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O preacute-operatoacuterio e a ansiedade do paciente a alianccedila entre oenfermeiro e o psicoacutelogo

The pre-surgery anxiety of the patient the alliance between the

nurse and psychologist

Veridiana Alves de Sousa Ferreira Costa1 Sandra Cibelly Ferreira da Silva2

Viacutevian Caroline Pimentel de Lima3

Universidade Federal Rural de Pernambuco

Resumo

A doenccedila leva o sujeito a uma situaccedilatildeo de crise jaacute que rompe com o equiliacutebrio fiacutesicoe psicoloacutegico do paciente A necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de intervenccedilatildeociruacutergica potencializa as ameaccedilas pelas quais ele passa fazendo-o atravessar ummomento de ansiedade que interfere no curso do seu tratamento e na suarecuperaccedilatildeo Atrelado a esse quadro soma-se a falta de informaccedilatildeo quefrequentemente intensifica essa anguacutestia Este estudo busca atraveacutes de umarevisatildeo literaacuteria analisar e discutir o estado emocional do paciente preacute-operatoacuterioperceptiacutevel ao olhar do enfermeiro salientando a importacircncia de tal reflexatildeo a fimde promover praacuteticas mais humanizadoras tatildeo amplamente discutidas no acircmbito da

sauacutede puacuteblica Tal anaacutelise visa agraves accedilotildees do enfermeiro que podem contribuir paraminimizar o medo e a inseguranccedila do paciente contribuindo beneficamente comtodo o processo de tratamento A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e oacompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam comograndes aliados no enfrentamento da situaccedilatildeo facilitando a recuperaccedilatildeo dopaciente Reflexotildees dessa natureza satildeo relevantes natildeo apenas ao enfermeiro e aopsicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da aacuterea possibilitando assim aprestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade sobretudo do ponto de vista humano

Palavras-chave Preacute-operatoacuterio Ansiedade Enfermagem PsicologiaHumanizaccedilatildeo

1 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail veridianacostahotmailcom2 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail sandracibellygmailcom3 Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadecircmica de Serra Talhada PE E-mail vicapilyahoocombr

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Abstract

An illness generally leads a person to a condition in which she faces a crisis once itupsets the physical and psychological balance of the patients The need ofhospitalization and surgical intervention increases the power of the threats faced by

these patients making them experience moments of anxiety which interfere withcourse of their treatment and recovery To this state of things one adds the lack ofinformation of the patients as a variable that can intensify the sense of anguish theyexperience This paper aims to analyze and discuss through a revision of theliterature the perceivable pre-surgery emotional state of patients in the eyes ofnurses The author points out the importance of such reflections to promote morehuman practices in the context of public health system The focus of the currentanalysis is the actions of the nurses which can minimize the fear and insecurity thepatients thus contributing with all the process of treatment The visit of the nursebefore the surgery (VNBS) and the pre-surgery assistance of the psychologist mayconstitute great allies in fighting the crisis by facilitating the patientsrsquo recoveryReflections of this nature may be good not only for nurses and psychologists but

also to all professionals in the health area by making possible the offer of a serviceof better quality but above all a more human and caring service

Keywords Pre-Surgery Anxiety Nursing Psychology Humanization

Introduccedilatildeo

A vida muitas vezes exige de noacutes a capacidade de adaptaccedilatildeo e

enfrentamento especialmente se atravessarmos uma situaccedilatildeo difiacutecil Isso

dependeraacute dentre outras coisas da condiccedilatildeo egoacuteica de cada um Nesse contexto

estatildeo as doenccedilas que invariavelmente levam o sujeito a vivenciar uma situaccedilatildeo de

crise A pessoa doente rompe com o equiliacutebrio fiacutesico e psicoloacutegico razatildeo porque a

doenccedila por si soacute constitui-se como um evento gerador de anguacutestias medo e

ansiedades Se em decorrecircncia disso surge a necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de

intervenccedilatildeo ciruacutergica o sujeito se vecirc ainda mais fraacutegil pois o paciente se depara

com um universo de ameaccedilas ndash internas e externas ndash que fazem com que ele

precise buscar estrateacutegias para lidar com essa situaccedilatildeo (Barbosa amp Costa 2008)

Vaacuterios fatores contribuem para a ansiedade dentro do ambiente hospitalar

que vatildeo desde agraves ameaccedilas concretas e imaginaacuterias ateacute o processo de

despersonalizaccedilatildeo muitas vezes decorrentes de praacuteticas desumanizadas por parte

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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado

particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo

ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo

pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico

e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente

muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos

podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes

Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e

discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se

de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo

natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da

aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade

do ponto de vista teacutecnico e humano

Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser

acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de

informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)

O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em

trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora

todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-

operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel

em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais

propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel

crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o

paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios

para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas

demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e

teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos

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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo

apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de

ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um

limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para

lidar com ela possam ser otimizados

Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o

evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em

intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a

avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a

sua reaccedilatildeo diante dela

Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o

modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees

podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos

pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o

acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como

assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e

avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os

riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto

Noronha amp Arauacutejo 2004)

Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando

o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais

humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com

habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo

O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua

alianccedila com o psicoacutelogo

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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias

que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando

se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo

necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos

Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de

romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo

psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias

medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se

potencializa

Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento

que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas

estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o

paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com

que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema

Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles

estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma

seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do

acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de

desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela

intervenccedilatildeo ciruacutergica

No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma

ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus

haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al

2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de

despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de

leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas

agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes

de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para

ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Page 2: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010

