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    Programa de controle de qualidade: viso do tcnico de radiologia

    Radiol Bras. 2009 Jan/Fev;42(1):3741

    Artigo Original Original Article

    Programa de controle de qualidade: a viso do tcnico

    de radiologia*Quality control program: the radiology technician approach

    Helga Alexandra Soares Macedo1, Vitor Manuel Costa Pereira Rodrigues2

    OBJETIVO: Pretendeu-se averiguar que importncia os tcnicos de radiologia atribuem implementao deum programa de controle de qualidade em radiologia, e conhecer a importncia da existncia de critrios deproteo. MATERIAIS E MTODOS: Estudo descritivo e transversal. Os dados foram recolhidos por meio deum questionrio (quatro partes), tendo sido garantido o anonimato e a confidencialidade dos dados. Partici-param neste estudo 48 tcnicos de radiologia que exercem funes em instituies de sade, situadas noDistrito de Vila Real (norte de Portugal). RESULTADOS: Dos tcnicos de radiologia participantes do estudo,62,5% no sabem em que consiste um programa de controle de qualidade em radiologia, mas 85,4% con-sideram muito importante a sua implementao nos seus servios, e 89,6% consideram que a sua imple-mentao seria um fator de motivao. Verificamos tambm que as instituies estudadas (hospitais e cen-tros de sade) no se encontram adequadas com os princpios bsicos da radioproteo. CONCLUSO: Emboraos tcnicos de radiologia no saibam em que consiste um programa de controle de qualidade em radiologia,estariam dispostos a colaborar na sua elaborao. Este estudo permitiu constatar uma realidade que pens-vamos no ser possvel existir: instituies pblicas, cuja misso se baseia na promoo da sade, ignora-rem as no conformidades existentes nos diferentes servios, no que diz respeito proteo radiolgica.Unitermos: Efeitos de radiao; Garantia da qualidade dos cuidados de sade; Proteo radiolgica.

    OBJECTIVE: The present study was aimed at evaluating the importance given by radiology technicians tothe implementation of a quality control program and the existence of radiological protection criteria in theircenters. MATERIALS AND METHODS: The data for the present descriptive and cross-sectional study werecollected by means of a four-module questionnaire, with data anonymity and confidentiality being assured.The sample consisted of 48 radiology technicians working in health institutions of the District of Vila Real(North of Portugal). RESULTS: Among the radiology technicians participating in the present study, 62.5%do not know what a quality control program is, although its implementation is considered as very importantfor their centers by 85.4% and 89.6% consider that its implementation would be a motivating factor. Also,the authors have observed that hospitals and health centers evaluated are not in compliance with the basicprinciples of radiation protection. CONCLUSION: Although the radiology technicians do not know what aquality control program is, they are willing to collaborate in the elaboration of this program. The presentstudy has allowed the authors to testify a supposedly inexistent reality: public institutions whose mission isbased on health promotion ignoring the non-compliance with principles of radiological protection.Keywords: Radiation effects; Health care quality assurance; Radiological protection.

    Resumo

    Abstract

    * Trabalho realizado na Universidade de Trs-os-Montes e Alto

    Douro, Vila Real, Portugal.

    1. Mestre em Gesto dos Servios de Sade, Tcnica de

    Radiologia no Centro Hospitalar de Trs-os-Montes e Alto Douro,

    Vila Real, Portugal.

    2. Doutor, Professor Coordenador, Membro integrado do CI-

    DESD Centro de Investigao em Desporto, Sade e Desen-

    volvimento Humano da Universidade de Trs-os-Montes e Alto

    Douro, Vila Real, Portugal.

    vado por causa dos efeitos de eventos ouacontecimentos adversos, decorrentes dotratamento a episdios de doena(1).

