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ARTIGO: COMO ENFRENTAR A INDISCIPLINA NA ESCOLA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Curso de Psicopedagogia 2013 Aluna: Catia Luciane Sandri Orientadora: Jurândi Serra Freitas Curitiba, 2014

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ARTIGO: COMO ENFRENTAR A

INDISCIPLINA NA ESCOLA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Curso de Psicopedagogia

2013

Aluna: Catia Luciane Sandri

Orientadora: Jurândi Serra Freitas

Curitiba, 2014

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COMO ENFRENTAR A INDISCIPLINA NA ESCOLA

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RESUMO

Este artigo apresenta um estudo sobre os motivos da indisciplina escolar que tem se manifestado com frequência na escola, sendo um dos maiores obstáculos pedagógicos do nosso tempo. A maioria dos docentes não sabe como enfrentar um ato de indisciplina que está relacionada à desordem, no desrespeito referente a normas de conduta e à falta de limites, geralmente centralizada no aluno e nas suas relações durante o seu cotidiano escolar. Serão expostos os aspectos diferentes à indisciplina no âmbito escolar, questão esta que tem tomado dimensões agravantes, já que é constante o aumento do índice dessa problemática. Este artigo está baseado na investigação por pesquisa bibliográfica de campo e por meio de questionários, diálogos com professores e alunos do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora da Conceição do Ensino Fundamental (6º ano ao 9º ano) e do Ensino Médio (1º série ao 3º série), sendo composta por 375 alunos, onde contribuiu para a melhor compreensão das possíveis causas do ato de indisciplina no contexto escolar. Com base na pesquisa realizada pretendo apresentar algumas contribuições do estudo da indisciplina escolar, destacando a perspectiva de alunos e professores, que revela não somente as concepções próprias de indisciplina escolar, mas também a fragilidade e a inconsciência de determinadas práticas pedagógicas exercidas pelos professores.

Palavra-chave: Indisciplina, cotidiano escolar, alunos.

Aluna do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia na Universidade Tuiuti do Paraná. Artigo apresentado como trabalho de conclusão de Curso de Pós- Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná.

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INTRODUÇÃO

A indisciplina permanece, sendo um dos maiores problemas pedagógicos

enfrentados pelos professores na escola. Como afirma Aquino (1996), “Há muito

tempo os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular

no cotidiano das escolas brasileiras, para se tornarem um dos maiores obstáculos

pedagógicos dos dias atuais” (p. 09).

A indisciplina consiste num dispositivo e num conjunto de regras de conduta

destinada a garantir diferentes atividades num lugar de ensino. Ela nos permite

entrar na cultura da responsabilidade e compreender que as nossas ações têm

consequências. O problema não é o respeito que se deve à criança, e sim o medo

que os adultos têm em estabelecer limites e regras, porque a autoridade é

confundida com autoritarismo e a maior reclamação dos pais, dos professores e dos

adultos em geral.

O trabalho docente é uma das tarefas mais difíceis de realizar, uma vez que

implica a formação de cidadãos que pensem com amplidão de critérios e saibam

fazer uma leitura inteligente das dificuldades do momento histórico em que vivem.

Observa-se que o comportamento do aluno no ambiente de ensino é refletido

através das formas e experiências vividas no meio familiar e social.

O objetivo deste artigo é apresentar uma análise a respeito da indisciplina e

sua realidade dentro do ambiente escolar, buscando nesta perspectiva analisar o

comportamento do aluno presente no dia a dia da escola, em que educadores são

os participantes e quais as dificuldades encontradas pelos professores diante de tal

comportamento em sala de aula.

Este artigo apresenta uma reflexão sobre os motivos e sentidos da

indisciplina escolar na perspectiva de aluno. Através do método referente à pesquisa

bibliográfica e documental relacionadas à indisciplina e também levantamentos de

dados empíricos por meio de pesquisa de campo, utilizando–se de questionários

entregues a professores e alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, nas

séries finais no Município de Campo Magro. Esses alunos possibilitaram perceber

que eles tinham uma perspectiva sobre indisciplina escolar e que investigá-la seria

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importante para o avanço da compreensão dos processos e das intencionalidades

que estão por detrás das expressões de indisciplina.

COMO SURGEM OS PROBLEMAS DE INDISCIPLINA

Os problemas de indisciplina traduzem de diferentes maneiras. Por meio de

condutas como: rejeitar a aprendizagem, faltar à aula, não levar os materiais

escolares ou não fazer tarefas, e ainda os problemas de indisciplina podem se

manifestar através de condutas que o aluno tem em sala de aula para chamar a

atenção do professor como: ficar em pé frequentemente interrompe o professor

varias vezes. Essas atitudes são incômodas e desagradáveis, tanto para o professor

quanto para os outros alunos e em casos extremos, aparecem condutas agressivas

do aluno.

A indisciplina não é um fenômeno estatístico nem abstrato que mantém

sempre as mesmas características, é necessário questionar o grau de participação

da escola na causa da indisciplina, e não assumir a posição ingênua e autoritária

que sugere, sem fundamento algum, que o problema reside e se origine na atitude

do estudante. Se o objetivo for à formação de um aluno crítico, capaz de pensar e

intervir na realidade social e exercer assim uma conduta cidadão, o exercício do

pensamento crítico na escola pode tomar a forma de condutas de rebelião e criar

situações de conflito com as quais os professores não estão suficientemente

preparados para lidar. Nesse caso podemos nos perguntar se estamos diante de

uma indisciplina ou de uma consciência social em formação e se quisermos que os

alunos avancem no sentido da cidadania, é necessário que preparemos o nosso

aluno para pensar e resolver conflitos.