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Abstract

An illness generally leads a person to a condition in which she faces a crisis once itupsets the physical and psychological balance of the patients The need ofhospitalization and surgical intervention increases the power of the threats faced by

these patients making them experience moments of anxiety which interfere withcourse of their treatment and recovery To this state of things one adds the lack ofinformation of the patients as a variable that can intensify the sense of anguish theyexperience This paper aims to analyze and discuss through a revision of theliterature the perceivable pre-surgery emotional state of patients in the eyes ofnurses The author points out the importance of such reflections to promote morehuman practices in the context of public health system The focus of the currentanalysis is the actions of the nurses which can minimize the fear and insecurity thepatients thus contributing with all the process of treatment The visit of the nursebefore the surgery (VNBS) and the pre-surgery assistance of the psychologist mayconstitute great allies in fighting the crisis by facilitating the patientsrsquo recoveryReflections of this nature may be good not only for nurses and psychologists but

also to all professionals in the health area by making possible the offer of a serviceof better quality but above all a more human and caring service

Keywords Pre-Surgery Anxiety Nursing Psychology Humanization

Introduccedilatildeo

A vida muitas vezes exige de noacutes a capacidade de adaptaccedilatildeo e

enfrentamento especialmente se atravessarmos uma situaccedilatildeo difiacutecil Isso

dependeraacute dentre outras coisas da condiccedilatildeo egoacuteica de cada um Nesse contexto

estatildeo as doenccedilas que invariavelmente levam o sujeito a vivenciar uma situaccedilatildeo de

crise A pessoa doente rompe com o equiliacutebrio fiacutesico e psicoloacutegico razatildeo porque a

doenccedila por si soacute constitui-se como um evento gerador de anguacutestias medo e

ansiedades Se em decorrecircncia disso surge a necessidade de hospitalizaccedilatildeo e de

intervenccedilatildeo ciruacutergica o sujeito se vecirc ainda mais fraacutegil pois o paciente se depara

com um universo de ameaccedilas ndash internas e externas ndash que fazem com que ele

precise buscar estrateacutegias para lidar com essa situaccedilatildeo (Barbosa amp Costa 2008)

Vaacuterios fatores contribuem para a ansiedade dentro do ambiente hospitalar

que vatildeo desde agraves ameaccedilas concretas e imaginaacuterias ateacute o processo de

despersonalizaccedilatildeo muitas vezes decorrentes de praacuteticas desumanizadas por parte

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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado

particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo

ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo

pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico

e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente

muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos

podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes

Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e

discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se

de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo

natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da

aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade

do ponto de vista teacutecnico e humano

Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser

acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de

informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)

O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em

trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora

todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-

operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel

em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais

propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel

crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o

paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios

para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas

demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e

teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos

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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo

apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de

ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um

limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para

lidar com ela possam ser otimizados

Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o

evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em

intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a

avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a

sua reaccedilatildeo diante dela

Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o

modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees

podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos

pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o

acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como

assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e

avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os

riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto

Noronha amp Arauacutejo 2004)

Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando

o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais

humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com

habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo

O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua

alianccedila com o psicoacutelogo

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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias

que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando

se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo

necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos

Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de

romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo

psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias

medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se

potencializa

Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento

que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas

estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o

paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com

que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema

Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles

estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma

seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do

acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de

desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela

intervenccedilatildeo ciruacutergica

No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma

ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus

haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al

2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de

despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de

leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas

agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes

de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para

ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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da equipe de sauacutede Isso pode impactar o sujeito de modo diversificado

particularmente quando ele cria fantasias diante da espera de uma intervenccedilatildeo

ciruacutergica podendo interferir no curso desse procedimento e na sua recuperaccedilatildeo

pois seu estado emocional repercute no funcionamento do seu sistema imunoloacutegico

e na sua condiccedilatildeo fiacutesica geral A depender do grau de ansiedade do paciente

muitas cirurgias podem ser canceladas Neste contexto enfermeiros e psicoacutelogos

podem ter papel decisivo na minimizaccedilatildeo das anguacutestias vividas por estes pacientes

Buscamos no presente estudo refletir sobre esta temaacutetica analisando e

discutindo algumas produccedilotildees bibliograacuteficas que versam sobre o assunto Trata-se

de um trabalho de revisatildeo literaacuteria que busca destacar a relevacircncia dessa reflexatildeo

natildeo apenas ao enfermeiro e ao psicoacutelogo mas tambeacutem a todos os profissionais da

aacuterea de sauacutede na medida em que tais observaccedilotildees repercutem na atuaccedilatildeo destaspessoas junto aos pacientes procurando oferecer um serviccedilo de melhor qualidade

do ponto de vista teacutecnico e humano

Independente do seu grau de complexidade o ato ciruacutergico poderaacute ser

acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela falta de

informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

(A Souza Z Souza amp Fenili 2005)

O procedimento ciruacutergico que sugestiona tal estado emocional eacute dividido em

trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio o trans-operatoacuterio e o poacutes-operatoacuterio Embora

todas as fases sejam importantes este trabalho destaca a relevacircncia da fase preacute-

operatoacuteria por consideraacute-la o periacuteodo em que o paciente se encontra mais vulneraacutevel

em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-se mais

propenso a um desequiliacutebrio Nessa fase o enfermeiro e o psicoacutelogo tecircm papel

crucial para o enfrentamento do processo pois enquanto aquele pode conhecer o

paciente e fornecer informaccedilotildees que facilitaratildeo na diminuiccedilatildeo de suas anguacutestiaseste uacuteltimo pode ajudaacute-lo a lidar com elas Essa assistecircncia oferece os subsiacutedios

para planejar as accedilotildees e contribuir para uma melhor atenccedilatildeo ao paciente nas

demais fases do processo ciruacutergico Isso exige natildeo apenas o preparo teacutecnico e

teoacuterico desses profissionais mas tambeacutem humaniacutesticos

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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo

apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de

ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um

limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para

lidar com ela possam ser otimizados

Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o

evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em

intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a

avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a

sua reaccedilatildeo diante dela

Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o

modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees

podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos

pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o

acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como

assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e

avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os

riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto

Noronha amp Arauacutejo 2004)

Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando

o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais

humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com

habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo

O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua

alianccedila com o psicoacutelogo

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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias

que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando

se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo

necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos

Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de

romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo

psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias

medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se

potencializa

Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento

que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas

estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o

paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com

que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema

Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles

estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma

seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do

acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de

desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela

intervenccedilatildeo ciruacutergica

No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma

ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus

haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al

2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de

despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de

leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas

agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes

de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para

ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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A intervenccedilatildeo da cirurgia representa para o paciente uma ameaccedila natildeo

apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica por ser acompanhada de

ansiedade que se apresenta como uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria agrave auto-preservaccedilatildeo natildeo sendo necessariamente algo patoloacutegico No entanto existe um

limite para o niacutevel de ansiedade a fim de que os recursos que o indiviacuteduo utiliza para

lidar com ela possam ser otimizados

Embora seja comum essa reaccedilatildeo na maioria dos pacientes preacute-operatoacuterios o

evento ciruacutergico pode ser encarado de modos variados por diferentes pessoas em

intensidade e significado ajudando a enfrentar a crise ou paralisaacute-la Desse modo a

avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da situaccedilatildeo poderaacute contribuir ou natildeo para determinar a

sua reaccedilatildeo diante dela

Alguns profissionais satildeo de extrema relevacircncia para facilitar tal avaliaccedilatildeo e o

modo de enfrentar a questatildeo dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees

podem contribuir significativamente para minimizar o grau de ansiedade dos

pacientes Nesse contexto a Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o

acompanhamento preacute-operatoacuterio realizado pelo psicoacutelogo se apresentam como

assistecircncias fundamentais na medida em que identificam o grau de ansiedade e

avaliam as condiccedilotildees do paciente Essa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial paraprovocar mudanccedilas comportamentais em grande parte dos pacientes diminuindo os

riscos aos quais eles estatildeo expostos e tambeacutem o seu niacutevel de ansiedade (Jorgetto

Noronha amp Arauacutejo 2004)

Ao possibilitar uma assistecircncia integral a partir desse procedimento e aliando

o seu trabalho ao do psicoacutelogo o enfermeiro estaraacute promovendo accedilotildees mais

humanizadas sendo necessaacuterio para tanto preparar recursos humanos com

habilidades teacutecnicas e humanas para realizar esse tipo de intervenccedilatildeo

O olhar do enfermeiro sobre a ansiedade de pacientes no preacute-operatoacuterio e sua

alianccedila com o psicoacutelogo

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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias

que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando

se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo

necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos

Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de

romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo

psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias

medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se

potencializa

Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento

que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas

estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o

paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com

que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema

Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles

estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma

seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do

acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de

desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela

intervenccedilatildeo ciruacutergica

No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma

ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus

haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al

2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de

despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de

leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas

agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes

de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para

ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Page 5: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010

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Durante o curso da vida algumas vezes somos acometidos por experiecircncias

que exigem de noacutes necessidade de adaptaccedilatildeo e enfrentamento sobretudo quando

se tratam de situaccedilotildees adversas Nesse contexto estatildeo as doenccedilas que vatildeo

necessitar de intervenccedilotildees variadas e algumas vezes de procedimentos ciruacutergicos

Toda doenccedila leva o indiviacuteduo a vivenciar uma situaccedilatildeo de crise Aleacutem de

romper com o equiliacutebrio fiacutesico a pessoa doente demanda uma nova estruturaccedilatildeo

psicoloacutegica para suportar este momento O fato por si soacute eacute gerador de anguacutestias

medo e ansiedades Quando a doenccedila exige a hospitalizaccedilatildeo essa fragilidade se

potencializa

Barbosa e Costa (2008) lembram que a hospitalizaccedilatildeo eacute um acontecimento

que natildeo eacute desejado nem planejado por ningueacutem e traz consigo caracteriacutesticas

estressantes sendo reconhecido como algo ameaccedilador Nesse ambiente o

paciente se depara com um universo de ameaccedilas internas e externas que faz com

que ele precise encontrar estrateacutegias para enfrentar o problema

Os impactos da hospitalizaccedilatildeo podem ser agravados quando atrelados a eles

estaacute a recomendaccedilatildeo de uma intervenccedilatildeo ciruacutergica podendo levar o paciente a uma

seacuterie de conflitos internos que favorecem o aumento da sua ansiedade diante do

acontecimento Portanto dentre os fatores que contribuem para o estado de

desequiliacutebrio do sujeito podemos citar desde aspectos inerentes agrave necessidade dahospitalizaccedilatildeo ateacute agraves fantasias vivenciadas pelo paciente diante da espera pela

intervenccedilatildeo ciruacutergica

No caso da hospitalizaccedilatildeo eacute consenso que ela provoca no indiviacuteduo uma

ruptura com o seu ambiente habitual modificando os costumes do paciente seus

haacutebitos sua capacidade de auto-realizaccedilatildeo e de cuidado pessoal (A Souza et al

2005) Logo eacute natural que o paciente ao ser hospitalizado sofra um processo de

despersonalizaccedilatildeo Ele deixa de ter seu proacuteprio nome e passa a ser um nuacutemero de

leito ou entatildeo algueacutem portador de uma determinada patologia Aleacutem disso elatambeacutem se apresenta como resultado de determinadas praacuteticas consideradas

agressivas pela maneira como satildeo conduzidas dentro do acircmbito hospitalar atraveacutes

de uma atenccedilatildeo natildeo raro desumanizada Tudo passa a ser invasivo e abusivo para

ao paciente e as atitudes de alguns profissionais que acabam contribuindo para o

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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aumento da ansiedade tornando o processo de hospitalizaccedilatildeo ainda mais penoso e

difiacutecil de ser vivido e ateacute mesmo prejudicando o reequiliacutebrio orgacircnico (Angerami-

