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INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/TORRE DO TOMBO Arquivos Nacionais #10 Outubro > Dezembro 2004 Boletim Documentos da Torre do Tombo relativos à Administração Luso-Chinesa de Macau durante a Dinastia Qing A assinalar o 25.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China foi inaugurada, no passado dia 14 de Dezembro, no Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici- pais (IACM), em Macau, uma exposição de documentos sobre as relações históricas entre Macau, Portugal e a China ao longo de três séculos. O projecto da exposição é da auto- ria de António Viana, estando tam- bém a montagem a cargo da técnica da Torre do Tombo, Sónia Domingos. Presentes na cerimónia estiveram, entre outras individualidades, representantes oficiais da Repúbli- ca Popular da China, o cônsul-geral de Portugal em Macau, Embaixador Pedro Moiti- nho de Almeida, o pre- sidente do Instituto Português do Oriente e comissário da exposi- ção, Professor Doutor António Vasconcelos de Saldanha, e o direc- tor-geral do Instituto dos Arquivos Nacio- nais/Torre do Tombo, Professor Doutor Pedro Dias. O IAN/TT conserva mais de 2.000 docu- mentos, as chamadas «chapas sínicas», resul- tantes do processo de comunicação entre o Procurador Português do Senado e os Manda- rins da Administração Imperial Chinesa, sobre os mais diversos assuntos da vida política, social, comercial e religiosa de Macau. A parte desse fundo de «chapas», agora apresentada, pretende ilus- trar os termos do que se pode cha- mar a administração luso-chinesa de Macau sob a autoridade da Dinastia Qing. A exposição mostra 47 documentos originais, naquela que é a primeira apresentação pública fora de Portugal deste valioso espólio (27 de origem chinesa e 20 de ori- gem portuguesa), dois retratos a óleo originais representando D. João VI e D. José I, e reproduções dos Imperadores Qialong e Kangxi. Está patente ao público na Galeria de Exposições Temporárias do IACM, em Macau, até 23 de Janei- ro de 2005. Sob o Olhar de Reis e de Imperadores FOTO: JOSÉ ANTÓNIO SILVA FOTO: JOSÉ ANTÓNIO SILVA

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I N S T I T U T O D O S A R Q U I V O S N A C I O N A I S / T O R R E D O T O M B O

ArquivosNacionais

#10 Outubro > Dezembro 2004

Boletim

Documentos da Torre

do Tombo relativos

à Administração

Luso-Chinesa de Macau

durante a Dinastia Qing

A assinalar o 25.º aniversáriodas relações diplomáticas entrePortugal e a República Popular daChina foi inaugurada, no passadodia 14 de Dezembro, no Institutopara os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM), em Macau, umaexposição de documentos sobreas relações históricas entre Macau,Portugal e a China ao longode três séculos.O projecto da exposição é da auto-ria de António Viana, estando tam-bém a montagem a cargo da

técnica da Torre do Tombo, SóniaDomingos.Presentes na cerimónia estiveram,entre outras individualidades,representantes oficiais da Repúbli-ca Popular da China,o cônsul-geral de Portugal emMacau, Embaixador Pedro Moiti-

nho de Almeida, o pre-sidente do InstitutoPortuguês do Oriente ecomissário da exposi-ção, Professor DoutorAntónio Vasconcelosde Saldanha, e o direc-tor-geral do Institutodos Arquivos Nacio-nais/Torre do Tombo,Professor DoutorPedro Dias.O IAN/TT conservamais de 2.000 docu-mentos, as chamadas«chapas sínicas», resul-tantes do processo de

comunicação entre o ProcuradorPortuguês do Senado e os Manda-rins da Administração ImperialChinesa, sobre os mais diversosassuntos da vida política, social,comercial e religiosa de Macau.A parte desse fundo de «chapas»,agora apresentada, pretende ilus-trar os termos do que se pode cha-mar a administração luso-chinesade Macau sob a autoridade daDinastia Qing.A exposição mostra 47 documentosoriginais, naquela que é a primeiraapresentação pública fora dePortugal deste valioso espólio(27 de origem chinesa e 20 de ori-gem portuguesa), dois retratos aóleo originais representandoD. João VI e D. José I, e reproduçõesdos Imperadores Qialong e Kangxi.Está patente ao público na Galeriade Exposições Temporárias doIACM, em Macau, até 23 de Janei-ro de 2005.

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O ADLRA procedeuà reformulação do seuwebsite no sentido dedisponibilizar um maiornúmero de informações,recursos e serviços viaInternet de forma a quese desenvolva umamaior interacção da ins-tituição com o cidadão.

A reformulação dowebsite foi orientada pelas directivas de avaliação periódica dos sites dosorganismos da administração directa e indirecta do Estado, a Resoluçãodo Conselho de Ministros n.º 22/2001 de 27 de Fevereiro. A curto prazoestarão disponíveis um conjunto de serviços on-line, como seja: pedidode certidões, pedido de cartão de leitor entre outros. Estes vão permitira efectiva interacção do utilizador com os serviços do ADLRA. Consultea nossa página em: http://adleiria.iantt.pt

Decorreu nas instalações do Arquivo Distrital de Leiria a exposiçãosubordinada ao tema “150 anos de imprensa regional: d´O Leiriense à actuali-dade”. A mostra integrou o programa de comemorações dos 25 anosdo Instituto Politécnico de Leiria, e visou fomentar a reflexão sobre o futuroda imprensa e do seu papel no desenvolvimento regional. Esta exposição,baseada na vasta colecção de jornais do Arquivo Distrital de Leiria, serviude base à investigação elaborada pelos alunos do curso de ComunicaçãoSocial e Educação Multimédia da Escola Superior de Educação de Leiria.

Reformulação do web site do ArquivoDistrital de Leiria

Na sequência de um contactodo Arquivo Distrital de Leiriajunto à Nerlei – AssociaçãoEmpresarial da Região de Leiria,foi lançada uma campanha desensibilização junto de todas asempresas suas associadas.

O objectivo principal da cam-panha é alertar as empresas paraa mais valia de possuírem arqui-vos organizados que se assumamcomo instrumentos que permi-tam a recuperação eficaz dainformação e auxiliem na toma-da de decisão. Simultaneamenteé lançado o alerta para a preser-vação dos seus fundos documen-tais, tornando-os núcleoshistóricos, que sirvam comoestratégia de marketing e deprestígio das empresas e permi-tam a futura investigação sobre adinâmica económica da região.

O Arquivo Distrital de Leiriapoderá fazer consultoria técnica,ou receber, em moldes a proto-colar, fundos arquivísticos dasempresas interessadas.

Campanhapara sensibilizaçãopara arquivosempresariais

150 anos de Imprensa regional:d´O Leiriense à actualidade

A R Q U I V O S D I S T R I TA I S

l e i r i a

Na presença de Sua Excelênciao Secretário de Estado dos Bens Cul-turais, foi celebrado, no passado dia5 de Novembro, um protocolo entreo Ministério da Cultura, através doIAN/TT, representado pelo seuDirector, Prof. Doutor Pedro Dias, ea Câmara Municipal de Viseu, repre-

sentada pelo seu Presidente,Dr. Fernando de Carvalho Ruas.

Neste protocolo estabelecem-seas bases de cooperação com vistaà construção de um novo edíficio,para instalar o Arquivo de Viseu,na Quinta da Cruz.Para o efeito, a Autarquia cede,

a título definitivo, uma parcelade terreno com a área de cinco milmetros quadrados.

O novo Arquivo Distrital serádotado de um espaço especial-mente destinado a acolhere a tratar o património do ArquivoMunicipal.

Novas instalações para o Arquivo Distrital de Viseu v i s e u

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O edifício novecentistarecuperado pelo Município de VilaReal, para funcionamento doArquivo Municipal, encerra umequipamento dotado dos maismodernos requisitos técnicos aonível da arquivística.

A circulação no edifício faz-seatravés de dois circuitos, o circuitotécnico documental e o circuito deacesso público, distinguindo de for-ma clara e funcional as diversasvalências do edifício.

Equipados com 1325 metroslineares de estanteria compacta dealta qualidade, material e funcio-nal, os depósitos do ArquivoMunicipal asseguram as condiçõesde equilíbrio físico ideais para oacervo documental.

Dotado de modernas funciona-lidades em termos de triagem,higienização e conservação básicade documentos, o Arquivo Muni-cipal garante a perdurabilidade notempo da memória de Vila Real,ao assegurar as condições óptimasde controlo de temperatura, lumino-sidade e humidade relativa, sem des-curar a segurança contra incêndios eintrusão.

Com áreas técnicas amplas, o edifí-cio oferece condições excelentes parao desenvolvimento das operaçõestécnicas necessárias, seja para o cum-primento da sua valência de arquivodefinitivo, seja para a prossecuçãodas operações de pré-arquivagem.

Com um projecto informático cri-teriosamente aplicado, o Arquivo

Municipal encontra-se apetrechadopara olhar de frente os novos desa-fios, colocados por uma arquivísticamoderna que, contextualizada pelaCiência da Informação, pretendeatingir patamares elevados de utili-zação do digital, desde o tratamentotécnico à disponibilização de infor-mação ao público.

Consciente do seu papel na inter-venção cultural do Município, onovo edifício conta com uma sala deleitura de oito lugares, quatro dos

quais com disponibiliza-ção de Internet de bandalarga e com uma sala deformação com dezasseislugares, que oferece todasas condições para umaaprendizagem exigente eum forte enquadramentona Sociedade da Infor-mação.

Desenvolvendo a suaactividade ao nível daintervenção em todo ociclo documental, oArquivo Municipal tem àsua guarda documenta-ção desde o ano de 1515,data do Foral Manuelinoconsiderado pelo Minis-tério da Cultura como“Peça de Valor Excepcio-nal” até à actualidade,sendo que dos fundosdocumentais à sua guar-da, se incluem aindaséries documentais comoas de “Actas”,“Registo de

leis e ordens régias”,“Registo deconhecimento das sisas” e “Registo deExpostos”, consideradas como “Sériesde valor excepcional”.

No cruzar do passado com o pre-sente, o Arquivo Municipal fixarádocumentalmente a nossa vontadeem deixar aos vindouros um Conce-lho mais próspero.

Dr. Pedro Chagas Ramos

Vice – Presidente da

Câmara Municipal de Vila Real

Da História, para a História

a r q u i v o m u n i c i p a l d e v i l a r e a l

PROGRAMA DE APOIO À REDE DE ARQUIVOS MUNICIPAIS

Com o apoio do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, no âmbito do PARAM - Programa de Apoio à Redede Arquivos Municipais, o Arquivo Municipal de Vila Real foi inaugurado por Sua Excelência o Secretário de Estadodos Bens Culturais, no passado dia 26 de Novembro.Sito na Rua Augusto Rua, n.º 3, 5000-575 Vila Real | Tel. 259308100 | Fax 259308161 | Horário: de 2.ª a 6.ª, das 9 � 12h30 e das 14 � 17h30.

Director: Dr. Pedro Peixoto

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A 4 de Novembro de 2004, decor-reu no auditório da Torre do Tomboa apresentação, em Portugal, deO Livro dos Livros da Real Biblioteca,feita pela autora, Prof.ª LíliaSchwarcz.

Na ocasião, Lília Schwarcz recor-dou, sentidamente, os tempos deinvestigação passados neste Arquivo,juntando peças de um “puzzle”, atéao dia em que encontrou, no maço279 do Ministério do Reino, respostapara muitas das dúvidas colocadasem torno da Real Biblioteca.

Trata-se de uma carta de AlexandreAntónio das Neves, dirigida ao Rei, naqual o bibliotecário da Ajuda, recordaque “dos muitos caixões de livros pron-

tos para o embarque, nem um só che-gou a recolher-se do cais para bordo”,mas também faz saber que “nem umsó livro ou papel foi tirado destas ReaisBibliotecas pelos franceses”.

Desfaziam-se as dúvidas: a RealBiblioteca havia sido preservadaintacta e só fora transportada para oRio de Janeiro entre 1810 e 1811.É esta biblioteca, constituída por maisde 60 mil volumes nos quais seincluíam obras raras, que D. João VIvolta “a abandonar”, em 1821, quandoregressa a Portugal. No Rio de Janeiroficou todo aquele riquíssimo acervobibliográfico e documental que, coma independência da colónia em 1822,se converte na Biblioteca Imperial do

Brasil e que é hoje “a mais antiga dasBibliotecas Nacionais da América”.

O Livro dos Livros da Real Bibliote-ca é uma iniciativa editorial, resul-tante de uma parceria entre aFundação da Biblioteca Nacional doBrasil e a Odebrecht, empresa brasi-leira do ramo da engenharia civil,construção, química e petroquímica.

O livro está dividido em duas par-tes. A primeira trata de um textointrodutório intitulado “ajuntarlivros, uma tradição da monarquiaportuguesa” e que resume a históriacomum dos dois países – Portugal eBrasil.

A segunda encontra-se dividida emcinco secções – iconografia, cartogra-fia, música, manuscritos e obrasraras-, onde são reveladas mais de500 obras e que reflecte a estrutura eriqueza da própria Biblioteca Real.

Na cerimónia de lançamento, oDirector do IAN/TT falou sobre aimportância dos Mecenas, comopólos dinamizadores da cultura.Das palavras proferidas pelo Direc-tor da Odebrecht foi possível consta-tar a importância e envolvimentoque os Mecenas Brasileiros desempe-nham, na vida cultural do País.

Dos Mecenas, da sua importânciae da necessidade de revisão legislati-va, falou a Secretária de Estado dasArtes e Espectáculos, Dra. TeresaCaeiro, a encerrar a cerimónia.

O Livro dos Livros da Real Biblioteca FO

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No dia 4 de Novembro, ao fimda tarde, a Secretária de Estado daCultura, Dr.ª Teresa Caeiro, inaugu-rou na Sala de Exposições do Institu-to dos Arquivos Nacionais/Torre doTombo a exposição temporáriaGenealogia e Heráldica - Fontes docu-mentais da Torre do Tombo para aHistória do Brasil, patente ao públicoaté 31 de Janeiro de 2005, com entra-da gratuita. Na ocasião, o Director--Geral do IAN/TT, Prof. DoutorPedro Dias, fez questão de salientar ointeresse cultural e a oportunidadedesta mostra e do respectivo catálo-go que visam divulgar junto dogrande público alguns documentosmenos conhecidos do seu acervorelacionados com a História Políticae Social do Brasil, tendo aliás mani-festado o seu desejo que a mesmapossa oportunamente ser vista emsolo brasileiro.

Limitada a 54 documentos origi-nais da Torre do Tombo e cobrindoum longo período que vai do iníciodo século XVI até aos primeiros anos

do XX, esta exposição pretendesobretudo revelar, através de docu-mentos heráldicos e genealógicos,um pouco da história plurisseculardos brasileiros.

A mostra abre com uma magníficailuminura de 1504 do mais antigocódice da colecção da Leitura Nova,o Livro 1 da Estremadura, ostentandoas armas e a empresa do ReiD. Manuel I, e termina com o Trata-do de Paz e Aliança assinado em 1825

entre o Imperador D. Pedro Ido Brasil e seu pai o Rei D. JoãoVI de Portugal, no qual cons-tam as armas do 1.º Imperadordo Brasil. Para além de umadescrição inédita do séculoXVII da descoberta oficial doBrasil e de vários documentossobre Pedro Álvares Cabral e asua família, encontram-seexpostos: a carta náutica seis-centista de João Teixeira Alber-naz (seleccionada para cartazda exposição por ser inédita edar especial relevo à Américado Sul e ao Estado do Brasil);sete notáveis armoriais da Tor-re do Tombo (dois dos princí-pios do século XVI, dois doXVII e três do XVIII); várias

genealogias manuscritas sobre algu-mas das principais famílias brasilei-ras da Bahia, Paraíba, Pernambuco,Rio de Janeiro e São Paulo; diversosprocessos de habilitação para o San-to Ofício, para as Ordens Militaresde Cristo e de Santiago e para servirnos lugares de letras; bem como pro-cessos de justificação de nobreza,registos de cartas de brasão, duascartas de brasão de armas originais,etc., tudo sobre cidadãos brasileirose personagens ilustres que se distin-guiram na construção deste grandepaís irmão. O penúltimo documentoexposto consiste na carta de lei de13.5.1816, através da qual D. João VIdeu armas ao recém-criado Reino doBrasil (o Estado do Brasil foi elevadoa Reino pelo mesmo soberano a16.12.1815) e incorporou num sóescudo real as armas de Portugal,Brasil e Algarves.

Foi comissário desta exposição eautor do respectivo catálogoo Dr. Luís Filipe Marques da Gama,assessor principal do IAN/TT. Estainiciativa contou com a colaboraçãoda Associação dos Amigos da Torredo Tombo, da construtora brasileiraOdebrecht e da empresa PortugalTelecom.

Genealogia e Heráldica – Fontes documentaisda Torre do Tombo para a História do Brasil

Brasão de Armas do chefe da linhagem dos Cabrais, 1506-1509

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A Biblioteca Pública de Évora(BPE) cumpre simultaneamenteduas missões: enquanto bibliotecapatrimonial e de investigação geral,empenha-se na recolha, salvaguardae divulgação de um rico patrimóniodocumental; enquanto bibliotecapública, trabalha no sentido de faci-litar o acesso da comunidade local àeducação, à informação e ao conhe-cimento, e ainda à recreação e lazer.

A BPE, que em 2005 celebra 200anos de existência, foi fundada peloArcebispo Frei Manuel do Cenáculo,um clérigo poderoso, generoso e cul-to, uma das figuras de maior relevodo Iluminismo Português. Presente-mente, a BPE orgulha-se de ser umadas mais antigas e mais ricas biblio-tecas de Portugal, o que é inquestio-nável no que diz respeito às suascolecções. Elas são hoje o resultadode um conjunto de circunstânciasque juntaram numa cidade, numainstituição e num espólio unificadouma grande riqueza de documentosraros, muitos deles únicos.

O espólio da BPE inclui 664 incu-nábulos e 6.445 livros impressos doséculo XVI, para além de váriosnúcleos de documentos manuscri-tos, de cartografia, música impressae mais de 20.000 títulos de publica-ções periódicas. A BPE é desde 1931beneficiária do Depósito Legal, o quetem contribuído para a sua riqueza eabrangência em termos de bibliogra-fia corrente, ascendendo as suascolecções a mais de 612 mil volumes.

A BPE atrai muitos investigadores daUniversidade de Évora e, na realidade,de todo o país. É igualmente muitovisitada e os seus serviços solicitadospor investigadores e curiosos de todo omundo.A sua localização, no coraçãodo Centro Histórico, junto ao Templo

Romano e à Catedral, e a riqueza dassuas colecções contribuem para fazerda BPE um dos elementos essenciais deÉvora enquanto Património Mundial.Serv iços Os principais serviços prestados pelaBPE são os seguintes:• Referência, informação e aconse-

lhamento;• Leitura presencial em três salas dis-

tintas: Leitura Geral, Cimélios eHemeroteca;

• Reprodução de documentos emdiversos formatos;

• Programas de promoção e anima-ção cultural.

ColecçõesOs documentos que actualmenteconstituem as colecções da BPE têmas mais variadas proveniências, deacordo com as vicissitudes da sua jálonga história. Ao fundo inicial doa-do pelo fundador, constituído porcerca de 25.000 volumes impressos emanuscritos, foram-se acrescentandodoações e sendo feitas incorporações.Das primeiras destaca-se a doaçãofeita por Cunha Rivara (1809-1859),das segundas, as sucessivas incorpo-rações provenientes dos conventos,como resultado das perseguições àsordens religiosas durante o séculoXIX e princípio do século XX.O Depósito Legal é desde 1931 o prin-cipal e quase único meio de desen-volvimento das colecções da BPE.

As colecções patrimoniais da BPEsão importantes fontes para estudosnos mais diversos campos científi-cos, como bem o atestam muitíssi-mas publicações - nos diversoscampos da História e Cultura Portu-guesas, mas também para os EstudosMusicológicos, Antropologia, e Lite-ratura, entre outros – que utilizamcomo fonte documentação da BPE.

Os números que se seguem são qua-se todos aproximados:• Número de volumes: 612.346;• Títulos de publicações periódicas:

20.000;• Periódicos correntes: 4.400;• Número de manuscritos: 120.000;• Incunábulos: 664;• Música impressa: 691;• Cartografia: 656.Certas obras específicas ou núcleostêm merecido especial realce porparte de alguns estudiosos.O fundo primitivo doado pelofundador, constituído por cerca de25.000 volumes impressos e manus-critos, com algumas obras únicas, deque se destacam:• Esmeraldo de situ orbis, de Duarte

Pacheco Pereira, 1505-1508 (cópiado século XVIII).

• Roteiro da Viagem que D. Joãode Castro fez a Primeira vez que foi àÍndia no ano de 1538, anterior a 1538.

• Roteiro dos Portos, Derrotas, alturas,cabos (...) que à per toda a Costadesd’o Cabo de Boa Esperança atéo das correntes, de Manuel de Mes-quita Perestrelo, 1576.

• O Livro das Plantas de todas as Forta-lezas, Cidades e Povoações do Estadoda Índia Oriental de António Bocar-ro, escrito em meados do sec. XVII.

• 6 livros de horas e o precioso códiceiluminado, em pergaminho,Forma Sive ordinatio Cappellae [...]principis Henrici Sexti regis Angliaeet Franciae [...] que foi mandadocopiar do original inglês pelo reiD. Afonso V.

O fundo Cunha Rivara é consti-tuído pelos seus manuscritos e espó-lio particulares, além da extensadocumentação acerca da Índia Por-tuguesa, designadamente cópias dosLivros das Monções.

Biblioteca Pública de Évora Uma Instituição Bicentenária com os Olhos no Futuro

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O Fundo Manizola ou do Viscon-de da Esperança é formado porimpressos e manuscritos adquiridospelo estado em 1955.Os Fundos de Iconografiae Cartografia são compostos porcentenas de exemplares dos séculosXVI a XIX.Incunábulos. Em número de 664,dos quais se destacam:• Livros impressos no século XVI. Num

total de 6445, impressos em Portugal,Espanha, França, Itália, Alemanha,Áustria, Bélgica, China, Holanda,Inglaterra, Japão, Polónia e Suíça;

• Reservados. Núcleo que compreen-de livros impressos nos séculos XVIa XVIII, raros e, em alguns casos,únicos;

• Novos Reservados. Inclui 1485 espé-cies raras, impressas nos séculosXVII a XIX;

• Legados de manuscritos de FlorbelaEspanca e Maria Amália Vazde Carvalho.

Comemorar com os olhosno futuroRaras são as instituições que sepodem alguma vez orgulhar deultrapassar os 200 anos de vida! Seconsiderarmos o mundo das biblio-tecas, e particularmente o das biblio-tecas portuguesas, este círculoexclusivo fica ainda mais reduzido.A Biblioteca Pública de Évora é umadestas bibliotecas, e em 2005 orgu-lha-se de celebrar o seu bicentenário.

Os 200 anos da Biblioteca Pública deÉvora oferecem-nos assim um pretex-to para assinalar e fixar para a posteri-dade os momentos mais marcantesdesta já longa e nem sempre fácilcaminhada. Mas são também umaoportunidade excepcional para traçarcaminhos se não para os próximos 200anos pelo menos para aquele horizon-

te que a nossa condição humana per-mite antever e tentar planear.

As Comemorações dos 200 anosda Biblioteca Pública de Évora terãoum impacto simultaneamentenacional e local.

Sendo uma das mais antigas e maisimportantes bibliotecas do país,albergando um espólio com caracte-rísticas singulares (que inclui espé-cies raras e únicas no Mundo), aBiblioteca Pública de Évora tem umaacção e um impacto que ultrapassamem muito o concelho, o distrito e aregião, tendo mesmo um papel sig-nificativo na promoção da culturaportuguesa no mundo. Por outrolado, não será de mais destacar o seupapel na cidade e no concelho deÉvora, que procura servir em termosde biblioteca pública, satisfazendonecessidades nas áreas de informa-ção, educação, cultura e lazer.

As Comemorações dos 200 anos daBiblioteca Pública de Évora deverãoigualmente procurar atingir todas ascamadas da população do concelho,com um destaque especial para ascrianças e jovens, cativando-as para asua utilização. A população adultabem como os estudantes de todos osgraus de ensino serão igualmentechamados a esta celebração e à explo-ração crescente de um tesouro riquís-simo de informação e conhecimentoque têm à sua disposição e que tantasvezes lhes passa despercebido.

A Biblioteca Pública de Évoracomemora o seu bicentenário em cir-cunstâncias muito especiais. Numaaltura em que se antevêem mudançassignificativas num futuro próximo(que passam inclusivamente pelamudança para novas instalações), éessencial que a par de um olhar paraos sucessos e as dificuldades do tem-

po passado, se procure vislumbrar eescolher entre as hipóteses de futuro.

Contrariamente a certos augúrios,as circunstâncias actuais são muitopropícias para as bibliotecas dado ovalor que cada vez mais as socieda-des actuais atribuem à informação.Mas isto acarreta enormes responsa-bilidades para todos os que têmnelas algum tipo de influência, poisdas decisões tomadas no presentedepende muito do que as bibliotecaspúblicas poderão vir a fazer, ou nãofazer, na sociedade da informação edo conhecimento.

O programa das comemorações,que terão o seu início em Março de2005 prolongando-se por dozemeses, está neste momento em fasede elaboração, e traduz-se num con-junto de iniciativas enquadradaspelos princípios atrás expostos.

Estas actividades assumem for-mas muito diversificadas. Entreoutras terão lugar diversas confe-rências, exposições, concursos,publicações, espectáculos de teatro,cinema e música, e inauguração denovos serviços.

Um tão vasto programa só é possí-vel por contar com o apoio de diver-sos organismos, entre os quais sedestacam, a nível local, a CâmaraMunicipal de Évora, a Universidadede Évora, a Delegação Regional doAlentejo do Ministério da Cultura eo Governo Civil do Distrito de Évo-ra, e a nível nacional, o Instituto dosArquivos Nacionais/Torre do Tom-bo, o Instituto Português do Livro edas Bibliotecas, a Biblioteca Nacionale a Fundação Calouste Gulbenkian.

José António Calixto

Director da Biblioteca

Pública de Évora

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Em 30 de Junho de 2003,foi outorgado entre a SiderurgiaNacional – Empresa de Serviços, S.A.,representada pelo seu Presidente doConselho de Administração, e o Esta-do Português através do Instituto dosArquivos Nacionais/Torre do Tombo,representado pela sua Directora, oAuto de Doação do Arquivo da Admi-nistração da Siderurgia Nacional deque aquela empresa era proprietária.

A 18 de Outubro de 2004, oIAN/TT, procedeu à incorporação doArquivo da Administração da extintaSiderurgia Nacional.

A parte correspondente ao arquivotécnico da Siderurgia irá ser objectode prévia avaliação, sendo incorpora-do posteriormente.

O arquivo, agora incorporado, écomposto maioritariamente por docu-mentação de carácter financeiro e con-tabilístico de 1943-1992; Actas doConselho de Administração – 1954-1975; Actas da Comissão de Fiscaliza-ção – 1977-1990; Actas das AssembleiasGerais – 1942-1958; Livros dos corpos

gerentes (diferentes datas); Relatóriosde avaliação económico/financeira daSiderurgia Nacional – 1990-1994; con-tratos, acordos e protocolos com enti-dades nacionais e estrangeiras sobrediferentes matérias e para diferentesdatas; acordos de financiamentonacional e estrangeiro (diferentesdatas); escritura da constituição daSiderurgia Nacional e seus registos;alvarás; acordos de accionistas; despa-chos confidenciais; correspondênciacom entidades diversas, entre outros.Trata-se de um importante acervodocumental para o estudo da históriada indústria em Portugal a partir dadécada de 40, até finais da década de90, passando por diversas fases, desdea sua criação em 31 de Dezembro de1954, como Siderurgia Nacional, sobforma de Sociedade Anónima de Res-ponsabilidade Limitada (data dapublicação dos respectivos Estatutos);passando pela década mais prósperade 1964-1973.

A Siderurgia Nacional surge, assim,como factor-chave no desenvolvimen-

to da indústria metalúrgica nacional,até à nacionalização em 1975, pelo DLn.º 205 F/75 e DL n.º 853/1976 de 18 deDezembro, com estatuto de empresapública. Alterações das condiçõespolíticas económicas e sociais, condu-ziram à reprivatização da SiderurgiaNacional, processo que decorreu entre1992 e 1997 – o processo iniciou-sepelo DL n.º 255/92 de 20 de Novem-bro de 1992 e concluiu-se, através daresolução do Conselho de Ministrosnº 54/97 de 31 de Março de 1997.

A actividade da Siderurgia Nacio-nal, revestiu-se de uma enormeimportância para a história económi-ca de Portugal, o que faz do seu arqui-vo um acervo único para oconhecimento da política de planea-mento económico, da história daindústria portuguesa, da organizaçãoempresarial e do trabalho e da históriada tecnologia portuguesa.

Maria José Fidalgo

Chefe de Div isão de Arquivos

Intermédios

O Arquivo da Siderurgia Nacional

Foi recentemente adquirida a seguinte documentação:Cartas de armas, caixa 2, n.º 10 – 1576.05.14 – LisboaCarta de brasão armas de João Cabral, morador emBarcos, filho de Francisco Cabral, neto de Catarina Cabrale bisneto de Isabel Álvares Cabral, dada por Portugal Reide Armas Principal, e que consta de campo de prata eduas cabras pretas passantes, paquife, elmo e timbre, e pordiferença uma cotriça azul frimbrada de ouro. EscrivãoDiogo de São Romão. Perg., iluminado. 358x3481mm.Cartas de armas, caixa 2, n.º 11 – 1510.10.03 – LisboaCarta de brasão de armas de Diego da Cunha, fidalgoda Casa Real e morador em Montemor-o-Novo, filhode Vasco da Cunha e neto de Vasco Fernandes da Cunha,que consta de: em escudo de ouro, 9 cunhas azuis em pala.Carta dada pelo Portugal Rei de Armas Principal. Escrivãoda Nobreza: arauto Pêro Fernandes. Perg., iluminado.395x571mm. Nota: Rasgão na parte inferior do escudoCartas de armas, caixa 2, n.º 12 – 1697.05.09 – LisboaCarta de brasão armas de Bernardo Osório Freire, filho de

João da Fonseca Osório e de Ana Osório de Miranda, netopaterno de Manuel da Cunha de Miranda, bisneto de Juliãoda Cunha de Miranda, terceiro neto de Diogo da Cunha, dadapor Portugal Rei de Armas Principal, e que consta de campode ouro nove cunhas de azul postas em três palas e por dife-rença um trifólio verde, elmo de prata guarnecido de ouro,paquife dos metais e cores das armas, timbre um grifo nas-cente de ouro, carregado com as cunhas das armas. Carta pas-sada pelo Principal Rei de Armas Portugal Manuel Soares.Escrivão José da Rocha. Perg., iluminado. 435x611mm.Cartas de armas, caixa 2, n.º 13 – 1604.05.04 – LisboaCarta de brasão armas de António de Queirós, moradorem Valadares, filho de Pedro de Queirós e de BriandaSoares. Carta passada pelo Principal Rei de ArmasPortugal. Escrivão da Nobreza: Baltasar do Vale Cerqueira.Perg., iluminado. 455x645mm

Maria José Mexia Bigotte Chorão

Assessora Principal de Arquivo

Aquisições Recentes

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O mosteiro de S. Vicentefoi fundado por D. AfonsoHenriques, em 1147.

Alguns anos após a sua fundação,passou a ser habitado por CónegosRegulares de Santo Agostinho. Ficousujeito à autoridade apostólica e soba sua protecção, gozando de isençãorelativamente à jurisdição do bispode Lisboa. O prior apresentava ocura da paróquia de S. Vicente,sediada na capela de S. Julião, e oscuras e reitores das igrejas deS. Julião do Tojal, de S. Cucufatede Vila de Frades e de S. Vicentede Cuba, de S. Julião da Guarda, deSanta Ana de Pousada, de S. Vicentede Castelo Mendo, bem como oermitão de Nossa Senhora daPeninha, na serra de Sintra, e de S.Saturninho, junto ao cabo da Roca.

Administrou um hospital, situadoem edifício próximo. A certos cóne-gos estavam confiados os ofícios daconrearia, da sacristia, da capela, dohospital, da enfermaria, da vestiaria,e da pitançaria.

As sorores de S. Vicente, professa-vam e tomavam o hábito diante doprior, prometendo viver sob a Regrada Ordem de Santo Agostinho e naobediência do mosteiro, e estavamsujeitas a uma prioresa. Tinham porjuiz o bispo de Lisboa. Podiam vivernas casas do mosteiro, recebiamuma ração diária, tal como os cóne-gos, ou viviam em suas casas, segun-do a mesma Regra. Faziam doaçãodos seus bens ao mosteiro, usufruin-do do rendimento em vida, epodiam administrá-los com procu-ração do prior. Os seus documentosforam conservados junto com a res-tante documentação do mosteiro.

Em 1538, aderiu à reforma de SantaCruz de Coimbra e, em 1540, foi unidoà Congregação do mesmo nome.

Em 1612, foi-lhe anexado o mos-teiro de Santa Maria de Oliveira, noarcebispado de Braga.

No século XVII, as pessoas reaispassaram a ser sepultadas emS. Vicente de Fora, tendo havidotroca de alguma correspondênciaentre o paço e o mosteiro.

Em 1742, foi novamente reforma-do e, de 1772 a 1790, esteve unidoao mosteiro de Mafra. Em 1790,foram-lhe restituídos os bens erendimentos e, em 1792, foi-lhe entregue o edifício deLisboa. Os documen-tos produzidospelo mosteirode Mafra, rela-tivos a S. Vicente, foramintegrados nos respectivoslivros e maços.

Em 1793, foi estabelecido nomosteiro o ensino de francês,grego, latim, aritmética, geome-tria e física experimental, teologiadogmática e moral, filosofia racionale retórica. Em 1794, passou a admi-nistrar os bens e rendimentos dosextintos mosteiros do Salvador deMoreira, de Santa Maria de Landim,de S. Miguel de Vilarinho, de SantaMaria de Vila Boa do Bispo e departe dos bens de S. Jorge deCoimbra, todos da Congregação deSanta Cruz de Coimbra, cujos docu-mentos foram transferidos e deposi-tados em S. Vicente. Os mais antigos,foram objecto de trabalho dos alu-nos da aula de Diplomática, instituí-da na Torre do Tombo (1801-1817).

Foi extinto em 1834, e os seus benstomados pela Fazenda Nacional.

Os livros e documentos dos cita-dos mosteiros foram enviados parao edifício do convento deS. Francisco da Cidade. Em 1836, a10 de Maio, foram incorporados no

Arquivo Nacional da Torre doTombo, em execução da Portaria de1 de Março.

O fundo do mosteiro compreende154 livros, 40 maços da 1.ª incorpora-ção e 33 caixas da 2.ª incorporação,com datas situadas entre 1162 e 1834.

Contém documentos relativos aomosteiro, aos religiosos, à paró-quia, às igrejas anexas, às relaçõescom a Santa Sé, com o bispo deLisboa, com a Congregação,

com a Câmara da cidade.Contém também docu-

mentos respeitantesao património

situado nasdiferentes fre-

guesias de Lisboae seu termo, em Sintra e

seus arredores, em Almada eseus arredores, no concelho de

Alenquer, em Santarém, emMontemor-o-Novo, perto de Beja,na Guarda e em Castelo Mendo.