A inquietação com relação à conduta dos jovens de hoje e à perda da boa

educação não é nova nem específica de um determinado país, pois a afirmação de

que os jovens de hoje pensam apenas em si próprios e que não têm respeito por

seus pais ou pelas pessoas mais velhas, ainda que pareça atual, foi enunciado a

muito tempo. Sendo que nas últimas décadas, surgiram novos olhares teóricos que

superaram a visão comportamentalista ou ainda os equívocos na compreensão da

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proposta da escola nova, que entende a ação disciplinar como promotora da

liberdade e da autonomia dos estudantes:

“A disciplina consiste em um conjunto de regras de condutas destinadas a garantir diferentes atividades em um lugar de ensino. A indisciplina não é um conceito negativo; ela permite, autoriza, facilita, possibilita. A indisciplina permite entrar na cultura da responsabilidade e compreender que as noções têm cosequências. Quem olha para a indisciplina como algo negativo não entende o que é. Ser indisciplinado não obedecer cegamente; é colocar a si próprio as regras de conduta em função de valores e objetivos que se quer alcançar”. (PARRAT DAYAN, 2008, p. 8)

Em consequência desse avanço, a forma de se interpretar a indisciplina

escolar evoluiu, conforme nos mostra Garcia (1999, p.102):

“De um lado, é possível situá-la no contexto das condutas dos alunos nas diversas atividades pedagógicas, seja dentro ou fora da sala de aula. Em complemento deve-se considerar a indisciplina sob a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola, na relação com seus pais e com profissionais da educação, no contexto do espaço escolar. É preciso pensar no contexto do desenvolvimento cognitivo dos estudantes, sob esta perspectiva, define-se indisciplina como a incongruência entre os critérios e expectativas assumidos pela escola em termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamento cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes”.

Segundo as palavras do autor citado Garcia, a indisciplina escolar tem

múltiplos fatores capazes de desencadeá-la, contrapondo a ideia tradicionalmente

difundida que culpa o aluno como o único e exclusivo responsável pelo seu

aparecimento. Nesse sentido podemos inferir que a indisciplina deixa de ser vista

como simples problema de comportamento discente e passa a ser entendida como

uma discrepância entre os anseios da comunidade escolar no que se refere ao

desenvolvimento global dos alunos e às posturas assumidas diante a aprendizagem.

Esta pesquisa não deseja apenas explicar o panorama atual ou mesmo

justificar, pelo contrário, foi realizada com vistas a promover uma reflexão sobre as

práticas disciplinares de modo que influenciassem as transformações na realidade

vigente. Nesse sentido, as mudanças somente poderão ocorrer se empreendidas a

partir da conscientização e participação dos estudantes no estabelecimento das

regras que nortearão a vida na escola e fora dela.

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OS EFEITOS DA INDISCIPLINA ENTRE PROFESSOR E ALUNO

Se a indisciplina produz efeitos negativos em relação à socialização e

aproveitamento escolar dos alunos, ela produz igualmente efeitos negativos em

relação aos docentes. O tempo que o docente perde na manutenção da disciplina, o

desgaste provocado pelo trabalho num clima de desordem, a tensão provocada pela

atitude defensiva, à perda do sentido da eficácia e a diminuição da autoestima

pessoal levam a sentimentos de frustração e desânimo e a o desejo de abandono da

profissão. Os principais problemas a indisciplina dos alunos e a agressão física aos

professores colocam em evidência a preocupação e desgaste dos professores

quanto aos efeitos cumulativos da perturbação das suas aulas por comportamentos

triviais mais persistentes. Com efeito, a indisciplina, como cita Blasé (1986), “Ao

quebrar as normas da aula e da escola, interfere altamente no processo pedagógico,

além de afetar a aprendizagem do aluno, tira o tempo útil do professor,

comprometendo o seu desempenho escolar e obriga-o a desempenhar papéis que

ele não gostaria de fazer, sendo que a fadiga e outras perturbações

psicossomáticas,são os sentimentos de fracasso do adulto que se vê ultrapassado

por um grupo de profissionais que vem se atualizando na sua maneira de dar aulas

mais expositivas saindo do tradicional, onde o aluno se interage melhor na prática de

conhecimentos inovadores”. O que não podemos deixar de refletir na autoimagem

profissional e explica a “conspiração do silêncio”, na Expressão de Lawrence e

colaboradores (1985), que leva o professor a ocultar ou a negar as suas dificuldades

no campo disciplinar.

Hoje o professor tem que ser um técnico dotado de um conjunto de

competências de caráter didático e relacional para além da necessária competência

nas matérias que ensina. No seu período de formação inicial devem começar a ser

adquiridas e treinadas, como reavaliadas e desenvolvidas ao longo da formação

contínua, não esquecendo que o professor deve estar em constante busca de novos

conhecimentos apropriados a serem repassados para seus alunos, modificando

seus métodos de ensino para que o aluno venha a participar de suas aulas com

interesse. Buscar compreender o fenômeno da indisciplina, especialmente na

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relação entre professor e aluno, argumento, como Amado (2001), que a indisciplina

pode ser compreendida como um fenômeno interativo específico dessa relação.

Apresento na sequência, outros teóricos que contribuem para essa análise reflexão

do ato indisciplinar no contexto escolar.

