Arte, Cultura e Currículo Oculto – Ferramentas Para a Educação

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UCAM UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA ARTE, CULTURA E CURRÍCULO OCULTO FERRAMENTAS PARA A EDUCAÇÃO TERESÓPOLIS - RJ 2013

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Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar Integrada e Práticas Pedagógicas.

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  • UCAM UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA

    ARTE, CULTURA E CURRCULO OCULTO FERRAMENTAS PARA A EDUCAO

    TERESPOLIS - RJ

    2013

  • UCAM UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA

    ARTE, CULTURA E CURRCULO OCULTO FERRAMENTAS PARA A EDUCAO

    Artigo Cientfico apresentado Universidade Candido Mandes - UCAM, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Gesto Escolar Integrada e Prticas Pedaggicas.

    TERESPOLIS - RJ

    2013

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    ARTE, CULTURA E CURRCULO OCULTO FERRAMENTAS PARA A EDUCAO

    Marcos Alexandre Dornelles da Silva1

    RESUMO As propostas pedaggicas descritas no presente artigo tm como fim um retrato da criana e do adolescente a partir de suas produes culturais exprimidas na transformao do meio com seus hbitos, suas criaes artsticas, suas experincias e vivncias afetivas no contexto em que est inserida. Propomos que tal produo seja um objeto til no que concerne a avaliao e relatrio sobre o desenvolvimento desses alunos a partir de suas produes e das suas reaes ante a estas produes. Simplesmente uma forma que realce ainda tais produes nos relatrios avaliativos para que se forme um banco de dados que nos informem sobre traos da personalidade de um indivduo enquanto criana/adolescente e o que este mesmo indivduo produziu quando esteve nessas fases. Para tal, utilizaremos tais ferramentas citadas no ttulo do artigo (arte, cultura e currculo culo) para a realizao de prticas pedaggicas realizadas pelo professor, que o mediador por excelncia desse processo.

    Palavras-chave: Arte. Cultura. Currculo Oculto. Educao Infantil. Ensino Fundamental. Introduo A proposta para uma educao ideal no aquela que visa apenas a ensinar

    a criana, e sim tambm aquela que opta por aprender com ela, observando seus

    anseios, suas curiosidades, suas particularidades para, ento, propor meios para que

    tudo o que for ensinado seja de fato assimilado pelo corpo discente, sem desconsiderar

    a figura do professor como mediador, que no pode se contentar com uma educao

    simplista, mas que adote prticas pedaggicas conscientes e que almeje sempre a

    construo de aprendizagens que faam alicerce para futuras construes sociais e

    culturais.

    A criana de hoje, mesmo ao nascer, demonstra um desenvolvimento

    aguado prematuro e, geralmente, e nos seus primeiros passos j tem contato com

    cultura, arte e tecnologia. Acreditamos que a experimentao por meio de toques

    afetivos e percepes reais fator determinante para aprendizagens significativas,

    atravs das construes realizadas por estes alunos.

    1 Graduado em Produo Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Habilitado em Educao Infantil no Programa de Formao Inicial para Professores em Exerccio na Educao Infantil PROINFANTIL. E-mail: [email protected]

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    Isto est em consonncia com o pensamento de Jean Piaget, citado por

    Valente e Almeida (1999), quando ele observou que:

    A compreenso fruto da qualidade da interao entre a criana e o objeto () refletir sobre os resultados obtidos e ser desafiada, com situaes novas, maior a chance de ela estar atenta para os conceitos envolvidos e, assim, alcanar o nvel de compreenso conceitualizada (Valente & Almeida, 1999, p.38-39).

    Entendemos a Cultura como reao do indivduo aos agentes externos a

    partir do contato com o meio e a conseqente transformao do meio pelo indivduo. Na

    fase de zero a cinco anos (Educao Infantil), esse contato ser o mais marcante para

    o resto de sua vida, uma vez que acreditamos que essa fase a base por excelncia

    na formao de seu carter e personalidade. Segundo Henri Bergson:

    A durao interior a vida contnua de uma memria que prolonga o passado no presente, seja porque o presente encerra distintamente a imagem incessantemente crescente do passado, seja, mais ainda, porque testemunha a carga sempre mais pesada que arrastamos atrs de ns, medida que envelhecemos. (Bergson, 1993, p.200).

