ARREPENDIMENTO

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Arrependimento Walter A Boyd, Irlanda do Norte. Introdução O Senhor Jesus colocou grande ênfase no assunto do arrependimento quando afirmou: “se não vos arrependeres, todos de igual modo perecereis” (Lc 13:3). Com a mesma ênfase Paulo, pregando no Areópago, disse: “Deus … anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam” (At 17:30). De fato, no livro de At os o arrependimento é muito destacado na pregação de todos os servos do Senhor. Por causa desta ênfase bíblica sobre este assunto, é importante que entendamos o que a Bíblia quer dizer com a palavra arrepender-se, nas suas várias formas. Há opiniões diferentes sobre o que o arrependimento significa, e isto acrescenta à confusão nas mentes daqueles que procuram conhecer a verdade. A doutrina bíblica do arrependimento forma uma ponte entre o pecado e o perdão. Não existe outro caminho para se obter o perdão de pecados a não ser pelo arrependimento. O pecado é um assunto muito popular; nenhum outro é mais discutido, amado ou praticado pela raça humana. Transcende todas as barreiras conhecidas da humanidade: raciais, geográficas, sociais, ou religiosas. Lamentavelmente, muitos cometem pecado sem qualquer consideração do Santo Deus que coloca exigências sobre Suas criaturas: eles não sentem qualquer responsabilidade para com Deus. Outros, que são mais responsáveis, procuram exercer algum domínio moral nas suas vidas. Os que lêem, ou têm algum conhecimento da Bíblia, conhecem, até certo ponto, o que Deus chama de pecado. A única fonte confiável de informação sobre o pecado e suas consequências é a Palavra de Deus. Se as pessoas não cometessem pecados, não existiria necessidade de arrependimento. Contudo, estamos cercados, diariamente, pelo pecado, e sem arrependimento não há livramento dos seus efeitos mortíferos. Cada pecado, qualquer que for a sua magnitude, é uma afronta grave contra Deus. No entanto, Deus, que é tão gravemente ofendido pelo nosso pecado, planejou um caminho pelo qual pecados podem ser perdoados. É aqui que o arrependimento se encaixa no esquema da bênção divina. O arrependimento é essencial para o perdão, portanto precisamos aceitar a exigência que Deus faz dela e a sua definição na Bíblia. O que é o arrependimento? O arrependimento aparece tanto no Velho como no Novo Testamento, principalmente nas seguintes palavras: Velho Testamento: Nachan (Êx 13:17) suspirar, respirar profundamente. Significa lamentar ou entristecer-se. Shuwb (I Rs 8:47) recuar, voltar atrás. Novo Testamento: Metanoia (Mt 3:8) mudar de opinião. Metanoeo (Mt 3:2) pensar diferentemente depois. Seja como substantivo ou como verbo, a idéia predominante no arrependimento bíblico é pensar posteriormente, ou reconsiderar. Vale a pena notar que esta reconsideração nem sempre é sobre o pecado, mas é às vezes uma mudança de mente em relação a uma maneira de agir (Gn 6:6, Êx 13:17). Contudo, durante os séculos, uma série de idéias e confusões sobre traduções levou à idéia subjetiva de tristeza, ou sentir arrependimento pelos pecados cometidos. Os Pais Latinos traduziram metanoia como paenitentia, que veio a significar penitência, ou atos de penitência. Assim, a doutrina bíblica do arrependimento se tornou ofuscada e confusa, a

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A GLÓRIA DA SUA GRAÇA

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  • Arrependimento

    Walter A Boyd, Irlanda do Norte.

    Introduo

    O Senhor Jesus colocou grande nfase no assunto do arrependimento quando

    afirmou: se no vos arrependeres, todos de igual modo perecereis (Lc 13:3). Com a mesma nfase Paulo, pregando no Arepago, disse: Deus anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam (At 17:30). De fato, no livro de Atos o arrependimento muito destacado na pregao de todos os servos do Senhor. Por causa

    desta nfase bblica sobre este assunto, importante que entendamos o que a Bblia quer

    dizer com a palavra arrepender-se, nas suas vrias formas. H opinies diferentes sobre

    o que o arrependimento significa, e isto acrescenta confuso nas mentes daqueles que

    procuram conhecer a verdade.

    A doutrina bblica do arrependimento forma uma ponte entre o pecado e o perdo.

    No existe outro caminho para se obter o perdo de pecados a no ser pelo

    arrependimento. O pecado um assunto muito popular; nenhum outro mais discutido,

    amado ou praticado pela raa humana. Transcende todas as barreiras conhecidas da

    humanidade: raciais, geogrficas, sociais, ou religiosas. Lamentavelmente, muitos

    cometem pecado sem qualquer considerao do Santo Deus que coloca exigncias sobre

    Suas criaturas: eles no sentem qualquer responsabilidade para com Deus. Outros, que

    so mais responsveis, procuram exercer algum domnio moral nas suas vidas. Os que

    lem, ou tm algum conhecimento da Bblia, conhecem, at certo ponto, o que Deus

    chama de pecado. A nica fonte confivel de informao sobre o pecado e suas

    consequncias a Palavra de Deus. Se as pessoas no cometessem pecados, no

    existiria necessidade de arrependimento. Contudo, estamos cercados, diariamente, pelo

    pecado, e sem arrependimento no h livramento dos seus efeitos mortferos. Cada

    pecado, qualquer que for a sua magnitude, uma afronta grave contra Deus. No entanto,

    Deus, que to gravemente ofendido pelo nosso pecado, planejou um caminho pelo

    qual pecados podem ser perdoados. aqui que o arrependimento se encaixa no esquema

    da bno divina. O arrependimento essencial para o perdo, portanto precisamos

    aceitar a exigncia que Deus faz dela e a sua definio na Bblia.