De acordo com Rego (2008), o termo indisciplina pode ser diferenciado,

dependendo de cada indivíduo, de suas vivências e do contexto da situação,

(PARRAT DAYAN, 2008, p. 19) também afirma que o significado do que é disciplina

ou indisciplina pode ser diferenciado dependendo do professor:

[...] para um professor, indisciplina é não ter o caderno organizado; para

outro, uma turma será caracterizada como indisciplinada se não fizer silêncio

absoluto, já para um terceiro, a indisciplina até poderá ser vista de maneira positiva,

considerada sinal de criatividade e construção de conhecimento.

Carita e Fernandes (1999, p. 17) disseram a respeito da diversidade de

entendimentos que decorrem do conceito de indisciplina:

Quando nos reportamos não às significações, mas aos comportamentos, torna-se mais difícil proceder a uma caracterização do que é indisciplina, uma vez que é praticamente impossível estabelecer universalmente quais os comportamentos ou situações concretas merecedoras de tal adjetivação. Este fato que para alguns autores (Hargreaves, 1978), a indisciplina seja vista antes de mais nada como um processo de categorização, de atribuição a alguém ou a uma determinada situação da categoria indisciplinado [...] processo que não é uniformemente protagonizado por professores e alunos, nem mesmo entre os professores.

As autoras completam essa explanação afirmando que é no contexto da

relação pedagógica que o professor categoriza um aluno ou um comportamento

como indisciplina e reconhecem que seja natural ocorrerem entre os envolvidos

tensões e conflitos, visto que cada um possui uma perspectiva, interpreta e realiza

uma leitura da situação. (CARITA; FERNANDA, 1999).

Um conceito de indisciplina que ressalta a importância das expectativas no

processo de interação entre professor e aluno:

[...] indisciplina é uma realidade construída na própria sala de aula, resultante de um processo de interação entre os participantes, professores e alunos, possuindo todos eles expectativas mútuas, percepções e pontos de vista muito próprios de tudo o que acontece com eles e à sua volta. (COHEN;COHEN, 1987; ATKINSON et AL., 1988 apud AMADO, 2001, p.3).

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O professor com sua maneira de pensar, ser, ensinar, possuí expectativas em

relação aos seus alunos, ou seja, espera que discentes se comportem, aprendam e

se relacionem, de acordo com um determinado padrão e quando isso não ocorre,

estes podem ser considerados indisciplinados.

INTERVENÇÃO NO CONTEXTO DE INDISCIPLINA

A finalidade de intervir em situações de indisciplina tem por objetivo não

somente amenizar ou solucionar questões de conveniências entre alunos na escola,

mas atuar na reorganização do desenvolvimento da aprendizagem. A intervenção,

em contexto de indisciplina, pode ser entendida como estratégia de atuação que

integra diversas práticas pedagógicas, que podem partir tanto da organização da

escola quanto do professor em sala de aula. Para Garcia (2011, p. 3), “Intervenção

precisa englobar ações de visão mais ampla, que sejam sensíveis e capazes de

considerar as conexões locais e globais daquilo que ocorre dentro da escola”.

De acordo com Parrot Dayan (2008, p. 84), “Há dois tipos de intervenção

possíveis. As intervenções centradas no meio escolar e as centradas no indivíduo e

sua conduta”. Para essa autora, a intervenção centrada no meio escolar é aquela

em que a equipe de professores e administradores planeja e desenvolve regras

claras.

A prática pedagógica de intervenção no meio escolar é fundamental no que

os professores entendem por contexto de indisciplina, sendo necessário que a

equipe pedagógica coloque em pauta as discussões voltadas à prática pedagógica

de intervenção para que a comunidade reflita sobre essas questões com o objetivo

de amenizar ou até mesmo de solucionar situações de indisciplina na escola.

Na intervenção centrada no indivíduo e na sua conduta, o foco está em

encorajar o aluno e não em reprimi-lo. Trata-se aqui de trabalhar com o aluno

competências cognitivas e condutas educativas. É importante definir regras de grupo

que sejam claras e que possam ajudar o discente a identificar os problemas e

buscar soluções alternativas, onde os alunos tomem consciência das consequências

pessoais e sociais do meio no qual está inserido. (PARRAT DAYAN, 2008, p. 85).

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Outra abordagem de intervenção tem como destaque o trabalho em grupo

que junto com os alunos definem regras claras e aprovadas por todos. Nesse

sentido, de acordo com Tognetta e Vinha (2007, p. 91), “As regras serão entendidas

pelos alunos como uma necessidade e não como imposições de adultos para com

eles”. Ainda para autoras (p. 91), quando as regras elaboradas partem de uma

necessidade do grupo, são tomadas como responsabilidade de todos.

Uma das maneiras de intervir a indisciplina no contexto escolar é acompanhar

na elaboração de um projeto institucional que permita tratar os problemas por meio

de ações que estimulem a convivência entre todos e não apenas melhorar ou

adequar a regulação normativa das relações entre os membros da escola. Toda

proposta de intervenção deve incluir ações de promoção da convivência, pois neste

sentido podemos fazer incluir propostas diferentes na elaboração das normas

escolares por meio de deliberação e da participação de todos, inclusão no programa

escolar de espaços de discussão e análise da convivência, a inclusão de espaços de

encontro e discussão dos interesses da família e da escola, a inclusão de espaços

de intercâmbio entre os alunos onde possam realizar exposições da produção

intelectual, desportiva ou estética.

