Arquivologia: técnicas de conservação, preservação e restauro.
-
Upload
nilzacantoni -
Category
Documents
-
view
2.182 -
download
7
description
Transcript of Arquivologia: técnicas de conservação, preservação e restauro.
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 1
Baseada no trabalho que vem sendo desenvolvido no Arquivo Central da Universidade Federal de
Juiz de Fora, Andréia Rodrigues ressaltou que a instituição está focada no conceito de preservar para não
precisar restaurar. Isto porque a restauração interfere muito diretamente na constituição do documento, o
que deve ser evitado.
O exemplar ao lado, disse a palestrante, não suportaria
várias ações de restauro. A alternativa são diversas ações
integradas para conservação de forma a evitar que outros
documentos cheguem a este nível de comprometimento.
O Arquivo Central atua também na formação de
propagadores deste tipo de postura e ação que objetivam o maior
respeito possível ao original, interferindo o mínimo possível.
Andréia de Freitas Rodrigues apresentou, então, os
conceitos básicos de Preservação, Conservação e Restauração.
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 2
PRESERVAÇÃO:
Função arquivística destinada a assegurar as atividades de acondicionamento,
armazenamento, conservação, restauração de documentos (CAMARGO,1996, pg 61);
É o conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional
que contribuem direta ou indiretamente para a preservação da integridade dos materiais
(CASSARES,2000, pg 15).
CONSERVAÇÃO:
Conjunto de procedimentos e medidas destinadas a assegurar a proteção física dos
arquivos contra agentes de deterioração. (CAMARGO, 1996, pg 18);
Conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar (sic) o processo de degradação
de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos:
higienização, reparos, acondicionamento. (CASSARES, 2000, pg 15).
RESTAURAÇÃO:
Conjunto de procedimentos específicos para recuperação e reforço de documentos
deteriorados e danificados (CAMARGO, 1996, pg 67).
Conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos
/químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervendo de modo
a não comprometer sua integridade e seu caráter histórico (CASSARES, 2000, pg 15).
A imagem abaixo, de um exemplar que passou pelo processo de restauração, demonstra que foi
necessário interferir na constituição do documento para preservação do suporte que já apresentava perda
de conteúdo.
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 3
A restauração tem, portanto, o objetivo de prolongar a vida útil do objeto mas não do conteúdo.
A ideia principal da Conservação Preventiva é impedir que o material chegue a este nível de
comprometimento. Trata-se de um conjunto de medidas destinadas a assegurar a proteção física de
documentos contra agentes de deterioração, realizadas como precaução, preparando os documentos para
quaisquer eventualidades com relação à sua integridade física.
Quando se faz a conservação preventiva eficaz, a restauração não será necessária e é preciso
observar que não se deve interferir na constituição física e na autenticidade de um documento, que sempre
deve aparentar a idade que realmente possui.
Dando prosseguimento, Andréia Rodrigues apresentou os princípios que devem presidir quaisquer
projetos de preservação, conservação e restauro de documentos arquivísticos. O primeiro deles, a
Reversibilidade, indica que toda ação realizada tem que ser reversível. A Inocuidade implica em não
prejudicar o original; a Pureza refere-se à escolha de materiais de trabalho com o maior grau de pureza
possível; a Adequação aconselha a usar sempre uma técnica ou procedimento específico para cada caso e,
finalmente, a Estabilidade que aborda o uso de materiais que não venham a reagir em contato com o
suporte, causando perdas e danos.
Reforçando o que foi dito, a palestrante destacou que os materiais empregados devem ser os
classificados como de Qualidade Arquivística, ou seja, livres de quaisquer impurezas, quimicamente estáveis,
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 4
resistentes e duráveis. Assim, usa-se a cola metil e os papéis alcalinos, por serem mais adequados ao projeto
de preservação.
Quantos aos fatores de deterioração do documento, a plateia foi informada a respeito dos
extrínsecos, como a fita adesiva que muitas vezes é utilizado para colar as páginas, e os intrínsecos, como a
acidez do papel e a oxidação que pode ser provocada pelas tintas metalográficas. Lembrando, então, que
extrínsecos são os que independem do suporte e neste grupo estão incluídas a temperatura ambiente, a
umidade relativa, a luz, os ataques biológicos de insetos, fungos e roedores e, também, o manuseio
inadequado. E como fatores intrínsecos, aqueles que fazem parte do próprio suporte, estão a Acidez, a
Oxidação e as Tintas Metalográficas.
Foram apresentadas diversas imagens sobre os
problemas mencionados, chamando a atenção o exemplo ao
lado, de uma intervenção inadequada que tornou inviável a
utilização deste suporte.
A palestrante declarou que uma grande preocupação
que deve nortear os projetos das instituições arquivísticas é a
constituição de um Plano de Emergência integrado aos procedimentos operacionais rotineiros,
contemplando os tipos variados de emergência e calamidades.
Andréia de Freitas Rodrigues abordou as várias ações necessárias, sendo que o diagnóstico deve ser
o primeiro passo do plano de ação integrada, pois nele se definem as prioridades e o tratamento a ser
realizado.
O controle da Temperatura e da Umidade Relativa é fundamental para a preservação do acervo,
sendo preciso identificar os espaços a serem controlados e quais procedimentos serão adotados.
As vistorias são ações periódicas realizadas por amostragem para identificar ataques de insetos ou
microorganismos. Estas ações cíclicas permitem a avaliação do estado geral dos documentos.
A higienização do acervo deve ser um hábito de rotina na manutenção dos documentos, sendo uma
atividade simples e eficaz, sem necessidade de grandes investimentos. A respeito deste procedimento de
conservação preventiva cujo foco é a sujidade que afeta o documento, foram apresentadas algumas imagens
dos materiais utilizados e do processo.
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 5
Além disso, muitas vezes são necessários pequenos reparos para prolongar a vida do documento que
ainda não se constituem em ações de restauro, mas atitudes simples que evitam a ampliação de pequenos
problemas que tenham sido detectados.
Após a higienização vem a etapa de acondicionamento que, segundo Andréia Rodrigues, demanda a
escolha da proteção adequada a cada suporte e devem ser utilizados materiais de qualidade arquivística, em
formato compatível com o tamanho e o tipo do material a ser acondicionado.
O final do processo é o armazenamento, ou seja, a guarda criteriosa, baseada em condições físicas
do documento e local, considerando o tamanho e o peso de cada documento. No caso do Arquivo Central da
Universidade Federal de Juiz de Fora, está sendo feita a substituição das caixas de papel craft, muito ácidas,
por caixas do tipo poliondas.
ARQUIVOLOGIA: TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Andréia de Freitas Rodrigues 6
Finalizando sua comunicação, a palestrante declarou que as recomendações gerais passam pelo bom
senso de quem usa ou cuida dos documentos, evitando qualquer situação que coloque em risco a
integridade do material.
BIBLIOGRAFIA
CAMARGO, A.M., BELLOTTO, H.L. Coord. Dicionário de terminologia arquivística. São Paulo: AAB, 1996.
CASSARES, N.C. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do estado
e Imprensa Oficial, 2000. Projeto como fazer nº 15.