Camon et al 2003)

Barbosa e Radomile (2006) salientam outros aspectos tambeacutem impostoscomo ameaccediladores no hospital a convivecircncia com o ambiente de doenccedila de dor e

de morte a separaccedilatildeo de seus familiares e a quebra de sua rotina acompanhadas

das consequumlecircncias que isso pode acarretar na esfera afetiva social laboral e

econocircmica a exposiccedilatildeo de sua intimidade a estranhos o ultimato agrave sua integridade

fiacutesica a perda de seus referenciais conhecidos dentre outros Por tudo isso a

hospitalizaccedilatildeo naturalmente provoca anguacutestia e ansiedade no paciente

No que se refere agraves fantasias vividas pelo paciente diante da espera do ato

ciruacutergico o medo da anestesia da invalidez e ateacute da morte ndash que natildeo deixam de

ser considerados riscos iminentes em uma cirurgia ndash tambeacutem satildeo geradores de

anguacutestias e inseguranccedilas e a depender do impacto que podem causar no paciente

e de como ele enfrenta essa situaccedilatildeo de crise podem interferir no curso do

processo ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo Deve-se considerar que o ser humano eacute

um ser biopsicossocial e que o seu estado emocional repercute no funcionamento

do seu sistema imunoloacutegico e no desenvolvimento de alguns tipos de doenccedila ou

seja na sua condiccedilatildeo fiacutesica de um modo geral Na praacutetica o fato nos revela que

muitas vezes algumas cirurgias satildeo canceladas devido ao extremo grau de

ansiedade que o paciente apresenta

Nesse sentido Camio (citado por Barbosa e Radomile 2006) lembra que o

ato ciruacutergico consiste para o paciente num dos momentos mais criacuteticos do processo

terapecircutico devido ao medo do desconhecido agrave complexidade do procedimento e

ao proacuteprio risco aiacute inerente O impacto que isso vai causar no sujeito varia de

paciente para paciente e depende de vaacuterios fatores como sexo idade ocupaccedilatildeo

estado fiacutesico tipo de cirurgia temor ao ambiente do hospital etcNingueacutem coloca em questatildeo que a intervenccedilatildeo ciruacutergica eacute uma experiecircncia

geradora de ansiedade para o paciente tanto em niacutevel psicoloacutegico quanto

fisioloacutegico Estar inserido em um contexto desconhecido e incerto leva o sujeito a se

sentir inseguro e ansioso No entanto o estresse criado pela situaccedilatildeo de

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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vulnerabilidade poderaacute tambeacutem variar de acordo com a avaliaccedilatildeo que o sujeito faz

do evento e sua capacidade de adaptaccedilatildeo Sua condiccedilatildeo egoacuteica no momento vai

ser imprescindiacutevel para o enfrentamento da crise oriunda do processo de doenccedila-

hospitalizaccedilatildeo e das respectivas intervenccedilotildees daiacute decorrentes

A este respeito Medeiros e Peniche (2006) ressaltam

A experiecircncia de uma intervenccedilatildeo como por exemplo oprocedimento anesteacutesico-ciruacutergico leva o ser humano a mobilizaros seus mecanismos protetores Essa mobilizaccedilatildeo natildeo depende soacutedos processos somaacuteticos mas tambeacutem psiacutequicosresultantes deestiacutemulos que experimenta ou seja estaacute relacionada natildeo soacute comas caracteriacutesticas objetivas como tambeacutem com a interpretaccedilatildeosubjetiva da experiecircncia (sp)

Assim a interpretaccedilatildeo individual e subjetiva ou seja o significado desse

evento para o sujeito subsidiaraacute a construccedilatildeo de comportamentos adaptativos e oenfrentamento do evento

Por enfrentamento podemos entender um conjunto de esforccedilos que uma

pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitaccedilotildees externas e internas

que satildeo avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades Como

salientam Peniche e Chaves (2000) trata-se de um esforccedilo cognitivo e

comportamental realizado para dominar tolerar ou reduzir as demandas externas e

internas e o conflito entre elas Esse processo dependeraacute ndash como jaacute destacado ndash de

como o indiviacuteduo avalia a situaccedilatildeo e de que recursos ele dispotildee para enfrentaacute-la

Nisso a forma como ele lida com a ansiedade diante das ameccedilas desempenharaacute

papel fundamental

Todo procedimento ciruacutergico independente do seu grau de complexidade

poderaacute ser acompanhado de anseios duacutevidas e medo Muitas vezes isso se daacute pela

falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem a cada uma das fases da

cirurgia bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar proporciona

Na realidade tal procedimento eacute dividido em trecircs fases distintas o preacute-operatoacuterio que corresponde ao momento em que o paciente recebe a indicaccedilatildeo da cirurgia e

vai ateacute sua entrada no centro ciruacutergico o trans-operatoacuterio em que o paciente

submete-se agrave cururgia propriamente dita no centro ciruacutergico ele se inicia da entrada

do paciente ateacute sua saiacuteda da sala de operaccedilotildees e encaminhamento agrave de

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr

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recuperaccedilatildeo poacutes-anesteacutesica e o poacutes-operatoacuterio que se inicia logo apoacutes a cirurgia e

vai ateacute a recuperaccedilatildeo do paciente e alta hospitalar (Chistoacuteforo Zagonel amp Carvalho

2006)

