela natureza. O que é, para que serve, quais são as variedades e espécies, o que podemos fazer para preservar e tantas outras questões teriam que ser parte do currículo escolar desde a mais tenra idade.

Somente dessa forma seríamos capazes de incul-car em nossas crianças e jovens as lições neces-sárias de preservação do meio ambiente. Lições que ainda não aprendemos bem e em relação às quais temos que fazer constantemente as lições de casa.

Apagar as luzes em ambientes em que não há ninguém, não deixar eletrodomésticos ligados sem necessidade, consertar os vazamentos das torneiras de nossas casas, separar o lixo reapro-veitável para as usinas de reciclagem, usar com mais freqüência à luz solar ao invés da luz elétri-ca, jogar o lixo na lata de lixo, desligar as torneiras enquanto se ensaboa o corpo ou escova os den-tes e tantas outras medidas de racionalização re-lativas aos hábitos do cotidiano são os deveres de todo e qualquer cidadão que tiver um mínimo de consciência.

As crianças aprendem a partir de nossos exem-plos. Se quisermos que elas efetivamente partici-pem dessa luta pela preservação do planeta te-mos que mostrar que estamos engajados e agin-do de forma efetiva nesse sentido.

Não adianta mais pronunciar belos discursos. O tempo lá fora não para e a destruição segue seu ritmo cada vez mais voraz a consumir as entra-nhas da terra, a pureza dos rios, a fertilidade dos solos, a vida das espécies vegetais e a existência de inúmeros animais.

Se não pararmos as máquinas que devastam, o desperdício que inutiliza, as ações que consomem desmesuradamente e a violência que agride o ambiente... Corremos o sério risco de sermos os próximos na lista de animais em extinção...

João Luís de Almeida Machado

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 9

Discutindo a Educação GREVE DOS PROFESSORES:

O INÍCIO DE 2016

Estamos iniciando o mês de Março de 2016 e as greves dos professores começam a eclodir

pelo país. Oportunamente, no ano de 2015 presenciamos várias greves pelo Brasil. Os

artigos frutos desses acompanhamentos podem ser acessados nas edições passadas

deste jornal e no blog www.eagorajoseprograma.blogspot.com

Mais recentemente, nosso artigo de janei-ro de 2016 trouxe como título “2016 será o a-no da greve dos professores”. Sem pestane-jar, adiantamos que este ano será difícil, uma vez que no final de 2015 prefeitos, governado-res e seus respectivos secretários estavam se articulando para barrar qualquer tipo de rea-juste salarial. Dito e feito, este ano mal iniciou (ainda mais considerando que as aulas retor-naram após o carnaval) e as greves começa-ram. Não precisa ser muito inteligente para sa-ber o que os professores reivindicam. Via de regra, podemos juntar tudo em três grandes frentes: 1. O reajuste salarial. 2. O cumprimen-to da Lei 11.738/2008 (a lei do Piso Salarial do magistério, que estabelece, principalmente, o

piso nacional salarial e o cumprimento de 1/3 da carga horária do professor destinado às atividades extra-classe). 3. Melhoria das con-dições de trabalho do professor. Sem querer entrar na história da educação brasileira, é fato que essa luta é quase uma viagem no tempo. Governos mudaram ao lon-go da história e não proporcionaram a melhori-a da qualidade do ensino no Brasil. Quanto muito, apenas o discurso se mantem afinado: “A educação é prioridade no meu governo”. Na prática, realmente o é, através do superfa-turamento de obras, desvios de verba do Fun-deb, máfias da merenda e por ai vai. Professores se reúnem no vão livre do MASP em 03/04/2015. Foto: Ivan Claudio Guedes.

Trazendo um breve balanço das greves que temos até este momento, podemos citar as seguintes:

Rede Municipal de Fortaleza-CE. Os pro-fessores cobram melhorias salariais e repasse de verbas. Não aceitaram o parcelamento pro-posto em 12/02/2016, pelo prefeito Roberto Cláudio (PSB), em duas vezes, do reajuste de 11,36%, nem o pagamento dos anuênios devi-dos pelo município, que somam R$ 49 mi-lhões, apenas a partir de agosto. Também rei-vindicam o repasse do Fundeb. Rede Estadual de Piauí. Proposta do go-verno em parcelar o reajuste de 11,36%, refe-rente ao aumento de 2015, em três vezes. O governo concedeu apenas 9% de reajusto, e os 4% restante seriam parcelados em duas vezes em janeiro e fevereiro. Em uma nova proposta, o governo sugeriu pagar, em feve-reiro 4,5% do retroativo referente a janeiro, 2,5% em agosto e o restante em novembro. O governador Wellington Dias (PT), diz que a greve é insensata e que vai acionar a Justiça contra a greve dos professores. Rede municipal de Marabá-PA. Cobram a hora-atividade, revisão no plano de carreira, conforme foi aprovado em 2011, e também reclamam da falta de infraestrutura e superlo-tação de salas. O prefeito João Salame (PROS), alega que os repasses do Fundeb não cobre a dívida com a folha de pagamento dos professores, e que se pagar professor, a cidade para. Rede municipal de Natal-RN. Os professo-res cobram a apresentação do calendário de pagamento da reposição salarial, correção do piso salarial e rediscutir o reordenamento da rede de ensino. Os professores alegam que houve quebra de um acordo de 2013 sobre a reposição salarial, em que as parcelas não fo-ram cumpridas em junho e novembro de 2015. A Secretaria de Educação, sob a tutela do pre-feito Carlos Eduardo Alves (PDT) apresentou uma nota, sobre a pauta dos professores, afir-mando que não iria se pronunciar, pois, estava envolvida na programação de combate ao Ae-des aegypti nas escolas e, por isso, não parou para analisar cada ponto reivindicado pela ca-tegoria. Rede municipal de Lauro de Freiras-BA. Reivindicam que os alunos e docentes pos-sam voltar a participar da eleição direta do di-retor escolar. Em 2015 o prefeito Dr. Marcio (PP), criou uma emenda que determina que será o poder executivo que vai indicar os ges-tores dos colégios, e não a comunidade esco-lar. Além dessa pauta, os professores também pedem melhorias na infraestrutura das escolas municipais. Professores da rede municipal de Ubatã-BA. Os professores alegam que a prefeita Si-meia Queiroz (PSB) se nega a cumprir a Lei do Piso.Pedem reajuste no piso salarial e que sejam ajustadas algumas atividades que já eram realizadas pelos docentes, mas que fo-ram suspensas como regência de classe e ati-vidade complementar. Professores da rede municipal de Feira de Santana-BA. Cobram o cumprimento de 1/3 da carga horária para atividades fora da sala de aula, conforme a Lei do Piso. O prefeito Jo-sé Ronaldo (DEM) disse que precisa contratar

610 novos profissionais, mas que não tem co-mo fazer de imediato, uma vez que só restam 50 aprovados no último concurso realizado pela prefeitura. Professores da rede municipal de Antonina-PR. Reajuste salarial, de acordo com a lei do piso. Aprovação do plano de carreira, em que estão em negociação desde 2014. O prefeito Wilson Clio de Almeida Filho (PSC) afirma que enviou a documentação para aprovação da Câmara Municipal. Professores da rede municipal de Cabo Frio-RJ, cobram o pagamento do salário de dezembro de 2015 e o 13º. No estado do Rio de Janeiro, os professo-res cobram o reajuste salarial e melhores con-dições de trabalho. Também questionam o no-vo projeto de reforma previdencial que amenta o desconto de 11% para 14%.