Se quisermos formar personalidades autônomas devemos favorecer as

relações de cooperação, assim a escola deve ter um ambiente cooperativo e não um

ambiente de obediência ao professor. Ainda que não seja fácil estabelecer um

ambiente escolar livre de autoridade, é possível reduzir a autoridade do adulto a

partir do respeito mútuo, onde os alunos possam participar da organização das

regras e decisões da escola, assim nesse ambiente a repressão unilateral do adulto

não existe mais.

Muitos são os teóricos da educação que pensam que a escola deveria formar

para o aluno se adaptar à sociedade, como pensava Durkhein, “Seja para prepará-lo

para que possa transformar a sociedade, como escreveram diversos autores

partidários da Escola Nova”. Tanto num caso como no outro, trata-se de preparar o

aluno para viver em democracia e fazer tudo o que for possível para que se torne um

cidadão.

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Na escola atual, a capacidade de iniciativa dos alunos é reduzida, o professor

é aquele que tem autoridade e o aluno é aquele que executa o que dizem para ele

fazer, além do mais não é a escola que não ajuda o aluno a ter responsabilidades e

iniciativas, a família nada faz para que isso possa acontecer. É um processo

progressivo, tanto da escola como da família que devem facilitar essa tarefa. Na

medida em que as crianças crescem, o professor poderá facilitar a tomada de

consciência dos próprios atos por parte dos alunos, dessa forma vai ajudá-los a

assumir responsabilidades, não apenas propondo tarefas que impliquem

consequências, mas também poderá analisar com a turma a forma em que essas

tarefas foram realizadas.

Os pais devem contribuir para o bom desenvolvimento e comportamento de

seus filhos, criando regras e normas a serem cumpridas, estar em comprometimento

com a educação não deixando somente esta função para o professor e a escola,

sendo que o mesmo deve estar associado a este processo de ensino aprendizagem.

A psicopedagogia é de grande importância na escola no campo do

conhecimento e atuação, pois lida com os problemas de aprendizagem nos seus

padrões normais ou patológicos, considerando a influência da família, da escola e da

sociedade no desenvolvimento e utilizando técnicas próprias. Para o psicopedagogo,

a experiência de intervenção junto ao professor em um processo de parceria,

possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se

os professores forem especialistas nas suas disciplinas.

A intervenção do psicopedagogo junto ao professor é de grande valia e

também ele pode participar das reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos; em conselhos de classe; avaliando o processo metodológico;

acompanhando a relação professor aluno; sugerindo atividades; buscando

estratégias e apoio. Segundo Bossa (1994, p. 23):

[...] cabe ao psicopedagogo perceber as perturbações no processo

aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa,

favorecendo a integração e promovendo orientações metodológicas de

acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo,

realizando processos de orientação.

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INDISCIPLINA SOB O PONTO DE VISTA DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS

Após a aplicação dos questionários aos docentes e discentes, foram

realizadas observações do cotidiano da sala de aula, assim foi possível diagnosticar

que a indisciplina é uma das maiores dificuldades pelas quais o professor enfrenta

para efetivação do processo de ensino e aprendizagem no contexto atual.

Pelo fato da escola ser do campo, optou-se para trabalhar a pesquisa por

amostragem para facilitar o trabalho com os dados coletados. A amostragem

aconteceu com uma turma de alunos do 8º ano do Ensino Fundamental e outra

turma da 1º série do Ensino Médio, por serem estas turmas consideradas as mais

indisciplinadas do colégio. O questionário foi aplicado para os alunos e professores

das respectivas turmas, com a finalidade de verificar as diferentes formas de

conceituar a indisciplina entre os alunos e professores sobre o tema abordado.

No mês de junho de 2014, foi realizada a investigação entre professores e

alunos através de questionários aplicados para averiguar os problemas

comportamentais dos alunos sob os dois ângulos: do ponto de vista dos professores

e do ponto de vista dos alunos. Houve divergências de opinião entre os

entrevistados ao conceituarem indisciplina e suas causas, o que tem provocado uma

reflexão mais ampla sobre a prática pedagógica dos educadores e de como se

processam as relações interpessoais no interior da sala de aula.

a) Quanto ao nível de indisciplina avaliado pelos professores:

*Postura dos Professores perante as situações de indisciplina *Fonte: Instrumento de Pesquisa (questionário)

30%

12%

58%

suportável

assustadora

sem problemas

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b) Quanto ao nível de indisciplina avaliado pelos alunos:

*Nível da indisciplina dos seus alunos *Fonte: Dados obtidos por meio da pesquisa realizada

30%

10%60%

suportável

assustadora

sem problemas

Foram promovidos na escola momentos de discussões e reflexões coletivas

sobre os inúmeros problemas de indisciplina por parte dos alunos, como agressões

físicas e verbais, desrespeito aos colegas e aos professores, falta de interesse pelos

estudos etc. Ao questionar os docentes sobre a indisciplina em sala de aula, os

mesmos foram unânimes em responder que a falta de limite por parte da família está

em primeiro lugar, às famílias estão desestruturadas, os alunos estão

desinteressados e os pais estão delegando toda a responsabilidade de educar para

a escola.

c) Principais causas das situações de indisciplina:

*Postura dos Professores perante as situações de indisciplina *Fonte: Instrumento de Pesquisa (questionário)

13%

17%

57%

13% 0%0%falta de limites

desestruturação familiar

desinteresse do aluno

falta de dominio de sala

desrespeito

agressões fisicas e verbais

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Quanto às respostas dos alunos foi possível perceber que realmente existe

muito pouco incentivo por parte das famílias em relação aos estudos, porque os

alunos moram muito distantes da escola e precisam utilizar transporte escolar que é

ofertado pela rede municipal em parceria com o estado e muitos desses alunos

ainda precisam fazer uma caminhada de dois a três quilômetros até chegar ao ponto

de ônibus. Os pais saem de madrugada para trabalhar na lavoura, na empresa de

água mineral Ouro Fino, em micro e pequenas empresas de artesanatos locais na

confecção de cadeiras em vime, enquanto seus filhos ficam em período integral na

escola e muitas vezes os mais velhos cuidando dos irmãos menores.

