ARTIGO: Diálogo Desenho – “O Homem Vitruviano”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN 2013-1 Análise da exposição “Diálogo Desenho: O Homem Vitruviano” (Analysis of the exhibition "Dialogue Design: The Vitruvian Man) Autores Alessandra Pantaleão Dirscherl - [email protected] Fernanda Vilela Martins Parreira - [email protected] Jéssika Fernandes Parreira - [email protected] Luanny Silva de Souza - [email protected] Paula Barcellos Vasconcelos – [email protected] Resumo O artigo consiste em uma descrição e uma análise da performance da obra “Homem Vitruviano”, feito pelo grupo Empreza de Goiás que foi realizado no Museu Universitário de Arte (MUnA), está análise deriva de um seminário apresentado na matéria de análise da forma da faculdade de arquitetura e urbanismo da UFU. Uma obra que compõe o projeto, Diálogo Desenho, que pretende reunir obras de artistas de Goiás. Para análise dessa obra foi relatado as percepções que se tem da obra ao vê-la, sem saber do que se tratava inicialmente, de caráter mais empírico e uma análise mais aprofundada baseada na relação com o texto A informação estética e a outra” de Teixeira Coelho. Palavras-chave: Homem Vitruviano, performance, imperfeição, materialidade, essência Abstract The article consists of a description and analysis about the performance of the work "Vitruvian Man", made by the Group Empreza Goiás which was made at the University Museum of Art (MUNA), is derived from analysis of a seminar presented in the “analysis of the shape” of college of architecture and urbanism of the UFU. A work that makes up a project, Dialogue Design, that aims to bring together works by artists from Goiás. For analysis of this work was reported perceptions of the work that has to see it, without knowing what it was initially, of a more empirical and

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ARQUITETURA, URBANISMO E DESIGN

2013-1

Análise da exposição

“Diálogo Desenho: O Homem Vitruviano”

(Analysis of the exhibition "Dialogue Design: The Vitruvian Man)

Autores Alessandra Pantaleão Dirscherl - [email protected]

Fernanda Vilela Martins Parreira - [email protected]

Jéssika Fernandes Parreira - [email protected]

Luanny Silva de Souza - [email protected]

Paula Barcellos Vasconcelos – [email protected]

Resumo O artigo consiste em uma descrição e uma análise da performance

da obra “Homem Vitruviano”, feito pelo grupo Empreza de Goiás que foi

realizado no Museu Universitário de Arte (MUnA), está análise deriva de um

seminário apresentado na matéria de análise da forma da faculdade de

arquitetura e urbanismo da UFU. Uma obra que compõe o projeto, Diálogo

Desenho, que pretende reunir obras de artistas de Goiás. Para análise

dessa obra foi relatado as percepções que se tem da obra ao vê-la, sem

saber do que se tratava inicialmente, de caráter mais empírico e uma

análise mais aprofundada baseada na relação com o texto “A

informação estética e a outra” de Teixeira Coelho.

Palavras-chave: Homem Vitruviano, performance, imperfeição,

materialidade, essência

Abstract The article consists of a description and analysis about the

performance of the work "Vitruvian Man", made by the Group Empreza

Goiás which was made at the University Museum of Art (MUNA), is derived

from analysis of a seminar presented in the “analysis of the shape” of

college of architecture and urbanism of the UFU. A work that makes up a

project, Dialogue Design, that aims to bring together works by artists from

Goiás. For analysis of this work was reported perceptions of the work that

has to see it, without knowing what it was initially, of a more empirical and

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further analysis based on its relation with the text "the aesthetic information

and others" of Teixiera Coelho.

Keywords: Vitruvian man, Performance, imperfection, materiality, essence

1. Introdução

A performance do “Homem Vitruviano”, no Museu Universitário de

Arte, foi realizada pelo Grupo Empreza, de Goiânia - GO, juntamente com

mais nove artista compõe um trabalho chamado “Diálogo Desenho”, que

visa expor trabalhos de artistas de Goiás. Os trabalhos como um todo tem

o intuito de promover estratégias, diálogos e discussões do desenho na

atualidade. A performance que dá origem a obra foi feita da seguinte

maneira, os artistas, um homem e outras duas pessoas, o homem com

roupas sociais primeiro se despe, deixa as roupas de lado e se coloca

contra a parede de forma que quando um foco de luz se coloca nele

uma projeção de seu corpo se forma na parede, a partir disso as outras

duas pessoas, também vestidas com traje social se aproximam e cortam o

dedo do homem e com o sangue que dele desenham o contorno do

mesmo a partir da sombra que se projeta na parede, assim deixam

marcado a sangue na parede o contorno da projeção que por sua vez

pertence ao homem.

Os próprios artistas descrevem a performance como uma forma de

questionar o que é imposto pela sociedade para os indivíduos, que é o

que a sociedade e a mídia divulgam como sendo a perfeição, o que eles

contestam é essa questão do homem perfeito, que é o homem vitruviano

de Leonardo Da Vinci, já que Leonardo Da Vinci coloca o homem com as

medidas do corpo de acordo com uma proporção áurea que seria a

ideal para os conceitos da época que vivia, o mais adequado e atraente

aos olhos.

2. Referencial teórico-conceitual

O texto de João Teixeira Coelho Netto trata de um problema

pertinente, a diferenciação entre o conhecimento estético e o semântico.

Como o próprio autor trata no texto, não existe uma separação nítida

entre os dois, mas pode distingui-los de maneira geral. A informação

semântica seria o conhecimento pela razão, previamente codificado. Já

a informação estética seria o conhecimento pelos sentidos, emocional,

que pode pretender significar. Assim, uma obra de arte transmite algo e

ela esta atribuida a uma informação estética.

De acordo com João Teixeira Coelho Netto, a necessidade do

homem em se expressar é tão importante quanto às outras. Como muitas

obras pretendem passar o sentimento do artista, ela pode ter significados

obscuros ou claros (COELHO NETTO, 2011), ou seja, que seu significado

pode ser algo mais claro e de fácil apreensão do observador, ou algo

mais difícil de entender, necessitando de uma análise mais profunda.

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A primeira impressão do grupo, ao se deparar com a obra, foi a

lembrança do homem vitruviano, em razão da posição dos braços

pintados na parede. Ao olhar mais de perto, percebe-se que os traços

feitos não são contínuos, se assemelhando com desenhos e traços infantis.

Obras de arte permitem que a cada vez que a olhamos

atentamente seja possível abstrair algo novo, “Já a informação estética

não é passível desse esgotamento. Quanto maior for a taxa de

informação de uma mensagem estética, mais variadas serão as

abordagens por ela permitidas” (COELHO TEIXEIRA, 2011, p. 171). Assim, a

informação estética pode ter variação quanto a seus receptores, como

também pode variar para um mesmo receptor em momentos diferentes

de sua vida.

Outra questão fundamental é que na informação estética o

conhecimento prévio não atrapalha na transmissão de sua mensagem,

somente contribui para um maior rendimento. Devido a isso, uma obra de

arte pode carregar consigo diferentes entendimentos, quanto mais

informação acrescentada pelo artista maior será a compreensão do

observador.

Vale também ressaltar a relação dos códigos particulares, pois uma

informação semântica pode ser facilmente traduzida de um código para

outro, mas a informação estética não é cabível dessa tradução plena,

pois nela contém especificidade do seu código e do código particular de

cada pessoa que interpretará essa informação.

3. Materiais e métodos

O que se pretende analisar é a obra (O Homem Vitruviano) que se

resultou da performance, por essa razão ela foi analisada pessoalmente

no MUnA e consequentemente, foram feito registros fotográficos para

serem também analisados posteriormente. Tem-se também como base o

texto de João Teixeira Coelho Neto, como forma de melhor embasar a

compreensão dos vários significados a serem transmitidos pela obra,

relacionando-os com os aspectos semânticos e estéticos discutidos pelo

autor.

Ou seja, de modo geral, a análise desse trabalho tem por método a

utilização de referências textuais e recursos gráficos para extrair todas as

possíveis informações e interpretações relacionadas à performance e ao

que se resultou dela.

4. Discussão e análise dos resultados

A partir da abordagem sobre o homem vitruviano, o grupo refaz o

desenho ideal, com o sangue do artista, das proporções áureas, a partir

do corpo humano contemporâneo, mostrando que diferente dessas

proporções ideais e do padrão que a sociedade impõe como perfeito,

todo ser humano tem suas imperfeições. Então, essa performance

contesta os padrões ideias da atualidade.

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O corpo com medidas perfeitas agora são contestadas, e os riscos

do sangue dos artistas mostram os contornos, as dimensões e as formas

desse homem imperfeito que somos.

Ao final da performance, o artista sai nu, deixando suas roupas para

trás, mostrando sua naturalidade e abandono da materialidade, o que

pode-se deduzir que, o que realmente importa é a essência do ser.

O uso do sangue em si também representa esse caráter individual,

pois o sangue é um elemento intrínseco a cada um, nele carregamos

nossa essência e particularidades que nos diferem de qualquer outro ser

humano.

A obra não só discute às questões relacionada à perfeição em si,

mas também simboliza (com a realização dos cortes nos dedos e uso

desse sangue) a dor e o sofrimento existentes nesse processo de busca

pela perfeição e/ou libertação desses padrões, exemplificando através

desse ato todas as formas mais pessoais de desconforto ou sofrimento

sofrido pelas pessoas perante uma sociedade regida por padrões pré-

estabelecidos.

Vale também analisar a forma como o artista transmite essa

discussão, pois através de uma performance física ele consegue provocar

estranheza e uma experiência de certa forma “sensorial” resultante do

processo de marcar sua sombra na parede com o sangue obtido com o

corte de seus dedos. Nisso entra-se em mais uma reflexão sobre a

compaixão que acaba sendo direcionada ao mesmo devido à situação

ao qual ele é exposto, o que podemos relacionar com as relações que as

pessoas acabam estabelecendo com as outras diante de uma situação

de sofrimento.

5. Considerações finais

Esta obra permite imensos significados, tanto para os que assistiram

à realização da performance, quanto para os que se depararam apenas

com a figura na parede resultante dela. E, assim como discute Coelho

Teixeira, o próprio título da obra - “O Homem Vitruviano” - amplia o leque

possível de interpretações, pois se relaciona a um elemento já existente e

de caráter conceitual extremamente forte e relevante.

Com a análise dessa obra, percebe-se a intenção dos autores em

discutir e questionar a busca pela perfeição ao associar a projeção da

parede à um símbolo do ideal de beleza e proporções perfeitas, e o

sofrimento existente para atingí-la ao usar o sangue como forma de

registrar as formas desse homem “imperfeito”. Compreende-se como uma

reflexão do que se é imposto pela sociedade e como o indivíduo se

coloca diante disso, tendo no sofrimento a busca pela sua libertação e

alcance de uma existência mais plena.

6. Referências

COELHO NETTO, João Teixeira. A informação estética e a outra..In:

Semiótica, Informação e Comunicação: diagrama da teoria do signo. Ed.

São Paulo: Perspectiva, 2011.