Artefacto B&C Beach&Country_10º Edição.

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UNIVERSO B&C CULTURA POPULAR DNA BIKE - ESTILO É PEDALAR ARCHITECTURE PONTES UNINDO MAIS QUE DOIS PONTOS

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Projeto Editorial Realizado na J3P PROPANGA, Junho/2012 - São Paulo/Brasil

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UNIVERSO B&CCULTURA POPULAR

DNABIKE - ESTILO É PEDALAR

ARCHITECTUREPONTES UNINDO MAIS QUE DOIS PONTOS

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1. Wair de Paula2. Ponte projetada por Santiago Calatrava3. Hall da Biblioteca Mário de Andrade - SP

“...ver será sempre a melhor metáfora de conhecer...”

Então chegamos ao número dez. O que há de especial neste número? Em termos cabalísticos, o mundo foi criado com dez atributos divinos – sabedo-ria, entendimento, bondade, conhecimento, severidade, perseverança, har-monia, esplendor, apego e realeza. Assim, toda a criação é um reflexo des-tes dez atributos. Procuramos então, em nosso décimo número, uma forma de demonstrar as expressões que melhor definiriam estes atributos. E, em surpreendente contrassenso, chegamos à conclusão de que as expressões populares seriam as que melhor alcançariam estes predicados divinos, visto serem baseadas em sua própria história, provocando assim uma condição de terroir, da natura, mesmo que envoltas em mistérios ou interpretadas sob ótica científica, intelectual ou sociológica. E para isso percorremos ca-minhos que nos conduziram a lugares incomuns, atravessando pontes que nos levam da magnífica culinária praticada por Rodrigo Oliveira – em seu exercício de apresentar uma culinária 100% regional, mas de aceitação mun-dial – ao som universal de Tim Maia, que uniu o jazz e soul ao balanço cario-ca. Percebemos as conexões que ligam o trabalho excepcional do arquitetoMario Santos – e seu domínio do repertório de elementos históricos mes-clado ao inteligente uso de arte popular – a um Hotel/Refúgio localizado em área icônica da cidade do Rio de Janeiro. Conhecemos o Mercado Mu-nicipal de São Paulo pelas óticas de três diferentes personalidades, para em seguida visitar a Biblioteca Mário de Andrade que, após recente reforma, ressurge imponente e aberta à população – como deve ser todo centro irra-diador de informação e cultura. Vamos do sul da Bahia ao Orient Express, sempre ligados pelas imponentes pontes de Santiago Calatrava – verdadei-ras metáforas edificadas, unindo povos, crenças e culturas. Levamos nes-ta viagem nossa própria narrativa, mesmo sabendo que toda história tem uma conclusão, toda ponte chega ao seu destino final. Sintetizando a frase que inicia este texto, do imenso Fernando Pessoa, ver é conhecer. Portanto, quem sabe o fim não seja nada, mas a estrada seja tudo.

Wair de Paula

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CARTA AO LEITOR

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Fale o que você achou desta edição: [email protected]

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Albino Bacchi - Fundador ArtefactoDiretoria Artefacto Beach&Country

Bráulio BacchiDiretor-Executivo Artefacto

Paulo BacchiCEO Internacional Artefacto

Pedro TorresSuperintendente Artefacto

Wair de PaulaEditor

Projeto Editorial

PUBLISHING

Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br

Fabio PereiraDiretor de Criação

Cesar RodriguesProjeto Gráfi coDireção de Arte

Chico VolponiGerente de Custom Publishing

Iana MerisseAssistente de Arte

Luciana FagundesRevisão

Ana Luiza VaccarinArte Final

Giuliano PereiraDiretor Responsável

Giuseppe NardelliJornalista

Paulo BrentaFotógrafo

Diego MakulPublicidade

[email protected]

Executivas de conta Cindy Vega

Clarice MattielloElisangela Lara

ColaboradoresAdilson Rocchi, Ailton Alves, Alexandre Lemes, Edison Garcia, Fuad Chufalo, Meire Silva,

Miriam Perdigão, Talles Lima, Tânia Rodrigues,

EXPEDIENTE

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20UNIVERSO B&C

O "Popular" e seu verdadeiro signifi cado

26LEITURA

Biblioteca Mário de Andrade revive seus dias de glória

40ESPECIAL

Mercado Municipal de SP, repleto de histórias e sabores, atrai multidões

58DNA

Bike – Lifestyle em duas rodas

76À MESA

A gastronomia populardo Mocotó pelas mãos do

chef Rodrigo Oliveira

ÍNDICE

52BÚSSOLA

Luxo e sofi sticação sobre os trilhos do Orient Express

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66TRILHA SONORA

O irreverente Tim Maia, além de livro, agora vira peça de teatro

84ARCHITECTURE

Pontes unindo mais quedois pontos

98ARTE

Hugo Curti e muito alémdo silêncio

92PERFIL

Mario Santos, o arquiteto que valoriza a arte popular

104BRASIL NO MUNDO

Tratore populariza a música nacional no exterior

110DESTINOS

O sul da Bahia e seus encantos

116REFÚGIO

Hotel Santa Teresa, hospedagem de primeira linha

THE LOOK OF HOME

36. JOY GARRIDO50. CORES VIVAS72. PAOLA RIBEIRO

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Composição Tela padrão

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Composição Tela padrão

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O foco desta edição da B&C é o “popular”. Em sua mais pura concepção, o termo popular é tido como sendo algo do povo, para o povo, que atende às necessidades das pessoas em geral. Discordando da defi nição do fi lósofo e educardor Paulo Freire,

cujo termo é sinônimo de “oprimido, ou aquele que vive sem condições elementares para o exercício de sua cidadania”; o popular, aqui, tem outro signifi cado. O termo em questão pode ter diversos sentidos, tudo depende como e em que momento ele é empregado. Mas o popular não pode ter aquela conotação de ruim, simples e desencorajador. Hoje em dia este conceito mudou e engloba uma série de eventos que podem abrigar qualidade e quantidade, de forma a agradar até os mais exigentes. Nas grandes cidades o popular começou a ganhar espaço, deixando de lado o fato de que é necessário agradar às massas, através de oportunidades únicas, que fazem a diferença e que agradam. Nesta edição, vamos conhecer um pouco do popular adequado ao cotidiano como, por exemplo, o veículo mais popular do planeta, que cada vez mais disputa espaço com os luxuosos carros e vias congestionadas das grandes cidades. >>

O conceito vem mudando com o passar do tempo e hoje o termo tem signifi cados cada vez mais variados

UNIVERSO B&C

CULTURA POPULAR

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A simplicidade e a beleza desequilibrada da arte naïf JUNHO 2012 | B&C | 21

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Sem falar da pop art, movimento artístico surgido no final da década de 1950 no Reino Unido e nos Estados Unidos. O nome desta escola estético-artística coube ao crítico britânico Lawrence Alloway, sendo uma das primeiras – e mais famosas – imagens relacionadas ao estilo “popular chique”. A pop art propunha que se admitisse a crise da arte que assolava o século XX e demonstrasse com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura pop, aproximando-se do que se costuma chamar kitsch.

Um exemplo clássico disso são as manifestações populares, tão comuns em nosso país. O carnaval, as danças e festas folclóricas, a literatura de cordel, o arte-sanato, os contos, as lendas urbanas, as superstições e os provérbios. Tudo está inserido no coletivo popular e são formas que transmitem conhecimentos comuns so-bre a vida. Muitos deles foram criados na antiguidade, porém estão relacionados a aspectos universais da vida e, por isso, são utilizados até os dias atuais. E a música popular brasileira, então? Com sonoridade única ela projetou o país lá fora e fez surgir cantores que viraram ícones do seu próprio tempo. Tim Maia foi um deles, responsável por fazer o povo cantar e dançar. Tim dei-xou uma enorme saudade, mas nos presenteou com um repertório popular cheio de genialidade. A beleza das estruturas arquitetônicas, criadas para o povo, vivem seus tempos de glória.

01. Art Pop02. Escultura kitsch03. J.Borges Xilogravurista04. O Pensador Paulo Freire05. Literatura de Cordel

UNIVERSO B&C

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O Mercado Central da Cantareira em São Paulo é um exemplo vivo desta reaproximação. Além de oferecer inúmeros produtos, é palco de visitação pública e virou ponto turístico da cidade. A exuberância das pontes cria-das pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, espalhadas pelo mundo, são obras imponentes e democráticas, aproximando povos e culturas, sen-do cenários ideais para encontros e desencontros. O popular também sur-ge, inspirado em nossas raízes. Uma nova geração de talentos ingressa no mercado internacional graças ao trabalho visionário de uma empresa que acredita que é possível ir “além do horizonte”. E a arte brasileira popular entra nos mais requintados ambientes, através do trabalho de um arquiteto que valoriza a cultura de raiz e suas múltiplas possibilidades. Sem falar da gastronomia. Pratos simples e saborosos recriam no paladar toda a nossa brasilidade. Com uma variedade de temperos e aromas, a comida popular invade os grandes centros e recebe os aplausos dos mais exigentes gourmets. Tudo isso é popular. Tudo isso vem da essência do povo, que muda suas características através de modismos e crenças. São as mais férteis e naturais manifestações humanas que tornam a vida mais simples, sem deixar o bom gosto de lado, é claro.

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Considerada um dos mais importantes centros de pesquisa da América Latina, a Biblioteca Mário de Andrade revive seus dias de glória

por GiUseppe Nardelli FOTOS paUlO BreNTa

HISTÓRIA VIVA

LEITURA

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O ambiente da leitura e da pesquisa atrai, naturalmen-te, pessoas de todos os níveis sociais. Estes locais, que reúnem centenas de livros, documentos e ma-

nuscritos – que, em sua grande maioria, contam a história e a trajetória de um povo – são monumentos da cultura, instalados nas grandes cidades do planeta. Estamos falando das bibliotecas, celeiros de informação documentada, que funcionam como uma linha do tempo, onde o leitor pode recuar e avançar pelo relógio da vida, entretido com contos, com histórias e com fatos conti-dos em seus acervos. A primeira biblioteca do mundo foi erguida em Nínive, a cidade mais importante da Assíria (atual Iraque), pelo rei Assurbanipal II, por volta do século VII a.C. Nela, fo-ram armazenadas milhares de tabuletas escritas com caracteres cuneiformes – a mais antiga forma de escrita que se conhece.

No Brasil, a primeira biblioteca pública foi a Biblioteca da Bahia, situada no bairro dos Barris, em Salvador. Em seus duzentos anos de existência, o local guarda registros valiosos da história do país nos seus 600 mil itens. Já a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro teve seu acervo organizado e trazido pela família real portuguesa, em 1808. Mas só em 1814, depois de oficialmente estabelecida, a Instituição abriu suas portas ao público. A cidade de São Paulo também orgulha-se de sediar uma das mais importantes bibliote-cas de pesquisa do país. Inaugurada em 1926, com uma coleção inicial formada por obras doadas pela Câmara Municipal de São Paulo, a Biblioteca Pública Municipal (hoje, Biblioteca Mário de Andrade) foi chefiada pelo historiador e poeta Mário de Andrade.

O crescimento de seu acervo e serviços resultou na mudan-ça da Biblioteca para o atual edifício, no centro da capital >>

A coleção de obras raras foi digitalizada e pode ser acessada pela internet

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A biblioteca circulante foi toda informatizada para facilitar a consulta

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paulistana, projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon e considera-do um marco da arquitetura Art Déco em São Paulo. A Seção de Obras Raras e especiais foi aberta ao público na década de 1940. No entanto, a formação desse acervo data dos anos 20. Dentre as principais aqui-sições de obras raras e especiais, destaca-se a compra, em 1936, da biblioteca de Félix Pacheco, escritor, senador e Ministro das Relações Exteriores, que reuniu a maior coleção privada de obras raras.

Em pouco tempo, devido ao grande acesso de público, a Biblio-teca Mário de Andrade inaugurou uma seção circulante que fa-cilitou o acesso à pesquisa de seu grande acervo. Em janeiro de 1945, Sérgio Milliet, então diretor, inaugurou a seção de artes, que reuniu a coleção especializada de livros, revistas e reproduções. Foi só em 1960 que a Biblioteca passou a denominar-se Biblioteca Má-rio de Andrade. O prefeito Prestes Maia, também engenheiro, fez al-gumas interferências no projeto original de Jacques Pilon – como a troca dos pilares laterais da torre por colunas centrais, reduzindo, em um terço, o espaço de armazenamento de acervo, aumentando, todavia, sua altura para 21 andares e a capacidade total para 400.000 volumes.

AcervoHoje, a biblioteca Mário de Andrade conta com um acervo de, aproximadamente, 3,3 milhões de itens, entre livros, periódi-cos e mapas, além de possuir grandes coleções especiais, como um dos maiores acervos de livros de arte de São Paulo, uma bi-blioteca depositária da ONU e uma riquíssima coleção de obras raras, considerada a segunda maior coleção pública do Brasil. Preservação e acesso são as palavras-chave que norteiam a Biblioteca e refletem-se nas ações realizadas para divulgar seu acervo a todos os pesquisadores nacionais e estrangeiros, tornando acessíveis coleções importantes e únicas no Brasil e, simultaneamente, garantindo a exis-tência e longevidade dessas coleções, a partir de um esforço sistemáti-co de higienização e acondicionamento dessas obras.

Sob a direção da profª. Maria Christina Barbosa de Almeida desde 2009, a Instituição passou por uma grande reforma, tanto na torre de 21 andares quanto em todas as outras salas que compõem o edifício sede. “Foram quase dois anos de muitas mudanças, de restauração do mo-biliário e da fachada. A grande obra trouxe de volta a atmosfera envol-vente que a construção tinha nos anos 40”, revela a diretora. Além do cuidado em resgatar todos os detalhes do projeto original, alguns itens um pouco mais modernos tiveram que ser aplicados à estrutura, “mas são detalhes que não brigam com o todo, apenas foram integrados para proporcionar maior facilidade e mobilidade”.

LEITURA

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Não foi só a estrutura do prédio que passou por melho-rias. Cerca de 200 mil livros que estavam tomados por cupins e brocas passaram por uma desinfestação feita com nitrogênio. Entre as raridades, também passaram por este processo as cartas escritas por padres jesuítas, como as do padre Manoel da Nóbrega, em 1551, e as publicações da imprensa régia, a primeira a ser instalada no Brasil com a vinda da corte portuguesa, em 1808.

O hall de entrada continua imponente e abre espaço para a estátua “A Leitura”, de Caetano Fraccaroli. Toda em bronze, reina solitária bem no centro de uma série de círculos vazados que dão forma ao imenso pé-direito que compõe parte do prédio. O mármore das paredes e das escadas é lustro como um espelho e reflete o clima silen-cioso e introspectivo que existe no local. Maria Christina conta que ficou muito feliz com o resultado da reforma e especialmente com o número de visitantes, que aumen-tou desde a reabertura, em janeiro de 2011. “O fato do local estar limpo, bonito e atraente tem servido de chamariz para o público. Hoje, recebemos cerca de 700 pessoas por dia na Biblioteca Circulante e percebi que conseguimos conquistar, além dos leitores habituais, um outro público que está descobrindo a Mário de Andrade.”

A Coleção Circulante Atualmente, com mais de 47 mil volumes de livros e com seu catálogo totalmente informatizado, a coleção pode ser consultada no local ou retirada por empréstimo. Em-bora o forte deste acervo seja literatura (tanto a brasileira quanto a estrangeira), abrange, também, outras áreas do conhecimento a fim de atender à diversidade de interes-ses de seu público.

Para atrair novos frequentadores, o acervo circulante oferece também títulos sobre marketing e administração de empresas. Outra estratégia é abrir as portas às 8h30. “Assim, quem entra às 9h no emprego tem tempo de dar uma passadinha por aqui antes”, explica Maria Christi-na. De acordo com a diretora, às segundas-feiras, quando o Centro Cultural São Paulo está fechado, o movimento é maior. “Vem muita gente ler o jornal do final de sema-na para procurar emprego”, exemplifica. As outras salas, onde ficam as coleções de obras raras e de artes, preser-vam o mesmo tom dos outros recintos. Todas reformadas, conservam o “estilo Pilon” nas mesas e nas cadeiras.

COLEÇÃO DE OBRAS RARASA coleção de obras raras e especiais conta, atualmente, com cerca de 52 mil volumes de livros, 8.700 volumes de periódi-cos e 3.500 outros documentos, incluindo manuscritos, álbuns de fotografias originais, gravuras, desenhos, cartões-postais e moedas. Destacam-se, entre outras preciosidades, 500 ma-pas raros, nove exemplares de incunábulos (livros impressos nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis), várias obras únicas sobre o Brasil, das quais se conhecem poucos exemplares no mundo, e as edições originais dos principais viajantes estrangeiros, como Thévet, Léry, Barleus, Debret, Rugendas, Spix e Martius. Muitos desses títulos são de inegá-vel valor cultural, histórico e social e alguns não existem em outras bibliotecas brasileiras, nem mesmo na Biblioteca Na-cional do Rio de Janeiro. Uma inovação é que qualquer pes-soa pode ter acesso a este acervo através da internet. Segundo Maria Christina, tudo está sendo cuidadosamente digitaliza-do e grande parte destas preciosidades já está disponível no endereço eletrônico: http://docvirt.no-ip.com/demo/bma/bma.htm. >>

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01. No saguão central, a Estátua da Leitura dá as boas-vindas ao público

02. Busto de Mário de Andrade, obra em bronze de Bruno Giorgi

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Outras ColeçõesConstituída por cerca de 3.900 volumes de dicionários, enciclo-pédias, guias e diretórios, dentre outras publicações, a Coleção de Referência está presente no catálogo online e disponível para con-sulta no espaço Circulante. Além dessa coleção, podem-se encon-trar, na Sala Sérgio Milliet, obras de referência voltadas às artes.

Sala de AtualidadesA coleção corrente – títulos de jornais e revistas recebidos regu-larmente pela Biblioteca – está disponível para consulta na Sala Jerônimo de Azevedo. É constituída por cerca de 250 títulos de revistas e 10 títulos de jornais diários, recebidos por compra ou doação.

Coleção ONUA Coleção ONU foi iniciada em 1958, quando a Biblioteca passou a ser depositária da instituição e a receber, regularmente, material publicado por ela por outras organizações internacionais (Unesco, Cepal, FAO e Unicef).

MapotecaDentre as grandes coleções do imenso acervo da Mário de Andra-de, sobressai a Mapoteca, composta por 7 mil cartas geográficas, mapas políticos, históricos, físicos e geológicos e mais de 4 mil volumes de atlas históricos e geográficos. Destaque para a cole-ção de 34 mapas e planos manuscritos do final do século XVIII, de várias partes do Brasil. Estão disponíveis, também, para consulta, plantas da cidade de São Paulo do período de 1810 a 1870.

OásisPassando por um imenso corredor de vidro, que foi criado como um apêndice moderno, grudado na estrutura original, tem-se aces-so a uma sala onde, em breve, será inaugurado o “Café Contempla-tivo”. O espaço possui uma saída para um pequeno ambiente ao ar livre, ornado por uma árvore centenária e que possibilita uma visão da praça Dom José Gaspar. O local já existia, mas foi revita-lizado com a reforma. Outro espaço ao ar livre, que não fazia parte da planta original é um deck arborizado, com mesas de concreto e bancos de madeira, concebido por insistência de Maria Christina. “Sofri uma certa resistência, pois todos achavam que o lugar não seria frequentado por estar na beirada barulhenta da avenida São Luiz. Mas, ao contrário do que diziam, hoje ele recebe várias pes-soas que querem descansar ou apenas apreciar o movimento e a arquitetura do prédio.” >>

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LEITURA

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O corredor anexo, todo em ferro e vidro, simboliza a união do moderno com o antigo

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Memória OralO Projeto Memória Oral foi idealizado como parte das comemora-ções dos 80 anos de existência da Biblioteca Mário de Andrade e do processo de revitalização pelo qual a Instituição vem passando desde 2005. Com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre a história da Instituição e melhor compreender seus caminhos e descaminhos, o Projeto produziu e reuniu mais de 50 depoimentos de ex-funcio-nários, diretores, pesquisadores, usuários, artistas e intelectuais que tiveram fortes vínculos profissionais ou diletantes com a Instituição. O Projeto contribui de forma decisiva para o restabelecimento de vínculos dos seus antigos frequentadores com a Instituição. As lembranças de um espaço vigoroso de educação informal, marca-do pela diversidade cultural e pela tolerância, tecla reincidente em quase todas as narrativas alusivas à Biblioteca Mário de Andrade, servem de combustível para a sua revitalização e para seu reposi-cionamento na cena cultural paulistana.

Além de todo este acervo, a Biblioteca Mário de Andrade conta com um auditório para cerca de 200 lugares, onde são organizadas palestras, saraus e várias outras atividades culturais.

RecursosApesar de contar com a ajuda dos membros da Associação dos Amigos da Biblioteca, no que se refere à captação de recursos pro-venientes do Estado e da própria iniciativa privada, a diretora con-fessa que ainda são necessários muitos investimentos para deixar o local “quase perfeito”. “Estamos reivindicando a colocação de ar-condicionado na ala da biblioteca circulante e queremos estreitar ainda mais a parceria com a Brasiliana (instituição do bibliófilo e empresário José Mindlin) para digitalizar outra grande parte do nosso acervo”, confessa.

Um novo prédio de 16 andares, doado pelo governo do Estado, será inaugurado no segundo semestre. Esta nova torre, situada na rua ao lado da Biblioteca, servirá para acomodar grande quantidade de documentos e volumes que estão guardados, à espera de um lo-cal adequado para serem arquivados e digitalizados.

Repleta de preciosidades, encantos e mistérios, a Biblioteca Mário de Andrade rejuvenesceu e hoje é ponto de encontro da popula-ção de São Paulo. A cultura de fácil acesso, é o bem maior que um povo pode ter. E assim escreveu Mário de Andrade: “Nós vivemos eternamente adquirindo convicções novas e num eterno trabalho de reeducação de nós mesmos.”

LEITURA

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CHEGOU LUMINA,A ARTE EM FORMA

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A MELHOR NOTÍCIAPARA OS OLHOS,

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Naturalmente

Joy Garrido e sua palheta de brancos e tons naturais, com pinceladas de cor forte - laranjas, amarelos- num esquema sempre chic.

BrancoThE LOOK OF hOME BY JOY gARRIDOThE LOOK OF hOME BY JOY gARRIDO

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OPOPULAR

QUEATRAIMULTIDÕES

Repleto de história e de sabores, o Mercado Central da Cantareira, em São Paulo, é o lugar preferido de turistas,

curiosos e gourmets

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O mais popular dos locais de qualquer cidade, com certeza, é o seu mercado central. Seja ele coberto, descoberto ou de rua, é sempre o res-

ponsável por atrair consumidores ávidos por artigos especiais que só são encontrados em locais desse tipo. Um desses exemplos de concentração de populares é o Mercado Central de São Paulo, mais conhecido como o Mercadão da Cantareira. Trata-se de uma magnífica construção histórica que sobrevive imponente na re-gião central da capital paulista. Obra monumental do arquiteto Ramos de Azevedo, foi inaugurado em 1933, no Parque Dom Pedro II. Sua arquitetura preserva diver-sos vitrais executados pelo artista Conrado Sorgennicht Filho que retratam o meio rural paulista da década de 30.

O seu interior reúne comerciantes de variadas etnias que comercializam produtos das mais diversas regiões e países. É um tradicional ponto de comércio não só para gourmets como para a população em geral. Seus estrei-tos corredores, sempre movimentados, transformam-se em verdadeiras alamedas multiculturais, coloridas pelo seu exotismo e que exalam aromas dos produtos ali comercializados. Tudo estimula os sentidos de seus frequentadores. Há tempos o local virou ponto turístico da cidade e concentra, também, consumidores de todo o país que buscam produtos diferenciados a preços ape-titosos. A reportagem da B&C convidou três frequenta-dores para que cada um desse suas impressões sobre esse grande centro comercial. >>

Por Giuseppe Nardelli Fotos Paulo Brenta

ESPECIAL

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Com área útil de 12,6 mil metros quadrados,o Mercadão recebe 100 mil pessoas por semana

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Raphael Despirite, 28 anos, chef de cozinha, Marcos Lopes, 44 anos, fotógrafo e Vincenzo Soccio, 36 anos, hair stylist chegaram juntos ao Mercadão. Raphael, que estudou gastronomia na França e hoje é chef de um dos mais tradicionais restaurantes franceses de São Paulo, fi -cou mais à vontade. Logo foi percorrendo os corredores para encon-trar os estandes – sim, podemos dizer que são verdadeiros “estandes” demonstrativos de guloseimas variadas, como os estandes de gran-des feiras de artigos – de seus fornecedores e fazer um “approach”. “Geralmente, conversamos com eles por telefone quando encomen-damos as mercadorias. Acho legal conhecê-los pessoalmente, pois isso ajuda, depois, nas negociações”, conta Raphael.

Marcos, o fotógrafo, já fez vários editoriais de moda no Merca-dão, o que o faz se sentir em casa. Ele conhece os corredores e os locais mais “fotografáveis”. “Sempre que venho estou a trabalho, mas isso não impede de eu olhar todo esse colorido com olhos de consumidor, essa variedade de produtos exposta em cada banca”, confessa. Para ele, os vitrais e a arquitetura chamam a atenção de quem entra. A memória urbana da metrópole guarda construções históricas de grande valor estético-cultural que, na maioria das ve-zes e com o passar dos anos, têm suas estruturas modifi cadas ou não correspondem às suas funções originais e somente resistem graças à intervenção patrimonial. Não é o caso do Mercado Mu-nicipal, que vem sobrevivendo aos processos de demolições que tomam conta das grandes cidades contemporâneas e se mantém, incólume, à constante urbanização e modernização da cidade.

Ele constitui elemento ímpar na paisagem urbana na medida em que exibe tal longevidade e permanece inalterado na função para a qual foi, originalmente, idealizado. Funcionando como um dos principais entrepostos de distribuição e venda de produtos alimentícios, tanto para o atacado quanto para o varejo, ali são comercializadas, diariamente, 350 toneladas desses produtos. Inscrito no Condephaat desde 1973, o conjunto do Mercado Mu-nicipal constitui parte fundamental do acervo arquitetônico da cidade. É um dos raros exemplos preservados da memória urba-na, cuja singularidade pode revelar as alterações socioeconômi-cas e culturais às quais São Paulo tem sido submetida.

O Mercado Municipal é a materialização, no tempo e no espa-ço, do desenvolvimento paulistano. Mais que um edifício de valor estético-histórico, é o registro inequívoco da memória histórica e das transformações sociais da cidade, no último século. Séculos de tradição, como todo bom italiano sabe respeitar.

Nosso terceiro convidado é da região da Pescara, no Abruzzo, centro-oeste da Itália. Acostumado com a estética tradicional des-ses grandes centros comerciais – muito comuns na Itália – o hair stylist Vincenzo Soccio logo foi buscar as lojas que vendem espe-ciarias e produtos importados da “bota”, é claro! Vincenzo mora no Brasil há 10 anos e adotou o país do samba por causa de sua babá. “Ela me criou e era casada com um brasileiro. Eu acabei co-nhecendo um pouco da cultura do Brasil através dela e isso me infl uenciou muito”, relembra. >>

272 boxes que vendem mais de 1 milhão de itens variados

ESPECIAL

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Da esq. à dir.: Vincenzo Soccio, Marcos Lopes e Raphael Despirite em dia de compras no Mercadão

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Quando veio a trabalho, sentiu-se em casa e resolveu mudar-se, defi niti-vamente, para o Brasil. “O Mercadão de São Paulo faz com que eu me sinta na Itália. Aqui, eu consigo encontrar tudo aquilo de que mais gosto e, dessa maneira, lembrar-me de minha infância, de minha família”, confessa.

Os monumentos do passado são necessários à vida do presente. Não são ornamentos aleatórios, nem arcaísmos e nem meros portadores de saber e prazer, mas partes do cotidiano.

Pesquisar a história do Mercado Municipal, suas relações com a socie-dade paulista e com a paisagem urbana em constante mutação e observar o cotidiano das atividades desenvolvidas, faz-nos entender e conhecer os personagens envolvidos nesse processo histórico-cultural.

Voltando no TempoO Mercadão foi construído para substituir o mercado velho que fi cava na rua 25 de Março, local onde os comerciantes vendiam seus produtos ao ar livre. Em 1924, com o crescimento da cidade, foi aprovada uma lei autorizando a construção de um novo mercado. O Mercado Central, como é conhecido hoje, talvez tenha sido o último dos grandes edifícios que foram erguidos a partir do fi nal do século XIX para que a cidade consolidasse, cada vez mais, suas imagens de “Metrópole do Café”.

O responsável por sua construção foi o arquiteto de origem portuguesa Francisco de Paulo Ramos de Azevedo (1851 - 1928). Ele tinha o mais con-ceituado escritório de arquitetura da época e elaborou, também, o teatro Municipal, o Palácio das Indústrias, a Pinacoteca, os Correios e Telégrafos e o Colégio Sion. Em seu escritório, trabalhavam portugueses, brasileiros e italianos, entre eles Felisberto Ranzini, que desenhou as fachadas do Mer-cado. O estilo da construção escolhido foi o uso de fachadas sóbrias, com colunas internas e externas em estilo grego, jônico ou dórico. Telhas de vi-dros, claraboias e vitrais complementam o conjunto, criando uma perfeita iluminação natural.

A execução dos vitrais foi entregue ao artista russo Conrado Sorgenicht Filho, cujo trabalho também pode ser apreciado na Catedral da Sé e em ou-tras 300 igrejas brasileiras. Ao todo, no Mercadão, são 32 painéis, subdividi-dos em 72 vitrais. Neles, pode-se ver o trabalho manual do colono através de suas obras compostas por paisagem de cultivo e de colheita, tração animal para o arado e para o transporte, além da criação de gado e de aves.

Em 1932, a construção do Mercado Municipal foi concluída, mas frutas e legumes deram lugar a armas e munições. A Revolução Constitucionalista usou o espaço para armazenar todo o material bélico. Nessa época, solda-dos treinavam pontaria mirando nos preciosos vitrais que acabaram sendo despedaçados pelas balas. Tempos depois, o arquiteto Conrado Sorgenicht Filho voltou ao local e fi cou meses tentando reparar o dano. >>

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“Na realidade, esses vitrais nos remetem ao passado, como que por hipnose. É impossível não admirar essas obras de arte que iluminam todo o espaço. De qualquer lugar você consegue vê-los e parece que eles lhe perseguem, esteja você onde estiver”, analisa o fotógrafo Marcos Lopes.

Recentemente, o Mercado passou por sua mais abrangente modernização e restauração, com projeto do arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva e do escritório Maria Luíza Dutra. Ganhou um mezanino de 2 mil metros quadrados, servido por dois ele-vadores e duas escadas rolantes, onde foram instalados diversos restaurantes que servem culinárias brasileira, japonesa, espanho-la, árabe e italiana, entre outras. Essa adição do mezanino não descaracterizou, em nada, a arquitetura original do local, apenas tornou-se um apêndice discreto que serviu para acomodar, com mais conforto, as milhares de pessoas que frequentam o local diariamente. A reforma também atingiu o antigo piso, que foi substituído por placas de granito aveludado. As fachadas foram restauradas e receberam pintura na cor original, cuja descoberta deu-se através de uma série de raspagens que revelaram o tom exato usado no passado.

E o resgate desse tom é o mesmo que o chef Raphael contrapôs à tradição do restaurante do qual é chef. Embasado na cozinha tradicional francesa, o jovem chef reescreveu o cardápio e acres-

centou nuances dessa “brasileirice” que o contaminou. “Hoje, a nouvelle cuisine, como sempre foi conhecida, está repaginada. Meu princípio é criar uma cozinha voltada mais aos produtos do que às receitas. O que vale é o sabor, mesmo que ele possa pare-cer 'desafinado' se comparado ao sabor tradicional”, explica. Esse tom dissonante também aguça os ouvidos do hair stylist. Vin-cenzo busca, nos pequenos frascos, as características essências do Mediterrâneo. “São os azeites e as ervas de lá que combinam com a variedade de peixes que temos aqui, no Mercadão.” Ele faz uma certa comparação e se atreve a dizer que o bom prato é o resultado de uma boa combinação de sabores e ingredientes, “assim como é possível notar num cabelo bem tratado”, afirma.

Por falar em ingredientes, o Mercadão tem sua própria recei-ta para tornar o produto final bem apetitoso. São 272 boxes que recebem cerca de 100 mil pessoas por semana. Para que tudo funcione como uma boa receita francesa, são gastos 1,2 milhão de litros de água por dia e mais de 700 kilowatts de energia elétrica por hora – eletricidade suficiente para abastecer 35 residências. Além disso, são cerca de 1,6 mil funcionários que circulam pelos 12,6 mil metros quadrados de área construída. É lógico que nos-sos três convidados não resistiram a tantas tentações e saíram carregando, cada qual, suas sacolas. Serve aqui um alerta: ir ao Mercadão com fome é, na certa, prejuízo para o bolso!

Os vitrais do artista russo, Conrado Sorgenicht Filho, trazidos da Alemanha em 1930

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09. Mesa Centro Eura 10. Estante Metz French White 11. Baú Kalek Blue e Baú Kalek Red 12. Criado Flight 3 Gavetas 13. Criado Flight 4 Gavetas 14. Banquetas Besni 15. Cachepot Guava Black

09.

10.

11.12.

14.15.

13.

15.15.

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ORIENT EXPRESS: LUXO E SOFISTICAÇÃO SOBRE TRILHOSTotalmente restaurado, o legendário trem que, por muitos anos, ligou a Europa ao Oriente, volta a viver seus dias de glória

por GiUseppe Nardelli FOTOS diVUlGaÇÃO

1.1.

BÚSSOLA

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LIGANDO PARIS A CONSTANTINOPLA – HOJE ISTAMBUL – NUM TRAJETO DE quase 3 mil quilômetros, o trem Orient Express foi imortalizado pela escritora Agatha Christie em seu livro "Assassinato no Expresso do Oriente" e virou o trem mais famoso do planeta. A linha original funcionou entre 1883 e 2009, quando foi substituída pela Venice Simplon Orient Express, que, hoje, realiza o trajeto original, além de outros, incluindo cidades como Londres, Veneza, Paris, Budapeste e Praga. Um jeito luxuoso e diferente de viajar pela Europa, com cabines confortáveis, alta gastronomia e o charme único de um trem mítico, restaurado em cada detalhe.

MitoOs grandes divulgadores do Orient Express foram os ingleses. A começar pelo respeitado jornalista do Times de Londres, Henri Stefan Opper de Blowitz, escalado pelo jornal para a cobertura da via-gem inaugural do Rei dos Trens. Os relatos de Opper, que entrevistou todas as personalidades pre-sentes, do rei Carlos II da Romênia ao sultão turco Abdul Hamid II, conhecido como "A Sombra de Deus na Terra", foram devorados pelos leitores ingleses. Oficialmente, o Orient Express foi persona-gem de seis filmes, dezenove livros e um musical, quase todos concebidos nas primeiras três décadas do século 20, e sua rota foi alterada inúmeras vezes, tanto por questões políticas quanto logísticas. >>

01. O mais luxuoso trem do mundorecria o clima e o glamour da épocaáurea das ferrovias europeias02. Vagões redecorados pelo francêsGerard Gallet resgatam o estiloArt Nouveau

2.

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BÚSSOLA

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AugeNa década de 1930, o Expresso do Oriente atingiu seu ponto máximo, com três serviços atravessando a Europa: o Expresso do Oriente original, o Simplon Orient Express e o novo Arlberg Orient Express. Este último ia de Paris a Budapeste, passando por Zurique e Innsbruck, com vagões seguindo tanto para Bucareste como Atenas. Foi nessa época que o Expresso do Oriente adqui-riu sua fama de trem luxuoso, prestando um serviço de primeira linha para seus passageiros. Chefs renomados eram contratados para trabalhar na cozinha dos trens e suas viagens eram muito frequentadas pela aristocracia europeia e burgueses milionários.

Em 1962, tanto a rota original do Expresso do Oriente quan-to o Arlberg Orient Express foram colocados fora de circulação, restando, apenas, o Simplon Orient Express. No mesmo ano, esse também foi retirado, sendo substituído por um serviço mais lento, chamado de Direct Orient Express. Ele contava com saídas diá-rias para Belgrado, de onde ia para Istambul e Atenas duas vezes por semana. Em 1971, a Wagon-Lits decidiu vender ou alugar seus vagões para várias companhias europeias. Um ano depois, o ser-viço Paris-Atenas foi retirado por completo.

Apesar de boatos de que o Expresso do Oriente tinha termi-nado, ele acabou sendo salvo por um milionário empreendedor. Em 1977, seus luxuosos vagões foram leiloados na Sotherby's de Monte Carlo e arrematados por James Sherwood, dono do grupo

Sea Containers. Só para restaurá-los, o magnata gastou cerca de US$ 16 milhões. Depois de 23 mil horas de trabalho especializado na restauração, o trem, que virou uma lenda, voltou a circular em 1982, indo de Londres a Veneza.

Nos anos seguintes, o magnata compraria outros 35 vagões, res-taurando-os e redecorando-os de acordo com os desenhos origi-nais. A segunda viagem inaugural do mitológico expresso ocorreu em 25 de maio de 1982, provocando um grande empurra-empurra de ricos e famosos, dessa vez, na estação Victoria, em Londres.

Os VagõesO trem é composto por 3 vagões-restaurante, um vagão-piano-bar, 11 vagões-cama e outros dois para serviços da tripulação e bagagens. As áreas públicas estão situadas no centro da com-posição. Cada composição é individualizada por um número e por uma decoração própria de autoria de designers famo-sos do período Déco. Quase todos os vagões estão repletos de móveis aveludados, cristais, metais polidos e espelhos bisota-dos. A aparência atual do vagão-bar foi criada pelo arquiteto e designer francês Gerard Gallet, todo em estilo art nouveau. O "Côte d'Azur", vagão-restaurante, construído em 1929, foi todo redecorado conforme a concepção original, criada pelo mestre e joalheiro francês Renè Lalique. >>

Budapeste, uma das paradas mais charmosas do legendário Expresso Oriente

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Gastronomia de BordoChristian Bodeguel é apenas um dos muitos chefs fran-ceses que cuidam do cardápio do Orient Express. A gastronomia praticada na cozinha de bordo é um dos pontos altos da viagem e os pratos servidos aos passa-geiros são comparáveis aos dos melhores restaurantes europeus. Para um restaurante móvel ser membro de honra da Relais & Chateaux – uma chancela de qualida-de – é atestado incontestável de capricho culinário.

O jantar no trem é servido em dois turnos e é com-posto de entrada, prato principal, queijos, sobremesas e docinhos acompanhados por um bom café. Hoje, o trem reconquistou seu antigo prestígio, transportando cente-nas de ricos e famosos por vários destinos dentro do continente europeu. A viagem clássica Paris-Istambul é realizada uma vez por ano, com saída marcada para 31 de agosto de 2012, da Gare de L'Este, em Paris, passando pela Hungria e Romênia, até chegar à Turquia. O roteiro de cinco noites inclui pernoites no trem e em hotéis das capitais que ele percorre, além de tours pelas cidades. Os preços variam de US$ 1.000,00 a US$ 14.700,00 de-pendendo do percurso. Apesar dos preços salgados, o clássico itinerário segue atraindo cada vez mais passa-geiros em todo o mundo, tanto que as passagens para 2012 e 2013 já estão quase esgotadas.

LembrançasViajar no Orient Express é o tipo da experiência da qual é necessário trazer alguns indícios concretos. Os souvenirs disponíveis na butique de bordo custam uma fortuna e para evitá-los, é possível trazer pequenas lembranças que são oferecidas gratuitamente aos passageiros. Facil-mente encontrados a bordo, papéis de carta com enve-lopes timbrados estão disponíveis dentro de pastas com fotos do trem. Lenços de papel e caixas de fósforos com o emblema do Express também podem ser facilmente encontradas, espalhadas pelos vagões. Além disso, é possível trazer, também, um cardápio com todo o servi-ço de cabine. Ele é escrito por calígrafos e traz algumas fotos históricas. Vinte e três horas depois de deixar Ve-neza, o Orient Express amanhece em Paris.

O requinte presente em cada detalhe do vagão-restaurante criado pelo joalheiro René Lalique

BÚSSOLA

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Nosso foco está tanto na venda de chapas diretamente ao cliente quanto na execução total do projeto. Destacamos nosso trabalho visando a

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ESTILOÉPEDALAR

Um dos meios mais populares de transporte disputa espaço com o trânsito caótico das grandes cidades e vira uma divertida forma de viajar pelo mundo

por GiUseppe Nardelli

FOTOS diVUlGaÇÃO >>

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C ada vez mais, uma das alternativas para desengarrafar o trânsito das grandes cidades é apos-tar na bicicleta como meio de transporte. E essa também é a grande tendência para marcas e empresas se associarem ao ciclismo. Surgidas como esporte de competição, hoje as bicicle-

tas fazem parte do cenário caótico das ruas de grandes cidades em todo o mundo. Os primeiros traços da existência da bicicleta, tal como a conhecemos hoje, ocorreram em projetos do renomado inventor italiano Leonardo Da Vinci, por volta de 1490. Mas ela foi produzida e comercializada para as massas no século XIX, na Europa, e hoje são mais de um bilhão de unidades em todo o mundo. No Brasil, a ci-dade de São Paulo tem dado um grande impulso a este meio de transporte individual, ecologicamente correto e saudável. A prefeitura da cidade tem inaugurado ciclovias atrás de ciclovias, tentado impor um modismo que nunca fez parte da própria cultura do cidadão. >>

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Na capital paulista, o contingente que utiliza a bicicleta como principal meio de transporte é de 250 mil pessoas, segundo estimativa divulgada pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. São dados signifi cativos, que apon-tam para o caos urbano hoje enfrentado pelas principais capitais brasileiras. Segundo o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, “investimentos associa-dos a medidas administrativas devem incentivar o uso de meios alternativos e integrá-los a todo o sistema de trans-portes. Foi a partir de 2005 que iniciamos uma batalha junto ao governo para a criação de vias em apoio ao uso de bicicletas na cidade. Hoje, as licenças para corredores de ônibus pendentes na secretaria só saem com a obriga-ção de implantação de bicicletários.”

Ciclovias e CiclofaixasEssas novas palavras estão em moda e já fazem parte do vocabulário cotidiano. Mas qual a diferença entre elas? Bom, as ciclovias são espaços reservados para o trânsito de bicicletas dentro da cidade. São trechos exclusivos para bicicletas e outros compartilhados com pedestres.

Já as ciclofaixas são faixas pintadas nas vias co-muns com trânsito exclusivo para bicicletas, mas sem separação física. Segundo o prefeito Gilberto Kassab, “o uso de bicicletas em São Paulo está melhorando a cidade e a qualidade de vida de todos”. Kassab ressal-ta ainda a importância de se construir vias exclusivas para bicicletas, para melhorar a mobilidade urbana dos ciclistas e revela que “a meta é atingir 100 km de ciclovias, até o fi m do meu mandato”. >>

As ciclofaixas invadem avenidas das grandes cidades

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No ExteriorEm Bogotá, na Colômbia, por exemplo, o governo municipal não dissipou todo o caos no trânsito, mas conseguiu implementar centenas de quilômetros de ciclovias numa topografia tão acidentada quan-to a de São Paulo, oferecendo alternativa para as pessoas. Sem falar na Itália, França e Holanda, onde as bicicletas se misturam aos automóveis e conse-guem conviver em perfeita harmonia. E por falar da Holanda, este país europeu é pioneiro neste tipo de transporte popular. Por ser um país pequeno e pla-no, a bike é uma ótima maneira de locomoção. As distâncias dentro das cidades e entre uma cidade e outra costumam ser curtas em comparação com outros países. Além disso, pedalar é bom para o meio ambiente e para a saúde, já que uma pessoa queima, aproximadamente, 120 calorias a cada 15 minutos na bicicleta. A Holanda possui cerca de 29.000 km de ciclovias, dos quais uma parte é des-tinada especificamente ao lazer. Com isso, há mais ciclovias na Holanda do que em qualquer outro país do mundo.

Mercado O mercado esportivo tem hoje, na bicicleta, a sua maior movi-mentação de receita. O motivo? A adoção cada vez maior da bike como meio de transporte nas grandes cidades. Quase 15% de tudo o que movimenta a economia do esporte vem da bicicleta. Há, hoje, cerca de 18 milhões de bicicletas na Holanda. Com uma po-pulação de 16,5 milhões de habitantes, o país tem a maior densi-dade de bicicletas no mundo.

Pedalando pelo mundoVocê já imaginou conhecer as paisagens mais lindas do mundo, percorrer caminhos deslumbrantes de bicicleta? Viajar para ou-tros países pedalando tornou-se realidade e atrai cada vez mais adeptos no exterior e no Brasil. Há 15 anos, Márcia Lucas, em-presária e viajante apaixonada, apostou no potencial do merca-do brasileiro para viagens ativas de luxo e trouxe para o país a representação da Butterfield & Robinson, empresa canadense es-pecializada em turismos sobre duas rodas e a pé. Todos eles acon-tecem nos locais mais interessantes do mundo, sempre com uma infraestrutura fantástica que conta com guias treinados, suporte de vans de apoio, excelentes hotéis, culinária impecável, eventos exclusivos e degustação de vinhos. >>

1.

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Paisagens bucólicas da Europa são cenários ideais para conhecer pedalando

01. Toscana - Itália02. Dolamitas - Norte da Itália

03. Loire Chenonceaux - França04. Puglia - Itália

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3. 4.

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OrganizaçãoAntes de qualquer roteiro ser lançado, a equipe da Butterfield re-aliza um verdadeiro mergulho na região a ser visitada. São des-cobertos pontos fortes da cultura local, os segredos da culinária, quais os costumes, os melhores hotéis para hospedagem, além das melhores estradas e trilhas a serem percorridas a pé ou sobre duas rodas. Esta pesquisa assegura aos viajantes uma imersão na cultura local e uma experiência inédita, livre de qualquer trans-torno. “Isso é feito para dar uma certa garantia durante toda a via-gem. Nosso intuito é que tudo esteja preparado para que o grupo chegue no lugar e não tenha surpresas desagradáveis de última hora”, revela. E não pense que é necessário levar sua bicicleta a tiracolo para participar dessa verdadeira aventura.

A empresa fornece as “magrelas” a serem utilizadas em cada percurso. Todas elas são personalizadas, ou seja, cada bicicleta tem que estar adaptada ao peso e estrutura física de cada um dos usuários, proporcionando assim um pedalar fácil e confortável. Márcia conta que sempre gostou de viajar e foi uma cliente as-sídua da matriz canadense. “Uma das viagens mais incríveis que eu participei foi no Butão (pequeno reino do Himalaia, localizado entre a China e a Índia)”, lembra ela. Mas o percurso não foi só de bicicleta. Como o país tem muitas montanhas e trilhas difíceis, ela acabou percorrendo quase tudo a pé mesmo.

FlexibilidadeUma das vantagens que os roteiros oferecem a seus participantes é a flexibilidade. Em cada passeio o guia fornece um roteiro completo com o caminho a ser percorrido e os locais que podem ser visitados, como monumentos, museus, restaurantes e bares. Com o plano de pedalada (ou caminhada) em mãos, cada qual fica livre de cumprir o roteiro livremente, a hora que quiser e com a velocidade que achar mais confortável. “O interessante é que cada pessoa faz a viagem no seu próprio ritmo e não precisa ficar o tempo todo com o grupo. Os guias te dão as ferra-mentas e acompanham os viajantes em uma van que vai e volta na estrada, resolvendo os problemas, ofe-recendo sucos, água, consertando bicicletas, o que for preciso para o conforto da viagem”, conta Márcia.

Além das vans que transportam os grupos, é possível também embarcar em grandes navios de cruzeiro para chegar até as cidades que serão ex-ploradas pelos ciclistas. Em cada parada o grupo desce da embarcação com suas bikes para visitar ilhas, cavernas e outros locais inusitados, descober-tos antecipadamente pelos guias.

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DestinosEntre roteiros mais procurados estão passeios de bicicleta ou a pé por Boston (EUA), e algumas cidades da Índia, Laos, Cambo-ja, Vietnã, Croácia e Marrocos. Márcia faz questão de frisar que ninguém precisa ser esportista ou maratonista para participar dos grupos, “pois tudo é feito de acordo com a capacidade física de cada participante e sem exageros. Caso alguém do grupo fique cansado ou não queira mais prosseguir, é só embarcar na van e chegar, confortavelmente, ao seu destino.”

Rafael Larragoite, de 19 anos, já percorreu vários quilômetros a bordo de uma bicicleta. Nova Zelândia, Alasca, Holanda e França foram alguns dos países que o jovem consultor financeiro visitou. “Pedalamos em direção a uma gigantesca montanha de neve e depois a van nos levou até o alto de uma geleira. Foi uma das sensações mais incríveis que eu já tive.” Rafael explica que uma viagem de bike “possibilita sentir o cheiro do local, o ar puro, o vento batendo no rosto. É entrar no clima”, lembra.

Reinos BurguesesOutra empresa que aposta nas viagens de bicicleta é a Bike Ex-pedition. São vários pacotes que exploram as belezas de países da Europa e América do Sul, que incluem estadia em hotéis 5 estre-las e acompanhamento feito por guias locais. “Um dos mais belos

passeios que eu recomendo é percorrer de bike o “Vale do Loire”, na França. O lugar se destaca pelo luxo e glamour presentes em toda a parte. Criado para ciclistas que querem experimentar um pouco da vida de antigos reinos burgueses, nossos clientes serão recebidos todas as noites em magníficos castelos e brindarão essa experiência com a mais refinada gastronomia francesa”, conta Vera Aronis, da Bike Expediton.

Triatleta e apaixonada por ciclismo, ela já percorreu mais de 1,2 mil quilômetros em diversos passeios que fez pela Itália, França e Argen-tina. Ela explica que os roteiros são muito bem organizados e podem ser desfrutados por pessoas de 8 a 80 anos. “Temos um cuidado es-pecial em elaborar as viagens para que todos possam se divertir e pedalar de acordo com a capacidade de cada um.” Além desse cuida-do, os grupos contam com experientes guias (locais) que orientam e dão todo o apoio logístico e turístico. Vera explica que a empresa organiza roteiros apenas com grupos de brasileiros, “assim todos se conhecem, trocam impressões e viram amigos depois do passeio”. Os pacotes geralmente são de 5 dias e em breve eles estarão inaugu-rando viagens para a Ásia, com tours pelo Vietnã e Camboja. Serviço: Butterfield & Robinson | (11) 3071-4590 |www.butterfield.com.brBike Expedition | (11) 3459-4160 • 3459-4164 | www.bikeexpedition.com.brVelorbis | (11) 9932-0022 | www.velorbis.com

Butão – terreno acidentado e de difícil acesso, ajudam a preservação da cultura e das tradições locais

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Com sua voz rouca e timbre grave, tornou-se um dos grandes representantes da música popular brasileira

por GiUseppe Nardelli FoToS diVUlGaÇÃO

GOSTAVA TANTO DE VOCÊ

TRILhA SONORA

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P olêmico, ousado e de personalidade forte, Sebastião Rodrigues Maia, mais popularmente conhecido como Tim Maia, nasceu no bairro da Tijuca, em setembro de 1942, no Rio de Janeiro. Penúl-

timo fi lho de 19 irmãos, começou a compor ainda criança, infl uenciado por cantores como Jorge Ben Jor e Erasmo Carlos, dos quais era amigo inse-parável desde então. Tim Maia começou na música tocando bateria em um grupo chamado Tijucanos do Ritmo, formado na Igreja dos Capuchinhos, próxima a sua casa, passando logo para o violão. Tim, nessa época, era co-nhecido como “Babulina”, por conta da pronúncia do rockabilly Bop-A-Lena de Ronnie Self. Em 1957, fundou o grupo vocal The Sputniks, do qual partici-param Roberto Carlos, Arlênio Silva e Edson Trindade. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals.

No entanto, quatro anos mais tarde, viria a ser deportado de volta para o Brasil por problemas com a justiça norte-americana. Em 1968, Tim produziu o álbum “A Onda É o Boogaloo”, de Eduardo Araújo. O álbum trouxe a sono-ridade da soul music para a Jovem Guarda. No mesmo ano, Roberto Carlos gravou uma canção de sua autoria, “Não Vou Ficar”. Seu primeiro trabalho solo foi um compacto pela CBS em 1968, que trazia as músicas “Meu País” e “Sentimento” (ambas de sua autoria). Sua carreira, no Brasil, fortaleceu-se a partir de 1969, quando gravou um compacto simples pela Fermata, com a mú-sica “These Are the Songs”, regravada no ano seguinte por ele e Elis Regina.

DesilusãoNa década de 1970, entrou em contato com a doutrina Cultura Racional, liderada por Manuel Jacinto Coelho, quando lançou, em 1975, os álbuns “Tim Maia Racio-nal”, volumes um e dois, pelo selo Seroma. Esses ál-buns foram considerados os melhores da carreira do cantor, pela grande infl uência funk que as músicas tra-ziam. Além disso, foi notório o vigor de Tim nas inter-pretações, pois estava afastado dos vícios há tempos, o que refl etiu na qualidade e no timbre de sua voz sem-pre rouca e retumbante. Mas a calmaria durou pouco. Logo depois do lançamento, Tim fi cou muito desilu-dido com seu mestre e, revoltado, tirou de circulação todos os álbuns, tornando-os preciosidades.

Depois de ter abandonado a fase racional, Tim Maia voltou ao seu antigo estilo e começou a cantar temas não religiosos. A virada deu certo e, em pouco tempo, as músicas “Sossego” (de 1978), “Descobridor dos Sete Mares” e “Me Dê Motivo” (de 1983) entraram para a lista das mais ouvidas em todo o país. Com sua voz de trovão, sua personalidade forte e suas letras debochadas, Tim Maia foi um exemplo de como é a vida de um artista.

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TRILhA SONORA

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Fez shows memoráveis, mas deixou de comparecer a in-contáveis apresentações. Ganhou muito dinheiro, mas tor-rou tudo com drogas e mulheres. Teve fama, mas sempre viveu às turras com a imprensa e os fãs. Intitulava-se “Tim Maia do Brasil”, mas adorava os Estados Unidos. Capaz de gastar até o último centavo do bolso para comprar presen-tes para crianças pobres, era um admirador inveterável das mulheres e amou intensamente algumas delas.

SaúdeNo fi nal de sua vida sofreu com problemas relaciona-dos á obesidade, diabetes e problemas respiratórios.Durante a gravação de um espetáculo para a televisão, no Teatro Municipal, na cidade de Niterói, no dia 8 de março de 1998, Tim tentou cantar, mesmo sabendo de sua má condição de saúde. Não conseguiu e retirou-se sem dar explicações; terminou sendo levado para o hos-pital numa ambulância, vindo a falecer em 15 de março, aos 55 anos, após internação hospitalar devida a uma infecção generalizada. No ano seguinte, seria homena-geado por vários artistas da música popular brasileira num tributo, que se transformou em disco, em especial de televisão e em vídeo.

Livro A vida e a carreira conturbada renderam tantas histó-rias, que o jornalista e produtor musical Nelson Motta resolveu imortalizá-las nas páginas do livro “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, publicado pela editora Objetiva. A amizade do jornalista com o cantor teve iní-cio em 1969, quando ele começava sua carreira. Nelson convidou-o a participar do disco de Elis Regina que esta-va produzindo na época. O livro, escrito em 2008, narra histórias dos bastidores das gravações dos discos, dos melhores e piores shows de Tim, das confusões com gra-vadoras, empresários, colegas de banda e dos grandes amores e perdições do cantor. Se olharmos por critérios técnicos, o livro realmente é uma bagunça, assim como a vida do cantor. Mas é um livro muito divertido, de fácil leitura, e que ajuda a descobrir um pouco mais da vida de um dos maiores intérpretes e compositores da MPB. O livro não é apenas uma biografi a de Tim Maia, mas o retrato sucinto e preciso sobre a política e a música bra-sileira durante a vida do cantor. É uma aula sobre o sur-gimento da Bossa Nova, sobre o rock brasileiro e sobre a MPB em geral. Motta consegue entrelaçar as diversas fases da vida de Tim com os movimentos musicais sur-gidos no exterior e importados pelo Brasil. >>

Tim Maia atraía multidões em seus shows.Com sua irreverência, criou um estilo próprio, misturando o soul ao gingado brasileiro

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O ator Tiago Abravanel incorpora Tim Maia num musical que conta e

canta a vida do polêmico artista

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Nelson Motta revela que ficou surpreso quando con-seguiu encontrar-se com Tim Maia nos Estados Unidos. “Foi a maior surpresa, nem imaginava que ele estivesse na cidade, onde eu morava havia cinco anos. Não o via desde um espetacular show no Scala, numa viagem ao Brasil, uns dois anos antes.”

Em outra ocasião, Nelson contou ao amigo que a fi-lha havia ganhado um gatinho e que ele iria batizá-lo de Tim. “Lembro-me que ele adorou e até brincou com o fato: 'Já sei, porque é preto, gordo e cafajeste! '. Nada dis-so, respondi. O gato era cinzento, magrinho e carinhoso e só nos trouxe amor e alegria”, comenta, emocionado, o jornalista. Uma passagem muito divertida do livro é quando convidaram Tim Maia para entrar no PSB, onde seria candidato a Senador pelo Rio de Janeiro. Tim Maia respondeu sem “papas na língua”, como lhe era peculiar: “O Brasil é o único país onde cafetão tem ci-úme, traficante é viciado e pobre é de direita”. Conta o livro, também, a história do show de Tim Maia no Geral-dão, onde ele não apareceu, com medo de subir no avião por causa de uma tempestade.

MusicalTim Maia entrou na história da música popular bra-sileira não só pela voz potente, como também pelas composições marcantes e comportamento controver-so. Sua trajetória é contada na peça “Tim Maia – Vale Tudo, o Musical”. O texto é uma adaptação da biografia do amigo pessoal de Tim, Nelson Motta, e expõe algu-mas curiosidades desse artista considerado por muitos como o mais anárquico do cenário musical do Brasil. O espetáculo foi sucesso absoluto no Rio de Janeiro, onde estreou no ano passado e é recorde de público em sua temporada em São Paulo. O protagonista é o jovem Tia-go Abravanel, de 23 anos, cuja performance como Tim Maia tem recebido diversos elogios da crítica e do pú-blico. Tiago conta que não conhecia muito bem nem a vida e nem a obra do cantor. “Quando ele morreu, eu ainda era criança.” O ator/cantor participou de uma seleção com outros candidatos de São Paulo e do Rio de Janeiro e foi aprovado logo no primeiro teste. “Hoje, tenho orgulho de interpretar as canções desse ícone da música popular brasileira”, confessa.

“Tim Maia - Vale Tudo, o Musical” foi a segunda ex-periência de Nelson Motta com o teatro. Em 1976, ele fez o texto de “A Feiticeira”, em parceria com Fauzi Arap - espetáculo protagonizado por Marília Pêra. Para ele, o musical é uma “obra em progresso, porque vai sendo adaptado durante os ensaios, de acordo com as possibi-lidades que se abrem”.

A amizade com o crítico musicalNelson Motta resultou num livrosobre a vida conturbada de Tim Maia

Serviço:“Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, de Nelson MottaEditora Objetiva - RJ(21) 2199-7824

“Tim Maia – Vale Tudo, o Musical” Teatro Procópio Ferreira - SP(11) 3083-4475

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ThE LOOK OF hOME BY PAOLA RIBEIRO

WHY GREY?Porque minhas ideias são coloridas...

Madeiras rústicas e tons de cinza fazem este espaço de Paola Ribeiro. Afinal, cinza e

madeira sempre combinaram...

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POPULARINTERNACIONALMENTE

por GiUseppe Nardelli FOTOS paUlO BreNTa

F ora do eixo gastronômico paulistano Jardins-Itaim, o restaurante Mocotó reinventou a cozinha típica do nordeste, agradou e conquistou uma clientela fiel, que não se importa em andar alguns quilômetros até a zona norte de São Paulo, para degustar as iguarias

do chef Rodrigo Oliveira. O local é rústico e logo envolve seus frequentadores naquele clima típico do Nordeste. Todo em madeira, exibe prateleiras abarrotadas de cachaças regionais, lico-res e outras bebidas características da região. O Mocotó virou sucesso graças ao estilo popular, porém correto, e, principalmente, pela delicada cozinha do chef. “Delicada” pode até parecer irônico, pois os pratos típicos nordestinos são, geralmente, carregados de sabores ardidos, tem-peros fortes e combinações um tanto quanto pesadas. Mas tal delicadeza nessa alquimia de tradições, foi reinventada pelo talentoso chef Rodrigo Oliveira. Ele conseguiu um equilíbrio perfeito entre os vários sabores e transforma pratos convencionais em verdadeiras delícias, com o colorido essencial a esse tipo de comida. >>

À MESA

A cozinha nordestina repaginada recebe os aplausos do público e lota um dos mais badalados restaurantes de São Paulo

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Dadinhos de Tapioca ao queijo de coalho: especialidade do Mocotó

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Pimenta: ingrediente que não pode faltar

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O sucesso do restaurante vem sendo construído ao longo do tempo. Tudo começou há 37 anos, quando o imigrante José Oli-veira de Almeida – pai de Rodrigo – nascido em 1938, em Mu-lungu, um pequeno vilarejo do sertão pernambucano, chegou a São Paulo. “Trabalhei na roça até a véspera da viagem e a única bagagem que trouxe foram duas camisas, um par de calças e um par de sapatos”, relembra. Ao se estabelecer na capital paulista, seu Almeida arrumou emprego em uma fábrica de laticínios. De-pois, aventurou-se em uma metalúrgica e, por fim, foi trabalhar em uma malharia. Anos depois, em sociedade com dois irmãos, montou a “Casa do Norte Irmãos Almeida”, na Vila Aurora. Em seguida, montou seu próprio bar na Vila Medeiros, bairro que adotou como “minha terra” desde então.

Formado em “mocotologia”, segundo ele, começou a fazer su-cesso com a iguaria. “Tinha dias que o meu bar vivia com filas que davam volta no quarteirão. Todos queriam provar o meu cal-do de mocotó.” Com o passar do tempo, o local ficou pequeno para tantos clientes, o que resultou na inauguração de uma filial, bem em frente à matriz. E, por causa do sucesso de seu caldo de mocotó, seu Almeida resolveu incrementar o cardápio do novo estabelecimento, oferecendo uma variedade de pratos típicos do nordeste, o que aumentou ainda mais a clientela. Resultado: o bar virou restaurante e ele começou a ficar conhecido, não só na Zona Norte de São Paulo, mas em toda a cidade.

Filho PródigoDesde os 13 anos de idade, o filho de seu Almeida, Rodrigo, ajuda-va o pai no bar, lavando louça e desvendando os segredos do pre-paro dos alimentos. “Ajudava meu pai porque queria ficar sempre perto dele. Era o lugar onde ele passava mais tempo e eu gostava dessa proximidade”, explica. E foi de tanto observar, que Rodrigo tomou gosto pela coisa e mudou o rumo de sua vida. “Eu queria ser veterinário, publicitário, jogador de futebol, mas acabei me envol-vendo com a gastronomia e decidi ir adiante”, conta. Antes dessa confirmação, Rodrigo estudou Gestão Ambiental, “mas logo per-cebi que não era a minha praia”. Tempos depois, ele conheceu um amigo que lhe mostrou o outro lado da gastronomia. “Entendi toda a engrenagem da profissão, a parte técnica e a criativa. Dei-me con-ta que não era só ficar fazendo experiências no fogão.”

A partir daquele momento, o jovem resolveu por a mão na massa, literalmente, e cursar gastronomia. Logo ele já estava com o diplo-ma na mão e tinha um restaurante conhecido para criar novos pratos, sem descaracterizar o estilo já marcado pelo sucesso. “Aos poucos, fui harmonizando sabores, criando combinações diferen-tes e dando, cada vez mais, valor aos ingredientes”, conta. Hoje, o paulistano de alma nordestina é o grande responsável pelo atual sucesso do Mocotó, restaurante respeitado pela crítica especia-lizada e detentor de prêmios dos mais variados. Reinventando a cozinha típica do sertão nordestino, Rodrigo comanda uma equipe de quase 60 pessoas e serve cerca de 20 mil refeições por mês – “é

À MESA

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Seu Almeida: "Fico de olho em tudo que acontece aqui dentro".

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Seu Almeida, fundador responsável pela tradição e

sucesso do Mocotó

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À MESA

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Chef Rodrigo Oliveira: "Cozinhar é ter respeito pelos alimentos"

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um recorte do Nordeste, pois não tem nada a ver com o que se faz no Recôncavo Baiano”. O segredo do sucesso? “Acho que além da tradição criada pelo meu pai, posso dizer que o equilíbrio dos ingre-dientes e o respeito pelos alimentos, desde sua procedência até seu preparo, atraem o público de toda a cidade”, argumenta.

A variação do cardápio é grande. Vai do Sarapatel ao Baião-de-Dois, passando pela Favada (tipo de feijão branco, com linguiça, toucinho e carne seca). Os petiscos são deliciosos. Uma precio-sidade é o Queijo-de-Coalho com Melado, generosa porção de queijo dourado na manteiga de garrafa, regado com melado de cana. Saladas, peixes e atolados também deixam qualquer um com água na boca. E, para os que precisam de uma “forcinha ex-tra”, vale a pena apelar para o “Energético Sertanejo”, um drinque à base de Catuaba, Jurubeba, Pó de Guaraná e Marapuamã (erva estimulante típica do Nordeste). É tiro e queda!

FuturoOs planos para o futuro do jovem chef borbulham em sua men-te como o famoso caldo de mocotó. Ele está prestes a abrir uma filial do Mocotó na mesma rua, mas com ingredientes um tanto diferentes do original. “Vamos inaugurar o Mocotó Café. Ele terá algumas novidades, mas sem deixar de lado o universo sertanejo. Quero oferecer uma cozinha mais moderna e descolada, porém mantendo a personalidade e a excelência que nos tornou tão fa-

mosos.” Entre as receitas que Rodrigo pretende manter no novo local, está um dos carros-chefes criados por ele. Trata-se dos “Da-dinhos de Tapioca” ao queijo de coalho, servidos com molho de pimenta agridoce. “Receita que incrementei, baseada numa outra que aprendi com uma amiga.”

ANTES DE TERMINAR A ENTREVISTA, RODRIGO RESPON-DEU ALGUMAS PERGUNTAS NO ESTILO BATE E VOLTA:B&C: um temperoRodrigo: pimentaB&C: um saborRodrigo: doceB&C: um sonhoRodrigo: sucessoB&C: uma satisfaçãoRodrigo: família (ele é casado e tem dois filhos)B&C: uma bebidaRodrigo: cachaçaB&C: uma receitaRodrigo: tranquilidadeB&C: um segredoRodrigo: ser transparenteB&C: uma notaRodrigo: a de R$ 100,00 a melhor de todas!

Serviço: Restaurante Mocotó | Av. Nossa Sra. do Loreto, 1100 • Vila Medeiros • SP | (11) 2951-3056

O Sarapatel repaginado do Mocotó

À MESA

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AS MAIS BELAS PONTES DO MUNDO CONTAM SUA PRÓPRIA HISTÓRIA ATRAVÉS DA CRIATIVIDADE DE POETAS, ESCRITORES E DAS OBRAS DE GRANDES ARQUITETOS por GiUseppe Nardelli FOTOS diVUlGaÇÃO

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UM CAMINHO SUSPENSO QUE APROXIMA POVOS E CULTURAS

Elas são um elo suspenso entre regiões distantes e inacessíveis. Contribuem para o desenvolvimento socio-econômico dos povos e são passarelas responsáveis por grandes encontros e romances. Cenário ideal do romantismo, aproximam paixões e diluem sentimentos. As pontes são obras importantes dentro da arqui-

tetura mundial, sendo responsáveis pelo sucesso e infortúnio de guerreiros e mártires. Uma das primeiras pontes erguidas de que se tem registro foi a de Florença, na Itália. Construída na Roma Antiga, foi a primeira a ligar as duas margens do rio Arno, em 1218. Sua base em grandes arcos e as pequenas janelas, que mais parecem caixinhas de joias, conquistaram até os nazistas, que mantiveram a construção intacta, mesmo durante a guerra. >>

ARChITECTURE

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Brooklyn Bridge, projetadada por John Augustus Roebling em 1883 - Nova Iorque

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As pontes podem ser consideradas obras democráticas, pois permitem a circulação de pessoas de todas as raças, religiões e condições sociais. Erguidas sobre terras e oceanos, elas reduzem distâncias e quebram barreiras, além de servirem como marco arquitetônico de cidades e países. Um exemplo disso são duas fa-mosas estruturas suspensas nos Estados Unidos.

A Brooklyn Bridge é uma das mais antigas pontes feitas em território norte-americano. Ligando os distritos nova-iorquinos de Manhattan e Brooklyn, ela tem cerca de dois quilômetros e

foi erguida sobre o rio East. Esta beleza arquitetônica foi dese-nhada pelo arquiteto John Augustus Roebling e é considerada a primeira ponte feita de aço em todo o mundo. Já, a Golden Gate é outra grande obra de engenharia. Projetada pelo arquite-to alemão Joseph Strauss, a ponte liga a cidade de São Francisco a Sausalito, no estado americano da Califórnia. Sua imponente construção a tornou cartão-postal da cidade e recebeu o título de uma das sete maravilhas do mundo moderno. A Golden Gate tem 2.737 quilômetros e foi concluída em 1937.

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Golden Gate, projeto de Joseph Strauss, concluída em 1937 - São Francisco

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CalatravaO arquiteto espanhol Santiago Calatrava ficou conhecido em todo o mundo por suas inúmeras pontes, projetadas e erguidas nos mais variados pontos do planeta. Nascido na Espanha, em julho de 1951, Calatrava estudou arquitetura em Valença, e fez cur-sos de pós-graduação em urbanismo e engenharia civil. Para ele, “não há dúvida que a minha Europa é a Europa das pontes. Ela é toda construída por pontes que ligam cidades e proporcionam encontros, viagens e a união de povos e regiões.” Calatrava pro-jetou muitas delas, principalmente no início de sua carreira. Seu

trabalho agrega à arquitetura seus conhecimentos de engenheiro estrutural, de forma que a estrutura não é escondida, mas expos-ta e apresentada como elemento monumental da obra. Santiago explica que sua arquitetura é baseada em três fatores: a utilidade, a beleza e a solidez. Sua visão é muito influenciada pela visão bí-blica, “pois há algo de divino em cada pessoa. As curvas estão sempre presentes, derivadas de estudos do corpo humano e do mundo natural”, revela. Dono de um estilo próprio, sua fama po-rém não é isenta de polêmica. Calatrava é cercado delas. >>

Ponte Samuel Beckett, Dublin, por Santiago Calatrava - 2009

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Uma de suas grandes criações está em Jerusalém. Trata-se da Chords Bridge, uma ponte de 360 metros e um mastro de 120 me-tros, situada na entrada da cidade e que conecta duas estações de trens leves, além de prover passagem para os pedestres. Curva, a ponte é suspensa por 66 cabos e ancorada em concreto.

A “escultura”, de acordo com Calatrava, teve inspiração bíblica e lembra uma harpa, para demonstrar que Jerusalém é um espaço de encontro do homem com Deus. Calatrava já projetou mais de 60 pontes por todo o mundo e entre elas destacam-se verdadei-ras esculturas suspensas, como a Ponte das Mulheres, em Buenos Aires, Argentina. Inaugurada em 2001, ela permite apenas a tra-vessia de pedestres e conta com um sistema especial que permite que parte da estrutura gire 90 graus, de modo a possibilitar a pas-sagem dos navios. O visual da ponte, segundo o arquiteto, lembra uma mulher fazendo passos de tango, o que originou seu nome. Em 2008, Calatrava inaugurou outra grande obra. Desta vez, foi em Veneza. Situada sobre o Gran Canale, conecta a estação de ferro Santa Lucia à Praça Roma e foi erguida em comemoração ao 60º aniversário da Constituição Italiana. Através dela, turistas e moradores podem chegar ao destino de carro ou de trem, além de apreciar uma vista panorâmica indescritível. O projeto alternou vidro temperado com aço e tem iluminação fluorescente em sua parte inferior. Mas a obra que projetou mundialmente o renoma-do arquiteto foi a Ponte Bac de Roda, em Barcelona.

Toda em branco e com cabos de aço, ela chama a atenção por sua leveza aparente. A Puente Alamillo, em Sevilha, também traz a marca Calatrava. O projeto dá destaque para um mastro de 142 metros de altura que sustenta longos e pesados cabos de aço. Outro projeto monumental do arquiteto espanhol é a Margaret Hunt Hill Bridge, em Dallas, no Texas. É a primeira ponte de trá-fego de veículos desenhada por Calatrava nos Estados Unidos. O plano original de revitalização da cidade era a construção de cinco pontes sobre o Rio Trinity. Mas ao longo dos 15 anos do projeto, cortes foram feitos no orçamento e o número de pontes caiu para 3. Agora ele está trabalhando na segunda, que come-çará a ser construída em 2013.

A Samuel Beckett, criada por Calatrava, foi inaugurada ofi-cialmente em Dublin, em 2009. Ela une os lados norte e sul do rio Liffey, criando uma ligação entre as duas regiões. Esta é a segunda ponte que o arquiteto projetou para a cidade de Dublin, sendo o primeiro projeto a ponte James Joyce, que foi concluída em 2003.

O mago das pontes enfrentou desafios complexos com técni-cas notavelmente simples e elegantes. Suas obras são inspira-das frequentemente pela natureza, mas as formas orgânicas são transformadas pelas arrojadas soluções técnicas usando mate-riais modernos – o que cria uma síntese da luz, do espaço, do material, da forma e da estrutura. >>

Ponte Alamillo, Sevilha, por Santiago Calatrava - 1992

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Ponte Reggio Emilia, Itália, por Santiago Calatrava - 2007

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Museu do AmanhãExpoente da chamada arquitetura-espetáculo com seus prédios de vidro e aço que lembram verdadeiras esculturas gigantes, Ca-latrava isolou-se por dois meses num chalé encravado nos Alpes Suíços para debruçar-se sobre seu mais novo e ambicioso projeto: o edifício que, no final de 2012, abrigará um museu dedicado à ciência e à tecnologia, no Rio de Janeiro – o Museu do Amanhã. Depois de duas visitas à cidade, mais de 200 desenhos e um disci-plinado estudo sobre o movimento das plantas, Calatrava chegou à forma estilizada de um caule recoberto por painéis de aço, que se abrem e fecham como pétalas de uma bromélia. Pode-se dizer que o prédio é uma boa síntese de sua obra. Ali, veem-se as gran-des dimensões típicas de seus edifícios, os traços inspirados na natureza e a estrutura em movimento, um efeito produzido com base em cálculos milimétricos conduzidos pelo próprio Calatrava. No museu carioca, caberá a um sistema hidráulico, controlado por um sofisticado programa de computador, fazer com que tais pla-cas se movimentem de modo que permaneçam mais tempo na di-reção do sol e em 90 graus. A ideia é que, assim, elas absorvam a maior quantidade possível de energia para mover a engrenagem. Também engenheiro de formação, Calatrava afirma que “é justa-mente o rigor da engenharia que alça a arquitetura a um patamar mais elevado”.

Com uma área de 12,5 mil metros quadrados, o Museu do Ama-nhã será inserido no projeto Porto Maravilha – que pretende re-vitalizar toda a área do porto e adjacências. Com investimento estimado em R$ 130 milhões, o Museu almeja ser um ícone da arquitetura mundial, graças ao projeto de Calatrava. O arquiteto

estudou e levou em consideração aspectos culturais e históricos da cidade, além de se inspirar em elementos da Floresta Atlântica para conceber o projeto, que valoriza a paisagem e se integra à Praça Mauá e ao MAR – Museu de Arte do Rio ( já em construção). Esses museus, agindo como âncoras culturais, conduzem a uma reaproximação da cidade aos seus marcos históricos: o Morro da Conceição e o Mosteiro de São Bento.

Os trabalhos deste premiado revelam estruturas quase ósseas nas estruturas aparentes das suas obras, as quais gosta de evi-denciar sob a forma de elementos integrantes da estrutura visual arquitetônica. A introdução de soluções móveis e configurações dinâmicas, frequentemente assimétricas, justificam que ele seja muitas vezes classificado como “estruturista contemporâneo”.

Os edifícios que levam sua assinatura têm em comum o fato de jamais se integrarem harmonicamente à paisagem – ao contrário, eles sempre chocam. Entre seus mais ousados trabalhos, figura o Museu de Arte de Milwaukee, nos Estados Unidos, que atrai atenção pelos tubos de aço formando a silhueta de um pássaro cujas asas atingem 66 metros de comprimento. Num discreto mo-vimento, elas se posicionam ora para cima, ora para baixo. O mais impressionante conjunto de autoria de Calatrava, no entanto, fica em Valência, sua cidade natal. Ali, ele ergueu um planetário em formato de olho humano adornado com gigantescas pálpebras de aço em constante abre e fecha, e ainda uma ópera que lembra a cabeça de uma serpente. Diz-se, na Espanha, que Calatrava repre-senta para Valência o mesmo que o catalão Antoni Gaudí signifi-cou para Barcelona, no princípio do século XX.

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Page 91: Artefacto B&C Beach&Country_10º Edição.

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Mario Santos não poderia ter escolhido outra profissão que não a de arquiteto e designer de interiores. A in-fluência nessa escolha veio da família, em especial da

mãe, Janete Costa, que foi uma das mais importantes arquitetas de interiores e designers de produtos do Brasil. Pernambucana, Janete faleceu em 2008, mas deixou uma legião de admirado-res que lembram dela não só como uma batalhadora obstinada, incansável, mas sobretudo como uma mulher extremamente ge-nerosa, “afeto em estado bruto que derramava às pessoas ao seu redor, sem distinções de classe social, cor da pele ou qualquer outra circunstância”, lembra Mario. Além da mãe, ele tem pai e irmãos arquitetos. Ele conta que quase nasceu em baixo de

uma prancheta e que sempre foi ligado às artes e ao desenho. “Claro que a escolha da minha profissão teve grande influência da minha família, mas acredito que não gostaria de fazer outra coisa na vida além do que faço hoje.” Formado pela Universi-dade Gama Filho, no Rio de Janeiro, aproveitou o tempo para estudar, e muito! “Fiz curso de história da arte e antiquariado em Florença, na Itália, e utilizo esse aprendizado até hoje nos meus projetos”, afirma. Mario confessa que toda esta vivência lhe trou-xe a capacidade de ser um arquiteto contemporâneo, mas com tons e nuances do clássico, “o que me dá muita segurança nas minhas escolhas e decisões”. Ele começou no mundo das artes quando montou um antiquário no Rio de Janeiro. >>

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PERFIL

MARIOÊ SANTOSÊUMÊ ARQUITETO

APAIXONADOÊ PELAÊBRASILIDADE

por GiUseppe Nardelli FOTOS diVUlGaÇÃO

Com obras espalhadas por todo o país, ele faz questão de valorizar a arte popular em todos os seus projetos

Page 93: Artefacto B&C Beach&Country_10º Edição.

Interior do Museu de Arte Mineira projetado por Mário Santos

Page 94: Artefacto B&C Beach&Country_10º Edição.

Fibras naturais e madeira certificada na decoração de interiores de Mario Santos

PERFIL

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O fato de lidar com peças e obras antigas o tornou um ver-dadeiro garimpeiro de raridades pelo Brasil e mundo afora. E essa “mania” ele conserva até hoje. Sempre que pode traz algum objeto que é devidamente exposto em sua casa. Uma das últi-mas aquisições foi uma escultura em mármore de Cleópatra. “Na hora que eu a vi, apaixonei-me e resolvi trazê-la. Posso dizer que deu o maior trabalho, mas valeu a pena”, brinca Mario. O ar-quiteto revela que tem uma grande predileção pela arte popular brasileira e a cultura regional. Em todas as suas obras espalha-das pelo Brasil, faz questão de utilizar desde o artesanato local até a mão de obra da região, onde o projeto está sendo feito. “É uma maneira de valorizar o povo e criar uma perspectiva mais condizente com a realidade.”

E a sustentabilidade também está presente em todos os seus trabalhos. Preocupado com o meio ambiente, ele tenta reavivar a consciência de seus clientes sobre a importância da questão.

“Hoje, todos ficam mais atentos aos custos e isso os deixa mais refratários na hora de usar materiais reciclados e equipamentos que oferecem autossustentabilidade, por serem mais caros que os tradicionais”, explica. Este entrave também é frequente nos pro-jetos voltados para a hotelaria. “A mentalidade dos empresários desse ramo é sempre economizar ao máximo. Então temos que fazer um projeto com cara de 5 estrelas, mas com custo de três!” E para resolver esse problema, ele procura atender as expectativas do cliente buscando alternativas sustentáveis a preços acessíveis.

Além dos hotéis, o escritório de arquitetura de Mario também estende seus braços na restauração e construção de museus. “Uma das coisas mais legais, que eu estou curtindo muito, é obra em museus. A gente tem um caminho interessante, é a brasili-dade presente em nossos projetos, pois foi uma luta que minha mãe encampou. Ela fez uma pesquisa primorosa sobre a arte brasileira e eu uso muito isso”, conta. >>

Hotel Ritz RJ, redecorado por Mario Santos

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Projetos de Mario Santos:01. Estante de madeira com arte popular02. Decoração com materiais reciclados

03. Museu Vale dos Carajás04. Flores estilizadas

2.

3.

2.

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1.

PERFIL

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Mario comemora o término de um grande projeto em Belo Ho-rizonte, Minas Gerais. Trata-se do Museu de Arte Mineira, cujo prédio foi todo adaptado onde antes funcionava um hospital. “O projeto teve a curadoria da minha mãe e nós o levamos adiante.” Mario explica que criou uma sala de exposições temporárias para que a arte brasileira converse com a mineira. A fachada antiga foi mantida e nela foi incorporado um anexo contemporâneo. O piso foi todo recomposto com um tipo de arenito chamado “limesto-ne” – usado no museu do Louvre, em Paris. “Mandei trazer a pedra do Ceará, pois a que encontrei em Minas era muito mole. Mesmo sendo do Nordeste, ela tem as cores de Minas”, relata.

Santos concluiu também outro projeto, desta vez em Pernambuco. “É o prédio do Museu do Homem do Nordeste, em Olinda.” Outro grande desafio para a equipe dele é a criação do interior do Museu de Arte da Paraíba, em Campina Grande. Com projeto de Oscar Niemeyer, a construção terá três grandes pandeiros, sendo que o terceiro ficará debruçado sobre um grande lago. No mesmo Estado, Mário acabou de finalizar a obra do Museu Assis Chateaubriand. “É um trabalho que incorpora alta tecnologia ao já existente. Parece que você está num museu europeu de tão moderno”, detalha. O projeto é de Acássio Borsoi, arquiteto que foi casado com a mãe de Mário e muito amigo de Lúcio Costa. Santos criou toda a iluminação interior do local, priorizando a luz natural, pois o Museu será de uso diurno.

Mario Santos tem uma visão interessante sobre a revitali-zação de lugares públicos. Para ele, o local é do povo e tem que servir ao povo. “Uma obra pública fica para sempre, ao contrário das particulares, que podem ser modificadas a qualquer momento de acordo com a vontade do cliente. Já um local popular não é tão descartável assim e preserva sua história através de sua concepção”, atesta o arquiteto.

Sobre a confusão de estilos existentes hoje nas grandes cidades, ele culpa a globalização. De acordo com seu pon-to de vista, “o fato de recebermos a influência de vários lugares do mundo ocasiona uma dispersão dos nossos próprios conceitos. Não sei onde isso vai parar. Temos que lutar para manter nossa essência senão, daqui a pou-co, nem nossos filhos irão identificar como vivíamos e que identidade tínhamos.” Atualmente, Mario tem em sua prancheta um trabalho muito significativo. Seu escritório está repaginando um hotel antigo de São Paulo – o Bérga-mo – cujo projeto foi feito por sua mãe 13 anos atrás. Ele pretende manter intacto todo o conceito original da obra, além de criar um ambiente especial em homenagem a Ja-nete Costa, onde serão expostos todos os trabalhos desta saudosa arquiteta. “É um pouco da obra da minha mãe que ficará exposta para que todos tenham acesso a tudo que ela criou”, conta emocionado.

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HUGOCURTI

Muito além do silêncio

por Wair de paUla Jr.FOTOS diVUlGaÇÃO

ARTE

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Para falarmos do trabalho de Hugo Curti, pre-cisamos voltar no tempo para tratar de um as-sunto contemporâneo – a fotografia. Platão pre-gava que existem dois tipos de imagem – uma, objetiva, denunciada pela reação de nossos sen-tidos, e outra, subjetiva, resultado da ideia de um pensamento, de uma análise da imagem. Esta divisão parte da premissa de que tudo que exis-te no mundo real é fruto do mundo das ideias – “penso, logo existo”, vaticinou Descartes mui-to tempo depois. Na fotografia lidamos com a fixação do instante, ação manifesta desde as pri-meiras pinturas rupestres que tinham como in-tenção, através de imagens estáticas, contar uma ação, uma história. Mas, em Hugo Curti, temos um curioso paradoxo: a fixação de um momen-to que não se modificará, quase um reforço do inanimado, do estático, do que não acontece. >>

ARTE

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Em sua série Além do Silêncio, animais que já tiveram movimento estão duplamente estáti-cos – uma, através da ação fotográfica; outra, pelo fato de estarem "mumificados", exemplares verdadeiros de uma ação repentinamente barrada, como se o tempo parasse indefinidamente. Retornando a Platão, temos também a advertência sobre a ilusão carregada pelo cenário – estes animais estão em poses estáticas e em ambientes estáticos, não encarcerados somente pelo tempo, mas também pelo entorno, apesar de “soltos”. Novamente o paradoxo entre o que vemos e o que percebemos. Walter Benjamim afirmava que “A natureza que fala a câmara é distinta da que fala o olho; distinta sobretudo porque, graças a ela, um espaço constituído inconsciente-mente substitui o espaço constituído pela consciência humana”.

ARTE

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Legenda das obras

pág. 98 Irerês

pág. 99 Ema

pág. 100 Babuíno

pág. 101 Gaivota

pág. 102 Grou

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Hugo afirma ser um “juntador de coisas” e que gosta de viver e conhecer o processo de transformação destas, independente da ação ou da interferência humana. Processa em suas fotografias o ideal Platônico da Teoria das Ideias – uma determinada imagem terá determinados atributos: cor, formato, tamanho, etc. Mas a soma destes atributos não transmuta este objeto retratado em sua realidade – um ganso não é um ganso, é a ima-gem dele duplamente revelada –, o que em si esgota todas as probabilidades de que no trabalho de Curti a representação da realidade seja a práxis, e sim, a possibilidade de que o objeto retratado seja real. Ou não.

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Há dez anos, Maurício Bussab resolveu fundar uma empresa para divul-gar e distribuir artistas independentes brasileiros no mercado interno e externo. “A Tratore foi criada em São Paulo com o objetivo de prestar

um serviço fundamental a todos os artistas que lançam seus discos através de gravadoras independentes e comercializar esses trabalhos de todas as manei-ras possíveis”, explica Bussab. No momento em que os independentes deixaram de ser exceção no mercado fonográfi co e passaram a ser uma regra, a Tratore percebeu que existia uma brecha nas funções destas gravadoras. “As empresas eram pequenas demais para poder fazer um bom trabalho de vendas. Elas eram perfeitamente capazes de produzir e promover, mas não vender. O trabalho de vendas exige uma massa crítica de títulos e volume sufi ciente para manter uma equipe de vendas contratada em todas as principais cidades do país”, declara.

O trabalho da empresa é fazer um corpo a corpo com as mais de 500 lojas de discos. Além de colocar estes produtos à venda em diversos mercados no exterior, é bem representada na maior parte dos sites de comercialização de CDs do mundo. A empresa também leva, sempre que possível, seu catálogo em feiras internacionais e em viagens de prospecção. Quando o assunto é dis-tribuição digital, a Tratore tem uma estratégia especial. “Cada vez mais impor-tante como alternativa ao CD, a Tratore leva um catálogo consolidado a todos os melhores pontos de venda de música digital no Brasil e no mundo, além de outros 120 pontos. E recentemente, começamos a trabalhar com parcerias em celulares”, explica Maurício. >>

ALÉM DO HORIZONTE

A Tratore divulga nova geração de compositores brasileiros independentes e conquista o mercado

internacional, provando que é possível voar mais alto

BRASIL NO MUNDO

Page 105: Artefacto B&C Beach&Country_10º Edição.

Maurício Bussab, proprietário da Tratore

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No exteriorCerca de 30% de toda a produção musical brasileira independente passa pela Tratore, sendo que apenas 10% vai para o exterior. O empresário explica que eles colocam estes produtos nas lojas físicas e digitais da Europa, dos Estados Unidos e Japão. “Hoje, posso di-zer que somos a maior distribuidora de CDs e DVDs do país”, explica. A empresa conta com um elenco de 1.500 artistas e mais de 2.200 CDs lançados. “O melhor parceiro para a nossa música é o Japão. O mercado é ótimo, eles têm lojas muito bem montadas e gostam da nossa sonoridade. A Europa e os Estados Unidos tam-bém são bons parceiros e estão consumindo cada vez mais nosso produto musical.”

Ele se orgulha em dizer que a cantora Céu começou com eles e agora é sucesso nacional e internacional. “Qualquer cantor ou músico que tenha o mínimo de qualidade técnica e gráfica pode entrar na nossa em-presa”, explica. Afirma também que o Brasil tem um grande potencial, mas é mal explorado lá fora. “Alguns países possuem em suas embaixadas profissionais es-pecializados em divulgar a música de seu país. Coisa que o Brasil não tem”, afirma. Para ele, este fato com-promete nossa indústria musical, pois ela não penetra de forma contundente no mercado fonográfico exter-no por falta de divulgação. “E não adianta a gravadora tentar fazer isso, não. Tem que ser um trabalho políti-co, que sai do próprio governo para dar certo. Nós da Tratore tentamos preencher essa lacuna fazendo este trabalho com nossos artistas.”

Direito autoralMaurício salienta que a Suécia ganhou mais dinhei-ro com direitos autorais do grupo ABBA do que com o proveniente de suas exportações. “Nós poderíamos aproveitar este potencial que temos, pois o mundo todo aprecia a música brasileira e compraria muito mais do que compra hoje se tivesse opções de escolha.” Entre os inúmeros artistas populares independentes da Tratore que fazem sucesso lá fora – muito mais do que em solo nacional –, Maurício destaca alguns deles. Ele cita An-dré Mehmari, “que toca um instrumental brasileiro de primeira linha e que faz muito sucesso na Europa, nos Estados Unidos e Japão”. Outro talento que está “estou-rando” no exterior é a banda Delicatessen. “O grupo está lançando seu terceiro disco e faz um jazz misturado com bossa nova que está agradando muito”, conta Maurício.

“O cantor Thiago Pethit também está na lista dos mais populares na Europa, além de Renato Braz que tem uma ótima aceitação do público em geral.” Outro exemplo vencedor é o cantor Dalua. Músico e capoei-rista há anos, convidou o amigo e irmão de capoeira, o grande Mestre Maurão, exímio cantador, para registrar em CD o melhor da tradição oral do samba de roda. “Produzido por mim e pelo meu parceiro Guilherme Chiappetta, registramos os cantos, os tambores e as palmas, tentando reproduzir o mais fielmente possí-vel a autêntica sonoridade do samba de roda. A partir deste registro, percebi, dentro da estrutura do samba de roda, uma série de novas possibilidades rítmicas, harmônicas e melódicas”, explica. >>

“Produzido por mim e pelo meu parceiro Guilherme Chiappetta, registramos os cantos, os tambores e as palmas, tentando reproduzir o mais fielmente possível a autêntica sonoridade do samba de roda.”

Dalua

BRASIL NO MUNDO

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Utilizando o “afrobeat” como fonte criativa, as composições do Tibless conquistaram o

público nacional e internacional

BRASIL NO MUNDO

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Ano que vem o compositor pretende lançar um novo projeto independente, com mais cinco músicos. As composições de Tibless também conquistaram grande parte do público nacional e internacional. Uti-lizando o “afrobeat” como fonte criativa, unindo as suas influências – samba-rock, samba, soul e congado mineiro –, Tibless apresenta um novo ritmo, autenticamente brasileiro, com acordes eletrônicos, percus-são e “levadas pop” com sonoridades que integram o repertório nacional. Mas não são apenas os inde-pendentes pouco conhecidos aqui que andam soltando a voz mundo a fora. Maurício conta que um dos campeões de downloads é o consagrado instrumentista Hermeto Pascoal. A cantora Elza Soares tam-bém entra nesta fatia e, por incrível que pareça, em termos de MPB antiga, até a cantora Elizeth Cardoso (falecida em 1990) anda arrebatando uma legião de fãs no exterior, de acordo com os levantamentos da Tratore. Ele também destaca a boa aceitação da cantora Bárbara Eugênia, “que surgiu nesta nova leva de cantores brasileiros, no estilo de Tulipa Ruiz, e que faz um som eletrônico com nuances de rock”. Surge assim uma nova geração de músicos e compositores independentes, pois através das expressões popu-lares e das nossas raízes, cada qual busca, através de seu trabalho, criar uma identidade própria.

COM OUVIDOS BEM AFINADOS, O DESCOBRIDOR DE NOVOS TALENTOS INDEPENDENTES CITA ALGUMAS MÚSICAS QUE NÃO PODEM FALTAR NA SUA PRATELEIRA:

Rhaissa Bittar - “Voilá - Pif-Paf” - o disco é uma reunião bem sucedida de gêneros como samba, frevo, folk e até jazz, e promete temperar a música brasileira com originalidade.

Fernandinho Beat Box - “Caminho Estreito” - ele debuta como MC e expõe suas vivências e pensamentos em 15 faixas rimadas.

Carlos Careqa - “Alma Boa de Lugar Nenhum” - é um disco feito somente com Piano e Voz, composições de Carlos Careqae duas versões da obra de Brecht.

Junio Barreto - “Setembro” - o álbum tem produção de Pupillo e participações de Céu, Luisa Maita, Seu Jorge, Vítor Araújo, Gustavo Ruiz, Apollo 9, Orquestra Experimental de Cordas de Olinda, Mombojó, Fábio Trummer e Marina de La Riva.

Fabiana Cozza - “São Jorge” - o CD traz grandes mestres do samba e compositores de sua geração.

5 a Seco - ”Pra Você dar o Nome” - o repertório é formado por 18 canções de autoria de seus integrantes, essencialmente cantores e violonistas que tocam, além de seu instrumento de origem, baixo, guitarra, bateria e percussões.

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OS ENCANTOS DO SUL DA BAHIAA “Costa do Cacau” oferece turismo de qualidade com roteiros que passam por lugares históricos e mergulhos em águas cristalinas

por GiUseppe Nardelli FoToS diVUlGaÇÃO

N a manhã de 22 de abril de 1500, Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada comandada por Pedro Álvares Cabral, rabiscou ao rei D.

Manuel de Portugal: “Neste mesmo dia houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande mon-te, muito alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dele. É terra chã, com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs o nome de Monte Pascoal e à terra, Terra de Vera Cruz!”

Depois de passar a noite ancorados em mar aberto, a esquadra composta por 10 naus e 3 caravelas navegou a costa baiana em direção ao norte, à procura de águas mais tranquilas. E velejando pela costa, acharam um re-cife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, “com uma mui larga entrada”, escreveu Caminha. Cami-nha referia-se à praia de Porto Seguro, localizada no li-toral sul da Bahia e tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, por ser, ofi cialmente, marco do descobrimen-to do Brasil pelos portugueses. O local foi visitado, tam-bém, pela expedição de Gonçalo Coelho, em 1503, que construiu um imponente monumento ao ar livre, chama-

do de “Marco da Posse”: um bloco esculpido em pedra “lioz” trazida pela própria expedição e que serviu para as-sinalar o domínio lusitano sobre a terra descoberta. No Outeiro da Glória, estão as ruínas do que pode ter sido a Igreja de São Francisco, provavelmente a primeira a ser erguida no Brasil, em 1504. Outras três igrejas e dezenas de prédios foram restaurados, como a Cadeia Pública, de 1772, onde funciona o Museu Histórico da Cidade.Além dos atrativos culturais, o ecoturismo também é muito valorizado em Porto Seguro. A 12 km do centro, encontra-se a Estação Vera Cruz, maior reserva particu-lar do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, com mais de 60 quilômetros quadrados. Outros destaques são a Estação Ecológica do Pau-Brasil e a Reserva Indígena da Jaqueira, devolvida recentemente a uma tribo pata-xó. O Parque Marinho do Recife de Fora, a quase 10 qui-lômetros da costa, é uma área de preservação perma-nente onde se formam piscinas naturais, na maré baixa.

Com biodiversidade semelhante à de Abrolhos, e 16 das 18 espécies de corais existentes no mundo, o parque atrai turistas do mundo todo. >>

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DESTINOS

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OS ENCANTOS DO SUL DA BAHIA

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O litoral norte de Porto Seguro tem praias belíssimas, como Curuípe, Praia do Rio dos Mangues, Ponta Gran-de e Praia do Mutá, já na divisa com Santa Cruz Cabrá-lia. Na extremidade sul, fi ca a foz do Rio Buranhém, a balsa para Arraial d’Ajuda e a chamada Passarela do Álcool, entre o cais e o casario colonial, com diversos bares, restaurantes e lojas. Todo este litoral sul baiano fi cou conhecido como a “Costa do Cacau” e é repleto de destinos turísticos únicos no mundo.

ItacaréDentro desta variedade de lugares paradisíacos, encon-tra-se Itacaré. É a primeira praia no litoral baiano, ao sul de Salvador. Situada entre o mar e a Mata Atlântica é a opção ideal para quem gosta de praia aliada à vida no-turna com bastante agitação, com shows e festas, além dos bares e boates que funcionam o ano todo. As praias de Itacaré atraem muitos surfi stas, em função das ondas fortes, consideradas as melhores da Bahia, e das águas quentes o ano inteiro, inclusive no inverno.

Coqueiros de Itacaré também é um ótimo destino para os adeptos do ecoturismo e para os praticantes de esportes radicais. Dentro de uma grande área de preser-vação ambiental é possível praticar rafting, mountain bike, arvorismo, trilhas e rapel – ou simplesmente curtir a exuberância da Mata Atlântica com seus rios e cacho-eiras. São 14 praias principais em Itacaré, cada qual com características bem particulares. As próximas à cidade possuem boa infraestrutura turística, com restaurantes e pousadas. Já as mais distantes são quase desertas, sendo acessíveis apenas por trilhas.

Antigo refúgio de coronéis do cacau, a vila de Itaca-ré conserva a arquitetura do passado. Muitos casarões foram reformados e agora abrigam restaurantes, bares, cafés, boates e lojas. A vila acolhedora parece estar em um clima de festa permanente. Os bares do Centro e da Pituba são um dos principais pontos de encontro em Itacaré. O pôr-do-sol é um espetáculo à parte. O me-lhor lugar para apreciá-lo é a Ponta do Xaréu, no canto esquerdo da Praia da Concha, em que o colorido dos barcos dos pescadores se mistura com a imagem do sol mergulhando no mar. Após o cair do sol, outra atração do local são as rodas de capoeira comandadas pelos na-tivos. Itacaré possui clima tropical, com temperaturas variando entre 25ºC e 30ºC, mas que durante o verão (de dezembro a fevereiro) podem alcançar 400C. O sol brilha o ano todo e as chuvas são mais frequentes no inverno (de maio a agosto).

Outras praias em ItacaréA Praia da Concha é a que possui maior infraestrutu-ra turística, com várias barracas e pousadas. Localizada perto do centro da cidade, é a mais movimentada du-rante o verão. Possui águas calmas, sem ondas, e muitos coqueiros. Já a Praia da Costa é pequena, com muitos coqueiros, areia branca e solta. Só que o mar exige cui-dado, pois é repleto de correntezas que podem arrastar os mais desavisados. Para os afi cionados por pesca, a dica é a Praia do Coroinha. É uma praia urbana, localiza-da no centro de Itacaré, com areia escura. >>

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DESTINOS

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Natureza exuberante e calor durante todo o ano são características das

praias do sul da Bahia

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Acessível apenas por carro, a Praia da Ribeira é cercada pela Mata Atlântica e bem movimentada. Um pequeno rio desce da serra, formando cachoeiras e criando uma piscina de água doce. Mas a preferida dos surfistas é a Praia da Tiririca, pequena enseada de areias brancas, coqueiros e ondas fortes e fica a 30 minutos de Itacaré. Outro grande “point” dos surfistas é a Hawaizinho, for-mada por pequenas enseadas, separadas por recifes, com ondas bem “iradas”. Nela é possível ter acesso a um mirante natural onde se pode apreciar uma bela vista.

AbrolhosOutro paraíso encravado no sul da Bahia é Abrolhos. O nome veio pelo registro histórico da batalha dos Abro-lhos, travada em 1631, entre as esquadras holandesa e as ibero-portuguesas a oitenta léguas a leste do arqui-pélago. A luta foi considerada a maior batalha naval

do Atlântico e que acarretou no abandono da ideia dos holandeses de se estabelecerem no Brasil. Mais relatos históricos incluem a visita de Charles Darwin a bor-do do BHS Beagle em 1832, fornecendo as primeiras descrições dos recifes. Com o perigo que os Abrolhos constituíam para a navegação, D. Pedro II mandou ins-talar um farol para orientar as esquadras. Inaugurado em 1861, funciona até os dias de hoje. Mais tarde, o local foi visitado pela expedição do pesquisador canadense Charles Frederich Hartt. São dele os primeiros estudos a respeito da geologia do arquipélago e de coletas de corais raros. Nos séculos XIX e XX o arquipélago foi visitado por caçadores de baleias, que usavam a ponta dos Caldeiros, na ilha de Santa Bárbara, para derreter a gordura das baleias em grandes caldeiras alimentadas por fornalhas. Durante a segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil deixou por lá uma guarnição militar.

DESTINOS

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Em 1961 e 1962, Abrolhos foi visitado pela expedição Calypso, do biólogo francês Jacques Laborel que iden-tificou os recifes como os maiores e mais ricos de toda costa brasileira. Em 1969, surgiu pela primeira vez a ideia de transformar Abrolhos em parque nacional e, após várias reuniões e manifestações, o parque foi final-mente criado, em abril de 1983.

MergulhoUma paraíso para os amantes do mergulho é, sem dú-vida, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, uma área que é conhecida pelos seus famosos “parcéis” em forma de chapeirões que, no passado, causaram vários acidentes. Por isso o nome Abrolhos, pois ele vem das advertências nas antigas cartas náuticas (abra os olhos) da região. Lugar muito rico em recifes e algas, abriga espécies ameaçadas de extinção, com destaque para as

baleias Jubarte, as tartarugas-marinhas e os corais cé-rebro. O Parque Marinho dos Abrolhos é dividido em dois, totalizando uma área de 91mil hectares. O Parque compreende todas as águas, ilhas, recifes e plataforma continental dentro dos limites, com exceção da ilha de Santa Bárbara, cuja jurisdição e controle são a cargo da Marinha do Brasil. Os mergulhos em Abrolhos são acompanhados pelos guias treinados do parque. De-baixo d’água, é possível apreciar a fauna subaquática, badejos grandes, raias imensas, tartarugas, baiacus e outros peixes. Saindo do arquipélago, é possível visitar os Chapeirões, formações de coral com forma de cogu-melos, criando corredores e tocas. O sul da Bahia está entre os pontos turísticos mais visitados ultimamente pelos brasileiros. A região atrai não só pela beleza, mas também pela facilidade e variedade de pacotes para to-dos os gostos e bolsos.

Para relaxar com a família ou se divertir. A região oferece ambas as opcões

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REFÚgIOREFÚgIO

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HOSPEDAGEM DE PRIMEIRA LINHAConstruído em uma antiga fazenda do Rio de Janeiro,o Hotel Santa Teresa adota um novo conceito e surge como alternativa para quem gosta de sofi sticação na medida certa

por GiUseppe Nardelli FoToS diVUlGaÇÃO

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Construído onde existia uma fazenda colonial, o Hotel Santa Teresa tem características que o torna diferente dos demais. A decoração e a arquitetura foram inspira-

das nas épocas áureas do café e do cacau. Este clima colonial é sugerido através do material utilizado em sua construção e se re-flete na sofisticação e elegância dos detalhes nobres e ecológicos. Cimento queimado, cal, ardósias vinho ou dourada, madeiras tro-picais vermelhas e escuras, fibras da bananeira, do buriti ou da ba-caba juntam-se ao design contemporâneo e reforçam o estilo de época em todos os ambientes. Estes ingredientes fizeram do hotel um dos mais característicos do Rio de Janeiro; sua sofisticação surge, embaralhada entre os diferentes ambientes, num equilíbrio sutil e exclusivo. Localizado na área nobre da zona sul do Rio de Janeiro, ele foi todo restaurado e acabou criando um vínculo es-treito entre o design moderno e a tropicalidade brasileira.

O bairroO pitoresco bairro de Santa Teresa – o “Montmartre Carioca” – é a região mais artística e preservada do Rio de Janeiro. Repleto de casarões do final do século XIX e início do século XX, com arqui-tetura predominantemente colonial e neoclássica, oferece muitas atividades culturais e únicas. Por ser sofisticado, é ponto de encon-tro de artistas e intelectuais, com casas de embaixadores e da alta sociedade do Rio. Este clima europeu com sotaque brasileiro serviu de inspiração e está presente na decoração do Hotel Santa Teresa. É possível fazer, em cada um de seus ambientes, uma viagem te-mática às terras e raízes étnicas brasileiras, com nuances do folclo-re indígena das tribos Xingu e Tupi-Guarani. Esta fusão temática também traz referências aos quilombos e tradições do candomblé afro-brasileiro, além do folclore pernambucano e dos artesanatos do Piauí. As fibras naturais foram usadas para criar ambientes tro-picais com um toque de modernidade.

Conforto e sofisticação, além de obras de arte, estão distribuídos por todo hotel

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REFÚgIO

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REFÚgIO

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O algodão cru, linho natural, fibra de coco, de bananeira, de bacaba ou de carnaúba e madeiras tropicais são combinadas em móveis e estofados, garantindo um clima ameno e envolvente. Sofisticado, porém sem exageros, o Santa Teresa oferece aos hós-pedes a tranquilidade e a segurança dos seus jardins tropicais, com piscinas panorâmicas e SPA completo. A localização privile-giada permite também uma visita a alguns dos principais pontos turísticos da cidade, como o Bondinho de Santa Teresa, que parte do bairro em direção ao centro, atravessando os famosos Arcos da Lapa. O Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, as praias de Copa-cabana e de Ipanema são outros pontos imperdíveis e também encontram-se bem próximos do hotel. A beleza natural do Rio de Janeiro pode ser apreciada em todos os quartos e jardins, que estão debruçados sobre a Baía de Guanabara.

GastronomiaPara os gourmets, o restaurante Térèze, do chef Damien Monte-cer, já virou ponto da gastronomia carioca e oferece o melhor da cozinha contemporânea brasileira. O “Bar dos Descasados”, cons-truído sob os arcos de uma antiga senzala, chama a atenção por sua beleza e concepção. Nele, é possível degustar uma variedade de bebidas típicas, cachaças e aperitivos. O lounge e os espaços

externos também são uma ótima opção para coquetéis, jantares privativos e cerimônias de casamento. Aconchegantes, sofistica-dos na medida certa e bem luminosos, os quartos e suítes ofere-cem um ambiente exclusivo e relaxante. O design de cada quarto é único e luxuoso. Em cada um deles a decoração é incrementada com peças de artistas e designers brasileiros, como Sérgio Rodri-gues, Carassas, Zemog e Rock Lane. Em outra ala, as acomoda-ções proporcionam mais um pouco de conforto, com banheira de cimento marmorizado e espaço de banho revestido de ardósia dourada, com pisos de ipê. A maioria das suítes integram uma grande varanda externa à sombra do pergolado e do jasmim per-fumado, ambiente ideal para degustar uma caipirinha de frutas vermelhas, admirando os tucanos e os macacos nas palmeiras, que passeiam livremente pelas árvores centenárias que rodeiam o grande jardim. A tecnologia também está presente em todos os ambientes para dar conforto e praticidade aos clientes mais exigentes. São pequenos detalhes que facilitam o dia a dia dos hóspedes, como isolamento acústico, Wi-Fi em todos os espaços, ar-condicionado central e room service 24 horas. Obras de arte e o melhor do design nacional podem ser apreciados nas coleções de Janete Costa, dos irmãos Carassas e nas gravuras de Rugen-das do século XIX, distribuídas pelos salões do hotel.

JUNHO 2012 | B&C | 121

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