Artigo - Salinas

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REFLEXÃO SOBRE AMEAÇA DA ATIVIDADE TURÍSTICA EM SALINÓPOLIS-PA POR EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA: ANÁLISE DOS RECURSOS HÍDRICOS QUANTO A BALNEABILIDADE E NÍVEIS DE BTEX RESUMO: O turismo é a força motora da economia de diversos municípios do Brasil, impulsiona a economia regional e gera emprego e renda que vão da hospedagem aos vendedores individuais nas praias, balneários e centros históricos. A natureza é uma grande força motriz impulsionadora de diversas modalidades turísticas, como o ecoturismo. Suas riquezas e belezas naturais impulsionam o turismo de cidades, como Salinópolis, ou simplesmente “salinas”, na mesorregião nordeste do Estado do Pará, que possui belíssimas praias, lagos e balneários de agua doce, que durante o verão amazônico atraem milhares de turistas para o município. Este possui sua economia baseada essencialmente na atividade turística e na pesca. Nesse sentido, a qualidade das águas e a manutenção das riquezas ambientais são fatores preponderantes para a saúde do ecossistema e da atividade econômica. Entretanto, estudos apontam para a presença de bacias petrolíferas na região do município. Esta atividade pode modificar completamente a dinâmica econômica e comprometer seriamente a atividade turística. Assim, no âmbito do estudo de geociências, esse estudo pretende fazer uma avaliação preliminar da qualidade das águas em pontos de atração turística no município de Salinópolis, avaliando indicadores de balneabilidade e de níveis de BTEX (hidrocarbonetos monoaromáticos), desenvolvendo assim, uma linha de base precursora ao empreendimento de extração de petróleo na região. Palavras-chave: Balneabilidade, BTEX, Recursos Hídricos 1. INTRODUÇÃO Hoje, as preocupações acerca das questões ambientais têm aumentado em diversos âmbitos, seja no meio empresarial, seja na academia, seja em nosso cotidiano. Nessa direção, são grandes os esforços das universidades e institutos de

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REFLEXÃO SOBRE AMEAÇA DA ATIVIDADE TURÍSTICA EM SALINÓPOLIS-PA POR EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA: ANÁLISE DOS

RECURSOS HÍDRICOS QUANTO A BALNEABILIDADE E NÍVEIS DE BTEX

RESUMO: O turismo é a força motora da economia de diversos municípios do Brasil, impulsiona a economia regional e gera emprego e renda que vão da hospedagem aos vendedores individuais nas praias, balneários e centros históricos. A natureza é uma grande força motriz impulsionadora de diversas modalidades turísticas, como o ecoturismo. Suas riquezas e belezas naturais impulsionam o turismo de cidades, como Salinópolis, ou simplesmente “salinas”, na mesorregião nordeste do Estado do Pará, que possui belíssimas praias, lagos e balneários de agua doce, que durante o verão amazônico atraem milhares de turistas para o município. Este possui sua economia baseada essencialmente na atividade turística e na pesca. Nesse sentido, a qualidade das águas e a manutenção das riquezas ambientais são fatores preponderantes para a saúde do ecossistema e da atividade econômica. Entretanto, estudos apontam para a presença de bacias petrolíferas na região do município. Esta atividade pode modificar completamente a dinâmica econômica e comprometer seriamente a atividade turística. Assim, no âmbito do estudo de geociências, esse estudo pretende fazer uma avaliação preliminar da qualidade das águas em pontos de atração turística no município de Salinópolis, avaliando indicadores de balneabilidade e de níveis de BTEX (hidrocarbonetos monoaromáticos), desenvolvendo assim, uma linha de base precursora ao empreendimento de extração de petróleo na região.

Palavras-chave: Balneabilidade, BTEX, Recursos Hídricos

1. INTRODUÇÃO

Hoje, as preocupações acerca das questões ambientais têm aumentado em diversos âmbitos, seja no meio empresarial, seja na academia, seja em nosso cotidiano. Nessa direção, são grandes os esforços das universidades e institutos de pesquisa para conduzir a tecnologia rumo ao conhecimento do ambiente. Um dos problemas ambientais que preocupa atualmente é a gama de contaminantes que, em virtude de atividades antrópicas mal planejadas, ocasionam os mais diversos tipos de impactos ambientais e riscos à saúde pública. Inserida neste contexto, a indústria do petróleo lida diariamente com problemas decorrentes de vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração, refinamento, transporte, e operações de armazenamento do petróleo e seus derivados (BRATBERG & HOPKINS apud CORSEUIL & MARINS, 1997), sendo, por isso, considerada, em seus mais diversos ramos, como potencialmente poluidora. Assim, a contaminação ambiental por derrames de petróleo, lavagem de porões de navios petroleiros, estocagem de combustíveis em zonas portuárias, etc., vem merecendo cada vez mais

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atenção, tanto da população em geral como dos órgãos estaduais e federais de controle ambiental.

Falar de água na Amazônia é falar da principal força motriz do ecossistema regional, deste modo é indispensável a sua preservação e o uso racional deste recurso. Este projeto de pesquisa ao se propor em avaliar os sedimentos e a qualidade das águas do balneário de salinas em um momento anterior à produção e prospecção de petróleo, formando assim um estudo que servirá de base comparativa para pesquisas futuras, tem função importante no fortalecimento da pesquisa na região e na própria instituição.

Em um momento histórico para o Estado do Pará, com a existência de fortes evidências da presença de hidrocarbonetos na região, que certamente gerará emprego e renda para o estado, bem como alavancará a economia, é fundamental um estudo completo do panorama ambiental a área atingida pela ação antrópica da produção petrolífera.

Apesar de vislumbrar um futuro próspero decorrente da prospecção de petróleo deve-se atentar aos riscos sócio-ambientais que esta atividade trará consigo. Anteriormente, falou-se a respeito das atividades pesqueiras e turísticas que movimentam a economia não só do município de Salinópolis como de toda região do Salgado Paraense. Assim, a análise prévia da qualidade de água concernente, sobretudo a níveis de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) é fundamental, uma vez que a ação antrópica de produção e prospecção petrolífera possui diversos riscos de contaminação e degradação ambiental diretamente, através de derrames de hidrocarbonetos e indiretamente, devido ao crescimento populacional provocado pela atividade.

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Salinas, como é popularmente conhecida possui 217,856 km², está situada na Amazônia Atlântica no litoral nordeste do Pará, fazendo parte da microrregião geográfica do Salgado. Encontra-se a uma latitude 00º36'49" sul e a uma longitude 47º21'22" oeste, estando a uma altitude de 21 metros, distante cerca de 220 km da capital do estado, Belém (IBGE,2010). O município de Salinópolis tem população estimada de 37 430 habitantes, com um PIB aproximadamente R$138 933 930,00 reais, cuja economia está centrada na pesca e, sobretudo na atividade turística, apresenta também o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 0,74 (IBGE,2010).

As praias são compostas por areia fina e branca, com águas de uma tonalidade verde-acinzentada, devido aos sedimentos carregados pelas águas do Rio Amazonas. A paisagem é formada por praias, rios, igarapés, mangues, furos e dunas.

A pesca em Salinópolis é considerada uma das atividades econômicas mais antigas, e boa parte de sua população retira seu sustento da mesma. A atividade turística também está no cenário das atividades realizadas pela população. As condições ecológicas distintas na região possibilitam ainda a

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exploração dos recursos naturais em diferentes ramos de atividades, destacando-se a agricultura e pecuária.

Atualmente, as atenções se voltam ao município devido à existência de indícios da presença de hidrocarbonetos na região da Bacia Pará-Maranhão, onde está localizado o município de Salinópolis. A possibilidade da existência de petróleo em território paraense ficou ainda mais evidente quando a Petrobras instalou plataformas na divisa do Pará com o Maranhão e passou a alertar os navegantes quanto aos riscos de trafegar no local. O provável petróleo paraense deve se encontrar próximo a camada de calcário, um ambiente bem difícil de estudar, como ocorre com o Pré-Sal.