Por fim, discute-se agora a greve dos pro-fessores da Rede Pública Estadual de São Paulo. Os professores já se articulam sobre uma possível greve, uma vez que, mesmo a-pós uma greve de 92 dias, o governo não a-presentou nenhum reajuste e para este ano de 2016 também não há nenhuma perspectiva de aumento de salário. Também há indicativo de greve em Araca-ju (SE). O atraso no pagamento dos salários, falta de condições de trabalho e descumpri-mento dos direitos estão entre a pauta dos professores. Como já afirmamos acima, conhecer a pauta histórica dos professores no Brasil não requer nenhum nível avançado de intelectuali-dade. Basta levantar da cadeira, ir até uma escola pública próxima da sua residência e ficar por lá durante algum tempo. Guardada as devidas proporções, nos casos acima o único que foge aos exemplos é o município de Lauro de Freitas-BA, que reivindicam algo chamado “democracia”, para a escolha dos diretores de escola. Diga-se de passagem, algo impensá-vel no século XXI. Quanto aos discursos dos nossos repre-sentantes, notem que há certa sintonia nos discursos, com a exceção do Dr. Márcio (prefeito de Lauro de Freitas), via de regra, o discurso é: “não há verba”, “temos que organi-zar a lei orçamentária”, “temos que cumprir com a lei de responsabilidade fiscal”, etc, etc, etc. Enquanto isso, você, pagador de impos-tos, continua ai sentado, vendo a banda pas-sar e seu filho ser empurrado ano após ano. Se você tem alguma notícia sobre a greve do seu estado/município, e gostaria que nós comentássemos sobre ela no nosso progra-ma, entre em contato. Será um grande prazer gravar uma entrevista e ajudar a colocar para a sociedade o que acontece entre os muros da escola.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected]

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 10

Cultura simbólica (artigo continuado) O BRASIL NUNCA FOI UMA COLÔNIA!

“A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso, nem um feito político da Coroa ou de cortesão esforçados, antes a missão de

uma Ordem iniciática.”

Manuel J. Gandra O Brasil Não Foi Colônia é o título de uma conferência proferida pelo historiador paulista brasileiro Tito Lívio Ferreira na Sociedade de Geografia de Lisboa em 27/06/1957.

O Brasil Não Foi Colônia, longe de ser um tí-tulo provocativo ou ingênuo, configura uma chamada de atenção, lançada em meados do século XX, que já na altura estava e, ainda está, na contramão da historiografia nacional, submetida à um pensamento marxista, árduo defensor de uma história republicana anôma-la, que privilegia as literaturas que se esme-ram em “desmontar” a memória da monarquia portuguesa e, por conseguinte, do Brasil. De-safortunadamente, do outro lado do Atlântico, a historiografia nacional portuguesa enfrenta cenários de “desmonte” semelhante, embasa-dos em fundamentos “aparentemente” distin-tos. As razões para isso são múltiplas, mas, sustentadas numa hermenêutica positivista, de saída, arbitrária e reducionista, sustentácu-lo das literaturas de compromisso que prefe-rem ignorar a interrogar, sem penetrar a alma autêntica da terra e dos homens em busca de sua verdadeira essência.

A história do Brasil e de Portugal foi a mesma história até o século XIX, no sentido de que os hoje dois Estados faziam parte da mesma comunidade nacional. Assim, as investiga-ções que cobrem todo esse período devem ser conduzidas investidas daquela porção de soberania que ultrapasse as fronteiras do A-tlântico. Indo mais e além, é mister, inclusive, considerar que, se a formação histórico-social-religiosa e político-administrativa de Portugal deita raízes na Galiza, berço da nobreza por-tuguesa, por conseguinte, tais raízes são transplantadas para o Brasil, de modo direto ou indireto estão também aqui encarnadas. Assim, perpassa um eixo Galiza-Portugal-Brasil que merece melhores estudos, incluso, sobretudo, os respectivos mitos fundadores, sem os quais a história de Portugal permane-ce como que lacrada à investigação, como bem evidencia a obra de Manuel J. Gandra (in: Da Face Oculta do Rosto da Europa).

Sobre a gravidade do “desmonte” desta he-rança, adverte Arlindo Veiga dos Santos (in: Idéias que marcham no silêncio, 1962): O Presente que nega o Passado não terá Futu-ro. Todos os séculos da história de uma Na-

ção são páginas de um só livro, de sorte que não se engrandece ou se enobrece uma Na-ção subtraindo registros, caluniando sua fun-dação ou ajustando a história ao convencio-nado. O “desconhecimento” destas lições é o sustentáculo do credo marxista “a mais influ-ente força obscurantista da história contempo-rânea” (in: SALGADO, Plínio. Manifesto de Outubro de 1932 (Edição do Cinquentenário). Resulta deste cenário de “falta de memória” uma lamentável lacuna na História e Identida-de de ambos os países, com graves prejuízos e repercussões para o Futuro, entendido aqui como expressão do Quinto Império.

Ciente disso, ampliando horizontes na defesa da salvaguarda e da preservação, sem pre-conceitos, da história e identidade luso-brasileira, está o pensamento de Tito Lívio Ferreira. O Brasil Não Foi Colônia, conferên-cia proferida na Sociedade de Geografia de Lisboa em 27/06/57 constitui uma espécie de tese que perpassa duas obras do mesmo au-tor: A Ordem de Cristo e o Brasil (Ibrasa, 1980) e História da Civilização Brasileira (Gráfica Biblos, 1959), esta última, escrita em conjunto com seu irmão, Manoel Rodrigues Ferreira. Afirma Luiz Tenório de Brito no Pre-fácio da História da Civilização Brasileira: “Até metade do século passado a palavra colônia era desconhecida da história tricentenária da comunidade luso-brasileira. Foram os historia-dores brasileiros que a introduziram nas suas obras, Porto Seguro à frente. Portugal jamais o fez”. Na elucidação desta tese, os autores traçam os argumentos comprobatórios e afir-mam, dentre outros dados, que dentro do uni-verso de implicações da palavra colônia é ne-cessário distinguir entre naturalidade e nacio-nalidade, mais, que, em fins do século XVIII, não se confundia naturalidade com nacionali-dade:

“Esse princípio jurídico da nacionalidade por-tuguesa dos brasileiros fora estatuído clara-mente em 1605, pelo Conselho das Índias, mais tarde Conselho Ultramarino[…] Nessas condições, os portugueses de Portugal e os portugueses do Brasil não se julgam colonos porque não eram. Assim, os Reinos de Portu-gal e Algarves, as províncias europeias e as de ultramar, inclusive o Estado do Brasil, componentes do Império Lusitano, governa-vam-se pelo corpo de leis disciplinares sob o título “Ordenações do Reino”, dividido em cin-co livros que tratavam, o primeiro das autori-dades e tribunais, com os respectivos auxilia-res; os segundos dos direitos dos soberanos, privilégios da Igreja e outras pessoas; o ter-ceiro do processo civil; o quarto do direito pri-vado e o quinto do direito penal e processo civil. Feita a separação política do Reino do Brasil do Reino de Portugal, a parte da legis-lação civil portuguesa vigorou no Império do Brasil e na República até 1917, há 40 anos atrás quando foi promulgado o Código Civil Brasileiro” (op. cit., 1959, p. 39-40).

Que o Brasil não foi colônia dizem-no João de Barros, Pero de Magalhães Gândavo, Frei Vi-cente do Salvador, Antonil, Bluteau, Pedro

Taques, Frei Gaspar, Rocha Pita e todos os cronistas do Estado do Brasil, ou do Brasil-Província. O fato de Bluteau definir, em come-ço do século XVII, a palavra colônia, ele não quer dizer que o Estado do Brasil fosse colô-nia, afirma Tito Lívio(op. cit., 1959, p.77).

Tito Lívio (1980, p. 67) falando sobre a imigra-ção de casais portugueses que vieram juntos com o Padre Manoel da Nóbrega afirma:

“Todos são portugueses, com exceção de As-picuelta Navarro, porque natural de Navarra, na Espanha. Até fins do século XVIII, não e-xistia o princípio da nacionalidade instituído em 1792, com a proclamação da primeira Re-pública Francesa. Nesse caso, o vassalo ti-nha apenas naturalidade e não nacionalidade. E se estivesse a serviço do Rei de Portugal, era considerado português para todos os efei-tos.

O autor alerta igualmente para a imprudência literária que faz confundir ou sobrepor o signi-ficado da palavra colônia à idéia de feitoria (com sentido similar ao aplicado às colônias militares romanas):

De 1500 a 1532 os Portugueses construíram feitorias na costa da Província de Santa Cruz, para defender a terra dos piratas estrangei-ros. Essas feitorias eram semelhantes às co-lônias militares estabelecidas pelos romanos como postos avançados no território conquis-tado. Nessas colônias militares romanas vigo-rava apenas o Direito Romano. Criado o mu-nicípio, o território era elevado à província ro-mana. E ao lado do Direito Romano se forma-va o direito municipal, ou direito público dos munícipes. Ora, em 1532 os portugueses cri-am o primeiro município lusitano instalado em São Vicente. As feitorias passam a fortalezas. Perdem o sentido militar primitivo. E ao lado das Orientações do Reino onde se disciplina-vam as leis desde Afonso V de Portugal, co-meça a surgir, de 1532 em diante, com o regi-me municipal luso-brasileiro, um código local para uso dos munícipes, para uso da terra (op. cit., 1959, p.37-38).

Barbara Freitag (in: Capitais migrantes e po-deres peregrinos, 2009, p.43) cita a obra de Nestor Goulart Reis Filho e seus colaborado-res Beatriz Piccolato Siqueira Bueno e Paulo Júlio Valentino Bruna (Imagens das vilas e cidades do Brasil colonial, 2001) que reescre-ve a formação da sociedade colonial alertan-do para um fato inédito ou pouco conhecido:

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

POR: Loryel Rocha Email: [email protected] Site: http://www.imub.org/o-instituto/

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 11

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O GATO SUBIU NO TECLADO Genha Auga – Jornalista – MTB.15.320

O dia foi um tanto tumultuado e chei-o de imprevistos, um corre-corre, parecia que tudo que planejara estava dando erra-do.

-Tudo bem! - Pensou. Haverá uma “luz no fim do túnel”.

Apesar dos transtornos, bem no final da tarde chegou em casa e, apesar de tu-do, resolveu todas as questões que surgi-ram. Cansado, mas aliviado pelo resultado do tenebroso dia, abriu a porta e lá estava seu gato malhado desesperado de fome devido à demora do seu dono tenso pela chateação.

Mas, nada como um carinho e o ronronar do seu animalzinho para lhe acalmar e afi-nal ter um pouco de paz.

Tomou um café bem forte, um banho mor-no, sentou-se para verificar seus e-mails e eis que uma mensagem inesperada para completar seu dia...

O editor da revista para a qual escrevia, em virtude de acontecimentos inesperados pe-dia em caráter de urgência que enviasse até meia-noite suas matérias antecipada-mente e preparasse mais algumas para “cobrir” um colunista que sofrera um aci-dente e precisava que fizesse isso para pu-blicá-las no espaço do colega e, além dis-so, iria antecipar o “fechamento” da revista daquele mês o quanto antes, por conta dos feriados.

Apesar do cansaço e completamente sem inspiração viu a necessidade de colaborar, mediante a situação.

Diante do computador e com pensamentos desfocados, os ombros pesados,iniciou es-crevendo alguns rascunhos sem parar de olhar no relógio que parecia “correr” contra o tempo. As ideias fugiam e ele sentia-se oco, mas, após horas de dedicação, escre-veu suas crônicas e outros artigos que a-tenderiam ao espaço da revista. Respirou fundo, levantou-se para tomar outro café e levantar o ânimo para debruçar-se na revi-são e enviar o material. Ufa!

Ao voltar para sua mesa do escritó-rio, quase teve um infarto – seu gato subiu no teclado – com as mãos na cabeça gritou tão forte e enfurecido que seu bichano pa-receu criar asas de tão alto e rápido que pulou, derrubando tudo e amedrontado com o berro, escondeu-se, sumiu.

Ah que desespero! A tela cheia de

letras misturadas e seus textos desapare-ceram... Várias tentativas para recuperar o trabalho que não foi “salvo” como deveria, ligou para um amigo especialista em infor-mática e que muitas vezes já o salvara de outras situações - não aprendia a criar o hábito de escrever e ir “salvando” seus tex-tos, sempre deixava para o final - seu ami-go estava num ônibus voltando de viagem e lhe deu algumas alternativas que não de-ram resultados. Sugeriu que ficasse tentan-do, pois ele não podia mais continuar no celular, porque estava incomodando outros passageiros e assim que chegasse em ca-sa, ligaria para ajudar.

O desespero bateu, as horas pareci-am passar mais rápido e dores espalharam-se por todo corpo. Até que teve uma ideia: “quem sabe na lixeira?” Foi uma realmente uma boa ideia, lá estavam elas devidamen-te atiradas no lixo do computador. Como o gato fez isso não se sabe, mas recuperou tudo, empenhou-se na revisão e as 22:40 horas tudo prontinho para enviar. Aff!

Surpresa pouca num dia como esse seria bobagem. Para completar o estresse, bem no momento que foi direcionar o mate-rial por e-mail ao se editor, “caiu” a internet.

- O que fazer? Bateu o desespero novamente, tanto trabalho e essa agora. Ligou para o provedor e explicou o proble-ma, o operador foi o orientando para reali-zar procedimentos na tentativa de ajudá-lo, mas foi em vão. Naquele momento ele o-lhou para a janela com a tela de proteção, olhou pro gato culpado e pensou: - não fos-se a grade “o gato já teria ido” e agora seria o computador.

Pensou em explicar para o editor os fatos, mas, ao mesmo tempo achou que ele não iria acreditar nessa fatalidade absurda e mais iria parecer uma desculpa esfarra-pada para não assumir que não conseguiria atendê-lo. Viu-se demitido e sem credibili-dade. Seria o fim, tudo acabado. Passou a odiar internet e toda tecnologia e felinos.

Ficou parado, mergulhado em seus pensamentos,olhou para o relógio do note-book: 23:45 horas – e eis que luzinhas co-meçaram a piscar e o sinal repentinamente voltou. Rapidamente anexou o material, en-viou e solicitou que acusasse o recebimen-to.

Em seguida veio a resposta:

“Recebido com sucesso e agradeço a colaboração, você realmente é compro-metido com o que faz e ainda me entregou tudo faltando dez minutos antes do prazo estipulado. Perfeito!”