Embora todas as fases sejam importantes destacamos aqui a relevacircncia dafase preacute-operatoacuteria natildeo apenas por ser nosso foco de atenccedilatildeo para a presente

reflexatildeo mas tambeacutem por ser o periacuteodo em que talvez o paciente se encontre mais

vulneraacutevel em suas necessidades tanto fisioloacutegicas quanto psicoloacutegicas tornando-o

mais propenso ao desequiliacutebrio emocional Nela o enfermeiro tem papel crucial para

o enfrentamento do procedimento uma vez que ele tem a oportunidade de conhecer

o paciente levantar problemas e necessidades fornecer informaccedilotildees ndash que

certamente contribuiratildeo para minimizar seu medo e inseguranccedilas ndash etc Esse tipo

de assistecircncia oferece os subsiacutedios para o planejamento das accedilotildees de intervenccedilatildeode forma individualizada e com mais qualidade o que por outro lado aleacutem de

diminuir a anguacutestia e capacitar o indiviacuteduo a atravessar o difiacutecil momento da cirurgia

em condiccedilotildees toleraacuteveis de ansiedade facilitaraacute a assistecircncia nas demais fases do

processo ciruacutergico Se aliado ao seu trabalho estaacute a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo os

benefiacutecios se intensificam

O cuidado de enfermagem corresponde a um periacuteodo de detecccedilatildeo das

necessidades fiacutesicas e psicoloacutegicas do paciente que seraacute submetido a um

procedimento ciruacutergico buscando facilitar o seu enfrentamento Isso requer do

enfermeiro habilidades e conhecimentos a respeito das possiacuteveis alteraccedilotildees e

reaccedilotildees emocionais que o paciente pode apresentar frente a situaccedilatildeo pois

conforme destaca Travelbee (citada por Chistoacuteforo et al 2006 s p) ldquoa

enfermagem eacute entendida como um processo interpessoal que acontece entre dois

seres humanos no qual um deles precisa de ajuda e o outro fornece ajudardquo Essa

forma de conceber a accedilatildeo do enfermeiro ndash lembram as autoras ndash exige que o

profissional esteja mais preparado natildeo apenas em termos teacutecnicos e teoacutericos mas

tambeacutem humaniacutesticos

Assim concebida a assistecircncia dos profissionais de enfermagem se

apresenta como fundamental para transmitir confianccedila e seguranccedila ao paciente o

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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que indubitavelmente contribui para diminuir sua anguacutestia e ansiedade frente a uma

situaccedilatildeo para ele de risco

A ansiedade diante do processo ciruacutergico

Conforme vem sendo colocado eacute inevitaacutevel que o medo e a inseguranccedila

acompanhem a maior parte das pessoas que precisam submeter-se a um processo

ciruacutergico Essa experiecircncia muitas vezes apresenta-se para o indiviacuteduo como uma

ameaccedila natildeo apenas agrave sua integridade fiacutesica mas tambeacutem psiacutequica em virtude da

ansiedade que ela pode gerar

As pessoas natildeo reagem apenas agraves caracteriacutesticas objetivas de uma

determinada situaccedilatildeo ndash no caso o ato ciruacutergico ndash mas tambeacutem aos siacutembolos que amesma representa para elas razotildees pelas quais os mesmos eventos podem ser

encarados de modos variados por diferentes pessoas A interpretaccedilatildeo dada pelo

sujeito ao evento vai ser determinante para enfrentaacute-lo Assim se um estiacutemulo

interno ou externo ao sujeito for interpretado como perigoso ou ameaccedilador

desencadearaacute uma reaccedilatildeo emocional caracterizada como um estado de ansiedade

(Spielberger citado por Peniche amp Chaves 2000) que seria o resultado de um

esforccedilo inadequado de adaptaccedilatildeo para resolver conflitos Ela funcionaria como

um sinal de alerta que adverte sobre perigos iminentes e capacita oindiviacuteduo a tomar medidas para enfrentar as ameaccedilas preparando-opara lidar com situaccedilotildees potencialmnete danosas fazendo com que oorganismo tome medidas necessaacuterias para impedir a concretizaccedilatildeodos possiacuteveis prejuiacutezos ou pelo menos diminuir suas consequumlecircncias (Barbosa amp Radomile 2006 p 46)

Desse ponto de vista a ansiedade seria uma reaccedilatildeo natural e necessaacuteria

para a auto-preservaccedilatildeo No entanto existe um quantum de ansiedade em

diferentes situaccedilotildees da vida que otimiza ou natildeo os recursos do indiviacuteduo para lidar

com ela

Reflexatildeo nessa linha fez Freud (19171975) no texto da 25ordf conferecircncia ldquoA

ansiedaderdquo das ldquoConferecircncias introdutoacuterias sobre psicanaacuteliserdquo No trabalho em

questatildeo ele faz uma distinccedilatildeo entre a anguacutestia-real e a anguacutestia neuroacutetica

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Referecircncias

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Page 10: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010

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A anguacutestia-real remete a alguma coisa da realidade externa uma reaccedilatildeo agrave

percepccedilatildeo de um perigo exterior algo previsto associado ao reflexo de fuga Ela eacute

considerada uma manifestaccedilatildeo do instinto de conservaccedilatildeo algo semelhante a

um estado de prontidatildeo e de disposiccedilatildeo que prepara para o perigoEle serve como um alerta para o ego se defender da ameaccedila agrave qualestaacute exposto Ele se apresenta como uma saiacuteda possiacutevel a fim deevitar que o processo de desenvolvimento da anguacutestia se torneincontrolaacutevel e paralise o sujeito (Costa 2005 p 87)

A anguacutestia que aqui se torna incontrolaacutevel e pode paralisar o sujeito a qual se

refere agrave autora foi destacada por Freud (19171975) ao colocar que quando

demasiadamente intensa tal sensaccedilatildeo ao inveacutes de ajudar atrapalharia o sujeito

porquanto o imobilizaria diante do perigo perdendo o caraacuteter adaptativo e a funccedilatildeo

de autoconservaccedilatildeo Enquanto preparaccedilatildeo para o perigo a anguacutestia-real seria umldquosinal uacutetilrdquo todavia quando essa preparaccedilatildeo natildeo tem lugar e o estado de disposiccedilatildeo

e de prontidatildeo que prepara o ego diante do perigo foi prejudicado o

desenvolvimento da anguacutestia pode invadir completamente o ego deixando-o

absolutamente submerso e desamparado tornando a anguacutestia incontrolaacutevel

excedendo os limites do quantum da ansiedade que viabiliza que o sujeito possa

lidar com elas Assim ela torna-se patoloacutegica (Costa 2005) Eacute nessa direccedilatildeo que

Freud (19171975) fala da anguacutestia neuroacutetica a qual teria como nuacutecleo um conteuacutedo

interno interpretado como ameaccedilador perigoso fantasmaacutetico ndash natildeonecessariamente um perigo real

Se as defesas utilizadas pelo sujeito tiverem ecircxito a ansiedade eacute dissipada ou

refreada com seguranccedila mas dependendo da natureza dessas defesas o indiviacuteduo

pode desenvolver uma ansiedade patoloacutegica que ao inveacutes de contribuir com o

enfrentamento do objeto da ansiedade atrapalha dificulta ou impossibilita a

adaptaccedilatildeo Tal fato pode em muitos casos ser visto nos pacientes ciruacutergicos

inclusive inviabilizando a concretizaccedilatildeo do procedimento

Fica claro entatildeo que a maneira como o indiviacuteduo percebe uma ameaccedila

algumas vezes pode ser ateacute mais importante que a proacutepria ameaccedila Os destinos da

anguacutestia vivenciada pelo sujeito frente ao procedimento ciruacutergico vatildeo depender de

como ele percebe o evento ameaccedilador

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Referecircncias

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Page 11: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010

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Na tentativa de facilitar esse enfrentamento alguns profissionais satildeo de

extrema relevacircncia dentre eles o enfermeiro e o psicoacutelogo Suas accedilotildees contribuem

significativamente nessa avaliaccedilatildeo que o sujeito iraacute fazer do evento devendo assim

alterar o grau de ansiedade minimizando-o Aleacutem de intervir junto ao paciente

auxiliando na compreensatildeo da situaccedilatildeo e proporcionando um clima de confianccedila ndash o

que repercutiraacute nas suas estrateacutegias de enfrentamento da situaccedilatildeo ldquoameaccediladorardquo ndash

estes profissionais tambeacutem interveacutem com os familiares e trabalham em conjunto com

toda a equipe meacutedica buscando uma atuaccedilatildeo mais holiacutestica junto ao paciente

A alianccedila entre a enfermagem e a psicologia no acompanhamento preacute-

operatoacuterio uma busca de humanizaccedilatildeo

A enfermagem perioperatoacuteria abrange uma ampla variedade de atividades

associadas ao processo ciruacutergico destacando-se o preacute o trans e o poacutes-operatoacuterio A

fase preacute-operatoacuteria nesse contexto assume relevacircncia significativa uma vez que o

enfermeiro possivelmente ajudaraacute o paciente ao fornecer-lhe informaccedilotildees que

podem diminuir seus temores sua inseguranccedila e sua apreensatildeo viabilizando

assim uma melhor assistecircncia Sua accedilatildeo pode contribuir natildeo apenas para preparar

o paciente do ponto de vista fiacutesico mas tambeacutem emocional sobretudo quando ele

se alia ao psicoacutelogo na prestaccedilatildeo de um serviccedilo de melhor qualidade ao pacienteA Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) como uma assistecircncia

fundamental Segundo Jorgetto et al(2004) tal procedimento vem sendo realizado

no Brasil desde 1975 Ele consiste em um recurso usado para levantar dados sobre

o paciente ciruacutergico ndash por intermeacutedio dos quais se detectam os problemas ou

alteraccedilotildees relacionadas aos aspectos bioloacutegicos psicoloacutegicos sociais e espirituais

do paciente ndash e planejar a assistecircncia de enfermagem a ser prestada no periodo

perioperatoacuterio

Uma das principais finalidades da Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem eacute

identificar o grau de ansiedade do paciente ndash verificando a presenccedila de alteraccedilotildees

emocionais decorrentes do anuacutencio da necessidade da cirurgia ndash bem como avaliar

suas condiccedilotildees fiacutesicas

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Peniche Aparecida CC amp Chaves Eliane C (2000 Jan) Algumas consideraccedilotildees

sobre o paciente ciruacutergico e a ansiedade Revista Latino-americana deEnfermagem 8(1) 45-50

Portella Marilene amp Bettinelli Luiz (2004) Humanizaccedilatildeo da velhice reflexotildeesacerca do envelhecimento e do sentido da vida In Pessini Leo (org)Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola

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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr

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Os dados levantados durante a visita podem influenciar sensivelmente tanto

no procedimento anesteacutesico-ciruacutergico como na reabilitaccedilatildeo do paciente Eacute consenso

que a realizaccedilatildeo dessa intervenccedilatildeo traz consigo o potencial para provocar

mudanccedilas comportamentais na maioria dos pacientes diminuindo claramente os

riscos ciruacutergicos aos quais eles estatildeo expostos e consequumlentemente eventuais

complicaccedilotildees no periacuteodo poacutes-operatoacuterio sobretudo declinando o seu niacutevel de

ansiedade

Ao possibilitar um planejamento de uma assistecircncia integral individualizada a

partir do procedimento enfermeiro e psicoacutelogo contribuiratildeo para uma atuaccedilatildeo mais

humanizada pois natildeo deixa de ser uma oportunidade do profissional atuar na busca

da humanizaccedilatildeo tatildeo discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica

O relacionamento da equipe de enfermagem com o paciente eacute de extrema

relevacircncia pois a garantia do sucesso dela estaacute associada agrave maneira pela qual satildeo

atendidas as demandas fiacutesicas emocionais sociais e espirituais do paciente Para

tanto eacute imprescindiacutevel fortalecer as dimensotildees que compotildeem o cuidado nessa

praacutetica profissional

Para que o enfermeiro possa acolher e assistir o paciente de modo mais

humano a forma como essa relaccedilatildeo eacute estabelecida e mantida pode influenciar no

desenvolvimento do processo ciruacutergico em todas as suas etapas uma vez que oprofissional da aacuterea e seus auxiliares em geral satildeo aqueles que mais tecircm contato

com o paciente trazendo consigo em funccedilatildeo disso um potencial transformador se

conseguir criar um clima de confianccedila e seguranccedila Com esta accedilatildeo eles tanto

ajudam o psicoacutelogo em sua funccedilatildeo quanto este facilita o trabalho do enfermeiro

Com esta alianccedila quem sai no lucro eacute o paciente

A respeito Portella e Berttinelli (2004) lembram que para oferecer um cuidado

humano eacutetico ao paciente eacute preciso preparar pessoas com habilidades teacutecnicas e

humanas capazes de compatibilizar tecnologia e humanizaccedilatildeo nas accedilotildeesdispensadas aos pacientes Mesmo sabendo que muitas vezes esse cuidado possa

ser gerador de ocircnus e estresse ao cuidador por outro lado se ele puder

compreender um pouco do processo de adoecimento e o seu significado na vida do

paciente proporcionaraacute dignidade a essas pessoas A dignidade passa antes de

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Referecircncias

Angerami-Camon Valdemar Augusto et al (Orgs) (2003) Psicologia hospitalarteoria e praacutetica Satildeo Paulo Pioenira Thomson Learing

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httpwwwportalbvsenfeerpuspbr

Costa Veridiana Alves de Sousa (2005) Lei simboacutelica desamparo e pacircnico nacontemporaneidade um estudo psicanaliacutetico Dissertaccedilatildeo de Mestrado Mestradoem Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife

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Jorgetto Giovanna V Noronha Rachel amp Arauacutejo Izilda E M (2004) Estudo davisita preacute-operatoacuteria de enfermagem sobre a oacutetica dos enfermeiros do centro-

ciruacutergico de um hospital universitaacuterio Revista Eletrocircnica de Enfermagem 6(2)213-222 Goiacircnia Recuperado em 03 de outubro de 2008 dehttpwwwfenufgbr

Medeiros Verocircnica C C de amp Peniche Aparecida C G (2006 Mar) A influecircncia daansiedade nas estrateacutegias de enfrentamento utilizadas no periacuteodo preacute-operatoacuterioRevista da Escola de Enfermagem da USP 40(1) Natildeo Paginado Recuperadoem 25 de setembro de 2008 de httpwwweeuspbrreeusp

Pessini Leo (org) (2004) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola

Peniche Aparecida CC amp Chaves Eliane C (2000 Jan) Algumas consideraccedilotildees

sobre o paciente ciruacutergico e a ansiedade Revista Latino-americana deEnfermagem 8(1) 45-50

Portella Marilene amp Bettinelli Luiz (2004) Humanizaccedilatildeo da velhice reflexotildeesacerca do envelhecimento e do sentido da vida In Pessini Leo (org)Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola

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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr

Page 13: [Artigo] (Psicologia Médica) O Pré-operatório e a Ansiedade Do Paciente - A Aliança Entre o Enfermeiro e o Psicólogo; Costa, Silva e Lima 2010

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tudo pelo cuidado ao sujeito ndash paciente com limites e possibilidades com histoacuteria de

vida e individualidade O ponto crucial pode estar na disposiccedilatildeo de acolher e

respeitar o outro como ser humano que tem um nome e uma histoacuteria e natildeo apenas

eacute o portador de uma patologia

Natildeo podemos deixar de fora de nossa discussatildeo o fato de que cuidar do outro

implica antes de tudo cuidar de si Soacute podemos investir no cuidado ao outro e

suportar o ocircnus que isso acarreta quando nos mantemos atentos a todos os

aspectos que o cuidar desse outro nos traz e isso serve tanto ao enfermeiro quanto

ao psicoacutelogo Como nos lembra Pessini (2004) quem cuida e se deixa tocar pelo

sofrimento humano torna-se um radar de alta sensibilidade humaniza-se no

processo e para aleacutem do conhecimento cientiacutefico tem a preciosa chance e o

privileacutegio de crescer em sabedoria

Na contrapartida desse cuidar estatildeo as condiccedilotildees em que esses profissionais

trabalham A equipe de enfermagem tambeacutem necessita de cuidados especiais e de

atenccedilatildeo pois quando natildeo dispotildee da ajuda necessaacuteria para se proteger dos riscos do

trabalho nem para usufruir de recompensas vaacuterios problemas podem surgir Assim

se o cuidador natildeo trabalhar em um ambiente humanizado exigir dele que trabalhe

na humanizaccedilatildeo fica quase inviaacutevel

Embora ainda existam muitas instituiccedilotildees e profissionais que trabalhemexclusivamente pautados na execuccedilatildeo de uma teacutecnica precisa seguindo padrotildees

com frieza e exatidatildeo natildeo reservando lugar para emoccedilotildees envolvimentos pessoais

etc eacute inegaacutevel que uma boa assistecircncia deve ser prestada dentro de uma visatildeo

holiacutestica na qual a valorizaccedilatildeo do ser humano se coloca como a base do cuidado Eacute

nessa perspectiva que o profissional de enfermagem e de psicologia devem

trabalhar especialmente se diante deles estatildeo pacientes que seratildeo submetidos a

um procedimento ciruacutergico uma vez que durante todo o periacuteodo preparatoacuterio para a

cirurgia seus serviccedilos satildeo cruciais na minimizaccedilatildeo das ansiedades vividas pelopaciente

