Arquitetando o Saber. Anteprojeto Para Caruaru

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      1ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA

    FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP

    COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    AMANDA GOMES CARVALHO

    ARQUITETANDO O SABER

    Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru – PE

    Projeto de Pesquisa apresentada junto ao Curso

    de Arquitetura e Urbanismo da FAVIP, como

    requisito à obtenção do título de Graduação.

    Orientadora: Prof.ª Rafaella Estevão

    Caruaru

    2011

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      2ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    C331a  Carvalho, Amanda Gomes.Arquitetando o saber: anteprojeto para um Complexo Cultural em

    Caruaru-PE / Amanda Gomes Carvalho. -- Caruaru : FAVIP, 2011.

    58 f. :

    Orientador(a) : Rafaella Estevão.

    Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo) --

    Faculdade do Vale do Ipojuca.

    Inclui apêndice.

    1. Arquitetura. 2. Complexo Cultural. 3. Lazer. I. Título.

    CDU 72[12.1]

    Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367

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    Dedico todo meu esforço aos meus pais, os quais me

    apoiaram ao longo de toda minha jornada de vida, na

    construção do que sou e do tudo que alcancei.

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      5ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    Agradecimentos

    Agradeço primeiramente a Deus, que tem me guiado em seus caminhos e

    abençoado minha vida grandemente;

    Agradeço aos meus pais por seu eterno carinho e amor;

    Agradeço ao meu namorado, Wesley, que acompanhou toda minha jornada de

    perto e sempre me apoiou em todas minhas decisões;

    Agradeço ao quarteto fantástico, onde encontrei minha base de apoio dentro ao

    longo de todo curso, constituindo amizades que irão além dele;

    Agradeço a professora Rafaela Estevão, orientadora da minha monografia, que me

    ajudou a evoluir bastante durante este curto período de tempo;

    Agradeço a professora Andreza Procoro, ex-coordenadora do curso e supervisora

    de estágio, com quem pude desenvolver e aprofundar meu conhecimento na área;

    Agradeço a professora Aline Figueirôa, que graças a sua exigência, construiu

    arquitetos melhores;

    Agradeço a todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAVIP,

    os quais nos acompanharam ao longo de toda nossa jornada;

    Agradeço a minha prima Juliana Carvalho, pioneira da família nesta área, servindo

    de exemplo e auxiliando minha escolha pelo curso.

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    Resumo

    O presente projeto de pesquisa tem por objetivo propor um anteprojeto de um

    complexo cultural em Caruaru a partir das análises de atividades de lazer e cultura e sua

    relação com os aspectos sociais, observando os reflexos e influências dessa relação nas

    construções das cidades através da arquitetura, o qual servirá de alicerce para o futuro

    desenvolvimento de um complexo cultural. Para tanto, foi realizada uma revisão teórica

    sobre questões pertinentes à temática de lazer e cultura, além de um estudo empírico

    relacionado às etapas de desenvolvimento projetual, desde a análise de estudos de casos

    à elaboração do programa arquitetônico.

    Palavras-chave: arquitetura, complexo cultural, lazer.

    Sumário

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    Sumário

    1.  Introdução

    2.  Justificativa

    3.  Objetivos

    3.1  Objetivo Geral

    3.2  Objetivos Específicos

    4.  Procedimentos Metodológicos

    4.1  1ª Etapa: Pesquisa Teórica

    4.2  2ª Etapa: Pesquisa Empírica

    4.3  3ª Etapa: Projeto Arquitetônico

    5.  Referencial Teórico

    5.1  1ª Consideração: Qual a importância da cultura para as cidades?

    5.2  2ª Consideração: Qual a importância do Lazer para a sociedade?

    5.3  3ª Consideração: As necessidades de uso continuam as mesmas de tempos atrás?

    5.4  4ª Consideração: A quem se destinam os Centros de Cultura?

    5.5  5ª Consideração: Quais os aspectos fundamentais para a elaboração

    de um Centro de Cultura?

    5.6  6ª Consideração: Onde Construir os Centros de Cultura

    6.  Estudos de Caso6.1  1ª Análise: Centro de Convenções de Pernambuco, Recife/Olinda

    6.2  2ª Análise: Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro

    6.3  3ª Análise: Museu e Centro Cultural, Vilnius

    6.4  4ª Análise: Pavilhão, Londres

    6.5  5ª Análise: Resumo dos dados

    7.  Programa e Pré-dimensionamento

    8.  Questionário

    9.  Organofluxograma

    10.  Análises do terreno

    10.1  1ª Análise: Escolha do Terreno

    10.2 2ª Análise: Condicionantes físico-ambientais

    10.3 3ª Análise: Condicionantes Legais

    11.  Memorial Justificativo

    12.  Considerações Finais

    13.  Referencial Bibliográfico

    14.  Apêndice

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    1 | INTRODUÇÃO

    Diante de um contexto de constante desenvolvimento mundial, as atividades

    culturais e de lazer se caracterizam como impulsionadoras dessa evolução: estas áreasexercem grande influência na formação dos indivíduos, os quais por sua vez refletem o

    conhecimento adquirido na construção dos espaços, tornado-se ferramentas essenciais

    para educação e integração social.

    Partindo desse pressuposto, este trabalho objetivou a elaboração de um

    anteprojeto para um complexo cultural, investigando as relações existentes entre as

    temáticas de lazer e cultura diante do contexto social, além da analise de aspectos

    referentes à importância e demandas de uso para tais atividades em Caruaru. Foram

    realizados recortes e aplicação ao contexto da cidade, bem como de aspectos relevantes

    para elaboração de um complexo cultural.

    Deste modo, o trabalho foi dividido em três etapas: a primeira refere-se ao

    embasamento teórico; a segunda parte equivale a um estudo empírico e a terceira aos

    procedimentos e desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico.

    Na primeira etapa, o trabalho discute questões relacionadas ao lazer e cultura,

    fornecendo dados para futura elaboração de um complexo cultural em Caruaru. A

    segunda etapa fornece dados mais específicos realizados a partir de observações e

    constatações diretas, a exemplo dos estudos de caso e do questionário, os quais serviram

    de suporte para a terceira e última etapa: a elaboração do anteprojeto. 

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    2 | JUSTIFICATIVA

    Caruaru, recorte geográfico deste trabalho, é a maior cidade do interior

    pernambucano, situada na região Agreste a aproximadamente 130km da capital Recife,possuindo uma população estimada em 314 mil habitantes e 921km² de extensão

    territorial (IBGE, 2010).

    Segundo a Agência de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (2010) a cidade

    detém o sétimo maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado e o segundo maior do

    interior pernambucano, apresentando uma receita aproximada de R$ 2.195.300 em 2008.

    A principal atividade equivale ao comércio e ao APU (Administração pública, defesa e

    seguridade social) (CONDEPE/FIDEM, 2010), tendo como destaque seu pólo de

    confecções.

    Impulsionada por estas duas atividades, o crescimento acelerado de Caruaru

    apresenta cada vez mais credibilidade e destaque em Pernambuco, ganhando renome

    popular de Capital do Agreste Pernambucano. Seu comércio é reconhecido e divulgado

    pela presença de sua Feira, a qual recebeu o registro de patrimônio imaterial pelo IPHAN

    em 2006 (IPHAN, 2011).

    Apesar de ter recebido este título, a Feira de Caruaru foi relocada para um novo

    espaço físico e atravessa um processo de descaracterização, sendo possível a perda de

    seu registro, já que o mesmo foi concedido devido ao “modo de fazer” peculiar desta

    área, ou seja, seu registro ocorreu no âmbito do patrimônio imaterial equivalente ao

    conhecimento empírico. É provável que esta descaracterização esteja relacionada ao

    rápido desenvolvimento que Caruaru vem apresentando, estimulando a busca por umamodernização diante do mercado a fim de suprir as novas demandas que surgem e

    mudam constantemente na sociedade.

    Diante desse desenvolvimento promissor, Caruaru constitui uma cidade influente

    em seu panorama, abastecendo muitos dos municípios circunvizinhos, os quais

    encontram em Caruaru uma maior oferta de mercadorias a baixo custo. Além desta troca

    intraestadual de mercadorias, Caruaru recebe muitos visitantes de outros estadosvisando principalmente o comércio nos dias de Feira.

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    Além da Feira, Caruaru dispõe de um número considerável de visitantes em eventos

    periódicos, como o São João e eventos relacionados ao turismo de negócios. Seu São

    João é conhecido nacionalmente e, bastante visitado por turistas que, geralmente, não

    possuem contato direto com a cultura nordestina, buscando fazer parte deste cenário

    neste período festivo.

    Este turismo de negócios atrai um público bem específico à Caruaru de profissionais

    e empreendedores, a partir de atividades como palestras, feiras de negócios, exposições,

    entre outros, constituindo um público em potencial para usufruto de equipamentos da

    Cidade que proporcionem conhecimento e entretenimento.

    Diante deste cenário de importância econômica e turística, a cidade deveria

    oferecer áreas de qualidade destinadas ao entretenimento e a divulgação de cultura. Tais

    áreas serviriam como pontos turísticos para os visitantes, bem como para uso dos

    moradores locais.

