Artigo Cinesiologia

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Análise Comparativa dos Exercícios Abdominais na Prancha Inclinada e no Solo. Victor Ferreira de Souza 1 Marcus Vinícius Patente Alves 2 Resumo O objetivo deste estudo foi realizar uma análise comparativa dos exercícios abdominais na prancha inclinada e no solo. Para a avaliação biomecânica dos movimentos foi utilizado o método cinemétrico. Um atleta de 19 anos de idade, estatura 1,86 m, massa corporal de 80,0 kg, com prática de 6 anos de exercícios resistidos irregulares, foi filmado, durante a execução dos exercícios. Os exercícios foram executados seqüencialmente com 3 repetições de cada. Entre a execução das seqüências de exercícios houve um intervalo de 3 minutos. Para analisar os exercícios resistidos, escolhemos como parâmetros de avaliação, a determinação da sua velocidade angular, ângulos internos do quadril no exercício abdominal na prancha inclinada e abdominal no solo, além da força (peso) e o momento de força (torque) em ambos os exercícios. Para a compreensão dessas variáveis foi necessário também à determinação do centro de gravidade (CG) nos diferentes exercícios. No exercício abdominal utilizamos o CG da parte superior do corpo (cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos). Devido a velocidade angular do atleta, na fase concêntrica, ser maior que a fase excêntrica, o atleta pode proporcionar a ele mesmo uma maior micro-lesão devido a diminuição de pontes cruzadas do sarcômero para suportar o mesmo peso, e proporcionando a ele uma melhor hipertrofia. Contudo, esse estudo busca contribuir aos profissionais da área e aos praticantes de academia, conceitos e valores significativos na análise dos exercícios; do Exercício Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal no Solo, assim como a comparação entre eles, levando em consideração a força exercida (torque) e a 1 Discente do curso de Educação Física do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI 2 Prof. Me do curso de Educação Física do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI 1

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Análise Comparativa dos Exercícios Abdominais na Prancha Inclinada e no Solo.

Victor Ferreira de Souza1

Marcus Vinícius Patente Alves2

Resumo

O objetivo deste estudo foi realizar uma análise comparativa dos exercícios abdominais na prancha inclinada e no solo. Para a avaliação biomecânica dos movimentos foi utilizado o método cinemétrico. Um atleta de 19 anos de idade, estatura 1,86 m, massa corporal de 80,0 kg, com prática de 6 anos de exercícios resistidos irregulares, foi filmado, durante a execução dos exercícios. Os exercícios foram executados seqüencialmente com 3 repetições de cada. Entre a execução das seqüências de exercícios houve um intervalo de 3 minutos. Para analisar os exercícios resistidos, escolhemos como parâmetros de avaliação, a determinação da sua velocidade angular, ângulos internos do quadril no exercício abdominal na prancha inclinada e abdominal no solo, além da força (peso) e o momento de força (torque) em ambos os exercícios. Para a compreensão dessas variáveis foi necessário também à determinação do centro de gravidade (CG) nos diferentes exercícios. No exercício abdominal utilizamos o CG da parte superior do corpo (cabeça, tronco, braços, antebraços e mãos).Devido a velocidade angular do atleta, na fase concêntrica, ser maior que a fase excêntrica, o atleta pode proporcionar a ele mesmo uma maior micro-lesão devido a diminuição de pontes cruzadas do sarcômero para suportar o mesmo peso, e proporcionando a ele uma melhor hipertrofia. Contudo, esse estudo busca contribuir aos profissionais da área e aos praticantes de academia, conceitos e valores significativos na análise dos exercícios; do Exercício Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal no Solo, assim como a comparação entre eles, levando em consideração a força exercida (torque) e a velocidade para sua execução, tanto nas fases concêntricas quanto nas excêntricas.

Palavras Chaves: centro de gravidade, abdominal, análise cinesiológica, cinemetria

INTRODUÇÃO

Para Amadio e Duarte (1996), podemos conceituar a biomecânica como uma ciência

que trata de análises físico-matemáticas de sistemas biológicos e, como conseqüência, de

movimentos humanos. Esses movimentos são analisados através de leis e normas mecânicas

com relação a parâmetros específicos do sistema biológico. Acrescenta que se procura definir

através de métodos e princípios biomecânicos os parâmetros e padrões fundamentais que

caracterizam e descrevem o movimento humano.

