Artigo: Tática para hoje, por Claudio Ritser

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Tática para o hoje 17/11/2011 Por Claudio Rossano Ritser Este texto foi distribuído na reunião do Diretório Municipal em 17 de novembro de 2011. “Quem passou por situações tão difíceis e negativas, como a ditadura militar e a hegemonia neoliberal, sabe valorizar mais os avanços atuais no Brasil, por pequenos que sejam, diante da herança pesada que recebemos e da difícil virada que o país está conseguindo realizar”. (Emir Sader, em seu perfil no Facebook, dia 10/11/2011). Quando escrevi o texto “Minha opção pela CNB” (28 de junho de 2011) recebi diversas manifestações, umas me parabenizando, outros se dizendo surpresos, mas me desejando sucesso em minha nova tendência, outras me criticando e outras fazendo algumas ponderações, até para tentar entender melhor meu posicionamento/decisão. Há outros que preferiram criticar-me pelas costas. Em respeito e consideração pelos que decidiram fazer ponderações, quanto à minha decisão, e até para aprofundar um pouco mais as argumentações referentes a minha decisão – em optar pela Construindo um Novo Brasil – é que escrevo tal texto. Portanto, tal texto não tem pretensões, a não ser, tentar esclarecer um pouco melhor os motivos políticos que fizeram, e que estão fazendo, com que eu esteja fazendo uma releitura do cenário, das condições objetivas, com meu entendimento anterior. (Aproveito a oportunidade, para, também, expor minha opinião quanto a tática para as eleições de 2012 ao Diretório Municipal - nessa data). Cenários e problemas a serem enfrentados Sempre quando alguém toma uma decisão, agradará alguns e desagradará outros. O importante, em meu entender, não é o fato de agradar ou desagradar pessoas e/ou grupos, mas, sim, o fato de tentar construir e/ou decidir por uma tática que possibilite a implantação de um projeto diferenciado, nem que para isso seja necessário, desidratar um pouco o programa para que se obtenha alguns avanços. Os problemas colocados a nós são (não necessariamente nessa ordem): a) o sistema político eleitoral está estabelecido, e ele não nos favorece; b) o 1

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Tática para o hoje 17/11/2011 Por Claudio Rossano Ritser Este texto foi distribuído na reunião do Diretório Municipal em 17 de novembro de 2011.

“Quem passou por situações tão difíceis e negativas, como a ditadura militar e a hegemonia neoliberal, sabe valorizar mais os avanços atuais no Brasil, por pequenos que sejam, diante da herança pesada que recebemos e da difícil virada que o país está conseguindo realizar”. (Emir Sader, em seu perfil no Facebook, dia 10/11/2011).

Quando escrevi o texto “Minha opção pela CNB” (28 de junho de 2011) recebi diversas manifestações, umas me parabenizando, outros se dizendo surpresos, mas me desejando sucesso em minha nova tendência, outras me criticando e outras fazendo algumas ponderações, até para tentar entender melhor meu posicionamento/decisão. Há outros que preferiram criticar-me pelas costas. Em respeito e consideração pelos que decidiram fazer ponderações, quanto à minha decisão, e até para aprofundar um pouco mais as argumentações referentes a minha decisão – em optar pela Construindo um Novo Brasil – é que escrevo tal texto. Portanto, tal texto não tem pretensões, a não ser, tentar esclarecer um pouco melhor os motivos políticos que fizeram, e que estão fazendo, com que eu esteja fazendo uma releitura do cenário, das condições objetivas, com meu entendimento anterior. (Aproveito a oportunidade, para, também, expor minha opinião quanto a tática para as eleições de 2012 ao Diretório Municipal - nessa data). Cenários e problemas a serem enfrentados Sempre quando alguém toma uma decisão, agradará alguns e desagradará outros. O importante, em meu entender, não é o fato de agradar ou desagradar pessoas e/ou grupos, mas, sim, o fato de tentar construir e/ou decidir por uma tática que possibilite a implantação de um projeto diferenciado, nem que para isso seja necessário, desidratar um pouco o programa para que se obtenha alguns avanços. Os problemas colocados a nós são (não necessariamente nessa ordem): a) o sistema político eleitoral está estabelecido, e ele não nos favorece; b) o

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pensamento hegemônico na sociedade é de direita; c) a correlação de forças na sociedade é desfavorável à nós; d) a maioria esmagadora dos eleitores não leva em conta, na hora de votar, o projeto político; e) a generalização pejorativa da “classe política”; f) ataques e confusões teóricas políticas por parte da grande imprensa contra a esquerda; g) o pluripartidarismo, que seria um fator positivo em uma sociedade democrática, contribui para o fisiologismo; h) o poder da grande imprensa; i) o poder do mercado financeiro; j) a falta de consciência de classe por parte da classe trabalhadora; l) a existência de “caciques políticos” nos estados com presença e força política no Congresso Nacional; m) políticos, no Congresso Nacional, que defendem interesses próprios (privados) e que pertencem a setores sociais conservadores e burgueses, como, por exemplos, os que pertencem a bancada evangélica, a entidades de classe, como, por exemplo, os ruralistas, os industriais,...; n) a falta de uma base sólida – ideológica – e numérica no Congresso Nacional, e também nos estados e municípios governados pelo PT e pela esquerda, que possibilita-se o apoio necessário ao governo; o) Poder Judiciário conservador; Diante de tais problemas, o Partido dos Trabalhadores precisa decidir se faz a disputa política eleitoral para marcar posição, ou se decide entrar na disputa para ganhar e fazer a diferença estando no governo. Entendo que, na história do partido, ouve momentos, no cenário nacional principalmente, em que ele precisava lançar candidato para fazer a disputa na sociedade, mostrando o programa e a face do PT, mesmo se o candidato não estive-se tão bem posicionado nas intenções de voto, e conseqüentemente, não apresentando condições concretas de vitória. Esse momento era o momento de consolidação do Partido dos Trabalhadores na sociedade. (Mesmo Lula chegando ao segundo turno contra Collor, em 1989, não era certeza que seríamos vitoriosos já em outra eleição, e mais, que a sociedade, como um todo, estava próxima de nosso projeto. Se estive próximo de nosso projeto não seria a grande imprensa, por exemplo, a fazer ela mudar de opinião e votar no candidato da burguesia. Foram precisos a participação em três eleições presidências seguidas, aliada a luta política social, que, só na quarta eleição presidencial (2002) em que Lula participou como candidato, foi eleito, e ainda assim, sem uma base de sustentação sólida). Passaram-se anos e eleições, até que o PT, encabeçando uma coligação, conquista a presidência da República com Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002. Porém, até 2002, o PT já possuía experiência em alguns governos municipais e estaduais. O governo federal (2003 até hoje), no qual o Partido dos Trabalhadores faz parte, sendo, inclusive, o maior e principal partido de sustentação do governo federal, vem obtendo avanços, e através de políticas públicas, vem possibilitando a conquista de dignidade para milhões de indivíduos – que até ontem, eram esquecidos. E como é um governo de coalizão, onde há partidos e indivíduos de esquerda, centro e até de direita, é necessário entender que também houve recuos e até