Inclui documentos das capelase sepulturas e as séries de Livrosde foros e foreiros, de Prazos anti-gos, de Livros de notas, de Livrosdos títulos extravagantes, deTombos de demarcação, de Livrosnovos, de Reportórios de bense foros, de documentos de Receitae despesa, de registo das decisõestomadas pelo prior e conciliários,de Documentos relativos à Quintada Abelheira. Inclui ainda dois con-tratos entre os reis e os arcebisposde Braga, dois Livros de registo deóbitos e a Crónica de S. Vicente,destinada ao cartório.

(*) CRSA, Mosteiro de S. Vicente de Fora,2.ª incorporação, cx. 6, n.º 88.

Fátima Dentinho do Ó Ramos

Assessora de Arquivo

O Mosteiro de S. Vicente de Fora

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F U N D O S & C O L E C Ç Õ E S D A T O R R E D O T O M B O

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A Bíblia dos Jerónimos Nas Instalações da Torredo Tombo decorreu, no passado dia9 de Dezembro, o lançamento dolivro intitulado A Bíblia dos Jeróni-mos, da autoria do Professor DoutorMartim de Albuquerque e do Monse-nhor Arnaldo Pinto Cardoso, comfotografia de Massimo Listri, e edita-do pela parceria Bertrand – FrancoMaria Ricci.O evento foi presidido por Sua Emi-nência Reverendíssima o CardealPatriarca de Lisboa, D. José da CruzPolicarpo, que fez a apresentação daobra.Trata-se do estudo histórico e daanálise do texto de uma preciosabíblia, do século XV, em velino, com-posta por sete volumes, comentadapor Nicolau de Lira, notável teólogoquatrocentista, e finamente lavrada eiluminada, na oficina do florentinoVante Gabriel de Attavante, de ondehaviam já saído as mais importantesrealizações da iluminura renascentis-ta italiana, tais como as Bíblias doDuque de Urbino e numerosas obrasdestinadas a Matias Corvino, rei daHungria.Pertença do rei D. Manuel I, que cio-samente a conservou no seu guarda-roupa, foi pelo monarca legada aosmonges Jerónimos do Mosteiro deBelém, ficando desde então conheci-da por Bíblia dos Jerónimos. Aquan-do das Invasões Franceses, foi levadapara França pelo general Junot e res-tituída a Portugal, em 1815, por inter-

venção do rei Luís XVIII, que aadquiriu à viúva. De volta ao Mostei-ro, que a recebeu com manifestaçãode grande regozijo, aí permaneceuaté à extinção das ordens monásticas,transitando, em consequência dasdisposições então tomadas, sucessi-

vamente, para o Banco de Lisboa epara a Casa da Moeda.A sua passagem por instituições voca-cionadas para a guarda e interesse devalores materiais, enquanto tal, é porsi só já demonstrativa do apreço quea mesma merecia. Mas a Bíblia dosJerónimos transcende o seu eventualpreço. É uma obra que se inscreve nacultura universal, pelo que a suamorada só poderia ser uma casa decultura. Assim, terá sido entendido.Em 1835, passou a integrar o acervodeste Arquivo, constituindo desdeentão o seu maior tesouro.Expostos ao público, a partir da datado lançamento da obra e aindadurante o mês de Janeiro, estão ossete volumes da Bíblia. Integra tam-bém a mostra o Livro das Sentençasde Pedro Lombardo, encomendadona mesma época e igualmente prove-niente da oficina dos Attavanti.

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I N F O R M A Ç Õ E S

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Decorreu em Famalicão,nos dias 28 e 29 de Outubro de 2004,a 1.ª Conferência Internacional deArquivos Empresariais, subordinadaao tema “Arquivos empresariais: dagestão quotidiana à memória históri-ca”. A organização esteve a cargo doNúcleo de Estudos de HistóriaEmpresarial do Instituto de CiênciasSociais da Universidade de Lisboa(http://historia empresarial.fe.unl.pt),visando criar um espaço de reflexãosobre os arquivos de empresa. Para

além de diversos oradores portugue-ses, foi possível contar com a presen-ça de arquivistas de Espanha, Françae Inglaterra, que apresentaram osdiferentes desafios que os arquivos deempresas colocam aos profissionaisda informação, desde o momento daimplementação de sistemas de arqui-vo nas empresas, até à sua integraçãoem serviços culturais especializados.

O IAN/TT esteve representado ins-titucionalmente por Pedro Penteado(Director de Serviços de Arquivísti-

ca) que moderou uma sessão, porJoana Braga Sousa (técnica superiorde arquivo, e até então membrorepresentante do IAN/TT junto doNEHE) e a título individual por RosaBela Azevedo (Directora do ArquivoDistrital de Setúbal).

Aguarda-se a publicação das actasdesta 1.ª Conferência para o princí-pio do ano de 2005.

Joana Braga Sousa

Técnica Superior de Arquivo

Documentação proveniente doArquivo Histórico dos HospitaisCivis, num total de seis caixas, foientregue ao IAN/TT, no dia 22 deOutubro, pela Dr.ª Anastásia Mestri-nho Salgado, em representação doCoordenador dos Hospitais Civis deLisboa, Professor Doutor Nuno Tor-nelli Cordeiro Ferreira.

Este conjunto documental serádisponibilizado ao público apósintegração no fundo já existente.Dos documentos agora incorpora-dos, com datas compreendidas entreos séculos XV a XX, fazem parte tes-tamentos, cartas régias, alvarás, lega-dos pios, portarias, plantas, entreoutros.

1.ª Conferência Internacional de Arquivos Empresariais

Realizou-se entre os dias 15 de Novembro e 3 de Dezembro,em Paris e integrado no “Stage theories et pratiques archivistiques”, o cursosubordinado ao tema “Archives et technologies de l’information et de la com-munication”. A organização esteve a cargo do Ministério da Culturae da Direcção dos Arquivos de França, e contou com a participação de 17arquivistas representantes do Canadá, Espanha, Itália, Brasil, Bulgária,Roménia, Tunísia, Eslovénia, Marrocos, Georgia, Senegal e Portugal.

As instituições envolvidas neste encontro e que apresentaram soluções desen-volvidas e aplicadas na gestão de documentos em ambiente electrónico foram aDirection des Archives de France, Archives National, Ministère de la Justice,Ministère des Affaires Étrangères, Ministère de la Culture et de la Communica-tion, Bibliothéque National de France, Centre des Archives Contemporaines,Centre des Archives d’Outre-Mer, Archives Départementales des Yvelines, Cabi-net Juridique Pierrat, Hôpitaux Universitaires de Genéve, Archives de la Ville deGenéve, a Sociedade CDC – Zantaz, GESTAR – Solution Documentaires (Qué-bec), Agence pour le Développement de l’Administration Électronique – ADAEe a Universidade de Michigan (EUA). As intervenções tiveram como ponto ful-cral a produção e a organização dos arquivos em novos suportes e a sua informa-tização, donde se concluiu que existe uma preocupação generalizada em integrara função arquivo no campo das aplicações informáticas das instituições, com odesenvolvimento paralelo de instrumentos normativos reguladores dessas mes-mas aplicações. A utilização conjunta da EAD e das normas de descrição arqui-vística ISAD (G). A necessidade de assegurar que os metadados contribuam paraa integridade, autenticidade e fiabilidade dos documentos no seu ciclo de vida.

No cenário actual da “ciberadministração”, salientou-se a urgência em sen-sibilizar os orgãos governamentais para o estabelecimento de referênciaslegislativas coerentes em matéria de gestão integrada de documentação.

Paula Cristina Ucha

Técnica Superior Principal de Arquivo

Arquivos e Tecnologias da Informaçãoe da Comunicação

Incorporação

Decorreu no Institutode Ciências Sociais e Políticas emLisboa, nos dias 13 e 14 de Dezembrode 2004, o 2.º Congresso Nacionalda ACEP-Associação de ComércioElectrónico em Portugal.

O IAN/TT esteve representadopelas técnicas superiores de arquivo,Elisa Gomes e Zélia Gomes.

2.º CongressoNacional da ACEP

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Editor

Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo

Coordenação Aura CarrilhoDesign e paginação GuidesignProdução Guide – Artes Gráficas, lda.Tiragem 1000 exemplaresPeriodicidade TrimestralISSN 1645–5460Depósito legal 186674/02

Alameda da Universidade1649–010 LisboaT 217 811 500F 217 937 230

[email protected]

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A G E N D A

O ArquivoDistrital deVila Real aca-ba de publicaro número onzeda revista decultura “Estu-dos Transmon-tanos e

Durienses” e que pode ser adquiri-da directamente na Instituição,através de requisição por via elec-trónica – www.adrvl.org.pt – ounos serviços de publicações daTorre do Tombo.

A publicação, que saiu a públicopela primeira vez em 1983, é dirigi-da pelo Director do Arquivo Dis-trital, Dr. Silva Gonçalves,e possui uma Comissão Científicada qual fazem parte os ProfessoresDoutores Pedro Dias, Armando

Mascarenhas Ferreira, Fernandode Sousa, Jaime Ferreira-Alves,Luiz Vaz de São Payo e JoaquimLima Pereira.

Deste número fazem parte os tra-balhos Vila Real no século XVIII, deFernando de Sousa e Silva Gonçal-ves; O misterioso Fernão de La Pla-çuela: Escudeiro de Vila Real, deLuiz Vaz de São Payo; Sugestão paraa genealogia dos Carneiro Lopesde Medeiros (Casa da Laranjeira –Murça), de Paulo Reis Mourão;Preciosidades transmontanas aoabandono: O caso do arquivo paro-quial de São Lourenço de Lousa, deVirgílio Tavares; O despertar do des-porto no distrito de Vila Real, deSeródio Fernandes; Contribuiçãopara o estudo das olarias do Termode Vila Real: Manuel Rodrigues,oleiro em Parada, de António Dinis;

A capela de Santiago no Campo doTabolado, em Vila Real, em meadosdo século XVIII, de Ana Maria Sou-sa Pereira; A vegetação natural deTrás-os-Montes e Alto Douro, deJosé Alves Ribeiro e Alberto Casta-nheira Diniz; Achegas para um dos-sier de artistas e igrejas e capelas deVila Real, de Joaquim Barros Fer-reira; Penaguião: do ano mil e sete-centos, de Armando Palavras;Memória do couto misto, de JoséEnes Gonçalves.

Entretanto, encontra-se já emfase de preparação o número doze,para o qual está aberta a colabora-ção, através da publicação de estu-dos e trabalhos que abranjam,exclusivamente, a temática trans-montana e duriense e estejam deacordo com os princípios orienta-dores da revista.

340 páginas/il., PVP € 14,00

“Estudos Transmontanos e Durienses” – n.º 11

Cartulário de D. Maior Martins

No dia 7 de Dezembro decorreu na Torredo Tombo a cerimónia de lançamento da edição fac-similada do Cartulário de D. Maior Martins, presididapelo Senhor Secretário de Estado dos Bens Culturais.

O cartulário, códice ou volume emque foram transcritos documentos con-siderados importantes que importavaguardar, pertenceu a D. Mor Martins,que foi abadessa do Mosteiro de Arou-ca, da Ordem de Cister, pelos anos de1244 a 1279. Os documentos incluídos

neste códice vão do ano de 943 até 1274.Espelho de um mosteiro e de uma época, contém

doações feitas ao mosteiro pela Rainha Santa Mafalda,filha de D. Sancho I e casada com Henrique I de Caste-

la, pelo rei D. Afonso III, bem como por muitos parti-culares que o dotaram com bens móveis e de raiz, lega-dos com obrigações de celebração de actos de culto eorações pela alma do doador. Nele surpreendemos a

vida da época, a fome provocada pelosmaus anos agrícolas, a forma e temposdo pagamento dos foros, os pesos emedidas antigos, as escrituras de com-pra, troca, partilha, os documentos denatureza episcopal e pontifícia.

O códice é constituído por 87 fóliosde pergaminho e 13 de papel, escrito a tinta castanhae vermelha. Datável entre 1251 e 1274, a língua predo-minante é o latim. Deu entrada na Torre do Tomboem 1856.