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Referecircncias

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httpwwwportalbvsenfeerpuspbr

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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr

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Consideraccedilotildees finais

Ao longo deste trabalho enfatizamos o princiacutepio de que o paciente preacute-

operatoacuterio vive um momento de ansiedade que pode repercutir no curso do seu

tratamento A literatura corrobora essa perspectiva apontando que se a doenccedila e ahospitalizaccedilatildeo por si mesmas jaacute trazem consigo caracteriacutesticas estressantes ndash uma

vez que o paciente se vecirc diante de uma seacuterie de ameaccedilas ndash a necessidade da

intervenccedilatildeo ciruacutergica intensifica a experiecircncia de anguacutestia e medo gerando

ansiedade no paciente

A ansiedade pode ser vivida pelos pacientes de modos diversificados

podendo interferir no curso do procedimento ciruacutergico e na sua recuperaccedilatildeo A forma

de vivecirc-la dependeraacute dentre outras coisas da avaliaccedilatildeo que o sujeito faz da

situaccedilatildeo o que contribuiraacute para determinar a sua reaccedilatildeo Muitas vezes a ansiedade

se intensifica pela falta de informaccedilatildeo sobre os acontecimentos que sucedem todo o

procedimento bem como pelas demais situaccedilotildees que a internaccedilatildeo hospitalar

proporciona (A Souza et al 2005) Por tal razatildeo nessa fase a alianccedila entre o

enfermeiro e o psicoacutelogo eacute essencial pois suas accedilotildees podem contribuir para natildeo

apenas na avaliaccedilatildeo do evento facilitando a minimizaccedilatildeo de medos e inseguranccedilas

do paciente mas na implicaccedilatildeo do sujeito em todo o processo de tratamento

A Visita Preacute-operatoacuteria de Enfermagem (VPOE) e o acompanhamentopsicoloacutegico preacute-operatoacuterio apresentam-se como uma assistecircncia fundamental pois

ela traz consigo o potencial para provocar mudanccedilas comportamentais na maioria

dos pacientes diminuindo consideravelmente sua ansiedade e ajudando-o a

atravessar essa experiecircncia (Jorgetto et al 2004) Tal postura para ser otimizada e

melhor aproveitada exige do profissional preparo teacutecnico e teoacuterico mas sobretudo

preparo humaniacutestico

Essa assistecircncia integral contribui para uma atuaccedilatildeo mais humanizada tatildeo

amplamente discutida no acircmbito da sauacutede puacuteblica Trabalhando dentro de uma visatildeoholiacutestica e humanizadora estes profissionais apontam a relevacircncia do seu papel natildeo

apenas ao paciente por possibilitar o enfrentamento da situaccedilatildeo em niacuteveis

toleraacuteveis de ansiedade mas tambeacutem a todos os envolvidos na atenccedilatildeo e na busca

da recuperaccedilatildeo do sujeito familiares e equipe de sauacutede de um modo geral

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Embora se apresente como uma fonte rica de apoio para os profissionais de

sauacutede e leigos em especial os que se dedicam a acompanhar um paciente durante

um processo ciruacutergico conveacutem ressaltar que este trabalho natildeo pretende esgotar a

questatildeo Muito ainda pode ser dito e refletido Fica plantada a semente para estudos

futuros nesta linha em nome do avanccedilo da ciecircncia e em favor sobretudo dos que

dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

pessoas com habilidades teacutecnicas e humanas para intervir junto a esses pacientes

mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

esses provaacuteveis propagadores da humanizaccedilatildeo sejam vistos tambeacutem como

humanos antes de qualquer coisa Em outras palavras soacute podemos cuidar do outro

com qualidade se noacutes mesmos estamos tambeacutem cuidados (Portella amp Berttinelli

2004) Diante disso sugere-se uma reflexatildeo como podemos exigir do profissional

que trabalhe na humanizaccedilatildeo se ele mesmo natildeo se vecirc em um ambiente

humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

enfermeiro e o psicoacutelogo aliados devem trabalhar na busca pela excelecircncia teacutecnica

e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Referecircncias

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dela possam se beneficiar

Natildeo podemos deixar de destacar que uma accedilatildeo que vise oferecer um serviccedilo

de melhor qualidade do ponto de vista teacutecnico e humano natildeo se faz isoladamente

Uma seacuterie de variaacuteveis interveacutem no contexto dentre elas a urgente necessidade de

se repensar a assistecircncia agrave sauacutede em especial na esfera puacuteblica

Contestar uma assistecircncia automaacutetica mecanizada desumanizada mesmo

que ateacute muitas vezes eficiente do ponto de vista teacutecnico implica lembrar que para

oferecer um cuidado humano eacutetico agrave populaccedilatildeo eacute preciso natildeo apenas preparar

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mas tambeacutem oferecer as condiccedilotildees favoraacuteveis ndash ou pelo menos miacutenimas ndash para que

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humanizado Natildeo eacute difiacutecil inferir que isso fica praticamente inviaacutevel

Apesar de todas as variaacuteveis que possam dificultar este tipo de atenccedilatildeo o

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e pela valorizaccedilatildeo do humano especialmente se diante deles estatildeo pacientes que

seratildeo submetidos a um procedimento ciruacutergico Essa alianccedila seraacute fundamental para

melhor atender as pessoas que aleacutem de sofrer com os impactos decorrentes da

doenccedila podem trazer outros sofrimentos e as marcas de tantas outras mazelas

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Souza Aline A de Souza Zelita C de amp Fenili Rosacircngela M (2005) Orientaccedilatildeopreacute-operatoacuteria ao cliente ndash uma medida preventiva aos estressores do processociruacutergico Revista Eletrocircnica de Enfermangem 7(2) 215-220 GoiacircniaRecuperado em 10 de setembro de 2008 de httpwwwfenufgbr

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