Ufa! De novo.

Observando seu bichaninho pensou, “gatos sempre sobem em tudo e eu sei dis-so, porque então não aprendo a ir salvando meus textos à medida que vou escrevendo ou a fechar meu notebook quando faço pausas?”

Simples assim...

FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS

E MENTIROSOSE MENTIROSOSE MENTIROSOSE MENTIROSOS

“São necessárias muitas mentiras para sustentar uma”.

* * *

“É bom mentir, mas não tanto”.

* * * Provérbio chinês: “Meia verdade é sempre uma

mentira inteira”. [Adolf Hitler, de frente ao espelho, ensaiando a

gesticulação de seus discursos]

E O QUE ELES (E ELAS) DISSERAM:

Napoleão Bonaparte: “A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um

acordo”.

* * * Millôr Fernandes: “Jamais diga uma mentira

que não possa provar”.

* * * Millôr Fernandes, de novo: “As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam

esgotando seu estoque de verdades”.

* * * Hilda Roxo: “Não acredito que o homem goste das pieguices e mentiras da mulher: ele está,

coitado, se tornando estéril pela luta e combate à mesma”.

* * *

Federico Fellini: “Cinema-verdade? Prefiro o cinema-mentira. A mentira é sempre mais inte-

ressante do que a verdade”.

* * * Espínola Veiga: “Mentira, que importa? No

amor, a mentira é como o sal: demais, salga; às pitadas, tempera”.

* * *

Mark Twain: “Algumas pessoas nunca dizem uma mentira – se souberem que a verdade pode

magoar mais”.

* * * Xiquote: “O amor à verdade é, em última

análise, o amor às nossas próprias opiniões”.

Entretenimento é cultura

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 12

Brasil E seu eu fosse candidato? E se eu fosse candidato? O que eu propo-ria? O mesmo que eu proponho como cida-dão comum e eleitor. E o que eu entendo ser necessário para o Brasil melhorar? O mesmo que muita gente entende.

Um, mudar o sistema da Educação esco-lar. Por exemplo, reformar o currículo escolar nacional conforme as reais necessidades, tanto de alunos quanto de professores. Fede-ralizar a Educação para tornar a correção mais fácil de se fazer. Está muito claro que o atual modelo não satisfaz as necessidades da nação. As causas da má qualidade da Educa-ção atual são diversas, como cultura escolar elitista, falta de visão estratégica, má gestão, desinformação da sociedade civil, interesses corporativistas, despreparo de professores, defasagem, abandono da escola por alunos. Soma-se ao equívico de pais de quererem terceirizar para as escolas a função de educar moralmente e comportamentalmente os seus filhos.

O que mais me incomoda como cidadão e eleitor é que os problemas se arrastam a a-nos e ninguém toma providências para solu-cioná-los. Os políticos falam, falam, falam mas, só ficam falando e não tomam providên-cias práticas quando estão no governo. Ou se tomam, não estão resolvendo. Se os proble-mas que prejudicam a qualidade da Educação no Brasil não forem solucionados, não há ou-tro meio de transformar o Brasil num país re-almente desenvolvido, não se deixe enganar, leitor! Sem população bem alfabetizada, não existe país desenvolvido no mundo de hoje, nesta nossa era. A única solução para as ma-zelas de qualquer país, não importa as suas condições geográficas, é um sistema de edu-cação escolar pública e particular, de ensino primário e secundário, que seja excelente e tenha vaga para todas as crianças e adoles-centes do país.

Proponho ao eleitor que faça pesquisas sobre como estava a situação da Coreia do Sul logo após a guerra da Coreia nos anos 50. E pesquise como está a Coreia do Sul ho-je. Pesquise como estava a Finlândia nos a-nos 40 e pesquise como está a Finlândia ho-je. O caminho a ser percorrido é uma ótima Educação escolar. E as disciplinas chaves são a língua nacional (no Brasil o português), as ciências exatas e biológicas, que formam mão-de-obra especializada capaz de produzir tecnologia de ponta. Não é que as ciências humanas, as artes e os esportes não sejam importantes. Com certeza são muito importan-tes. Mas as ciências exatas e biológicas pe-sam mais no progresso de uma nação naquilo

que se refere a formar mão-de-obra capaz de produzir tecnologia avançada. E vinte anos é o tempo médio para se alfabetizar uma gera-ção, ou seja, se começarmos hoje, vamos ver os resultados daqui a vinte anos. O Brasil ho-je tem uma população grande. Mas falta mé-dicos e o governo teve que chamar de outros países para cá. Falta também professores e diversos tipos de profissionais. A única expli-cação está na educação. Se tivermos uma população bem alfabetizada, muitos proble-mas sociais serão resolvidos pela sociedade, por conta própria. Por isso que eu entendo que educação escolar tem que ser investi-mento prioritário para qualquer governante.

Dois, a infraestrutura o país precisa me-lhorar a sua infraestrutura de logística de transporte. O Brasil precisa se empenhar para melhorar a qualidade de suas rodovias, ferro-vias, hidrovias, portos e aeroportos. Nós pre-cisamos de uma malha ferroviária de trens como o Shinkansen ou Trem Bala japonês. Ou o TGV europeu. Uma malha ferroviária interligando todos os estados do Brasil e paí-ses vizinhos, para transporte de pessoas e também de mercadorias. Um sistema trans-porte rápido e com preço acessível aos pas-sageiros. Um governo bom é um governo que se esforça para facilitar a vida dos seus cida-dãos. O transporte público no Brasil faz o ci-dadão que é usuário simplesmente sofrer. Na data de hoje, 22/02/16, saiu uma notícia que, mesmo com modernização, o metrô de São Paulo ainda tem frota com mais de quarenta anos. Aí, o leitor tira as suas conclusões.

O Brasil tem uma hidrografia rica. Então, o Brasil precisa começar a usar mais o meio hidroviário fluvial para transportes. O trans-porte fluvial é o mais econômico e limpo. Ficar recorrendo só a rodovias não é vantajoso pa-ra o país. Com o território que o Brasil tem, é necessário recorrer a diversos recursos que a natureza proporciona, e recorrer de forma ra-cional. A EMBRAER começou a fabricar um avião muito grande chamado KC-390, de uso militar, uma aeronave para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo desenvol-vido, concorrente do C-130 Hércules, e pelo tamanho desse cargueiro militar, eu imagino que, se ele puder ser adaptado para uso civil, para outras funções, poderia auxiliar também na solução dos problemas da área de saúde e saneamento, e também na área de educação escolar para as regiões mais afastadas e iso-ladas como municípios na Amazônia, assim como transporte de mercadorias. É apenas uma imaginação minha, não sei se é possível fazer algum tipo de adaptação.

Eu desejo governos que tomem atitudes e mostrem resultados. Não considero tão impor-

tante assim divergências partidárias, antes, acho que solucionar os problemas do país é prioridade. Eu não vejo a política de forma maniqueísta, de forma binária. Não enxergo um partido como totalmente bom e nem como totalmente mau. Eu acho que a realidade é mais cinzenta. Não é preta e nem branca. Mas, os interesses pessoais e corporativos falam tão, mas tão alto que dificultam colocar-se em prática as medidas que vão solucionar os problemas do país. Problemas cujas solu-ções são urgentes.