    Neste aspecto, nos deparamos com uma problemática: a cidade dispõe de poucos

    equipamentos de qualidade destinados ao lazer e ao saber, sendo os principais deles o

    Alto do Moura, concentrando restaurantes e comércio de artesanatos; o complexo da

    Estação Ferroviária, o qual só oferece entretenimento no período de São João, dispondo

    de algumas exposições no Galpão; o Parque Ambientalista Severino Montenegro, que

    constitui uma paisagem mais tranqüila e relaxante; e o Memorial de Caruaru, situado no

    antigo mercado de farinha, com exposição fixa do acervo histórico e econômico da

    cidade.

    Apesar de dispor destes equipamentos de lazer e/ou saber de pequeno e médioporte, e apresentar uma quantidade relativa de pequenas praças em sua malha urbana,

    Caruaru não dispõe de áreas significativas destinadas ao lazer público e, principalmente,

    de edificações projetadas para disseminação da cultura, sobretudo quando unimos estes

    dois usos.

    Outro ponto preponderante equivale à qualidade destes espaços: o estado de

    conservação em que se encontra grande parte das praças e edificações públicas culturais

    existentes apresenta indícios de uma preservação defasada e uma segurança negligente,

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    acarretando em vandalismo e degradação das áreas (ver fig. 01). Este fato colabora para a

    diminuição de usuários nestes locais e até mesmo para o seu abandono.

    Um bom exemplar do problema em questão, noque diz respeito a edificações culturais, refere-se à

    biblioteca municipal. Por um bom tempo, a biblioteca

    funcionou na edificação da estação ferroviária de

    Caruaru, cuja estrutura era precária e insuficiente para o

    acervo, além de sua localização ser pouco conhecida

    pelos moradores. Impulsionado por estes fatores, a

    biblioteca foi fechada e, após algum tempo, foi reaberta

    em uma casa próxima a Caixa Econômica Federal do

    Centro da cidade (ver fig. 02), apresentando ainda os

    mesmos problemas da instalação anterior, pois sua

    estrutura física não foi concebida e não bem adaptada

    para este fim.

    Outro equipamento público destinado a

    divulgação cultural que apresenta problemas relevantes

    quanto ao uso se refere ao Memorial da Cidade,

    localizado no prédio do antigo Mercado de Farinha de

    Caruaru, no centro da cidade (ver figura 03 e 04). Aqui a

    problemática é diferente do equipamento citado

    anteriormente. Para comportar este novo uso, o

    edifício do antigo Mercado de Farinha foi restaurado e

    se encontra em um bom estado de conservação e

    preservação, além de dispor de uma grande área

    interna.

    Como já comentado, o equipamento está

    localizado no Centro de Caruaru, de uso

    predominantemente comercial. Apesar da diversidade

    de usos ser, na maior parte das vezes, um aspectopositivo para o local, atraindo diferentes públicos, este

    Figura 02. Biblioteca Pública de Caruaru,

    de instalações precárias em relação à

    demanda da população.

    Autoria: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Figura 04.  Vista interna do Memorial da

    Cidade, hall de entrada.

    Fonte: http://www.pernambucoeaqui.com.br

    Autoria:não informado. Acesso:abril 2011.

    Figura 03.  Vista Externa do Memorial da

    Cidade.

    Fonte: http://www.pernambucoeaqui.

    com.br

    Autoria:não informado. Acesso:abril 2011.

    Figura 01. Praça Saldanha da Gama , em

    estado degradado.

    Autoria: acervo pessoal, 2011.

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    fenômeno não ocorre com o Memorial de Caruaru. Este fato pode está atrelado ao fato

    de o Memorial ser o único exemplar cultural nesta área de uso comercial e de serviço.

    Por ser ainda um equipamento de pequeno porte, se torna dependente do centro

    comercial, tendo sua demanda e funcionamento comprometidos pelo mesmo.

    Deste modo, a procura de quem vai ao centro gira em torno de atividades do ramo

    comercial e similares, como serviços, o que acaba por não gerar fluxo de visitantes para o

    Memorial. Durante a noite, quando o comércio não funciona, o Memorial da Cidade

    também fecha, pois não dispõe de outros atrativos como, por exemplo, um café.

    Por fim, temos ainda outro grande problema nesta área, presente em quase todas

    as cidades consolidadas ou em crescimento acelerado: apresenta insuficiência quanto à

    oferta de estacionamento, reforçando a subutilização da área durante todo o dia.

    Este é um fato que ocorre nas grandes cidades e,

    considerando ainda o avançado crescimento mundial,

    com o fortalecimento da globalização, presente até

    mesmo nas pequenas cidades interioranas, o fenômeno

    cultural, a partir dos processos de transmissão,

    recepção e constante permuta de conhecimentos, setorna essencial para um bom convívio coletivo e para o

    crescimento das cidades de forma consciente,

    reforçando aspectos políticos, econômicos, sociais,

    culturais, entre outros, de cada cidade, estado e,

    consequentemente, de cada país.

    Neste sentido, os países desenvolvidos já

    despertaram para a importância da obtenção de

    conhecimento, promovendo diversos concursos para

    equipamentos públicos culturais (ver fig. 05 e 06). Esta

    importância parece ter suporte no fato que, através do

    acesso ao conhecimento, o indivíduo tem a

    possibilidade de construir um pensamento embasado,

    desenvolvendo um senso crítico e questionador a

    respeito das problemáticas das cidades, contribuindo

    Figura 05.  Projeto do arquiteto japonês

    Kengo Kuma, vencedor do concurso

    internacional para filial do Victoria & Albert

    Museum, na Escócia.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: Kengo Kuma. Acesso: maio 2011.

    Figura 06.  Projeto do escritório alemão

    Wolfgang Tschapeller, vencedor do

    concurso para Centro Cultural, na Sérvia.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.brAutoria: Wolfgang. Acesso: maio 2011.

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    diretamente para melhoria das mesmas a partir da conseqüente mudança de postura e

    conscientização pessoal. Desperta assim um interesse em cada pessoa, semelhante a um

    alerta, o qual automaticamente, após deter conhecimento sobre determinado assunto,

    terá fundamentos e questionará constantemente o mesmo, construindo um pensamento

    evolutivo.

    Depois de exemplificar todo cenário global e local de interesse e demanda por este

    tema, a proposta de um complexo cultural entrou em cena então para suprir esta

    demanda identificada de áreas destinadas à disseminação do lazer e saber, em específico

    na cidade de Caruaru.

    Possui ainda a importância de facilitar o acesso ao conhecimento, por se tratar de

    um equipamento público conforme proposta do presente trabalho, já que o acesso ao

    saber se encontra, em grande parte, detido pelas classes mais favorecidas

    financeiramente. Com a democratização do espaço, pessoas de qualquer classe social

    terão fácil acesso a diversas áreas do conhecimento.

    Neste contexto de democratização, o conhecimento servirá como impulsionador do

    desenvolvimento de Caruaru: é a partir de um processo de aprendizado denominado de

    endoculturação que o homem desenvolve sua compreensão cognitiva e percepção de

    mundo (LARAIA, 1986). Considerando este processo de aprendizagem e suas

    consequências imediatas, a troca e disseminação cultural proporcionam aos indivíduos

    uma visão ampla e abrangente de diferentes contextos, situações e fenômenos

    (OSTROWER, 1987). Esse aprendizado reflete, por sua vez, diretamente na construção da

    Cidade, a qual é fruto direto da produção humana e, portanto, reflexo de sua

    compreensão e entendimento geral (LYNCH, 1997), impulsionando o desenvolvimento

    social, cultural e econômico de Caruaru.

    Apesar de se refletir na construção coletiva de uma cidade, os exemplares onde

    ocorrem troca e disseminação cultural mundo afora, sugerem que a incorporação de uma

    cultura local não precisaria ser literal, ou ainda ser a reprodução de costumes e ou

    tradições locais. Muitas vezes, a diferenciação arquitetônica pode apresentar

    sentimentos de curiosidade, interesse e atração na população, sendo muito mais

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    proveitoso para a experimentação lúdica e intensiva do espaço e ambiência arquitetônica

    de um centro cultural.

    Tendo este fenômeno em mente, um dos pontos de partida para o anteprojeto foi ode assumir uma concepção arquitetônica com traçado diferenciado dos equipamentos

    existentes na cidade e região, não apresentando características regionais literais, a fim de

    proporcionar um novo repertório visual, espacial e artístico aos moradores e que possa

    estimular o desenvolvimento de valores culturais e intelectuais em Caruaru.

    Deste modo, o projeto teve como objetivo contemplar a demanda dos moradores

    locais enquanto conteúdo programático, proporcionando um complexo com atividades

    desejadas pelo mesmo e, portanto, gerando demanda de uso para o equipamento.

    Outro diferencial do equipamento proposto por esta pesquisa consistiu na união de

    áreas destinadas ao uso de lazer e saber, considerando que as áreas de lazer e convívio

    público estimulam o interesse para o conhecimento e utilização do equipamento,

    atuando assim como ambientes convidativos, atraindo a população para conhecer e

    usufruir do complexo.

    Por fim, diante desta discussão, evidencia-se que é fundamental se pensar no

    desenvolvimento de equipamentos públicos de qualidade para Caruaru, os quais

    servem de referencial e estímulo o constante crescimento da cidade, contribuindo

    para a melhoria de qualidade do local como um todo.

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    3 | OBJETIVOS

    3.1 Objetivo Geral

    Elaborar um anteprojeto para um complexo cultural, integrando programas

    destinados ao lazer e ao saber, na cidade de Caruaru – PE.

