UM MUNDO INSPIRADO POR JULIO VERNE

A WORLD INSPIRED BY JULES VERNE

Anderson Zardo1

Resumo

Uma breve apresentação sobre a vida e obra de Júlio Verne, escritor francês que viveu na metade final do século XIX e também uma rápida explicação sobre a importância deste escritor na criação de um gênero tanto na literatura como no cinema. Enfoque principal sobre a hipótese de Júlio Verne ter influenciado os rumos da ciência e tecnologia décadas mais tarde na criação de invenções de imensa relevância e inspirando os homens a alcançar objetivos.

Abstract

A brief presentation about the life and work of Jules Verne, A French writer who lived in the latter half of the XIX century and also a brief explanation of the importance of this writer to create a genre in both literature and cinema. Primary focus on the possibility of Jules Verne have influenced the course of science and technology decades later in creating inventions of immense importance and inspiring men to achieve goals.

Palavras Chave

JULIO VERNEFICÇÃOCIÊNCIAPREVISÕESINVENÇÕESTECNOLOGIA

Keywords

1 Acadêmico do curso de Redes de Computadores da IES FTEC – Faculdade de Tecnologia. Endereço eletrônico: azardo@gmail.com

JULES VERNEFICTIONSCIENCEESTIMATESINVENTIONSTECHNOLOGY

1 INTRODUÇÃO

Por meio deste artigo tenta-se demonstrar ao leitor a real possibilidade de as obras de Júlio Verne terem inspirado criações tecnológicas várias décadas mais tarde. É usado como base para sustentar tais argumentos o fato de sua obra ter sido escrita na metade final do século XIX, portanto, muito antes da criação das invenções que são mencionadas em sua literatura, e também o fato da própria ficção inspirar a realidade.

No item dois é descrito brevemente sua biografia, no item três são descritas algumas influências da obra de Verne nas obras literárias e cinematográficas que surgiram posteriormente. No item quatro, uma explicação sobre a influência da ficção na realidade e nos itens seguintes estará e dada a sequência aos argumentos que sustentarão a hipótese principal levantada neste artigo.

"Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão realizar."Frase atribuída a Júlio Verne

2 SOBRE QUEM FOI JÚLIO VERNE

Júlio Verne foi um escritor francês nascido em 08 de Fevereiro de 1828 em Nantes, França e falecido em 24 de Março de 1905 em Amiens, França, aos 77 anos de idade. Inicialmente se formou em Direito por influência de seu pai, porém não exercendo a profissão. Buscou a realização como escritor, no início de peças teatrais porem, acabou por criar uma identidade ao escrever Cinco Semanas num Balão (1863), a primeira obra e primeiro grande êxito do escritor. Devido à sua obra narrar aventuras e explorar mundos que existiam apenas em sua imaginação, é considerado como sendo o pai da ficção científica moderna. Segundo Shown (2009), a ficção científica “surgiu como gênero reconhecido com Julio Verne, no fim do século 19 (sic), em uma era na qual, pela primeira

vez na História, as crianças podiam esperar crescer em um mundo radicalmente diferente do encontrado pelos seus pais.”.

3 A CRIAÇÃO DE UM GÊNERO

Muitos afirmam como Germana Barata (2005) que Júlio Verne foi o Pai da Ficção Científica. “O mundo mágico criado, atualmente, por escritores, roteiristas e diretores de filmes como O senhor dos anéis, Harry Potter e Guerra nas estrelas, certamente paga um tributo ao pai da ficção científica, cuja morte completa cem anos” afirma Barata, na ocasião do centenário da morte de Verne. De fato Verne foi um dos primeiros escritores a se desprender do mundo real e tentar contar para o leitor as aventuras de heróis que vivem em mundos completamente diferentes do que ele mesmo viveu, e a atribuição de “criador de um gênero literário” faz justiça. Além disso, várias de suas obras foram adaptadas ao teatro e ao cinema. Uma delas, A volta ao mundo em 80 dias (1956) segundo Rodrigo Cunha (2005) ”...uma obra imortalizada com cinco Oscar: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora”.

Devido ao fato de um numero considerável de fatos narrados em suas aventuras realmente acontecerem (algumas com uma fidelidade quase absurda) várias décadas mais tarde, muitos consideram Verne como sendo um profeta ou algo do gênero, uma espécie de Nostradamus do final do século XIX. Na verdade, ele dava um teor real em suas histórias, pois as sustentava com bons conhecimentos que possuía de geografia e até científicos. Na opinião do autor deste artigo acredita que Verne apenas foi um afortunado e nada mais, porem, sem querer ele pode ter ditado alguns rumos, o que supostamente reforçaria a sua “fama” de “previsor do futuro”.

4 A FICÇÃO CIENTÍFICA COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO

Certamente, se o título do artigo fosse este, ter-se-ia não um mundo, mas um universo inteiro sobre o que discutir. Muitas das descobertas que o ser humano fez foi frutos do efeito motivacional da imaginação da qual a ficção científica exerce. Conforme o físico americano Michio Kaku em entrevista concedida a Carlos Grieb (1999) afirma: “A ficção científica é uma tremenda fonte de inspiração Nem sempre os físicos admitem isso, mas ela é”. Algumas coisas propostas como a viagem no tempo, amplamente explorada nesse meio, são praticamente impossíveis. Outras estão sendo exaustivamente pesquisadas por muitos anos a fio, como o

teletransporte (que ao menos em teoria poderia ser possível) e as imagens holográficas, que estão começando a dar as caras no mundo real. Em se tratando mais especificamente em se tratando das obras de Julio Verne, no item a seguir são citadas algumas de suas criações que se materializariam muito tempo depois.

5 AS POSSÍVEIS INSPIRAÇÕES DE VERNE

No livro Da Terra a Lua (1865) Verne relata a aventura de três pessoas a bordo de uma capsula chamada Columbiad que é lançada em um enorme canhão em algum lugar da Flórida ao espaço. A cápsula, onde estavam os aventureiros possuía um formato de projétil, semelhante aos foguetes. Grieb(1999) afirma que na época de seu lançamento o livro foi considerado um dos mais malucos já publicados. Pode ter sido uma grande coincidência ou algo tomado por desafio, mas quase cento e quatro anos depois, o homem chega a lua a bordo da missão Apollo. De acordo com a matéria da Revista Superinteressante, Ed. 12 (1988) As dimensões da capsula de Verne media 4,8 m de altura e 2,7 m de diâmetro. A Apolo media 3,7 m de altura e 3,9 m de diâmetro. Outras semelhanças são apontadas, como local de lançamento (o cabo Kennedy fica na Flórida) tempo de viagem (97 horas, 13 minutos e 20 segundos de acordo com Verne, já os astronautas americanos levaram 103 horas e 30 minutos) e também o fato de as duas naves terem orbitado o satélite natural para coletar material fotográfico antes do pouso. Daniela Nórcia (2005) nos conta ainda que Verne nos anteciparia os efeitos da gravidade, e que em 1902 é lançado o filme Uma Viagem à Lua, o primeiro filme de ficção de que se tem notícia.

O Livro 20 Mil Léguas Submarinas (1869) conta as aventuras de exploração submarina do capitão Nemo a bordo do veículo Nautilus, um submergível capaz de chegar a grandes profundidades. Segundo Nórcia (2005) Verne “... imaginou um submarino que utilizava um combustível eficiente e praticamente inesgotável”. Ainda de acordo com a matéria da Revista Superinteressante, Ed. 12 (1988) nos dá uma ideia do nível de sofisticação do Nautilus:

“A quilha era de dupla camada, podendo ser enchida ou esvaziada por poderosas bombas. A tripulação respirava ar comprimido, armazenado em cilindros de metal. Uma câmara estanque possibilitava aos mergulhadores entrar e sair do barco, mesmo submerso. E janelas de observação permitiam fotografar a vida debaixo da água. Tudo igual a um moderno submarino.”

Flávia Souto Maior (2009) ainda informa que o submergível de Verne tinha ainda “... um salão de dez metros com órgão, coleção de arte valiosa e

fonte, além de uma biblioteca que contava com 12 mil volumes”. Souto Maior ainda relata que em 1954 era construído, nos EUA, o primeiro submarino nuclear da história, possuía características semelhantes ao submergível de 1869 como poder operar durante anos sem reabastecimento, para permanecer submerso por muito tempo. Conseguiu a façanha de atravessar o polo norte sem ao menos parar uma vez para reabastecimento de ar. Foi batizado como Nautilus, em homenagem ao submarino homônimo da obra Verniana.

E, finalmente em Robur, o Conquistador (1886), Verne relata a história de Robur a bordo uma fortaleza voadora criada por um “cientista louco”, que pretende acabar com as guerras no mundo à força, utilizando se necessário o uso também de uma violência militar superior. A tal fortaleza chama-se Albratros. Em matéria da Revista Superinteressante, Ed. 12 (1988) Verne previu “... que o caminho para a aviação seria um aparelho mais pesado que o ar.” Suas formas se assemelhavam a um grande navio, e, ainda segundo a publicação, “... mantinha-se no ar por meio de 74 pás giratórias, que lembram os helicópteros de hoje. Essas hélices eram movidas por motores elétricos, alimentados por uma série de acumuladores.” Os helicópteros como conhecemos hoje seriam inventados algumas décadas mais tarde, já no século XX.

6 CONCLUSÃO

De acordo com as várias referências deste artigo sobre o poder de influência da ficção científica, gênero do qual Júlio Verne foi um dos precursores, no nosso mundo, podemos conferir que as obras de Verne podem sim ter influenciado pesquisadores e cientistas a tentarem recriar as no mundo real as suas obras. Muitas são as referências em outras obras, porém neste presente artigo foram citadas apenas três das mais famosas. Por outro lado, não deve ser deixada de lado a hipótese de Verne ter sido apenas um grande afortunado em seus relatos, que muitas pessoas costumam chamar de “previsões” devido ao fato de muitas delas anos depois elas se revelarem desconcertantemente reais.

REFERÊNCIAS

SHOWN, Marcos. Há futuro para a ficção científica? Revista Galileu edição 210 p. 01-08, jan/2009. Disponível em <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EGD362-7833,00.html> Acesso em: 15 de Novembro de 2009.

BARATA, Germana. Julio Verne – Centenário da Morte do Pai da Ficção Científica. Cienc. Cult. vol.57 no. 2 São Paulo Abr./Jun 2005. Disponível em <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252005000200026&script=sci_arttext> Acesso em: 15 de Novembro de 2009.

CUNHA, Rodrigo. A Volta ao Mundo em 80 Dias, jan/2005. Disponível em <http://www.cineplayers.com/critica.php?id=343> Acesso em: 15 de Novembro de 2009

GRAIEB, Carlos. Quando a Ficção Vira Realidade. Revista Veja edição1603 p.096, jun/1999. Disponível em <http://veja.abril.com.br/230699/p_096.html> Acesso em: 15 de Novembro de 2009

Julio Verne, Inventor do Futuro. Revista Superinteressante edição 12, set/1988. Disponível em <http://super.abril.com.br/superarquivo/1988/conteudo_111305.shtml> Acesso em: 15 de Novembro de 2009

NÓRCIA, Daniela. Ficção Quase Real. Revista Superinteressante edição 209a, jan/2005. Disponível em < http://super.abril.com.br/ciencia/ficcao-quase-real-445494.shtml> Acesso em: 15 de Novembro de 2009

MAIOR, FLAVIA S. O Submarino USS Nautilus. Revista Aventuras na História edição 075, out/2009. Disponível em < http://historia.abril.com.br/tecnologia/submarino-uss-nautilus-434237.shtml> Aceso em: 15 de Novembro de 2009