O Brasil, durante muito tempo, ocupou destaque somente no setor primário, com a agropecuária e o extrativismo (vegetal, mine-ral e animal). Atualmente o Brasil é considera-do um país industrializado. Embora o Brasil possua hoje um enorme e variado parque in-dustrial, a indústria brasileira tem competitivi-dade fraca quando comparada com países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul e outros. Porém, o Brasil tem uma agricultura forte. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ou EM-BRAPA, foi criada nos anos 70 para ajudar a agricultura nacional. O Brasil devia fazer uma empresa equivalente à EMBRAPA para aju-dar o setor industrial nacional. Essa seria uma das minhas propostas, se eu fosse candidato.

Até aqui, as propostas foram a nível na-cional. Neste ano de 2016, vamos ter eleições municipais. E se eu fosse candidato a prefei-to, o que eu proporia?

O que eu proponho, talvez não seja pos-sível de se aplicar em todos os municípios do país. Porém, sei que é aplicável em muitos. Eu vivo no interior do estado de São Paulo e, já morei no interior do Paraná e na capital de Goiás. Eis o que eu percebi que faz uma cida-de pequena se tornar média: ser construído na cidade um campus universitário com hos-pital incluído. É claro que com faculdades que tenham grande demanda. Independente da universidade ser pública ou particular, vai im-pulsionar o ramo imobiliário, que vai impulsio-nar o comércio, e os serviços de saúde e me-dicina, e outros. Alunos vindos de fora vão fazer com que haja um crescimento popula-cional com poder aquisitivo considerável. A indústria atualmente gera poucos empregos, a universidade gera mais direta e indireta-mente.

Por que eu não me candidato? Porque eu não aceito o sistema político-partidário-eleitoral que funciona no Brasil. Mas, acredito nas minhas ideias.

João Paulo E. Barros

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 13

Dia do consumidor e da saúde As grandes industrias farmacêuticas

bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis

O Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, prefe-rindo os benefícios económicos à saúde, e deten-do o progresso científico na cura de doenças, por-que a cura não é tão rentável quanto a cronicida-de.

Em matéria por mim publicada com o título "Rede Globo e Dráuzio Varella se vendem ao Lobby no-jento e orquestrado das indústrias químicas e far-macêuticas" abordei o boicote que grandes indús-trias químicas e farmacêuticas desempenhavam para impedir que uma substância visse a ser re-gistrada como medicamento, por não interessar economicamente a eles.

Isso se deu em virtude à grande repercussão da fosfoetanolamina sintética como possível medica-mento para combater o câncer. Travou-se uma verdadeira cruzada contra a substância a ponto do Poder Judiciário ter sido chamado a intervir.

Atualmente, por decisão judicial, a substância foi barrada e sua distribuição suspensa, indo de en-contro às esperanças existentes em milhares de enfermos desta nefasta doença.

Entre a legalidade (exigências burocráticas) e a saúde, por maioria de votos festejou-se a legalida-de, ou seja entre dois princípios constitucionais, prevaleceu aquele que não importa aos pacientes, parte fraca nesta queda de braço. Cria-se a difi-culdade para vender a facilidade posteriormente.

No entanto, deixando de lado paixões mais efer-vescentes, repletas de opiniões contrarias e a fa-voráveis, uma entrevista bombástica nos remete a uma reflexão a respeito do tema "boicote".

Há pouco, foi revelado por uma reconhecida auto-ridade na área da saúde, que as grandes empre-sas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a mé-dicos que promovam os seus medicamentos. (embora não dito, no Brasil também ocorre o mes-mo)

Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prémio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentá-veis e, portanto, não são desenvolvidos por em-presas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumi-dos de forma serializada. Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que po-deriam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia.

Leiam a entrevista e tirem suas conclusões, não se esquecendo que as afirmações sobre esta no-jenta prática não são feitas por qualquer curioso, mas sim pelo nada mais, nada menos do que o Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts.

A investigação pode ser planejada?

Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projetos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia tra-balhar dez anos para que nos pudessem surpre-ender.

Parece uma boa política.

Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos re-sultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada...

E não é assim?

Muitas vezes as descobertas mais rentáveis fo-ram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu traba-lho.

Como nasceu?

A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixona-das começaram a perguntar-se se poderiam clo-nar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los.

Uma aventura.

Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971.

Foi cientificamente produtivo?

Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha diretamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.

O que descobriu?

Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo de gen splicing (manipulação genéti-ca).

Para que serviu?

Essa descoberta ajudou a entender como funcio-na o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indireta com o cancro.

Que modelo de investigação lhe parece mais efi-caz, o norte-americano ou o europeu?

É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é ativo, é muito mais eficiente. Tomemos por e-xemplo o progresso espetacular da indústria infor-mática, em que o dinheiro privado financia a in-vestigação básica e aplicada. Mas quanto à indús-tria de saúde... Eu tenho as minhas reservas.

Entendo.

A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sem-pre é bom para as pessoas.

Explique.

A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais...

Como qualquer outra indústria.

É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres hu-manos.

Mas se eles são rentáveis investigarão melhor.

Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos.

Por exemplo...

Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doen-ça...

E por que pararam de investigar?

Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investi-gação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crónica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de to-mar a medicação.

É uma acusação grave.

Mas é habitual que as farmacêuticas estejam inte-ressadas em linhas de investigação não para cu-rar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentá-veis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise finan-ceira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo.

Há dividendos que matam.

É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos.

Um exemplo de tais abusos?

Deixou de se investigar antibióticos por serem de-masiado eficazes e curarem completamente. Co-mo não se têm desenvolvido novos antibióticos, os micro organismos infecciosos tornaram-se re-sistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas.

Não fala sobre o Terceiro Mundo?

Esse é outro capítulo triste: quase não se investi-gam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Pri-meiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado.

Os políticos não intervêm?

Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, com-pram os eleitos.

Há de tudo.

Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase to-dos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêu-ticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras…

E aqui?

Nadir Tarabori

Consultor Legal

Direito Estratégico

Formado pela Faculdade de Direito da Uni-versidade Presbiteriana Mackenzie - Membro Efetivo da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo - (2013/2015) - Mestrado em Ciên-cias Penais - Master's Degree - pela Universi-té Paris - Panthéon - Sorbone.

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 14

Dia 25 - Dia da Constituição

A dignidade da pessoa humana vista como um superpoder e como uma

letra esquecida na Constituição Federal.

Seus extremos hermêuticos O princípio constitu-cional da dignidade da pessoa humana não é uma simples criação doutrinária, mas uma imposição constitucional, pre-ceituando o art. 1º, III, da Constituição Federal brasileira, tratar-se de um dos fundamentos do Estado Democráti-

co de Direito. Acima de tudo, merece tratamento cuidadoso pelos operadores jurídicos e, sem dúvida, respeito. Fácil não é definir o que vem a ser dignidade humana, pois envolve a natural complexidade do ser humano, como ente material, mas também como ente virtuoso. Diante disso, em nossa obra Princípios constitucionais penais e processuais penais, buscamos formar um conceito – nem o primeiro, nem o últi-mo a existir na doutrina – acerca da dignidade da pessoa humana, visualizando-a sob os prismas objetivo e subjetivo. Objetivamente, representa o lado material da existência hu-mana, que precisa ser assegurado pelo Estado Democrático de Direito, consistente no mínimo indispensável para a so-brevivência apropriada de um ser humano. É o direito prome-tido pelo art. 7º, IV, da CF, consistente na percepção de um salário mínimo para atender as necessidades humanas “vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e pre-vidência social”. Abaixo dessa linha do mínimo indispensável, configura-se lesão à dignidade humana, sob o aspecto objeti-vo. Porém, subjetivamente, cuida-se da parte mais abrangen-te. Envolve a autoestima, o amor próprio ou o culto à própria imagem, que todo ser humano tem o direito de ver assegura-do pelo Estado. Vilipendiar, maltratar, humilhar, menosprezar a pessoa humana, quando por órgãos estatais, é ruptura nítida com o fundamento da dignidade previsto para o Estado Democrático de Direito.

