Artigo revista hotelaria somewhere over the rainbow abril 2011

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Se teve oportunidade (como eu) de ler a edição de Janeiro desta revista, não deixou com certeza de dar particular atenção ao balanço dos últimos 10 anos da hotelaria em Portugal, comentado por hoteleiros e empresários portugueses. Todos estes proeminentes individuais do turismo mencionaram, sem exceção, que as dinâmicas de Vendas e Promoção Online, vulgo “Turismo Onli- ne”, foram as principais mudanças no nosso sector. O AntónioTrindade, por exemplo, resumiu este pon- to da melhor forma: “Não foi propriamente a hotela- ria que mudou. Foi sobretudo o mundo (o cliente) e a relação com ele. E aqui os fenómenos “net” e “re- des” passaram a ser os grandes eixos da evolução”. Pela excelência de objectividade, e simplicidade desta observação, eu quase que poderia me ficar por aqui... mas não, vou mesmo aproveitar ao máximo os meus 3000 caracteres de dissertação ! Acrescentando a este tema dos “grandes eixos de evolução”, mais um: O hoteleiro 2.0 ! E isto porquê ? Lembro-me perfeitamente da minha primeira pa- lestra sob o tópico dos novos canais online no turis- mo, nomeadamente das redes sociais como canais de excelência. Nessa altura, tive clara noção que dos (poucos) presentes, a maioria olhava para mim como se eu estivesse possuído por um estranho demónio, vindo de outro planeta. Passado somente pouco mais de 2 anos, várias conferências e clientes, vejo que estes mesmos hoteleiros têm hoje uma apetência, curiosi- dade e perspectiva totalmente diferente, quase arris- cava a dizer que evoluíram; isto sem qualquer sentido pejorativo. Aliás, todos nós evoluímos drasticamente nestes últimos 3 anos, sejamos hoteleiros, consultores, fornecedores, agentes ou operadores. Mas o hotelei- ro 2.0 é claramente aquele que teve de ultrapassar as maiores dificuldades, eu costumo dizer que teve de passar pelas fases clássicas de superação de dores profundas: Fase 1: O choque! Já falamos sobre isto, é o “Que heresia é esta do turismo online e das redes sociais ?” Fase 2: A fase “egipciana” do Denial (a Negação), retratada pelos “Isto é uma utopia” ou “É desneces- sário” ou ainda “é só uma fase passageira, um buzz para consultores”. Fase 3: A Raiva, “Até parece que já não tinha pro- blemas suficientes, agora isto!”, “Eu é que sei como fazer, não preciso de invenções” Fase 4: A Negociação. “Ok, então mas por onde co- meçar ?”, ou “Pronto, vou criar uma página no Face- book e logo vemos o que dá” fase 5: A Depressão, aqui prefiro não dar exemplo, porque destes temos demais hoje em dia... E finalmente, a fase de Aceitação, onde estamos de- cisivamente virados para as soluções em vez dos pro- blemas. A verdade, é que nem todos estamos na mesma fase, mas não tenho dúvidas que a primeira já foi ultra- passada pelos hoteleiros 2.0 portugueses, e a grande maioria também já deixou para trás a fase de nega- ção. Deixo ao leitor que faça o seu próprio diagnósti- co de enquadramento, mas o importante é que temos progredido, disso estou seguro. Vejo clientes meus como o Turismo do Algarve, do Alentejo e hotéis no Algarve que estão claramente na fase de aceitação, já numa postura de desenvolvimento e de “andar para a frente”. Em suma, nós que estamos num posicionamento de apoio ao hoteleiro 2.0, também temos de evoluir e perceber que este representa a peça da engrenagem mais importante para o motor da mudança, e curio- samente é também aquele que mais precisa de ajuda porque apesar do turismo 2.0 estar “mesmo ali”, visí- vel, ao pé do arco-íris, o caminho a desbravar para lá chegar é labiríntico e pode ser traiçoeiro. Vou continuar a trabalhar sob o mote do “Think & Run”, em vez do popular “Wait & See”, como tal, na próxima coluna vou querer partilhar convosco qual o caminho a trilhar para ultrapassar as dores, que soluções proponho para andar para a frente, até ao mágico arco-Íris. [email protected] Abril 2011 hotelaria 19 OLIVIER SOARES / consultor Turismo 2.0: “Somewhere over the rainbow”. opinião / management .

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Artigo de opinião do Olivier P. Soares na revista hotelaria, da Publituris. Sob o título "Turismo 2.0 - Somewhere over the rainbow" desenvolve o tema da evolução do turismo online e onde estamos em termos de evolução até chegarmos ao arco-iris !

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Se teve oportunidade (como eu) de ler a edição de Janeiro desta revista, não deixou com certeza de dar particular atenção ao balanço dos últimos 10 anos da hotelaria em Portugal, comentado por hoteleiros e empresários portugueses.Todos estes proeminentes individuais do turismo mencionaram, sem exceção, que as dinâmicas de Vendas e Promoção Online, vulgo “Turismo Onli-ne”, foram as principais mudanças no nosso sector. O António Trindade, por exemplo, resumiu este pon-to da melhor forma: “Não foi propriamente a hotela-ria que mudou. Foi sobretudo o mundo (o cliente) e a relação com ele. E aqui os fenómenos “net” e “re-des” passaram a ser os grandes eixos da evolução”.Pela excelência de objectividade, e simplicidade desta observação, eu quase que poderia me ficar por aqui... mas não, vou mesmo aproveitar ao máximo os meus 3000 caracteres de dissertação ! Acrescentando a este tema dos “grandes eixos de evolução”, mais um: O hoteleiro 2.0 ! E isto porquê ?Lembro-me perfeitamente da minha primeira pa-lestra sob o tópico dos novos canais online no turis-mo, nomeadamente das redes sociais como canais de excelência. Nessa altura, tive clara noção que dos (poucos) presentes, a maioria olhava para mim como se eu estivesse possuído por um estranho demónio, vindo de outro planeta. Passado somente pouco mais de 2 anos, várias conferências e clientes, vejo que estes mesmos hoteleiros têm hoje uma apetência, curiosi-dade e perspectiva totalmente diferente, quase arris-cava a dizer que evoluíram; isto sem qualquer sentido pejorativo. Aliás, todos nós evoluímos drasticamente nestes últimos 3 anos, sejamos hoteleiros, consultores, fornecedores, agentes ou operadores. Mas o hotelei-ro 2.0 é claramente aquele que teve de ultrapassar as maiores dificuldades, eu costumo dizer que teve de passar pelas fases clássicas de superação de dores profundas:Fase 1: O choque! Já falamos sobre isto, é o “Que heresia é esta do turismo online e das redes sociais ?”Fase 2: A fase “egipciana” do Denial (a Negação),

retratada pelos “Isto é uma utopia” ou “É desneces-sário” ou ainda “é só uma fase passageira, um buzz para consultores”.Fase 3: A Raiva, “Até parece que já não tinha pro-blemas suficientes, agora isto!”, “Eu é que sei como fazer, não preciso de invenções”Fase 4: A Negociação. “Ok, então mas por onde co-meçar ?”, ou “Pronto, vou criar uma página no Face-book e logo vemos o que dá”fase 5: A Depressão, aqui prefiro não dar exemplo, porque destes temos demais hoje em dia... E finalmente, a fase de Aceitação, onde estamos de-cisivamente virados para as soluções em vez dos pro-blemas.A verdade, é que nem todos estamos na mesma fase, mas não tenho dúvidas que a primeira já foi ultra-passada pelos hoteleiros 2.0 portugueses, e a grande maioria também já deixou para trás a fase de nega-ção. Deixo ao leitor que faça o seu próprio diagnósti-co de enquadramento, mas o importante é que temos progredido, disso estou seguro. Vejo clientes meus como o Turismo do Algarve, do Alentejo e hotéis no Algarve que estão claramente na fase de aceitação, já numa postura de desenvolvimento e de “andar para a frente”.Em suma, nós que estamos num posicionamento de apoio ao hoteleiro 2.0, também temos de evoluir e perceber que este representa a peça da engrenagem mais importante para o motor da mudança, e curio-samente é também aquele que mais precisa de ajuda porque apesar do turismo 2.0 estar “mesmo ali”, visí-vel, ao pé do arco-íris, o caminho a desbravar para lá chegar é labiríntico e pode ser traiçoeiro. Vou continuar a trabalhar sob o mote do “Think & Run”, em vez do popular “Wait & See”, como tal, na próxima coluna vou querer partilhar convosco qual o caminho a trilhar para ultrapassar as dores, que soluções proponho para andar para a frente, até ao mágico arco-Íris.

[email protected]

Abril 2011 hotelaria 19

olivier SoareS/ consultor

Turismo 2.0: “Somewhere over the rainbow”.

opinião / management .

18-40 Management.indd 19 12-04-2011 13:17:57

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Milena Melo/ sócia fundadora da WeFind

É sócia e fundadora da We-Find, o primeiro motor de busca “humano” de ideias e tendências para empresas. Licenciou-se em Jornalismo pela Universidade de Coim-bra e trabalhou durante 7 anos como jornalista para publica-ções como a Revista Veja, Re-vista Exame e o Jornal OJE. É uma curiosa profissional e está sempre à procura de novas ideias de negócio e de fontes de receita inovadoras.

Paula Sequeira / consultora Aguirre Newman

Paula Sequeira é consultora sénior do Departamento de Estudos de Mercado. É licen-ciada em Matemática Aplica-da à Economia e Gestão pelo ISEG e pós graduada em Corporate Finance pelo ISC-TE. Esteve ligada ao sector fi-nanceiro, de estratégia empre-sarial e imobiliário, nos quais acompanhou diversos estudos e publicações de turismo e hotelaria. Antes de integrar a Aguirre Newman em 2008, passou pela EDP, RDPE e Colliers P&I, onde participou em importantes projectos imobiliários.

olivier SoareS/ consultor

Proveniente de uma família de hoteleiros, o gosto pela hotela-ria e o turismo sempre esteve presente. A procura constante de soluções inovadores levou-o a investir nas potencialidades das plataformas de redes so-ciais como factor de sucesso para o desenvolvimento co-mercial dos vários produtos turísticos, fomentando o bran-ding do destino e a divulgação de experiências.Foi através da sua página no Facebook “Turismo 2.0 – Pensar Online “que a sua ac-tividade ganhou notoriedade.

Hélder SantoS/ administrador DynamicHotels

Possuidor de uma larga ex-periência hoteleira, quer nos mercados europeus, quer nos mercados asiáticos, encontra-se associado a cerca de 100 projectos de desenvolvimento hoteleiro, como sejam a Inter-Continental, a Starwood, a Hil-ton, a Marriott, a Meliã, entre outros. Em Portugal angariou o primeiro hotel InterConti-nental (Porto) e o primeiro hotel Indigo (Lisboa), entre outros Projectos desenvolvi-dos e em desenvolvimento, quer em território Nacional quer internacional (Polónia, Espanha, Brasil, etc.).

. protagonistas

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A REVISTA DO GESTOR HOTELEIRO Ano 07 • Nº 67 • Abril 2011 • Mensal • Preço de Capa: €10 (Portugal)

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Porto mais InterContinental

Pilar Monzón, directora do InterContinental Palácio das Cardosas, em entrevista

THE YEATMAN OPORTOABRE CAMINHO AO MERCADO DE LUXO NA CIDADE

CARRÍS HOTELESESTREIA-SE EM PORTUGAL COM O HOTEL CARRÍS PORTO RIBEIRA

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