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  ¹ Acadêmicos do Curso de Psicologia UNIC ² Professora Mestra do Curso de P sicologia UNIC PSICOLOGIA DO ESPORTE E O CONCEITO DE INTERAÇÃO GRUPAL Aline Maria Silva Garcia, Eduardo Benedito, Sidney Felipe da Silva Junior, Ted Arruda Alves da Silva¹, Maria Evilasa Ximenes Melo² Faculdade de Psicologia. Universidade de Cuiabá(UNIC) Avenida Beira rio, Bairro Jardim Europa, nº 3.100  Cep: 78065-900  Cuiabá-MT Brasil Eduardo_bene @hotmail.com, Nine_psi@hotma il.com, sidneyjr_msn@h otmail.com, ted.arruda@hotma il.com, [email protected] om. Resumo. A interação grupal é um tipo de processo de socialização entre dois ou mais indivíduos que fazem parte de um grupo. Ela possui características que direcionam os indivíduos desse grupo a um objetivo comum. Ela também possui três característica s ( coesão, comunicação e liderança), que afetam diretamente os indivíduos desse mesmo grupo. Este trabalho busca compreender, através da literatura existente, como ocorre essa interação no esporte, no intuito de tentar entender como ocorrem as interações grupais de uma forma mais geral. Para isso foram usados os livros dos autores Benno Becker, Deitmar Samulski e Weinberg & Gould, ambos de psicologia do esporte. Para tal foi realizada uma revisão bibliográfica, observando a integração e correlação entre os autores. A revisão bibliográfica mostrou que essa interação grupal ocorre a partir de características dos membros, que podem melhorá-la ou piorá-la. Mostrou também que ela possui características bem definidas, que direcionam a ação dos membros do grupo. Palavras chave: Interação grupal. Psicologia do esporte. Liderança. Coesão. Comunicação. Grupos. Abstract . The group interaction is a kind of socialization process between two or more individuals who are part of a group. It has characteristics that drive individuals from this group to a common goal. She also has three characteristics (cohesion, communication an leadership), which directly affect individuals of the same group. This paper seeks to understand, through the literature, as this interaction occurs in the sport in order to try to understand how the interactions occur in a group more generally. For this we used the books of the Benno Becker, Deitmar Samulski and Weinberg & Gould, both of sport psychology. For this literature review was performed by observing the correlation between integration and the authors. The literature review showed that this interaction occurs from group members’ characteristics, which can improve it or worsen it. It also showed that it has well defined characteristics that drive the action of group members. Keywords: Interaction group. Sports psychology. Leadership. Cohesion. Communication. Groups.

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¹ Acadêmicos do Curso de Psicologia UNIC

² Professora Mestra do Curso de Psicologia UNIC

PSICOLOGIA DO ESPORTE E O CONCEITO DEINTERAÇÃO GRUPAL

Aline Maria Silva Garcia, Eduardo Benedito, Sidney Felipe da Silva Junior, Ted Arruda

Alves da Silva¹, Maria Evilasa Ximenes Melo²

Faculdade de Psicologia. Universidade de Cuiabá(UNIC)

Avenida Beira rio, Bairro Jardim Europa, nº 3.100 – Cep: 78065-900 – Cuiabá-MT

Brasil

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected].

Resumo. A interação grupal é um tipo de processo de socialização entre dois ou mais

indivíduos que fazem parte de um grupo. Ela possui características que direcionam os

indivíduos desse grupo a um objetivo comum. Ela também possui três características (coesão,

comunicação e liderança), que afetam diretamente os indivíduos desse mesmo grupo. Este

trabalho busca compreender, através da literatura existente, como ocorre essa interação no

esporte, no intuito de tentar entender como ocorrem as interações grupais de uma forma mais

geral. Para isso foram usados os livros dos autores Benno Becker, Deitmar Samulski e

Weinberg & Gould, ambos de psicologia do esporte. Para tal foi realizada uma revisão

bibliográfica, observando a integração e correlação entre os autores. A revisão bibliográfica

mostrou que essa interação grupal ocorre a partir de características dos membros, que podemmelhorá-la ou piorá-la. Mostrou também que ela possui características bem definidas, que

direcionam a ação dos membros do grupo.

Palavras chave: Interação grupal. Psicologia do esporte. Liderança. Coesão. Comunicação.

Grupos.

Abstract. The group interaction is a kind of socialization process between two or more

individuals who are part of a group. It has characteristics that drive individuals from this

group to a common goal. She also has three characteristics (cohesion, communication an

leadership), which directly affect individuals of the same group. This paper seeks to

understand, through the literature, as this interaction occurs in the sport in order to try tounderstand how the interactions occur in a group more generally. For this we used the books

of the Benno Becker, Deitmar Samulski and Weinberg & Gould, both of sport psychology.

For this literature review was performed by observing the correlation between integration and

the authors. The literature review showed that this interaction occurs from group members’

characteristics, which can improve it or worsen it. It also showed that it has well defined

characteristics that drive the action of group members.

Keywords: Interaction group. Sports psychology. Leadership. Cohesion. Communication.

Groups.

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Justificativa

A interação grupal é uma interessante perspectiva de socialização. No esporte

podemos observá-la de forma mais fácil, pois, os grupos formados no esporte demonstram

essas características de interação grupal devido a uma necessidade de obtenção de metas.

Assim compreende-se que é interessante e de muita valia que os profissionais da psicologia

consigam ao menos identificar essas características de interação e essa interação em si, pois,

todo indivíduo está em constante socialização e provavelmente em constante interação com

grupos também, os influenciando e sendo influenciado por eles.

Assim o presente trabalho tem por objetivo apontar quais os tipos de interação há entre

os indivíduos no esporte e como elas se desenvolvem. Para isso deve-se demonstrar a

diferença entre grupos e equipes, conceituar o termo coesão e indicar sua influência na

interação grupal, identificar o que é liderança, mostrar como a comunicação é fundamental

para a interação grupal.

1. Introdução

1.1.A Interação Grupal e a Diferença Entre Grupo e Equipe

A interação grupal é um processo que ocorre em praticamente todos os lugares onde

haja um certo número de indivíduos. No esporte não é diferente, essa interação ocorre

também e é bem mais fácil de notar. Mas, para se falar em grupo, primeiro se precisa defini-

lo, embora essa definição seja meio complexa, pois grupo e equipe são muitas vezes usados

como sinônimos, ainda mais no esporte.

Então pode-se dizer que o grupo difere da equipe, pois é uma interação mútua entre

duas ou mais pessoas nas quais as influências de ambas afetam e são afetadas, numa certa

relação de interdependência mútua. Já as equipes são grupos de pessoas que precisam

interagir pra realizar objetivos em comum. Assim, pode-se dizer que:

Um grupo de indivíduos não constitui, necessariamente, uma equipe. Embora todas

as equipes sejam grupos, nem todos os grupos podem ser considerados equipes

(WEINBERG & GOULD, 2008, p.179).

Definido o conceito de grupo, devemos levar em consideração também os indivíduos

desse grupo. No esporte ainda mais, pois para Becker (1995, p.202):

Quando são reunidos um grupo de atletas deve-se entender que há possibilidades dechoque entre as personalidades. Sabemos que as pessoas diferem em muita coisa,

ninguém é igual a ninguém.

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Num grupo esportivo sempre haverá diferenças também, quanto á idade, tamanho,

habilidade e talvez quanto à disposição de cada atleta. Para que não haja muitas divergências

os grupos esportivos devem ter um certo objetivo comum, onde Garcia-Mas & Bauzá(1994)

apud Becker(1995, p.203) escrevem que “os grupos que são formados no esporte possuem

características específicas de acordo com a atividade praticada e de sua própria dinâmica”.  

Além dos pontos em comum, para um grupo funcionar bem no esporte, ou talvez em

qualquer outra instância, são necessárias mais quatro características de interação mútua, que

são o senso de identidade coletiva (o nós vem no lugar do eu como pensamento primordial);

os papéis característicos ( uma espécie de hierarquia onde todos os membros conhecem seu

trabalho); formas de comunicação estruturadas ( diversas linhas de comunicação que facilitam

a interação e o entendimento) e as normas ( que são as regras sociais que orientam os

membros sobre o que fazer e o que não fazer).

Dessas características se ressaltam duas que têm uma grande importância no grupo e

que podem modificar a conduta dos indivíduos mais facilmente, que são as normas e os

papéis.

As normas como já dito, são as bases que os membros do grupo têm do que fazer ou

deixar de fazer. Elas podem ser informais, ou seja, se sabe que elas existem e que são uma

exigência, mais não está diretamente passada, é como se fosse uma “sacada” dos indivíduos

do grupo; e podem ser formais, passadas boca a boca pelos indivíduos ou treinadores ou ainda

presentes em papéis, cartazes, livros e afins. Essas normas podem orientar os indivíduos e já

criar uma certa expectativa de que papel se deve seguir.

Assim o papel no grupo nada mais é que um conjunto de ações já esperados, de acordo

com a posição que determinado indivíduo ocupa, como por exemplo, de um goleiro é

esperado que ele agarre a bola e não a deixe entrar no gol ao invés de que ele faça os gols. Os

papéis podem também ser formais ou informais, sendo que os formais variam de acordo com

a estrutura e organização do grupo, enquanto os informais dependem da dinâmica e interação

do mesmo.

Os papéis também são importantes na melhora da afetividade do grupo, mas para que

isso ocorra beneficamente é necessário que os indivíduos entendam a clareza do papel, ou

seja, o indivíduo que ocupa determinado papel está ali, pois é o mais qualificado do grupo

para essa função; e a aceitação do papel, que seria uma questão mesmo de afirmação daclareza do papel.

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O problema é que nem sempre se tem tudo isso entendido, pois, as vezes pessoas não

qualificadas podem ter papéis maiores que suas capacidades, o que confere um conflito de

papel, que pode ser resolvido através de um consenso entre os membros do grupo.

Outro importante motivador da afetividade grupal é o apoio social, que seria uma

espécie de troca de recursos entre duas ou mais pessoas no intuito de aumentar a bem-estar de

quem recebe esses recursos. Com isso Weinberg & Gould (2008, p.186) escrevem:

O apoio social fornece avaliação, informação, reafirmação e companheirismo; reduz

as incertezas durante os períodos de estresse; auxilia na recuperação mental e física e

melhora as habilidades de comunicação.

Existe ainda uma série de fatores que podem aumentar a afetividade do grupo, sendo

eles a proximidade, a diferenciação, a justiça e a semelhança. A proximidade diz respeito á

interação entre os indivíduos do grupo, que quanto mais próxima melhor, não sendo a

proximidade física apenas, mas o contato intenso entre esses indivíduos.

A diferenciação por sua vez diz respeito aos uniformes, lemas dos times, ritos de

iniciação, que promovem a diferenciação das outras equipes e o senso de unidade conjunta. A

 justiça já tem mais a ver com a confiança do atleta de que seus esforços e resultados estão

sendo avaliados objetiva e imparcialmente, que ele seja reconhecido pelos seus feitos e

cobrado pelos erros.

A semelhança tem mais a ver com os indivíduos terem o mesmo nível de

comprometimento, ter as mesmas atitudes, as mesmas aspirações e os mesmos objetivos,

ainda que sejam diferentes em questão sócio-econômicas e étnicas, mais ainda assim

trabalham para um bem maior, o do grupo.

Outro fator importante a ser destacado é a produção da equipe, que depende muito da

produção individual, não no sentido de se escolherem os melhores jogadores, pois, nem

sempre esses se adéquam ao grupo e sim escolher aqueles que têm as características

necessárias a equipe e que se encaixam nela. Nesse sentido Becker (1995, p.206) escreve:

Treinador deve observar nos treinamentos e competições quais os jogadores que se

integram melhor à equipe e que contribuem para sua melhor produção.

Assim definem-se os grupos e as suas interações a fim de manter certo nível de

afetividade e produção. Agora se pode detalhar com mais precisão os processos que

influenciam diretamente na interação do grupo e dos indivíduos dele. Esses processos são a

coesão, a liderança e a comunicação.

1.2.Coesão

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A coesão pode-se dizer que é um conjunto total das forças que atuam sobre os

indivíduos para que esses permaneçam no grupo. Com essa definição básica Capdevilla

(1994) apud Becker Jr.(1995, p.206) escreve:

Para relacionar-se com seus colegas, tanto em esportes de equipe como individuais,

os atletas necessitam certas habilidades sociais que em parte vem determinadas pelas

condições básicas individuais dos membros do grupo. 

Ou seja, para Carron et al(1998) apud Weinberg & Gould (2008, p.200):

A coesão é um processo dinâmico que se reflete na tendência de um grupo a unir-se

e permanecer unido na busca de seus objetivos instrumentais e/ou para a satisfação

das necessidades afetivas de seus membros.

Essa coesão é uma boa forma de se conseguir bons resultados, pois, os membros de

cada equipe coesa se sentem parte dela, e ainda, como salienta Palmi (1993) apud Becker Jr

(1995, p.206):

Equipes que conseguem adaptar-se com mais facilidade ás diferentes situações do jogo, que atuam como uma entidade fechada tendem a conseguir resultados de

acordo com as suas possibilidades.

Assim ele afirma que o sentimento de uma única entidade fechada gera melhores resultados.

Ainda há duas forças que agem sobre a coesão de determinado grupo, sendo a primeira

a atratividade grupal, ou seja, as interações sociais que o individuo tem com outros indivíduos

do grupo para que isso aumente sua disposição a se engajar nas atividades daquele grupo e a

segunda diz respeito ao controle dos meios, que são de certa forma, os benefícios que um

indivíduo pode conseguir ao se engajar no grupo.

Existem também duas dimensões bem definidas de coesão que atuam muitas vezes

 juntas, que são a coesão de tarefa e a social. A coesão de tarefa é a dimensão que mostra o

grau de engajamento do grupo a fim de alcançar objetivos, ou seja, o quanto eles estão

dispostos a trabalhar por um bem maior comum. Já a coesão social é a dimensão que

demonstra o quanto os membros de determinado grupo se sentem bem uns com os outros,

demonstrando assim o grau de afinidade do grupo. Assim ambos são importantes para a

superação de desafios e a tomada de decisões, que também depende de fatores de liderança

que serão falados mais adiante.

Quando se fala em coesão, não se pode esquecer de dizer que existe um modelo

conceitual de coesão, que é uma estrutura de estudo da coesão, que descreve quatro fatores

importantes que podem afetar o desenvolvimento da coesão no grupo esportivo. Eles são,

segundo Weinberg & Gould (2008, p. 202-203):

  Fatores ambientais; que são as forças normativas que mantêm o grupo unido.

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  Fatores pessoais; que são as características individuais de cada membro de grupo, que

podem ser divididos em atributos demográficos, cognitivos, motivos e de

comportamento.

  Fatores de liderança; são os estilos de comportamento de liderança que os indivíduos

exibem que afetam o seu relacionamento com o seu grupo.

  Fatores de equipe; são as características da tarefa de grupo, as normas de

produtividade desse grupo, o desejo dele por sucesso, os seus papeis, a sua posição e

sua estabilidade.

Além do modelo conceitual de coesão, ainda existe uma série de outros fatores

associados à coesão que também garantem a melhora do desempenho do grupo. Pode-se falar

em satisfação da equipe, um constructo que se assemelha muito ao princípio da coesão, mas

tem um cunho mais individual enquanto que a coesão tem um sentido mais grupal. Temos

também a conformidade, que diz respeito a certos aspectos normativos que influenciam a todo

um grupo e que quando bem aceitos melhoram a produtividade do grupo. A aderência por sua

vez é o que motiva os indivíduos a se sentirem coesos, a retornarem ao grupo, se sentirem

parte dele.

O apoio social também tem sua função na coesão, sendo que os individuos que obtém

apoio social de seu treinador ou até mesmo dos colegas de grupo, se sentem mais coesos e

mais propícios a se desenvolver mais.

A estabilidade, outro fator importante, é o tempo em que a equipe permanece a

mesma, ou parcialmente a mesma, ou seja, quanto mais tempo os indivíduos da equipe se

mantiverem juntos, melhor se adaptarão ao grupo e se desenvolverão mais facilmente. E por

fim e talvez como o mais importante dos aspectos que podem influenciar um grupo destaca-se

os objetivos do grupo, que são um constructo normativo visando um bem maior, uma espécie

de meta almejada por todos os membros do grupo, que os une e os torna coesos.

Assim se nota a relação intima que a coesão tem na interação grupal, visto que ela

fornece uma espécie de bom clima para os membros do grupo, para que eles interajam de

forma satisfatória e que sejam sempre bem dispostos a tal interação.

1.3.Liderança 

A liderança é um processo bem marcante de interação entre grupos. Pode-se dizer que

“a liderança aparece como um fenômeno que se reveste de especial importância,

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 principalmente no contexto esportivo” (SAMULSKI, 2009, p.302). O líder é uma espécie de

ponto de referência no grupo. Esse líder está sempre ciente das condições do grupo e das

metas que ele pretende alcançar, assim como escreve Samulski (2009, p.205):

A liderança é um fenômeno que adquire especial interesse para os profissionais que

orientam grupos sociais no sentido de conseguir o máximo de dedicação e aplicação

em busca de uma meta.

Entretanto, pra se falar em liderança, deve-se defini-la, tarefa que não é muito fácil, pois, os

autores divergem muito sobre seu significado.

Pode-se usar duas formas diferentes pra conceituar a liderança, uma de forma

etimológica, que fala do líder como alguém que usa de seus dons pra cativar e comandar as

pessoas rumo a um ideal que ele almeja e de forma organizacional, que diz que o líder é

alguém que deve comandar o grupo em função de ordens superiores e das finalidades das

ações dos indivíduos. Percebe-se aqui uma dualidade, o líder um tanto mais autoritário e o

líder mais consultivo, que serão falados mais adiante.

Voltando a questão da definição de liderança, talvez ela seja mais bem explicada pela

seguinte afirmação de Barrow (1977, p.232) apud   Weinberg & Gould (2008, p.224) “a

liderança pode ser considerada o processo comportamental de influenciar indivíduos e grupos

na direção de metas estabelecidas”. 

Assim a liderança ganha um cunho mais de influencia do que de autoridade, de

trabalho conjunto do que de trabalho hierarquizado. Assim a escolha do líder é importante,

lembrando que o líder esportivo não é apenas o treinador ou técnico, mas também o capitão.

Essa escolha deve ter duas metas principais, que são: assegurar que as demandas do grupo

sejam atendidas de forma bem satisfatória e assegurar que as demandas da organização

também sejam atendidas.

Para que essa relação entre o líder e os indivíduos do grupo ocorra da melhor forma,

ou seja, de forma efetiva, são necessários uma serie de elementos básicos, pois, como já

escrevia Samulski (2009, p.302) “a posição de líder é um cargo de extrema responsabilidade;

 porém, o maior desafio sempre será exercer a liderança efetiva”. Assim sendo, o líder efetivo

é aquele que consegue estabelecer objetivos e metas concretas, consegue construir um

ambiente social e psicológico favorável, consegue instruir valores, consegue motivar os

membros para o alcance dos objetivos e metas e consegue comunicar-se com os indivíduos.

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Nesse sentido foi criado um modelo de relação efetiva onde se trabalha não só as

características do líder, mas também as dos seus dependentes. Ela parte de quatro premissas,

que Weinberg & Gould ( 2008, p. 238-240) colocam:

  Os fatores situacionais; tamanho do grupo, pressão de tempo e maturidade podem

influenciar ao comportamento diretivo do líder.

  As características dos liderados; dependentes ou autônomos, que tem relação

intrínseca com o próximo elemento.

  Os estilos de liderança; autocrático e democrático. Líderes autocráticos lidam melhor

com grupos dependentes, pois a demanda do grupo é mais diretiva, já os lideres

democráticos trabalham melhor com grupos autônomos, pois, ele dá o espaço

suficiente pra atender a demanda do grupo de participação nas decisões.

  As qualidades do líder; que podem ser de empatia e de comunicação.

Outro fator importante que deve-se conceituar aqui são os conceitos de liderança. Até

agora tem-se falado apenas de liderança autocrática e democrática, mas também há a

liderança situacional. Cada uma difere em seu método de atuação e a característica intrínseca

do líder.

Na liderança autocrática ou autoritária, o líder tem o poder exclusivo, ou seja, não se

permite a participação dos outros membros do grupo na tomada de decisões e na condução do

mesmo aos seus objetivos, sendo comparado a um monarca ou um ditador, as vezes. Já na

liderança democrática ou social-integrativa, o líder distribui as responsabilidades e permite a

participação dos membros do grupo na tomada de decisão, ou seja, um estilo mais aberto,

mais participativo.

Já a liderança situacional, surgiu de uma demanda onde se viu que não bastavam ter

apenas lideres autocráticos ou democráticos, pois, em determinadas situações que se pedia um

estilo diferente, esses lideres se saiam mal. Assim foi criado um estilo de liderança em que o

líder se adapta ás demandas da situação, podendo variar entre autocrático e democrático ou

ate mesmo conciliar os dois.

Outro fator importante da liderança é o comportamento do líder. Esse comportamento

passa por três tipos: os requeridos, os preferidos e os reais. Os comportamentos requeridos são

uma demanda sobre o tipo de comportamento esperado do líder, como uma expectativa do seu

papel. Os comportamentos preferidos, por sua vez, são uma demanda vinda diretamente dos

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membros do grupo, onde eles dependendo da ocasião preferem que o líder haja de certa

forma, que mais os agrade e os motive. Já os comportamentos reais do líder são simplesmente

a estrutura que ele exibe na realidade, ou seja, se ele é autoritário, “bonzinho” ou atencioso.

Nesse intuito alguns teóricos separaram um grupo de qualidades que o líder deve

exibir, onde se destacam dez principais: a integralidade, a flexibilidade, a lealdade, a

confiança, responsabilidade, a franqueza, a preparação, a desenvoltura, a autodisciplina e a

paciência.

Na integridade se prima uma estrutura de poder leve, assim como na flexibilidade,

que também afirma que as tradições devem ser quebradas, deve se primar o novo. Na lealdade

o líder deve conduzir o seu grupo ao trabalho de equipe.

Na confiança deve-se atribuir responsabilidades aos membros do grupo, demonstrando

que eles têm a capacidade. Na responsabilidade se fala da responsabilidade do líder em si,

onde ele assuma todas as variáveis.

Com a franqueza, deve-se passar a mensagem exatamente como ela é, independente de

como o individuo a queira receber naquele momento. A preparação diz respeito ao preparo do

líder para lidar com todas as contingências, tanto as esperadas quanto as não. Na desenvoltura

se fala da capacidade de resistência do líder.

Na autodisciplina se fala de métodos de competição que melhorem os resultados,

como dedicação e treinamento árduo. Por fim e não menos importante fala-se de paciência,

que em si é mais rara e valiosa, principalmente quando o grupo atua mal.

Todos esses aspectos de liderança falados até agora trazem conseqüências para o

grupo, sendo que essas são sempre almejadas pelos lideres. Nesse grupo de conseqüências

encontra-se a satisfação dos membros do grupo, que pode ser vista como o feedback dos

membros pelas ações do líder. Também tem-se a coesão, que é conquistada por líderes menos

autoritários e mais apoiadores. Pode-se notar também um aumento na motivação intrínseca,

conseqüência de líderes mais democráticos e que possuem um estilo mais consultivo.

Mas talvez a conseqüência mais desejada pelos lideres seja a melhora no desempenho,

que em muitas pesquisas é demonstrada como reflexo das ações dos lideres. Lideres que agem

de forma mais coesa com o grupo, possuem níveis de desempenho do grupo mais eficazes.

Logicamente que essas conseqüências podem variar de acordo com os estilos adotados pelo

líder, ou seja, podem ser ruins também.

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Enfim, a liderança é um aspecto importante na interação grupal, ainda mais no

contexto esportivo, pois, a forma com que os lideres atuam sobre os membros do grupo,

determinam o tipo de interação e o tipo de atuação do mesmo. Essa relação da liderança com

a interação grupal se dá de forma que o individuo (líder) interage de forma direta com os

indivíduos (grupo) formando opiniões, as discutindo e buscando resultados.

1.4.Comunicação

Talvez o mais importante processo de interação grupal, a comunicação exerce função

muito forte sobre o grupo. Uma mensagem passada de forma errada por um membro do grupo

pode desencadear efeitos indesejáveis. O mesmo acontece no esporte, um time de futebol

muitas vezes necessita de que seus jogadores troquem informações o tempo todo, sobre

posicionamento, outros jogadores, jogadas e até mesmo sobre as mensagens do técnico. Essas

informações podem chegar por meio da fala, de gestos e do olhar.

Mas para se continuar falando sobre comunicação deve-se conceituá-la de forma que

facilite o entendimento. Littlejohn (1999) apud Samulski (2009, p.336) afirma que:

A comunicação é um dos aspectos mais complexos da vida. Ela é fundamental para

todo ser humano e o distingue dos outros animais, a partir do momento em que ele é

capaz de se comunicar em alto nível e dar significado a suas experiências diárias.(LITTLEJOHN apud SAMULSKI, 2009, P.336)

No contexto esportivo ela pode ser definida como uma troca de mensagens de variadas

formas, que deve vir da troca de experiências e da aquisição das mesmas pra busca de um

objetivo. Assim sendo, ela é usada para a troca de informações sobre a atividade desenvolvida

pelo grupo, para que os objetivos dos membros e do grupo sejam atendidos.

Essa comunicação ocorre por meio de uma seqüência definida de aspectos

apresentados por Laios & Theodorakis (2001) apud Samulski (2009, p.338) sendo que estes

ocorrem em quatro partes:

  Emissor; que é a pessoa que começa ou lidera o processo de envio de informação.

  Mensagem; é a informação, sugestão, direção ou ordem vinda do emissor e que deve

ser entendida por completo.

  Canal de comunicação; que é a forma com que a informação é transmitida, ou seja,

pode ocorrer de forma verbal, não verbal, escrita sonora e etc. Esse canal deve ter uma

grande capacidade, deve ser flexível e essa informação deve ser de fácil duplicação.

  Receptor; que é a pessoa ou o grupo para o qual a informação foi enviada.

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Alem disso a comunicação possui também alguns objetivos específicos para com os

receptores, sendo o objetivo de persuadir, de avaliar, de informar, de motivar e de solucionar

algo.

Pode-se dizer também que “a comunicação ocorre de duas formas básicas: interpessoal

e intrapessoal” (WEINBERG & GOULD, 2008, p 248). A comunicação interpessoal envolve

no mínimo duas pessoas, uma que envia a informação tentando afetar alguém e a outra que

recebe a informação, que pode interpretá-la sobre o seu ponto de vista. A intrapessoal ou

dialogo anterior é aquela fala que se direciona a si mesmo, muito importante para moldar e

prever o modo de se atuar na comunicação.

Existem ainda aqueles que separam a comunicação em mensagens verbais e nãoverbais, sendo que as primeiras são as mensagens faladas e as outras são um montante de

características corporais que podem indicar algo. A aparência física, por exemplo, diz respeito

a primeira impressão que se tem de alguém, ou seja, uma mensagem não verbal clara. A

postura já diz respeito ao estado emocional com que a pessoa se encontra. Os gestos também

transmitem mensagens, as vezes mesmo sem as pessoas quererem.

A posição do corpo também envia mensagens, assim como o toque. A expressão facial

talvez seja a mensagem não verbal mais usada e mais entendida, assim como o tom de voz.

Um aspecto importante da comunicação no contexto esportivo é a comunicação

efetiva, entendida por Samulski (2009, p.345) como o ato de fazer perguntas, estimular a

expressão e saber ouvir.

Assim pode-se dizer que para o envio de mensagens efetivas deve-se ser direto,

assumir as próprias mensagens usando termos como “eu” e “meu”, ser completo e especifico,

ser claro e coerente, demonstrar as necessidades e os sentimentos de forma clara e com

coerência, separar os fatos e as opiniões, sempre falar sobre um assunto de cada vez,

transmitir a mensagem imediatamente, ter um propósito certo na mensagem, demonstrar

suporte, ser consciente das mensagens não verbais, reforçar a mensagem com repetição, usar

linguagem apropriada e buscar um feedback de que sua mensagem foi bem entendida.

Já para se receber mensagens de forma efetiva deve-se fazer contato visual, fazer

acenos positivos com a cabeça, tentar usar expressões faciais adequadas, não fazer gestos

distraídos, fazer perguntas, parafrasear o que foi dito, na interromper quem passa a

mensagem, não falar exageradamente durante o recebimento da mensagem e se possível

conseguir algumas transições suaves dos papeis de orador e ouvinte.

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Outros aspectos importantes para o recebimento de mensagens efetivamente são as

escutas ativa, de apoio e consciente. A escuta ativa acontece de forma com que o receptor da

mensagem presta atenção nas idéias importantes, acusa o seu recebimento e responde de

maneira adequada ao orador. A escuta de apoio deve ser direcionada por comportamentos de

apoio, como, balançar a cabeça afirmativamente, se demonstrar presente, e olhar diretamente

para o orador. E por fim a escuta consciente consiste na flexibilidade do receptor quanto aos

problemas que ele pode enfrentar na comunicação.

Assim pode-se afirmar que a comunicação é um dos mais, se não o mais importante

aspecto da interação grupal no contexto esportivo, sendo que ela direciona os outros aspectos,

direciona o grupo e permite que o grupo interaja de forma mais adequada ao contexto e na

busca do seu objetivo.

2.Metodologia

2.1.Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica [...] trata-se de um levantamento de toda a bibliografia já

publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua

finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito

sobre determinado assunto. (LAKATOS, 1990, p.43).

O presente trabalho foi realizado com base em três livros de psicologia do esporte,

sendo eles: Manual de Psicologia do esporte e exercício de Benno Becker Jr.; Psicologia do

esporte: conceitos e novas perspectivas de Deitmar Samulski e Fundamentos psicologia do

esporte do exercício de Daniel Gould e Robert S. Weinberg, frisando sempre o contexto de

interação grupal no esporte.

Esses livros eram todos de psicologia do esporte, sendo dois de autores nacionais e um

de um autor internacional. Primeiro delimitou-se o tema, depois se verificou a literatura

disponível sobre o assunto e logo após se começou a conceituar o tema.

Entende-se que o tema é de grande importância e de grande interesse dos

pesquisadores, pois, a interação entre os indivíduos, de certa forma, ajuda na boa socialização

dos mesmos e como praticamente todos fazem parte de uma sociedade, entendemos que é

importante essa interação e que talvez a forma mais fácil de entendê-la seja no esporte, onde

os grupos se formam muitas vezes naturalmente.

2.1.1. Vantagens e desvantagens

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A vantagem de se usar a pesquisa bibliográfica é a disponibilidade de material que já

existe sobre o assunto, mostrando assim que o tema é de interesse de alguém. A desvantagem

é que ela limita o pensamento ao pensamento de outros autores, não deixando espaço para

colocar o próprio pensamento.

2.2.Fichamentos

“A ficha sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do assunto, ocupa pouco

espaço e pode ser transportado de um lugar para outro. Até certo ponto, leva o individuo a pôr

ordem no seu material”. (LAKATOS, 1990, p.48) 

Foram feitos fichamentos em três modalidades, o bibliográfico, de resumo e de citação

no intuito de ajudar a sintetizar todo o trabalho.

2.2.1. Vantagens e desvantagens

A vantagem de se usar fichamentos é que se pode organizar algumas partes do com

antecedência, sem contar que elas são de fácil manipulação. Porem a desvantagem é de que o

fichamento de citação é difícil de colocar no trabalho, pois, o mesmo deve ser desenvolvido

de acordo com a proposta do fichamento, para que não haja nenhum tipo de erro.

3.Considerações Finais

Assim pode-se concluir que para haver a interação nos grupos esportivos há a

necessidade de uma troca de informações entre duas ou mais pessoas com o intuito de efetivar

um objetivo. Entende-se também que essa interação pode ser influenciada por características a

comunicação e os fatores de liderança, podendo influenciar ainda na coesão do grupo. Assim

 já dá pra se ter um panorama, mesmo que pequeno e centrado em grupos esportivos, de

interação grupal e de como ela se desenvolve.

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______. Informação e documentação  –   trabalhos acadêmicos  – apresentação: NBR 14724.

Rio de Janeiro: ago. 2002.

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esporte e exercício. Porto Alegre: Novaprova, 2000.

LAKATOS, Eva Maria. Pesquisa bibliográfica.  In: LAKATOS, Eva Maria. Metodologia dotrabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório de

pesquisa, publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1990.

______. Revisão bibliográfica.  In: LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalhocientífico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório de pesquisa,

publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1990.

SAMULSKI, Deitmar . Liderança.  In: SAMULSKI, Deitmar. Psicologia do esporte:

conceitos e novas perspectivas /Deitmar Samulski. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2009.

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WEINBERG, Robert S, GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e doexercício; tradução Cristina Monteiro. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.