Artigo mario ernesto
Click here to load reader
-
Upload
thiago-turbian -
Category
Documents
-
view
132 -
download
1
Transcript of Artigo mario ernesto
artigo
50
O World Economic Fórum reúne-se em Davos cinco me-ses antes do encontro programado para o Rio de Ja-neiro, que vai retomar os temas sobre sustentabilidade
discutidos em 1992, e as limitadas medidas tomadas desde então.Reunindo as principais lideranças econômicas, políticas e sociais
do mundo, o WEF assumiu a responsabilidade de colocar a susten-tabilidade de nosso planeta entre suas prioridades, pois os presentes ao tradicional encontro em Davos podem contribuir – e muito – para melhorar as condições gerais de atuação privada e governamental.
A sustentabilidade, como um conceito mais abrangente, envol-ve aspectos econômicos, sociais, ambientais e políticos que afe-tam a vida das pessoas de hoje e o futuro dos que nos sucederão. Isso implica em trabalhar ao mesmo tempo para reduzir os riscos e problemas ambientais, a miséria e a má distribuição de renda, educação, saúde, habitação, as questões financeiras e econômicas e a liberdade, temas todos interligados, embora recebendo muitas vezes abordagens apenas em um aspecto.
A sociedade vem evoluindo de forma mais rápida do que suas lideranças políticas e econômicas na percepção e busca de mu-danças. Os recentes movimentos da chamada Primavera Árabe, as contestações aos excessos de ganância financeira que levaram o mundo à atual crise, a busca de formas mais limpas de produzir energia e de alimentos mais saudáveis são iniciativas que têm par-tido da sociedade e não das lideranças estabelecidas.
Todos os temos responsabilidade de trabalhar para a melhoria geral das condições dos demais e pela manutenção do meio ambiente, de modo a assegurar a qualidade de vida da atual e das futuras gerações. E certamente as lideranças reunidas em Davos têm parcela maior des-sa responsabilidade, pela competência e poder que detêm.
O documento Cuidando do Planeta Terra (Caring for the Ear-th), preparado pela UICN, WWF e PNUMA para a Rio 92, cuja edição em português foi de nossa responsabilidade, traz algumas indicações que foram parcialmente implementadas e continuam válidas 20 anos depois. Dele extraímos ações dirigidas especifica-mente à área de negócios:
1 - Promover a sustentabilidade por meio do diálogo entre in-dústria, governo e movimento ambiental
2 - Adotar altos padrões de desempenho ambiental, amparados por incentivos econômicos
3 - Fazer com que cada unidade do setor produtivo assuma com-promisso com a sustentabilidade e a qualidade do meio ambiente
4 - Identificar as indústrias que lidam com elementos perigosos, localizá-las e controlá-las com rigor
5 – Desenvolver sistemas eficientes, nacionais e internacionais, de administração de resíduos
6 – Assegurar que a indústria baseada em recursos naturais use esses recursos de forma econômica.
Tomando essas ações como referência é possível concluir que houve progressos significativos nos 20 anos seguintes à edição do documento. Mas, como se viu recentemente, por exemplo, com os problemas de vazamento de petróleo e de radioatividade, ainda há muito caminho a trilhar para uma situação mais equilibrada entre crescimento econômico, meio ambiente e atenção às pessoas.
Vale também destacar a seguinte observação da publicação Cui-dando do Planeta Terra, em relação às lideranças do mundo dos negócios: “O setor empresarial deve fazer da ética da vida sustentá-vel parte integrante de suas metas, atentando para que suas práticas, processos e produtos sejam regidos pela conservação da energia e de recursos, e tenham impacto mínimo nos ecossistemas”.
Embora esse conceito esteja bastante difundido e sua aplicação venha crescendo com bons exemplos ainda há bastante a evoluir, pois em muitas organizações ele ainda é aplicado apenas parcial-mente ou de modo cosmético na gestão empresarial, tanto no que se refere às questões ambientais, como sociais. Uma empresa sus-tentável precisa identificar em sua política geral e em cada uma de suas ações qual o impacto social, econômico, político e ambiental decorrente, independente do que dizem as leis. Trata-se de uma questão ligada à ética empresarial da organização, que transcende às exigências legais. Só assim, uma organização pode considerar que adota uma gestão sustentável.
SuStentabilidade do WeF à Rio+20
Mario ErnEsto HuMbErgConsultor e palestrante de ética empresarial,
mudanças empresariais e gestão de crises, é presidente da CL-A Comunicações,
Coordenador do PNBE Pensamento Nacional das Bases Empresariais e Conselheiro da ADVB.