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alguns retrocessos em alguns pontos (seja por parte de nossos aliados, seja por parte do próprio PT – ver mais na seqüência). No 4º Congresso do PT, em 2010, quando o partido aprovou a tática de alianças para as eleições presidenciais do mesmo ano, que decidia pela manutenção da coalizão, mesmo tendo que pagar o custo político e moral pela manutenção da coalizão, que prevê a obtenção e/ou a manutenção de apoio político no Legislativo e de setores da sociedade, o partido deixou claro que entende haver mais avanços do que recuos e até de certos retrocessos, na condução do governo federal, e com isso, decidia também que as disputas eleitorais precisam ser para ganhar, e não apenas para marcar posição. Em outras palavras, os problemas colocados a nós são: diante de um cenário desfavorável, com estrutura social política eleitoral que privilegia a direita, além dos enormes desafios administrativos e sociais ao chegarmos ao governo, nós conseguiremos resolver ou ao menos minimizar tais problemas apenas com o nosso grupo político de esquerda e com a nossa base social, e ainda implementarmos o nosso programa de governo ao chegarmos ao governo? A história nos mostrou que não é possível. O possível é que nós venhamos a construir alianças/coligações que sejam viáveis para que possamos, sendo ou não cabeças de chapa, ganhar eleições e governar tentando implementar nosso programa. E com isso, trabalharmos para que, num curto prazo, tenhamos condições de encabeçarmos a cabeça de chapa com reais condições de vitória. (Cenários estaduais e municipais). Nesse sentido, porém, há as criticas de que esse pensamento é entreguista, aliancista, pragmático, governista e até que este é um pensamento de direita. Porém, o que realmente está em jogo – e esse é o mundo real – é que só faz, ou se tem as condições de fazer algo, quem ganha às eleições para o Poder Executivo – que é o Poder que tem as condições objetivas de realização. Fora isso, é discurso. Quando estava em minha ex-tendência (Articulação de Esquerda) eu criticava os discursos e posicionamentos dos que pertenciam à ala majoritária do partido, por entender que, quando o PT cedia espaços a aliados (fosse no governo ou a cabeça de chapa nas eleições) o partido decidia-se pelo seu enfraquecimento, pelo não protagonismo, e correndo o risco de até perder a identidade. Assim eu entendia aqui no estado também, e foi nessa linha (contrário a uma coligação tendo o, então, senador Osmar Dias como candidato ao governo do Paraná com o apoio do PT) que me manifestei durante as discussões sobre as eleições estaduais de 2010. No entanto, reconheço que meus olhos estavam voltados apenas para a literatura – se assim posso dizer, para teses programáticas e de discursos bem construídos e ditos de esquerda. Porém, teses e discursos que não apresentavam respostas para problemas práticos e urgentes. E é diante desses problemas práticos e urgentes que precisamos discutir as táticas – ou

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melhor – qual a melhor tática nesse cenário para que possamos disputar para ganhar. Repito: fora isso é discurso. Fui contra a aliança com Osmar Dias, no entanto, já durante as eleições, fui reconhecendo que a tática estava correta, e os resultados eleitorais obtidos pelo partido demonstraram o acerto. Reconheço, mais uma vez meu equivoco de entendimento. No entanto, não estou aqui, entendam bem, querendo dizer que não precisamos de teoria, de formulação e de teses. Claro que precisamos, até porque é a teoria que fomenta o debate, que, por sua vez, nos dá a diretriz para a nossa prática. Porém, a teoria precisa dar respostas para os problemas práticos e urgentes do cotidiano. Um pequeno exemplo sobre teoria e prática, é a revolução de outubro de 1917. Se a esquerda estivesse presa à teoria (ou o que se imagina ser o caminho mais assertivo), a revolução não teria acontecido. A teoria (ou o que se imaginava) dizia, de forma resumida, que a construção do socialismo se daria melhor em cenários em que houvesse condições materiais para se dar a construção do socialismo (Ou seja, de que a construção do socialismo se daria em sociedades em que o capitalismo era mais desenvolvido). E a Rússia era um país periférico, sem industrialização, muito pobre e sem estrutura. No entanto, a oportunidade estava dada, ou a esquerda tomava o poder naquele momento ou a direita é quem iria (re)tomar o poder (lembrando que no momento em que a tomada de poder aconteceu, o que havia era um governo provisório – defendido inclusive pela esquerda, que depois tomou o governo). O estabelecimento de outro regime (o socialismo) não foi algo simples. Além de que, também tiveram que conviver com a contradição. A teoria dizia uma coisa, e a realidade foi outra. Não havia alternativa. Independente do que dizia a teoria, a realidade era: ou a esquerda tomava o poder, ou a direita retomava o poder. E se a direita retomasse o poder, a esquerda poderia – e seria – dizimada. Pequenas considerações sobre a estratégia, a tática e a hegemonia O PT como partido classista e socialista – conforme reafirmação na Resolução Política do 4º Congresso Extraordinário de setembro de 2011 – tem como norte uma outra sociedade. E como almeja o socialismo, o Partido dos Trabalhadores precisa construir suas estratégias e suas táticas, para que possamos construir a hegemonia (ou a contra-hegemonia), que nos dará as condições objetivas para construir o socialismo. Estabelecido o norte, que é o socialismo, cabe, então, estabelecer a(s) estratégia(s) e a(s) tática(s) que nos darão a oportunidade de dialogar com a

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sociedade, e a partir desse diálogo conquistar a confiança da população para que possamos chegar ao Executivo e governarmos. E é através do exercício do governo, e de seu êxito, que vamos obtendo/conquistando o respeito e maior confiança da população. Para que possamos dialogar com a sociedade, precisamos ouvir e tentar compreender o que pensa, sente, e como age a maioria dos indivíduos na sociedade. Com tais dados e informações nas mãos, é preciso refletir, debater e decidir o que fazer se, por exemplo, nosso programa estiver muito diferente do que a sociedade quer no momento (lembrando o que diz a Resolução Política citada acima: “Como socialistas democráticos, queremos uma alternativa de civilização ao capitalismo, a ser construída democraticamente com o povo brasileiro”, e que ...“É este programa que orienta o nosso diálogo com o povo brasileiro”. Portanto, não há em nossas resoluções a imposição de programas, de projetos, à sociedade, mas, sim o diálogo “...sobre o sentido histórico das transformações dos governos Lula e Dilma” e que “...o PT quer firmar novos compromissos com o povo brasileiro”. Nisso está baseado a nossa postura em dialogar, de ouvir e construir projetos juntos com a sociedade). Caso contrário, manteremos nosso programa e falaremos para um número muito reduzido de indivíduos, como fazem os partidos de extrema esquerda (esquerdistas), que negam-se a enxergar a realidade e a importância dos avanços, mesmo que sejam pequenos diante o que queremos e do que almejamos. O que, paradoxalmente, não contribuí com o campo de esquerda (que seria o objetivo dos extremados à esquerda), pelo contrário, contribui para fortalecer justamente à direita (que seria, ao menos na teoria, o alvo da extrema esquerda). Tendo, então, a consciência de nossos problemas/desafios e aquilo que queremos, que é outra sociedade, constrói-se a estratégia (o que queremos, o que precisamos para começar a caminhar em direção ao nosso norte – o socialismo), e conseqüentemente, qual ou quais as táticas (caminhos que vamos adotar para termos êxito em nossa estratégia). Entendendo que avanços na caminhada contribuirão para que se obtenha condições de se começar a construir a hegemonia (ou a contra-hegemonia). Desde 1995, até hoje, o Partido dos Trabalhadores segue essa lógica, e foi fazendo alterações em seu programa, dialogando com vários segmentos da sociedade e conquistando apoios, que – aliado a um cenário político econômico social nefasto deixado pelo governo tucano e seus aliados – conquistamos a presidência da República com Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002. É importante dizer que, mesmo diante de tantos problemas/desafios (citados anteriormente) que tínhamos e que continuamos a ter, houve muitos avanços sociais no Brasil e para os/as brasileiros/as. No entanto, ainda há muito o que fazer, porém, o aprofundamento dos avanços obtidos e sua ampliação, só se tornarão fatos, quando os problemas/desafios forem superados, ou, no mínimo, minimizados. O que não acontecerá da noite para o dia. Porém, é uma luta política, uma construção cotidiana, e que tem haver com a mudança de

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pensamento, de cultura, e essa mudança em níveis significativos dá-se o nome de (construção de) hegemonia. A construção da hegemonia, que é um processo, uma construção, que tem haver com a mudança na forma de pensar da maioria dos indivíduos (enxergar o mundo e em sua conscientização de que pertence a classe trabalhadora), na forma de cultura (valores, princípios, ideais,...) não pode, de forma alguma, ser comparado a índices de aprovação popular de indivíduos em cargos estratégicos na estrutura do Estado, aja visto, por exemplo, que indivíduos podem avaliar positivamente um governante e seu governo, mas que pode perfeitamente não compartilhar do mesmo pensamento, de uma mesma cultura do governante e de membros do governo, tanto que, se confrontado a algumas políticas públicas que ele julga inadequado/errado/pecado, ele irá ser contra. E se for feito tais questionamentos em período eleitoral, esse indivíduo mesmo avaliando positivamente o governante e o governo, ele poderá votar com a oposição, porque a oposição tocou em pontos chaves que esse indivíduo não consegue aceitar que um governante, um governo, o Estado, venha tocar em tal ou tais questões. Isso, porque esse indivíduo não se conscientizou de sua condição de membro de uma classe (trabalhadora), e não esta pensando diferente e continua com sua cultura (seus princípios, seus valores,...). Portanto, a construção da hegemonia é um processo histórico, de séculos de luta política. Já a aprovação de um governante e/ou de um governo, se dá pela postura pessoal do governante (como ele se comporta, e sua identidade/afinidade com o povo e/ou seus interesses), e em relação a aprovação do governo em si, passa pelo entendimento e de que as políticas implementadas pelo governo são (no entender dos indivíduos) positivas para a sua vida. Sendo, então, avaliadas as opiniões da população para medir sua aprovação ou não de um governante e/ou de um governo, naquele momento. No entanto, essa aprovação é relativa e não alinhada ideologicamente. Por isso, ela é um apoio relativo, e sendo relativo, é um apoio um tanto fraco, justamente por não haver uma identidade/afinidade ideológica. Um exemplo foi o tema (caso) do aborto durante as eleições de 2010. Pessoas que apoiavam nossa candidata, de uma hora para outra, ou deixaram de votar, ou, no mínimo, balançaram diante a maneira de como a questão do aborto foi tratado nesse período. O que demonstra, de forma clara, a falta de consciência de classe, a falta de identidade/afinidade/alinhamento ideológico da imensa maioria da população brasileira para com o nosso norte, que é o socialismo. Por isso, tal apoio popular é, hoje, relativo e fraco (ver, também, a quantidade e o peso político da oposição, tanto no cenário nacional, estaduais e municipais, por exemplo, que ainda atrapalha e dificulta, o máximo que podem, com o apoio da grande imprensa e de setores da sociedade civil, para inviabilizar e/ou para impor a agenda deles aos governos federal, estaduais e municipais em que o PT, e a esquerda integram). Somente a continuidade da luta política, a capacidade de disputa ideológica do partido e de certa forma do governo, é que poderemos, no longo prazo, começar a construir o caminho (mais sólido) para a construção da hegemonia (aí sim, teremos uma certa homogeneização ideológica na sociedade, que farão com que o apoio popular seja forte e constante).

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Consciência política para a condução dos avanços Entender as dificuldades/problemas/desafios do cenário político econômico social e cultural, e mesmo assim querer caminhar para aprofundar os avanços até aqui obtidos, requer responsabilidade e firmeza. Responsabilidade para com os indivíduos que até aqui tiveram uma melhora em suas vidas, com possibilidade de conquistarem outros níveis sociais – dentro da classe trabalhadora – e também para com quem possibilitou que esses avanços, através dos governos de Lula e, agora, de Dilma, pudessem acontecer. Ou seja, responsabilidade que a nós (enquanto partido) cabe, para fazermos o possível para mantermos – até onde der – a base de apoio ao governo federal coesa. E firmeza para sustentarmos todos os ônus decorrentes dessa responsabilidade, no qual nos deparamos com limitações não só orçamentárias, administrativas, como, também, limitações políticas por estarmos juntos com quem pensa bem diferente de nós, e aí aparecem as contradições, entre outros custos políticos. Tudo isso é o preço por estarmos no governo, sem termos apoio (sólido e numérico) político ideológico no parlamento e na sociedade. No entanto, entendo que essas dificuldades/problemas/desafios são – guardadas as devidas proporções – similares as vividas pela esquerda russa em outubro de 1917, no que diz respeito a responsabilidade e a firmeza que tiveram que ter. Responsabilidade na tomada de decisão em tomar o poder, para que pudessem implementar – apesar do cenário desfavorável – um programa, um projeto, que era diferente, que tinha por objetivo a inclusão, a igualdade, a liberdade, a dignidade, o progresso coletivo para o coletivo. E tiveram que ter a firmeza em um cenário não só desfavorável, mas conturbado, inclusive no decurso da 2ª Guerra Mundial, para manterem seu projeto, independente das contradições e instrumentos que tiveram que utilizar para tentarem implementar uma sociedade socialista. Até hoje se lê e ouve-se muita critica à esquerda quando se referem à União Soviética. Foi o preço político que tiveram que pagar. (Por outro, por exemplo, se não fosse o Exército Vermelho os nazistas poderiam ter ganho a guerra. O Exército Vermelho foi fundamental para a vitória contra o nazismo. E só foram fundamentais porque a esquerda decidiu ousar, porque tiveram responsabilidade e firmeza na condução do governo socialista – inclusive na utilização de instrumentos capitalistas, que possibilitou – o que também é um paradoxo – que o Estado socialista tivesse as condições objetivas para fazer o devido enfrentamento contra os nazistas na guerra). Em um cenário adverso, com tantos problemas/desafios conjunturais, no qual precisamos construir maiorias (em todos os níveis da federação) para governarmos, e antes, já para fazermos a disputa eleitoral, cabe, logicamente, questionamentos como, por exemplo: qual a relação do PT com outros partidos da coligação e/ou da futura base aliada, sendo o partido cabeça de chapa ou não? Qual o nível de interferência do programa do PT no governo? Qual seria ou será o avanço para a população com um governo de coalizão com tantos partidos e indivíduos que pensam diferente? Como o PT, como um dos partidos que compõe uma coligação e um futuro governo, poderá diferenciar-se no

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cotidiano para que o partido se fortaleça e não venha a enfraquecer-se a ponto de ficar a reboque de outros partidos? Para iniciar a resposta para tantos questionamentos, é preciso ressaltar que, como as relações humanas não pertencem às ciências exatas, assim também é nas relações sociais e políticas, sendo que não há uma resposta exata para os questionamentos acima e para tantos outros questionamentos que venham a surgir. E não há uma resposta exata para tais questionamentos porque, simplesmente, a política (relações sociais, políticas, a ciência política) e as relações humanas não fazem parte das ciências exatas. Em outras palavras, não há exatidão para os questionamentos acima. E não há exatidão para os questionamentos acima, porque as respostas dependerão da dinâmica do partido dentro da referida coalizão e do futuro governo, e suas respectivas conseqüências, que podem ser positivas ou negativas. Entendo que somente teremos respostas concretas, se ousarmos “assaltar os céus” (ao decidirmos fazer disputas políticas eleitorais com reais condições de vitória) assim como fizeram a esquerda na Rússia (ao decidir tomar o poder, mesmo sabendo das dificuldades/obstáculos/desafios que teriam na condução do governo), quando tivermos situações concretas para avaliarmos. Até porque se ousarmos fazer disputas para ganhar – e não só para marcarmos posição – e caso venhamos a ganhar as eleições, parte substancial dos questionamentos acima, poderão ser respondidos na prática, dependendo muito da dinâmica do partido dentro de uma coalizão. Uma coligação e posteriormente a formação de um governo de coalizão (após o término das eleições, outros partidos poderão se aproximar da coligação vitoriosa nas urnas para tentarem fazer parte de apoio do novo governo, e com isso, tentarem espaço institucional em troca de apoio no Legislativo) tanto podem dar certo, como podem dar errado. É a dinâmica do processo das relações e das condições políticas que podem ser conquistadas, é que proporcionarão o sucesso ou o fracasso de um governo (aquilo que ele pôde realizar e significar para a maioria da população) e com isso a própria coalizão formada. A coligação desenhada e implementada nas eleições de 2002, com Lula e José de Alencar, que sofreu duras criticas por parte da esquerda partidária, mostrou-se vitoriosa, não só nas eleições, mas também após o término do governo em 2010, após oito anos de governo. Sendo que o governo e o ex-presidente Lula, tiveram índices altíssimos de aprovação popular, o maior da história já registrado. Fato de reconhecimento internacional. Portanto, entendo que, tentar responder alguns questionamentos – que são legítimos – políticos, sem termos tido casos concretos para se avaliar/refletir/discutir, está mais para um exercício de futurologia, do que discussão e reflexão política de fato. Hoje podemos refletir, discutir e escrever sobre o governo Lula (2003-2010), mas não podemos fazer o mesmo discutindo como seria o governo de 1990 (caso tivéssemos sido eleito em 1989), até porque, não vencemos aquelas

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eleições, e como não vencemos aquela eleição, não temos bases para refletir e discutir sobre como teria sido o nosso governo naquela época e naquele cenário. O mesmo acontece com as eleições de 2010, quando tivemos Osmar Dias encabeçando a nossa chapa para o governo do estado. Como já escrevi anteriormente (ler texto Minha opção pela CNB), praticamente toda a minha formação política partidária se deu dentro da tendência Articulação de Esquerda, no qual reconheço que há um ótimo acúmulo de discussões e formulações que poderiam servir, no mínimo, como base de construção de debates e criticas por parte do coletivo da militância do partido, no entanto, este ótimo acúmulo de discussões e formulações, não consegue apresentar uma tática para qual o partido venha enfrentar todos aqueles problemas/desafios, fazer disputa política eleitoral, ganhar eleições e governar, sem termos que dialogar acerca de nosso programa, tendo, inclusive, de recuarmos em algumas ou muitas bandeiras históricas do partido, e ainda termos apoio legislativo e social para implementarmos o programa de governo – que nesse cenário, seria um programa – digamos – bem a esquerda, aja visto que não foi preciso flexibilizar o programa. (Fato que considero difícil, muito difícil de acontecer, pois, nesse caso, faltaria apoio parlamentar e social – levando em consideração que o apoio social (como são os apoios legislativos) é relativo, aja visto a falta de consciência política por parte da maioria da população, o que acarreta na falta de afinidade/identidade/alinhamento ideológico). Acima citei a minha ex-tendência, mas, como não poderia ser diferente, estendo essa critica para todo o campo dito de esquerda do partido (que, como não poderia ser diferente, tenho grande consideração, só não estou mais compartilhando com os mesmos pensamentos dos que integram esse campo partidário), que se apresentam como socialistas revolucionários, os programáticos, mas, que, na hora de apresentar uma tática que possa dar conta dos problemas/desafios do hoje, de fazermos uma disputa política eleitoral com reais condições de vitória, sem, com isso, que haja perdas – no sentido programático e até moral em alguns casos – tal campo também não consegue apresentar tal tática. Se um dos nossos problemas/desafios é alterarmos a correlação de forças, para conseguirmos alterar o modo de produção (leia-se: capitalismo), está claro que precisamos estabelecer um diálogo permanente com a sociedade, que inclui demais partidos políticos, movimentos sociais e entidades de classe. E esse diálogo abre portas para que sejam viabilizadas alianças, coligações e futuros governos de coalizão. E a dinâmica (luta política) política não se encerra na engenharia política da construção de chapas, programas de governo e na ocupação de espaço institucional, mas, também, durante todo o tempo do novo governo. É uma disputa política permanente. E é essa luta política que possibilitará ou não, uma maior inserção do partido no governo, uma implementação maior do programa do partido no determinado governo, a imagem do partido perante a população, como parte de um governo de coalizão, entre outros questionamentos, só poderão ser respondidos se houver um cenário político real para ser analisado/questionado/refletido.

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Parto do pressuposto que o debate, as discussões, as teses, as formulações, são fundamentais para nos dar a diretriz a seguirmos (enquanto partido), porém, tais debates, discussões, teses e formulações precisam estar focadas para resolvermos problemas de fundo, mas, sem perdermos de vista que precisamos, também, dar respostas para problemas/desafios do hoje. Problemas/desafios/obstáculos que não são apenas teóricos, mas práticos, do mundo real. Custo político versus defesa do governo Em pontos anteriores, citei o custo político que por ventura pudesse existir, como já houve, ao partido e ao governo para a defesa e sustentação do próprio governo. Não é segredo para ninguém que a burguesia quer o fracasso e a destruição do governo. Ela, apenas nos tolera, mas não nos aceita no governo federal. O mesmo ocorre com os partidos de direita (que representam os burgueses e as alas mais conservadoras da sociedade) e com a grande imprensa. A grande imprensa, aliada com os partidos políticos de direita, investiram contra o governo Lula em vários momentos, como, por exemplo: na chamada crise do mensalão, na derrubada da CPMF, e na tentativa de derrubar o presidente do Senado Federal José Sarney. Tais tentativas tinham por tática o sangramento do governo, até o ponto do governo perder as condições políticas e, com isso, de continuar com forças para continuar governando até o fim, e se chegasse ao fim, que antes não tivesse condições políticas e morais de tentar se reeleger, e se tentasse a reeleição, que não conseguisse. Não tiveram sucesso. E a direita (partidos políticos e a grande imprensa) não teve sucesso, por dois motivos principais: a) o PT e o governo foram responsáveis ao pagar o custo político, e b) a população levou em conta as mudanças sociais e econômicas que estavam tendo e/ou percebendo e não caíram no golpe da direita. Irei me ater no exemplo na tentativa de derrubar o presidente do Senado José Sarney. A direita sempre soube do passado, do presente, e tudo o que José Sarney (PMDB-AP) fez e faz na política local e regional, seja no Maranhão ou no Amapá e no cenário nacional, através de sua atuação e influência no Congresso Nacional. No entanto, começou uma campanha midiática, articulada com os partidos que fazem oposição ao governo federal, para derrubar o presidente do Senado José Sarney, e, conseqüentemente, conduzir ao cargo de presidente do Senado o Marconi Perillo (PSDB-GO). E tentou derrubar Sarney da presidência do Senado porque José Sarney era aliado do PT e do governo federal, e como aliado, ajudava o Palácio do Planalto junto ao Senado, que era uma casa legislativa onde o governo Lula tinha muita dificuldade, por não ter maioria dos senadores e senadoras em sua base aliada.

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O objetivo da direita (grande imprensa, principalmente da Rede Globo, e dos partidos de oposição) era derrubar o governo Lula, pois saindo José Sarney da presidência do Senado, assumiria o senador Marconi Perillo do PSDB, e com os poderes do presidente do Senado, ele poderia - e faria – de tudo para prejudicar o governo Lula. (Vale lembrar que a família de José Sarney tem um grupo de comunicação no Maranhão, com sede em São Luis, e esse grupo de comunicação integra a TV Mirante, que é afiliada da Rede Globo. Então, o objetivo não era destruir um de seus aliados – ao a Rede Globo atacar José Sarney – mas uma tática, um subterfúgio para atingir e derrubar o governo Lula). Mesmo tendo que pagar o custo político de defender José Sarney na presidência do Senado, debaixo dos intensos achaques da grande imprensa, tanto o PT, como o governo Lula, deram um exemplo de clareza política, de que, não aceitariam golpes, nem súbito posicionamento de paladinos e arautos da ética por parte da grande imprensa e dos partidos de oposição, que sempre sugaram as riquezas do país e não foram capazes – por causa de sua ideologia – de possibilitarem um pouco de dignidade e de oportunidades ao povo brasileiro. Infelizmente, a história nos mostra que muitas pessoas, do campo da esquerda e do PT (em nossa bancada no Senado não havia consenso. Para mim, muitos estavam pensando apenas em como iriam se explicar os seus eleitores. O que, para mim, é uma visão egoísta, pois desfocava a necessidade da defesa do governo Lula, como um todo, e apenas pensava em si, em como aparecer na imprensa, ...), demonstraram uma certa fraqueza e um certo egoísmo, ao vacilarem na defesa de José Sarney naquele momento, que, na realidade, não era uma defesa de Sarney, mas uma defesa do governo Lula, do simbolismo da vitória do primeiro presidente do Brasil de origem operária, as mudanças políticas na condução do governo, e todos os avanços que estávamos implementando e que poderíamos continuar a implementar estando no governo. Se o governo Lula fosse derrubado, não teríamos a primeira mulher, de esquerda, que lutou contra a ditadura militar, na presidência da República Federativa do Brasil. Tudo o que aconteceu, está acontecendo e que poderá acontecer no, agora, governo Dilma e em outros governos, inclusive com a reeleição da presidenta Dilma, é fruto da defesa que houve ao José Sarney naquele período. As palavras de Ricardo Berzoini, então presidente nacional do PT, em uma entrevista ao jornal O Globo, em 24/08/2009, foram que “O PT defende a ética, mas não trata a ética como se fosse uma questão isolada da política”. Talvez os arautos da ética no partido, e na esquerda como um todo, devessem refletir nessa frase e procurar ler toda a entrevista de Berzoini. O então presidente do PT diz, também, que “A questão é não cair em armadilha e facilitar o trabalho da oposição” e que “O PT não pode ser ingênuo e entrar nesse joguete”. Tendo consciência da importância de um governo, como, por exemplo, foi o governo Lula e é o governo Dilma agora, temos que ter, enquanto partido e enquanto indivíduos no Legislativo, que poderá haver – como houve –

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situações em que se exigirá responsabilidade, tanto do partido, como de nossas bancadas, e do governo, para pagarmos o custo político tendo por objetivo a defesa do governo e da manutenção da base de apoio no parlamento. Breve consideração à estratégia partidária de 1995 até hoje Algumas pessoas, ditas do campo mais à esquerda do partido, fazem critica a estratégia de centro esquerda, adotado pelo partido a partir de 1995, ao dizerem que diante do cenário mundial – incluindo aqui no Brasil – da piora nas condições objetivas e subjetivas, nos anos 90, fizeram com que algumas pessoas começassem a elaborar uma nova estratégia partidária, optando, então, por abandonar os propósitos revolucionários e socialistas. Para essas pessoas - talvez campo partidário mais a esquerda, em si – o ideal, o mais apropriado seria prosseguir na elaboração estratégica já construída nos 1980, fazendo adequações estratégicas a um novo período histórico, que seria marcado pela crise do socialismo e pela ofensiva neoliberal. Os principais pontos de critica seriam: a) O PT foi deixando de se apresentar (publicamente), como partido socialista, abandonando estrategicamente o socialismo, para lutar contra o neoliberalismo (antes a luta era contra o capitalismo); b) Abandono do conceito de “revolução” e de conquista do poder; Resumo da ópera: os ditos mais à esquerda do partido queriam radicalizar em um momento em que as condições objetivas e subjetivas eram bem ruins. Entendo que, se as condições objetivas e subjetivas são bem desfavoráveis (como era os anos 1990), o radicalismo em vez de ajudar, só iria atrapalhar, o que contribui para fortalecer ainda mais o campo adversário. E como conseqüência, enfraquecer-nos ainda mais. Se havia uma crise do socialismo e uma ofensiva neoliberal – tanto em nível nacional como mundial, nos anos 90 – então qual seria o nosso adversário? O neoliberalismo (que é, se assim posso dizer, a face mais perversa do capitalismo). Sendo o neoliberalismo o instrumento do capitalismo que visava e visa uma maior opressão e exploração no cotidiano da população, é importante denunciá-lo e fazer o devido enfrentamento, com propostas que visem a sua eliminação. Escrever e/ou discursar contra o capitalismo nessas condições, sem termos a oportunidade de fazermos o enfrentamento real, objetivo, contra o neoliberalismo, seria apenas bravata. Hoje, a política é outra, porém, só estamos em condições de implementá-la, e com isso fazer o devido enfrentamento contra o neoliberalismo, é porque soubemos usar a melhor tática.

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Quanto a critica do abandono da conquista do poder, vale a pena lembrar que somos um partido político, e partidos políticos só nascem com o objetivo de tomarem o poder. Se assim não for, não a razão de existirem partidos políticos. Para os que, realmente abandonaram esse objetivo (tomar o poder), precisam, em meu entender, rever o porquê de ainda estar em um partido político. A questão da tomada de poder, ou a luta para se tomar o poder, é fundamental para um partido, ainda mais ele se declarando socialista, como é o caso do Partido dos Trabalhadores em sua resolução após o 4º Congresso Extraordinário. Se quisermos construir outra sociedade (socialista), em que não haja mais exploração e nem opressão, isso só será possível se tivermos poder (poder de fazer as mudanças estruturais necessárias – que passa pela construção da hegemonia). E nesse caso, entendo apropriado ressaltar que, o campo majoritário, tendo – logicamente, em conseqüência de ser “majoritário” – a maioria do partido e conseqüentemente a maioria dos delegados e das delegas no 4º Congresso e no 4º Congresso Extraordinário, votaram e aprovaram o texto de resolução política em que diz que o objetivo do PT é o socialismo. Se o entendimento é esse, como deixa claro a resolução, e sendo a construção do socialismo uma mudança política econômica social cultural, só é possível, então, se houver a tomada de poder. Por isso, a critica sobre o abandono, pelo partido, sobre a tomada de poder, carece, entendo eu, de sustentação. Em relação à “revolução”, analiso-a no tópico abaixo. O que é ser revolucionário hoje Quando lemos ou ouvimos a palavra revolução, uma parte dos indivíduos tende a pensar em um ato de mudança significativa na estrutura social que envolve mudanças nos aspectos das instituições sociais, e o aprofundamento ou a implementação de uma outra cultura, com outros valores e princípios. Nesse sentido, a revolução seria um ato de ruptura abrupta, violenta, para a tomada de poder e para o seu conseqüente estabelecimento. Nessa linha de pensamento, revolucionário seria o indivíduo que não aceita a ordem estabelecida e luta para que a revolução aconteça para mudar a estrutura social então vigente. Nosso entendimento, tendo por base o pensamento acima, de revolução está diretamente ligado aos conceitos e fatos históricos europeus. Esse é um ponto. Outro ponto é que tais revoluções aconteceram em um determinado período histórico. Que é, diga-se de passagem, completamente diferente do cenário (período histórico em que vivemos) atual. Tendo isso em vista é que o professor Doutor Nildo Ouriques (UFSC), na semana acadêmica de ciências sociais da UFPR, em 2009, disse que é preciso deixar de ter o pensamento e a diretriz do que é revolução, somente com base na teoria de europeus (o que é conhecido como pensamento “eurocêntrico”),

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mas, que é fundamental olharmos, estudarmos e refletirmos sobre as experiências que estão acontecendo na América Latina. E como sabemos, na América Latina não houve nenhuma revolução – dentro do que se conhece por revolução no pensamento eurocêntrico - no entanto, o professor Ouriques chamava a atenção para o processo em curso de algumas mudanças, através de governos eleitos, na linha política de alguns países latino-americanos, que tende a fazer o enfrentamento com a ordem estabelecida. A ordem estabelecida (o capitalismo) ainda é a ordem em vigor, não houve, portanto, mudança na estrutura social nos países da América Latina, no entanto, o que ninguém pode desconsiderar é que, na atual situação, eleger governos de origem de esquerda – mesmo que na configuração dos governos, haja representantes de outros setores e até de outra classe – são fatos de suma importância, para que a sinalização de que outra política não só é capaz de fazer o enfrentamento – político – com o atual sistema, como um fator fundamental para a continuidade de se acumular força social e política (construção da hegemonia) para que consigamos as condições necessárias para a realização das mudanças estruturais na sociedade. Outro ponto que ninguém pode negar, é que, apesar das limitações, os governos de esquerda da América Latina estão conseguindo melhorar a vida dos indivíduos em seus respectivos países. O que vejo, hoje (pois reconheço que cometia o mesmo equivoco de entendimento), é que muitos querem ser conhecidos como revolucionários, querem fazer a revolução, gostam de usar bordões anti a ordem estabelecida, contra a burguesia, contra agregar forças para enfraquecer o adversário, etc..., e esquece de ver, de analisar, de refletir, que tais atos fazem o efeito contrário, ou seja, em vez de ajudar o objetivo de enfraquecer o adversário, contribuem para mantê-lo onde está e/ou fortalecê-lo. É claro, no entanto, que uma revolução no conteúdo de ruptura abrupta, violenta, para a tomada de poder e para o seu conseqüente estabelecimento seria, digamos, o ideal, para romper de vez com a ordem estabelecida. E uma revolução dessa forma é preciso ter maioria e/ou as condições propicias para tal fato. Nesse sentido, ao tomar o poder, ter-se-ia, pelo menos, as condições políticas para se implementar uma nova política. (As condições materiais é outro fator). Os revolucionários, então, seriam os que estariam no movimento revolucionário contribuindo para com a revolução. Já uma revolução na forma de ruptura abrupta, violenta, não seria positivo para a classe trabalhadora, pois quem se beneficia da violência em si, é justamente a direita. Portanto, entendo que a questão não é essa (do que é revolução e ser revolucionário hoje, e se a revolução teria que ser violenta ou não), mas, no tamanho do desafio de governar (sendo eleito, e não tomando o poder, e sem

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maioria partidária e ideológica no parlamento e na sociedade), em um cenário muito problemático, adverso, e tendo que dar respostas práticas e de certa forma rápida, para a população, que em sua imensa maioria não tem consciência de classe, e tendo que conviver, no cotidiano, com as contradições de estar no governo, tendo o partido o seu programa, mas, tendo que fazer certas concessões e acordos para obtenção de apoios, e ainda contribuir para com a politização da população, fazendo parte de coalizões. Diante dessa problematização resumida, entendo que ser revolucionário, hoje em dia, não é gritar palavras de ordem, dizer que é contra certas políticas, por entender que, por exemplo, a Educação tem que ser pública e gratuita. Creio que todos e todas no partido, ou pelo menos a maioria, pensa e defende essa posição, no entanto, precisamos incluir a maioria da população, que sempre esteve à margem do sistema educacional e das políticas públicas no geral, em um cenário em que não temos as condições de sairmos construindo todas as Universidades, extensões necessárias, escolas técnicas e demais instituições necessárias. Então, ser revolucionário é um indivíduo que não concorde e/ou aceite a ordem estabelecida, mas, que saiba fazer uma leitura do cenário atual e contribua para que possamos – enquanto classe e enquanto partido – ter a melhor tática, para cada momento, com o propósito de enfraquecermos e derrotarmos os nossos adversários, e com isso, possamos trabalhar na construção da hegemonia para que possamos ter as condições objetivas de rompermos, de vez, com a ordem e começarmos a implementar as mudanças estruturais na sociedade. Nesse sentido, faz-se necessário a parceria, ou uma certa parceria, com o empresariado, como, por exemplo, foi o ProUni, agora, com o Pronatec. E faz-se necessário porque precisamos, urgentemente, mas cientes do tamanho dos passos que possamos dar, incluir uma grande parte da população que sempre esteve relegado pelo Estado, à Educação e aos demais direitos. (Não confundir as palavras ditas até aqui como uma exaltação para que nós sejamos indivíduos adesistas, acríticos, governistas, e afins, mas, sermos críticos e conscientes de que temos que dar respostas práticas e rápidas para a população, por isso, a necessidade de debates e formulações que tenham como intenção a construção de uma tática que nos permita chegarmos à lugares que poderemos, mesmo com as limitações, dar algumas respostas práticas, e o mais importante, fazer com que as pessoas vejam a mudança de política, que, mesmo que não venhamos a ter condições de darmos as respostas que as pessoas queriam, e naquela hora, que elas possam, ao menos, notar, perceber e sentir, que conosco, (fazer) a política é diferente. Ao partido cabe o papel de pensar, de refletir, de discutir, de formular, de criticar e pressionar o governo, inclusive governos em que fazemos parte, porém, com responsabilidade, aja visto, por exemplo, que no âmbito nacional, o PT é o principal partido de apoio ao governo). Entendo que, realidades diferentes requerem atitudes e políticas diferentes, ou seja, dependendo do cenário, usam-se táticas diferentes. Sem, contudo, que isso signifique mudanças de rumo.