    As radiaes ionizantes so utilizadasem diversas reas da medicina, como tal asua utilizao deve ser feita de maneira cor-reta, para que os benefcios possam ser pro-duzidos em detrimento dos danos que es-tas possam causar, ao paciente e ao meioambiente(2). A radiologia diagnstica cons-titui uma poderosa ferramenta utilizadapela medicina. Neste contexto, a adoo deuma cultura de proteo radiolgica e degarantia da qualidade deve ser uma tnica,na atual tendncia, de oferecer aos usurios

    Macedo H, Rodrigues V. Programa de controle de qualidade: a viso do tcnico de radiologia. Radiol Bras. 2009;42(1):3741.

    gia/imagenologia, por serem servios per-manentemente utilizados pela maioria dosusurios/clientes, devem ter esta filosofiabem presente.

    A Comisso Europeia, atravs da Decla-rao de Luxemburgo de 5 de abril de 2005,subordinada ao tema Patient Safety Making it Happen!, refere que o setor dasade corresponde a uma rea de risco ele-

    0100-3984 Colgio Brasileiro de Radiologia e Diagnstico por Imagem

    INTRODUO

    As instituies pblicas prestadoras deservios de sade so concebidas para sa-tisfazer os usurios/clientes, operando nummundo onde a primazia dada competn-cia e qualidade. Os servios de radiolo-

    Endereo para correspondncia: Dr. Vitor Manuel Costa Pe-

    reira Rodrigues. ESEnf. Universidade de Trs-os-Montes e Alto

    Douro. Lugar do Tojal Lordelo. 5000-232 Vila Real, Portugal.

    E-mail: [email protected]

    Recebido para publicao em 31/12/2008. Aceito, aps re-

    viso em 22/1/2009.

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    dos servios transparncia no que diz res-peito a segurana e eficcia dos exames ra-diolgicos(3).

    Para se obterem imagens mdicas dequalidade, minimizando os custos e redu-zindo a quantidade de radiao ao pacien-te, ao profissional e ao meio ambiente, necessrio implementar um programa decontrole de qualidade (PCQ)(4). O controlede qualidade pode ser definido como partede um esforo organizado com o objetivode assegurar que as imagens diagnsticasproduzidas tenham qualidade elevada parafornecer informaes adequadas, com omnimo custo e a mnima exposio dospacientes e operadores(5). A proteo con-tra as radiaes ionizantes constitui impor-tante aplicao da fsica radiologia e tra-duz-se no estudo das regras e no desenvol-vimento e otimizao dos mtodos quepermitem controlar a irradiao da espciehumana(6). Uma das suas tarefas tornarmnimas as doses absorvidas pelos profis-sionais e pelos pacientes durante o diagns-tico mdico com radiao ionizante, man-tendo-as abaixo de nveis consideradospermitidos.

    Em 1915, a British Roentgen Societylanou um srio alerta que ecoou por todoo mundo, fazendo despertar conscincias.Esta mesma sociedade cientfica, no inciode 1920, formou uma Comisso de Prote-o de Raios X e Rdio, publicando, emjulho de 1921, um relatrio preliminar, eem dezembro do mesmo ano um memoran-dum. De modo irreversvel comea a estru-turar-se a proteo contra as radiaes,que em 1929 desponta j em diversos pa-ses(7). Num servio de radiologia funda-mental desenvolverem-se programas e pro-cedimentos de monitorao, no mbito daproteo radiolgica, cujos principais ob-jetivos passam por: detectar as principaisfontes de radiao ionizante, avaliar a ex-posio ocupacional radiao ionizante,verificar o cumprimento ou no dos limi-tes de exposio, avaliar o desempenho dasmedidas de controle existentes e obter in-formao para a implementao de medi-das de controle.

    Nos ltimos anos foram desenvolvidasnormas, recomendaes ou leis, que visam implementao de programas de garan-tia da qualidade em radiodiagnstico emtodo o mundo, como o caso do Reino

    Unido, da Alemanha, dos Estados Unidos,da Organizao Mundial da Sade e daComunidade Europeia, onde a maioria adotaa obrigatoriedade do controle de qualidadeem radiodiagnstico(8).

    De acordo com o atrs exposto, desen-volvemos um estudo descritivo e transver-sal, com o objetivo de avaliar os conheci-mentos dos tcnicos de radiologia acercados PCQs, identificar a percepo dos tc-nicos de radiologia, no que diz respeito implementao de um PCQ e existnciade materiais de proteo radiolgica, e de-monstrar a necessidade da introduo deum PCQ, nos seus servios.

    MATERIAIS E MTODOSEste um estudo descritivo e transver-

    sal. A populao composta pelos tcnicosde radiologia, que exercem funes eminstituies de sade situadas no distrito deVila Real (Regio Norte de Portugal). Aamostra foi constituda por 48 tcnicos.

    Para o recolhimento de dados foi utili-zado um questionrio composto por qua-tro partes. A primeira parte do question-rio constituda por cinco questes, desti-nadas a caracterizar a amostra. A segunda constituda por oito questes, que tm porfinalidade situar os inquiridos em relao existncia de programas de controle dequalidade, formao efetuada no mbitoda qualidade e ao conhecimento da legis-lao existente nesta rea. A terceira parte constituda pela Escala da Importncia doControle de Qualidade (ICQ), compostapor sete itens, e uma escala tipo Likert decinco pontos, em que 1 significa nada e 5significa muito. Deste modo, o escore m-ximo possvel de 35 pontos, sendo que,quanto maior for o escore obtido, maior a importncia atribuda ao controle de qua-lidade. Relativamente fidelidade, a an-lise da consistncia interna da ICQ foi feitaatravs do alfa de Cronbach, tendo-se ob-servado um valor de alfa bastante elevado,de 0,845. A quarta parte constituda pelaEscala da Importncia atribuda ProteoRadiolgica (IPR), composta por cincoitens, e uma escala tipo Likert de quatropontos, em que 1 significa nunca e 4 sig-nifica sempre. O escore mximo possvel de 20 pontos, sendo que quanto maior foro escore obtido, maior a importncia atri-

    buda proteo radiolgica, tendo-se ob-servado um valor de alfa de Cronbach ele-vado ( = 0,705).

    Antes de os participantes responderemao questionrio, eram informados acerca dafundamentao e dos objetivos do estudo,da confidencialidade e anonimato dos da-dos e que poderiam, naturalmente, recusarparticipar.

    Os dados obtidos foram tratados utili-zando-se o programa Statistical Packagefor the Social Sciences (SPSS-verso13.0).Para tal, recorremos s frequncias relati-vas, mdia e desvio-padro e procedemos realizao dos testes de Mann-Whitney ede Kruskal-Wallis. Consideramos existi-rem diferenas estatisticamente significan-tes, no caso de p < 0,05.

    RESULTADOS

    Dos 48 tcnicos que compem a popu-lao em estudo, 41 (85,4%) exercem fun-es num hospital e 7 (14,6%), em centrosde sade. Quanto ao sexo, 34 (70,8%) sodo sexo feminino e 14 (29,2%), do sexomasculino. De modo a determinar a exis-tncia de diferenas entre os tcnicos ho-mens e mulheres acerca da importnciadada implementao de programas decontrole de qualidade e existncia de cri-trios de proteo radiolgica, verificamos,recorrendo ao teste de Mann-Whitney, queexistem somente diferenas significativas(p = 0,033) entre o sexo e a importncia daimplementao de PCQs, sendo que os ho-mens apresentam uma mdia muito supe-rior das mulheres (Tabela 1).

    No que diz respeito idade dos inqui-ridos, esta variou de 21 at 57 anos, commdia de 37,6 anos.

    Quanto relao entre o nmero de anosde servio e a importncia dada imple-mentao de PCQs, bem como existn-cia de critrios de proteo radiolgica,recorrendo ao teste de Kruskal-Wallis, nose verificaram diferenas significativasentre os anos de servio e a importnciaatribuda a estes fatores.

    Dos 48 tcnicos, 36 (75%) referem noter acesso a aes de formao na rea daqualidade, promovidas pela sua instituio,12 (25%) referem que a sua instituio pro-move esta formao, porm, destes 12, trsafirmam que esta o faz muito raramente.

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    Em relao aos seus conhecimentos sobreum PCQ, 30 (62,5%) afirmam no saberem que consiste um programa, sendo queos restantes 18 (37,5%) afirmam conhec--lo. Os tcnicos que afirmam saber em queconsiste um PCQ, referem que os trs prin-cipais aspectos que o caracterizam so: anormalizao (n = 12; 66,6%), a dosime-tria (n = 9; 50%) e o planejamento e a ma-nuteno dos equipamentos (n = 8; 44,4%).

    Quanto formao na rea da qualida-de, 31 (64,6%) afirmam no possuir forma-o e 17 (35,4%) dizem possu-la. Paraaveriguar se a formao influenciava ouno a importncia atribuda implementa-o de um PCQ e a existncia de critriosde proteo radiolgica, constatamos, atra-vs do teste de Mann-Whitney, que existemsomente diferenas estatisticamente signi-ficantes (p = 0,003) entre o possuir forma-o sobre PCQ e a importncia dada im-plementao de PCQs, at porque os tc-nicos que possuem formao na rea daqualidade tm uma mdia muito superioraos tcnicos que no possuem formaonessa rea (32,5 vs. 20,0).

    Dos 48 tcnicos que fizeram parte doestudo, 23 (47,9%) consideram bastantenecessria a implementao de um PCQnos seus servios, 18 (37,5%) considerammuito necessrio e apenas 7 (14,6%) con-sideram razoavelmente necessrio.

    Foi averiguado, tambm, se os tcnicosque exercem suas funes em hospitaisatribuam uma maior importncia imple-mentao de um PCQ e existncia de cri-trios de proteo radiolgica, do que osque exercem funes em centros de sade.Verificou-se que, recorrendo ao teste deMann-Whitney, no existiram diferenassignificativas entre quem exerce funesnum hospital e quem exerce funes numcentro de sade (Tabela 2).

    Dos 48 inquiridos, apenas 5 (10,4%) re-ferem que no seu servio se encontra im-plementado um programa de qualidade,denominado Manual de Atendimento eEncaminhamento de Usurios. No entan-to, convm referir que este servio cons-titudo por 13 tcnicos, ou seja, 8 tcnicosou desconhecem o programa ou no o con-sideram como um programa de qualidade.

    Quanto existncia de um elemento docorpo tcnico, responsvel pelo controle dequalidade, apenas sete (14,6%) referem a

    sua existncia, sendo a sua categoria pro-fissional a de tcnico coordenador (umaresposta), tcnico coordenador e subcoor-denador (cinco respostas) e tcnico de ra-diologia (uma resposta). Dos critrios queconstituem um PCQ em radiologia ava-liao das doses de radiao por rea, me-dio das doses individuais dos trabalha-dores, realizao de testes de constnciapara os equipamentos de radiodiagnstico,calibrao dos equipamentos e quantifica-o de pelculas inutilizadas , apenasobtivemos respostas positivas no critriomedio das doses individuais dos traba-lhadores, com 37 tcnicos (77,1%) a afir-marem que estas so sempre realizadas.

    Pela anlise da Tabela 3, pode ser veri-ficado que os 41 tcnicos que exercem fun-es em hospitais referem possuir aventais,35 afirmam que possuem protetores da ti-reoide, 30 referem possuir protetores das

    Tabela 1 Importncia atribuda ao programa de controle de qualidade e proteo radiolgica segundoo sexo.

    Importncia atribuda

    Programa de controle de qualidade

    Proteo radiolgica

    Sexo

    MasculinoFeminino

    MasculinoFeminino

    n

    1434

    1434

    Classificao mdia

    31,121,7

    27,623,2

    p

    0,033

    0,319

    n, nmero da amostra.

    Tabela 2 Importncia atribuda ao programa de controle de qualidade e proteo radiolgica segundoo local de exerccio de funes.