A biomecânica do movimento busca explicar como as formas de movimento dos

corpos de seres vivos acontecem na natureza a partir de parâmetros cinemáticos e cinéticos

(AMADIO e DUARTE, 1996). 1 Discente do curso de Educação Física do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI2 Prof. Me do curso de Educação Física do Centro Universitário do Triângulo - UNITRI

1

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Cinemática e cinética são sub-diviões do estudo biomecânico. Cinemática é a

descrição do movimento, incluindo o padrão e a velocidade das seqüências de movimentos

realizadas pelos segmentos corporais que, com freqüência, correspondem ao grau de

coordenação demonstrada por um indivíduo (HALL, 2000). Para Campos (2006) as variações

cinemáticas para um dado movimento incluem: a) o tipo do movimento que está ocorrendo; b)

o local do movimento; c) a magnitude do movimento; e d) a direção do movimento.

Enquanto a cinemática descreve o aspecto do movimento, a cinética é o estudo das

forças associadas com o movimento (HALL, 2000). A força é definida como uma ação

exercida por um objeto sobre outro. Ela pode ser externa e interna. Forças externas são forças

que agem no corpo ou segmento, que provêm de fontes fora do corpo. As forças internas são

forças que agem no corpo, provenientes de fontes internas do corpo humano como músculos,

ligamentos e ossos (CAMPOS, 2006).

Além da cinética e cinemática, a estática e a dinâmica auxiliam na análise

biomecânica. Estática é o estudo dos sistemas que se encontram em um estado de movimento

constante, isto é em repouso (sem movimento) ou movimentando-se com uma velocidade

constante. A dinâmica é o estudo dos sistemas nos quais existe aceleração (HALL, 2000).

Afim de que se possam obter informações acerca do movimento, a biomecânica utiliza

diversos métodos de investigação, que são a cinemetria, dinamometria, eletromiografia e

antropometria. A cinemetria consiste em um conjunto de métodos que busca medir os

parâmetros cinemáticos durante a execução do movimento, isto é, a partir da aquisição de

imagens durante a execução do movimento, realiza-se o calculo das variáveis dependentes dos

dados observados nas imagens, como posição, orientação, velocidade e aceleração do corpo

ou de seus segmentos. Dessa forma, a cinemetria está interessada na descrição de como um

corpo se move não se preocupando em explicar as causas desses movimentos (AMADIO e

DUARTE, 1996).

Para Amadio e Duarte (1996) a dinamometria engloba todos os tipos de medidas de

forças e ainda a distribuição da pressão, podendo interpretar as respostas de comportamentos

dinâmicos do movimento humano. A eletromiografia é o termo genérico que expressa o

método de registro da atividade de um músculo quando realiza contração.

A antropometria se preocupa em determinar características e propriedades do aparelho

locomotor como às dimensões das formas geométricas de segmentos corporais, distribuição

de massa, braços de alavanca, posições articulares, etc., definindo então, um modelo

antropométrico contendo parâmetros necessários para a construção de um modelo

biomecânico da estrutura analisada (AMADIO e DUARTE, 1996).

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Para Amadio e Duarte (1996) a biomecânica possui diversas áreas de atuação, como a

locomoção humana; analise esportiva; clinica e reabilitação; ortopedia e traumatologia;

instrumentação e métodos; modelagem e simulação computacional; tecidos e biomateriais;

músculo-esquelética; cardiovascular e respiratória; e ocupacional e ergonomia. No sentido

mais amplo de sua aplicação, ainda é tarefa da biomecânica a caracterização e otimização das

técnicas de movimentos através de conhecimentos científicos que delimitam a área de atuação

da ciência, que tem no movimento humano seu objeto de estudo.

O conhecimento de vários princípios biomecânicos favorece a qualidade do programa

de treinamento resistido, por proporcionar uma capacidade, ao profissional, de discernir e

prescrever os melhores exercícios para cada cliente (CAMPOS, 2006).

De acordo com Chiesa (2002), a musculação, classicamente conceituada como

atividade contra resistência, busca em sua essência o aprimoramento da qualidade física força

muscular, que está ligada intimamente ao movimento humano, não só na forma de exercícios

com aparelhos/máquinas, mas também por meio de atividades cotidianas. Ela envolve

algumas variáveis como angulação, amplitude, velocidade de execução, momento de força e

posição do corpo.