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A história já nos deu vários exemplos em que a esquerda esteve ao lado, por exemplo, da burguesia e de ditadores fascistas. Contra o feudalismo, a esquerda esteve ao lado da burguesia. A esquerda também esteve no apoio da campanha do “queremismo”, em 1945, que visava apoiar o ditador fascista (ou semifascita) Getulio Vargas, por entenderem que, naquele momento, a permanência de Getulio Vargas poderia proporcionar avanços sociais. Não entendo que, ao a esquerda decidir por tais caminhos em momentos históricos diferentes, ela não estava perdida, sem rumo, mas pelo contrário, ela estava vislumbrando a melhor tática para obter melhores condições de luta. Podemos concordar ou não de tais decisões, mas não podemos dizer que eles deixaram de ser esquerda por terem tomado um rumo que, hoje, podemos não concordar. Recentemente, em 2010, havia indivíduos que eram contra o PT fazer aliança com o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) porque tais aliados não iriam querer no programa de governo, e muito menos uma possível execução do governo federal, em prol da reforma agrária, da reforma política, da democratização da comunicação, por exemplo. No entanto, esqueciam que o PMDB fazia parte do governo federal desde o primeiro mandato. E se o entendimento é que o governo Lula, em seu segundo mandato (com uma política mais desenvolvimentista), foi melhor do que o primeiro, então deveríamos essa melhora ao PMDB? O fato é que, se o primeiro mandato, até por conta do cenário, foi mais moderado do que o primeiro, não pode ser atribuído aos nossos aliados, inclusive ao PMDB, mas, sim, ao próprio PT e de alguns personagens petistas que tinham – e continuam tendo – uma visão liberal (por exemplo, a indicação e a sustentação de Henrique Meireles no Banco Central, e a do Antonio Palocci na Fazenda, não foram indicações de aliados). O que limitava, ainda mais, as ações do governo. (Lembrando, também que essa visão liberal tem haver com financiamento de campanhas, pois campanhas eleitorais custam caro, e só pode financiar campanha que tem grana, e quem tem recursos é a burguesia, que por sua vez, tem um pensamento liberal. Está aí a base da defesa do financiamento público de campanhas). Posicionar-se contra o PMDB, por exemplo, seria conduzi-lo para os braços da oposição, fazendo o inverso, fortalecendo a oposição e enfraquecendo-nos. É claro, também, que, como são aliados, eles não pensam como nós e nós não pensamos como eles, agora, se quisermos ser governo, ambos os lados precisam conversar e construir um programa juntos, e quem tiver mais peso político poderá influenciar mais ou menos no programa e no governo. Essa é a vida real. Pensar dessa forma, como também pensou a esquerda no passado, quando tiveram que tomar decisões políticas, eles estavam usando táticas diferentes para cenários também diferentes. Porém, creio que a esquerda não estava perdida, mas tinha um rumo. (Ter um rumo, mas não ter condições de implementar nada, não contribui para mudar a realidade social, que é, diga-se

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de passagem, o objetivo da esquerda. Para mudar ou tentar mudar a realidade, é preciso ter as condições objetivas. Caso contrário, só restara o discurso para a esquerda). Ser revolucionário, hoje, é, no mínimo, compreender o momento histórico em que estamos vivendo, ter ciência dos problemas/desafios que limitam nossa atuação e ter consciência de que uma revolução abrupta, violenta, na forma e no conteúdo, não se constrói do dia para a noite, e que, por isso, é preciso trabalhar para que possamos derrotar nossos adversários, sempre que possível, com o objetivo de fortalecer o campo da esquerda, contribuindo para a correlação de forças, que nos dará condições de construirmos a (contra) hegemonia, até construirmos as condições objetivas para as mudanças estruturais na sociedade. O PT, consciente da realidade em que vivemos, deixou claro na resolução política após o 4º Congresso do partido, que é um partido de esquerda e socialista, e que tem responsabilidade para com o Brasil e para com os brasileiros e brasileiras, por isso, considera fundamental a manutenção e o fortalecimento da base aliada que dá sustentação ao governo Dilma. Nos jornais do dia 10/11/2011, como, por exemplo, veiculado no portal R7, há a informação que a presidenta Dilma, ao se encontrar com o vice-presidente Michel Temer e com o líder do PMDB na Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves, mostrou a “importância da palavra e dos acordos nas relações políticas”, segundo o líder do PMDB na Câmara. O que demonstra a consciência da importância que o PT e o governo federal têm em relação aos partidos da base aliada no Congresso Nacional. Eleições 2012 Sobre as eleições municipais de 2012, creio que todos e todas reconhecem que o PT tem excelentes nomes para concorrer à prefeitura de Curitiba. E também um ótimo projeto para a cidade. No entanto, a disputa para a prefeitura não pode ser confundido com as eleições partidárias, que são internas ao partido. Para a disputa na sociedade, é fundamental ouvirmos o que a sociedade pensa, e tem a dizer sobre o que ela entende, sente ou pensa achar sobre os assuntos que a envolvem no cotidiano. E se em nosso programa de governo, ou pré programa de governo há pontos que a sociedade discorda ou quer alguma modificação, por que não fazer essa adaptação? O mesmo quanto a nomes. Se a população, em sua maioria, já deu mostras de que até hoje, não está disposta em votar em candidatos e candidatas do PT à prefeitura de Curitiba, porque insistirmos em apresentar nomes que a população já deu mostras de que não elegerá a prefeitura. Se a conjuntura não está a nosso favor, aja visto que o PT municipal sempre lançou candidatura majoritária, em vários cenários e situações diferentes, como, por exemplo, quando saímos com candidatura própria praticamente

