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‘FATORES ASSOCIADOS A INFECÇÃO DE CATETER DUPLO LUMEN RESUMO O objetivo deste artigo, foi avaliar os fatores associados a infecção de cateter duplo lúmen. O mesmo teve como objetivo descrever as complicações locais e sistêmicas dos pacientes com insuficiência renal crônica a partir da implantação do cateter temporário de duplo lúmen para hemodiálise até sua retirada definitiva. Os cateteres de duplo-lúmen são acessos venosos centrais, em geral utilizados como acessos vasculares temporários; tem como vantagem a utilização imediata após sua implantação, porém pacientes com cateteres apresentam maiores riscos de infecção. Estudos mostram que a infecção é a segunda causa de mortalidade e morbidade de pacientes com IRC, chega-se a conclusão que é de extrema importância a conscientização da equipe de saúde em relação aos cuidados na implantação do cateter e manipulação do mesmo (durante as sessões de hemodiálise e realização dos curativos). A progressão para quadros infecciosos neste grupo de pacientes mostrou-se bastante elevada, levando o paciente a óbito. Palavras chave: Infecção – Cateter Duplo Lúmen – Insuficiência Renal Crônica INTRODUÇÃO A diálise é um processo artificial que serve para retirar, por filtração, todas as substâncias indesejáveis acumuladas pela insuficiência renal crônica. Tem-se observado ao longo das últimas décadas, grande desenvolvimento de novos biomateriais e tecnologias na área da nefrologia, com repercussão direta no tratamento das pessoas portadoras de insuficiência renal crônica (IRC). Pacientes com comprometimento renal

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‘FATORES ASSOCIADOS A INFECÇÃO DE CATETER DUPLO LUMEN

RESUMO

O objetivo deste artigo, foi avaliar os fatores associados a infecção de cateter duplo lúmen. O mesmo teve como objetivo descrever as complicações locais e sistêmicas dos pacientes com insuficiência renal crônica a partir da implantação do cateter temporário de duplo lúmen para hemodiálise até sua retirada definitiva. Os cateteres de duplo-lúmen são acessos venosos centrais, em geral utilizados como acessos vasculares temporários; tem como vantagem a utilização imediata após sua implantação, porém pacientes com cateteres apresentam maiores riscos de infecção. Estudos mostram que a infecção é a segunda causa de mortalidade e morbidade de pacientes com IRC, chega-se a conclusão que é de extrema importância a conscientização da equipe de saúde em relação aos cuidados na implantação do cateter e manipulação do mesmo (durante as sessões de hemodiálise e realização dos curativos). A progressão para quadros infecciosos neste grupo de pacientes mostrou-se bastante elevada, levando o paciente a óbito.

Palavras chave: Infecção – Cateter Duplo Lúmen – Insuficiência Renal Crônica

INTRODUÇÃO

A diálise é um processo artificial que serve para retirar, por filtração, todas as substâncias indesejáveis acumuladas pela insuficiência renal crônica. Tem-se observado ao longo das últimas décadas, grande desenvolvimento de novos biomateriais e tecnologias na área da nefrologia, com repercussão direta no tratamento das pessoas portadoras de insuficiência renal crônica (IRC).

Pacientes com comprometimento renal possuem alto risco para o desenvolvimento de infecção devido à baixa imunidade, condição clínica severa e necessidade de acessos vasculares para a terapia de substituição renal.

O Cateter Duplo Lúmen (CDL) permite acesso vascular imediato, fornecendo fluxo sanguíneo adequado para a realização de hemodiálise (HD) em situações emergenciais como a insuficiência renal aguda.

Os CDLs também podem ser utilizados como acesso vascular temporário para HD em pacientes com doença renal crônica que aguardam confecção ou maturação de acesso vascular permanente. Dessa forma, os CDLs devem ser vistos como instrumentos que permitem salvar a vida de inúmeros pacientes. No entanto, tanto o procedimento de inserção de CDL quanto o seu uso prolongado estão associados à ocorrência de uma série de complicações, entre elas a infecção que pode evoluir a óbito.

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Diante do crescente número de pacientes com infecção no local de inserção do cateter de duplo lúmen, fato decorrente da longa permanência do curativo realizado, justificou-se o objetivo deste estudo. A melhora da assistência ao paciente portador de insuficiência renal crônica ou aguda que fazem uso da hemodiálise, visando elevar a qualidade e a expectativa de vida é um desafio. Para que tal objetivo seja alcançado é primordial a redução do número de infecções que acometem esses clientes, o que gera a necessidade de haver cuidados na manipulação desses cateteres e do controle do tempo de permanência.No Brasil existem cerca de 50 mil pacientes com insuficiência renal em programa hemodialítico, e a qualidade de vida e mesmo a sobrevivência dependem do desempenho dos acessos venosos. A longa permanência de cateter de duplo lúmen, está associada à trombose venosa, à infecção e às complicações que obrigam a obtenção de um novo acesso ou que medidas para sua preservação ocorram.