    3.2 Objetivos Específicos

    - Propor uma edificação com espaços lúdicos a partir de formas, disposições e

    composições arquitetônicas inusitadas;

    - Implantar o equipamento de forma a contrastar com seu entorno, despertando na

    população curiosidade em conhecer e experienciar o centro cultural;

    - Criar ambientes flexíveis e multifuncionais, os quais atendam as demandas de lazer e

    saber das diversas faixas etárias, desde o público infantil ao idoso;

    - Elaborar um equipamento que desperte, através de sua arquitetura, contemporânea e

    de seus espaços convidativos, interesse pela cultura na população;

    - Elaborar um ambiente para exposição fixa destinado à divulgação do acervo cultural e

    histórico de Caruaru.

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    4 | PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

    Para o desenvolvimento de um anteprojeto de um complexo cultural, a pesquisa foi

    dividida em três etapas gerais: a primeira etapa diz respeito à pesquisa teórica; a segundaequivale a um estudo empírico de observações e análises de campo; e a terceira e última

    etapa aos procedimentos de análise arquitetônica referentes à elaboração do

    anteprojeto.

    1ª Etapa: Pesquisa Teórica

    1.1 | Levantamento Bibliográfico

    Foram realizadas pesquisas de referências teóricas que se equiparam de algum

    modo ao tema trabalhado, complexo cultural, para conhecimento geral e aprofundado a

    respeito de questões pertinentes para reflexões.

    1.2 | Recorte e Aplicação

    Após o conhecimento das teorias gerais sobre o tema em questão, foram

    realizados recortes de modo a relacionar e aplicar estas teorias para um contextoespecífico, ou seja, para subsidiar a elaboração do Complexo Cultural em Caruaru,

    embasando tanto a análise das etapas preliminares como o próprio desenvolvimento do

    anteprojeto.

    2ª Etapa: Pesquisa Empírica

    2.1 | Estudo de caso

    Foram coletadas referencias em projetos que se assemelhassem aos objetivos

    propostos por este estudo, analisando todos os aspectos essenciais os quais auxiliaram

    no desenvolvimento do anteprojeto do Complexo Cultural, tendo sido pontuado tanto os

    aspectos positivos como as possíveis deficiências dos projetos selecionados.

    2.2 | Aplicação dos Dados

    Após concluir o estudo de caso, foi elaborada uma tabela relatando os aspectos

    positivos e negativos referentes aos projetos analisados, de forma sucinta e reunindo os

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    pontos chave de cada um deles, de modo que buscou-se a importância e aplicação para

    projeto do Complexo Cultural. Além desta análise, criou-se também uma tabela geral dos

    dados obtidos em relação aos programas e dimensões dos estudos de caso, a qual

    embasou a escolha do programa e o pré-dimensionamento do projeto.

    2.3 | Questionário

    Um questionário também foi aplicado, com uma amostragem variada sócio-

    culturalmente, o qual abrangeu questões pertinentes ao tema enquanto programa,

    identificando os ambientes desejados pela população para um complexo cultural. Sua

    aplicação possibilitou levantar os anseios programáticos dos moradores da cidade para

    gerar uma demanda de uso a partir das necessidades observadas.

    3ª Etapa: Anteprojeto Arquitetônico

    3.1 | Etapas Pré-projetuais

    Para complementar o estudo realizado nas etapas anteriores, esta etapa foi

    essencial, fornecendo subsídios para a concepção projetual a partir de observações de

    campo. Buscou-se analisar aspectos referentes ao espaço físico escolhido, a exemplo do

    estudo dos aspectos legais da Cidade para o terreno, da análise do entorno imediato e

    delimitação do programa, pré-dimensionamento, organofluxograma, entre outros; assim

    como aspectos bioclimáticos, localização das árvores existentes no terreno, e realização

    do estudo de insolação, ventilação, entre outros.

    3.2 | Desenvolvimento Projetual

    Tendo como referência todas as análises realizadas, foi desenvolvido o

    anteprojeto de um complexo cultural, condizente com a demanda, enquanto programa e

    dimensões, dos moradores de Caruaru. No desenvolvimento projetual buscou-se evitar as

    problemáticas detectadas ao longo das etapas anteriores, respeitando além destes

    aspectos, o plano diretor de Caruaru e as características naturais do terreno.

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    5 | REFERENCIAL TEÓRICO

    Observamos com facilidade atualmente o constante desenvolvimento de novos

    centros de cultura em todo o mundo, parecendo haver um despertar global para aimportância da disseminação do conhecimento. Neste contexto mundial, têm destaque

    os países desenvolvidos, os quais promovem diversos concursos públicos para centros de

    cultura: como bibliotecas, museus, casas de música, teatro e o próprio centro cultural.

    Sendo assim, por que não desenvolver mais complexos culturais no Brasil? O fato de

    ser um país subdesenvolvido interfere neste desenvolvimento? E os pequenos municípios,

    por sua vez, não poderão construir centros culturais de grande porte e de qualidade?

    Tendo estes questionamentos pertinentes em mente, podemos prosseguir para as

    contextualizações específicas, embasadas teoricamente, onde serão discutidas as

    possíveis respostas ou introduções necessárias a estes e outros aspectos, oferecendo

    considerações a respeito das teorias existentes sobre os temas de cultura e lazer, as quais

    subsidiaram o desenvolvimento projetual.

    1ª Consideração: Qual a importância da Cultura para as cidades?

    De acordo com Lynch (1997), as cidades, bem como a arquitetura, são fruto da

    produção humana, diferindo apenas em sua escala e em sua formação, mais extensa ao

    longo do tempo. Deste modo, entende-se que o homem atua na cidade de duas maneiras:

    primeiramente, atua como agente ativo à medida que cria e transforma o espaço físico

    em que convive, a partir de seu repertório e imaginário. Por outro lado, atua como agente

    passivo, onde todo contexto a sua volta - como a arquitetura, os elementos urbanos, as

    interações sociais, a mídia, entre tantos outros - transforma constantemente seu

    repertório de vida. Mas como este fato se relaciona com a cultura?

    Desde o conceito moderno de cultura formulado por Tylor (TYLOR, 1958 apud 

    CASTRO, 2005) no campo da antropologia, o conceito de cultura tem sido reformulado e

    evoluído constantemente. Contudo existe um consenso dos teóricos atuais que o homem

    não nasce predeterminado a algo, como no determinismo geográfico ou biológico,

    conforme entendido no passado. Neste sentido, Laraia (1986) defende que o

    comportamento e o consciente de cada indivíduo dependem de um aprendizado,

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    denominado endoculturação –  processo de aprendizagem e educação em uma cultura

    desde a infância até a fase adulta – o qual proporcionará ao indivíduo a construção do seu

    repertório, que por sua vez será diretamente refletido nas tomadas de decisões que ele

    terá que realizar durante sua vida.

    Sabendo então que a cultura atua como base e reforço do aprendizado, formulando

    constantemente o repertório de vida de cada indivíduo, podemos voltar ao

    questionamento inicial: como a construção das cidades está relacionada com o

    aprendizado cultural? Como dito por Lynch (1997), a cidade é produto da mente humana,

    que por sua vez reflete seu modo de ver e perceber o mundo diretamente nesta

    produção, ou seja, reflete seu repertório adquirido ao longo de sua vida pelo processo

    cultural de aprendizado, a endoculturação (LARAIA, 1986).

    O estimulo a cultura se torna assim essencial para um país em desenvolvimento

    como o Brasil, o qual apresenta uma evidente carência informativa da população. A

    difusão democrática de bens culturais deveria constituir a base de uma política cultural

    preocupada com a desigualdade social. É a partir deste crescimento cultural que cada

    pessoa desenvolverá seu senso crítico e questionador, podendo assim impor seus desejose necessidades diante da sociedade, bem como conseguir uma boa qualidade de vida

    através desse aprendizado. O saber capacita o indivíduo de modo que ele poderá disputar

    por maiores oportunidades de trabalho (MILANESI, 2003).

    A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo.Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têmvisões desencontradas das coisas (BENEDICT, 2006).

    Considerando a afirmação acima, constata-se que indivíduos de culturas diferentesenxergam o mundo de maneira diferente e, por isto, é importante a troca e disseminação

    cultural, proporcionando ao indivíduo uma visão ampla e abrangente de vários contextos.

    Para se inventar o novo, se faz necessário conhecer o precedente (MILANESI, 2003).

    Diante de todo este contexto, o processo cultural exerce um papel primordial:

    promove o conhecimento, tanto global quanto regional, que é o diferencial para o

    crescimento qualitativo de qualquer local, através da atuação humana. Para que esta

    produção seja qualitativa de modo a se criar o novo, se faz necessário conhecer o

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    precedente (MILANESI, 2003). É através da visão diferenciada de mundo que a evolução e

    o desenvolvimento de cada indivíduo e consequentemente, do local em que ele reside,

    são impulsionados.

    2ª Consideração: Qual a importância do Lazer para a sociedade?

    O lazer é uma ferramenta indispensável para reformulação do degradante cenário

    brasileiro. De acordo com Melo (2003), a questão central desta transformação a partir do

    lazer se baseia na disponibilidade dessas áreas destinadas ao entretenimento e na

    conscientização da sociedade para superação, considerando as atividades de lazer no

    âmbito cultural. As comunidades carentes, as quais dispõem de escassas opções de lazer,

    se deparam com uma discriminação social que os afastam da mesma, aceitando a

    ausência de uma participação ativa na sociedade.