    Importncia atribuda

    Programas de controle de qualidade

    Proteo radiolgica

    Instituio

    HospitalCentro de sade

    HospitalCentro de sade

    n

    417

    417

    Classificao mdia

    24,325,2

    24,126,7

    p

    0,886

    0,668

    n, nmero da amostra.

    gnadas, 14 dizem possuir luvas e apenas1 refere a existncia de culos plumbferos.No que se refere aos 7 tcnicos que exer-cem funes em centros de sade, todos re-ferem a existncia de aventais, apenas 2 re-ferem a existncia de protetores da tireoide,3 de protetores das gnadas, 2 de luvas enenhum refere a existncia de culos.

    Em relao ao estado de conservaodestes materiais de proteo radiolgica, os41 tcnicos que exercem funes em hos-pitais referem que os aventais e os prote-tores da tireoide se encontram em bom es-tado; no entanto, dos 30 tcnicos que refe-rem a existncia de protetores das gnadas,apenas 19 afirmam que estes se encontramem bom estado, e dos 14 tcnicos que re-ferem a existncia de luvas, apenas 10 afir-mam que estas se encontram em bom es-tado de conservao. Dos 7 tcnicos queexercem funes em centros de sade, 6

    Tabela 3 Existncia de materiais de proteo radiolgica em hospitais e centros de sade.

    Materiais de proteo radiolgica

    Aventais

    Protetores da tireoide

    Protetores das gnadas

    Luvas

    culos plumbferos

    Posicionamento

    SimNo

    SimNo

    SimNo

    SimNo

    SimNo

    Hospital

    410

    356

    3011

    1427

    140

    Centro de sade

    70

    25

    34

    25

    07

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    afirmam que os aventais se encontram embom estado, os 2 tcnicos que referem aexistncia de protetores da tireoide afirmamque estes se encontram em bom estado, dos3 que afirmam possuir protetores das g-nadas apenas 2 referem que estes se encon-tram em bom estado, e os 2 tcnicos quedizem possuir luvas referem que estas seencontram em bom estado de conservao.

    Atravs da anlise da Tabela 4 pode serverificado que quanto existncia de bar-reiras fsicas, 40 dos 41 tcnicos que exer-cem funes em hospitais referem a exis-tncia de paredes baritadas, 39 afirmamque existem vidros plumbferos e 40 dizemque os seus servios possuem placas dechumbo nas portas. No que diz respeito aostcnicos que exercem funes em centrosde sade, os 7 afirmam que possuem todosos tipos de barreiras fsicas contra a radia-o ionizante.

    No que diz respeito existncia de si-nalizao de advertncia de perigo de ra-diao, todos os 41 tcnicos que exercemfunes em hospitais afirmam que os seusservios a possuem; no entanto, no queconcerne advertncia de perigo de radia-o de alerta s grvidas, apenas 11 refe-rem seus servios possurem este tipo deaviso. Dos 7 tcnicos que exercem funesem centros de sade, todos afirmam exis-tir a sinalizao de advertncia de perigo deradiao, mas apenas 4 possuem a adver-tnciade alerta s grvidas.

    A respeito do conhecimento dos tcni-cos sobre a legislao existente no mbitodo controle de qualidade em radiodiagns-tico, constatamos que 28 tcnicos (58,3%da populao em estudo) afirmam ter co-nhecimento sobre esta. Este resultado di-fere do estudo de Santos et al.(10), em quefoi verificado que a implementao de umPCQ necessria, no s de forma a testaros equipamentos, mas tambm para atua-lizar os profissionais que se encontramalheios s normas vigentes sobre o uso deradiaes ionizantes, nos servios de sade.

    Quando analisamos se a implementaode um PCQ seria um fator de motivaoprofissional, constatamos que 43 tcnicos,ou seja, 89,6% da populao em estudo,referem que este seria um fator de motiva-o. No entanto, 5 tcnicos (10,4%), afir-mam que a implementao de um PCQconstitui um fator pouco importante paraa sua motivao profissional. Estes resul-tados vm ao encontro do estudo referidopor Boavista et al.(11), no qual fica patenteque o problema se coloca perante a varia-o individual de cada um dos intervenien-tes, das suas expectativas e motivaes.Alguns no sentem a necessidade de inter-vir ou mudar porque no acham necess-rio, outros sentem as carncias, mas enten-dem que a sua soluo compete a um nvelsuperior, administrao ou governo.