Dessa forma, para realizar a intervenção, primeiro foi preciso uma

aproximação com os alunos, estabelecendo vínculos através do diálogo sobre os

problemas de indisciplina na sala de aula e explicando suas consequências para o

processo de ensino aprendizagem, juntamente aos alunos e aos professores

envolvidos.

Através deste trabalho foi possível perceber que existe uma quantidade de

professores que se mostram preocupados em buscar o conhecimento, para

melhorar sua atuação, alegando que muitas vezes as universidades não preparam

adequadamente para atender a demanda da sociedade contemporânea.

Assim, os professores sentem-se despreparados para lidar com estas

situações comportamentais e na maioria das vezes, esses conflitos acabam

tomando parte do tempo que seria disponibilizado para o trabalho com os conteúdos

para a efetivação do processo ensino aprendizagem.

Observou-se nestas respostas que os alunos necessitam de compreensão

dos professores e que o dialogo é fundamental para que haja respeito entre as

partes para que os mesmos, professor e aluno se sintam respeitados e assim cada

um possa desempenhar melhor seu papel dentro da escola. Por outro lado, os

professores clamam por limites, respeito, educação para ministrar suas aulas. Até

mesmo os alunos ao serem questionados respondem que consideram justas as

regras e normas da escola em que estudam. A maioria dos alunos acredita que a

escola tem que ter regras, para que não haja brigas e ajude os alunos a serem mais

comprometidos, que estas regras são importantes e que não é possível estudar

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numa escola sem regras e os mesmos alegam que a escola tem regras e normas

onde direção e coordenação cumprem com seu papel dentro do ambiente escolar.

Ao perguntar aos alunos como os professores deveriam agir para que

houvesse mais aprendizado, a maioria dos alunos respondeu que os professores

devem ter paciência ao serem questionados, que saibam dialogar e ouvir os alunos,

que não gritem e que ouçam quando os mesmos forem expor suas opiniões e suas

dúvidas.

È importante compreender que cada escola é uma realidade diferente, que

envolve os seus atores, com problemas e dificuldades específicas a cada instituição

cabendo a cada uma buscar em seu coletivo promover reflexões, analisando

criticamente cada situação, e assim buscar intervenções que possam amenizar os

conflitos existenciais sem perder o foco que é o ensino aprendizagem.

De acordo com CIAVATA (1992), a escola pública deve oportunizar o acesso

ao conhecimento crítico e reflexivo, ultrapassando o nível do senso comum,

possibilitando aos alunos a formação de uma consciência mais democrática, ou seja,

menos competitiva e consumista propagada pela sociedade capitalista e que acaba

por alienar o indivíduo, ajustando-o aos interesses do mercado. Os conteúdos

escolares é a matéria-prima da escola e devem estar bem definidos na sua proposta

pedagógica.

Braz (2008, p. 14) complementa que:

[...] a escola, que é a instituição encarregada de formar cidadãos críticos,

participativos, que sejam capazes de compreender a ideologia do mercado

e que busquem a transformação, necessita discutir as novas relações

sociais e de trabalho a fim de resgatar a sua importância social e política

enquanto apoio à maioria da população que representa a classe

trabalhadora.

METODOLOGIA

A metodologia empregada neste estudo foi à pesquisa qualitativa que

possibilitou um aprofundamento sobre o tema proposto, com dados analisados

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através das respostas dadas pelos alunos e educadores, onde em sua fase inicial a

pesquisa foi à bibliográfica e em segundo momento a pesquisa de campo.

A instituição em foco está localizada na região norte da cidade de Curitiba, no

Município de Campo Magro, que atende a 400 alunos, desde o 6º ano do Ensino

Fundamental a 3º série do Ensino Médio.

Trata-se de uma escola do campo na Rede Estadual de Ensino, onde a coleta

de dados foi realizada com professores do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Optou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa, devido ao fato desta ser

adequada aos objetivos do estudo. Todos os questionários foram respondidos por

professores, com idades entre 30 a 40 anos, foram 75% e acima de 40 anos foram

25%. Quanto à formação dos sujeitos, a sua grande maioria possuía no momento da

coleta de dados, formação em Letras, Matemática, Geografia, História e todos têm

pós-graduação em suas respectivas disciplinas.

Como técnica de coleta de dados em meu estudo se embasou através de

questionário, no qual o objetivo foi caracterizar os sujeitos quanto à sua formação

profissional, verificando sua titulação e experiência no magistério e também

averiguar as concepções avaliativas presentes nos enunciados dos professores

investigados, onde coletei dados sobre os instrumentos avaliativos, sua eficácia para

a avaliação da aprendizagem e quanto ao conhecimento dos professores sobre a

concepção da avaliação expressa na LDB n. 9.394/96.

No momento da aplicação do instrumento, os professores e alunos tiveram

boa aceitação, não relataram dificuldades em responder as questões apresentadas,

dessa forma, ofereci um tempo de duas semanas para responderem ao

questionário, o qual foi acompanhado pela direção e equipe pedagógica do

estabelecimento de ensino. Os dados coletados foram analisados com base no

referencial teórico e nas categorias elencadas.

RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS

Baseado na pesquisa que realizei com professores e alunos entrevistados e

através de relatos, foram verificados que a escola deve elaborar um processo de

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conscientização através de palestras educativas e motivadoras com os alunos com

mais frequência e se possível promover a participação dos pais no processo de

ensino-aprendizagem, para que os mesmos acompanhem a vida escolar de seus

filhos, pois a escola tenta manter diálogo com pais e responsáveis, mas que muitas

vezes não conseguem por motivo de ser de difícil acesso, pois a escola está situada

na região rural do Município de Campo Magro. Mas no geral a coordenação

pedagógica e direção são atuantes com punições dosadas a partir da gravidade de

cada caso de indisciplina, pois os alunos que descumprem as normas do Regimento

Interno Escolar são punidos como deveria na maioria dos casos decorrentes.

Os alunos entrevistados foram do Ensino Fundamental e do Ensino Médio

do período da manhã e tarde. A coleta de dados foi realizada sem a identificação do

aluno, proporcionando um grau de sinceridade dos alunos nas respostas obtidas. Os

alunos afirmam que não têm perspectiva para um ingresso na Universidade, pois a

maioria não têm condições financeiras e que seria mais interessante se abrisse um

curso técnico na própria escola, afirmaram que estudam por obrigação para

satisfazer o desejo dos pais ou para ter o certificado de Ensino Médio concluído. A

maioria dos alunos vai trabalhar na “roça” ou fazer cadeiras com vime.

Segundo os alunos, o desrespeito ao professor acontece de várias formas,

como por exemplo: conversas paralelas na hora da aula, posturas inadequadas no

uso do celular para recebimento e envio de mensagens, usam o celular como

entretenimento (jogos), às vezes emitindo sons sonoros e até xingamentos.

Diante da pesquisa, ficou evidente que muitos motivos contribuem para a

prática da indisciplina na escola, a maioria dos alunos indisciplinados pertencem a

famílias desestruturadas, geralmente sem condições financeiras, também há

influências relacionadas a fatores sociais e alunos que não são monitorados pelos

pais.

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas

dificuldades. Assim ele poderá encaminhar o aluno por meio de relatório para outros

profissionais quando forem necessários para realizar um diagnóstico especializado e

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exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento no processo

de aquisição do saber.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de fundamental importância os resultados obtidos por meio de relatos e

das pesquisas realizadas que envolvem questões de indisciplina escolar, ainda há

muito que se fazer em termos de pesquisas científicas. As leituras e discussões dos

textos nos deixa claro que a indisciplina escolar não tem fórmula para ser aplicada a

diversas situações ou ambientes que consideramos necessários para dar conta de

embasar encaminhamentos, reflexões, planos de ação e outras formas de

enfrentarmos as questões relacionadas à indisciplina escolar.

Devemos investigar junto aos alunos possíveis relações entre as expressões

de indisciplina e os aspectos das práticas escolares que lhes causam

descontentamento ou possíveis relações entre a indisciplina na escola e a recusa

em cumprir expectativas sobre serem sujeitos passivos, ou saber dos alunos em que

medida a indisciplina na escola interfere no currículo praticado na escola, tendo um

aprofundamento maior, para proporcionar um embasamento com maior eficácia.

A escola deve ter princípios e valores dentro do seu projeto político

pedagógico, as normas com os deveres e obrigações devem ser estabelecidas e

visualizadas em todos os lugares, para que os alunos possam estar cientes de como

devem agir em determinados lugares no espaço escolar. Seria necessário focalizar

todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento social e psicológico e que

podem ter relação com as práticas educativas oferecidas pelas escolas.

Os trabalhos de investigação realizados na indisciplina escolar, puseram em

evidência uma série de competências do professor em relação com os

comportamentos disciplinares dos alunos que podem fundamentar programas de

formação e autoformação dos professores, tornando-os mais aptos a estabelecerem

com os seus alunos uma relação positiva que permita a harmonia e a ordem

necessária para o trabalho produtivo das aulas.

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Devemos destacar algumas possíveis contribuições deste trabalho para a

discussão científica sobre indisciplina escolar, argumentando que a leitura e

discussões dos textos sobre indisciplina escolar na perspectiva de alunos, são

capazes de fornecer alternativas de entendimento não somente sobre seus motivos,

mas também possíveis elementos para fundamentar formas de condutas

pedagógicas no trabalho com questões de indisciplina na escola.

O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o

estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as

mais recentes concepções a respeito do processo de ensino-aprendizagem e

procura envolver a equipe escolar, ajudando a ampliar o olhar em torno do aluno e

das circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar

obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias a leitura

do mundo. O psicopedagogo juntamente com o docente irá buscar "a causa" do

aluno se apresentar indisciplinado, não simplesmente "tachando" o mesmo como um

aluno agressivo, indisciplinado, mas irão procurar ajudar o aluno a transformar sua

conduta.

A grande responsabilidade para a construção de uma educação está nas

mãos do professor. Considerando este contexto, a escola, família e comunidade são

essenciais; juntas essas três "agências" de educação podem significar um avanço

efetivo na educação das crianças, podendo se desenvolver harmoniosamente, para

isso é preciso também que a escola repense que tipo de aluno quer formar, qual é o

seu verdadeiro objetivo da educação? Tendo sempre em mente que o professor

para resolver o problema de indisciplina na sala de aula é preciso saber estabelecer

limites, mas também se propor a ser amigo do aluno, e contar com o apoio

pedagógico da escola, só assim conseguirá atingir seus objetivos. O psicopedagogo

pode auxiliar os docentes, para minimizar os problemas de indisciplina em sala de

aula, observando como afetividade influencia o comportamento dos alunos.

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REFERÊNCIAS

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São Paulo: Summus, 1996.

PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo:

Contexto, 2008.

GARCIA, J. Indisciplina na escola: questões sobre mudanças de paradigmas.

Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101-108, jan./abr.

1999.

BLASE, J. J., “Qualitative Analysis of Sources of Teacher Stress: Consequences for

Performance”, American Educacional Research Journal, vol. 23, n. 1, 1986, pp. 13-

40.

AMADO, J. Interação pedagógica e indiscipline na aula. Porto: Asa, 2001.

REGO, M. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva

vygotskiana. In. AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas

teóricas e práticas. 14. Ed. São Paulo: Summus, 2008. P. 83-101.

CARITA, A.; FERNANDES, G. Indisciplina na sala de aula: como prevenir? Como

remediar? 2. Ed. Lisboa: Presença, 1999.

GARCIA, J. Um estudo sobre o conceito de intervenção disciplinar. In: SEMINÁRIO

INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO (SIEDUCA), 16., 2011. P. 1-9.

TOGNETTA, L.; VINHA, T. Quando a escola é democrática: um olhar sobre a

prática das regras e assembleias na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2007.

DURKHEIM, E., Education et Sociologie, Paris, PUF, 1966.

BOSSA, Nadia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da pratica. Porto

Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

CIAVATA FRANCO, Maria. O trabalho como princípio educativo da criança

e do adolescente. Tecnologia Educacional, ABT, Rio de Janeiro, 21 (105/106): 25-

29, mar/jun.1992.

BRAZ, Maria Regina. Reflexões e alternativas Pedagógicas para o

enfrentamento da indisciplina em sala de aula. (Material Didático produzido no

segundo período do PDE - Turma 2009).

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ANEXOS

QUESTIONÁRIO DE INDISCIPLINA ESCOLAR NA VISÃO DOS ALUNOS

1 - Identificação

1.1 – Idade:

( ) 12 a 14 anos

( ) 15 a 17 anos

( ) 18 a 21 anos

( ) Mais de 21 anos

1.2 - Gênero:

( ) Feminino

( ) Masculino

1.3 - Ano de escolaridade que está frequentando?

( ) 6º ano

( ) 7º ano

( ) 8º ano

( ) 9º ano

( ) 1º série

( ) 2º série

( ) 3º série

2 - A Indisciplina na Escola

2.1 - Você alguma vez teve uma ou mais participação de indisciplina na escola?

( ) Sim ( ) Não

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2.2 - Se a resposta for SIM, indique o(s) motivo(s)? ( ) Não consegue ficar quieto dentro da sala de aula;

( ) Não coopera com o professor;

( ) Está quase sempre distraído e não presta atenção nas aulas;

( ) Troca mensagens e utiliza o celular dentro da sala de aula;

( ) Reage com violência quando alguém o (a) provoca;

( ) Pede muitas vezes para ir ao banheiro;

( ) Interrompe as aulas com atitudes agressivas ( verbais e físicas);

( ) Não gosta de fazer trabalhos em grupo;

( ) Mostra – se desinteressado nas aulas.

2.3 – Em sua opinião, qual é o grau de gravidade dos seguintes tipos de indisciplina escolar? Nada

grave Pouco grave

Grave Muito grave

Falar em voz baixa

Trocar mensagens e papelinhos

Gozar os colegas

Gozar o professor

Fazer perguntas pouco adequadas à aula

Não acatar as ordens do professor

Recusar-se a trabalhar

Agredir os colegas

Agredir o professor

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3 - A Postura da escola 3.1 - Na sua escola são realizadas atividades que visam combater a indisciplina no contexto escolar? ( ) Sim ( ) Não 3.2 - Que estratégias são utilizadas na sua escola para combater a indisciplina no contexto escolar?

( ) Palestras;

( ) Campanhas de sensibilização;

( ) Acompanhamento do aluno por um professor tutor;

( ) Encaminhamento do aluno para o serviço social, psicóloga e orientação vocacional.

4. Medidas corretivas

4.1 - Qual é a medida mais adotada pela escola nos processos disciplinares dos alunos?

( ) Repreensão verbal;

( ) Repreensão escrita;

( ) Suspensão;

( ) Acompanhamento dos pais;

( ) Conselho Tutelar.

4.2 – Você considera as medidas adotadas pela escola as mais adequadas?