    Thompson (THOMPSON, 1995 apud MELO, 2003), defende que através das

    experiências coletivas as pessoas evoluem e adquirem valores, sendo que as atividades

    de lazer devem ainda ser escolhidas e traçadas de acordo com o perfil dos indivíduos, e

    não impostas arbitrariamente sem que se conheçam os desejos destes, considerando

    ainda que as camadas da sociedade não são homogêneas.

    Ainda no contexto da coletividade, as atividades de lazer proporcionam outros dois

    fatores importantes à sociedade: o bem estar e a vivência lúdica. Em relação ao primeiro,

    o lazer provoca no indivíduo, através de suas atividades, uma sensação de prazer

    imediato, refletindo diretamente no bem do mesmo. Já a vivência lúdica propicia relações

    de interação coletiva essenciais para construção de redes sociais, estimulando mudanças

    na conduta e decisões pessoais, além da criatividade. Neste aspecto, o lazer deve ser

    compreendido como uma ferramenta de educação, através da qual é possível a

    compensação da desigualdade social a partir do crescimento e desenvolvimento

    individual e, consequentemente, coletivo (MARCELLINO, 2007).

    Outro ponto diz respeito às constantes mudanças que ocorrem no contexto atual,

    criando um cenário cotidiano indefinido, no qual convivem simultaneamente hábitos

    antigos junto às invenções mais atuais. Com o grande avanço das tecnologias, o meiotécnico-informacional muda tão rapidamente que, as tecnologias de ponta de um dia,

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    passam a ser ultrapassadas em semanas ou meses depois. Considerando esta realidade, o

    lazer se depara com um desafio: se inserir nesta dinâmica mutável, tendo que se adequar

    as novas demandas da sociedade, bem como prever suas futuras projeções

    (MASCARENHAS, 2003).

    3ª Consideração: As necessidades de uso continuam as mesmas de tempos atrás?

    Diante de várias construções de centros culturais, cabe saber qual demanda de usos

    este equipamento apresenta que os diferencia dos demais, quando comparado com

    equipamentos culturais do passado.

    As antigas bibliotecas possuíam um regime completamente normativo a respeito do

    campo do conhecimento. Estes espaços constituíam verdadeiros recintos sagrados do

    saber, onde o silêncio era lei dentro deste ambiente. Com este regime arbitrário criava

    uma atmosfera propícia para o afastamento do público do local mais do que sua

    aproximação, que ocorria na maioria das vezes apenas quando se fazia necessário a

    realização de “pesquisas” que mais se aproximavam de cópias escolares (MILANESI,

    2003).

    Este ambiente repleto de normativas impossibilitava, de acordo com Milanesi

    (2003), uma das etapas mais importantes no processo de elaboração do pensamento: a

    troca de idéias. Como as bibliotecas tinham a lei do silêncio, qualquer discussão e debate

    de grupos não eram possíveis e, consequentemente, não existia a troca entre diferentes

    interpretações, fator este que impulsiona a construção e o desenvolvimento do

    pensamento de modo evolutivo.

    Todavia, no fim do século XX esta barreira de uso existente nos antigos sistemas

    bibliotecários foi rompida com o avanço das tecnologias e a necessidade por um acervo

    abrangente que fosse além do campo do visual. Estas transformações criaram novas

    necessidades quanto à obtenção de informações, as quais passaram a ser oferecidas por

    diferentes meios: livros, revistas, música, vídeo, entre tantos outros, suprindo as

    carências dos diferentes moradores da cidade. Para tal, novos programas e atividades

    foram sendo incorporados às funções pré-existentes das bibliotecas públicas, objetivandofacilitar o acesso ao conhecimento.

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    Desta forma, os centros de cultura atuais equivalem a uma evolução natural dos

    antigos recintos culturais, nos quais as bibliotecas, teatros, museus, e todos os

    equipamentos destinados à disseminação cultural ou a junção de todos eles, que

    compõem o próprio complexo cultural, devem atender estas mudanças de usos,

    oferecendo espaços que promovam interação social e ofereçam diferentes meios de

    difusão do conhecimento.

    4ª Consideração: A quem se destinam os Centros de cultura?

    Ao se desenvolver um projeto, de qualquer que seja a área de atuação profissional,

    é importante conhecer bem o público-alvo a quem se destina o projeto, a fim de propor

    soluções condizentes com a demanda e desejos destes usuários.

    Pensando nesta consideração, a quem se destinam os centros culturais? Esta

    relação com o público constituirá, posteriormente, o próprio perfil do centro cultural. De

    acordo com Milanesi (2003), ocorre um grande erro ao imaginar que os centros culturais

    se destinam apenas aos estudantes. Com certeza os estudantes constituem a maior parte

    de usuários do centro, principalmente das bibliotecas, lugar onde encontram o que

    precisam, de maneira rápida, para realizar suas ‘pesquisas’ escolares que, na maior parte

    das vezes, são cópias das obras encontradas sobre o assunto.

    Mas e os adultos, não são usuários do centro? Milanesi (2003) defende que os

    adultos são mais presos em suas regras e diretrizes, dificultando muitas vezes sua

    frequência nos centro culturais, sobretudo nas áreas de convívio público e de lazer.

    Contudo os espaços devem ser pensados também para este público, pois a busca por

    conhecimento é constante e necessária durante toda vida.

    A grande problemática dos centros, em relação ao público, equivale aos

    adolescentes. Este público deveria ser maioria nos espaços culturais, por estar em um

    estágio que necessita de bastante pesquisa avançada, assim como por demandar por

    opções alternativas de lazer. No entanto, ocorre justamente o contrário: o adolescente

    não interage com os espaços construídos. Isto porque, grande parte dos equipamentos,

    não dispõe de uma área específica para o adolescente, que por sua vez fica perdido entreas programações para crianças e para adultos.

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    Analisando estas considerações, conclui-se que o público a quem se destina o

    complexo cultural em questão, considerando que Caruaru não dispõe de nenhum

    equipamento deste tipo, equivale a toda cidade, ampliando-se possivelmente para os

    municípios circunvizinhos. Assim sendo, deve-se pensar em um complexo que atenda as

    necessidades das diversas faixas etárias, proporcionando atividades culturais e de lazer

    variadas.

    5ª Consideração: Quais os aspectos fundamentais para elaboração de um Centro de

    Cultura?

    Durante o processo de desenvolvimento projetual, uma etapa fundamental se

    refere ao conhecimento dos aspectos indispensáveis a tal projeto. Neste

    desenvolvimento, é necessário saber o que é crucial dentre tantos questionamentos

    levantados ao longo do processo, distinguindo dentre eles os interesses secundários ou

    pessoais.

    Partindo de um plano geral, no campo das cidades, Lynch (1997) considera que a

    singularidade, uma das qualidades da forma, é a característica que permite a identificação

    e admiração de um objeto, sendo o contraste com o entorno um dos elementos que

    conferem esta qualidade de singularidade.

    Ainda em um contexto amplo da percepção humana, outro fator importante diz

    respeito à vivacidade dos cenários. Um cenário vivo e de integração social, com uma

    identidade visual sólida, poderá exercer um papel social, oferecendo a base para

    elaboração de novos símbolos e crenças sociais. (LYNCH, 1997)

    Tendo analisado aspectos gerais, é importante passar para um plano específico,

    observando fatores diretamente relacionados com os centros culturais. Para tal, Milanesi

    (2003) oferece esta base, relatando ao longo de seu livro quais os fatores essenciais para

    elaboração de um bom centro cultural.

    Dentre estes fatores, começaremos com o índice de analfabetismo do município.

    Devem-se conhecer os índices de escolaridade do local para traçar estratégias quanto ao

    programa. Assim, se a cidade apresentar um elevado índice de analfabetismo, a

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    estratégia não será a implantação de ambientes de leitura, mas sem ambientes que

    promovam o entendimento a partir de outros sentidos, a exemplo dos audiovisuais.

    Relacionando este aspecto com o município de Caruaru, observamos que a taxa deanalfabetismo é relativamente baixa, com o percentual de 25,39% de pessoas analfabetas

    com 25 anos ou mais em 2000, sendo o município que apresenta a menor taxa de

    analfabetismo da Região Agreste e 12ª menor de Pernambuco (ATLAS DE

    DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2000). Analisando estes dados, observamos um o

    município tem investido no setor de educação, e que existe um público alvo

    potencialmente grande para usufruto do futuro complexo cultural, o qual deverá

    apresentar estratégias para este público, ou seja, oferecer além dos serviços básicos,

    atrativos com acervo amplo de diferentes meios comunicativos.

    Outro aspecto diz respeito ao perfil físico do centro cultural. Neste sentido, este

    perfil será resultante da demanda existe no local, ou seja, o perfil físico do centro é o

    reflexo direto do perfil dos usuários potenciais do centro. Deste modo, por exemplo, se o

    centro se localizar próximo a uma comunidade, este deverá suprir as necessidades da

    mesma, com atividades que visem à reintegração social.

    O perfil físico deste projeto do Complexo Cultural em Caruaru foi projetado para

    atender a demanda do público a quem se destina, ou seja, de todo município. Assim

    sendo, ele foi pensado a partir de um programa diversificado para atender várias faixas

    etárias, tanto no campo do entretenimento, quanto do saber. Foi necessário analisar

    também os anseios dos moradores locais, através de questionários, inserindo, sempre

    que possível, atividades que supram estes desejos.

    Em paralelo aos aspectos relatados anteriormente, o autor defende ainda que:

    Um arquiteto ao planejar um centro de Cultura, deve levar emconsideração os três elementos essenciais: área de acesso aoconhecimento, espaços para a convivência e discussão, setor de oficinase laboratórios.

    Estes elementos estão diretamente ligados aos “três verbos” que o autor defende

    como necessários para qualquer equipamento cultural: informar, discutir e criar. Então, as

    áreas como biblioteca, cinema e teatro são necessárias no campo de informar, expondo

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    às pessoas o existente já produzido pela humanidade. O discutir, por sua vez, se faz

    necessário para reformulações do conhecimento através da interação social em

    ambientes descontraídos, a exemplo de bares e restaurantes. Por fim, após proporcionar

    às população as informações necessárias e ambientes para discussões e debates, se faz

    necessário um ambiente onde as pessoas possam colocar em prática o aprendizado,

    criando e recriando seu espaço físico constantemente, a exemplo de salas de aula para

    realização de oficinas.

    6ª Consideração: Onde construir os Centros de Cultura?

    A escolha do terreno é um passo importante e deve ser bem analisado segundo os

    diversos aspectos que norteiam esta escolha, a fim de ser propor uma solução condizente

    com os objetivos do projeto e que gere o fluxo desejado.

    Entre os aspectos que direcionam a escolha, Milanesi (2003) defende que o primeiro

    deles deriva da seguinte pergunta: a quem se destina? A resposta deverá oferecer

    subsídios que justificará a escolha do local. Por exemplo, podemos dizer que, se o

    objetivo de uma determinada biblioteca for atender a demanda de uma comunidade

    carente, a mesma deverá ser construída o mais próximo possível desta comunidade.

    Ainda direcionando esta escolha, segundo Milanesi (2003), o segundo aspecto seria

    a análise quantitativa de habitantes e centros culturais que o município apresenta. Se o

    município apresentar um número significativo de habitantes, dispondo de alguns centros

    culturais, podem-se distribuir novos centros em localidades que sejam distante dos

    centros existentes, atendendo a demandas específicas da cidade. Sendo assim, o seu

    programa será reduzido e direcionado a atividades mais urgentes desta localidade.

    Por outro lado, se o município não oferecer um centro cultural significativo, deverá

    ser elaborado um centro cultural que atenda a demanda de cidade como um todo, com

    atividades diversas e um programa mais extenso e abrangente. Neste caso, para atender

    o município, o centro de cultura deverá ser construído em um local de fácil acesso à

    todos, onde na maioria dos casos equivale ao centro da cidade. Este segundo caso se

    aplica a cidade de Caruaru, que necessita de um centro cultural de grande porte que

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    atenda a demanda dos moradores locais, estendendo-se, sempre que possível, aos

    municípios circunvizinhos.

    Outro aspecto diz respeito às dimensões e imagem da área. O primeiro deveobrigatoriamente comportar, no mínimo, a própria edificação e suas áreas pré-

    estabelecidas. Quanto maiores as dimensões, respeitando as devidas proporções, mais

    fluidez e flexibilidade terá a implantação, com possibilidade de grandes áreas de lazer e

    convívio público, prestando atenção para esta área não ser superdimensionada e,

    consequentemente, se tornar subutilizada.

    Em relação à imagem do local, os fatores de continuidade e visibilidade são cruciais.

    Os locais de junção ou interrupção de fluxo de trânsito são pontos nodais, exigindo

    grande atenção dos observadores. Este fato confere uma importância especial aos

    equipamentos situados em pontos conflitantes de fluxo de trânsito, os quais passam a

    ser percebidos com uma clareza incomum. (LYNCH, 1997)

    Percebemos então que o terreno escolhido para comportar o complexo cultural em

    Caruaru está em conformidade com os parâmetros descritos acima, o qual está situado

    no centro da cidade para facilitar o acesso a toda cidade, apresenta dimensões

    consideráveis para atender o programa abrangente de lazer e cultura e está delimitado

    por locais de junção ou interrupção de tráfego, a fim de ser facilmente percebido.

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    6 | ESTUDOS DE CASO

    Para a escolha dos exemplares que serviram de estudo de caso, partiu-se da

    premissa que os aspectos projetuais destes deveriam se equiparar com os objetivosgerais e específicos estabelecidos por este projeto de pesquisa.

    Dentre os aspectos que guiaram a escolha dos projetos, pode-se citar a opção

    por um partido arquitetônico de volumetria arrojada, de impacto visual em seu

    entorno; uso de materiais inovadores e tecnológicos, e/ou programa flexível e

    diversificado de cultura e lazer.

    Buscando atender alguma destas características e para obtenção de dados

    mais diversificados, foram escolhidos dois referenciais internacionais: o Pavilhão de

    Jean Nouvel, em Londres –  2010, e o Museu e Centro Cultural de Zaha Hadid, em

    Vilnius - 2009; um referencial nacional: o Museu da Imagem e Som, do escritório

    nova-iorquino, vencedor do concurso, Diller Scofidio + Renfro, no Rio de Janeiro,

    com previsão de conclusão para 2012, e um referencial local: o Centro de

    Convenções de Pernambuco (CECON), dos arquitetos modernistas Joel Ramalho,

    Leonardo Oba e Guilherme Zamoner, vencedores do concurso nacional e construído

    em 1978.

    Vale salientar que, para coleta e análise dos dados necessários, os estudos de

    caso do Pavilhão de Londres e do Museu da imagem e som do Rio de Janeiro

    tiveram como base de pesquisa a Revista Projeto. Já o estudo de caso do projeto do

    museu e centro cultural em Vilnius, de Zaha Hadid, foi elaborado a partir de

    observações e análise das representações técnicas e das perspectivas eletrônicas,obtidas através de contato eletrônico realizado com o escritório da arquiteta e,

    portanto, apresentando restrição de dados, a exemplo da não obtenção de dados a

    respeito dos materiais empregados. Por fim, o estudo de caso do Centro de

    Convenções de Pernambuco, ocorreu através de uma pesquisa in locu, analisando o

    espaço e funcionamento arquitetônico diretamente, com registro fotográfico,

    salientando que não foi possível ter acesso aos desenhos técnicos desta edificação.

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    Figura 10. Vista da clarabóia.

    Autoria: acervo pessoal, 2011. 

    Figura 09. Vista interna teatro principal.Autoria: acervo pessoal, 2011. 

    Figura 08. Vista interna do lounge central.Autoria: acervo pessoal, 2011. 

    1ª Análise: Centro de Convenções, Recife/Olinda

    A realização de um estudo local e in locu  se fez necessária para entender o

    funcionamento deste tipo de equipamento na prática. Buscou-se também inserir o planoregional no estudo para melhor entendimento da realidade do Estado.

    Assim, o equipamento escolhido e em que se

    realizou o estudo de caso local foi o Centro de

    Convenções, localizado entre Recife e Olinda, por

    apresentar similaridades de uso com o complexo

    cultural proposto, além de ser um centro de grande

    porte, sendo o maior do Nordeste e o terceiro maior do

    País (CECON, 2011), constituindo um excelente

    exemplar para analise.

    Construída em concreto aparente e de

    concepção modernista, o centro de convenções foi

    desenvolvido por os arquitetos Joel Ramalho, Leonardo

    Oba e Guilherme Zamoner, vencedores do concurso

    nacional de 1976, e é sede de importantes e diversos

    eventos, oferecendo tanto áreas de palestras e aulas,

    quanto áreas para feiras e exposições.

    Sua resolução volumétrica revela um aspecto

    interessante referente ao partido arquitetônico dos

    arquitetos: os dois blocos foram elaborados na forma

    de duas patas de leão fazem alusão ao Leão do Norte,

    nome pelo qual o estado era conhecido. O projeto

    explorou também plasticamente a utilização do

    concreto através de balanços e superfícies curvas, além

    da presença de reentrâncias e saliências. Além destes

    aspectos, o centro apresenta uma boa iluminação

    obtida através de clarabóias, rasgos na coberta egrandes panos de vidro em sua fachada.

    Figura 07. Vista da fachada frontal de umdos blocos.

    Autoria: acervo pessoal, 2011. 

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    Em relação à disposição espacial, o centro conta com dois acessos principais

    rampados, os quais convergem em um grande lounge central. Através do lounge, o fluxo

    é distribuído para os demais ambientes do equipamento, aspecto este desejado e

    aplicado no anteprojeto do complexo cultural.

    O centro dispõe de 22 salas de convenções, dois teatros, dois auditórios com

    capacidade para comportar mais de seis mil pessoas sentadas, além de oferecer uma

    grande área de 26 mil m² destinada à feiras e exposições em geral, área essa que foi

    construído posteriormente, com a reforma do centro de convenções (CECON, 2011). O

    espaço destinado às feiras apresenta uma solução arquitetônica interessante, embora

    acessado por escadas, que diz respeito ao seu acesso pelo pavimento superior, o qual se

    dá através de um grande corredor central que passa acima do espaço em questão,

    proporcionando visibilidade de todo o evento.

    O Centro de convenções apresenta ainda, no lounge central, uma recepção, praça

    de alimentação e várias galerias. Um dos aspectos negativos observados neste projeto

    consta na grande quantidade de galerias criadas: nota-se que a quase sua totalidade se

    encontra fechada, alertando que a demanda de uso para este ambiente é reduzida e nãodeve, portanto, dispor de muitas opções.

    Outro problema observado, sendo possivelmente o de maior gravidade, equivale à

    falta de acessibilidade à portadores de deficiências físicas aos principais ambientes do

    equipamento: auditórios, teatros e espaço para feiras, sendo estes acessados apenas por

    escadarias. Os únicos ambientes acessíveis de um modo geral são o lounge, acessado

    através de rampas, os ambientes que se situam junto a ele e as salas de convenções, que

    se encontra no mesmo nível do primeiro.

    2ª Análise: Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro

    O projeto do escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro  para o Museu da

    Imagem e do Som (MIS) no Rio de Janeiro foi escolhido através de um concurso

    elaborado pela prefeitura do Estado e pela Fundação Roberto Marinho, a fim de substituir

    as antigas sedes construídas em 1965 e localizadas no centro da cidade e na Lapa, além deabrigar o Museu Carmem Miranda, situado atualmente no bairro do Flamengo.

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    A proposta do concurso tinha por objetivo a

    elaboração de um centro de cultura da identidade

    carioca, promovendo um ponto de encontro para os

    moradores locais, assim como para turistas brasileiros e

    estrangeiros.

    Condizente com o objetivo proposto foi sua

    localização, em um ponto estratégico da cidade: na

    Avenida Atlântica, principal Avenida de Copacabana.

    Esta estratégia de localização apresenta dois pontos

    primordiais: a facilidade de acesso e uma vista

    privilegiada. A facilidade do acesso se dá por sua

    localização ser, como já dito anteriormente, numa das

    principais vias do Rio de Janeiro e no bairro de grande

    demanda turística, referente à Copacabana. Já o

    segundo aspecto, referente à vista privilegiada, da vista

    diz respeito ao lote situar-se frente ao mar,

    apresentando o fechamento da fachada frontal em

    vidro e chapas metálicas perfuradas, permitindo a

    visualização desta paisagem natural até mesmo no

    interior do equipamento.

    O partido arquitetônico adotado pelo projeto

    vencedor teve concepção oposta ao pavilhão de  Jean

    Nouvel: a idéia do escritório norte-americano foi

    proporcionar uma relação de interação e equilíbrio com

    seu entorno. Para tal, foram criados na fachada frontal grandes panos de vidro, os quais

    promovem certa permeabilidade e grandes rampas irregulares e assimétricas

    externamente, a qual apresenta guarda-corpo em vidro, sendo aberta para contato direto

    com o exterior. A inspiração para tal partido foi defendido pelos arquitetos norte-

    americanos como alusão aos calçadões de Copacabana, dobrado várias vezes e posto em

    plano vertical.

    Figura 11.  Vista externa do futuro Museu

    da Imagem e Som, com rampa na fachada.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: não informada.Acesso: maio, 2011 

    Figura 12.  Vista externa da fachada

    posterior do MIS, demonstrando a

    racionalidade da construção.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: não informado.Acesso: maio, 2011

    Figura 13.  Vista do anfiteatro aberto no

    último pavimento, com cabine de

    projeção.Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: não informado.Acesso: maio, 2011 

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      30ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    Passando para a análise espacial, nos deparamos com um fato interessante: este é o

    primeiro museu áudio-visual brasileiro. Este dado revela a preocupação de alguns estados

    brasileiros em se adaptar para atender as demandas de uso da sociedade atual de

    diversidade programática e insersão de novas formas de exposições além da visual, as

    quais conferem razão de existência aos centros culturais contemporâneos. Deste modo,

    seu programa reflete a inserção da percepção auditiva nestes espaços, bem como a

    presença das tecnologias necessárias para tal ocorrência, resultando em um equipamento

    multiuso com ambientes flexíveis.

    Para atender estas novas necessidades de uso, o programa foi dividido em temas a

    fim de representar o contexto carioca geral, entre eles: o humor; a música, já que a cidade

    é conhecida por sua diversidade de ritmos musicais; e o modo de vida, onde foi inserido o

    acervo de Carmem Miranda. Dentro destes temas, os ambientes foram dispostos ao

    longo dos sete pavimentos do edifício, nos quais o acesso se dá através de escadas e de

    elevadores, sendo assim acessível à portadores de deficiência. O programa apresenta

    áreas de exposições fixas do acervo, auditório para 300 pessoas, galeria externa, boate e

    bar, além de restaurante panorâmico, terraços, piano-bar e mirante, este no último

    pavimento, conferindo boa visualização da paisagem circundante. Em relação às

    exposições fixas, o acervo áudio-visual foi adquirido através de doações de coleções

    particulares e a partir de produções próprias do MIS, todas disponíveis para consulta.

    A partir da análise dos ambientes e da interação entre eles, observou-se alguns

    pontos positivos e negativos na proposta. Como pontos positivos, pode-se citar cinco

    fatores principais. O primeiro diz respeito à boate e o auditório estarem locados no

    subsolo, fator este que contém, de certo modo, a propagação do som para o exterior do

    equipamento. O segundo aspecto é relativo à divisão do programa em temas, que

    proporciona a organização geral do equipamento, bem como a facilidade de localização e

    identificação dos ambientes por parte do observador. A terceira característica observada

    foi a divisão interna da biblioteca, a qual apresenta áreas separadas destinadas à leituras

    em silêncio, ao debate e interação e ainda salas reservadas para estudos. O quarto

    aspecto diz respeito ao restaurante situado no penúltimo pavimento apresentando vista

    panorâmica, o que proporciona uma vista privilegiada da paisagem externa. O quinto e

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    último aspecto equivale ao anfiteatro aberto com projeções no último pavimento do

    edifício, gerando um ambiente diferenciado em sua demanda de uso, destinado

    principalmente a um público mais jovem. Este aspecto revela uma preocupação com a

    apropriação do lugar com o equipamento, por se tratar de uma releitura de um espaço já

    consolidado na cultura carioca: a utilização da laje.

    Quanto aos aspectos negativos, foram observados quatro pontos considerados

    principais, os quais sobressaem em relação à gravidade de uso. Foram eles: as dimensões

    reduzidas da boate e da galeria, sendo a última constituída de uma única loja; a forma

    assimétrica do volume não foi bem aproveitada internamente, gerando diversos espaços

    residuais; o espaço multimeios é um espaço estreito e fechado, sem apresentar atrativos

    que estimulassem a criatividade dos usuários; e por fim as salas de aula são distantes da

    biblioteca, áreas estas que apresentam um fluxo intenso entre elas e deveriam ser

    próximas.

    Quanto aos materiais utilizados, observa-se que, apesar de apresentar uma rampa

    irregular na fachada, o restante da obra tem concepção racional amplamente utilizada no

    Brasil: o concreto armado para o sistema estrutural do equipamento e laje nervurada parapossibilitar grandes vãos livres. A rampa, por sua vez, foi pensada em estrutura metálica,

    a qual permite grandes balanços e fluidez das formas, auxiliando na concepção irregular

    deste elemento.

    3ª Análise: Museu e Centro Cultural, Vilnius

    Vilnius, capital da Lituânia, é uma cidade bastante influente em seu panorama no

    que se refere ao aspecto cultural, sendo inclusa na lista de Patrimônio Mundial da

    UNESCO em 1994 por apresentar um vasto número de exemplares arquitetônicos do

    estilo gótico, renascentista, barroco e edifícios clássicos, bem como por manter seu

    traçado medieval e ambiente natural e, em 2009, foi considerada a Capital Européia da

    Cultura, compondo um importante cenário turístico para a cidade (VILNIUS, 2011).

    Diante deste cenário de importância cultural e turística da cidade, o projeto

    Desenvolvido pela arquiteta Zaha Hadid  para o museu e centro cultural em Vilnius tevecomo intuído refletir as modificações das manifestações culturais do local, servindo de

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    Figura 15.  Vista externa do equipamento,

    com extensos balanços e vista panorâmica.

    Fonte: http://www.zaha-hadid.com

    Autoria: Zaha Hadid Architects.Acesso: junho, 2011

    Figura 17. Vista interna - exposições.

    Fonte: http://www.zaha-hadid.comAutoria: Zaha Hadid Architects.Acesso: junho, 2011

    Figura 16. Vista externa do equipamento.

    Fonte: http://www.zaha-hadid.com

    Autoria: Zaha Hadid Architects.

    Acesso: junho, 2011

    referência para o desenvolvimento da futura linguagem arquitetônica da cidade,

    proposta também desejada para o desenvolvimento do anteprojeto do complexo cultural

    em Caruaru.

    O equipamento em questão constitui mais um

    exemplar do partido arquitetônico que define a

    concepção volumétrica da arquiteta de características

    conceituais de velocidade, fluidez e leveza, a partir do

    uso de reentrâncias e saliências entre pavimentos, de

    formas sinuosas e com extensos balanços, transmitindo

    a sensação que o equipamento flutua sobre o chão.

    No que se refere à disposição espacial dos

    ambientes, observa-se no geral uma articulação bem

    elaborada entre eles. A idéia da arquiteta era que as

    pessoas pudessem experimentar a complexidade

    espacial e o movimento (ZAHA, 2009).

