Transtornos de Ansiedade TAG (Transtorno de ansiedade generalizada)
[Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o...
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O preacute-operatoacuterio e a ansiedade do paciente a alianccedila entre oenfermeiro e o psicoacutelogo
The pre-surgery anxiety of the patient the alliance between the
nurse and psychologist
Veridiana Alves de Sousa Ferreira Costa1 Sandra Cibelly Ferreira da Silva2
Viacutevian Caroline Pimentel de Lima3
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Resumo
A doenccedila leva o sujeito a uma situaccedilatildeo de crise jaacute que rompe com o equiliacutebrio fiacutesicoe psicoloacutegico do paciente A necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de intervenccedilatildeociruacutergica potencializa as ameaccedilas pelas quais ele passa fazendo-o atravessar ummomento de ansiedade que interfere no curso do seu tratamento e na suarecuperaccedilatildeo Atrelado a esse quadro soma-se a falta de informaccedilatildeo quefrequentemente intensifica essa anguacutestia Este estudo busca atraveacutes de umarevisatildeo literaacuteria analisar e discutir o estado emocional do paciente preacute-operatoacuterioperceptiacutevel ao olhar do enfermeiro salientando a importacircncia de tal reflexatildeo a fimde promover praacuteticas mais humanizadoras tatildeo amplamente discutidas no acircmbito da
sauacutede puacuteblica Tal anaacutelise visa agraves accedilotildees do enfermeiro que podem contribuir paraminimizar o medo e a inseguranccedila do paciente contribuindo beneficamente comtodo o processo de tratamento A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e oacompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam comograndes aliados no enfrentamento da situaccedilatildeo facilitando a recuperaccedilatildeo dopaciente Reflexotildees dessa natureza satildeo relevantes natildeo apenas ao enfermeiro e aopsicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da aacuterea possibilitando assim aprestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade sobretudo do ponto de vista humano
Palavras-chave Preacute-operatoacuterio Ansiedade Enfermagem PsicologiaHumanizaccedilatildeo
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail veridianacostahotmailcom2 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail sandracibellygmailcom3 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail vicapilyahoocombr
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Abstract
An illness generally leads a person to a condition in which she faces a crisis once itupsets the physical and psychological balance of the patients The need ofhospitalization and surgical intervention increases the power of the threats faced by
these patients making them experience moments of anxiety which interfere withcourse of their treatment and recovery To this state of things one adds the lack ofinformation of the patients as a variable that can intensify the sense of anguish theyexperience This paper aims to analyze and discuss through a revision of theliterature the perceivable pre-surgery emotional state of patients in the eyes ofnurses The author points out the importance of such reflections to promote morehuman practices in the context of public health system The focus of the currentanalysis is the actions of the nurses which can minimize the fear and insecurity thepatients thus contributing with all the process of treatment The visit of the nursebefore the surgery (VNBS) and the pre-surgery assistance of the psychologist mayconstitute great allies in fighting the crisis by facilitating the patientsrsquo recoveryReflections of this nature may be good not only for nurses and psychologists but
also to all professionals in the health area by making possible the offer of a serviceof better quality but above all a more human and caring service
Keywords Pre-Surgery Anxiety Nursing Psychology Humanization
Introduccedilatildeo
A vida muitas vezes exige de noacutes a capacidade de adaptaccedilatildeo e
enfrentamento especialmente se atravessarmos uma situaccedilatildeo difiacutecil Isso
dependeraacute dentre outras coisas da condiccedilatildeo egoacuteica de cada um Nesse contexto
estatildeo as doenccedilas que invariavelmente levam o sujeito a vivenciar uma situaccedilatildeo de
crise A pessoa doente rompe com o equiliacutebrio fiacutesico e psicoloacutegico razatildeo porque a
doenccedila por si soacute constitui-se como um evento gerador de anguacutestias medo e
ansiedades Se em decorrecircncia disso surge a necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de
intervenccedilatildeo ciruacutergica o sujeito se vecirc ainda mais fraacutegil pois o paciente se depara
com um universo de ameaccedilas ndash internas e externas ndash que fazem com que ele
precise buscar estrateacutegias para lidar com essa situaccedilatildeo (Barbosa amp Costa 2008)
Vaacuterios fatores contribuem para a ansiedade dentro do ambiente hospitalar
que vatildeo desde agraves ameaccedilas concretas e imaginaacuterias ateacute o processo de
despersonalizaccedilatildeo muitas vezes decorrentes de praacuteticas desumanizadas por parte
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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado
particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo
ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo
pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico
e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente
muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos
podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes
Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e
discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se
de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo
natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da
aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade
do ponto de vista teacutecnico e humano
Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser
acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de
informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)
O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em
trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora
todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-
operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel
em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais
propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel
crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o
paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios
para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas
demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e
teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos
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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo
apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de
ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um
limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para
lidar com ela possam ser otimizados
Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o
evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em
intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a
avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a
sua reaccedilatildeo diante dela
Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o
modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees
podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos
pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o
acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como
assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e
avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os
riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto
Noronha amp Arauacutejo 2004)
Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando
o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais
humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com
habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo
O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua
alianccedila com o psicoacutelogo
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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias
que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando
se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo
necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos
Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de
romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo
psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias
medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se
potencializa
Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento
que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas
estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o
paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com
que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema
Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles
estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma
seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do
acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de
desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela
intervenccedilatildeo ciruacutergica
No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma
ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus
haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al
2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de
despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de
leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas
agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes
de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para
ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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![Page 2: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/2.jpg)
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Abstract
An illness generally leads a person to a condition in which she faces a crisis once itupsets the physical and psychological balance of the patients The need ofhospitalization and surgical intervention increases the power of the threats faced by
these patients making them experience moments of anxiety which interfere withcourse of their treatment and recovery To this state of things one adds the lack ofinformation of the patients as a variable that can intensify the sense of anguish theyexperience This paper aims to analyze and discuss through a revision of theliterature the perceivable pre-surgery emotional state of patients in the eyes ofnurses The author points out the importance of such reflections to promote morehuman practices in the context of public health system The focus of the currentanalysis is the actions of the nurses which can minimize the fear and insecurity thepatients thus contributing with all the process of treatment The visit of the nursebefore the surgery (VNBS) and the pre-surgery assistance of the psychologist mayconstitute great allies in fighting the crisis by facilitating the patientsrsquo recoveryReflections of this nature may be good not only for nurses and psychologists but
also to all professionals in the health area by making possible the offer of a serviceof better quality but above all a more human and caring service
Keywords Pre-Surgery Anxiety Nursing Psychology Humanization
Introduccedilatildeo
A vida muitas vezes exige de noacutes a capacidade de adaptaccedilatildeo e
enfrentamento especialmente se atravessarmos uma situaccedilatildeo difiacutecil Isso
dependeraacute dentre outras coisas da condiccedilatildeo egoacuteica de cada um Nesse contexto
estatildeo as doenccedilas que invariavelmente levam o sujeito a vivenciar uma situaccedilatildeo de
crise A pessoa doente rompe com o equiliacutebrio fiacutesico e psicoloacutegico razatildeo porque a
doenccedila por si soacute constitui-se como um evento gerador de anguacutestias medo e
ansiedades Se em decorrecircncia disso surge a necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de
intervenccedilatildeo ciruacutergica o sujeito se vecirc ainda mais fraacutegil pois o paciente se depara
com um universo de ameaccedilas ndash internas e externas ndash que fazem com que ele
precise buscar estrateacutegias para lidar com essa situaccedilatildeo (Barbosa amp Costa 2008)
Vaacuterios fatores contribuem para a ansiedade dentro do ambiente hospitalar
que vatildeo desde agraves ameaccedilas concretas e imaginaacuterias ateacute o processo de
despersonalizaccedilatildeo muitas vezes decorrentes de praacuteticas desumanizadas por parte
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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado
particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo
ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo
pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico
e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente
muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos
podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes
Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e
discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se
de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo
natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da
aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade
do ponto de vista teacutecnico e humano
Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser
acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de
informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)
O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em
trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora
todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-
operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel
em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais
propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel
crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o
paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios
para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas
demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e
teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos
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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo
apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de
ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um
limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para
lidar com ela possam ser otimizados
Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o
evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em
intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a
avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a
sua reaccedilatildeo diante dela
Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o
modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees
podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos
pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o
acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como
assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e
avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os
riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto
Noronha amp Arauacutejo 2004)
Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando
o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais
humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com
habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo
O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua
alianccedila com o psicoacutelogo
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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias
que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando
se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo
necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos
Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de
romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo
psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias
medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se
potencializa
Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento
que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas
estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o
paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com
que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema
Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles
estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma
seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do
acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de
desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela
intervenccedilatildeo ciruacutergica
No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma
ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus
haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al
2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de
despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de
leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas
agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes
de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para
ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado
particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo
ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo
pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico
e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente
muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos
podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes
Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e
discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se
de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo
natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da
aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade
do ponto de vista teacutecnico e humano
Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser
acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de
informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)
O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em
trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora
todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-
operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel
em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais
propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel
crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o
paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios
para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas
demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e
teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos
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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo
apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de
ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um
limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para
lidar com ela possam ser otimizados
Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o
evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em
intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a
avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a
sua reaccedilatildeo diante dela
Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o
modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees
podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos
pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o
acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como
assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e
avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os
riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto
Noronha amp Arauacutejo 2004)
Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando
o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais
humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com
habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo
O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua
alianccedila com o psicoacutelogo
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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias
que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando
se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo
necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos
Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de
romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo
psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias
medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se
potencializa
Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento
que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas
estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o
paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com
que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema
Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles
estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma
seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do
acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de
desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela
intervenccedilatildeo ciruacutergica
No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma
ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus
haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al
2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de
despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de
leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas
agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes
de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para
ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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![Page 4: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/4.jpg)
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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo
apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de
ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um
limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para
lidar com ela possam ser otimizados
Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o
evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em
intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a
avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a
sua reaccedilatildeo diante dela
Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o
modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees
podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos
pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o
acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como
assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e
avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os
riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto
Noronha amp Arauacutejo 2004)
Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando
o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais
humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com
habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo
O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua
alianccedila com o psicoacutelogo
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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias
que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando
se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo
necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos
Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de
romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo
psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias
medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se
potencializa
Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento
que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas
estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o
paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com
que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema
Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles
estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma
seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do
acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de
desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela
intervenccedilatildeo ciruacutergica
No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma
ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus
haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al
2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de
despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de
leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas
agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes
de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para
ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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![Page 5: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/5.jpg)
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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias
que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando
se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo
necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos
Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de
romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo
psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias
medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se
potencializa
Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento
que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas
estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o
paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com
que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema
Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles
estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma
seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do
acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de
desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela
intervenccedilatildeo ciruacutergica
No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma
ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus
haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al
2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de
despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de
leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas
agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes
de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para
ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e
difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-
Camon et al 2003)
Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e
de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas
das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e
econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade
fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a
hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente
No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato
ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de
ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de
anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente
e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do
processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute
um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento
do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou
seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que
muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de
ansiedade que o paciente apresenta
Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o
ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo
terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e
ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de
paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo
estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia
geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto
fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se
sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz
do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai
ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-
hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes
A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam
A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)
Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse
evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento
Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma
pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas
que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como
salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e
comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e
internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de
