arroz irrigado
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1. Introdução
O arroz é cultivado e consumido em todos os continentes. O Brasil está entre os dez
principais produtores mundiais de arroz, com cerca de 11 milhões de toneladas para um
consumo de 11,7 milhões de toneladas base casca. Essa produção é oriunda de dois
sistemas de cultivo: sequeiro (em áreas não irrigadas) e irrigado (em áreas irrigadas). A
diferença principal entre os dois é que o primeiro depende das águas da chuva, já o
segundo depende do uso da água em um solo que permita a inundação e o manuseio desta,
formando uma lamina regular, que influi diretamente na produção. As práticas
conservacionistas e de manejo do solo são importantes na cultura de arroz para propiciar
condições satisfatórias na operação de plantio, na germinação das sementes, na emergência
das plântulas, no desenvolvimento e na produção das plantas, como também na eliminação
das plantas daninhas, no controle da erosão, na descompactação do solo e no controle da
água. O cultivo continuado do arroz em uma mesma área leva à autolimitação da cultura,
isto é, acaba impedindo a continuidade do cultivo, devido ao aumento da infestação por
plantas daninhas, em especial o arroz vermelho. A intensificação do uso de veículos e
implementos agrícolas pesados, utilizados para o preparo convencional dos solos de
várzea, agrava ainda mais os problemas de estrutura já existentes nesses tipos de solos.
Associados a ações sucessivas de preparo ao longo dos anos, podem trazer sérios
problemas de drenagem, assim como promover a compactação subsuperficial, dificultando
a movimentação da água e a aeração nesses solos.
Em virtude da adoção de novas técnicas de manejo na cultura do arroz irrigado,
existe uma tendência de intensificação da exploração do solo nessas áreas não só com o
arroz, mas também com outros cultivos estivais em rotação. Neste sentido, buscam-se
novas tecnologias de manejo de solo que minimizem os problemas associados a uma alta
freqüência do uso do solo, assegurando sustentabilidade produtiva, econômica e dos
recursos naturais. Dentro deste contexto, os distintos sistemas de preparo do solo, tanto os
de solo seco (convencional, cultivo mínimo e plantio direto), como o pré-germinado, se
caracterizam como opções diferenciadas aos rizicultores na busca de alternativas para
racionalizar o uso das áreas, maquinário, mão de obra, controle de daninhas, bem como dos
recursos ambientais, de modo a tornar o investimento sustentável a médio e longo prazo.
Para isto, é necessário conhecer previamente o manejo adequado para obter êxito em cada
sistema de preparo e quais são os respectivos efeitos em decorrência do seu uso em
atributos do solo, como a matéria orgânica.
1.1. Arroz irrigado
O sistema de cultivo irrigado é responsável por 75% da produção, a área cultivada
no Brasil atinge aproximadamente 1,3 milhões de hectares por ano, necessitando no caso
de cultivo submerso de 2000 L (2 m3) de água para produzir 1 kg de grãos com casca,
sendo está uma das culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos. O arroz
irrigado depende essencialmente da água, portanto o manejo deste deve ser realizado
cuidadosamente, pois é captada das fontes (rios, lagoas, barragens, etc.) e conduzida até as
lavouras. Correlacionados diretamente com o manejo e conservação do solo estão o tipo
de solo, o nivelamento do terreno, a topografia, a construção dos diques (taipas), a
utilização de grades e arados. Para o plantio irrigado preferencialmente o solo deve ser
argiloso, o que minimiza a perda de água de irrigação, em solos muito soltos e arenosos há
muita perda por infiltração, dificultando o manejo da água. A topografia deve ser plana ao
máximo, e a declividade deve estar em torno de 1 a 2%, para que não haja excessivo
trabalho de aplainamento do terreno. A construção dos diques, que são responsáveis por
delimitar as quadras (onde o arroz é plantado), deve ser em nível, a fim de facilitar o uso da
água.
Figura 1: Em Formoso do Araguaia (TO), áreas de várzeas já sistematizadas produzem arroz irrigado. Fonte: Portal EMBRAPA Arroz e Feijão.
1.2. Arroz Sequeiro
O arroz de terras altas (sequeiro) como o próprio nome diz, é cultivado em terras
altas ou secas. No Brasil, ele tem sido cultivado em áreas de pastagens degradadas pela sua
boa tolerância a solos ácidos, sendo usado como meio de recuperação desses solos.
Historicamente, o arroz sequeiro apresenta baixos níveis de produtividade e, sobretudo,
qualidade dos grãos inferior aos produzidos pelo processo irrigado, o que, geralmente, não
agrada o consumidor. Por isso, pesquisas recentes procuram produzir sementes para o
cultivo de terras altas altamente produtivas e com qualidade de grão tão boa quanto a do
arroz irrigado. Atualmente, 13% dos campos de arroz do mundo cultivam esse tipo de
arroz, entretanto representam apenas 4-5% da produção total mundial. Cerca de 20% do
arroz de sequeiro do mundo é cultivado na América Latina. No Brasil, esse tipo de cultura,
concentra-se na Região de Cerrado e, apesar de ocupar cerca de 64% da área cultivada,
responde por apenas 39% da produção nacional. Diferentemente do arroz irrigado que,
ocupando apenas 40% da área cultivada é responsável por aproximadamente 60% da
produção nacional.
Figura 2: Cultura de arroz sequeiro. Fonte: Portal EMBRAPA Arroz e Feijão.
2. Preparo do Solo
Existem diferentes sistemas de produção para o cultivo do arroz e são necessárias
práticas distintas de preparo do solo, variando conforme a textura, estrutura, grau de
compactação do solo e disponibilidade de equipamentos. Diferentes sistemas de preparo do
solo para cultivo de arroz, em terras altas e em várzeas.
Figura 3: Cultura do Arroz - Terras Altas x Várzea. Fonte: EMBRAPA RR (2005)
Quadro 1: Arroz - Cultura Terras Altas x Várzea
CULTURA TERRAS ALTAS CULTURA ÁREAS DE VÁRZEA
Dependente de chuvas Produtividade variável Cultivares mais altas e rústicas Baixa resposta a N Potencial Produtivo: 6.000 kg/ha Boa qualidade de grãos Custo de Produção mais baixo Menos tolerantes a doenças Maior facilidade ao acamamento Boa produção em várzea úmida
Não depende de chuvas Produtividade estável Cultivares baixas e modernas Alta resposta a N Potencial Produtivo: 10.000 kg/ha Excelente Qualidade de Grãos Custo de Produção mais alto Maior tolerância a doenças Maior controle plantas daninhas Não produz bem em terras altas.
2.1. Sistemas de preparo para cultivo de arroz em terras altas
Os principais métodos de preparo do solo empregados para o cultivo de arroz são:
preparo do solo com arado de disco, com grade aradora, aração invertida, preparo mínimo
e plantio direto.
2.1.1. Preparo com arado de disco
O arado de discos trabalha o solo a uma profundidade em torno de 20 a 25 cm, na
presença de restos culturais e plantas daninhas de grande porte, a área fica mal nivelada, as
irregularidades levam a necessidade de um maior número de gradagens para o
desterroamento, ocasionando à desestruturação da camada superficial do solo e afetando,
ao mesmo tempo, a porosidade criada pela aração, o que forma, em condições de solo
úmido, o “pé-de-arado”.
1.1.1. Preparo com grade aradora
A grade aradora é um implemento muito utilizado no preparo de solo. Apresenta
alto rendimento de trabalho, realizando em uma mesma operação, a lavração e a gradagem,
podendo ser utilizada em locais com existência de grande quantidade de massa vegetal
(restos de culturas e plantas invasoras), mas a incorporação é mais superficial do que a
realizada com arados. O perfil do solo preparado é superficial com 10 a 15 cm de
profundidade, não conseguindo romper as camadas compactadas provoca a formação do
"pé-de-grade" com 5 cm ou mais de espessura, dificultando o crescimento das raízes e
favorecendo a erosão laminar. Promove a desagregação em intensidade superior a dos
arados em geral, pois tende a pulverizar o solo pelo lançamento da terra em direções
opostas.
1.1.2. Incorporação da resteva com grade, seguida de aração profunda
É denominada aração invertida, pois inverte a ordem de realização das operações
de preparo do solo. Inicialmente - dependendo da quantidade de plantas daninhas, restos
culturais e teor de umidade - com a grade aradora ou “niveladora” é feita a gradagem.
Posteriormente é feita a aração com o arado de aiveca, que em solos com grande
quantidade de palha, é mais eficiente na incorporação do que o de disco, este tipo de arado
têm a capacidade de inversão das leivas que de melhor preserva os agregados do solo,
garantindo a formação de uma boa estrutura do solo. Esse implemento consegue penetrar
no solo a maiores profundidades (20-40cm), rompendo camadas compactadas a
profundidades maiores, evitando a formação do pé-de-grade. Seu uso não é indicado,
contudo, quando o teor de argila ultrapassa 30%. Além disto, a superfície do solo fica livre
de vegetais, aumentando, desta forma, o risco de erosão, e a sua regulagem é mais difícil
do que a do arado de disco. O método de aragem invertida proporciona um aumento
significativo na produtividade por reduzir os riscos de déficit hídrico durante a estiagem.
1.1.3. Preparo Mínimo
Esse método de preparo é indicado para solos descompactados e com pouca
quantidade de plantas daninhas, garante redução dos custos e mantém a estrutura do solo.
No preparo mínimo visa apenas romper a camada superficial adensada, com o arado
escarificador, e o controle das plantas daninhas de pequeno porte, com a grade.
O arado escarificador trabalha a uma profundidade de 20 a 30 cm e protege o solo
da erosão, mantendo os resíduos vegetais na superfície. Comparado aos arados de discos e
aivecas promove economia de combustível e tempo de operação, além de permitir o
preparo do solo seco.
1.1.4. Plantio Direto
Tem como principal objetivo conservar o solo para uma possível mudança de
cultura, assim não agride o solo com operações profundas e de alto gasto, neste sistema o
solo não precisa ser previamente preparado, o adubo e a semente são colocados
diretamente no solo não revolvido, usando-se semeadoras-adubadoras especiais. O
desenvolvimento inicial do plantio direto baseia-se em três princípios: a mínima
movimentação do solo, a permanente cobertura do mesmo e a prática de rotação de
culturas. É recomendado para solos descompactados, com fertilidade homogênea no perfil
de 0 a 40 cm e o controle de plantas daninhas feito com o uso de herbicidas. Antes do
plantio direto o solo deve ser corrigido e possuir uma camada de restos culturais que
auxiliam a conservação do solo e da umidade.
1.2. Sistemas de preparo para o cultivo de arroz em várzeas
Os sistemas de preparo do solo de arroz irrigado são dois: preparo do solo seco e
preparo do solo alagado.
1.2.1. Preparo do solo seco
É a aração do solo em uma profundidade de 20 a 25 cm, envolvendo duas etapas,
primária e secundária, utilizando um ou mais implementos. O preparo primário consiste em
operações mais profundas, para as quais se utilizam arados ou grades aradoras de grande
porte, visando principalmente o rompimento de camadas compactadas e a eliminação e
enterrio da cobertura vegetal para incorporar restos de cultivos e plantas daninhas. A
operação de incorporação na presença de muita palhada deve ser realizada entre 10 e 30
dias antes da aração. No preparo secundário, as operações são mais superficiais, realizadas
com grades leves para destorroar, nivelar, incorporar agroquímicos e eliminar plantas
daninhas. Para o desterroamento e nivelamento do solo são efetuadas, dependendo da
classe do solo, duas ou três gradagens leves. Uma camada finamente destorroada é
importante para a germinação das sementes, nos sistemas de semeadura direta, em linha ou
a lanço. Quando a grade leve não for capaz de realizar o destorroamento, a enxada rotativa
é uma boa alternativa. Assim, o uso da enxada rotativa constitui uma alternativa para o
destorroamento, devendo, entretanto, ser utilizada somente quando a grade leve não tiver
condições de realizar satisfatoriamente esta operação.
Em geral, as atividades têm início no verão/outono anterior à semeadura da lavoura.
Primeiramente faz-se o desmanche das taipas, normalmente realizado com a própria
entaipadeira, invertendo-se o sentido de trabalho dos discos, ou com grades, arados e/ou
lâminas frontais. Independentemente do método de preparo do solo usado, é necessário
fazer o aplainamento da superfície do terreno ou sistematização, para corrigir as
irregularidades nas quadras, adequando a superfície natural do terreno, de forma a
transformá-la numa superfície plana ou numa superfície curva. A superfície plana pode ser
construída com ou sem declive, conforme o manuseio da água. É realizada com lâminas
niveladoras, escrapers, etc, que podem contribuir para a compactação do solo e diminui o
número de passadas de grade para o destorroamento final. Dessa forma, terminadas as
atividades de sistematização, complementadas com a drenagem da água acumulada na
superfície, o solo não permanecerá encharcado durante o inverno, o que permite o término
de seu preparo mais cedo na primavera e a semeadura na época mais indicada. Esta prática,
além de permitir a uniformização da lâmina de água e o controle mais eficiente das plantas
daninhas, também favorece o sistema de plantio com sementes pré-germinadas, mas
embora dessa forma o arroz seja plantado sem as quadras previamente inundadas, não é um
sistema muito vantajoso, pois operações de manuseio do solo realizadas várias vezes
podem causar a degradação; a pulverização provoca a degradação da estrutura do solo e
agressão à vida microbiana; além do risco de ocorrerem perdas de solo pelo processo
erosivo dos ventos e da água.
1.2.2. Preparo do solo alagado
A alternativa é o preparo do solo com água em áreas onde há muita chuva é
realizado com a enxada rotativa, a lâmina traseira e a grade de dentes. A primeira fase do
preparo do solo visa trabalhar a camada superficial para a formação de lama em solo já
inundado. Essa atividade envolve a operação com grade aradora em solo úmido, seguida de
destorroamento sob inundação com enxada rotativa. A segunda fase compreende o
renivelamento e o alisamento do terreno por meio de pranchões de madeira. Em solo bem
nivelado, o arroz apresenta florescimento e maturação mais uniforme, o que facilita a
determinação da época adequada da realização de tratos culturais e da colheita, a qual
influi na qualidade dos grãos. A inundação do terreno deve ser feita com sete dias de
antecedência à aração. Este período pode variar dependendo da classe de solo e da
quantidade de resíduos da cultura anterior. Em solo profundo, é conveniente realizar a
primeira aração com o solo seco, a fim de não desagregá-lo profundamente, o que pode
ocasionar atolamento de máquinas no momento da gradagem ou da colheita. Havendo
necessidade de uma segunda aração é conveniente que esta seja feita uma semana após a
primeira, para eliminar as plântulas emergidas.
2. Sistemas de Plantio
Os sistemas de plantio de arroz no Brasil são agrupados em dois grandes sistemas:
semeadura direta e transplantio. A principal diferença entre estes sistemas é que na
semeadura direta em linhas e em solo preparado, conhecido como sistema convencional, as
sementes são distribuídas diretamente no solo, na forma de sementes secas ou pré-
germinadas, a lanço ou em linhas, em solo seco ou inundado, são os mais utilizados; já no
sistema de transplantio, as plântulas são produzidas primeiramente em viveiros ou
sementeiras, antes de serem levadas para o local definitivo.
1.1. Semeadura Direta
A semeadura direta é a forma mais adequada de plantio de arroz irrigado nas
várzeas. O arroz produzido por meio de semeadura direta pode atingir a maturação sete a
dez dias antes daquele transplantado. Esta redução de ciclo pode ser importante para áreas
onde se utilizam cultivos sucessivos e/ou apresentam limitações climáticas, como
ocorrência de baixas temperaturas. A semeadura direta pode ser feita utilizando-se semente
pré-germinada ou semente seca, a lanço ou em linhas, em solo seco ou inundado, com ou
sem preparo do solo.
1.1.1. Semente Pré-germinada
Define-se sistema pré-germinado como um conjunto de técnicas de cultivo de arroz
irrigado adotadas em áreas sistematizadas onde as sementes, previamente germinadas, são
lançadas em quadros nivelados e inundados. No sistema pré-germinado, a quantidade total
de água necessária ao cultivo de arroz irrigado é menor que nos demais sistemas, em
virtude da formação da lama. Entretanto, como neste sistema a semeadura de sementes pré-
germinadas é efetuada em solo previamente inundado, há necessidade de um grande
volume de água por ocasião do preparo do solo e da semeadura. A pré-germinação das
sementes consiste em acelerar o processo natural de germinação, na ausência de solo, e
quando ocorrer à semeadura, a semente apresentará desenvolvidos a radícula e o
coleóptilo. Assim as técnicas do preparo e manuseio do solo, envolvem praticas em solo
seco e praticas com o solo já inundado, descritas a seguir:
· aração seguida de destorroamento com grade de disco ou enxada rotativa em solo
seco, sendo a lama formada após a inundação utilizando-se a enxada rotativa;
· uso de enxada rotativa sem aração, preferencialmente em solo inundado, repetindo-
se a operação, de modo a permitir a formação de lama sem deixar restos de plantas
daninhas. Uma alternativa para a formação de lama é a utilização da roda de ferro tipo
"gaiola", que oferece maior sustentação e deixa menos rastro das rodas do trator.
A segunda fase compreende o renivelamento e o alisamento, após a formação da
lama, utilizando-se pranchões de madeira, com o intuito de tornar a superfície lisa e
nivelada, própria para receber a semente pré-germinada.
Figura 4: Preparo do solo inundado com enxada rotativa. Fonte: Sistema de produção EMBRAPA.
3.2. Semente Seca
O sistema que se utiliza de sementes secas para o plantio de arroz é o mais
empregado no Brasil. Na semeadura com semente seca, o manejo eficiente das plantas
daninhas é essencial. Dependendo dos equipamentos utilizados, este sistema pode ser
subdivido em semeadura a lanço e semeadura em linhas.
3.2.1. Semeadura a lanço
A semeadura é irregular, e a emergência, desuniforme. A profundidade de
semeadura é mais desuniforme que no sistema em linhas, e varia conforme a forma de
cobrir as sementes. Aquelas que permanecem nas camadas mais superficiais ficam mais
sujeitas ao ataque de pássaros, e podem apresentar, adicionalmente, problemas de
germinação devido à secagem rápida da camada superficial do solo. A localização das
sementes no solo influencia a ocorrência de focos de infecção de brusone, por meio da
transmissão do patógeno pelas sementes infectadas.
As vantagens da semeadura a lanço são a rapidez e a economia. As sementes são
espalhadas no terreno, manual ou mecanicamente, mediante o uso de semeadoras ou de
aviões agrícolas, e incorporadas superficialmente ao solo por meio de grade. Tanto na
semeadura a lanço como em linhas, a semente deve ficar ao redor de 3 cm de
profundidade. Portanto, devem-se tomar cuidados especiais no uso de grade de disco na
incorporação superficial das sementes, para que a maioria delas fique em profundidade
nunca superior a 5 cm.
3.2.2. Semeadura em linhas
Utiliza-se de uma semeadora-adubadora, sendo o sistema mais empregado no
Brasil. Requer cerca de 20% menos de semente que no sistema a lanço, possibilita
adequada profundidade de plantio, garantindo maior uniformidade na emergência das
plântulas, melhor manejo da água de irrigação, maior facilidade na distribuição de
fertilizantes e na aplicação de defensivos, resultando em maior eficiência no controle de
plantas daninhas, tanto manual como mecânico. Também traz maior eficiência de
utilização dos fertilizantes, que são colocados somente no sulco de semeadura, abaixo das
sementes. Deve-se utilizar semeadora com dispositivos para efetuar a compactação do solo
na linha de plantio, pois isto resulta em maior porcentagem de germinação e uniformidade
de emergência de plântulas. Caso contrário, é necessário efetuar a rolagem, passada do rolo
compactador. Dependendo do manejo do solo, a semeadura em linhas pode ser efetuada
em solo preparado, ou seja, no sistema convencional, em solo sem preparo, no sistema de
plantio direto, ou no sistema de plantio direto com cultivo mínimo.
3.2.3. Semeadura em linhas em solo preparado ou Sistema Convencional
Neste sistema, o manejo eficiente das plantas daninhas é essencial, pois a
inundação permanente somente é realizada cerca de três semanas após a emergência das
plântulas de arroz. O preparo do solo envolve os preparos primário e secundário, mediante
os diferentes sistemas, utilizando um ou mais implementos. O preparo do solo deve
propiciar o destorroamento da camada superficial, o que irá favorecer a germinação das
sementes e a emergência uniforme das plântulas. O preparo primário consiste em
operações mais profundas, para as quais, em geral, utilizam-se grades aradoras, com o
objetivo, principalmente, de romper as camadas compactadas e eliminar e/ou proceder o
enterrio da cobertura vegetal.
No preparo secundário, as operações são mais superficiais, realizadas com grades
destorroadoras e niveladoras ou plainas, para destorroar, nivelar, incorporar agroquímicos
e eliminar plantas daninhas. A semeadura é feita com a camada superficial do solo
drenada. O espaçamento entrelinhas é de 17-20 cm e uma população de 50 plântulas por
metro de linha de plantio. A população de plantas influencia a incidência e a severidade da
brusone. Todas as medidas para aumentar a população de plantas favorecem o rápido
desenvolvimento da doença nas folhas.
3.2.4. Plantio Direto
No solo não revolvido, com resíduos do cultivo anterior e antecedida ou seguida da
aplicação de herbicida de ação total para controle das plantas daninhas e voluntárias, a
semeadura é realizada. Com a abertura de apenas um pequeno sulco com profundidade e
largura suficientes para garantir uma boa cobertura e o contato da semente com o solo, e
não mais de 25% a 30% da superfície do solo movimentados. No ecossistema de várzeas, o
plantio direto de arroz irrigado por inundação controlada está mais relacionado ao controle
do arroz-vermelho e arroz-preto e à redução dos custos de produção que à conservação do
solo. O gasto de sementes é maior que na semeadura em solo preparado. O plantio direto
possibilita a utilização mais racional da maquinaria, sendo seu custo de operações 2,5
vezes menor que o da semeadura convencional.
3.2.5. Cultivo Mínimo
No cultivo mínimo quando comparado ao sistema convencional a mobilização do
solo é menor. O preparo do solo é reduzido do solo até aproximadamente 60 dias antes da
semeadura do arroz irrigado, para promover a germinação das sementes de plantas
daninhas e voluntárias e reduzir as irregularidades da superfície do solo provocadas pelas
colhedoras. Na semeadura, que é realizada diretamente no solo sem revolvimento, faz-se a
aplicação prévia de herbicida de ação total para dessecar a cobertura vegetal. O número de
operações de preparo não é fixo, podendo variar em função das características do solo e do
teor de umidade. Em geral, o preparo do solo é efetuado no verão ou no fim do inverno e
início da primavera. A semeadura é realizada diretamente no solo, sob cobertura vegetal
previamente dessecada com herbicida, sem revolvimento. Desta forma, a incidência de
plantas daninhas, principalmente arroz-vermelho, é bastante reduzida.
3.3. Transplantio
O transplante de mudas é um sistema de semeadura indireta onde as plantas
crescem inicialmente em um viveiro de mudas (fase de produção de mudas) e
posteriormente são plantadas em local definitivo (fase de Transplantio), sendo sua
principal vantagem permitir a produção de sementes geneticamente puras, este método tem
como principal objetivo a obtenção de sementes de alta qualidade e é o método mais
eficiente de controle do arroz-vermelho. No Brasil, este sistema de plantio é usado em
pequenas lavouras, especialmente no Nordeste. Nas demais regiões é muito pouco
utilizado e está restrito aos campos de produção de sementes.
3.3.1. Produção de mudas
Para a produção de mudas o solo deve ser preparado com a adubação adequada, as
sementes são plantadas em lanço ou em linha, em canteiros nivelados, para permitir uma
lâmina adequada de água. Após cinco dias da semeadura a sementeira deve ser irrigada
mantendo uma lâmina de 0,01 m, a lâmina de água deve ser aumentada até 0,05 m
conforme as plântulas se desenvolverem. É necessário que a sementeira seja inundada um
dia antes do arranquio das mudas, para facilitar a sua extração. Após o arranquio as mudas
são separadas, lavadas, e agrupadas da forma mais conveniente.
Figura 5: Viveiro de mudas e prontas a serem transplantadas. Fonte: http://www.agrogiusti.com.br
3.3.2. Transplante de mudas
O transplante é feito quando as mudas alcançam 10-12 cm de altura (12-18 dias
após a semeadura). No momento de transplante, as caixas devem estar com umidade
adequada, para facilitar o desempenho da transplantadeira. Esta operação deve ser
realizada com área previamente drenada. As transplantadeiras normalmente utilizadas
possuem um sistema de regulagem que permite o plantio de 3 a 10 mudas por cova,
espaçamento de 14 a 22 cm entre covas e 30 cm entre linhas. O rendimento médio de uma
transplantadeira com 6 linhas é em torno de 3.000 metros quadrados por hora de trabalho,
sendo necessárias 110-130 caixas de mudas/ha (30-40 kg de sementes/ha). A inundação
permanente deve ser evitada por uns 2 ou 3 dias, até o pegamento das mudas. O preparo do
solo, manejo da água, controle de plantas daninhas, de pragas e doenças é idêntico ao
recomendado para o sistema pré-germinado.
Figura 6: Transplante de mudas e processo de seleção. Fonte: http://www.agrogiusti.com.br
Figura 7: Transplantio mecanizado de mudas de arroz irrigado. Fonte: Sistema de produção
EMBRAPA.
Referências:
CARLOS MAFFEI, JOSÉ. O Arroz: Perfil Agrícola, Armazenamento e
conservação. Rio Grande do Sul: Sagra S.A., 1981. 115p.
EMBRAPA. Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Arroz/ArrozIrrigadoBrasil/
cap09.htm> Acesso em 2011-05-20.
SAAD, OSILON. Maquinas e Técnicas de Preparo do Solo. São Paulo: Livraria
Nobel S.A. 1984.99p.
VIEIRA, N. R. de A.; SANTOS, A. B. dos; SANT’ANA, E. P. A Cultura do Arroz
no Brasil. EMBRAPA Arroz e Feijão. Santo Antônio de Goiás – GO. 1999.
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Curso de Agronomia
Cultura do Arroz
Aires, Andreia, Bruno, Daniel, Fabiana,Flávia, Gabriela, Guilherme, Gustavo
Taubaté2011