    O que o arrependimento?

    O arrependimento aparece tanto no Velho como no Novo Testamento, principalmente

    nas seguintes palavras:

    Velho Testamento:

    Nachan (x 13:17) suspirar, respirar profundamente. Significa lamentar ou entristecer-se.

    Shuwb (I Rs 8:47) recuar, voltar atrs.

    Novo Testamento:

    Metanoia (Mt 3:8) mudar de opinio.

    Metanoeo (Mt 3:2) pensar diferentemente depois.

    Seja como substantivo ou como verbo, a idia predominante no arrependimento

    bblico pensar posteriormente, ou reconsiderar. Vale a pena notar que esta

    reconsiderao nem sempre sobre o pecado, mas s vezes uma mudana de mente

    em relao a uma maneira de agir (Gn 6:6, x 13:17). Contudo, durante os sculos, uma

    srie de idias e confuses sobre tradues levou idia subjetiva de tristeza, ou sentir

    arrependimento pelos pecados cometidos. Os Pais Latinos

    traduziram metanoia como paenitentia, que veio a significar penitncia, ou atos de

    penitncia. Assim, a doutrina bblica do arrependimento se tornou ofuscada e confusa, a

  • tal ponto que chegou ao erro total, quando pecadores foram ensinados a sentir tristeza e

    praticar atos de penitncia para obter o perdo dos seus pecados. No verdadeiro

    arrependimento h um elemento de remorso pelos pecados, que leva a uma mudana

    definitiva de atitude e de ao. Mas a atividade associada ao arrependimento no a

    prtica de um ato religioso para remediar os pecados. Antes, uma mudana de opinio

    sobre atos pecaminosos, parando de faz-los imediatamente. O conceito fundamental do

    Novo Testamento que o arrependimento uma mudana de opinio em relao aos

    pecados. Esta mudana de opinio resultar num modo de vida em harmonia com a

    atitude ao pecado vista em Mateus 3:8: Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. Contudo, desviar-se do pecado no o suficiente para a salvao; necessrio aproximar-se de Cristo pela f, como Paulo menciona em Atos 20:21:

    Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a converso a Deus, e a f em nosso Senhor Jesus Cristo.

    A prioridade do arrependimento no NT

    Um leitor atento do Novo Testamento no pode deixar de ver a prioridade dada ao

    assunto do arrependimento.

    1. Joo Batista

    Em Mateus 3:1-2 vemos que a mensagem de Joo d prioridade ao arrependimento,

    que mencionado em primeiro lugar. E, naqueles dias, apareceu Joo o Batista pregando no deserto da Judia, e dizendo: Arrependei-vos porque chegado o reino dos

    cus. A pregao de Joo sobre o arrependimento era o cumprimento da promessa do anjo, dada a Zacarias seu pai, antes do seu nascimento. Mas o anjo lhe disse: Zacarias no temas, porque a tua orao foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dar luz um filho, e

    lhe pors o nome de Joo E converter muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus (Lc 1:13, 16). Seu ministrio de converter muitos ao Senhor foi visto no arrependimento deles; eles mudaram de opinio em relao ao seu pecado e s

    exigncias de Deus nas suas vidas.

    2. O Senhor Jesus Cristo

    E, depois que Joo foi entregue priso, veio Jesus para a Galilia, pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo: O tempo est cumprido, e o reino de Deus est

    prximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho (Mc 1:14). Devemos notar a grande semelhana entre a pregao de Joo Batista e a do Senhor Jesus. Ambos ligaram o

    arrependimento com o reino, mas o Senhor agora introduz o conceito adicional da f,

    com as palavras Arrependei-vos, e crede no evangelho. Atualmente h dois reinos; o reino de Deus e o reino de Satans. Um caracterizado pela justia, luz e Cristo; o outro

    caracterizado pelo mal, trevas e Satans. A cidadania num reino obtida por se nascer

    nele. Ns nascemos no reino deste mundo, e por natureza o nosso carter mau e

    injusto. Aqueles que so salvos nasceram no reino de Deus, e agora tm uma natureza

    que manifesta luz e justia. O novo nascimento pelo Esprito Santo: na verdade, na verdade, te digo que aquele que no nascer de novo, no pode ver o reino de Deus (Jo 3:3); e , exclusivamente, o resultado da f: para que todo aquele que nele cr, no perea, mas tenha a vida eterna (Jo 3:15).

    Devemos entender claramente que o arrependimento no a entrada no reino de

    Deus; a renncia, pelo pecador, do reino onde o pecado reina. Como cidados daquele

    reino mau ns no temos condies de sermos sditos do reino da justia; temos de

    renunciar nossos pecados. O arrependimento do pecado e a f em Cristo, como

    Salvador, so coisas simultneas. A f e o arrependimento so dois lados da mesma

    moeda, ou os dois ps no passo da converso. Alm de ser o primeiro tema na pregao

    do Senhor Jesus, o arrependimento foi tambm o tema final na Sua pregao. Depois da

  • Sua ressurreio Ele estava falando com Seus discpulos, e abriu-lhes o entendimento para compreenderam as Escrituras. E lhes disse: Assim est escrito, e assim convinha

    que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome

    se pregasse o arrependimento e a remisso dos pecados, em todas as naes, comeando

    por Jerusalm (Lc 24:45-47).

    3. Os discpulos

    Em Marcos 6:12 temos o relato dos doze enviados para pregar. E, saindo eles, pregavam que se arrependessem. A prioridade da sua pregao foi exatamente aquela do Senhor Jesus, que substituiu a pregao sobre o arrependimento feita pelo Seu

    precursor Joo Batista. Eles seguiram os passos de todos os pregadores enviados por

    Deus, com sua mensagem clara de arrependimento, que tambm estava ligada a uma

    proclamao do reino: E, indo, pregai, dizendo: chegado o reino dos cus (Mt 10:7).

    4. O apstolo Pedro

    No dia de Pentecostes, em Jerusalm, Pedro pregou a primeira mensagem desta

    presente dispensao da graa. Sua mensagem foi simples, objetiva e no poder do

    Esprito Santo, ao ponto de seus ouvintes serem compungidos em seus coraes e

    perguntarem: Que faremos, homens irmos (At 2:37). A resposta de Pedro comeou com a palavra toda importante,arrependei-vos. E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdo dos pecados; e

    recebereis o dom do Esprito Santo (At 2:38). Mais tarde, quando Pedro e Joo foram ao templo para orar, eles curaram um homem paraltico, e houve grande alvoroo entre

    o povo. A sua curiosidade e admirao forneceu uma boa oportunidade para Pedro

    pregar o Evangelho, e ao faz-lo ele disse: Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigrio pela

    presena do Senhor (At 3:19). Perto do final do ministrio de Pedro no Novo Testamento, temos a sua ltima meno deste mesmo tema em II Pedro 3:9: O Senhor no retarda a sua promessa; ainda que alguns a tm por tardia; mas longnimo para

    conosco, no querendo que alguns se percam, seno que todos venham a arrepender-se. Atravs de toda a sua vida de servio til como pregador do Evangelho a mensagem de

    Pedro no mudou, e ela continuar a mesma at a consumao do sculo.

    5. O apstolo Paulo

    Pregando no Arepago, Paulo manifesta a ignorncia do corao do homem no

    regenerado, e diz: Mas Deus, no tendo em conta os tempos da ignorncia, anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam (At 17:30). A reao dos coraes de alguns sua mensagem foi uma reao de f: todavia, chegando alguns homens a ele, creram. Entre os quais foi Dionsio, areopagita, uma mulher por nome

    Damaris, e com eles outros (At 17:34). Mais tarde, quando Paulo chama os ancios de feso a Mileto, ele relata a sua vida e ministrio na sia, e ele lhes diz: Nada, que til seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto a

    judeus como aos gregos, a converso a Deus, e a f em nosso Senhor Jesus Cristo (At 20:20-21). Em Romanos 2:3-4, Paulo escreve: E tu, homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escapars ao juzo de Deus? Ou desprezas tu as

    riquezas da sua benignidade, e pacincia e longanimidade, ignorando que a benignidade

    de Deus te leva ao arrependimento? A bondade e benignidade de Deus deve fazer o pecador reconsiderar a sua atitude para com Deus e para com o seu pecado contra Deus.

    6. O apstolo Joo

    Joo no menciona o arrependimento no seu Evangelho ou nas suas epstolas, mas

    em Apocalipse caps. 2 e 3 ele repassou a mensagem de arrependimento, enviada pelo

  • Cristo ressurrecto, a cinco das sete igrejas locais. Para elas, o arrependimento no era

    para obter entrada no reino, por meio da salvao, mas mesmo assim, era para o perdo

    dos pecados. O perdo tanto para o incrdulo como para o salvo exige arrependimento e

    o abandono do pecado.

    O elo entre o arrependimento e a f

    Como que o arrependimento e a f esto ligados? Qual mais importante? Ser que

    um produz o outro? Perguntas como estas tm ocupado a mente de ensinadores e

    comentaristas durante sculos. Alguns tm colocado mais nfase em um do que no

    outro, causando confuso onde deveria haver clareza e convico. Colocar um em

    oposio ao outro, ou priorizar um mais que o outro, falhar no ensino das Escrituras.

    As duas verdades so inseparveis na experincia da converso. O verdadeiro

    arrependimento est intimamente ligado verdadeira f nenhum dos dois se mantm sozinho. O pecador no pode deixar o pecado e voltar-se ao nada; isso no seria

    verdadeiro arrependimento. Tambm, o pecador no pode voltar-se a Deus em

    verdadeira f sem mudar a sua opinio sobre o pecado, de outra forma no seria

    verdadeira f. necessrio voltar de para poder voltar para. Quando um pecador se

    arrepende, ele vira as costas a si mesmo e ao pecado; e quando ele cr em Cristo, ele

    confia inteiramente nEle como Salvador. Deixar o pecado sem confiar em Cristo seria

    somente uma reforma; e chegar-se a Cristo sem arrependimento nada mais do que

    emoo religiosa.

    Alguns versculos mencionam somente o arrependimento, ou somente a f em Cristo.

    Isso significa que o pecador salvo somente pelo arrependimento sem f em Cristo? Ou

    ser que alguns versculos ensinam que o pecador pode ser salvo somente pela f em

    Cristo, sem arrependimento? Se adotarmos este raciocnio, ento a Bblia apresenta dois

    caminhos de salvao um pela f e outro pelo arrependimento! Mas no assim, e precisamos prestar ateno ao ensino completo das Escrituras sobre a salvao. As

    palavras do Senhor: Arrependei-vos e crede no Evangelho (Mc 1:15), e a afirmao clssica de Paulo: Arrependimento para com Deus e f em nosso Senhor Jesus Cristo (At 20:21, ARA), colocam ambos os conceitos juntos, porque ambos so essenciais para

    a salvao. Como j foi mencionado, so os dois ps necessrios no passo nico da

    converso que tira o pecador das trevas e o conduz luz. Onde somente a f

    mencionada, o contexto revela por que a verdade do arrependimento omitida. Por

    exemplo, em Atos 16: 30-31, o carcereiro tremulo perguntou: Que devo fazer para que seja salvo? Paulo e Silas responderam: Cr no Senhor Jesus Cristo, e sers salvo. Por que eles no mencionaram o arrependimento? O apstolo podia ver, claramente, que o

    carcereiro estava convicto do seu pecado e no precisava ser instrudo a deix-lo. O

    Esprito Santo j lhe havia revelado a corrupo do seu corao. Foi por isso que ele

    clamou que devo fazer para que seja salvo? Ele queria ser salvo da terrvel calamidade e castigo do seu pecado.

    Algumas observaes sobre o arrependimento

    Visto que o verdadeiro arrependimento e a verdadeira f so necessrios para a

    salvao, no nos surpreende ver que Satans procura subverter aquele que

    sinceramente busca a salvao. Ele o mestre das falsificaes, e tem conseguido iludir

    muitos e lev-los a aceitar o erro em relao ao arrependimento. A maior tragdia

    pessoal crer em algum erro propagado por Satans para a salvao eterna, portanto

    vamos agora identificar, resumidamente, alguns dos erros comuns relacionados com o

    arrependimento.

    1. Reforma de vida no arrependimento

  • Um sentimento de responsabilidade moral leva muitos a desejarem viver uma vida

    melhor, no importa qual a sua crena religiosa. Muitos que negam a Bblia tm um

    desejo inato de ser pessoas melhores. Por isso eles deixam alguns dos seus hbitos

    indesejveis e conseguem, at certo ponto, melhorar o seu comportamento. Qualquer

    pessoa pode mudar de vida, e renunciar alguns pecados aqui e ali durante a vida isso no requer a ajuda de Deus, mas isso no transforma o pecador numa pessoa

    melhor. No importa quanto as pessoas tentam reformar o seu carter, isso no

    arrependimento.

    2. Remorso no arrependimento

    O autor se lembra que uma das primeiras lies que aprendeu na escola foi que

    arrependimento significa sentir tristeza pelos seus pecados. Embora seja verdade que em

    cada caso de arrependimento verdadeiro h tristeza por causa do pecado, possvel

    sentir grande tristeza e ainda no estar arrependido. s vezes a tristeza por causa das

    consequncias, e no por causa do pecado em si. Frequentemente, a tristeza porque

    um pecado especfico foi descoberto e a pessoa fica envergonhada. Em II Corntios

    7:10, Paulo nos mostra a funo da tristeza no arrependimento: Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvao, do qual ningum se arrepende;

    mas a tristeza do mundo opera a morte. Tristeza produz arrependimento, mas no o substitui.

    3. Penitncia no arrependimento

    Para muitos, a tristeza por causa dos pecados produz um desejo profundo de fazer

    algo para reparar o dano, e afligir-se por causa daquele pecado. No sculo XV, a igreja

    de Roma j tinha introduzido o sacramento da penitncia como doutrina formal e

    prtica. Este terrvel erro se aproveita das emoes daqueles que sentem a necessidade

    de fazer algo por causa dos seus pecados. Ensina que pela contrio, confisso e castigo

    de si mesmo, a pessoa se torna apta a receber a absolvio do sacerdote. At mesmo os

    escribas no tempo de Cristo, que eram Seus inimigos, sabiam melhor, como vemos pela

    sua pergunta: Por que diz este assim blasfmias? Quem pode perdoar pecados, seno Deus? (Mc 2:7). A traduo Douay-Rheims das Escrituras, feita pela Igreja Catlica Romana, troca a palavra arrependimento pela palavra penitncia. Isso apia o seu grande erro, que tem sido responsvel por levar milhes a seguir uma vida de boas

    obras na tentativa de ganhar o perdo e o cu. Penitncia como pesar, no chega a

    reconhecer a posio do pecador perante Deus culpado e depravado. O pesar leva o pecador a pensar que, por meio de tristeza suficiente, ele pode pagar pelos seus pecados.

    Penitncia leva a igreja e seus sacerdotes a pensarem que eles podem perdoar pecados.

    Ambos so erros fundamentais que negam o mago da mensagem do Evangelho, de que

    o perdo vem somente pela graa de Deus. No existe base bblica para apoiar a idia de

    penitncia. A Bblia afirma claramente que a salvao pela graa de Deus somente,

    com base somente na f, e somente em Cristo. Porque pela graa sois salvos, por meio da f; e isto no vem de vs, dom de Deus. No vem das obras, para que ningum se

    glorie (Ef 2:8-9). Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, no pelas obras de justia que houvssemos feito, mas

    segundo a Sua misericrdia, nos salvou pela lavagem da regenerao e da renovao do

    Esprito Santo (Tt 3:4-5). O perdo no pode ser comprado com boas obras, indulgncias, ou dinheiro.

    4. Arrependimento um ato nico e uma atitude contnua

    Quando uma pessoa convencida de um pecado especfico, h uma necessidade de

    deixar imediatamente aquele pecado. Mas, alm daquele ato de arrependimento por um

    pecado especfico, h tambm a necessidade de uma atitude de arrependimento em

  • relao sua atitude para com o pecado. No momento da converso, um ato inicial de

    arrependimento e f em Cristo produz uma atitude contnua de f e arrependimento.

    Com alguns, parece haver uma repetio continua de arrependimento, sem nunca

    estarem verdadeiramente arrependidos eles continuam a voltar aos seus velhos caminhos. O verdadeiro arrependimento exige uma mudana de atitude permanente,

    uma completa mudana de direo, que se manifesta num novo estilo de vida.

    5. Arrependimento significa abandonar o que sou e o que tenho feito

    Depois de Nat, o profeta, ter confrontado Davi com o seu pecado, e depois dele

    receber o perdo porque se arrependeu, Davi, no Salmo 51:3, 5, escreveu as seguintes

    palavras: Porque eu conheo as minhas transgresses, e o meu pecado est sempre diante de mim Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha me. Davi sentiu profundamente o que ele era (v. 5) e o que ele fizera (v. 3). Por isso ele clamou por misericrdia pelo que tinha feito: Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve (v. 7). Seus pecados precisavam de purificao e perdo, que somente Deus podia dar. Sua convico de pecado tambm o

    levou a declarar o que ele era: Cria em mim, Deus, um corao puro, e renova em mim um esprito reto (v. 10). O fato dele ser pecador tambm precisava ser corrigido por Deus; seu homem interior (corao e esprito) tambm precisava ser mudado. Davi reconheceu que todo pecado a expresso de uma natureza pecaminosa. O

    verdadeiro arrependimento precisa ir alm de reconhecer o que fiz; precisa tambm

    incluir um reconhecimento do que sou um pecador por nascimento e por natureza. O arrependimento ter novos pensamentos sobre a raiz e tambm sobre o fruto do pecado.

    Eu no mais aprecio e amo os meus pecados; eu tambm odeio o que sou como uma

    pessoa pecadora. Escondidos debaixo dos pecados esto as razes do orgulho, egosmo e

    incredulidade. Estas razes perniciosas produzem uma variedade de frutos venenosos, e

    enquanto as razes no forem tratadas em arrependimento perante Deus, elas produziro

    fruto em abundncia. Este aspecto do arrependimento desafia o prprio cerne dos

    pensamentos modernos sobre o homem. O homem no regenerado enaltecido como o

    exemplo perfeito de tudo que bom e louvvel, e deve pensar muito bem de si mesmo.

    A maioria dos conselhos sobre como progredir na vida incluem muitos elogios de si

    mesmo e maneiras de aumentar a auto estima, mas tudo isso estranho ao conceito das

    Santas Escrituras sobre o homem cado e em necessidade de perdo.

    Evidncias de arrependimento

    Em II Corntios 7 o apstolo Paulo d um relato analtico do verdadeiro

    arrependimento da igreja em Corinto. Na sua primeira epstola ele identificou os seus

    vrios pecados, e apresentou como deveriam ser tratados. Ele diz, em II Corntios 7:8-9,

    que sua carta anterior causou-lhes tristeza, mas que ele estava satisfeito com isto:

    Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, no me arrependo, embora j me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco

    tempo. Agora folgo, no porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para

    arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por ns no

    padecestes dano em coisa alguma. Ele no estava contente pela tristeza que sentiram quando foram convictos atravs da sua primeira epstola; mas ele estava alegre porque

    sua tristeza produzira o arrependimento. Ele tambm mostra que h um tipo de tristeza

    causada pelo pecado que experimentado pelo mundo; mas que no o resultado da

    convico do pecado. simplesmente tristeza por causa das consequncias do pecado, e

    no por causa do pecado. H uma grande diferena! Quer seja na salvao do pecador

    ou na restaurao do salvo desviado, necessrio haver arrependimento, e em ambos os

    casos as evidncias sero as mesmas. H princpios fundamentais vistos em todo caso

  • de arrependimento; estes so listados em II Corntios 7:11: Porque, quanto cuidado no produziu isto mesmo em vs que, segundo Deus, fostes

    contristados! Que apologia, que indignao, que temor, que saudades, que zelo,

    que vingana! Em tudo mostrastes estar puros neste negcio. Os sete princpios que so as evidncias do verdadeiro arrependimento so: cuidado, apologia, indignao,

    temor, saudades, zelo e vingana.

    Cuidado (diligncia, JND). Os corntios foram sinceros no seu arrependimento; eles deram ateno diligente ao arrependimento dos pecados que tinham cometido. A

    tristeza de corao criada pelo Esprito Santo produziu uma determinao de colocar

    as coisas em ordem com diligncia e cuidado. O arrependimento no pode ser leviano

    ou relaxado.

    Apologia (desculpas, JND). Todo sinal de culpa precisava ser removido eles queriam ser justos. Isso no era auto defesa, mas colocar as coisas em ordem para que

    nenhuma acusao contra os seus pecados anteriores pudesse ser mantida.

    Indignao. A tristeza de Deus produziu neles uma profunda ira contra os seus

    pecados. Indignao significa sentir ira ao ponto de tristeza inconsolvel. Eles se

    tornaram to cnscios das suas aes pecaminosas que odiaram o seu pecado.

    Temor. Quando a gravidade do seu pecado se apoderou das suas almas, isso

    produziu neles um santo temor do Senhor e uma repulsa daqueles pecados. Este

    temor agiria como um preservativo contra outros pecados ou pecados repetidos.

    Saudades (desejo ardente, JND). Enquanto estes aspectos precedentes foram prendendo seus coraes, eles desenvolveram um desejo ardente de corrigir as coisas

    que estavam erradas. Eles estavam com pressa de se arrepender e fazer mudanas. O

    verdadeiro arrependimento nunca negligente ou indolente ele quer retificar o que est errado o mais rpido possvel.

    Zelo. Zelo significa colocar este desejo ardente em prtica. Quando comearam a se arrepender eles continuaram at o fim, no pararam no meio. Eles saram procura

    de cada pecado e buscaram o perdo completo e total.

    Vingana. Seu zelo os levou a um sentimento de punio contra si mesmos, no

    sentido de desejarem colocar tudo em ordem, at mesmo satisfazer qualquer

    exigncia por restituio, que seu pecado tivesse causado.

    O arrependimento em Corinto se manifestou desta maneira stupla e resultou numa

    mudana no seu comportamento, assim evitando que mais acusaes pudessem ser

    feitas contra eles.

    Como que o arrependimento efetuado?

    Sendo que o arrependimento to essencial ao perdo e bno divina, como pode

    ser produzido? A Bblia apresenta quatro princpios que devemos considerar.

    1. preciso haver convico

    Se a pessoa no sabe que pecador, no haver nenhum sentimento de precisar fazer

    algo. Se ela no for convencida de que cometeu pecado, no ver a necessidade de

    arrependimento. Convico o sentimento de necessidade pessoal, criado pela

    conscincia do pecado. Em Romanos 1, Paulo mostra que os gentios pagos so

    pecadores porque so culpados de pecado contra Deus, como Ele revelado na criao

    e nas suas prprias conscincias. Em Romanos 2, ele mostra que os judeus que tm a

    revelao de Deus nas Escrituras tm pecado contra elas. Ento ele pergunta em 3:9:

    Pois que? Somos ns [judeus] mais excelentes [que os gentios]? Ele tambm d a resposta: De maneira nenhuma, pois j dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos esto debaixo do pecado. Para enfatizar esta declarao da culpa

  • universal, ele continua, nos vs. 10-18, citando as Escrituras do Velho Testamento como

    testemunha destas acusaes: Como est escrito: No h justo, nem um sequer. No h ningum que entenda; no h ningum que busque a Deus. Todos se extraviaram, e

    juntamente se fizeram inteis. No h quem faa o bem, no h nenhum s. A sua

    garganta um sepulcro aberto; com as suas lnguas tratam enganosamente; peonha de

    spides est debaixo de seus lbios; cuja boca est cheia de maldio e amargura. Os

    seus ps so ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos h destruio e misria; e

    no conheceram o caminho da paz. No h temor de Deus diante de seus olhos.

    Que lista de acusaes! Elas so apresentadas para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenvel diante de Deus (Rm 3:19). Quando o Esprito Santo aplica estas verdades ao corao no regenerado, o resultado convico do pecado,

    sem a qual no pode haver arrependimento.

    2. preciso haver contrio

    Quando uma pessoa est profundamente convencida do seu pecado e da sua

    necessidade de perdo, h contrio genuna perante Deus. Davi fala disto no Salmo

    51:17: Os sacrifcios para Deus so o esprito quebrantado; a um corao quebrantado e contrito no desprezars, Deus. Contrio um sentimento de quebrantamento perante Deus. a ausncia do orgulho e auto estima. Em Mateus 5:3 o Salvador fala de

    contrio como um meio de bno: bem aventurados os pobres de esprito, porque deles o reino dos cus. O verdadeiro arrependimento nunca ser visto numa pessoa que tem um sentimento de orgulho quando confrontada com os seus pecados.

    3. preciso haver um esprito humilde

    A convico do pecado produz contrio e a contrio produz humildade. A soberba do homem o abater, mas a honra sustentar o humilde de esprito (Pv 29:23). No h evidncia de arrependimento no pecador orgulhoso que recusa se prostrar e chegar a

    Deus com um esprito de humildade: Ainda que o Senhor excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe (Sl 138:6). Aquele que murmura do seu prximo s escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e corao

    soberbo, no suportarei (Sl 101:5). Provavelmente o orgulho o maior obstculo bno e ao perdo, quer na salvao de pecadores ou na restaurao dos salvos. No

    podemos obter misericrdia se no nos humilharmos perante Deus. A humildade

    obrigatria para o arrependimento e o perdo.

    4. preciso haver confisso

    Atravs do Velho e do Novo Testamentos, h uma constante exigncia de confisso

    dos pecados para se obter o perdo. Quando o pecado entrou no jardim do den, as

    perguntas de Deus a Ado e Eva pretendiam provocar confisso: Onde ests? Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da rvore de que te ordenei que no comesses? (Gn 3:9-11). Ser que Deus no conhecia as respostas? Claro que sim! Ele estava, em

    graa, confrontando-os com os seus pecados e dando-lhes uma oportunidade para

    confess-los. O que encobre as suas transgresses nunca prosperar, mas o que as confessa e deixa, alcanar misericrdia (Pv 28:13). Esta exigncia de confisso se aplica tambm ao salvo que pecou. Cometer pecados ocultos requer uma confisso

    pessoal a Deus, depois da qual o perdo e purificao so dados: Se confessarmos os nossos pecados, ele fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a

    injustia (I Jo 1:9). O pecado pblico precisa ser confessado, em primeiro lugar a Deus e depois queles que foram prejudicados pelo nosso pecado: Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis (Tg 5:16). Tanto nos casos de pecado pessoal ou pblico a retribuio precisa ser feita quando exigida, como

    parte do ato de arrependimento. Vemos isso no caso de Zaqueu, quando ele disse:

  • Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado algum, o restituo quadruplicado (Lc 19:8). A confisso deve ser feita com cuidado e considerao para no causar obstculo a outros, e precisa ser completa e

    total.

    Uma parbola sobre arrependimento

    Provavelmente a parbola trplice em Lucas 15 a mais bem conhecida de todas as

    parbolas do Senhor. tambm a mais extensa, e d mais ensino detalhado do que

    qualquer outra. necessrio inclu-la aqui, pois o seu tema principal o

    arrependimento. A parbola foi em resposta s murmuraes dos escribas e fariseus: E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os

    escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. Eles reclamavam da associao do Salvador com pecadores. Atravs de uma parbola, o

    Senhor explicou que Ele tinha prazer em estar na companhia daqueles que os lderes

    religiosos desprezavam. H trs casos no Evangelho de Lucas que falam da

    murmurao dos escribas e fariseus. A reao do Senhor nestas trs ocasies nos

    fornece o Seu ensino sobre o arrependimento.

    Em 5:30 eles murmuravam contra seus discpulos, dizendo: por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?. Jesus respondeu a esta murmurao dizendo que no necessitam de mdico os que esto sos, mas, sim, os que esto enfermos. Eu no vim

    para chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento. Em 15:2, a murmurao diretamente contra o Senhor Jesus mesmo, quando eles disseram: Este recebe pecadores, e come com eles. O Senhor respondeu a esta reclamao explicando novamente que Sua aceitao de pecadores com base no seu arrependimento. No cap.

    19, quando Zaqueu se arrependeu, novamente houve murmurao; mas aqui foi por

    todos que vendo isto murmuravam (v. 7). A murmurao dos lderes tinha, como o fermento, se espalhado a todo o povo.

    Em cada um destes trs trechos h uma reclamao contra o Senhor e Seus

    discpulos:

    5:30 Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?

    15:2 Este recebe pecadores e come com eles.

    19:7 entrara para ser hspede de um homem pecador.

    Na Sua resposta a cada reclamao, h uma afirmao clara do Salvador para explicar

    o ato de amor e misericrdia divina para com os que se arrependem.

    5:32 Eu no vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.

    15:7 Digo-vos que assim haver alegria no cu por um pecador que se arrepende.

    19:10 Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

    Em cada resposta o Senhor coloca uma nfase diferente, mas todas falam sobre o

    arrependimento. No cap. 5 Ele enfatiza a necessidade do pecador; no cap. 15 a alegria

    do pecador e do Pai; e no cap. 19 a bno do pecador.

    No h nenhuma outra parbola to cheia de detalhes sobre a verdade evanglica

    como esta parbola trplice em Lucas 15. Seria alm do alcance deste artigo expor tudo,

    mas escolheremos os princpios salientes relacionados com o arrependimento. No h

    dvida de que temos de interpretar a parbola como falando da salvao de um pecador,

    e no da restaurao de um salvo. Embora haja semelhanas no arrependimento de

    ambos, o contexto e contedo aqui mostram que o ensino sobre o arrependimento para

    a salvao. A platia nesta ocasio era composta de publicanos e pecadores (15:1). O pecado do filho o levou a uma terra distante onde ele descrito como estando perdido

  • e morto (v. 32). Seu arrependimento o trouxe a um lugar de gozo e bno onde ele foi achado e vivo (v. 32). Estas descries so apropriadas salvao, e no restaurao.

    Ao tratar da ovelha perdida e da moeda de prata perdida, o Senhor no fala nada

    sobre qualquer ao por parte do perdido; toda a atividade dos donos enquanto buscam

    o que realmente seu. O pastor vai atrs da ovelha perdida, caso contrrio ela morreria.

    A mulher procura diligentemente at que encontra a moeda perdida, seno ela ficaria no

    escuro. O ensino claro: Se Deus no agir primeiro em misericrdia para com o

    pecador perdido, no haver salvao. Um pecador nunca se arrepender, nem sentir o

    desejo de se arrepender, se Deus no comear a trabalhar no corao atravs do Esprito

    Santo. Contudo, para completar o quadro, a nfase muda na parbola do filho perdido.

    No somente Deus que precisa trabalhar no corao em convico, mas o pecador

    precisa responder convico. Se o pecador no quiser se arrepender, no haver

    bno. O filho era responsvel pelos seus pecados, e tambm era responsvel pelo seu

    prprio arrependimento.

    Os problemas do filho prdigo comearam com a sua cobia, quando disse d-me (15:12). Os problemas da raa humana comearam quando uma cobia semelhante

    surgiu no corao de Ado e o levou a comer do fruto de uma rvore proibida por Deus.

    Tanto para Ado como para o filho prdigo, o problema rapidamente os mergulhou em

    trevas e desespero. Para o Prdigo no poderia haver bno at que ele comeasse a

    desejar uma mudana. Na descrio do Salvador sobre os pensamentos do prdigo sobre

    si mesmo, seu pecado, e seu pai, temos uma explicao do que arrependimento.

    O arrependimento do pecador exatamente isso uma mudana de pensamento sobre si mesmo, sobre seu pecado, e sobre Deus. A mente do rapaz comeou a funcionar

    tornando em si (v. 17); ele mudou suas opinies sobre suas escolhas passadas e para onde o levaram. Sua memria comeou a funcionar e ele se lembrou da casa do seu

    pai (v. 17); ele mudou sua opinio sobre a grande proviso que havia na casa do pai.

    Sua misria comeou a operar eu aqui pereo de fome (v. 17); ele mudou sua opinio sobre a sua condio atual. Isso nos mostra onde comea o verdadeiro

    arrependimento: na mente. Envolve uma mudana de mente. Mas, se ele no agisse em

    relao aos seus novos pensamentos, ele teria morrido no campo; preciso haver

    tambm uma mudana de corao em relao ao seu pai. Ele resolveu se levantar e

    voltar ao seu pai e confessar o seu pecado (v. 18). Que momento quando a mudana de

    mente e do corao foi manifestada numa mudana de direo, e ele levantando-se, foi para seu pai (v. 20). No comeo da histria ele partiu para uma terra longnqua (v. 13), mas agora ele est de volta. Ele resolveu ser honesto com seu pai sobre:

    Suas obras pequei (v. 13).

    Seu valor no sou digno de ser chamado teu filho (v. 19).

    Seu desejo faze-me como um dos teus jornaleiros (v. 19).

    Entretanto, quando seu pai correu ao seu encontro, e o rapaz expressou sua confisso

    sobre suas obras e indignidade (v. 21), a coisa parou por ali. Ele no teve oportunidade

    de expressar seu desejo de ser um jornaleiro. Ele foi acolhido pelo abrao amoroso e

    pela expresso de graa do seu pai. H uma interrupo bendita do pai, no v. 22: Mas o pai disse aos seus servos . Este o grande princpio da graa no perdo. O pai no escutar propostas; a bno no pode ser negociada ou trocada por penitncia.

    Semelhantemente, a bno nos termos de Deus, inteiramente: no para o pecador

    arrependido dizer a Deus o que ele est preparado a fazer para ser aceito. O

    arrependimento traz o pecador da terra longnqua para confessar aos ps do Pai, onde a remisso concedida sem retribuio, a graa estendida sem relutncia por Deus, e o

  • pecador arrependido colocado na esfera de bno sem qualquer condio. A bno

    sempre de acordo com as abundantes riquezas da sua graa pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus (Ef 2:7). O Pai se deleita em receber de volta o pecador so e salvo (Lc 15:27).

    Esta parbola nos d um retrato completo do verdadeiro arrependimento. No foi no

    momento quando ele mudou sua opinio sobre si mesmo e sobre o seu pecado que ele

    foi abenoado. O arrependimento exige uma mudana de corao sobre Deus o Pai, e

    uma mudana de direo que nos leva a Ele. Todos estes aspectos eram necessrios para

    completar o seu arrependimento.

    Finalmente, o Salvador ensina que quando um pecador se arrepende isso produz

    alegria no cu, para os anjos (v. 7), para o Pai; e para o pecador arrependido (vs. 23-24).

    O arrependimento ter novos pensamentos sobre o pecado e sobre Deus, que resultam

    em convico, contrio, humildade e confisso.