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sozinhos, com ampla coligação, e o resultado sempre foi, até hoje, o mesmo: nossa derrota eleitoral, e aja visto a péssima percentagem de votos obtidos nas eleições anteriores (2008) na majoritária – que refletiu na proporcional – e diante das intenções de votos até agora divulgados por pesquisas, está claro que, independente de nomes, a maioria da população está decidida a não votar – pelo menos até hoje – em candidatura encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, então, porque não tentarmos vencer o adversário (partindo do pressuposto que o inimigo é o capitalismo) participando de coligação em que o PT não será o cabeça de chapa? Sendo o objetivo do PT de Curitiba vencer as eleições municipais, entendo que o partido não pode deixar a oportunidade de uma possível aliança se perder. A saída do Gustavo Fruet do PSDB, e seu ingresso no PDT, partido da base aliada do governo federal, e sua percentagem de intenção de votos, segundo pesquisas, aliada a sua disposição de fazer o (ou um certo ) enfrentamento ao atual grupo político que está, no momento, no governo municipal e estadual, (na conjuntura atual) torna-o um potencial aliado para os objetivos do PT, que é mostrar para a população curitibana e da região metropolitana que é possível ter uma outra lógica na administração do governo municipal de Curitiba, e que essa outra política poderá beneficiar os moradores da região metropolitana. Estou convicto que uma possível coligação do PT com o Gustavo Fruet é a melhor alternativa para construirmos uma candidatura própria para eleições municipais posteriores – respeitando as eleições que, numa coligação, e se Fruet ganhando, poderá candidatar-se à reeleição – por isso, quando procurado, não assinei apoio pró pré-candidatura de um companheiro que postula a intenção de disputar as eleições do ano que vem pelo partido. Como bem postou o companheiro Tadeu Veneri (que, respeitosamente, cito-o) na sua página no Facebook no dia 16/10/2011 “A revolução não se faz com grandes vitorias, mas pequenas vitorias todos os momentos. CHE GUEVARA. Entendo que está na hora de começarmos a disputar as eleições para ganharmos (quase ganhamos com a candidatura de Ângelo Vanhoni, mas, ficamos no quase), e para isso, precisamos das condições objetivas para isso. E as condições objetivas para derrotarmos os nossos adversários está, hoje, numa possível aliança com Gustavo Fruet, que poderá proporcionar “pequenas vitórias”, e quem sabe “em todos os momentos” na condução do governo municipal (se fizermos a aliança e se ganharmos) e quem sabe, em outros momentos, dependendo do relacionamento político que possivelmente venhamos a ter. É claro, no entanto, que no partido há todo um processo de discussão e amadurecimento de idéias que culminam na decisão final (o que é positivo), porém, é importante levar em conta a conjuntura nacional, estadual e municipal e nossas reais chances de sairmos vitoriosos numa possível candidatura própria. Para mim, está claro, que, diante o atual cenário, o lançamento de uma candidatura própria, não nos levará, possivelmente, nem ao segundo turno. (É o que indica as pesquisas até aqui). E se assim for, estaremos desperdiçando a oportunidade de, com aliança, chegarmos à prefeitura. E aliado a isso, ainda

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prejudicarmos as eleições proporcionais. (Meu entendimento pode estar errado? Sim, pode. Mas também pode estar correto. E se este entendimento estiver correto, nós, então, desperdiçaríamos uma grande oportunidade de causarmos uma grande derrota a direita, que governa o município há décadas, além de colocarmos em risco as nossas candidaturas proporcionais, que poderiam, dependendo dos resultados, serem seriamente prejudicadas, e com isso, o conjunto do partido em Curitiba. Tudo isso precisa ser analisado e refletido, principalmente, aos que fazem duras defesas pela tese da candidatura própria). Como estou convicto de que uma possível aliança com o Gustavo Fruet é a melhor tática para o PT, também estou convicto de que o PT também é importante para o Gustavo Fruet, pois o partido tem muitas coisas a oferecer ao Fruet. O que não quer dizer que um ou outro deva “jogar-se” nos braços do outro assim, de forma abrupta, até porque política não se faz dessa forma, é preciso muita conversa, muita negociação. Peso político o PT tem, então, é fundamental que os interlocutores do partido, ao fazerem as conversas, no seu devido tempo, possam colocar o devido peso partidário para que o PT não venha a ser apenas um coadjuvante numa possível aliança, mas que seja também um protagonista na disputa pela prefeitura de Curitiba, e alinharmos a política municipal à política nacional, para que a população venha a ser cada vez mais beneficiada. Por mais criticas que eu possa receber por parte de alguns, essa lógica, vale ressaltar, está baseado na Resolução Política aprovada no 4º Congresso Extraordinário, que diz que a “Nossa política para esta disputa tem como centro fortalecer o nosso projeto de país, aprofundar o enraizamento do PT nos municípios, e consolidar a aliança com os partidos da base de sustentação do governo Dilma”. É claro, no entanto, que ...”O PT priorizará o lançamento de candidaturas próprias nas principais cidades do país, nas cidades em que governa e onde representa a melhor chance de vitória do campo progressista”. No entanto, segue “Como partido que busca alianças para suas vitórias, o PT poderá também apoiar candidaturas de outros partidos governistas”. O apoio do PT dá-se em alguns critérios, como “...a identidade programática, a solidariedade com o nosso projeto nacional e a viabilidade eleitoral”. Entendendo que a “identidade programática” não quer dizer que o possível aliado(a) sempre tenha pertencido ao mesmo campo social (esquerda) que o nosso, e nem que tenha que compartilhar de todos os nossos pontos de vista, mas, sim, que esteja disposto a aceitar alguns posicionamentos que são nossos. Um exemplo é a aliança com o Eduardo Paes, ex-PSDB que hoje está no PMDB, que é aliado do PT no Rio de Janeiro. Eduardo Paes quanto deputado federal pelo PSDB fez um duro e desproporcional ataque ao nosso governo, no entanto, a política não se faz com o estômago, e hoje, Eduardo Paes , o PT e o governo federal são aliados. O que não quer dizer que Eduardo Paes esteja pensando como nós pensamos, e nem vice-versa, apenas quer dizer que, hoje, somos aliados. E como aliados impuseram derrotas aos seus adversários locais (Cesar Maia). Por isso, entendo que, aqui, nós também podemos ser aliados de Gustavo Fruet e vice-versa (e com isso, teremos a oportunidade de derrotarmos nossos adversários locais aqui - Ducci e,

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conseqüentemente, o Beto Richa, e com isso, enfraquecermos o Richa para as eleições de 2014). Porém, repito, nada pode ser feito de forma abrupta, é preciso discussão interna, no entanto, estou convicto que poderemos ter a maior oportunidade, após aquela quase vitória de Vanhoni, para chegarmos à prefeitura de Curitiba com uma possível aliança com Gustavo Fruet. E aliado a (possível) derrota de nossos adversários locais (com a possível coligação com Gustavo Fruet), estaremos contribuindo para a “...construção de uma correlação de forças favorável às eleições de 2014” Como esse texto é de opinião e assinado por mim, ele apenas reflete a minha opinião, no cenário e perspectivas de hoje, e não a opinião de outros companheiros e companheiras que, por ventura, concordem com comigo. Claudio Rossano Ritser, atualmente membro do diretório estadual, secretário de formação política da regional Boqueirão e membro do coletivo de gestores de formação política do PT-PR.

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