como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la
Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute
papel fundamental
Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade
poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela
falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da
cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona
Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e
vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente
submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada
do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e
vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho
2006)
Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente
reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais
vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o
mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para
o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer
o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que
certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo
de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de
diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia
em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do
processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os
benefiacutecios se intensificam
O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das
necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um
procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do
enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e
reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois
conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa
enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois
seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa
forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o
profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas
tambeacutem humaniacutesticos
Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se
apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma
situaccedilatildeo para ele de risco
A ansiedade diante do processo ciruacutergico
Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila
acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo
ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma
ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da
ansiedade que ela pode gerar
As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma
determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser
encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo
sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo
interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador
desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade
(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um
esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como
um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)
Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria
para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em
diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar
com ela
Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA
ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em
questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica
8192019 [Artigo] (Psicologia Meacutedica) O Preacute-operatoacuterio e a Ansiedade Do Paciente - A Alianccedila Entre o Enfermeiro e o Psicoacutelohellip
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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![Page 10: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/10.jpg)
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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave
percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute
considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a
um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)
A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se
refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando
demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito
porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo
de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo
e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o
desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o
absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel
excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa
lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que
Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo
interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real
Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou
refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo
pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o
enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a
adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos
inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento
Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila
algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da
anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de
como ele percebe o evento ameaccedilador
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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Referecircncias
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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr
![Page 11: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/11.jpg)
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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de
extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem
significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim
alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente
auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o
que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash
estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com
toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente
A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-
operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo
A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades
associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A
fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o
enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que
podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando
assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar
o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele
se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia
fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado
no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre
o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou
alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais
do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo
perioperatoacuterio
Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute
identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees
emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar
suas condiccedilotildees fiacutesicas
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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Referecircncias
Angerami-Camon Valdemar Augusto et al (Orgs) (2003) Psicologia hospitalarteoria e praacutetica Satildeo Paulo Pioenira Thomson Learing
Barbosa Leopoldo N F amp Costa Veridiana A S (2008) Atuaccedilatildeo do psicoacutelogo emhospitais In Barbosa Leopoldo N F amp Francisco Ana L (Orgs) Modalidadescliacutenicas de praacuteticas psicoloacutegicas em instituiccedilotildees Recife FASA p 21-32
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httpwwwportalbvsenfeerpuspbr
Costa Veridiana Alves de Sousa (2005) Lei simboacutelica desamparo e pacircnico nacontemporaneidade um estudo psicanaliacutetico Dissertaccedilatildeo de Mestrado Mestradoem Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife
Freud Sigmund (1975) Conferecircncia XXV ndash A ansiedade In Ediccedilatildeo StandardBrasileira das Obras Psicoloacutegicas Completas de Sigmund Freud (J Salomatildeotrad Vol 16) Rio de Janeiro Imago (Texto original publicado em 1917)
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Pessini Leo (org) (2004) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola
Peniche Aparecida CC amp Chaves Eliane C (2000 Jan) Algumas consideraccedilotildees
sobre o paciente ciruacutergico e a ansiedade Revista Latino-americana deEnfermagem 8(1) 45-50
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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr
![Page 12: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/12.jpg)
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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto
no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso
que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar
mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os
riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais
complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de
ansiedade
Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a
partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais
humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca
da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica
O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema
relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo
atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para
tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa
praacutetica profissional
Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais
humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no
desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato
com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se
conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto
ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro
Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente
A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado
humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e
humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa
ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder
compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do
paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
eacute o portador de uma patologia
Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os
aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto
ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo
sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no
processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o
privileacutegio de crescer em sabedoria
Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais
trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim
se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe
na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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Barbosa Leopoldo N F amp Costa Veridiana A S (2008) Atuaccedilatildeo do psicoacutelogo emhospitais In Barbosa Leopoldo N F amp Francisco Ana L (Orgs) Modalidadescliacutenicas de praacuteticas psicoloacutegicas em instituiccedilotildees Recife FASA p 21-32
Barbosa Vanessa C amp Radomile Maria Eugecircnia S (2006 JanJun)) Ansiedade preacute-operatoacuteria no hospital geral Psicoacutepio Revista Virtual de Psicologia Hospitalar eda Sauacutede 2(3) 45-50
Chistoacuteforo Berendina E B Zagonel Ivete P S amp Carvalho Denise S (2006)Relacionamento enfermeiro-paciente no preacute-operatoacuterio uma relfexatildeo agrave luz dateoria de Joyce Travelbee Revista Cogitare Enfermagem 11(1) Natildeo PaginadoCuritiba Recuperado em 02 de outubro de 2008 de
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Costa Veridiana Alves de Sousa (2005) Lei simboacutelica desamparo e pacircnico nacontemporaneidade um estudo psicanaliacutetico Dissertaccedilatildeo de Mestrado Mestradoem Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife
Freud Sigmund (1975) Conferecircncia XXV ndash A ansiedade In Ediccedilatildeo StandardBrasileira das Obras Psicoloacutegicas Completas de Sigmund Freud (J Salomatildeotrad Vol 16) Rio de Janeiro Imago (Texto original publicado em 1917)
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Portella Marilene amp Bettinelli Luiz (2004) Humanizaccedilatildeo da velhice reflexotildeesacerca do envelhecimento e do sentido da vida In Pessini Leo (org)Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola
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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr
![Page 13: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010](https://reader038.fdocumentos.tips/reader038/viewer/2022100515/577c85371a28abe054bc3372/html5/thumbnails/13.jpg)
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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de
vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e
respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas
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Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro
implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e
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trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de
atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do
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na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel
Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees
com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais
etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo
holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute
nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem
trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a
um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a
cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
8192019 [Artigo] (Psicologia Meacutedica) O Preacute-operatoacuterio e a Ansiedade Do Paciente - A Alianccedila Entre o Enfermeiro e o Psicoacutelohellip
httpslidepdfcomreaderfullartigo-psicologia-medica-o-pre-operatorio-e-a-ansiedade-do-paciente 1517
Rev SBPH vol13 no2 Rio de Janeiro - Julhodez - 2010 983090983097983094
Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
8192019 [Artigo] (Psicologia Meacutedica) O Preacute-operatoacuterio e a Ansiedade Do Paciente - A Alianccedila Entre o Enfermeiro e o Psicoacutelohellip
httpslidepdfcomreaderfullartigo-psicologia-medica-o-pre-operatorio-e-a-ansiedade-do-paciente 1617
Rev SBPH vol13 no2 Rio de Janeiro - Julhodez - 2010 983090983097983095
Referecircncias
Angerami-Camon Valdemar Augusto et al (Orgs) (2003) Psicologia hospitalarteoria e praacutetica Satildeo Paulo Pioenira Thomson Learing
Barbosa Leopoldo N F amp Costa Veridiana A S (2008) Atuaccedilatildeo do psicoacutelogo emhospitais In Barbosa Leopoldo N F amp Francisco Ana L (Orgs) Modalidadescliacutenicas de praacuteticas psicoloacutegicas em instituiccedilotildees Recife FASA p 21-32
Barbosa Vanessa C amp Radomile Maria Eugecircnia S (2006 JanJun)) Ansiedade preacute-operatoacuteria no hospital geral Psicoacutepio Revista Virtual de Psicologia Hospitalar eda Sauacutede 2(3) 45-50
Chistoacuteforo Berendina E B Zagonel Ivete P S amp Carvalho Denise S (2006)Relacionamento enfermeiro-paciente no preacute-operatoacuterio uma relfexatildeo agrave luz dateoria de Joyce Travelbee Revista Cogitare Enfermagem 11(1) Natildeo PaginadoCuritiba Recuperado em 02 de outubro de 2008 de
httpwwwportalbvsenfeerpuspbr
Costa Veridiana Alves de Sousa (2005) Lei simboacutelica desamparo e pacircnico nacontemporaneidade um estudo psicanaliacutetico Dissertaccedilatildeo de Mestrado Mestradoem Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife
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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr
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Consideraccedilotildees finais
Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-
operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu
tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma
vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da
intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando
ansiedade no paciente
A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados
podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma
de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da
situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade
se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o
procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar
proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o
enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo
apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas
do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento
A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois
ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria
dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a
atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e
melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo
preparo humaniacutestico
Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo
amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo
apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis
toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca
da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral
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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de
sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante
um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a
questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos
futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que
dela possam se beneficiar
Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo
de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente
Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de
se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica
Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo
que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para
oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar
pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes
mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que
esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como
humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro
com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli
2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional
que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente
humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel
Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o
enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica
e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que
seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para
melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da
doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas
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Referecircncias
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Costa Veridiana Alves de Sousa (2005) Lei simboacutelica desamparo e pacircnico nacontemporaneidade um estudo psicanaliacutetico Dissertaccedilatildeo de Mestrado Mestradoem Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife
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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr