ARTE ONTEMPORNEA OMO REURSO INTERDISIPLINAR · se “constroem” pessoas, pessoal e socialmente...

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Arte Contemporânea como recurso interdisciplinar—Culturgest—Lisboa 9 ARTE CONTEMPORÂNEA 8 fevereiro a 17maio de 2014 COMO RECURSO INTERDISCIPLINARCCPFC/ACC-72725/12 CULTURGEST—Fundação Caixa Geral de Depósitos APECV— Centro de formação de professores Almada Negreiros Formadora: Teresa Eça Formanda: Mª Margarida Lemos RELATÓRIO DE REFLEXÃO CRÍTICA

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Arte Contemporânea como recurso interdisciplinar—Culturgest—Lisboa 9

ARTE CONTEMPORÂNEA 8 fevereiro a 17maio de 2014

COMO RECURSO INTERDISCIPLINARCCPFC/ACC-72725/12

CULTURGEST—Fundação Caixa Geral de Depósitos APECV— Centro de formação de professores Almada Negreiros

Formadora: Teresa Eça Formanda: Mª Margarida Lemos

RELATÓRIO DE REFLEXÃO CRÍTICA

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IDENTIFICAÇÃO: O que deixei transparecer

Na sessão de 8 de fevereiro, após o visionamento e análise do documentário “Com quase nada”, de

Margarida Cardoso e do vídeo “Ancient days” de Bill Viola, foi-nos proposta a criação de um curto

Storyboard para um filme que retratasse o colega do lado.

Após conversarmos um pouco, a Ana Teresa, psicóloga, da Educação Especial, rapidamente resolveu o

problema:

Intitulou o filme “MARRI” (Margarida+RI), porque observou que eu falava sempre a sorrir. O filme abri-

ria com sons e imagens do mar, como referência a eu ter vindo de Aveiro, mas sobretudo para acentuar a

necessidade absoluta que tenho de amplitude, de horizontes abertos; surgiria então uma banda de edifí-

cios, simbolizando a arquitetura (minha formação de base). Os edifícios diluir-se –iam em múltiplas man-

chas de cor - valorização da diversidade e da paixão pela pintura, pela arte e pelas pessoas. De todas as

cores destacar-se-ia o branco, o branco-luz—presença serena de todas as cores. O filme prosseguiria com

o enfoque numa paisagem natural de serra e de bosque, um plano aproximado da boca sorrindo,

“desfazendo-se” finalmente numa nova imagem do mar e de linhas horizontais—metáfora do infinito, da

simbiose com o mundo, desejo de ser e estar em harmonia.

Um pouco surpreendida na altura com a referência vincada ao meu sorriso, interpreto-o hoje como si-

nal do bem estar e da satisfação que o encontro me proporcionava:

Abertura e partilha

Disponibilidade para dar e receber—conhecimento, ideias, experiências

Ouvir e ser ouvido. Experimentar. Fazer. Sentir.

Olhar e pensar.

Tudo isto foi possível através destas incursões no universo da arte contemporânea.

PORQUE ME INSCREVI NESTE CURSO

Na sessão de 17 de maio refletimos sobre o que trouxemos e levámos destes encontros.

A minha mochila chegou ao curso plena de expetativas:

Levava o interesse pela arte contemporânea, pelo modo como é capaz de nos “prender” em torno das

suas mensagens, pelo seu poder interventivo, pelo impacto que provoca no observador através dos meios

e processos que utiliza;

Mª Margarida Lemos Profª de EV/Artes Visuais

Agrupamento de Escolas de Aveiro

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Levava a curiosidade e a vontade de aprender, a necessidade de adquirir informação e de saber “oque

se faz por esse mundo fora”;

Levava o meu conhecimento e as minhas experiências para partilhar;

Levava o desejo de romper o isolamento cada vez maior nas escolas com um ou dois horários no mes-

mo grupo e nível de ensino;

Levava o desejo de quebrar a rotina, quebrar o ciclo do horário semanal de 8 turmas de Educação Vi-

sual do 3ºciclo, cargos, reuniões;

Levava ainda a necessidade de fazer, de produzir, de estar “do outro lado”, de abrir uma página no meu

livro de artista.

Levava o sabor de iniciar uma viagem…

A participação em ações anteriores da APECV e a realização da ação na Culturgest constituíram uma

espécie de “selo de garantia” do valor do Curso.

COMO CORREU O CURSO, COMO PARTICIPEI

Embora correndo alguns riscos, não vou fazer deste relatório uma descrição exaustiva do que ouvi, re-

gistei e aprendi ao longo dos três dias do curso.

Os dois primeiros dias foram organizados com o seguinte desenho:

Apresentações de convidados (professor /investigador universitário/artista) da parte da manhã; casos

práticos (apresentados por professores selecionados); atividades (dinamizadas por artistas mediadores)

da parte da tarde. Cada sessão terminou com a partilha das experiências vividas.

Na primeira manhã contámos com a presença de Maria Jesús Agra Pardiñas, professora na Faculdade

de Ciências da Educação da Universidade de Santiago de Compostela.

Maria Jesús falou-nos da metodologia centrada em situações vividas, na criação de ambientes coletivos

de aprendizagem, transformando o processo de aprendizagem em arte colaborativa, permitindo criar li-

gações inesperadas, como “rizomas”, afastando-se da pedagogia por objetivos. Falou-nos da prática em

espaços não convencionais, de Land Art, da ligação da educação à vida, à comunidade e à natureza. Assim

se “constroem” pessoas, pessoal e socialmente comprometidas.

De seguida Ruy Otero falou-nos de Política e Arte, do humor como arma crítica, da ligação à História, da

Educação para os Media, da necessidade da construção de uma possibilidade de futuro… e apresentou-

nos os vídeos “Los marginales” e a “Sociedade do espetáculo”.

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À tarde participei nas atividades dinamizadas pela artista mediadora Ana Teresa Magalhães.

Falámos de Documentário e de Videoarte, o que permitiu alargar de forma determinante o meu conhe-

cimento potenciando novas pesquisas. Vimos e debatemos “Com quase nada” de Margarida Cardoso e

“Ancient of days” de Bill Viola. Desmontámos novos modos de olhar, interpretar e perceber o mundo;

perceber como se faz tanto com quase nada, como na arte contemporânea; perceber a importância do

tempo, da velocidade, do ponto de vista… como a manipulação da lente cria expressão através de metá-

foras e potencia a crítica.

Foi-nos proposta a criação de um Storyboard para um filme que retratasse o colega do lado. Devería-

mos de seguida fotografar alguns planos para o filme. As sequências com que caracterizei a Ana Teresa,

partiram de um plano aproximado do tecido do vestido, mostrando círculos ligados por fios. De seguida,

uma voz diria :“a arte é uma teia que engloba tudo”; então cada círculo avançaria para o espetador, com

a inscrição de uma expressão artística (dança, pintura, música, literatura). A câmara afastar-se - ia, reve-

lando o tronco da Ana; ao som do piano de Wim Mertens, as mãos elevar-se-iam e a figura recuaria, mos-

trando o corpo a rodar, com arrastamento de imagem. A imagem ficaria “imobilizada” ao captar o belíssi-

mo perfil da Ana Teresa. As fotos foram apresentadas na reunião final.

Na segunda manhã contámos com a presença de Sara Torres, investigadora em Educação Artística na

Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid.

Sara Torres falou-nos do verdadeiro papel do professor de Educação Artística, assumindo-se como ati-

vista permanente e não como mero decorador ocasional das escolas, fazendo Arte e não

“manualidades”, ultrapassando a falsa barreira entre professores e artistas. Falou-nos da performance

como pedagogia, da arte contemporânea como estratégia, como provocação, da importância da constru-

ção de “micronarrativas” partindo do indivíduo/artista/aluno, da importância da verbalização, do diálogo

e do trabalho em torno de projetos interdisciplinares.

Lembrou-nos da importância da transformação dos espaços/das salas em lugares habitados, em sítios

agradáveis para aprender, sublinhando que o que se aprende não é exatamente o que se ensina. Falou-

nos da relação pedagógica horizontal, de estética relacional, de Redovolution na educação.

De seguida, Tiago Batista abordou a questão da execução e da técnica na arte contemporânea. Apre-

sentou obras executadas através do desenho digital e através de fitas autocolantes coloridas.

No início da tarde decorreram apresentações de professores selecionados.

Apresentei na sala 2 a experiência pedagógica “Perspetivas em linhas e letras”, cuja sinopse segue em

anexo. Tratou-se de um trabalho interdisciplinar entre Português e Educação Visual, realizado com o

9ºano em torno do tema “Futuro”. Foi possível abordar a perspetiva cónica frontal e angular para trans-

mitir metaforicamente as ideias e mensagens de cada um, tocando a esfera do individual, apesar dos con-

teúdos técnicos mobilizados. A apresentação dos trabalhos foi organizada numa instalação, tendo para tal

sido abordados os meios utilizados pela arte contemporânea. A instalação foi apresentada à comunidade,

tendo sido recolhidos registos do público.

Senti o “aconchego” da apreciação dos colegas de diferentes áreas, das Artes à Filosofia, que no final

me abordaram, procurando encontrar formas de aplicar este tipo de metodologia às suas práticas, articu-

lando as “micronarrativas”, de que Sara Torres falara, com o currículo obrigatório, definido pelo poder

instituído.

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PERSPETIVAS EM LINHAS E LETRAS

De seguida, a colega Cristina Dias apresentou um projeto inspirado no Surrealismo, desenvolvido no

Ensino Pré-Escolar. Destaco a mistura de técnicas expressivas surrealistas e a expressão dos receios e idei-

as das crianças através de colagens criativas.

Terminadas as apresentações dos casos práticos, participei na atividade prática “O lugar do desenho no

quotidiano”, dinamizada pelo artista João Catarino, na exposição de Ana Jotta. Num exercício de registo

de elementos selecionados por analogia e proximidade ou oposição, vivi momentos de recolhimento, pe-

rante a realidade/objeto, materializados no desenho. O desenho feito momento de meditação—seguir o

movimento dos olhos com a mão, sem pressas. Coordenar olhos e mão. Ter tempo para o desenho. Usar

a linha pura, o contorno sem sombras, sem texturas. Usufruir o objeto e o tempo.

Os objetos que escolhi e registei reportam-se à ideia de guardar, de colecionar, de conservar memórias,

(um precioso tesouro).

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Deixa-me…

A caixa, o invólucro,

a gaveta ou o móvel

despertam a curiosida-

de, encerram segredos

que apenas se adivi-

nham, como os pelos

que saem do pequeno

cofre indiciam o seu

conteúdo.

Memórias, segredos…

O desenho seguinte

teve na sua origem a

inquietação provocada

pelo objeto suspenso

na parede de um cor-

redor. Inquietação e

desconforto, subita-

mente suavizados pe-

las vozes que ouvi e

registei Boa noite Cecí-

lia, Boa noite Pedro .

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Pacote imperfeito….

No final, os desenhos foram colocados no chão e comentados.

O outro grupo trabalhou a transformação de objetos através do desenho, alterando formas, caraterís-

ticas, qualidades, obtendo-se resultados surpreendentes, alguns dos quais me recordaram os desenhos

surrealistas de Cruzeiro Seixas.

O encontro de 17 de maio foi orientado pela professora Teresa Eça e centrou-se na reflexão sobre as

temáticas e atividades desenvolvidas nas sessões, o que conduziu, afinal à própria avaliação da ação e da

nossa participação na mesma.

Foi-nos proposto que registásse-

mos em cinco palavras “o que trou-

xemos na mochila” e noutras cinco

palavras “o que levávamos na mochi-

la” após a frequência do curso. Ex-

pusemos as nossas reflexões, trocá-

mos papéis e selecionámos uma só

palavra que registámos e partilhá-

mos. Esse momento, em que cada

um se identificou com um aspeto

particular da formação, ficou capta-

do numa foto.

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Surgiram muitas palavras:

E foi difícil escolher. AMBIENTE foi a palavra que registei para exprimir a importância do “clima relacio-

nal” que se construiu para livremente participar e “crescer” com os outros.

O almoço foi um momento de convívio e partilha. Alguns participantes almoçaram em piquenique no

jardim do Palácio Galveias e todos acabaram por se juntar ao grupo, partilhando a sobremesa. A manta e

a cesta, simbolicamente suporte artístico e contributo individual para a construção do coletivo, funciona-

ram como ponto de encontro. Pedagogicamente, esta ideia pode ser aproveitada para “trabalhar memó-

rias, explorar narrativas e significados, indo de encontro à identidade das pessoas, tornando visíveis as

narrativas escondidas”.

E foi de estética relacional, de arte colaborativa, socialmente comprometida, e de A/R/Tografia que Te-

resa Eça também nos falou, permitindo ampliar horizontes estéticos e informação. (Nunca ouvira falar do

trabalho do “Oda Projesi”, que “recupera a vida quotidiana como um modo de fazer arte, entendida como

uma escultura social formada pelas relações entre as pessoas, uma espécie de performance social”).

O QUE VEIO COMIGO PARA AVEIRO

Veio conhecimento. Vieram ideias. Viram experiências. Vieram amigos.

Veio a Videoarte de Bill Viola e outros, um universo a explorar.

Veio a ideia de criar um videoclip com os alunos a partir de um punhado de fotografias.

Veio a Fotobiografia como desafio à criação artística, experiência apresentada pela colega de Filosofia.

Veio a provocação das imagens de Dina Goldstein, apresentadas por Sara Torres.

Veio a A/R/Tografia, com o conforto de ver resolvido um conflito, através do reconhecimento da articu-

lação de papéis—de artista, de investigador, de professor; com a “miscigenação/diluição das barreiras

entre saber, ação e criação, com a mestiçagem. Como ato de interdisciplinaridade. Arte e Escrita unifican-

do o visual e o textual, sem que imagem e texto se dupliquem, antes se complementem” (Rita Irwin).

Veio a performance, o questionamento e a verbalização como pedagogia, aplicando práticas da arte

contemporânea como estratégias de ensino-aprendizagem.

Veio a confirmação da ideia de que “o ato da representação construtiva é um evento criativo” (Belidson).

CRIATIVIDADE novo olhar Alegria reflexão

Felicidade PARTILHA Professor Artista Experiências

CURIOSIDADE Motivação Dúvida TRANS f ORMAÇÃO…

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Veio uma forma simples e eficaz .de construir um diário gráfico a partir de uma só folha, capaz de ser

exposta como um pequeno livro, apresentada pela colega de Educação Tecnológica.

Vieram novos amigos, nascidos da proximidade ocasional

na sala dos encontros, proximidade que se estendeu para

além da hora definida no programa, prolongando-se na visi-

ta a exposições do Centro de Arte Moderna da Fundação

Calouste Gulbenkian, tão próxima da Culturgest. O diálogo

com a Mara (do Algarve) e com a Gina (de Lisboa) estendeu-

se para além do encontro, e cresceu em torno da obra de

Rui Chafes, de João Tabarra, de Nadia Kaabi-Linke, e, em

torno da própria vida.

CONCLUSÃO

Se tivesse de resumir o valor destes encontros, creio que escolheria uma imagem/metáfora.

Algo como a capa deste relatório.

Sobre o mapa de Lisboa traçaria uma rede, uma teia, um conjunto de ligações entre pontos distintos

(pessoas distintas, lugares geográficos distintos, abordagens distintas), com dois sentidos, para fora e pa-

ra dentro, em múltiplas direções, entrecruzando porventura níveis e planos distintos—da arte, do ensino,

da pesquisa/investigação e até da minha história pessoal.

Nasci e estudei em Lisboa e iniciei em Aveiro a minha vida profissional como professora de Educação

Visual e arquiteta.

O regresso à minha terra natal (tão raramente revisitada) é também para mim o encontro com memó-

rias e lugares de afeto. Viajar até Lisboa, em sentido literal, foi também viajar ao passado e projetar o fu-

turo , bebendo inspiração no que os outros me ofereceram em torno da arte contemporânea – artistas,

professores, investigadores, colegas.

Neste sentido, a capa deste relatório ilustra a riqueza desta viagem.

E a classificação? Algures, entre 8 e 9 “esferas”...

Aveiro, 30 de junho de 2014

Maria Margarida Reis Silva de Oliveira e Lemos

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ANEXO 1

O QUE JÁ FOI POSSÍVEL FAZER COM OS ALUNOS

Aula de Campo na Serra da Freita (23 de abril de 2014)

Em silêncio, alunos e professores (Ed. Visual e Português) viram, escutaram e sentiram o LUGAR.

Registaram palavras, grafemas/marcas exprimindo o que os sentidos colheram.

Usaram materiais e técnicas diversificados—pastel, grafites, écolines, canetas, lápis de cor…

Professores e alunos intervieram num espaço e num suporte comum, em conjunto, mas com grande

comprometimento pessoal, esbatendo fronteiras entre disciplinas e diluindo hierarquias.

SENTIR, PENSAR E FAZER A/R/T como mestiçagem

O Desenho como momento de meditação e recolhimento

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Visita de Estudo a Bragança (10 de maio de 2014):

Centro de Fotografia Georges Dussaud

Trabalhando, constituindo-se como júri para atribuição do 1º, 2º e 3º prémios às fotografias de Geor-ges Dussaud. Trabalho de análise, reflexão, partilha e debate. Trabalho colaborativo. Educação para os Media.

Centro de Arte Contemporânea Graça Morais—Exposição de Bernardí Roig “Ensaio sobre a cegueira”

Questionar

Interpretar

Construir significados

É CRIAR

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ANEXO 2

APRESENTAÇÃO DE CASO PRÁTICO (sessão de 5 de abril)

SINOPSE

PERSPETIVAS EM LINHAS E LETRAS

“Perspetivas em Linhas e Letras” foi o culminar de uma experiência pedagógica realizada com os alunos do 9ºano do

Agrupamento de Escolas de Aveiro, envolvendo as disciplinas de Educação Visual e de Português. Partindo da abordagem da Arte Contemporânea e, em particular, da Instalação, foi possível apresentar à comunidade,

no Dia do Patrono da Escola, um conjunto de reflexões pessoais sobre o futuro, expressas em diferentes linguagens, mobi-lizando e integrando diferentes saberes e conteúdos programáticos.

O processo iniciou-se em Educação Visual com a observação e análise de obras de arte, contrapondo Arte Contempo-rânea à Arte mais convencional de modo a encontrar características da Arte contemporânea e da Instalação. O debate em torno da leitura descritiva e interpretativa de algumas obras permitiu desenvolver as capacidades de reflexão e de comuni-cação dos alunos, assim como o reconhecimento e valorização da diversidade de ideias e opiniões em torno das obras.

Construída a noção de instalação e reconhecida a sua importante relação com o Espaço, foi lançado o desafio de abor-dar o tema “Futuro”, através de uma Exposição/Instalação com trabalhos produzidos nas duas disciplinas envolvidas, sen-do que o trabalho de Educação Visual deveria consistir numa imagem que apresentasse de forma metafórica a reflexão realizada sobre o tema, aplicando os princípios da perspetiva cónica na representação do espaço.

Foram apresentadas aos alunos duas “perspetivas” distintas de abordagem da vida e do futuro: “A vida sem viver é mais segura” – Alexandre O’Neill “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida” – Sérgio Godinho Cada aluno foi convidado a refletir e a encontrar a sua própria perspetiva, a partir da colocação de questões como

“Quais os medos, os receios, os desejos, as dúvidas, as escolhas, as possibilidades, o que mais valoriza…” Após registo de ideias passou-se a criação da imagem como forma de comunicação. Os conteúdos aplicados prenderam-se com a perspetiva, com o valor simbólico e expressivo do negro, do branco e do

cinzento e com a técnica de pintura uniforme a lápis de cor e/ou marcador. (Esta limitação foi em parte consequência da falta de recursos – sala de aula sem ponto de água).

Depois de concluídos, os desenhos serviram de inspiração para a criação de frases, desta vez realizadas em Português. Finalmente foi debatida a forma de articular e apresentar os trabalhos produzidos num trabalho coletivo. Foi necessá-

rio escolher o local, selecionar e compor o som com a ajuda de TIC, montar as projeções. Optou-se por articular os traba-lhos em friso, dando a sensação de percurso, como a vida, sendo que o percurso feito em sentido oposto permitia a desco-berta de uma perspetiva diferente/apresentando em destaque trabalhos diferentes, graças a uma estrutura tridimensional em forma de cunha que serviu de módulo-base para a colagem dos trabalhos.

Junto à saída foram colocados cartões para registo de opinião ou criação de novas frases inspiradas nos trabalhos.

Os alunos implicaram-se bastante no processo de trabalho, entregando-se com entusiasmo à concretização do produ-to final.

O valor desta atividade foi a abordagem do desenho e da perspetiva cónica como ferramentas do pensamento e da reflexão sobre o Eu na sua relação com o Mundo. Uma abordagem do desenho e da perspetiva que vai muito além das questões técnicas e académicas e dos processos de imitação da natureza, centrando-se na reflexão, no confronto consigo próprio e na criatividade.

Como experiência significativa será decerto uma memória perene e positiva relacionada com a Arte Contemporânea.

A apreciação do público foi muito positiva, tendo sido sugerida a compilação em livro e realizado um convite para ex-por no Estabelecimento Prisional de Aveiro.

Maria Margarida Lemos Profª Educação Visual Agrupamento de Escolas de Aveiro 5 de março 2014