Nas áreas penal e processual penal lida-se com a dignidade humana desde a edição da lei, cuja atribuição compete ao Poder Legislativo, passando pela implementação da mesma lei pelo Poder Executivo (na maioria dos casos) e chegando ao Judiciário para fazer valer, com efetividade, o comando normativo. Algumas vozes criticam o princípio da dignidade humana, afirmando que ele serve para tudo, como se fosse um superpoder, inclusive para descumprir a lei. Com a devi-da vênia, não é verdade. Em primeiro lugar, o referido funda-mento da dignidade humana no Estado Democrático de Di-reito não é constituir um superpoder, mas um horizonte a ser perseguido pelos Três Poderes de Estado, obrigatoriamente. Nada pode ser legislado, aplicado ou julgado ignorando esse princípio constitucional básico.

Infelizmente, vê-se, no mundo real – distante do ideal precei-

to constitucional – prevalecer, em muitas situações, a indigni-dade humana, sem que se tome providência efetiva para terminar com esse estado. Culpados são os Três Poderes, cada qual em um aspecto peculiar. Vamos aos exemplos, tão importantes em matéria como a presente. Não são exausti-vos, mas meramente ilustrativos os dados abaixo menciona-dos.

Sob o prisma legislativo, até hoje não se pode compreender como o patrimônio tem, nitidamente, mais valor para o Código Penal do que a integridade humana. O furto sim-ples de uma bicicleta pode levar à pena de reclusão de um ano e multa (art. 155, caput, CP); no entanto, cegar um olho humano, pela lesão corporal, gera a pena de reclusão de um ano sem multa (mais branda). Façamos um jogo muito sim-ples: coloquemo-nos na posição da vítima dos dois delitos. Qual bem jurídico é o mais relevante? O bem material (bicicleta) ou a visão? É indigno supor que seja a bicicleta o bem mais importante, pois ninguém, em sã consciência, tro-caria a visão de um olho por um veículo desse porte. Eis o Legislativo desprezando a dignidade humana ao criar leis contraditórias.

Vamos um pouco além, já envolvendo processo penal. O mesmo legislador, que editou a Lei da Violência Domésti-ca (denominada Maria da Penha), permitiu a prisão preventi-va para o agressor da mulher – ou para aquele que simples-mente a ameaça. Mas, alterando a legislação processual penal, não se preocupou em harmonizar a lei penal. Temos encontrado vários casos, que dão ensejo à propositura de habeas corpus, no Tribunal, porque alguns ex-maridos amea-çaram a companheira e foram presos preventivamente. Ocor-re que, processados somente por ameaça (pena de deten-ção, de um mês a seis meses ou multa, conforme art. 147, CP), ficam presos por meses a fio, enquanto aguardam o deslinde do processo-crime. O absurdo é evidente. Cumprem presos, pois há o instituto da detração (art. 42, CP), muito mais tempo do que a pena que lhe será destinada. É um acinte à dignidade da pessoa humana. Não se está questio-nando a violência doméstica – que também avilta a mulher – mas a atuação pífia do legislador no respeito à harmonia dos sistemas penal e processual penal. Se cabe preventiva para uma ameaça, esta não pode ter uma pena de um mês de detenção ou multa. Parece uma lógica cristalina para qual-quer aplicador do Direito.

Vamos ilustrar com o descaso do Poder Executivo e o seu insistente menosprezo pela dignidade humana dos condena-dos. Todos os dias rasga-se, nos presídios de todo o Brasil, o Código Penal e a Lei de Execução Penal. O regime fecha-do deveria garantir, segundo a lei, uma cela individual para cada preso, com, pelo menos, seis metros quadrados e devi-damente salubre. Qualquer um sabe como é o claustro no Brasil (em sua maioria). Um amontoado de pessoas, cuja autoestima é francamente lesada, pois nem mesmo animais assim são mantidos em zoológicos. Além disso, não se en-contra o regime semiaberto corretamente estruturado, quan-do não faltam vagas, como ocorre no Estado de S. Paulo. Inexiste o regime aberto, na maioria das Comarcas, sendo que a Lei de Execução Penal completou 30 anos.

O Judiciário tem sua parcela de responsabilidade no despre-zo à dignidade humana, pois chancela, muitas vezes, o des-caso do Executivo. Quem aufere um direito, concedido por decisão judicial, espera seja ele cumprido. É o mínimo. No

entanto, no Estado de S. Paulo, o condenado em regime fechado, quando tem deferido o seu direito (e não um favor) de transferência ao regime semiaberto, depende da boa von-tade do Executivo em cumprir essa decisão. Há uma fila, na qual ingressa, para esperar a vaga. Pode levar meses ou mais de ano. Quem ingressa com recurso ou mesmo habeas corpus tem o seu pedido negado, por alguns, sob argumen-tos variados, dentre os quais se sobressai o sofismático direi-to à igualdade, ou seja, se há uma fila, todos são iguais pe-rante tal imposição. Um preso não pode valer-se do habeas corpus para passar na frente do outro, que não impetrou a ação constitucional (esse é um dos argumentos encontrados, pois existem outros, ainda menos técnicos). O ponto fulcral não tem relação alguma com a igualdade, pois esta deveria ser focada perante a lei e não perante a ilegalidade. Todos têm direito ao semiaberto, quando deferido pelo juiz; são iguais nesse direito. Mas não se pode ignorar o pleito justo do sentenciado de fazer valer o direito ganho, judicialmente, sob o prisma equivocado da igualdade de todos perante a fila. Signfica padronizar por baixo e não pelo referencial da dignidade humana. É indigno desprezar um direito judicial-mente concedido. Observemos as consequências disso. De-pois de passar alguns anos oprimido no sistema carcerário, vendo o Estado (Executivo e Judiciário) simplesmente igno-rar seus direitos expressos em lei, o condenado termina o cumprimento da pena, cujo viés é, dentre outros, reeducati-vo. O que ele aprendeu nessa jornada preso? Além das li-ções da escola do crime, vigente em presídios desorganiza-dos, infelizmente, o sentenciado teve o conhecimento de que o Estado não cumpre a lei. Ele aprendeu que o mesmo Po-der Público que exige a sua corretíssima conduta quando em liberdade, respeitando os direitos alheios, não respeitou os seus direitos fundamentais durante todo o período em que estava detido, supostamente para ser ressocializado. Dois pesos e duas medidas.

Ninguém gosta de ser vítima de um crime, sem dúvida. Mas por que muitas pessoas nem sequer ligam para o fato de que os direitos dos réus/condenados são vilipendiados todos os dias? Afinal, vítima por vítima, agora o papel inverteu-se. Quem furtou, cometeu o crime e foi julgado, passou a inte-grar o papel de vítima do Estado transgressor. Se somos cidadãos conscientes dos nossos direitos fundamentais, de-vemos nos insurgir tanto contra quem agride o patrimônio alheio como também contra o Poder Público, que fere a dig-nidade humana do sentenciado. Mas não vislumbramos isso.

A dignidade da pessoa humana se autoexplica. Ela é ineren-te a todos os seres humanos. Portanto, no âmbito criminal, onde mais próximo se fica da constrição a direitos essenci-ais, esse princípio deveria ser um autêntico dogma. Não é um superpoder para se descumprir a lei, como sustentam alguns; muito pelo contrário, se superpoder fosse, seria para fazer cumprir a lei. Pena que ele ainda se encontra esqueci-do no art. 1º, III, da Constituição Federal, para muitos de nós. E, pior que tudo, para muitos operadores do Direito.

Guilherme de Souza Nucci

Livre-docente em Direito Penal, Doutor e Mestre em Processo Penal pela PUC-SP. É Desembargador em São Paulo.

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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Março 2016 Gazeta Valeparaibana Página 15

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique

(CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências

Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da

revolução no jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE III

... “em Bucareste se realizou a conferência (convocada por Christian Rakovsky) dos partidos socialdemocratas da Sérvia, da Romênia, da Grécia e do partido dos tesnjaki [estreitos] búlgaros. Rakovsky liderou a conferência, fazendo votar um manifesto contra a guerra, uma posição de princípios contra ‘a colaboração de classe, o social-patriotismo, o social-imperialismo e o oportunismo’, conseguiu que a conferência enviasse a expressão de seu apoio a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, e aos socialistas dos países beligerantes que se mantiveram leais à Internacional. A constituição dessa Federação dos Bálcãs foi uma maneira espetacular de ‘restabelecer a Internacional’, na expressão de Rakovsky”.

A conferência de Bucareste foi, de fato, um dos primeiros passos em direção da recomposição do internacionalismo proletário organizado, antes das conferências internacionais de Kienthal e Zimmerwald, nas quais esteve presente o bolchevismo russo. Vitoriosa em 1917 a revolução que deu origem, em 1922, à URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), ela convocou à fundação da Internacional Comunista, em congresso celebrado em Moscou em 1919. A Internacional criou um Birô para os países balcânicos, chefiado pelo p r ó p r i o R a k o v s k y , q u e d e f i n i u programaticamente o objetivo de uma “Federação Socialista dos Bálcãs”. Com a burocratização stalinista da Internacional Comunista, o Birô foi liquidado, qualquer autonomia crítica dos partidos comunistas da região foi eliminada, e o próprio Christian Rakovsky, que integrou a “Oposição de Esquerda” chefiada por Leon Trotsky, foi enviado para um campo de trabalhos forçados, onde, depois de uma breve reabilitação (capitulação) política na década

de 1930, foi fuzilado no início da Segunda Guerra Mundial.[3] Mas uma tradição política e um programa foram deixados como herança política para as futuras gerações.

Os Bálcãs e a Grécia estiveram novamente no centro do cenário da segunda conflagração mundial, iniciada em setembro de 1939. Grécia vivia sob a ditadura encabeçada por Ioannis Metáxas, depois do fracasso do golpe encabeçado por Venizélos. Em outubro de 1940, a Itália fascista invadiu a Grécia (para grande desgosto de Hitler, que não fora comunicado da intenção de Mussolini), mas, diante da forte resistência popular grega, em poucos dias foi repelida e forçada a voltar para a Albânia, além de obrigar Hitler, a contragosto, a enviar forças militares à região para sustentar seu aliado peninsular. William Shirer sustentou que a forçada invasão alemã à Iugoslávia e à Grécia, países ocupados pelas tropas nazistas em abril de 1941, atrasou o ataque alemão à URSS, perda de tempo e desperdiço de forças que teve consequências fatais para a máquina de guerra nazista. A batalha pela ilha de Creta, por exemplo, causou grandes baixas aos alemães.

Grécia viveu a fundo o horror da ocupação nazista. 500 mil gregos perderam a vida durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 7% da sua população. 54 mil dos 70 mil judeus que habitavam Grécia foram exterminados no Holocausto judeu. Nos “cercos” urbanos, multidões eram encurraladas nas ruas; informantes apontavam os apoiadores da ELAS (a organização armada de resistência) e da EAM (frente política controlada pelo PC grego) à Gestapo e aos “Batalhões de Segurança” (criados pelo governo colaboracionista para ajudar os ocupantes nazistas), para que fossem executados. Despir publicamente e violentar mulheres eram meios comuns de assegurar confissões. Execuções tiveram lugar em público, para intimidar os resistentes; os cadáveres eram deixados pendurados nas árvores, vigiados por colaboradores do Batalhão de Segurança, para impedir a sua remoção. A ELAS levava a cabo contra-ataques dirigidos contra as tropas alemãs e seus esbirros.

O comandante em chefe do exército grego, Alexander Papagos, permaneceu prisioneiro dos nazistas durante toda a guerra, fazendo parte de um estranho grupo. O líder nazista Heinrich Himmler, no final da guerra, flertou seriamente com a ideia de recompor sua imagem e operar como intermediário entre a Alemanha derrotada e os aliados ocidentais. Manteve um grupo de mais de 130

“prisioneiros excelentes” (altos oficiais inimigos, altos dirigentes alemães destituídos, nobres de toda Europa, até o líder político judeu francês Leon Blum), “uma operação em que a sede de vingança e o cálculo formavam uma mistura opaca baseada no antigo plano de Himmler de fazer reféns para usá-los como moeda de troca, com a absurda ideia de que no último momento poderia negociar com as potências vencedoras nas costas de Hitler, e tirar algum proveito… Nesse plano desempenhou um papel importante a ideia delirante de contar com um reduto nas montanhas, a chamada ‘fortaleza alpina ’”situada junto a um lago idílico, para onde Himmler levou seus prisioneiros privados, Papagos incluído, de onde eles foram libertados pela dispersão das forças nazistas e a chegada do exército norte-americano. Papagos votou à Grécia, onde seu exército já não existia: a resistência grega tinha ficado em outras mãos.

Na altura do outono de 1944, Grécia estava devastada pela ocupação e pela fome. O movimento partisan de resistência nasceu em Atenas, mas fixou bases nas aldeias e zonas rurais; durante a guerra antinazista, Grécia foi progressivamente libertada a partir do interior pelos partisans, ou andartes, em grego. Os primeiros grupos guerrilheiros de resistência se constituíram em maio de 1942. Em junho, Athanasios Klaras (“Aris Velouchiotis”) já comandava 500 andartes. Desde 1942, também, greves operárias explodiram na Grécia ocupada pelos nazistas. Os operários gregos se negavam a cooperar com o esforço de guerra do Terceiro Reich: “As resistências balcânicas passaram por uma etapa decisiva no outono de 1943, por ocasião da capitulação italiana, pelo fato de que os alemães não podiam substituir imediatamente o aliado enfraquecido. Os partisans gregos conseguiram, então, ocupar novas zonas e apoderar-se de um armamento importante, que se acrescentou ao que era atirado de paraquedas ou fornecido pelos britânicos. Em finais de 1944, no momento da evacuação dos Bálcãs pelos alemães, os movimentos de resistência ocupavam, tanto na Iugoslávia quanto na Grécia ou na Albânia, um lugar determinante no plano militar e político”.[

A EDES (Exército Nacional Republicano), concorrente da ELAS, fundada com um programa de “democracia socialista” pelo general Napoleon Zervas, foi rapidamente manipulada por agentes ingleses e monárquicos, entrando em conflito militar com a ELAS já antes da derrota nazista.

