ARTIGO - Vaidade masculina
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Vaidade em alta no universo masculino
Charles Sá e Natale Gontijo de Amorim*
O estereótipo do homem mal vestido, despenteado e barrigudo perde espaço nos
dias de hoje para um novo padrão: o do homem que cuida bem da aparência e da forma
física, e não tem vergonha de assumir a própria vaidade. Os homens se tornaram ávidos
consumidores roupas, produtos de beleza, procedimentos estéticos e também de
cirurgias plásticas. Já respondem por 30% do total dessas cirurgias, segundo dados da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Em números absolutos, as
intervenções são 150% mais frequentes do que há vinte anos.
Até poucos anos, os poucos homens que iam aos consultórios de cirurgiões
plásticos buscavam ente procedimentos corretivos, como a retirada de cicatrizes
profundas provocadas por acidentes, ou micro-cirurgias indicadas por outros outros
especialistas, como a retirada de tumores. Hoje, o número de cirurgias estéticas já
ultrapassa em muito o de cirurgias reparadoras.
A calvície é o maior incômodo, mas também se tornaram comuns cirurgias como
a de pálpebras, a de nariz, a cirurgia de flacidez facial, conhecida como facelifting, e a
colocação de próteses nas panturrilhas e na região peitoral. Outra modalidade muito
adotada pelo público masculino é a lipoaspiração da região da cintura e do abdômen
para a retirara de pneus indesejáveis. Depois que o craque Ronaldinho assumiu
publicamente ter feito uma lipo, no ano passado, muitos homens deixaram de esconder
que adotaram o mesmo procedimento.
Além das cirurgias propriamente ditas, tratamentos estéticos como a aplicação
de toxina butulínica para amenizar rugas e marcas de expressão, o preenchimento de
vincos da face e os peelings ganham, a cada dia, mais adeptos do sexo masculino. Eles
também procuram a depilação definitiva da barba, tórax e orelhas. Está em alta se
cuidar, independentemente da opção sexual.
Nas relações pessoais, sociais e profissionais, também é percebida uma
valorização dos indivíduos que aparentam sinais de beleza e saúde física e mental. Ser
bonito e se apresentar bem, apontam os especialistas, facilita o sucesso nos negócios e
na vida pessoal, como indicam pesquisas recentes realizadas em algumas das mais
prestigiadas universidades do mundo.
É preciso enfatizar que não fazemos uma apologia dos excessos cometidos em
nome da beleza – para homens nem para mulheres –, tampouco acreditamos que a
aparência seja mais importante do que outras características como a inteligência, o
caráter e a elegância. Cabe ao cirurgião orientar seu paciente em relação aos limites que
a boa técnica impõe, inclusive recusando pacientes que tenham demandas consideradas
exageradas ou irreais. Por outro lado, ficamos satisfeitos de constatar que os homens
estão se cuidando mais e já se sentem mais livres para assumir a própria vaidade sem
medo de preconceito.
*Membros especialistas titulares da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e
autores do livro “Os mistérios da vaidade humana”, da editora Qualitymark.