Os pacientes submetidos a hemodiálise são mais suscetíveis a processos infecciosos em razão das punções e da colocação de cateteres e próteses e a ocorrência de infecção é muito freqüente em pacientes com IRC, constituindo a principal causa de hospitalização e a segunda causa de morte nessa população.

Para que os cateteres constituam uma arma na luta contra a doença, a prática assistencial no serviço de terapia renal deve estar apoiada em um conjunto de atividades criteriosamente estabelecidas, entre

elas a vigilância epidemiológica dessas infecções.

Segundo o Ministério da Saúde nº 2616 de 1998 em seu anexo IV item 5.1 recomenda: “Lavagem das mãos com anti-séptico na realização de procedimentos invasivos, prestação de cuidados a pacientes críticos e contato direto com feridas e/ou dispositivos invasivos, tais como cateteres e drenos”.

Inquestionavelmente, impera a premissa de que as mãos dos profissionais da saúde constituem uma importante causa de infecção cruzada e sua higienização pode quebrar a cadeia de transmissão.

É recomendado para higienização das mãos produtos a base de álcool, iodo e clorexidina (BRASIL, 1988; 1998), e com relação à anti-sepsia do local de inserção do cateter é recomendado produtos a base de iodo ou clorexidina.

A Bacteremia é a presença de microrganismos na corrente sanguínea e apresenta os mesmos sinais e sintomas da pirogenia. Em pacientes com CDL o risco é 7 vezes maior em comparação aos pacientes com Fístula arteriovenosa.

Diante o exposto, estudaremos os fatores associados à infecção de cateter duplo lúmen.

OBJETIVO

Avaliar a ocorrência de infecções em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise ambulatorial por meio do cateter temporário duplo-lúmen.

REFERENCIAL TEÓRICO

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A Insuficiência Renal Crônica, em sua fase mais avançada, os rins não conseguem manter a normalidade e devido a este comprometimento desta função renal, o organismo precisa de um processo que consiga suprir as necessidades de filtração, depuração e purificação do sangue. Dessa forma, temos que usar uma forma artificial de eliminar estes excessos retidos no organismo, através da diálise (RIBEIRO; COSTA; MAGALHÃES, 2010).

Os cateteres de duplo lúmen são acessos venosos centrais, em geral utilizados como acessos vasculares temporários; tem como vantagem a possibilidade da utilização imediata após a sua implantação. Pacientes com cateteres duplo lúmen, apresentam maiores riscos de infecção quando comparados com pacientes com enxerto (fístula). O acesso temporário é usado para tratar pacientes com insuficiência renal crônica sem acesso permanente disponível que necessitem de Hemodiálise Temporária (CNCDO/SC, 2006).

O cateter duplo lúmen pode ser inserido através das veias jugular, subclávia ou femoral, com condições de assepsia rigorosa para minimizar as complicações relacionadas ao implante e a manutenção do cateter. A preferência que se dá hoje é para a veia jugular interna à direita, devido à facilidade para sua execução.

Reserva-se o acesso pela veia femoral aos pacientes acamados, pela segurança e facilidade de punção, utilizando-se em atendimentos ambulatoriais e com tempo de permanência mais

prolongado, sendo implantado pelo nefrologista.

O cateter duplo lúmen é o mais freqüente utilizado em pacientes com insuficiência renal crônica e a utilização dele trouxe vários benefícios como: praticidade, rapidez na implantação permitindo seu uso imediato, é indolor durante a sessão de hemodiálise, produz baixa resistência venosa, sua retirada é rápida e fácil. Além disso, o baixo fluxo sangüíneo e a ineficiência na hemodiálise podem estar associados à localização inadequada da ponta do cateter ou ao déficit da circulação central.

A principal complicação crônica dos acessos venosos centrais para a hemodiálise são as infecções do cateter, o paciente apresenta febre, secreção purulenta no orifício de saída do cateter e hiperemia na região. Nos casos de infecção localizada na pele deve-se tratar com antibiótico e observar a evolução, quando temos infecção no túnel do cateter ou sepse, se faz necessária retirar o cateter, colher a cultura da secreção, hemocultura, antibiograma e uso de antibioticoterapia (MELO et al, 2005). As infecções associadas ao cateter correspondem a 20% de todas as complicações dos acessos vasculares; sua incidência é alta e grave, levando a retirada temporária desse acesso.