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Março 2016

Edição nº. 100 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

Mantido o texto original em português de Portugal

Porto (PT) transforma-se na

Cidade das Camélias

Antecipando a chegada da primavera, o Porto volta a transformar-se na Cidade das Camélias entre os dias 5 a 12 de Março, dedicando uma

semana repleta de actividades àquela que é por muitos considerada a "Rainha das flores". Patri-mónio cultural e natural da cidade, foi a partir da Invicta que esta espécie se disseminou e conquis-tou todo o norte de Portugal e Galiza. A criação, no ano passado, da marca "Porto. Ci-dade das Camélias" fortaleceu ainda mais esta relação, que tem no mês do Março o seu ponto alto, com a organização da XXI Exposição de Ca-mélias do Porto, nos dias 5 e 6, na Casa de Ser-ralves, numa iniciativa conjunta do Pelouro do Ambiente da Câmara do Porto, da PortoLazer e da Associação Portuguesa de Camélias. Mas a agenda de eventos em torno desta flor, ori-ginária do sudeste asiático e também conhecida por Japoneira, não se esgota na Exposição. Tal como em 2015, o evento alargará o seu âmbito à cidade, prolongando-se por toda a semana, até 12 de Março, com mais de 40 iniciativas abertas à população, entre visitas guiadas, oficinas, concer-tos de música, palestras, exposições, conferên-cias, degustações e muita animação de rua. EXPOSIÇÃO ESTREIA-SE NA CASA DE SER-RALVES Transferindo-se este ano do Mosteiro de São Bento da Vitória para a Casa de Serralves, a XXI Exposição de Camélias do Porto abrirá as suas portas ao público no próximo dia 5 de março, às 14,30 horas, prolongando-se até às 18 horas do dia seguinte. Sob o tema "Porto aberto ao mundo. Desafios do Século XXI na Exposição XXI", o certame voltará a eleger a "Melhor Camélia" e a "Melhor Camélia de Origem Portuguesa", mas também, e pela pri-meira vez, a "Melhor Decoração de Mesa" e o "Melhor Arranjo Floral". O programa da Exposição inclui ainda uma Mos-tra de Trabalhos Escolares, o tradicional Mercado da Camélia, assim como várias oficinas em torno da camélia. Durante os dois dias da Exposição, regressa também o Teatro de Sombras Japone-sas, apresentado pela artista plástica BenikoTa-

naka, em três sessões a realizar na Capela da Casa de Serralves. Fora de Serralves, a Exposição será também ce-lebrada na Igreja dos Clérigos, que acolhe na noi-te de sábado, 5 de Março, a partir das 21,30 ho-ras, um concerto da Orquestra do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Intitula-do "Sinfonia com Camélias", o concerto será tam-bém uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, an-tigo aluno do conservatório. A antecipar a Exposição e inaugurando o progra-ma oficial da Semana das Camélias, o Salão No-bre da Reitoria da Universidade do Porto será pal-co do lançamento do livro "Em torno de camélias, com um Porto", às 18 horas do dia 3 de março, altura em que será também inaugurada uma ex-posição de pintura alusiva a esta obra. Na sexta-feira, 4 de Março, é a vez do Varandim da Torre dos Clérigos receber o espectáculo de abertura deste evento, a partir das 21 horas. O programa desta noite incluirá, além de um espec-táculo de luz na fachada da Torre, vários momen-tos de dança e um concerto de ópera. UMA SEMANA INTEIRA A CELEBRAR A CAMÉ-LIA Envolvendo mais de duas dezenas de parceiros, o programa extra exposição, da responsabilidade do Pelouro do Ambiente, da Porto Lazer e da As-sociação Portuguesa de Camélias, irá incluir este ano mais de 40 iniciativas, todas de acesso livre, ainda que algumas sujeitam a inscrição prévia e à lotação dos espaços onde se realizam. Abrangendo todo o tipo de públicos, as activida-des vão distribuir-se por mais de duas dezenas de espaços da cidade, tanto exteriores como interio-res, entre jardins, quintas, praças, museus, tea-tros, igrejas, fundações, institutos, bibliotecas, uni-versidades, palácios e outros locais mais ou me-nos inusitados, como o Mercado do Bom Suces-so, o Passeio dos Clérigos e até alguns eléctricos dos STCP. Entre as novidades deste ano estão o renovado Palácio do Bolhão e a Feitoria Inglesa. Com propostas para todo o tipo de idades e públi-cos, o programa desta edição inclui, por exemplo, uma oficina sensorial em que os invisuais são convidados a explorar o barro. Está agendada para quarta-feira, 9 de Março, às 10 horas, na Fundação Escultor José Rodrigues. Os materiais desta oficina farão depois parte integrante da ex-posição "Camélias Abertas ao Mundo", a inaugu-rar no dia 12 de março. O público infantil também não é esquecido e ao

longo da semana constam várias actividades para os mais novos, como um workshop de cozinha dinamizado por Saphir Cristal, a 5 de Março, no Mercado do Bom Sucesso, uma oficina de impres-são, a realizar segunda-feira, 7 de Março, na As-sociação de Gravura do Porto, ou um ateliê de pintura de azulejos, dia 10, no Palacete dos Vis-condes de Balsemão. Ao longo de toda a semana, será também possí-vel apreciar o trabalho realizado por um grupo de seniores de uma instituição da cidade nas janelas de três eléctricos dos STCP, que serão decoradas por flores produzidas nos mais diversos materiais reciclados. Para quem quiser ficar a conhecer melhor os jar-dins da cidade, há várias visitas planeadas, por exemplo, à Quinta de Vilar d'Allen, que alberga uma das mais ricas colecções de camélias, mas também a outros jardins e recantos cuja história está intimamente ligada a esta flor, como sejam o Palácio do Bolhão ou a Feitoria Inglesa. Do pro-grama fazem ainda parte as visitas à Igreja dos Clérigos, ao Museu Nacional Soares dos Reis ou aos bastidores do Teatro Nacional São João. O cruzamento de culturas está também presente no programa desta edição, quer através dos es-pectáculos de marionetas de sombras japonesas (Palácio do Bolhão), quer através das oficinas de pintura sobre seda (Museu Nacional Soares dos Reis) ou da Festa da Lanterna do Vietnam, que culminará com o lançamento, sobre o lago do Jar-dim de João Chagas (Cordoaria), de 130 lanter-nas orientais em papel, ornamentadas com camé-lias, num espetáculo agendado para o final da tar-de de sexta-feira, 11 de março. A estreita ligação entre o chá e o vinho do Porto merece igualmente lugar de destaque no progra-ma deste ano, de tal forma que o Instituto dos Vi-nhos do Douro e do Porto (IVDP) e a Associação Portuguesa de Camélias lançam mesmo um de-safio aos criadores na busca de uma camélia "Vinho do Porto". Para encerrar da melhor maneira esta longa e in-tensa semana dedicada à camélia, a Praça do General Humberto Delgado (nos Aliados) será o epicentro de uma festa no sábado à tarde, sob o mote "FlowerPower", com música, performances, oficinas de contos e outras surpresas.

Fonte: http://www.portolazer.pt/ Enviado por: Alberto Blanquet

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