ARTE E EDUCAÇÃO CURSO: PEDAGOGIA Profª Ms.: Solange Brito Defender o nosso patrimônio artístico...

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ARTE E EDUCAÇÃO CURSO : PEDAGOGIA Profª Ms .: Solange Brito “Defender o nosso patrimônio artístico e cultural é alfabetização” Mário de Andrade

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ARTE E

EDUCAÇÃO

CURSO: PEDAGOGIA

Profª Ms.: Solange Brito

“Defender o nosso patrimônio artístico e cultural é alfabetização”

Mário de Andrade 

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Mudanças conceituais no ensino de Arte Educação: da Semana de 1922 aos dias atuais

Os conceitos e correntes metodológicas de Arte Educação no Brasil:

a Arte vem se caracterizando ao logo do tempo, como um campo específico de conhecimento, com diferentes olhares, perspectivas e enfoques educativos.

Importante ter a Arte como uma discilpina específica!

marco referêncial o Modernismo, visto que “na realidade, nossa primeira grande renovação metodológica no campo de Arte-Educação se deve ao movimento de Arte Moderna de 1922” (BARBOSA, 1975).

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A Arte Pré-Modernista: o ensino da arte como técnica

a Arte como técnica e está estritamente ligada à origem do ensino e das escolas no Brasil a partir do séc. XVI.

com o objetivo de estabelecer o ensino oficial das artes plásticas no Brasil, a Missão Francesa acabou influenciando o cenário artístico brasileiro, criando um ensino acadêmico inexistente até então.

os principais representantes deste movimento foram:

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após a reforma Pombalina(1879), a Companhia de Jesus foi obrigada a deixar o Brasil e aos poucos, um novo país se anuncia. Anos e anos se passaram até que uma nova corrente ideológica, o Positivismo (Augusto Conte1798-1895), desembarca em solo brasileiro e com ele, um ideário de progresso e civilização impõe uma nova organização e divisão social.

Nos avanços sociais do séc XIX a escola era uma instituição importante neste processo. Tão importante que até mesmo a Constituição do Império já em 1824, recomendou formalmente a escolarização aos brasileiros que passaram a aprender os elementos das ciências, belas artes e das artes.

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Até bem mais a frente, quando o Brasil pós-escravidão (1988) se inspirava nos modelos positivistas e liberais da educação, o ensino da Arte funcionou apenas como um meio para se chegar a um fim: através do ensino do desenho como linguagem da técnica e da ciência com o objetivo de preparar política e economicamente a população para um mundo que rapidamente se industrializava.

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As mudanças e transformações sociais vão ocorrendo rapidamente durante este período e no que tange a nossa disciplina, podemos destacar a introdução do Desenho no currículo escolar, defendido principalmente pelo liberal, jurista e diplomata Rui Barbosa(1849- 1923)no final do século XIX.

Mas, tal ênfase era pautada numa visão do ensino da Arte apenas pelo caráter técnico, buscando com isso, o desenvolvimento do raciocínio e da racionalização da emoção, subordinando a imaginação à observação e o potencial criador a pura e mera imitação, reprodução.

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A Arte Modernista: o ensino da arte como expressão

Os Modernistas foram os pioneiros em criar as primeiras escolas especializadas em Artes para crianças e deste a década de 1930, as ideias da aprendizagem livre e do incentivo à expressão criativa dos sujeitos se contrapunham à visão tecnicista do ensino de Artes vigentes até então.Nomes como o de Mário de Andrade (1893 - 1945) e da artista plástica Anita Malfatti (1889 - 1964), figuram entre as pessoas de maior prestígio e interferência cultural e política da época.

Mario de Andrade I. 1921-22. óleo s/ tela (51x41) - Anita Malfatti / Col. Particular, SP.

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tais iniciativas iam na contramão de um ensino formal de Artes idealizado pelo Estado Novo

neste novo cenário de posicionamento político educativo, vamos encontrar, já na década de 1940, novas experiências na área da educação artística, com o intuito de formar artistas e educar o gosto em função da liberdade expressiva e são muitos os artistas que começam a abrir seus ateliês para a experimentação livre.

foi através do Movimento Escolinhas de Arte (MEA) que congrega diversas escolinhas de arte, nos anos 1950, 1960 e 1970: a do Rio de Janeiro, da Bahia e do Recife, respectivamente, abrem caminho para que grandes e profundas mudanças conceituais do ensino de Arte e Educação começassem a se efetivar.

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Aos poucos, este método pouco convencional de ensino vai ganhando terreno nas redes formais de educação e vários professores começam a aderir este novo modelo educacional em Arte. É neste período, entretanto, que vamos encontrar o ensino da Arte também vista como Atividade, como se a simples realização de atividades artísticas pudesse dar conta do desenvolvimento do potencial criativo das crianças.

Tal concepção de ensino foi legitimada pela LDB/5692/71, a arte é incluída no currículo escolar com o titulo de Educação Artística para crianças e jovens do Ensino Fundamental, mas, é considerada “atividade educativa” e não disciplina.

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A Arte Pós-Modernista: o ensino da Arte como conhecimento

Artistas mais que revolucionários começam a figurar no cenário cultural brasileiro, impulsionando vários movimentos artísticos em que a obra de arte se tornou cada vez mais experimental e inovadora. Situando um pouco mais tais movimentos, encontramos a figura do artista plástico Hélio Oiticica(1937- 1980) que em 1959, fundou o Grupo Neoconcreto, ao lado de artistas como Amilcar de Castro(1920-2002), Lygia Clark (1920 - 1988), Lygia Pape(1927-2004) e Franz Weissmann(1911-2005).

Parangolé de Hélio Oiticica - propõe o deslocamento da experiência do campo intelectual racional para o da proposição criativa vivencial.

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mudanças conceituais em ensino de Artes

A ideia da Arte na Educação com ênfase na própria Arte trás, finalmente, a Arte para o domínio da cognição. Através da “Proposta Triangular para o Ensino da Arte”, criada por Ana Mae Barbosa (1986) começa-se a discutir sobre os processos de aquisição das diferentes linguagens artísticas, ou seja, busca-se entender o processo de ensino e aprendizagem da Arte realizado pelas crianças e jovens na escola. Uma proposta inovadora que tem por premissa o FAZER artístico a APRECIAÇÃO estética e a CONTEXTUALIZAÇÃO histórica da Arte.

FAZER

APRECIAR CONTEXTUALIZAR

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Lei 9.394/96 institui como componente curricular o ensino da Arte em todos os níveis de escolarização básica de crianças e jovens e os ganhos em relação ao desenvolvimento cultural dos alunos passa a ser uma preocupação de educadores e gestores educacionais.

As implicações pedagógicas gravitam em torno da formação de um educador comprometido com o desenvolvimento de sua práxis na e sobre ação educativa. Estas e outras aspirações pedagógicas vão ao encontro de uma perspectiva construtivista de educação, que busca desenvolver a autonomia e a construção do conhecimento por parte do sujeito “aprendente”.

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Os estudo de BARBOSA (2002) a concepção de Arte como conhecimento, está aliada aos estudos interculturais, onde “o compromisso com a diversidade cultural é enfatizado” (BARBOSA, 2002) ressaltando ainda a importância de se valorizar a herança artística e estética das crianças, tendo como base o seu ambiente natural.

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Tal concepção de Arte e Educação aliada as premissas de uma educação libertadora trazida por Paulo Freire (1921-1997) vem romper definitivamente com a concepção do ensino como técnica – concepção na qual o produto é mais valorizado que o processo – e da concepção da Arte como pura atividade – que supervaloriza o processo comprometendo o produto estético - vem sendo adotada como a mais eficaz para o ensino da Arte nas escolas, pois trás a ideia de que processo e produto são fatores importantes para o desenvolvimento criativo, onde a triangulação FAZER (criação artística), a LEITURA (da obra de Arte) e a CONTEXTUALIZAÇÂO (histórica, social, política, geográfica, etc.) deve orientar os currículos e as práxis pedagógica da Arte.

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Arte Educação e os PCN: algumas orientações teórico-metodológicas

“O destino do homem deve ser o de criare transformar o mundo

sendo sujeito de sua ação” Paulo Freire

A partir da década de 80, multiplicaram-se os encontros e debates com educadores, gestores, pesquisadores, intelectuais e artistas sobre o movimento Arte-educação visando novas orientações e melhorias para o ensino da Arte no Brasil.

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LDB 9394/96:

• Arte como componente curricular obrigatório de Educação Básica

• Mudança da nomenclatura de Educação Artística para Arte Educação

• a Arte renova e busca dar sentido a própria vida, e os processos de criação e experimentação artísticos, buscam compreender e ressignificar o mundo ao redor.

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(PCN,1998), por dar ao ensino da Arte um caráter de maior abrangência e complexidade, sendo um documento que retoma a discussão sobre a importância da Arte na formação do individuo pelo viés da perspectiva humanista.

O aluno desenvolve sua cultura de arte fazendo, conhecendo e apreciando produções artísticas, que são ações que integram o perceber, o pensar, o aprender, o recordar, o imaginar, o sentir, o expressar, o comunicar. A realização de trabalhos pessoais, assim como a apreciação de seus trabalhos, os dos colegas e a produção de artistas, se dá mediante a elaboração de ideias, sensações, hipóteses e esquemas pessoais que o aluno vai estruturando e transformando, ao interagir com os diversos conteúdos de arte manifestados nesse processo dialógico.(PCN, 1998)

 

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“[...] Apenas um ensino criador que favoreça a integração entre a aprendizagem racional e estética dos alunos (grifos nosso), poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido, arriscar hipóteses ousadas, trabalhar duro, esforçar-se e alegrar-se com descobertas.”(PCN, 1998,p.28)

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o ensino da Arte, pautado nas orientações dos PCNs, envolve um conjunto de diversos tipos de conhecimentos, e aponta no decorrer do texto, que as quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro que fazem parte da base curricular do ensino em Artes, devem ser desenvolvidas com ênfase em um “ensino criador” já apontando para a necessidade de FAZER, APRECIAR E CONTEXTUALIZAR a Arte.

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Neste sentido, os PCN propõe a desconstrução e reconstrução do olhar para a potência e o esforço criativo do homem, que não está confinado apenas na Arte ou fazer artístico, mas que, este mesmo esforço criativo está presente quando se faz ou produz Ciência. Falamos da necessidade de compreendermos o dinamismo criativo que está presente na tríade Arte, Ciência e Vida.