( ) Sim ( ) Não

4.3 – Justifique sua resposta:___________________________________________

4.4 - Você acha que a suspensão é a melhor maneira de combater a indisciplina na escola ou a escola adota outro tipo de conduta.Qual?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

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4.5 - Como estudante, que estratégias você sugeria à Direção da escola para combater a indisciplina no contexto escolar? ______________________________________________________________________________________________________________________________

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QUESTIONÁRIO DE AUTO – OBSERVAÇÃO DO PROFESSOR:

PREVENÇÃO DA INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

1- Idade:

( ) 18 a 21 anos

( ) 22 a 30 anos

( ) 31 a 40 anos

( ) mais de 40 anos

2- Gênero:

( ) Feminino

( ) Masculino

3- Grau de escolaridade:

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

( ) Pós graduação

( ) Mestrado

*Curso superior:__________________________________________________

*Pós-graduação:__________________________________________________

*Mestrado:_______________________________________________________

*Responda as questões a seguir:

01) PREPARAÇÃO E PLANIFICAÇÃO DA

AULA

Excelente Ótimo Bom Regular

A) Presto atenção às expectativas do aluno

B) Seleciono atividades em harmonia com os

objetivos a que me proponho?

c) Peço trabalho de casa com regularidade ao

longo do ano?

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02) INICIO DA AULA Excelente Ótimo Bom Regular

a) Chego pontualmente à aula?

c) Supervisiono a entrada dos alunos na sala?

d) Sempre que peço trabalho de casa (na aula

anterior), asseguro – me de que os alunos

fizeram e esclareço suas dúvidas?

03) PERGUNTAS, INSTRUÇÕES E

EXPLICAÇÕES

Excelente Ótimo Bom Regular

a) Quando faço explicações para o coletivo,

uso perguntas breves para verificar o nível de

recepção dos alunos?

b) Faço a ligação entre a nova informação e a

informação já adquirida pelos alunos?

c) Uso perguntas breves para manter os alunos

focados no conteúdo da aula

04) ATIVIDADES E CONTEÚDOS Excelente Ótimo Bom Regular

a) Adapto o modo de apresentação dos

conteúdos e das tarefas às idades, capacidade

e características?

b) Realizo com os alunos atividades variadas e

relevantes e utilizo diferentes métodos de

ensino?

c) Mantenho os alunos envolvidos em

atividades produtivas?

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05) FINAL DA AULA Excelente Ótimo Bom Regular

a) Tento terminar as atividades um pouco antes

da hora de saída?

b) Faço com os alunos o sumário dos tópicos

principais da lição?

c) Dou instruções claras para o trabalho de

casa ou para a preparação da aula seguinte?

d) Supervisiono a saída dos alunos?

06) REGRAS E ROTINAS Excelente Ótimo Bom Regular

a) Conheço e mostro que conheço as regras e

rotinas habituais da aula e da escola?

b) Proponho aos alunos um conjunto de regras

básicas para o funcionamento da turma e

explico as consequências à infração das

mesmas?

c) Mostro-me firme em relação ao comprimento

dessas regras, muito particularmente durante as

primeiras três semanas de aulas?

d) Estabeleço as regras em harmonia com os

meus princípios educativos e com os objetivos

que pretendo atingir?

07) REFORÇO DO COMPORTAMENTO

ADEQUADO

Excelente Ótimo Bom Regular

a) Reforço os comportamentos adequados com

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frequência apropriada? (Não uso o reforço com

frequência, mas uso sempre que é apropriado).

b) Quando recompenso algum aluno pelo seu

comportamento, tenho o cuidado de escolher

recompensas apropriadas à situação e ao aluno

em causa?

08) PUNIÇÃO Excelente Ótimo Bom Regular

a) Quando repreendo ou castigo, eu faço de

maneira clara e firme?

b) Focalizo a punição no comportamento

incorreto e não na pessoa?

c) Ao repreender dou maior ênfase ao

comportamento positivo esperado do que aos

aspectos negativos ocorridos?

09) GESTÃO DE CONFLITOS Excelente Ótimo Bom Regular

a) Ajudo a identificar o problema e a encontrar

soluções para ultrapassar, em vez de apenas

censurar?

b) Mostro-me seguro(a) e confiante?

c) Evito que os alunos em situações de conflito

caçoem e zombem uns dos outros?

10) RELAÇÕES PESSOAIS Excelente Ótimo Bom Regular

a) Mostro interesse pelos alunos como

pessoas? (Tento criar uma relação de empatia).

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b) Sou acessível e tento estar disponível?

(Tento encontrar um equilíbrio entre a

autoridade e a proximidade).

c) Crio um clima onde o aluno:

* Demonstre respeito pelo trabalho e pelos

outros?

* Exprima sem receio os seus sentimentos?

* Possa participar nos processos de decisão?

* Possa participar nos processos de decisão?

* Desenvolva a autodisciplina?

* Tome consciência das suas necessidades e

interesses?

* Aprenda a monitorar as suas aprendizagens?

11) POSTURA Excelente Ótimo Bom Regular

a) Adepto uma postura descontraída?

b) Adepto uma postura de alerta, mas

confiante?

12) VOZ Excelente Ótimo Bom Regular

a) Uso um tom e volume apropriados?

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13) CONTATO VISUAL Excelente Ótimo Bom Regular

a) Percorro regularmente com o olhar toda a

classe?

b) Estabeleço contato visual com os diferentes

alunos?

14) GESTOS Excelente Ótimo Bom Regular

a) Uso gestos para dar ênfase ao discurso?

b) Coordeno os gestos com o discurso?

c) Vario e tento usar os gestos com uma

frequência apropriada?

15) POSIÇÃO E MOVIMENTO Excelente Ótimo Bom Regular

a) Seleciono uma posição apropriada quando

me dirijo à turma coletivamente?

b) Controlo o uso que os alunos fazem do seu

próprio território e as suas deslocações?

c) Movimento-me com frequência por toda sala?

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