A musculação tem como objetivos um meio de reabilitação ou recuperação de lesões;

intervenções cirúrgicas ou doenças que causam interrupções no treinamento; melhora na

condição física geral, como meio de condicionamento muscular, que é muito importante nos

esportes de base, escolar e recreativo. Quando se quer fortalecer o corpo em geral, reduzir a

gordura e/ou aumentar o peso corporal; meio de treinamento nos esportes de base, para

compensar ou reduzir deficiências; elemento específico do treinamento do esporte de alto

rendimento; incremento da força sem aumento do peso corporal, importante para as

especialidades em que há categorias de peso; incremento da força e da massa muscular, para

esportes em que esse aumento não tem muita importância ou é necessário para melhorar a

performance; modificação do peso corporal por motivos de regulamentação ou de competição

(NIEMAN, 1999).

O exercício abdominal na prancha inclinada promove a flexão da cintura pélvica, e

deve ser realizado em series longas, já que feito isso ele permite trabalhar o conjunto da

musculatura abdominal, assim como o iliopsoas, o tensor da fascia látea e o reto femoral do

quadríceps femoral, três músculos que agem na anteversão da pelve. Na sua realização não

deve curvar a coluna no momento de elevação (DELAVIER, 2000).

Segundo Delavier (2000) no exercício abdominal no solo é importante repetir o

movimento até o surgimento de uma sensação de queimação ao nível do ventre. Ressalta que

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o exercício trabalha os flexores do quadril, assim como os oblíquos, mas sua ação é exercida,

sobretudo sobre o resto do abdome.

Apesar disso, ainda existem controvérsias envolvendo a técnica de execução dos

exercícios resistidos, uma vez feito de maneira incorreta podem proporcionar respostas

bastante diferenciadas, sendo necessário então acompanhamento de um profissional da

educação física capacitado.

Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar os exercícios resistidos, comparando

biomecanicamente, abdominal na prancha inclinada comparado com abdominal no solo, por

apresentaram a mecânica de movimento semelhante.

MATERIAL E MÉTODO

Para a avaliação biomecânica dos movimentos foi utilizado o método cinemétrico.

Observou-se um atleta de 19 anos de idade, estatura 1,86 m, massa corporal de 80,0 kg, que

pratica exercícios resistidos irregulares há 6 anos, filmando abdominal na prancha inclinada e

abdominal no solo.

As filmagens foram feitas nos planos sagital.Utilizou-se de uma filmadora Digital

Vídeo Câmera Marca JVC, que foi fixada sobre um tripé, usando de iluminação artificial para

enfatizar os pontos articulares corporais. O atleta permaneceu deitado sobre um colchonete no

exercício abdominal no solo, e em um banco com inclinação de 19º no exercício abdominal

na prancha inclinada. Os exercícios foram realizados na academia da Faculdade de Educação

Física da Universidade Federal de Uberlândia.

Figura 1 Inclinação do banco no exercício Abdominal na Prancha Inclinada.

No exercício abdominal na prancha inclinada o atleta se distanciou da filmadora em 3,61

m com altura de 0,97 m distante do solo, e no exercício abdominal no solo a uma distância de

4,18 m, estando à câmera na realização do exercício a uma altura de 0,65 m do solo. Visto que

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será feita a comparação entre os exercícios abdominais é necessário que a angulação da flexão

do joelho nesses exercícios seja a mesma, e por isso foi estipulada a distância de 0,75 m entre

a articulação do tornozelo e do quadril (distância do trocânter maior do fêmur ao maléolo

lateral), que consequentemente ocasionou no mesmo ângulo de 111º para a flexão da

articulação do joelho.

Figura 2 Angulação da articulação do joelho nos exercícios Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal

no Solo.

Para a determinação dos pontos articulares utilizou-se do método de palpação descrito

por João (2005), onde após determinadas, foram marcadas com estruturas circulares de 0,02

m de diâmetro feitos de papel prateado adesivo, que foram fixadas sobre a superfície da pele.

As marcações foram feitas nas articulações do lado esquerdo do corpo para analisarmos os

exercícios abdominais.

O método de palpação determina que sejam definidos os seguintes pontos na

articulação (JOÃO, 2005):

Na articulação do ombro palparam-se as estruturas e referências ósseas, os tendões

do manguito rotator, além do tendão da porção longa do bíceps braquial,

posicionando a estrutura circular em cima do manguito rotator.

Na articulação do cotovelo palpou-se a face lateral, epicôndilo lateral e ligamento

colateral lateral, posicionando a estrutura circular no epicôndilo lateral.

Na articulação do punho + mão palpou-se o osso estilóide ulnar, a cabeça da ulna e

piramidal, posicionando a estrutura circular entre esses ossos.

Na articulação do quadril palpou-se a crista ilíaca e o trocânter maior posicionando

a estrutura circular entre os dois.

Na articulação do joelho palpou-se a cabeça da fíbula, o ligamento colateral lateral

e o côndilo femoral lateral, posicionando a estrutura circular no côndilo femoral

lateral.

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Page 6: Artigo Cinesiologia

Na articulação do tornozelo + pé palpou-se o maléolo lateral, calcâneo, articulação

tíbiofibular inferior, tíbia e músculos da perna, posicionando a estrutura circular no

maléolo lateral.

Apesar de não estar descrito na literatura, foi necessário à demarcação de uma

estrutura circular na altura media do tronco, prolongando-se no processo xifóide do

osso esterno.

Foram definidas as seguintes etapas de execução dos exercícios: posição inicial e

desenvolvimento, esta última compreendendo as fases concêntrica e excêntrica da contração.

Lembrando-se que é considerada fase concêntrica quando a tensão muscular resulta em

encurtamento do músculo e fase excêntrica quando o músculo alonga, enquanto está sendo

estimulado a desenvolver tensão (HALL, 2000). Essas etapas são descritas a seguir:

Abdominal na prancha inclinada: a) posição inicial: sentado sobre a prancha, pés

imobilizados pelos apoios, mãos atrás da nuca; b) desenvolvimento: inspirar e

inclinar o tronco acima, jamais ultrapassando 20º e subir flexionando

discretamente a coluna para melhor localizar o trabalho sobre o reto do abdome,

expirando no final do movimento (DELAVIER, 2000).

Abdominal no solo: a) posição inicial: em decúbito dorsal, joelhos flexionados, pés

apoiados contra o solo, mãos atrás da cabeça; b) desenvolvimento: inspirar e elevar

o tronco, flexionando a coluna, e expirar no final do movimento. Retomar a

posição inicial, mas, sem apoiar o tronco (DELAVIER, 2000).

Figura 3 Posição inicial fase concêntrica e posição inicial fase excêntrica do Abdominal na Prancha

Inclinada.

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Page 7: Artigo Cinesiologia

Figura 4 Posição inicial fase concêntrica e posição inicial fase excêntrica do Abdominal no Solo.

As imagens filmadas foram baixadas para o computador no formato MPEG e

convertidas para o formato JPEG. As seqüências foram então, fragmentadas em intervalos de

30 quadros por segundo pelo programa Vídeo Deconpiler e a seleção delas para a análise do

movimento foi feita de forma que pudesse ser observada a amplitude articular total do

movimento do quadril para os exercícios abdominais, já que é monoarticular (envolve apenas

uma articulação no movimento). Foram selecionadas as imagens do inicio e do final do

movimento. As imagens foram gravadas no formato JPG e os ângulos internos das

articulações foram medidos pelo software CorelDraw 12.

Para analisar os exercícios resistidos, escolhemos como parâmetros de avaliação, a

determinação da sua velocidade angular, ângulos internos do quadril no exercício abdominal

na prancha inclinada e abdominal no solo, além da força (peso) e o momento de força (torque)

em ambos os exercícios. Para a compreensão dessas variáveis será necessário também à

determinação do centro de gravidade (CG) nos diferentes exercícios.

Para os exercícios abdominais utilizamos dos dados baseados na massa corporal de 80

Kg, o que possibilitou o cálculo da massa das partes, que são: a) cabeça, sendo esta de 7,8%

da massa corporal (HALL, 2000), que equivale o peso de 6,24 Kg; b) o tronco de 51%

(HALL, 2000), 40,8 Kg; c) massa do braço de 2,7% da massa corporal (HALL, 2000),

equivalendo de 2,16 Kg; e d) antebraço + mão, de 2,2% (HALL, 2000), sendo 1,76 Kg. A

distância do CG total em relação ao CG da articulação do quadril na posição inicial da fase

concêntrica do exercício abdominal na prancha inclinada foi de 0,09 m, e na posição inicial da

fase excêntrica de 0,27 m. No abdominal no solo, a distância do CG total em relação ao CG

da articulação do quadril para a posição inicial da fase concêntrica foi de 0,03 m, e na posição

inicial da fase excêntrica foi de 0,25 m.

RESULTADOS

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Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal no Solo

A tabela 1 mostra a seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica

do exercício Abdominal na Prancha Inclinada.

Tabela 1 Seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica do exercício Abdominal na

Prancha Inclinada.

Partes do corpoC

abeç

a

Tro

nco

Bra

ço D

Bra

ço E

A.b

raço

+

mão

D

A.b

raço

+

mão

E

Peso dos segmentos

corporais (%)

7,8 51 2,7 2,7 2,2 2,2

Localização do CG das

partes (%)

41 42,37 42,22 42,22 62,88 62,88

Massa das partes do

corpo (Kg)

6,24 40,8 2,16 2,16 1,76 1,76

Massa do corpo em

decimais (∆G)

0,0624 0,408 0,0216 0,0216 0,0176 0,0176

Coordenada X 11,8 9,0 11,3 11,3 12,3 12,3

Coordenada Y 7,6 7,7 6,9 6,9 6,8 6,8

X∆G 0,736 3,672 0,244 0,244 0,216 0,216

Y∆G 0,474 3,141 0,149 0,149 0,119 0,119

Após obtenção dos dados para cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica do

exercício Abdominal na Prancha Inclinada, utilizou a fórmula abaixo para determinação das

coordenadas X e Y.

Coordenada X = ∑ X∆G ÷ MC / 100 = 5,328 ÷ 54,88 / 100 = 9,7

Coordenada Y = ∑ Y∆G ÷ MC / 100 = 4,151 ÷ 54,88 / 100 = 7,5

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Page 9: Artigo Cinesiologia

A tabela 2 mostra a seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica

do exercício Abdominal da Prancha Inclinada.

Tabela 2 Seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica do exercício Abdominal na

Prancha Inclinada.

Partes do corpo

Cab

eça

Tro

nco

Bra

ço D

Bra

ço E

A. b

raço

+

mão

D

A.b

raço

+

mão

E

Peso dos segmentos

corporais (%)

7,8 51 2,7 2,7 2,2 2,2

Localização do CG das

partes (%)

41 42,37 42,22 42,22 62,88 62,88

Massa das partes do

corpo (Kg)

6,24 40,8 2,16 2,16 1,76 1,76

Massa do corpo em

decimais (∆G)

0,0624 0,408 0,0216 0,0216 0,0176 0,0176

Coordenada X 6,6 7,6 7,1 7,1 7,4 7,4

Coordenada Y 7,9 5,8 7,6 7,6 8,0 8,0

X∆G 0,411 3,1 0,153 0,153 0,130 0,130

Y∆G 0,492 2,366 0,164 0,164 0,140 0,140

Após obtenção dos dados para cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica do

exercício Abdominal na Prancha Inclinada, utilizou a fórmula abaixo para determinação das

coordenadas X e Y.

Coordenada X = ∑ X∆G ÷ MC / 100 = 4,077 ÷ 54,88 / 100 = 7,4

Coordenada Y = ∑ Y∆G ÷ MC / 100 = 3,466 ÷ 54,88 / 100 = 6,3

A tabela 3 mostra a seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica

do exercício Abdominal no solo.

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Tabela 3 Seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica do exercício Abdominal no

Solo.

Partes do corpo

Cab

eça

Tro

nco

Bra

ço D

Bra

ço E

A.b

raço

+

mão

D

A.b

raço

+

mão

E

Peso dos segmentos

corporais (%)

7,8 51 2,7 2,7 2,2 2,2

Localização do CG das

partes (%)

41 42,37 42,22 42,22 62,88 62,88

Massa das partes do

corpo (Kg)

6,24 40,8 2,16 2,16 1,76 1,76

Massa do corpo em

decimais (∆G)

0,0624 0,408 0,0216 0,0216 0,0176 0,0176

Coordenada X 11 8,5 10,7 10,7 11,6 11,6

Coordenada Y 6,9 6,6 6,6 6,6 6,7 6,7

X∆G 0,6864 3,468 0,2247 0,2247 0,1972 0,1972

Y∆G 0,43056 2,6928 0,1386 0,1386 0,1139 0,1139

Após obtenção dos dados para cálculo do CG da posição inicial da fase concêntrica do

exercício Abdominal no Solo, utilizou a fórmula abaixo para determinação das coordenadas X

e Y.

Coordenada X = ∑ X∆G ÷ MC / 100 = 4,9982 ÷ 54,88 / 100 = 9,0

Coordenada Y = ∑ Y∆G ÷ MC / 100 = 3,62836 ÷ 54,88 / 100 = 6,6

A tabela 4 mostra a seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica

do exercício Abdominal no solo.

Tabela 4 Seqüência do cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica do exercício Abdominal no Solo.

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Page 11: Artigo Cinesiologia

Partes do corpo

Cab

eça

Tro

nco

Bra

ço D

Bra

ço E

A.b

raço

+

mão

D

A.b

raço

+

mão

E

Peso dos segmentos

corporais (%)

7,8 51 2,7 2,7 2,2 2,2

Localização do CG das

partes (%)

41 42,37 42,22 42,22 62,88 62,88

Massa das partes do

corpo (Kg)

6,24 40,8 2,16 2,16 1,76 1,76

Massa do corpo em

decimais (∆G)

0,0624 0,408 0,0216 0,0216 0,0176 0,0176

Coordenada X 7 7,8 7,5 7,5 7,4 7,4

Coordenada Y 8,5 6,5 8,2 8,2 9,7 9,7

X∆G 0,436 3,182 0,162 0,162 0,130 0,130

Y∆G 0,530 2,652 0,177 0,177 0,170 0,170

Após obtenção dos dados para cálculo do CG da posição inicial da fase excêntrica do

exercício Abdominal no Solo, utilizou a fórmula abaixo para determinação das coordenadas X

e Y.

Coordenada X = ∑ X∆G ÷ MC / 100 = 4,202 ÷ 54,88 / 100 = 7,6

Coordenada Y = ∑ Y∆G ÷ MC / 100 = 3,876 ÷ 54,88 / 100 = 7,0

A Tabela 5 mostra os valores dos ângulos internos da articulação do quadril durante a

fase concêntrica e excêntrica do exercício Abdominal na Prancha Inclinada. Na posição inicial

da fase concêntrica, o ângulo formado foi de 174 graus; na posição final da fase concêntrica e

inicial da excêntrica (final/inicial) foi de 82 graus; e na posição final da fase excêntrica foi de

174 graus.

Tabela 5 Ângulos internos da articulação do quadril durante a fase concêntrica e excêntrica do exercício

Abdominal na Prancha Inclinada.

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Page 12: Artigo Cinesiologia

FASE POSIÇÃO ÂNGULOSCONCÊNTRICA Inicial 174 graus

Final/Inicial 82 grausEXCÊNTRICA Final 174 graus

Figura 5 Ângulos internos da articulação do quadril durante a posição inicial da fase concêntrica e posição

inicial da fase excêntrica do exercício Abdominal na Prancha Inclinada.

A Tabela 6 mostra os valores dos ângulos internos da articulação do quadril durante a

fase concêntrica e excêntrica do exercício Abdominal no Solo. Na posição inicial da fase

concêntrica, o ângulo formado foi de 149 graus; na posição final da fase concêntrica e inicial

da excêntrica (final/inicial) foi de 109 graus; e na posição final da fase excêntrica foi de 149

graus.

Tabela 6 Ângulos internos da articulação do quadril durante a fase concêntrica e excêntrica do

exercício Abdominal no Solo.

FASE POSIÇÃO ÂNGULOSCONCÊNTRICA Inicial 149 graus

Final/Inicial 109 grausEXCÊNTRICA Final 149 graus

Figura 6 Ângulos internos da articulação do quadril durante a posição inicial da fase concêntrica e posição

inicial da fase excêntrica do exercício Abdominal no Solo.

A velocidade angular do atleta para a execução da fase concêntrica do exercício

abdominal na prancha inclinada foi de 45,88 graus/segundo e na fase excêntrica de 40,15

12

Page 13: Artigo Cinesiologia

graus/segundo. Para determinação da velocidade angular, levamos em consideração o

quociente da variação da distância pela variação do tempo. Na fase concêntrica e excêntrica

do exercício, a distância percorrida é referente à amplitude total do movimento de 40 graus. A

variação do tempo é o tempo gasto para um ciclo total, sendo dividido em fase concêntrica e

excêntrica. Levando em consideração que o ciclo foi fragmentado em intervalos de 30

quadros por segundo, cada quadro equivale a 0,033 segundos. Na fase concêntrica obteu-se 70

quadros, equivalente a 2,31 segundos. Na fase excêntrica obteu-se 80 quadros, equivalente a

2,64 segundos.

Ao calcular a velocidade angular de um ciclo do exercício, que foi feito em 150

quadros, ou seja em 4,95 segundos e com a variação de amplitude de 162 graus, encontramos

uma velocidade angular de 42,82 graus/segundos.

Figura 7 Amplitude total do movimento Abdominal na Prancha Inclinada.

A velocidade angular do atleta para a execução da fase concêntrica do exercício

Abdominal no Solo foi de 35,06 graus/segundo e na fase excêntrica de 27,27 graus/segundo.

Para determinação da velocidade angular, levamos em consideração o quociente da variação

da distância pela variação do tempo. Na fase concêntrica e excêntrica do exercício a distância

percorrida é referente à amplitude total do movimento de 106 graus. A variação do tempo é o

tempo gasto para um ciclo total, sendo dividido em fase concêntrica e excêntrica. Levando em

consideração que o ciclo foi fragmentado em intervalos de 30 quadros por segundo, cada

quadro equivale a 0,033 segundos. Na fase concêntrica obteu-se 70 quadros, equivalente a

2,31 segundos e na fase excêntrica obteu-se 90 quadros, equivalente a 2,97 segundos.

Ao calcularmos a velocidade angular de um ciclo do exercício, que foi feito em 160

quadros, ou seja em 5,28 segundos e com a variação de amplitude de 162 graus, encontramos

uma velocidade angular de 30,68 graus/segundos.

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Figura 8 Amplitude total do movimento Abdominal no Solo.

A força (peso) realizada pelo atleta durante a execução dos movimentos Abdominal na

prancha Inclinada e Abdominal no Solo foi de 537,824 N. A força é medida pelo produto da

massa pela aceleração que atua no corpo. Para se chegar ao resultado foram usadas as

seguintes massas: a) massa dos braços, sendo esta de 2,7% da massa corporal para cada braço

(HALL, 2000), equivalente a 4,32 Kg; b) ante-braço + mão, sendo que a massa do antebraço é

1,6% da massa corporal e a massa da mão é 0,6% da massa corporal (HALL, 2000), a massa

do antebraço + mão do atleta foi 3,52 Kg; e c) cabeça, sendo esta de 7,8% da massa corporal

(HALL, 2000), que equivale o peso de 6,24 Kg; d) o tronco de 51% (HALL, 2000), 40,8 Kg.

Além do uso da aceleração gravitacional de aproximadamente 9,8 m/s².

A Tabela 7 mostra os momentos de força (torque) do atleta nas posições concêntrica e

excêntrica do movimento do exercício Abdominal na Prancha Inclinada. O torque na posição

inicial da fase concêntrica foi 183,9 N.m e na inicial da fase excêntrica foi N.m. O momento

de força é o produto da força pela distância perpendicular do braço de alavanca. Para o

cálculo foi necessário a força de 537,824 N e determinar a distância perpendicular do braço de

alavanca para ambos os exercícios, sendo esta de 0,342 m (no real) para a posição inicial da

fase concêntrica, e 0 m (no real) para a posição inicial da fase excêntrica do Abdominal na

Prancha Inclinada.

Tabela 7 Momento de força (Torque) durante a execução do movimento Abdominal na Prancha Inclinada.

FASE TORQUECONCÊNTRICA 183,9 N.mEXCÊNTRICA 0 N.m

A Tabela 8 mostra os momentos de força (torque) do atleta nas posições concêntrica e

excêntrica do movimento do exercício Abdominal no Solo. O torque na posição inicial da fase

concêntrica foi 164,5 N.m e na inicial da fase excêntrica foi 38,7 N.m. Para o cálculo foi

necessário a força de 537,824 N e determinar a distância perpendicular do braço de alavanca

para ambos os exercícios, sendo esta de 0,306 m (no real) para a posição inicial da fase

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concêntrica, e 0,072m (no real) para a posição inicial da fase excêntrica do Abdominal no

Solo.

Tabela 8 Momento de força (Torque) durante a execução do movimento Abdominal no Solo.

FASE TORQUECONCÊNTRICA 164,5 N.mEXCÊNTRICA 38,7 N.m

DISCUSSÃO

Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal no Solo

A velocidade angular, para ser calculada, depende da amplitude do movimento

realizado, pelo seu tempo de execução de cada ciclo, sendo o ciclo a fase excêntrica e a fase

concêntrica. Através dos cálculos, observamos que a velocidade angular do ciclo no exercício

abdominal no solo é menor que a velocidade angular do ciclo, no exercício no abdominal na

prancha inclinada, permanecendo essa mesma diferença ao calcularmos separadamente a fase

excêntrica e concêntrica.

Devido a velocidade angular do atleta, na fase concêntrica, ser maior que a fase

excêntrica, o atleta pode proporcionar a ele mesmo uma maior micro-lesão devido a

diminuição de pontes cruzadas do sarcômero para suportar o mesmo peso, e proporcionando a

ele uma melhor hipertrofia.

Na analise comparativa da fase concêntrica do abdominal na prancha inclinada com o

abdominal no solo, o tempo de execução foi o mesmo, ou seja, o que determinou a velocidade

angular foi a amplitude de cada exercício. Então, o abdominal no solo com uma amplitude de

81 graus, possui uma menor velocidade angular em relação ao abdominal na prancha

inclinada cuja amplitude é de 106 graus.

Nos exercícios observados na fase excêntrica ocorreu uma diferenciação no tempo,

mesmo assim, não houve mudança na velocidade angular deles, portanto a velocidade angular

do abdominal no solo é menor do que no abdominal na prancha inclinada.

A Força (peso) para o exercício abdominal na prancha inclinada e no abdominal no

solo é a mesma, já que utilizamos a somatória das massas (mãos, braços, antebraços, tronco e

cabeça), pelo produto da aceleração da gravidade que é de aproximadamente 9,8 m/s².

No Torque, quanto maior seu valor, maior é a força que o atleta faz para executar o

exercício. No atleta analisado, observamos uma diferença ao compararmos os dois

abdominais. No abdominal na prancha inclinada (fase concêntrica), o centro de aplicação da

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força se encontra mais distante do eixo de rotação do que no abdominal no solo, portanto, há

maior dificuldade em realizar o exercício na prancha inclinada. À medida que a inclinação

aumenta o centro de aplicação da força se encontra mais distante do eixo de rotação,

conseqüentemente o nível de dificuldade aumenta.

Já na fase excêntrica a localização do CG (parcial) é menor no abdominal na prancha

inclinada do que no abdominal no solo, pois no primeiro, o corpo chega a quase 90 graus, não

havendo distancia do CG ao eixo de rotação.

CONCLUSÃO

A análise biomecânica se torna importante quando o propósito do exercício é o alto

rendimento. Dentro desta perspectiva, e trazendo para a vida diária, analisar

biomecanicamente de forma comparativa os exercícios resistidos, Exercício Abdominal na

Prancha Inclinada com o Abdominal no Solo, torna-se importante à medida que a sociedade

vem se preocupando com o chamado “corpo perfeito”, e muitas vezes buscando adquiri-lo

sem nenhuma orientação profissional, eles acabam realizando exercícios tecnicamente

incorretos podendo ocasionar tanto momentânea quanto futuras lesões a esse grupo muscular

e articular no qual incorretamente foram realizados os exercícios. Essas lesões ocorrem

quando uma pessoa não sabe executar corretamente um determinado exercício, fazendo

movimentos repetitivos de forma errada. A postura e a execução correta do exercício são

essenciais para se obter os resultados esperados sem se machucar.

Contudo, esse estudo busca contribuir aos profissionais da área e aos praticantes de

academia, conceitos e valores significativos na análise dos exercícios resistidos, o Exercício

Abdominal na Prancha Inclinada e Abdominal no Solo, assim como a comparação entre eles,

levando em consideração a forma exercida (torque) e a velocidade para sua execução, tanto

nas fases concêntricas quanto nas excêntricas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do Movimento Humano / [editores Alberto Carlos Amadio, Marcos Duarte]. São Paulo:

Laboratório de Biomecânica: EEFUSP, 1996. 162p.: il.

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CHIESA, Luiz Carlos. Musculação: Aplicações práticas. Rio de Janeiro: Shape, 2002.

DELAVIER, F. Guia dos Movimentos de Musculação. 2. ed. São Paulo: Manole, 2000

HALL, S. J. Biomecânica Básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2000

JOÃO, S. M. A. Aplicações multimídia no ensino sobre o movimento humano:

Biomecânica e Avaliação Funcional. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e

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UCHIDA, M.C. et. al. Manual de musculação: uma abordagem teórico-prática do

treinamento de força / Uchida, M.C. ... [et al.]. 3º edição. São Paulo: Phorte, 2005. 210p. : il.

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