    Lembremos que os gnios da informtica s chegaram ao mundo virtual por

    que antes interagiram com o objeto tangvel. Logo, imagens crescentes do passado

    [tangvel] que se prolongaram no presente [virtual] (grifos meus). plenamente

    possvel que haja prticas pedaggicas com base em ferramentas tangveis a partir da

    arte e da cultura de modo a preparar o indivduo para um futuro tecnolgico.

    Desenvolvimento

    Verificamos as metodologias de certos artistas, como Jackson Pollock,

    Dbora Colker, Bertold Brecht, entre outros, e as inserimos na sala para crianas

    menores numa linguagem adaptada para a linguagem infantil, antecipando essas

    vivncias. No h nada de novo em tais propostas, visto que constantemente vemos

    em vrios projetos pedaggicos a utilizao das obras de vrios artistas como Tarsila

    do Amaral, Salvador Dali etc. Contudo, mais do que da arte, podemos extrair de tais

    cones da esttica as suas respectivas metodologias usadas para criao. E que fique

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    bem claro que tal prtica pedaggica no consiste em meramente ensinar s crianas

    as tcnicas utilizadas pelo artista, mas em fruir o seu processo de criao, que no

    necessariamente precisa ser a utilizao de sua tcnica, mas a ao e reao da

    criana enquanto se est produzindo arte e cultura a partir das respectivas

    metodologias.

    Os trs foram citados (Pollock, Colker e Brecht) apenas para efeito de

    exemplo. O primeiro, figura proeminente do Expressionismo Abstrato, com sua

    sensacional action paiting, nos ensinou a colar no cho uma tela e resping-la com

    tinta. Colker j ensinou performances de dana com objetos espalhados no palco

    (uma proposta para que as crianas interajam com objetos). Brecht, com a sua teoria

    sobre o distanciamento, nos mostrou que o contraste entre a realidade e a fico deve

    ser bvio. Esse um bom referencial para agir junto criana com sinceridade no ato

    de contar histrias, sem obviamente desprezar o seu mundo de faz de conta.

    Como vimos, h inmeros artistas, cada qual com seu mtodo. Dois

    exemplos de prticas pedaggicas com base na proposta descrita so as seguintes:

    a) Yoko Ono, viva do ex-beatle John Lennon artista plstica. Ele tem um

    acervo de obras suas representadas pela metade. O pblico fica responsvel por

    completar em seu imaginrio o complemento da obra ao contempl-la. D para utilizar

    essa metodologia tambm para as crianas, como j foi feito por mim em uma das

    aulas. Apliquei um trabalho que para um grupo de crianas desenhei trs ndices que

    fizessem aluso pscoa, enquanto que, para outro grupo, apenas dois. Esse grupo

    completou, com uma canetinha, o ndice que faltava. Processo similar ao do imaginrio

    do pblico que fruiu a obra de Yoko Ono.

    b) Piet Mondrian, figura proeminente do movimento Neoplasticismo, pintava

    quadros com as seguintes cores: vermelha, preta, azul, amarela e branca (de algum

    modo, vemos essas cinco cores em seus quadros). Utilizamos tambm essas cinco

    cores para ensinar quais so as cinco vogais do alfabeto, associando cada cor a uma

    vogal, trabalhando quantidade (que no caso, o nmero cinco).

    As crianas devem fruir as artes, e no apenas observar o resultado final de

    um determinado artista ou meramente a reproduo de sua arte. E uma proposta para

    haja essa fruio e que as crianas conheam, ou fruam, a metodologia das artes.

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    Pretendemos incentivar a criana ao respeito educao e cultura desde cedo;

    desenvolver nela a percepo esttica; levar a criana a conduzir-se eticamente na

    resoluo de conflitos ntimos e sociais; deixar plantado nos coraes sementes que

    venham a florescer no futuro, cujos frutos sero concepes estetas, conduta tica e

    mecanismos de defesa para que a criana possa pertencer sociedade do presente e

    do futuro de modo a estar equipada com valores que compem o patrimnio da

    humanidade, como por exemplo, boas idias, senso crtico etc.;

    Mais um exemplo de prtica pedaggica inspirada nas metodologias de

    artistas (que quero dar bastante nfase por j t-la colocado em prtica) um dos

    principais referenciais de execuo dessa proposta. A renomada metodologia action

    paiting (j mencionada) do artista Jackson Pollock, foi aplicada a uma prtica

    pedaggica com crianas de um a dois anos. Notamos as reaes saudveis das

    crianas em estarem plenamente envolvidas na metodologia de tal artista, quando

    foram colocadas literalmente dentro de uma tela e tingindo-a a vontade com tinta. A

    atividade nos demonstrou uma vivncia significativa por parte daquelas crianas,

    fornecendo um material similar ao histrico emprico de grandes homens cujas reaes

    a determinados agentes externos ocorridas em fase infantil influenciaram em suas

    respectivas carreiras.

    Quo ser o benfico o acesso de tais grandes homens do futuro ao registro

    de suas atividades pedaggicas realizadas enquanto crianas e refletidas no decorrer

    do tempo? Aqui entra a tecnologia digital. Esta salutar quando contribui para o seu

    benefcio. Tais trabalhinhos artsticos e os comportamentos das crianas registrados em

    mdias digitais podem ser usados como parmetro para avaliao e relatrio de

    desenvolvimento da criana. De semelhante modo o fazia Nise da Silveira, no Museu

    de Imagens do Inconsciente (outro referencial nosso) no Centro Psiquitrico Pedro II,

    no Bairro do Engenho de Dentro RJ, para diagnosticar algumas etiologias de

    pacientes com deficincias mentais que se expressavam por meio das artes.

    Percebemos que as experincias afetivas so companheiras inerentes aos

    seres humanos em qualquer que seja sua faixa etria. Elas contribuem na formao da

    personalidade do indivduo nos perodos iniciais de vida, que correspondem tanto

    infncia como adolescncia e incio da juventude, praticamente abarcando os

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    perodos de Educao Infantil e Ensino Fundamental. Entretanto, cedio que, em se

    tratando da faixa etria predominante do Ensino Fundamental 1 (1 ao 5 ano) e do

    Ensino Fundamental 2 (6 ao 9 ano), h contedos aprendidos de forma no explcita

    nas relaes interpessoais que se constroem na escola fora do currculo formal ou

    explcito, mesmo com todas as inseres tecnolgicas, informativas e futuristas que

    cooperam com o currculo informal ou explcito. Porque ainda anda nesse estdio? Por

    a Educao no contemplar o currculo oculto (ou informal, ou implcito) com

    propriedade, e quando o faz, faz de maneira irresponsvel, sem reter aquilo que bom

    das experincias afetivas, apenas lanando de qualquer jeito em mbito escolar sem

    examinar os fatores positivos e negativos. Como se aplaudissem um Steve Jobs por ter

    se tornado o gnio da Informtica por sua oitiva s disciplinas acadmicas do seu

    interesse e sua subjetividade e ignorasse o quanto ele decepcionava como pessoa.

    fato que o currculo formal ou explcito o cumprimento do dever, enquanto

    o informal (oculto ou implcito), o que os alunos so afeioados, o que lhes apraz e

    cerceia. O currculo oculto, apesar de aleatrio e cheio de nuances, tem uma lgica e

    pode um organograma regular, pois sempre gira em torno da mesma temtica no

    decorrer dos tempos, isto , opo sexual, gosto musical, maneiras de relacionamento,

    reas de interesse, tratamento com os mais velhos e reaes s vicissitudes do mundo,

    seja ele local ou global, tangvel ou virtual. Tanto o currculo explcito como o implcito

    tanto formam como informam, mas h inmeros exemplos de desprezo para com o dito

    implcito (oculto) ou mau uso do mesmo. Isso se deve restrio por parte da ala

    conservadora da Educao ao vislumbrarem as suas normas tradicionais e obsoletas

    sendo infringidas e a iminente perda do controle da situao. Agindo assim, criam um

    abismo entre aquilo que o aluno vivencia (mormente na prpria escola) e aquilo que o

    aluno aprende na sala de aula a partir do organograma curricular explcito (ou formal), e

    por desprezarem o currculo oculto, desperdiam uma excelente ferramenta para o

    processo interativo de ensino e de aprendizagem. necessrio afirmar que preciso

    apenas saber se apoderar dessas afetividades e deixar de v-las como vils do

    processo educativos e reter o que bom delas. Por outro lado, as alas extremamente

    liberais (crticas e ps-crticas), ainda que tenha de fato libertado a educao do

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    conservadorismo das teorias tradicionais, equivocam-se quando no discernem o que

    convm de suas teorias, adotando alguns aspectos negativos.

    H um ponto em comum entre a perspectiva conservadora de John Franklin

    Bobbitt de que o currculo deve ser organizado para estabelecer de forma precisa seus

    objetivos e a definio contempornea de Tomaz Tadeu da Silva de que currculo a

    forma como contemporaneamente organizamos o conhecimento e o saber com vistas

    sua transmisso2. E esse ponto em comum justamente o fator organizao, seja ela

    formal ou informal, pois sempre a organizao ser um fator positivo, pois contribui

    sempre para o xito do processo educativo. E se organizao, deve haver uma

    ordem, no uma ordem autoritria, mas uma ordem organizativa. Estamos vendo o

    surgimento de teorias pedagogias e educacionais contemporneas que descentralizam

    (quase que minimizam) a figura do professor, tentando reduzi-lo a nada, num niilismo

    desnecessrio. Em qualquer prtica, h se de ter um lder, e se estamos falando de

    prticas pedaggicas na instituio de educao automaticamente o lder aquele

    quem conduz a criana, isto , o professor. Obviamente que h pontos positivos das

    teorias educacionais e pedaggicas que defendem essa descentralizao, como por

    exemplo, a disposio das cadeiras de modo a nivelar alunos e professores, bem como

    o dilogo entre os corpos docentes e discentes, sem uma voz unilateral. Mas a meu ver

    o professor deve ser sempre o mediador no processo educacional por excelncia, e

    ele sim que deve estar informado sobre os meandros do currculo oculto, ao pesquisar

    as preferncias, as vivncias e as tendncias dos alunos, assim como uma orientao

    madura, franca e abalizada do que est permeando o imaginrio coletivo dos mesmos.

    Trata-se de uma atitude irresponsvel o aceite, sem nenhum crivo avaliativo, de tudo

    aquilo que novo ao currculo escolar, deixando adentrar at mesmo o modismo e o

    nocivo, podendo acarretar em compulso gratuita pela transgresso de regras,

    resultando em Instituies de Educao Escolar caticas. Ora, o professor sempre ser

    o mediador entre a interao do sujeito (aluno) com o objeto (contedo assimilado). E

    ainda que haja uma heterogeneidade tambm em termos de corpo docente, uma vez

    que em todo corpo possamos ter professores com seus respectivos valores culturais,

    2 SILVA. T. T. Apresentao na orelha do livro. In: GOODSON, Ivor F. Currculo: Teoria e histria. Trad. Attlio Brunetta. 7 ed. Petrpolis: Vozes, 1995.

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    religiosos, polticos etc. diferentes, em virtude da maturidade dos profissionais e

    trgua momentnea a bem do servio, algo sempre prevalecer entre os mediadores

    do processo educativo: o bom senso. E o que o bom senso? justamente o

    consenso, a saber, os pontos em comum das diversas formas de se estar no mundo. E

    estes mesmos pontos so tambm encontrados nas vivncias e experincias dos

    alunos nos currculo implcito, ou informal, ou oculto.

    Enumeramos ento as ferramentas citadas no ttulo do presente artigo: o uso

    da arte, isto , externar as idias de modo criativo; o uso da cultura, que a ao do

    homem de transformar o meio em que est inserido e, reciprocamente, a transformao

    do homem por tudo que est ao seu redor (contudo, sempre a dominando e jamais

    sendo dominada por ela ou pela cultura de outrem); e currculo oculto, que segundo

    Silva:

    ... constitudo por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currculo oficial, explcito, contribuem, de forma implcita para aprendizagens sociais relevantes (...) o que se aprende no currculo oculto so fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientaes. (Silva, 2001, p. 78)

    Desmembrando tais conceitos, podemos ampliar mais ainda o nosso

    leque de ferramentas nos seguintes conceitos: diversidade cultural, meio ambiente,

    sexualidade, funk (ou outro tipo de cultura de massa), rede social, etc. Entretanto, da

    mesma forma que aprendi em minha infncia com o jud uma vez que este esporte

    visava usar a fora do opositor contra ele mesmo, e assim ganhvamos a disputa,

    podemos utilizar os conceitos citados acima alguns inclusive servindo ultimamente

    muito mais para a estagnao dos alunos de modo que os mesmos contribuam para

    um real e efetivo desenvolvimento dos docentes (tanto da Educao Infantil como do

    Ensino Fundamental). No mesmo nicho onde est o problema se encontra a soluo,

    logo ali, perto de ns, mas insistimos em ignorar devido ao fato de que cultivamos um

    pudor desnecessrio. Todavia, em tempo de guerra contra o fraqussimo

    desempenho, a tendncia marginalidade e o alto ndice de desinteresse por parte dos

    alunos, qualquer arma pode ser aproveitada (at a arma do suposto inimigo do

    processo educativo).

    H um municpio que apresenta o seguinte contraste: uma conceituada

    faculdade de medicina situada na mesma localidade em que h hospitais de reputaes

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    duvidosas a ponto de cometerem erros mdicos pueris como, por exemplo, a troca de

    bebs na maternidade. Entendemos com isso que h alunos que se formam e,

    posteriormente, entram no mercado de trabalho com um belo diploma, mas com

    contedo acadmico escasso. Contudo, esses mesmo alunos provavelmente tm as

    cargas horrias do currculo oculto todas cumpridas: chopada, noitada, provas

    fraudadas etc. obviamente porque so disciplinas muito atraentes.

    Contudo, preciso deixar claro que as prticas pedaggicas do presente

    artigo no consistem em encher a sala de aula com bales coloridos e cantar msicas

    que os alunos gostam de ouvir com letras que mencionem o Teorema de Pitgoras

    simplesmente para dizer que associou o currculo informal com o formal somente para

    agrad-los. A proposta um modelo de prticas pedaggicas com as quais eles

    possam, ao mesmo tempo, produzir cultura e entenderem o que esto aprendendo ou

    assimilando com freqncia para assim estarem cientes do terreno esto pisando sem

    saber. Tais prticas lhes daro um cabedal de saber suficiente para que no sejam

    devorados pelas perniciosas influncias de certos conceitos atitudinais assimilados em

    suas vivncias nos bastidores do mbito escolar e assimilem e pratiquem somente

    aquilo que for contribuir para o seu desenvolvimento a partir dessas mesmas vivncias.

    Urge ento uma espcie de aula que possa abrir-lhes a mente para a

    verdadeira compreenso dessa avalanche de informaes e impresses tidas em suas

    vivncias (que na maioria das vezes distorcidas e que no causam noes, apenas

    sensaes) cujos suportes sero a Arte e a Cultura. No uma aula onde iremos saber

    aprender, mas tambm saber apreender. Perceber melhor tanto que est nossa volta

    como tambm o que h de melhor nossa volta. Captar a inspirao to ofuscada pela

    tecnologia mal usada e produzir cultura em benefcio (e no em malefcio) prprio.

    No para se ignorar o funk. Ele uma realidade, e tem um poder de

    penetrao altamente influente como elemento de formao de opinio. E por mais que

    hajam os ditos amigos do funk no poder pblico, ainda no se legitimaram com agentes

    positivo no que concerne a tirar o funk da apologia do crime e do desajuste de modo

    efetivo. No basta tratar da sexualidade na adolescncia de maneira simplista.

    Devemos sim ter a coragem de inserir a educao sexual nas escolas, tanto com

    professores que discordam da dita liberalidade sexual como com os que concordam

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    com ela, em p de igualdade e sem apologias. Inserir tambm a educao nutricional,

    pois as crianas esto sempre vulnerveis aos ditames da indstria alimentcia fast food

    multinacional que, com seu bombardeio miditico, ensinam pssimos hbitos

    alimentares a elas, e acabam por serem acometidas por doenas tais como hepatite 2,

    obesidade etc. No adianta apenas inserir as redes sociais on line de qualquer jeito nas

    aulas, pois ao invs de socializar pode acarretar em isolamento tema este abordado no

    documentrio Alm do Peso, produzido por Estela Renner e Marcos Nisti). No

    adianta de nada considerarem o bullyng como uma praga sem perceber que esse

    comportamento tido como discriminatrio uma defesa de um adolescente que se v

    se afogando e, para no se afogar, ele cr que deve afogar o outro (no se trata de

    ataque, se trata de defesa! Como mostra o filme Zoando na Escola, de Bob Dolman

    (2006).

    Urgem prticas pedaggicas criativas que orientem os alunos de modo a

    clarificar sobre o porqu de determinados comportamentos, idiossincrasias, vivncias e

    experincias, investigando suas origens e sua a histria, analisando tambm as

    provveis conseqncias negativas e positivas, para ento conduzir os alunos

    ponderao de suas atitudes, de modo que elas tenham um papel ativo, crtico e

    reflexivo na construo de seu desenvolvimento e aprendizado.

    Concluso

    Arte, Cultura e Currculo oculto compem uma excelente trilogia para o

    desenvolvimento e aprendizado de crianas de Educao Infantil e Ensino Fundamental

    1 e 2 como para todos os nveis, com vistas integralidade e ao no fracionamento

    (tanto da coletividade como do indivduo). Uma gesto escolar que saiba utilizar essas

    ferramentas com certeza contribuir para que uma parcela significativa de estudantes

    desponte no mercado de trabalho, na sociedade, na carreira artstica ou esportiva,

    enfim, na vida. Faz-se necessrio um modelo curricular que contemple a arte e a cultura

    de modo a criar um banco de dados tecnolgico que contemple informaes sobre as

    produes culturais e artsticas dos alunos e que seja um efeito demonstrativo de seu

    desenvolvimento a partir de suas experincias afetivas no contexto em que esto

    inseridos, e que reflitam ao longo de suas respectivas carreiras. Com isso, ressaltar a

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    importncia de que para saber ver preciso pensar o que se v (MORIN, 1986, p.111)

    para que adotemos tudo aquilo que contribua para a formao de pessoas de bem,

    independente da fonte que se advenha o contedo, rechaando as excrescncias,

    retendo somente o que for bom das vivncias dos prprios alunos a bem da Educao.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BERGSON, La pense et Le mouvant. Paris: PUF, 1993. GOODSON, Ivor F. Currculo: Teoria e histria. Trad. Attlio Brunetta. 7 ed. Petrpolis: Vozes, 1995. KRAMER, Sonia & LEITE, Maria Isabel. Infncia e produo cultural. Campinas: Papirus, 1998 MOREIRA, Antnio Flvio B. NETO, Alfredo Veiga. MACEDO, Elizabeth Fernandes de. LOPES, Jos de Souza Miguel. SANTOS, Lucola Licnio de Castro P. CORAZZA, Sandra Mara. Currculo: questes atuais. Campinas: Papirus, 1997. MORIN, Edgar. Para sair do Sculo XX. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1986. PIAGET, Jean. Fazer e compreender. So Paulo: Edies Melhoramentos e Editora Universidade de So Paulo, 1978. SILVA, Tomaz Tadeu da. O currculo como fetiche: a potica e a poltica do texto curricular. 2 ed. Belo Horizonte: Autntica, 2001. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade Uma introduo s teorias do currculo. 4 ed. Belo Horizonte: Autntica, 2002. VALENTE, A. & ALMEIDA, J. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999.

    REFERNCIAS WEBGRFICAS