    Assim sendo, no subsolo foram locados os

    ambientes relacionados ao setor de serviços, a exemplo

    dos depósitos para estocagem dos materiais expostos e

    das salas técnicas de controle. O acesso ao

    equipamento, por sua vez, se dá através de três das

    quatro fachadas do projeto, facilitando o ingresso da

    população conforme a direção em que o mesmo se

    encontrar. Estas três entradas dão acesso a um grande

    Lobby central, o qual se interliga diretamente com os

    auditórios, as áreas de exposições e a galeria de lojas, a

    qual apresenta um bom dimensionamento, todos

    dispostos no térreo do edifício. Ainda no Lobby, se

    encontram dois balcões de recepção, além de dispor de

    circulações verticais que dão acesso aos demais

    pavimentos superiores, constituída por escadas eelevadores em ambas as extremidades do complexo.

    Figura 14.  Vista externa do Museu e

    Centro Cultura Vilnius e sua implantação.

    Fonte: http://www.zaha-hadid.com

    Autoria: Zaha Hadid Architects.Acesso: junho, 2011 

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    Em relação às áreas de exposições temporárias, observa-se uma boa resolução para

    a problemática de transporte dos materiais expostos: dois elevadores de carga/descarga

    foram locados no interior destas áreas, possuindo ligação com o subsolo, pavimento este

    que dispõe de áreas destinadas ao carregamento e estocagem do acervo.

    Já no segundo pavimento, foram dispostas áreas destinadas às exposições fixas,

    áreas para consulta geral e infantil, o centro de mídia e o café integrado ao bar com vista

    panorâmica. Neste pavimento, pode-se constatar um ponto negativo da disposição

    espacial em relação às áreas de consulta: as duas áreas específicas de consulta foram

    dispostas uma em cada extremidade do equipamento, quando se deseja que a área

    infantil esteja no espaço interno da área de consulta geral, permitindo que os pais

    observem e controlem seus filhos. A área de consulta geral apresenta ainda um

    subdimensionamento em relação ao equipamento como um todo, pois esta é uma das

    áreas que geram as maiores demandas de uso.

    Por fim, o último pavimento apresenta apenas o setor administrativo e o

    restaurante panorâmico, nas extremidades opostas da edificação. A localização do setor

    administrativo no último pavimento é favorável, uma vez que este setor apresenta umademanda de uso específico para os funcionários e, ocasionalmente, para o público

    externo. Assim também para o restaurante, o último pavimento favorece sua localização

    à medida que oferece uma vista privilegiada do entorno.

    Quanto aos materiais empregados, a única informação obtida através de contato

    com o escritório foi que os materiais fazem parte de uma pesquisa inovadora dentro do

    escritório, abordando novas tecnologias de design digital e métodos de fabricação, os

    quais tornam possível transferir as curvas características da arquiteta, do papel para a

    construção (ZAHA, 2009).

    2ª Análise: Pavilhão, Londres

    O Pavilhão de Londres é um projeto desenvolvido pela Serpentine Gallery, a qual

    todo ano convida um arquiteto de renome para projetar um pavilhão de

    aproximadamente 500m² no Hide Park, sendo assim uma construção de carátertemporário.

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    A Serpentine Gallery está localizada no 

    Kensington Gardens, próximo ao  Hyde Park, e é

    destinada à exposição de arte moderna e

    contemporânea. Atrai, por ano, mais de 800.000

    visitantes, com entrada gratuita (Serpentine Galery,

    2011).

    O projeto de 2010 (ver fig. 18, 19 e 20), escolhido

    para elaboração do estudo de caso, foi desenvolvido

    por  Jean Nouvel  e apresenta uma concepção

    volumétrica conforme a desejada para o projeto que

    será desenvolvido.

    O 10º pavilhão do programa Serpentine Summer

    Pavilion teve como partido separação do equipamento

    com o parque, a fim de criar uma atmosfera única para

    o pavilhão, despertando interesse nos transeuntes.

    Para tal,  Jean Nouvel  elaborou um projetomonocromático, na cor vermelha, defendendo o uso

    desta cor como necessária para alcançar o intuito

    desejado de contraste com seu entorno imediato, além

    de ser uma cor recorrente na cidade, a exemplo dos

    ônibus e cabines telefones presentes em Londres.

    Todavia, o emprego desta cor em todo o equipamento, bem como no mobiliário utilizado

    gerou controvérsias de opiniões, sendo considerado por alguns como um ambiente

    exaustante que causa inquietação aos olhos.

    A composição do pavilhão se baseia em diferentes materiais com superfícies que

    variam entre transparentes, translúcidas, reflexivas e opacas, criando uma sinfonia visual

    que controla o grau de intimidade de cada ambiente através da passagem de luz.

    No referente à disposição interna, sua utilização se dá através de três camadas: no

    passo que o visitante vai utilizando as camadas, vai adentrando no equipamento e se

    familiarizando com o mesmo. Estas camadas foram divididas do seguinte modo: a

    Figura 18.  Vista da fachada frontal do

    Pavilhão.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: John Offenbach e Philippe RuaultAcesso: maio, 2011 

    Figura 19.  Vista da fachada posterior do

    Pavilhão, de coberta em toldos retráteis.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: John Offenbach e Philippe RuaultAcesso: maio, 2011 

    Figura 20. Vista interna do Pavilhão, com

    assentos semienterrados para jogos.

    Fonte: http://www.arcoweb.com.br

    Autoria: John Offenbach e Philippe RuaultAcesso: maio, 2011 

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    primeira, mais externa, equivale à área destinada ao pingue-pongue e ao piquenique que

    ficam ao ar livre, pontuados por objetos vermelhos espalhados sobre o gramado. A

    segunda, por sua vez mais interna, foi coberta por toldos e cortinados retráteis, onde está

    localizado o programa multiuso: durante o dia funciona como café, transformando-se à

    noite em auditório para comportar as Parks Nights, evento de verão que promove

    palestras, concertos e exibições diversas. Na última camada, mais interna, a luz vermelha

    através dos toldos penetra em todo espaço interno, onde não se tem mais lembrança de

    estar no parque. Nesta área, foram locados assentos semi-enterrados, com mesas de

    xadrez e gamão, constituindo a área mais íntima do pavilhão.

    Quanto aos materiais, o arquiteto explorou bem as potencialidades dos mesmos,

    apresentando como diferenciais os toldos retráteis, que permitem o controle da

    passagem de luz de acordo com o horário do dia; e a parede inclinada com 12 metros de

    balanço em policarbonato alveolar, que Nouvel define como ‘uns enormes óculos de sol’

    (NOUVEL, 2010 apud REVISTA PROJETO, 2010), criando uma estrutura de grande impacto

    visual.

    Embora este projeto escolhido tenha caráter temporário e apresente um programa

    curto se comparado a um complexo cultural, ele apresenta características diferenciadas

    em relação à concepção de projeto. Primeiramente, seu partido arquitetônico, de grande

    liberdade de expressão, se apresenta de forma arrojada e impactante em sua paisagem.

    Em segundo lugar, seus materiais construtivos, embora bastante difundidos no mercado,

    foi utilizado de maneira inovadora, explorando o grau de permeabilidade da luz e criando

    um equilíbrio visual através de diferentes texturas. Por fim, o seu programa, apesar de

    restrito, apresenta uma ampla flexibilidade de uso e uma dinâmica espacial bem

    elaborada através de camadas, tirando o máximo proveito da área inicial disponível para a

    elaboração do projeto.

    Além dos aspectos positivos descritos acima, um aspecto negativo que se observou

    neste projeto foi o exagero, sobretudo da cor. Apesar de ter sido uma característica

    intencional do arquiteto a fim de provocar curiosidade da população, o exagero pode

    comprometer o uso do equipamento à medida que causa um desconforto físico e visual

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    nas pessoas. Outra problemática observada diz respeitos às mesas de jogos situadas no

    semi-enterrado, tornando-as, deste modo, inacessíveis à deficientes físicos à está área.

    Após refletir sobre este equipamento, alguns dos princípios utilizados no mesmoforam aplicados no anteprojeto do complexo cultural de Caruaru. Deste modo, buscou-se

    empregar materiais e formas de maneira diferenciada, gerando grande impacto visual,

    além de elaborar ambientes flexíveis e multifuncionais.

    5ª Análise: Resumo dos Dados

    Após descrição dos quatro estudos de caso selecionados, se fez necessário a

    realização de duas tabelas sucintas, resumindo de uma forma geral os dados observados

    dividindo em duas análises distintas: uma relatando o programa geral destas edificações,

    bem como suas respectivas dimensões, as quais também serviram de base para o a

    definição do programa e pré-dimensionamento do complexo cultural que será

    desenvolvido (ver tabela 01); e outra pontuando as potencialidades e problemáticas dos

    projetos (ver tabela 02).

    É importante ressaltar que o estudo de caso do centro cultural de Pernambuconão foi incluso na primeira tabela, pois não foi possível ter acesso às plantas e,

    consequentemente, às dimensões dos ambientes.

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      37ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    Tabela 01. Programa e dimensões dos estudos de caso. Fonte: acervo pessoal, 2011. Dados baseados na revista

    PROJETODESIGN, 2011 e 2010 e no escritório Zaha Hadid Architects, 2009.

    Tabela 02. Problemas e Potencialidades dos estudos de caso. Fonte: acervo pessoal, 2011.

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    7 | PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

    Para a delimitação do programa, foram levados em consideração os seguintes

    fatores: atender a demanda de públicos com diferentes faixas etárias; oferecer diversas

    opções de atividades de cultura e lazer, e respeitar o fator humano com ambientes que

    promovam interações sociais.

    É importante ressaltar ainda que a apropriação do equipamento por parte da

    população consiste em um dos aspectos relevantes para se refletir. Diante deste fato, a

    concepção deste projeto teve como princípio a contemplação regional, dos anseios dos

    moradores de Caruaru enquanto dimensão programática.

    Conforme Gadamer afirma (GADAMER, 1996 apud MALARD, 2006), um edifício é

    determinado por dois fatores: o contexto cultural, enquanto programa, e o contexto

    espacial em que se insere. Assim o edifício deve atender a um propósito, o qual por sua

    vez é fruto de uma demanda social; além de ser construído em um local específico,

    apresentando sua própria identidade física.

    “(...) Programa e sítio são os dois componentes essenciais daArquitetura. Se dermos a devida atenção ao programa, chegaremos aousuário. Observando o sítio, encontraremos a inserção adequada,definitiva, marcante.” (GADAMER, 1996 apud MALARD, 2006),

    Tendo esta importância da apropriação do espaço pelos moradores locais em

    mente, elaborou-se um questionário, relatado no item a seguir, o qual foi aplicado com

    públicos diversos, buscando levantar os desejos dos moradores de Caruaru. Como

    resultado, acrescentou-se alguns ambientes que não estavam previstos na primeira

    elaboração do programa geral, decorrente da análise dos estudos de caso, bem como a

    confirmação de outros.

    Em relação ao pré-dimensionamento destas áreas estabelecidas, suas dimensões

    foram elaboradas respeitando os estudos de caso realizados, o plano diretor de Caruaru e

    as diretrizes traçadas por Milanesi (2003), que relaciona o dimensionamento os

    ambientes com a quantidade de habitantes do município, sendo adequado para esta

    pesquisa, já que a mesma tem por objetivo atender a demanda dos moradores deCaruaru. Durante a execução do anteprojeto, as áreas tiveram que ser ajustadas para se

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    adequar ao traçado irregular da edificação, ganhando dimensões variadas das pré-

    estabelecidas.

    O resultado destes dados pode ser observado conforme tabela a seguir:

    Tabela 03. Programa e Pré - dimensionamento. Fonte: acervo pessoal, 2011.

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    8 | QUESTIONÁRIO

    Sua aplicação se fez necessária, pois como o objetivo deste projeto foi contemplar o

    público-alvo do complexo cultural de Caruaru, ou seja, os moradores locais enquantodemanda programática para gerar uso ao equipamento, o questionário possibilitou o

    levantamento do perfil dos moradores de Caruaru, bem como os anseios dos mesmos por

    atividades não encontradas na cidade.

    Deste modo, O questionário foi aplicado com 130 pessoas em uma amostragem

    variada de faixas etárias e classes sociais, a fim de atingir uma grande diversidade de

    público dos moradores de Caruaru, suprindo as necessidades variadas.

    Cada pessoa que respondeu o questionário pôde escolher várias opções de lazer e

    de cultura que gostaria que Caruaru oferecesse, no qual resultado por ser observado no

    gráfico abaixo, considerando ainda que os programas que foram citados menos de cinco

    vezes não foram inclusos no resultado geral, por ser um índice insatisfatório em relação

    ao número total de que  stionários realizados.

    Gráfico 01. Resultado do Questionário. Fonte: acervo pessoal, 2011.

    O resultado observado confirmou a necessidade da cidade por equipamentos de

    lazer e, notoriamente, por equipamentos culturais.

    Os ambientes citados nos questionários confirmam ainda o programa que tinha

    derivado da análise dos estudos de caso, além de inserir outros ambientes de desejo dacidade no programa elaborado, como os parques e espaço para prática de esportes.

    110

    97

    64

    48

    60

    73

    55

    30

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Biblioteca Teatro Exposições Boate/Bar Show Parques Esportes Restaurante

    Resultado do Questionário

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    9 | ORGANOFLUXOGRAMA

    O organofluxograma equivale a um esquema gráfico de organização dos

    ambientes do projeto, com o intuito de identificar as áreas que apresentam ligação deuso, demonstrando também a intensidade do fluxo entre elas.

    Consistiu em uma etapa essencial para o desenvolvimento do anteprojeto, pois

    forneceu dados necessários para entender seu funcionamento, auxiliando na implantação

    dos ambientes no terreno, bem como dimensionado das circulações a partir do fluxo

    observado.

    Deste modo, o organofluxograma desta pesquisa foi dividido conforme setores

    estabelecidos anteriormente no programa, considerando ainda a divisão do fluxo entre

    ambientes em: intenso, moderado e ocasional.

    Gráfico 02. Organofluxograma do Complexo Cultural. Fonte: acervo pessoal, 2011.

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    10 | ANÁLISES DO TERRENO

    1ª Análise: Escolha do Terreno

    A escolha do terreno que comportou o projeto do complexo cultural teve como

    critérios de escolha sua proximidade com o centro da Cidade – Bairro Nossa Senhora das

    Dores –  uma vez que consiste em um lugar que reúne classes sociais diversas,

    considerando seu comércio variado, reunindo ainda um grande fluxo de pessoas graças a

    este uso comercial está consolidado nesta área. Estas características tornam a escolha

    democrática, uma vez que todas as classes sociais têm fácil acesso a esta área escolhida.

    Além deste fato, outro fator preponderante diz respeito às dimensões do lote. Por

    apresentar um programa extenso com ambientes que demandam grandes espaços

    internos, o terreno necessitava apresentar grandes dimensões para comportar tal

    complexo, além de ser, preferencialmente, lote de esquina a fim de proporcionar um

    contexto visual único, de grande clareza e interesse social, como defendido por Lynch

    (1997).

    Diante destas premissas, foi selecionado o lote localizado entre  as ruas: CapitãoNilton Prado, Manoel Surubim, Celton Capelo e Belmiro Pereira, no Bairro Maurício de

    Nassau, fazendo limite com o centro da cidade (ver fig. 21).

    Figuras 21. Mapa dos bairros. Adaptado de: Prefeitura de Caruaru, Secretaria de obras, 2011.

    O lote em questão equivale, na verdade, a uma quadra de aproximadamente

    23.000m², a qual é delimitada por quatro esquinas, sendo de tal modo adequado segundo

    os dois aspectos relatados anteriormente. A quadra escolhida se situa ainda ao lado do

    Pátio de Eventos de Caruaru, e em frente à Estação Ferroviária de Caruaru, concentrandodiversas modalidades das atividades culturais e de lazer em um grande centro (ver fig. 22). 

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    Figuras 22. Localização do Terreno. Fonte: acervo pessoal, 2011. Foto aérea: Google Earth, 2011.

    2ª Análise: Condicionantes Físico-ambientais

    Grande parte deste terreno pertence atualmente à empresa do ramo desupermercados Bonanza. O restante da área é ocupado por edificações comerciais. Ao

    longo de sua extensa superfície plana, encontram-se distribuídos um grande galpão de

    estoque do supermercado, com aproximadamente 10.070m² (área relativa ao local em

    que o galpão está inserido); uma área de estacionamento privado do Grupo Bonanza com

    aprox. 9.760m²; alguns edifícios comerciais que ocupam uma área de aprox. 1.470m²; e

    por último, uma clínica particular que se encontra fechada e à venda, com 460m²

    aproximadamente, conforme mostra o esquema abaixo:

    Figura 23. Condicionantes Físicos. Fonte: acervo pessoal, 2011. Foto aérea: Google Earth, 2011.

    Apesar de apresentar de edificações construídas, estas representam uma

    porcentagem pequena do terreno total, o qual já oferece grandes áreas livres, e foi

    demolida para dar lugar ao equipamento do novo complexo cultural. Além disto, ocentro, por se tratar do ponto inicial do surgimento da cidade, se encontra ocupado em

  • 8/17/2019 Arquitetando o Saber. Anteprojeto Para Caruaru

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      44ARQUITETANDO O SABER: Anteprojeto para um Complexo Cultural em Caruaru - PE 

    quase sua totalidade, sendo os terrenos que ainda estão vazios pequenos e dispersos

    entre edificações de usos variados.

    Quanto à análise dos condicionantes ambientais, é importante verificar as condiçõesclimáticas e os obstáculos naturais presentes no terreno, elementos estes necessários

    para a adequação do projeto do complexo cultural aos condicionantes naturais,

    possibilitando um bom funcionamento do mesmo. Assim sendo, pode ser observado a

    seguir um esquema gráfico com esta análise de modo geral.

    Figura 24. Condicionantes Ambientais. Fonte: acervo pessoal, 2011. Foto aérea: Google Earth, 2011.

    Em relação à vegetação, observam-se a presença de algumas árvores no terreno,

    todas ao longo do perímetro e apenas uma em sua área interna, possibilitando uma maior

    liberdade na distribuição espacial interna. Grande parte destas árvores se encontra na

    face oeste do terreno, proporcionando uma barreira natural quanto à insolação poente

    sendo, portanto, de grande importância para o local.

    Deste modo, as árvores foram mantidas ao longo do terreno e acrescentadas outras

    nas fachadas que não dispõe de vegetação (Ruas Capitão Nilton Prado e Manoel

    surubim). Apenas uma das árvores foi removida, a interna, devido à ocupação pelo

    equipamento construído.

    Quanto à infra-estrutura, o terreno escolhido já dispõe de rede elétrica, coleta de

    lixo e rede de água e esgoto, devido a estar