    Ao verificarmos se os tcnicos estariamou no interessados em elaborar um PCQ

    tamentos por parte dos profissionais, emque estes passaram de indivduos destina-dos a serem meros executantes e cujo tra-balho deveria ser objeto de forte controlehierrquico e burocrtico, para indivduosativos e inovadores na estrutura empresa-rial(13). Do ponto de vista da qualidade, estamudana tem de ser vista como o resul-tado natural de um trabalho voluntrio econscientemente realizado por cada profis-sional.

    Em processos de mudana h sempreum grupo que o motor, aquele que desen-volve mais e que vai tentando puxar osoutros, como confirmado num estudorealizado pelo Hospital de Santa Marta, emque se verificou que 92,7% dos profissio-nais de sade deste hospital participaram naelaborao de polticas e/ou procedimen-tos da qualidade, 94,5% dos profissionaiscontriburam para o envolvimento de ou-tros profissionais na operacionalizao doprojeto e 74,4% sentem o reconhecimentopor parte da gesto de topo, pelo trabalhodesenvolvido(12).

    Os resultados por ns obtidos, no quese refere existncia de materiais de pro-teo radiolgica, vo ao encontro, igual-mente, de um outro estudo desenvolvidopor Pianezzola et al.(14), no qual se verifi-cou que a instituio estudada no se en-contra adequada com os princpios bsicosda radioproteo, tais como a falta de sina-lizao indicando a utilizao de radiao,bem como a ausncia de vidro plumbfero.

    CONCLUSESComo se trata de um tema contempor-

    neo, o presente estudo, como investigaocientfica que , muito mais do que dar res-postas e concluses, pretende propor umareflexo sobre as variveis que envolvema implementao de um PCQ em radiolo-gia, a comear pelo elemento humano en-volvido e as suas particularidades, luz doseu percurso pessoal e profissional at ssuas expectativas, no que concerne imple-mentao de um PCQ, de forma a se poderaveriguar se os tcnicos de diagnstico eteraputica da rea da radiologia achamimportante e necessria a implementaode um PCQ em radiologia, bem como aexistncia de materiais de proteo radio-lgica, nos seus servios. Partimos, assim,

    Tabela 4 Existncia de barreira fsica contra as radiaes ionizantes.

    Barreira fsica

    Paredes baritadas

    Vidros plumbferos

    Placas de chumbo nas portas do servio

    Posicionamento

    SimNo

    SimNo

    SimNo

    Hospital

    410

    392

    401

    Centro de sade

    70

    70

    70

    DISCUSSOEm relao ao conhecimento que os tc-

    nicos possuem sobre um PCQ, verificamosque 30 tcnicos (62,5% da populao emestudo) no sabem em que consiste umPCQ, no sendo muito fcil implementarum manual da qualidade, quando os con-ceitos da qualidade no so muito conhe-cidos, por parte dos profissionais(9).

    nos seus servios, constatamos que 77,1%da populao estavam bastante interessa-dos. Estes resultados corroboram o querefere Quaresma, em reportagem sobre oHospital de Santa Marta,(12), na qual asse-vera que o aspecto positivo em todo o pro-cesso de acreditao acabou por ser o en-volvimento progressivo dos profissionais ea mudana da cultura organizacional, umavez que ocorreu uma mudana de compor-

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    para esta investigao, com o intuito de ve-rificar se os tcnicos de radiologia sabiamem que consistia um PCQ em radiologia,se estariam interessados em implementarum, nos seus servios, se achavam que asua implementao seria um fator de mo-tivao profissional, bem como averiguarse as instituies onde exercem funespossuem todos os requisitos para a suaimplementao. Considerando tudo o quefoi referido anteriormente, podemos con-cluir que, embora os tcnicos de radiologiano saibam em que consiste um PCQ emradiologia, estariam dispostos a colaborarna sua elaborao.

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