Cabe destacar que a literatura é vasta de resultados de pesquisa que mostram altos índices de infecção associados ou não ao cateter em pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico. Neste

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sentido, a prática assistencial no serviço de terapia renal deve estar apoiada em um conjunto de atividades criteriosamente estabelecidas, entre elas a vigilância epidemiológica dessas infecções.

Segundo registros do United States Renal data Systen, as causas de morbidade e mortalidade de pacientes com insuficiência renal, são as infecções, que mesmo diante de todos os avanços obtidos com novas drogas e cuidados preventivos, ainda é a segunda maior. A taxa anual de sepse é muito maior nos pacientes em diálise do que na população em geral, sendo cem vezes maior na faixa etária de 64 a 74 anos (APECIH, 2005).

Os mistérios inerentes às infecções têm sido desvendados desde que, no final do século XIX, Koch, Pasteur e outros microbiólogos descobriram a conexão existente entre bactérias e infecções (SCHULL, 2001).

Pittet (2005) citado por Ferreira (2007), diz que a infecção relacionada à saúde é apontada como uma das mais sérias problemáticas e um desafio em âmbito mundial. E, esse agravo se torna ainda maior mediante a variabilidade de recursos e condutas aplicadas na assistência, seja no domicilio ou na instituição (FERREIRA, 2007).

Ainda segundo Ferreira, o uso de cateter venoso central é apontado como um importante fator de risco para infecção da corrente sanguínea, acarretando no prolongamento da internação, aumento da morbimortalidade, e

elevação dos custos de hospitalização.

As infecções em cateteres permanentes ou temporários são desafios importantes para os profissionais da saúde, portanto, a obtenção de uma via vascular à circulação sanguínea depende de profissionais especializados, levando em consideração a sua elevada complexidade (FERREIRA, 2005).

Montaña (2002), infecções mais comuns em hemodiálise são de origem bacteriana (relacionadas ao cateter) e viral (relacionadas a transfusões sanguíneas e tempo de tratamento). O acesso vascular é um pré-requisito para o tratamento hemodialítico, eles podem ser transitórios como o cateter venoso central (CVC), ou permanente como a fístula arteriovenosa (FAV), entre outros (GONZALEZ et al, 2000).

Szymanski (2001) citado por Montaña (2002), a sensibilidade dos clientes com IRC para infecções agrava-se devido à imunidade mediada por células que estão danificadas como produtos da uremia que não são completamente corrigidos com a hemodiálise, somado a isso, estão às patologias de base.

O mecanismo da infecção é a migração da bactéria a partir da pele através do sitio de inserção pela superfície externa do cateter ou pela contaminação do lúmen do cateter durante a HD. Raramente, a infecção é causada por soluções contaminadas. O risco de infecção está relacionado ao local de inserção e aumenta linearmente com tempo de permanência (OLIVEIRA, 2005).

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Os principais agentes etiológicos envolvidos nas infecções relacionadas aos cateteres venosos centrais são: Staphylococcus coagulase negativo, Staphylococcus aureus e cândida spp. enterobactérias, micobactérias e fungos dos gêneros: Trichophyton beiglii, Fusarium sp. e Malassezia furfur. Quando a fonte é o infundido contaminado, predominam a tribo (Klebsiella sp., Serratia marcescens, Enterobacter cloacae e Enterobacter agglomerans), Burkholderia cepacea, Ralstonia pickettii, Stenotrophomonas maltophilia, citrobcter freundii, Flavobacterium sp. e Candida tropicalis. Quando a possível fonte é sangue e hemoderivados, os agentes mais freqüentes são: Enterobacter cloacae, Serratia marcescens, Flavobacterium msp., Burkholderia cepacea, Yersinia sp. e Salmonella sp (OLIVEIRA, 2005).

Segundo Oliveira (2005), o paciente com bacteremia geralmente apresenta calafrios, febre e estado geral comprometido, ou pode estar assintomático. O local do acesso pode estar edemaciado, doloroso, com rubor e secreção, ou com aspecto normal.

Sintomas como febre e calafrio após a manipulação do cateter como no início da sessão de diálise sugerem bacteremia relacionada ao cateter. O adiamento do tratamento da sepse aumenta a morbidade e mortalidade. Sintomas mais insidiosos podem estar presentes principalmente em pacientes idosos ou imunossuprimidos e incluem febre baixa, letargia, hipotensão, confusão, hipoglicemia, ou cetoacidose diabética.

Segundo a RDC 154, todo serviço de diálise deve implantar e implementar um Programa de Controle e Prevenção de Infecção e de Eventos Adversos (PCPIEA), subsidiado pela portaria GM/MS 2616, de 12 de maio de 1998, ou instrumento legal que venha a subsidiá-la.

As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõe o Programa de Controle de Infecções Hospitalares.

METODOLOGIA

DISCUSSÃO E RESULTADOS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS