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vitória vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano XI Nº 125 Janeiro de 2016 Arquidiocese de Vitória inicia 2016 com a visita da imagem peregrina da REPORTAGEM Mãe Aparecida Orgânicos para cuidar da terra e da saúde ENTREVISTA Paz: construção e desconstrução pela mídia

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI • Nº 125 • Janeiro de 2016

Arquidiocese de Vitória inicia 2016 com a visita da imagem peregrina da

RepoRtAgem

Mãe Aparecida

Orgânicos para cuidar da terra e da saúde

entReVistA

Paz: construção e desconstrução pela mídia

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arquivix

@arquivix

“Avida não para” é uma das tantas expressões de Lenine na canção Paciência que me parece adequada para esta primeira edição da Revista Vitória. O mundo pede calma, o corpo pede alma e a vida não para! E, se a vida não para vamos, então, cuidar da saúde física e espiritual, olhar as rotinas por outro ângulo e, principalmente, executar as tarefas diárias com criati-vidade e ‘alma’. O mundo pede calma, tolerância! O mundo pede... e a vida não para. “Enquanto o tempo acelera e pede pressa eu me re-cuso faço hora vou na valsa” porque “a vida é tão rara”. Que seja assim o ano da equipe que pensa e produz a Revista Vitória. Que seja assim o ano dos leitores e colaboradores. Boa leitura n

Que seja raro o ano novo

editorial

fale com a gente

maria da luz fernandeseditora

Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI – Edição 125 – Janeiro/2016Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustradores: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

22 viver bem

26 ComuniCação

27 pensar

29 entrevista

33 eleições

39 arquivo e memória

42 ensinamentos

46 aConteCe

05

11

15

17

21

44

atualidadePeregrinos recebem a Mãe Aparecida em terras capixabas

espeCialA qualidade da relaçãoentre pais que se divorciaram

eConomia polítiCaVelhas e novas agendas

aspas Não existe mãe solteira.Mãe não é estado civil

sugestõesPraia dos Padres e Meaípe

eCologiaCampanha da Fraternidade 2016

micRonotíciAsArtistas escrevem cartas em estação de trem em São Paulo

08

peRgunte A Quem sAbe

Qual a diferença entrea Bíblia utilizada pelos

evangélicos e pelos católicos?

40espiRituAlidAde

Cristão Bilíngue

16

RepoRtAgem

editoRiAlEst, sundit,

tem voluptio dolorestiis ped

mos

ideiAsPassar por estemundo de modo tranquilo e feliz

cAminhosdA bíbliA

Os discípulosmissionários

em Jo 1,35-51

03

24 32 45

12 18

diálogos mundo litúRgico

cultuRA cApixAbAO cristão e

o dinheiro as bodas da vida

artesanato com Rendas de Bilro

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para cuidar da terra e da saúde

Orgânicos

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peregrinação nas áreas pastorais

De 6 de janeiro a 2 de fevereiro

De 3 de fevereiro a 1º de março

De 2 de março a 11 de abril

De 12 de abril a 17 de maio

De 18 de maio a 21 de junho

De 22 de junho a 28 de julho

Gilliard ZuqueVander Silva

atualidade

em terras capixabas

Neste mês de janeiro a Arquidiocese de Vitória recebe uma visitante ilustre. A imagem peregrina de

Nossa Senhora Aparecida chega a Vitória como parte das comemorações do Jubileu de 300 anos do encontro da Imagem nas águas do Rio Paraíba, que será celebrado em 2017. Ao peregrinar pelas áreas pastorais com a imagem, toda a Arquidiocese se transforma em uma terra de peregrinos missionários. Com a Mãe Aparecida vamos rezar por nossas comunidades, nossas famí-lias, pelos missionários e missionárias desta Igreja Particular e pedir a conversão pastoral que o Papa Francisco nos recomenda.

Mãe Aparecida

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As comunidades receberão um cartaz com o mapa e as datas onde a imagem estará e, todas as outras áreas pastorais, durante os dias da visita, são convidadas a buscar in-formações sobre a área que está sendo visitada: quantas comunida-des, quais os maiores desafios, as conquistas, as necessidades. Assim seremos peregrinos e missionários com a Mãe Aparecida nesta Igreja Particular. A visita da imagem de Nossa Senhora é uma ocasião muito espe-cial. A Mãe torna-se mais próxima e derrama suas bênçãos e graças pelas terras capixabas. Aqueles que

não podem ir até Aparecida terão a oportunidade de manifestar sua devoção à padroeira do Brasil e du-rante seis meses poderão expressar seu carinho, fazer seus pedidos e peregrinar com Maria tornando-se missionários com ela e recebendo suas bênçãos. A presença de Nossa Senhora é um consolo para os que sofrem e esperança para todos, por isso, é importante que cada região verifi-que os lugares mais necessitados para serem visitados: presídios, asilos, hospitais, casas de repouso, instituições de ensino e projetos sociais podem ser contemplados

A aparição da imagem de nossa senhora Aparecida

atualidade

nos roteiros locais, dependendo da realidade. O que se comemora é a data em que a imagem foi encontrada no Rio Paraíba. Em 2017 completa 300 anos e o Brasil inteiro se prepara para essa festa. Dentro do triênio de preparação para o jubileu teremos 3 etapas marcantes:

2015 a 2017, a visita da ima-gem às dioceses do Brasil;

12 de outubro de 2016, inau-guração do campanário no Santuário Nacional e a aber-tura do ano jubilar;

No ano de 1717, três pesca-

dores, saíram a pescar, numa

época escassa de peixes. Che-

gando ao “Porto de Itaguassu”,

a primeira coisa que caiu em

suas redes foi o corpo de uma

imagem quebrada, na altura do

pescoço. Num segundo lance

de rede, pescaram a cabeça da

mesma imagem. Juntando as

duas partes viu-se que se tra-

tava da Senhora da Conceição.

Depois do encontro da Imagem,

a pesca de peixes foi abundan-

te. Por assim ter aparecido, o

povo chamou-a de “Aparecida”,

nome consagrado pela devoção

popular.

Durante 15 anos seguidos, a

imagem ficou com uma família

da região, que a levou para casa,

onde as pessoas da vizinhança

se reuniam para rezar. A de-

voção foi crescendo no meio

do povo e muitas graças foram

alcançadas por aqueles que re-

zavam diante da imagem.

A fama dos poderes extra-

ordinários de Nossa Senhora foi

se espalhando pelas regiões do

Brasil. A família construiu um

oratório, que logo tornou-se pe-

queno. Por volta de 1734, o Vigá-

rio de Guaratinguetá construiu

uma Capela, aberta à visitação

pública em 26 de julho de 1745.

Mas o número de fiéis aumen-

tava, e, em 1834 foi iniciada a

construção de uma igreja maior

(atual Basílica Velha).

No ano de 1894, chegou a

Aparecida um grupo de padres

e irmãos da Congregação dos

Missionários Redentoristas,

para trabalhar no atendimento

aos romeiros que acorriam aos

pés da Virgem Maria para rezar

com a Senhora “Aparecida” das

águas.

No dia 8 de setembro de

1904, a Imagem de Nossa Se-

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12 de outubro de 2017, gran-de festa jubilar com a expec-tativa da presença do Papa Francisco.

Para a Arquidiocese de Vitó-ria, um momento especial que está sendo preparado com muito carinho é o retorno da imagem peregrina ao Santuário Nacional. As paróquias da Arquidiocese estão organizando caravanas que irão juntamente com os bispos acompanhar a imagem até Aparecida no final da visita. Já estão contratados mais de 70 ônibus.

informações sobre caravanas (27) 3025-6265

nhora da Conceição Aparecida

foi coroada, solenemente, por

Dom José Camargo Barros. No

dia 29 de Abril de 1908, a igre-

ja recebeu o título de Basílica

Menor.

Em 1929, Nossa Senhora

foi proclamada Rainha do Bra-

sil e padroeira oficial do país,

por determinação do Papa Pio

XI.

De lá para cá, a cidade de

Aparecida se tornou o principal

destino de peregrinação do país,

fruto da fé e devoção que não

para de crescer e se renova nas

novas gerações. n

05 de jaNeirow 9h em Aparecida: Missa de envio da Imagem Peregrina para a Arquidiocese

de Vitória, transmitida pela TV Aparecidaw 16h30: Recepção da imagem no aeroporto de Vitória, seguida de carreata

até a Catedralw 18h: Missa de acolhida da Imagem na Arquidiocese de Vitória, na Catedral

de Vitória.

23 de julhow 18h: Missa transmitida pela TV Aparecida, na Catedral de Vitória.

30 de julhow 9h: Missa de entrega da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida.

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micronotícias

um caderno com as folhas soltas

Rekonect : este é o nome do caderno que per-mitirá aos usuários orga-nizarem as folhas confor-me as suas preferências. Isso será possível graças a um espiral magnético que possibilita a retirada e a colocação da folha no lugar que desejar. A ideia é que seja lançado em abril do próximo ano.

como armazenara cebola de cabeça É hábito de muitas pessoas guardar a cebola de cabeça na geladeira , por conside-rar que assim ela dure mais tempo. Contudo, um estudo do Departamento de Agri-cultura Americano constatou que quando armazenada em temperaturas mais baixas, o amido é convertido em açú-car e o seu apodrecimento é

mais rápido. A melhor forma é armazená-la em local seco, fresco e bem ventilado, acon-dicionada em sacola de ma-lha, tipo meia-calça. Além de excelente tempero, a cebola é uma importante aliada contra infecções e é bastante eficaz contra gripes e resfriados, pois ajuda na limpeza das vias res-piratórias.

O verão é um período

oportuno para a prolife-

ração de formigas. Duas

soluções caseiras são efi-

cazes para combatê-las.

A primeira é jogar talco

de bebê nas tomadas com

formigueiro e a segunda

é fechar todas as frestas

com massa de vedação,

sabão ou qualquer outro

material vedante.

combate às formigas

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tecnologia para salvar o idioma A indígena Marie Wilcox tem 81 anos e é a última pessoa no mundo fluente no idioma Wukchumi. A etnia que já chegou a ter 50.000 pessoas, tem hoje somente 200 pessoas vivendo no Vale de São Joaquim, na Califórnia. Para não deixar o idioma morrer e com a tarefa de revivê-lo, Marie aprendeu a usar um computador para que conseguisse começar a escrever o primeiro dicionário Wukchumni. O processo levou sete anos, e agora que terminou ela não pretende pa-rar seu trabalho de imortalizar sua língua nativa. Em um documentário disponível na internet chamado Marie’s Dictionary, além de mostrar o árduo trabalho para preservar a língua, a anciã se queixa que nin-

O grupo cultural Estopô Balaio, formado por artistas migrantes, fez da estação Brás, localizada na região central de São Paulo, um ponto de encontro para muitos migrantes que fizeram da cidade paulista o seu lar. Eles ouvem as histórias, escrevem os relatos à mão e ainda fazem uma fotografia do remetente. Tudo é feito de forma gratuita e a ação faz parte do processo de criação do espetáculo “Nos Trilhos Abertos de um Leste Migrante”.

Artistas escrevem cartas em estação de trem em são paulo

guém quer aprender. Ela e a filha trabalham num dicionário em áu-dio para acompanhar o dicionário escrito.

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especial

Helenice de fátima muniz médica, especialidade em pediatria, pós graduada em psiquiatria, mestre em psicologia pela ufes e terapeuta de família

A qualidade da relação entre pais que se divorciaram

Cada vez mais se sabe que a relação entre o casal é fundamental para o

processo de educação e estru-turação dos filhos. A relação conjugal pode ser um espaço favorável ou desfavorável para o desenvolvimento físico, mental e social dos filhos. Venho obser-vando, no exercício profissional, que a criança reage aos desa-justes conjugais mostrando-se irritada, triste, tensa, descon-fiada, insegura, agressiva, com

É importante que os casais que vivem em conflitos sai-bam que eles podem trabalhar suas questões e se entender, porque grande parte delas se origina na história de vida de cada um. O melhor caminho é sempre procurar ajuda qualifi-cada para que os problemas não se tornem hábitos frequentes e terminem por ferir pessoas que um dia decidiram por um projeto de vida compartilhado. Por outro lado, aqueles casais

que constitui uma grave violên-cia psicológica, não apenas ao ex-cônjuge, porquanto atinge diretamente o psiquismo dos filhos. Eles esquecem que a relação entre eles continuará sendo uma referência para os seus filhos e que é necessário cultivar atitudes éticas, como o amor, o respeito mútuo e o cuidado com a vida do outro. Existem situações que não im-porta ter razão, mas sim resolver os conflitos com sabedoria, já dizia a psicóloga Renate Moraes. É necessário perguntar aos fi-lhos com quem querem morar, respeitando a liberdade de es-colha, enfatizando que esta es-colha não significa que se ama mais a um e menos ao outro. Os filhos precisam entender que o divórcio dos pais não é o fim da família, mas que se trata de outro arranjo familiar. Os laços afetivos qualitativos devem ser cultivados entre os pais, ainda que eles não tenham mais uma vida em comum. n

Os laços afetivos qualitativos devem ser

cultivados entre os pais, ainda que eles não

tenham mais uma vida em comum.

dificuldade de aprendizagem e socialização, ou expressam sintomas como dor abdominal, vômitos, constipação intestinal, cefaleia, febre sem explicação. A epigenética revela que crian-ças que vivem em ambiente de violência na gestação e infân-cia podem silenciar a expressão normal dos genes, predispondo ao desenvolvimento de trans-tornos mentais (Transtorno de Conduta, Personalidade Border-line, depressão, álcool e droga).

que decidiram pela separação e que o reajustamento não faz parte de seus planos, precisam saber como lidar um com o ou-tro e com seus filhos, a fim de adotarem atitudes que diminuam o sofrimento, ajudando os filhos a permanecerem equilibrados e a não deixarem de acreditar que o amor é possível e que uma relação a dois pode dar certo. Infelizmente, muitos casais co-metem erros graves ao tentar denegrir a imagem do outro, o

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passar por este mundo de modo

tranquilo e feliz

Há prazeres que de tão simples e naturais quase perdem a classi-ficação de prazer no hall das sensações. Falo de andar. E falo de andar porque acabei, dia desses, descobrindo – ou redescobrindo

– que o andar pode ser uma prática de meditação. Bem, assim propõe o budismo vietnamita. Então disse para mim mesmo: “Tá aí, é isso!” Gosto de andar, e este é um gosto que com certeza partilho com mi-lhões de seres humanos, e não sei exatamente porque gosto. Talvez mais do que a razão a explicar seja o corpo a manifestar-se pelo bem-estar. É bom andar. Mesmo quando andando penso empreitadas e desafios, problemas e dificuldades, perdas e saudades, ainda assim. É como se ao andar o peso do que já é pesado ficasse menor e a mente mais apta a dar-se às intuições e insights... ou a dar-se com o nada, com a vida seguindo. A meditação é uma prática importante e milenar de muitas tradições religiosas. E as tradições religiosas se confirmam e se distinguem por suas inovações-adaptações. O budismo inquestionavelmente tem em suas práticas de meditação valiosos patrimônios. Mas então, por estes ou aqueles fatores, o budismo do Vietnã incorporou inusitadamente o andar às práticas de meditação que a mais das vezes exigem um lugar, uma quietude, uma imobilidade. Uma referência para nós do mundo ocidental desta forma vietnamita de budismo é Thich Nhat Hang, que tem muitos dos seus livros traduzidos para o português e, inclusive,

ideias

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publicados por editoras católicas. Capturando ao meu jeito esta proposta de andar meditando, tem-perando-a com a experiência de trinta anos de prática clínica como psicólogo, referendando-a com mi-nhas buscas pessoais, apresento-a resumidamente em três pontos assim como segue, sem pedir a ninguém que me leve muito a sério, pois es-crevo mais como pretexto para uma prosa do que para ensinar qualquer coisa. Mas vamos lá. Primeiro: Se você tem a real intenção de pas-sar por este mundo de modo mais tranquilo, seguro e feliz você terá nessa prática a boa oportunidade de reaprender a andar. Isso mesmo, reaprender a andar. O aprender a andar constitui-se como um dos momentos mais sublimes da vida do ser humano. Toda a vida se abre naqueles gestos que intercalam que-das e reerguimentos. Reaprender a

andar recoloca bem diante de nossos olhos os propósitos da vida a que so-mos chamados. E a primeira coisa a notar é perceber que cada passo nos coloca no melhor momento da vida. Em cada momento há força, graça e encanto. Passos curtos sem serem lerdos. Passos compassados com a respiração. Passos que firmem nossos pés e confirmem em gratidão nossa experiência: vivemos. Segundo: de tal modo vivemos nos tempos atuais uma neurótica pressão para alcançar metas, para chegar ao sucesso, para alcançar objetivos que nem nos damos conta de que a vida acontece aqui, agora, e não lá no objetivo a ser alcançado, no sonho a ser realizado. Ao pra-ticar meditação andando, vamos... Vamos, simplesmente. E vamos sem nos endurecer no propósito de chegar. Ir não necessariamente para chegar. Terceiro, e concluindo: seguir andando com um meio sorriso no rosto. Como o que se valoriza é o ir,

dauri Batisti

o andar, e não a obrigação a cum-prir, a meta a alcançar, a meditação nos convida a levar no rosto um meio sorriso. Exatamente isso. Não apenas uma intenção, mas um meio sorriso. Somos convidados a arran-jar o rosto ao andar de modo que ele não se carregue de contrações, aquelas próprias do mau humor, da tristeza, da preocupação. Ou seja, por um meio sorriso manter o rosto luminoso. Um rosto que afirme a vida e diga sim aos encontros. n

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economia política

Velhas e novas agendas

A realidade política ante-cipou em muito o fim de 2015. Quando isso ocor-

reu merece interpretações diversas, sem que qualquer uma delas seja exclusiva. Pode ter terminado quando um governo eleito com uma proposta de necessário ajuste fiscal mas sem se dobrar à ortodo-xia, foi além do que ousava propor o candidato derrotado. Curvou-se aos ditames do mercado financeiro. A lista pode ser alongada por observadores da triste realidade política brasileira. A soma de qual-quer combinação de perguntas/respostas dificilmente levará a uma perspectiva otimista para o 2016 que já começou. Como nos ensinou Mestre Paulo Freire, a alternativa brasileira ao otimismo tem que passar longe do pessimismo; há que se ter esperança.

Esperança que o calendário gregoriano em 2016 abra a discus-são política no País para temas mais propositivos e menos belicosos. Se é difícil imaginar-se um debate na linha de pacto social – como o proposto pela CNBB em nota no final de outubro - que se pense en-tão em alterações em alguns vícios antigos no cenário brasileiro. Um deles é que só o governo federal pode capitanear mudan-ças sociais e econômicas no País. Governos estaduais e municipais precisam sair da zona de conforto de justificar com a crise toda para-lisia de ideias inovadoras e ações transformadoras. Há muito que pode ser feito com recursos limita-dos se o fazer se dá acompanhado por uma efetiva mobilização de pessoas genuinamente compro-metidas com mudanças. É preciso também superar o vício que só grandes empre-endimentos podem promover o crescimento econômico. O de-sastre provocado pela Vale/BHP/Samarco com os ainda incalculá-veis impactos ambientais, sociais

arlindo Vilaschiprofessor de economia e coordenador do grupo de pesquisa em inovação e desenvolvimento capixaba da ufes

“A somA de QuAlQueR combinAção de peRguntAs/RespostAs dificilmente leVARá A umA peRspectiVA otimistA pARA o 2016 Que já começou. como nos ensinou mestRe pAulo fReiRe, A AlteRnAtiVA bRAsileiRA Ao otimismo tem Que pAssAR longe do pessimismo; há Que se teR espeRAnçA”.

e econômicos podem ilustrar o quão negativo pode ser a influência política de grandes conglomera-dos empresariais. A eles ficaram subordinadas até agora a maioria das ações proativas dos governos federal, estaduais e municipais. Tomara que passados os primeiros trinta dias de ações desordenadas mas majoritaria-mente favoráveis aos interesses das empresas que provocaram o desastre, 2016 comece com o poder público se colocando em defesa de inúmeros e difusos interesses sociais, econômicos e políticos de pequenas comunidades. Esses, somados ao muito que precisa ser feito para o resgate do meio am-biente degradado, podem ser uma primeira lista de desejo para que a partir de 2016 se quebre com a histórica preferência por privile-giados que domina a economia política brasileira. Um 2016 de paz e harmonia! n

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espiritualidade

dom rubens sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Cristão bilíngue

cos, aprenderemos essa nova língua. Por exemplo, o mundo hoje valoriza somente o que é au-têntico e transparente. O mun-do não tolera hipocrisia, isto é, falar uma coisa e fazer outra. O Papa Francisco tem falado várias vezes sobre a hipocrisia na Igreja. Reformar ou reorgani-zar a sede visível da Igreja que é a Santa Sé (Vaticano) é uma coisa, já reformar a Igreja toda no espírito do Vaticano II, como quer o Papa Francisco, é outra

O cristão atual tem que falar duas línguas: a língua religiosa ma-

terna e a língua do “mundo”. A maioria dos cristãos fala so-mente a língua religiosa, daí a incomunicabilidade entre a Igreja e o mundo. Não nos en-tendemos mutuamente porque falamos línguas diferentes.

coisa. Vejamos alguns pequenos exemplos de corrupção: muitos “bons católicos” quando vão comprar material de construção para alguma reforma, preferem a compra “sem nota”, sonegando impostos, porque é mais barata! Outros se utilizam de pessoas idosas, gestantes ou crianças de colo para obter benefícios pre-ferenciais. Jogam lixo, restos de construção nas ruas, nos valões e locais impróprios. Atitudes ra-cistas e discriminatórias. Dirigir automóvel após ingerir bebida alcoólica ou falando ao celu-lar. Utilizar os bens da empresa em que trabalha para benefício pessoal. Fazer “gato” roubando energia elétrica ou TV a cabo, etc... Não é fácil para os passari-nhos criados em gaiola saírem da segurança do cativeiro a que estão acostumados, para o risco da liberdade. A liberdade dá medo, mas, criamos coragem confiando nas palavras do Mes-tre: “A verdade vos libertará”. Para nós cristãos a verdade tem nome: Jesus, caminho, verdade e vida. n

A liberdade dá medo, mas, criamos coragem

confiando nas palavras do Mestre: ‘A verdade

vos libertará’. Para nós cristãos a verdade tem

nome: Jesus, caminho verdade e vida.

Falamos na Igreja, princi-palmente, para nós mesmos e, geralmente, nos entendemos muito bem entre nós. Mas, quando se trata de falar com os de fora da Igreja, parece conversa de surdos. O Papa Francisco fala as duas línguas. Curiosamente, a meu ver, o Papa é muito mais compreendido pelo “mundo” do que internamente na Igre-ja. Nossos ouvidos não estão acostumados com essa língua estranha e creio que, aos pou-

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Ao ouvir a frase do Papa Francisco que afirmou: “existe apenas mãe... ser

mãe não é um estado civil”, por várias vezes (muitas mesmo) parei para avaliar toda a abrangência dessa frase tão curta. Acredito que Francisco falava de se colocar o amor aos filhos em primeiríssimo lugar e, mesmo con-trariando as regras de comunhão do matrimônio, educá-los e trazê-los dentro dos ensinamentos cristãos. A caminhada nos ensinamen-tos de Cristo leva-nos ao exercício do amor, caminho que pode ser trilhado sozinho ou com a presença de companheiros de caminhada. Para mim, o fato de ser mãe sozinha, sem um companheiro, me trouxe uma série de responsabili-dades que seriam mais amenas se fossem realizadas por um casal. Quais responsabilidades? Por exemplo, a vigília de meu filho doente que poderia ser abran-dada pelo revezamento com o pai, ou então, a responsabilidade de levá-lo até à escola... de consultar o dentista e o pediatra, ou ainda,

não existe mãe solteira. mãe não é estado civil

aspas

sentar uma tarde na praça enquanto construíamos castelos de areia com os colegas. Tudo isso poderia ser uma tarefa compartilhada, mas acabei trilhando sozinha por esse caminho e tornei-me responsável por todas as tarefas cotidianas, de acompa-nhamento do novo indivíduo que trouxemos ao mundo. Nesse processo presenciei, sem um companheiro, os olhos fe-bris que me olhavam com a certeza de que um beijo meu poderia curar qualquer doença, ou o primeiro dia de aula que verteu lágrimas dos meus olhos (na certeza absoluta de que ele não sobreviveria sem minha presença), do dentista vieram os dentinhos que guardo comigo em um porta-jóias e, enfim, da praci-nha resultaram novos amigos para mim e para ele. Minha relação com meu fi-lho me fortaleceu mais com a ausência de um companheiro? Tornei-me uma pessoa mais for-te? Capaz de pequenos gestos de altruísmo? Certo é que minha fé no pró-

ximo se fortaleceu e as mãos, es-tendidas em meu auxílio, se mul-tiplicaram! Sei que, ao optar por gerar uma vida, ganhei um filho – amigo - comparsa - conselheiro para todas as horas. Mas, então, o que oprime tanto nesse rótulo de ‘Mãe Solteira’? Os fiscais que qualificam o indivíduo A ou B como merece-dores da chancela de boa pessoa! Ao equiparar solteiras, viúvas e casadas com o único papel de genitoras, que devem ser acolhidas igualmente pela comunidade, o Papa Francisco deu-me um pouco mais de fé em nossa sociedade. E, em sua recente fala, em Los Ange-les, o Papa veio sacramentar esse pensamento e fortalecer a certeza que tenho na caminhada, quando disse à uma mãe: “Você é uma mulher incrível, porque você trouxe suas filhas ao mundo, você poderia tê-las matado no seu útero, mas você respeitou a vida. Ande de cabeça erguida.” n

Papa Francisco

diovani favoretoHistoriadora

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caminHos da BíBlia

em jo 1,35-51

Os discípulos missionários

Parte i

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No Quarto Evangelho, tam-bém conhecido como o de São João, o discipulado

exterior, ou seja, desenvolvido na missão, tende a se interiorizar, já que os discípulos são convidados a estarem com o Senhor e serem introduzidos na comunhão com o Pai. Os discípulos são conduzidos a uma intimidade profunda com o próprio Jesus, a fim de que se tornem suas testemunhas, permane-cendo Nele e sendo guiados pelo seu Espírito. Neste caso, os aspectos da vocação, do seguimento, da expe-riência pessoal e da profissão de fé realizada na missão são essenciais para a compreensão do discipulado presente no Evangelho. O relato do chamado dos pri-meiros discípulos em Jo 1,35-42 é muito diferente do presente nos outros Evangelhos, pela sua estru-tura, forma, bem como pela sua ambientação. No relato do Quarto Evangelho estão presentes quatro etapas bem claras, que se apresen-tam como necessárias para que o discípulo tenha a capacidade de seguir as escolhas que são próprias do discipulado. Isto é, na narração se encontram os pontos fundamentais do discipulado para o evangelista, esses que devem ser cultivados e desenvolvidos no caminho de vida de cada discípulo missionário, que são: o testemunho (Jo 1,35-46); o seguimento (Jo 1,37-38); a experiên-cia pessoal (Jo 1,39-40) e a missão (Jo 1,41-42).

O Testemunho nasce de um anúncio qualificado, isto é, alguém que pode declarar com vigor e efi-cácia a experiência que fez em pri-meira pessoa. No texto em questão, o primeiro testemunho vem pela palavra de São João Batista, sendo esse eficaz e cheio de significado: “Eis o Cordeiro de Deus” (v. 36). Da mesma forma, a palavra pro-nunciada por André é firme e clara: “Encontramos o Messias” (v. 41), bem como, àquela que Felipe dirige

pe. andherson franklin, professor de sagrada escritura no iftaV e doutor em sagrada escritura

para a qual ele sempre deve retornar, no intuito de jamais abandonar o caminho do seguimento. A confirmação da fé, por meio do testemunho recebido através do anúncio de testemunhas, consen-te ao futuro discípulo começar o seu seguimento, iniciar o caminho do discipulado missionário. Como aconteceu com os discípulos de João Batista, a estrada apresentada deve levá-lo diretamente ao Mestre, a um diálogo íntimo e pessoal com Ele: “os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus” (v. 37). Da mesma forma, o testemunho de André dá início ao seguimento de Simão: “Ele o conduziu a Jesus” (v. 42), bem como, as palavras de Felipe, dão início ao caminho de seguimento de Natanael: “Jesus vendo que Na-tanael vinha ao seu encontro” (v. 47). Nestes encontros de Jesus com seus futuros discípulos é colocada, mesmo que implicitamente, uma pergunta: “o que vocês procuram?”. Uma pergunta que estimula e con-duz a uma reflexão profunda, um perguntar-se sobre o sentido mais amplo e verdadeiro do seguimento. A pergunta de Jesus, não exprime um desejo de saber, mas sim, tem o intuito de ajudar aos discípulos a tomarem consciência do próprio caminho e verificarem a autentici-dade do chamado de Deus. n

A confirmação da fé, por

meio do testemunho

recebido através do

anúncio de testemunhas,

consente ao futuro

discípulo começar o seu

seguimento, iniciar o

caminho do discipulado

missionário.

à Natanael: “Encontramos aquele que de quem escreveram Moisés na Lei e os profetas: Jesus filho de José de Nazaré” (v. 45). O primeiro anúncio e testemunho é sempre um desejo de Deus, uma ação divina que se serve de suas testemunhas para comunicar uma verdade. Este lugar do primeiro encontro deve se tornar para o discípulo uma fonte perene

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exposição

leit

uRA

Vídeo, fotografia e escultura

chatô, o Rei do brasil

perdas e ganhos

sugestões

Chegou às telonas, 20 anos depois do início da produção, o filme “Chatô, o rei do brasil”. o longa é a narrativa não linear da vida de assis Chateubriand, o pioneiro da televisão brasileira na década de 50 e fundador do masp. os fatos são narrados de forma bem-humorada e cheia de devaneios por parte do personagem, que relembra sua vida em seu leito de morte. em vitória, o filme está em cartaz no Cinemark shopping vitória e Cine Jardins

Início de ano sempre inspira definição de metas e prioridades tanto no ambiente de trabalho, escolar e para a própria vida. Uma boa dica de leitura é o livro “Perdas e Ganhos” (Ed. Record, 2003), de Lya Luft. A romancista testemunha na obra o seu processo de amadurecimento pessoal e trata sobre as várias fases da vida, deixando ao leitor que é preciso abrir-se para transformar e que é preciso reaprender o que é ser feliz.

praia dos padres e meaípe Tranquilidade. Quem deseja curtir o verão, mas sem o agito corriqueiro das praias durante a alta temporada, a Praia dos Padres é o lugar adequado. Ela está localizada em Santa Cruz (Aracruz) e é embelezada pelos recifes e vegetação de restinga da região. Já quem busca um verão mais agitado, uma boa opção é a praia de Meaípe, em Gua-rapari. Além da boa moqueca capixaba, o tradicional bolinho de aipim, as férias podem ser pre-enchidas pelas intensas opções de atividades noturnas.

lAzeR

O Museu de Arte do Es-pírito Santo (MAES), no Cen-tro de Vitória, recebe até 31 de janeiro a exposição “Ten-tativas de Esgotar um Lugar”. A mostra reúne o trabalho dos artistas André Arçari, BeatriZanchi, Charlene Bica-lho, Gabriel Menotti, Polliana Dalla Barba e Sandro Novaes e é composta de vídeos, fo-tografias e esculturas varia-das. A visitação acontece de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas e aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas.

cinemA

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ViVer Bem

Li em um blog recentemente o seguinte título: “viajar deixa as pessoas muito mais felizes

do que bens materiais”, e pensei – estão falando de mim! Viajar me deixa em êxtase antes, durante e depois, superando sempre, com muita autoterapia, o pânico total quando a viagem é de avião. Com amigos, em família ou viajando a dois - meu marido é companhia constante -, a escolha da compa-nhia é fato relevante para o sucesso da viagem. O prazer começa no planejamento, na definição do des-tino e do roteiro. De carro, avião ou navio, ainda não viajei de trem, qualquer aventura é prazerosa. A cada destino muita leitura para familiarizar-se com o local. Descobri, juntando muitas dicas de viagem, que podemos conhecer o mundo com poucos recursos, sem fluência em outras línguas e com muita vontade de aventura na bagagem. Assim, pelo menos uma vez por ano procuro fazer uma grande viagem, e nos intervalos, viagens mais curtas e próximas. Com uma mochila

é mudar a roupa da alma

Viajar

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lucienne rusciolelli Bastos

nas costas e uma mala média nas mãos, condição obrigatória é sempre pouca bagagem, vou intercalando viagens de longa ou curta duração. Os preparativos para a via-gem fazem parte do ritual de feli-cidade. Preparar com antecedên-cia os documentos necessários, equipamentos, máquinas foto-gráficas, adaptadores de energia, roupas adequadas, entre muitas outras tarefas, me deixam com o sentimento de que a viagem começou. A cada destino vamos experimentando novos costumes, hábitos, arquitetura, moda, servi-ços públicos, entre outros, dife-rentes dos nossos, seja dentro ou fora do nosso Brasil. De lugares como a simples e bela Caraíva, na Bahia, com sua rústica vila de pescadores onde todas as ruas são areia de praia, e o transporte é canoa na água e charrete nas ruas, que nos faz sentir uma sensação de total interação com a natureza ou, como a famosa e requintada Paris, na França, com sua história, glamour e gastronomia, que nos faz sentir parte da história, vou passando por todos os lugares de forma curiosa e sedenta de novas experiências. Aventura e prazer são pala-vras que acompanham os aman-

tes de viagem. Felicidade que irradia desde um simples pôr do sol aos monumentos históricos. Seja qual for o destino, a alegria é de conhecer pessoas, pois sem-pre conhecemos alguém, ou de rever velhos amigos e parentes distantes. No fim, terminada a viagem, retorno para casa quando inicio nova pesquisa em páginas nas redes sociais, aplicativos no celular e blogs, buscando dicas e promoções de passagens aéreas e pacotes de viagem, para aqui-sição do próximo destino. Viajar significa conhecer novos países, novas cidades, novas pessoas e novos costumes. Faço minhas as sábias palavras de Mário Quin-tana: “Viajar é mudar a roupa da alma”. n

TICKET

TICKET

lucienne rusciolelli paiva Bastos

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diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

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O cristão e o dinheiroTodos os dias a maior parte dos

noticiários da mídia trata, ora da situação econômica do

país, ora de roubos, assaltos a bancos, ora de assaltos a residências e tantos outros fatos e situações humanas que se referem ao dinheiro. O dinheiro provoca muita con-fusão nas relações humanas. Mata-se com certa facilidade por causa do dinheiro. Há grupos econômicos e poderes dentro do poder constituído que se movimentam em volta do dinheiro. E o cristão? Qual o olhar do cristão para o dinheiro? Será um olhar diferente? Se não for, é hora de ser diferente porque o cristão, pelo batismo, foi introduzido na fa-mília de Deus, chamado a anunciar e testemunhar o Reino Deus. Mas o cristão não pode viver ou ficar sem o uso do dinheiro. O que fazer? Como ser? Como agir? Tenho para mim que o olhar do cristão sobre o dinheiro deve ser o olhar de Jesus Cristo. Ele, no templo repreendeu os vendilhões. O dinheiro usado de maneira errada que explora as pessoas é um dinheiro maldito. O dinheiro maldito é, pois, aquele que é usado para destruir o ser humano. O dinheiro que fabrica armas para matar, bombas de todo o tipo para destruir o ser humano. O dinheiro

usado para o tráfico humano e drogas que provoca violência e derramamen-to de sangue. O dinheiro para comprar a dignidade do ser humano, o uso do dinheiro para manter-se no poder, barganhas e compras de cargos sem levar em consideração o bem comum, é sem dúvida dinheiro maldito. Nas festas religiosas o dinhei-

ro adquirido através de vendas de bebidas alcoólicas que podem ge-rar brigas no ambiente das festas, nas famílias, que levam os doentes alcoólicos à sua destruição como seres humanos, também, como todo o dinheiro que gera violência, é di-nheiro maldito. Não tem a bênção de Deus. Lembro-me das palavras

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O cristão e o dinheirodo Papa Francisco em homilia no final do ano passado: “O dinheiro adoece o pensamento e a fé e leva à vaidade e à soberba”. Contudo, Jesus, observando as esmolas postas nos cofres do templo, mostra o outro lado, quando ressalta em seu ensinamento o gesto da pobre viúva. Ela doara o que lhe fazia falta

para sobreviver, o pouco que tinha. Esse dinheiro é bendito, abençoado. Há, pois, o dinheiro bendito, aquele que promove e edifica a pes-soa humana, a sociedade, a comuni-dade cristã. Há o dinheiro maldito. Aquele que é usado para destruição do ser humano e gera violência de todo tipo.

Lembra-se das trinta moedas de Judas? O dinheiro foi usado para a traição de Jesus. Quem dá sentido e nome às coi-sas é a pessoa humana. O dinheiro não dirige o homem, mas o homem é quem dá sentido ao dinheiro. Considerar normal usar o dinhei-ro para fazer bombas que matam o ser humano, para explorar o ser humano, para trapaças e traições, é problema do coração humano que determina, decide o que fazer e como fazer uso do dinheiro e não do dinheiro. Resta-nos fazer um exame de consciência sobre as razões de nossas escolhas: escolhemos a maldição pelo uso do dinheiro maldito ou a bênção pelo bom uso do dinheiro. O olhar de Jesus Cristo ilumina--nos. O discípulo e a discípula de Jesus querem aprender de Jesus e, com Jesus, olhar e agir como Jesus. Como você faz uso do dinheiro? Concluo com o ensinamento de Jesus: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o ca-runcho os corroem e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós os tesouros nos céus, onde nem a traça nem o caruncho corroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam; pois onde está o teu tesouro aí está também teu coração” (Mt. 6,19- 21). n

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comunicação

A imagem de si e os

desejos coletivos

miguel pereiraprofessor da puc-rio e crítico de cinema

A câmera voltada para si é a imagem mais comum na paisagem social do

mundo contemporâneo. O desejo de se sentir curtido e aprovado pelos amigos e seguidores virou uma espécie de febre coletiva. Essa compulsão não é nova. Os álbuns fotográficos representam a memória visual das nossas vi-das, embora esse fosse hábito restrito e eventual. Batizados, casamentos, datas comemorati-vas, vida familiar e, óbvio, para as pessoas de maior poder aqui-sitivo, os diários imagéticos das viagens. Hoje, fotografa-se e fil-ma-se tudo. Pessoas, paisagens, viagens, inutilidades, utilidades, espaços e tempos supérfluos que na maioria das vezes são des-cartados e pouco visitados. É o registro do presente que se torna passado no seu próprio ato. Mesmo com o deslocamento para as lixeiras, essa imagens não desaparecem. Migram para as nuvens ou empresas que as comercializam. É um mundo novo que se descortina. As estradas virtuais condu-zem a uma intimidade de partilha que é sagrada. O salto de quali-dade que representa o mundo vir-

tual tem como primado o diálogo sem fronteiras, o conhecimento mútuo, o aprofundamento das relações e um lugar contraditório em que o homem se mostra para o outro como ele é, tanto para o bem como para o mal. Vivemos num emaranhado mundo de conflitos. Talvez, o exemplo histórico de convivência pacífica que se deu no Século Nono, na Espanha, possa servir de inspiração para soluções atu-ais. Naquele período, mulçuma-nos, judeus e católicos conviviam e interagiam na paz e no respeito mútuo, cada grupo obedecendo à sua vocação social mais proemi-nente. Do comércio às ciências, da educação às festas populares e às artes, tudo funcionava de modo harmônico e cooperati-vo. Foi uma lição de tolerância, compartilhamento e paz. O ato de registrar o bem e a paz é uma forma de responsabi-lidade individual e uma relação com o “outro”. A era digital nos insere no chamado mundo co-nectado, independentemente da nossa vontade. Entramos num espaço de compartilhamento e numa forma nova de vida onde as moedas mais preciosas são

a aceitação, a posição e o pres-tígio social. Nesse contexto, um novo sujeito está surgindo. Não sabemos ainda quem ele é. Tanto pode estar a serviço da guerra como da paz, da so-lidariedade e da defesa da casa comum, expressão usada pelo Papa Francisco na Laudato si. Precisamos de alguma âncora para nos conduzir nessas novas estradas e entendermos o nos-so lugar no espaço virtual. Se agora substituímos o álbum de fotografias pelo registro das ima-gens do nosso cotidiano, preci-samos compreender que estamos num mundo em transformação tecnológica acelerada e num ambiente, queiramos ou não, de compartilhamento, desejos, escolhas e caráter. Não existe mais o registro sem compro-misso. As facilidades conduzem ao excesso e criam identidades superficiais. Sejamos mais eco-nômicos e seletivos no olhar que lançamos sobre o mundo. O que produzimos no ambiente virtual não é mais só nosso. n

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Foto

: Let

ícia

Baz

et

pensar

manguezal em Regência após desastre ambiental no Rio doce

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Quaresma, tempo de conversão rumo à Páscoa

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Meditando a palavra 3PáscoaPadre Augusto César Pereira

144

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Meditando a palavra 2QuaresmaPadre Augusto César Pereira

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paz: construção e desconstrução pela mídianesta entrevista, conversamos com a pesquisadora de mídia, religião e política magali do nascimento cunha, professora do programa de pós-graduação em comunicação social da universidade metodista de são paulo e membro do conselho mundial de igrejas (cmi). o fio condutor da conversa foi os conflitos mundiais, seus desdobramentos, motivações e possíveis saídas desse contexto.

entreVista Ricardo Alvarenga

os veículos nacionais que têm correspondentes internacionais, mas ainda estes compõem seus textos com material que cole-tam das agências, como outras pesquisas também revelam. Isto acaba se refletindo nas mídias sociais, pois parte do conteúdo delas é reprodução do que se veicula nas grandes mídias. Nesse sentido, o que acontece nos Estados Unidos e na Europa acaba tendo mais repercussão do que o que acon-

tece em países e regiões mais periféricas. Claro que, no caso da França, lemos e assistimos a manifestações de solidariedade importantes e necessárias. No entanto, fica o questionamen-to: e os outros casos até mais graves? Poderíamos citar a Sí-ria, o Afeganistão, a Nigéria, o Sudão e muitos outros locais da chamada “periferia do mun-do”, que vivem situações de terror e morte com resultados mais dramáticos do que o que foi experimentado em Paris. Denomino este processo “soli-dariedade seletiva”, resultante justamente deste contexto de colonização das mídias.

vitória - Grande parte desses conflitos envolve uma questão religiosa de fundo. a senhora acredita que isso proporcione intolerância re-ligiosa e discriminação das religiões de raiz islâmica?Magali Cunha - Sim, sem dú-vida. Há vários exemplos de

vitória - em diversos países do mundo, povos estão viven-do em verdadeiros cenários de guerra. Mas, recentemen-te, com os atentados na Fran-ça, essa questão emergiu na mídia e principalmente nas mídias sociais. Qual a sua avaliação sobre a cobertura midiática desse tema?Magali Cunha - A cobertura no-ticiosa internacional das gran-des mídias no Brasil sempre foi colonizada, submetida aos conteúdos das mídias no Norte Global. Isto é histórico por con-ta do predomínio das agências de notícias internacionais que estão localizadas, desde os seus primórdios, na Europa e nos Estados Unidos. Há pesquisas que mostram claramente que os conteúdos noticiosos das agên-cias são claramente marcados pelos interesses geopolíticos dos seus países de origem e isso acaba sendo reproduzido no noticiário dos veículos que as reproduzem. São pouquíssimos

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conflitos políticos que têm relação com grupos religiosos: aqueles que envolvem o budismo na Índia, o Sri Lanka, na China, no Tibete; os movimentos por independência da Irlanda do Norte que opunham católicos aos anglicanos britânicos; e, claro, os mais recentes grupos radicais entre os islâmicos.

Quando estudamos a fundo estas questões políticas, vemos que têm quase nada de religiosas. Na maior parte delas, há uma identidade reli-giosa de grupos que lutam por suas bandeiras políticas, mas estes não são representantes de suas religi-ões. No entanto, o emblema reli-gioso acaba sendo ressaltado, seja pelos próprios grupos que o usam para fins de embates ideológicos (como o faz o grupo denominado Estado Islâmico), seja pelas mídias que vêem na questão religiosa um ingrediente a mais para o apelo ao drama dos atentados e das guerras. O problema é que isto estigmatiza os grupos religiosos e, de fato, gera ações de intolerância da parte de quem se vê impelido a combater a violência.

vitória - os atentados terro-ristas acabaram por estigmati-zar os povos do oriente Médio. Quais seriam os impactos desse processo para as nações?Magali Cunha - A superficialidade no trato e na compreensão da vida desses povos nos âmbitos social, político, econômico e cultural.

Passa-se a compreender estes gru-pos humanos a partir do olhar da violência que sofrem e que prati-cam, mas nada ou quase nada se apreende deles como agrupamentos sociais que têm suas dinâmicas nas diferentes esferas da vida. Isto é péssimo, pois promove preconceito e discriminação, o que pode ser visto em relação aos refugiados. Promove também fechamento ao intercâmbio cultural, às parcerias econômicas. Vide o caso do diá-logo Brasil-Irã que foi duramente criticado nas mídias, com base pu-ramente nos estigmas construídos ao longo das últimas décadas em relação a este país.

vitória - alguns comentários nos meios de comunicação espe-culam sobre uma terceira guerra mundial. Pode acontecer?Magali Cunha - Quando falamos em terceira guerra mundial, temos em mente aquelas imagens dos conflitos do século XX. É outro tipo de cultura de guerra. Ele não existe mais. As guerras hoje são marcadas por recursos tecnológicos que evitam ao máximo as incursões presenciais (os embates físicos de exércitos) e pelas estratégias de inteligência. O terrorismo em alta também é uma característica dife-renciada do que foram os conflitos armados do passado. O Papa Fran-cisco disse que já estamos vivendo uma terceira guerra e esta mundial, de fato, pelo número de conflitos armados espalhados pelo planeta.

Nesse sentido, pensando nestas transformações na cultura da guer-ra, creio que o Papa tenha razão.

vitória - Qual o posicionamen-to do Conselho Mundial de igre-jas e quais as suas contribuições para sair desse cenário?Magali Cunha - O Conselho Mun-dial de Igrejas (CMI) foi inaugu-rado em 1948 num contexto de guerra. Na verdade, duas das fontes que deram origem ao movimento

entreVista

Que os próprios usuários das mídias

digitais se desarmem e aprendam a fazer uso destes espaços com

diálogo respeitoso, ainda que haja divergências. Tudo isto faz parte do

processo de humanização tão urgente para que

haja paz.

revista vitória I Janeiro/201630

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ecumênico que tornaram possível a criação do CMI foram a Alian-ça Mundial para a Promoção da Amizade Internacional através das Igrejas e o movimento Vida e Ação, ambos gerados pelos movi-mentos internacionais cristãos pela paz, que intensificaram suas ações durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Com a fundação do CMI, foi criada a Comissão das Igrejas para Assuntos Internacio-nais, agência que permanece atuan-do no organismo trabalhando pela resolução pacífica de conflitos, pelo desarmamento e a reconci-liação entre países e grupos.

Uma importante ação do CMI foi A Década Ecumênica de Supera-ção da Violência (2001-2010), a fim de fortalecer os esforços e as redes já existentes de prevenção e superação da violência assim como inspirar a criação de ou-tros. Paz e reconciliação foram as palavras-chave nesta ação que buscou sensibilizar sobre as formas de violência: interpessoal, econô-mica, ambiental, militar, tanto na sociedade quanto nas famílias e até na Igreja.

Estudos teológicos cristãos e in-terreligiosos dentro da temática foram promovidos e ações con-cretas foram realizadas, como o Programa Ecumênico de Acompa-nhamento à Palestina e a Israel, a Rede Paz na Cidade, a criação do Dia Internacional de Oração pela

Paz (21 de setembro, mesma data do Dia Internacional da Paz, da ONU) e o Programa Cartas Vivas (pequenos grupos de homens e mulheres ecumênicos que visitam um país marcado por conflitos e violência para escutar, aprender e compartilhar problemas e para idealizar soluções para superar a violência e construir a paz, assim como para orar juntos pela paz na comunidade e no mundo).

A década foi encerrada em 2011 com a Convocatória Ecumênica Internacional pela Paz, realizada em maio de 2011 em Kingston, Jamaica. O encontro celebrou as realizações da Década e, ao mesmo tempo, estimulou pessoas e Igrejas a renovarem seu compromisso em favor da não-violência, da paz e da justiça.

Na 10ª Assembleia do CMI, rea-lizada na Coreia do Sul, em 2013, foi lançado um convite aos cristãos de todo o mundo: engajarem-se numa Peregrinação de Justiça e Paz. O convite tem uma mensa-gem importante: as igrejas estão numa peregrinação neste mundo, a caminho de outro mundo possível, como diz a Bíblia, de “um novo céu e uma nova terra”. Vivem e trabalham por isso. A preposição “de” faz toda a diferença: não uma peregrinação pela justiça e pela paz, mas “de” justiça e paz. Uma jornada que os cristãos mesmos devem testemunhar, dentro de suas

comunidades religiosas, entre elas e com as outras religiões.

vitória - Celebra-se em ja-neiro o dia da Paz Mundial. No contexto em que vivemos, quais apontamentos nos conduziriam para uma sociedade mais pacífica e fraterna?Magali Cunha - Vou indicar um que tem relação com o meu traba-lho: a humanização e a descoloni-zação das mídias. As mídias têm um papel fundamental como me-diadoras entre os grupos sociais: são veículos que tornam possível o intercâmbio de informações, a educação para o diálogo e a am-pliação do conhecimento (a noção de aldeia global).

Ocorre que com a colonização das mídias e a partidarização de interesses políticos e econômicos que as envolvem, elas não têm cumprido este papel. Portanto, é pelas mídias alternativas, tornadas mais visíveis pela internet que se torna possível esta humanização dos veículos. Significa também um enfrentamento da colonização, à medida que se garante espaço para os grupos periféricos. E ainda tem um elemento importante: que os próprios usuários das mídias digitais se desarmem e aprendam a fazer uso destes espaços com diálogo respeitoso, ainda que haja divergências. Tudo isto faz parte do processo de humanização tão urgente para que haja paz. n

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mundo litúrgico

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

Nos primeiros domingos do Tempo Comum pode-se perceber, pela Liturgia da Palavra, à semelhança do Tempo

do Natal, a continuidade das manifestações do Senhor, agora no início de sua vida pública e ministério messiânico. Aliás, a Palavra proclamada na assembleia litúrgica, ou mesmo contemplada na oração pessoal, sempre tem esse caráter de manifestação (epifania) do Senhor aos que celebram o mistério de Cristo. A narrativa das bodas de Caná (Jo 2,1-11), proclamada no 2º Domingo Comum (Ano C, neste 2015), figura a revelação de Jesus como Cordeiro de Deus, Messias e Esposo, marcando a sua clara e definitiva relação com o gênero humano. Ele é o mediador da comunhão das criaturas com o Criador, intercessor contínuo junto ao Pai e salvador de todos, em permanente relação amorosa com a sua Igreja, a qual é a portadora da alegre e sempre atual notícia de vida e ressurreição.

Os batizados – novo povo constituído, em

As bodas da vidaAliança, pelo mistério da Páscoa de Cristo - celebram, na contínua liturgia, em tom de memorial, o ápice da entrega e do amor do seu Divino Salvador: a sua paixão, morte e ressurreição. Dessa forma, os crentes vivem, ritualmente, essa verdade de fé, transpondo-a, em tom de conversão e missão, aos mais diversos espaços e estágios da vida, como caminho de convivência, evangelização, santificação e assimilação dessa nova ordem promulgada por aquele que continuamente renova a existência e a história. Desperta, dessa forma, em toda a criação um novo olhar e adesão à vida verdadeira, a qual transcende a realidade corporal e material das criaturas. Que a vida litúrgica, patrimônio místico dos cristãos, seja, em prática e eficácia, o cume e a fonte dos que professam a fé no Filho de Deus, e fazem da sua existência a prazerosa vivência nupcial com Ele! n

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eleições

o que devemos pensar para as

próximas eleiçõesEntraremos em mais um ano

eleitoral. As armadilhas são muitas, mas também

há possibilidades. Vivemos em um tempo em que a política virou o principal assunto generalizado: de reuniões de família a conversas de bote-quim, passando por programas humorísticos e declarações de can-tores, atores e esportistas, todos se sentem “politizados” de uns tempos para cá. Isso seria positivo, não fosse o fato de que as discussões têm se dado no nível mais baixo de conhecimento sobre o funciona-mento do Estado, do papel dos poderes, dos mecanismos eco-nômicos que movem a política real, da dinâmica das lutas sociais, etc. A pauta das conversas tem sido ditada e orientada por um dos principais agentes de interesses privados na política: as grandes empresas de comunicação, que constituem um dos oligopólios mais ricos e poderosos do país. Tal fato gerou um grande paradoxo: a população, ao mesmo tempo em que se sente politizada

porque lê revistas e jornais, não é capaz de interferir na composição dos poderes que deveriam repre-sentá-la. Age apenas nas situações em que as empresas de comuni-cação dizem ver um escândalo ou uma medida ruim – inclusive sem se perguntar “ruim para quem?” Por isso, a cada eleição, elegem-se figuras cada vez mais grotescas e representantes sem ne-nhuma capacidade de pensar e de-liberar sobre as políticas públicas de interesse da maioria. Religiosos fundamentalistas, apresentadores de programas “mundo cão”, falsos pastores usurpadores de dinheiro dos fiéis, representantes diretos de grupos econômicos são exemplos dos atuais protagonistas que trans-formaram nossas casas legislativas em um circo de horrores. Todos legitimados pelo voto popular. Para 2016, questões funda-mentais para o município podem ser contempladas em projetos que pensem a cidade e seus habitantes em conjunto, integrando políti-cas de mobilidade social com a questão ambiental; de acesso aos serviços públicos para os mais

maurício abdallaprofessor de filosofia da ufes

pobres com a criação de justiça no espaço urbano de moradia e lazer; da situação de moradores de rua com a percepção dos habi-tantes da cidade como portadores de direitos, etc. Estamos preparados para es-colher prefeitos e vereadores em função de projetos? Ou votaremos mais uma vez como se estivésse-mos elegendo personagens para um programa de humor macabro? Pensaremos no papel legislativo do vereador e na dimensão so-cial das leis, ou continuaremos escolhendo um (falso) fazedor de obras e doador de benefícios para o bairro – quando não é essa a fun-ção que compete ao parlamentar? Elegeremos prefeitos capazes de fazer a relação entre a gestão da cidade e o ser humano que a ha-bita, ou votaremos numa suposta ideia de “maior competência”, que acaba resultando na transformação da gestão da cidade em um balcão de negócios para empreiteiras e grupos privados? n

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para cuidar da terra e da saúde

Orgânicos

reportagemletícia Bazet

O Brasil é o maior con-sumidor de produtos agrotóxicos do mundo.

De acordo com o IBGE, a utili-zação de produtos químicos para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas mais que dobrou em dez anos. No Espírito Santo a realidade não é diferente. Dados revelam que o estado atinge o pri-meiro lugar no ranking nacional das contaminações e mortes por uso desses venenos.

A adoção de hábitos mais saudáveis e a busca por mais qua-lidade de vida levaram as pessoas a praticar mais exercícios, entra-rem na ‘onda fit’ e procurarem novas formas de levar a vida. Em meio a tudo isso e ao acesso a mais informações fez crescer também o mercado dos produtos orgânicos. Só no Espírito San-to já são 12 feiras, sendo nove na Grande Vitória, localizadas nos municípios de Vitória, Vila

Velha, Serra e Cariacica. A re-portagem deste mês resolveu ir ao encontro de feirantes e consu-midores para entender um pouco mais deste novo comportamento, que já virou uma tendência e um estilo de vida. A ideia da feira orgânica é proporcionar ao consu-midor um ambiente descontraído e criar uma relação com o pro-dutor, sabendo como e de onde vem o produto disponibilizado. Em Valparaíso, na Serra, o

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jaqueline Rocha e sua filha consomem produtos da feira orgânica

movimento é um pouco tímido, mas quem compra ali garante que vale a pena consumir o produto orgânico. “Meu filho tem seis anos e tinha muita alergia, proble-mas na pele. Não posso garantir que seja por isso, mas desde que passamos a consumir alimentos aqui da feira orgânica isso tem melhorado nele”. A afirmação é de Edimar Pereira das Neves, que diz ter optado pelos orgâni-cos pela questão de sua saúde e, acima de tudo, pela saúde de sua família. Edimar pode não ter tanta convicção de que o uso sistemá-tico do produto com agrotóxico pode provocar mais reações alér-

gicas em seu filho mas, segundo informou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacio-nal de Câncer (Inca) e a Associa-ção Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), os agrotóxicos podem causar danos à saúde extrema-mente graves, como alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cogni-tivos e neuromotores, cânceres, entre outros. Jaqueline Rocha, também consumidora da feira de Valpa-raíso, afirma que mudou seus hábitos com a chegada de sua filha, hoje com 4 anos. “Os produ-tos aqui, além de não possuírem agrotóxico, duram muito mais. Uma couve que eu compro na terça-feira dura uma semana. Já no supermercado dura dois dias. Além disso o sabor é bem dife-rente, sentimos mais o gosto do alimento, por exemplo do espina-fre, que nós gostamos bastante lá em casa, é muito mais saboroso, e minha filha adora”. Na feira de Valparaíso, os

produtores vêm de santa Maria de Jetibá, como o pomerano Sifrit Jastrow, que há 25 anos trabalha com o alimento orgânico. Ele, que já utilizou os métodos con-vencionais de produção, garante que buscou outro caminho por causa das doenças provocadas. “Hoje o consumidor está vendo que o agrotóxico faz mal e está dando mais valor ao orgânico. Quem consome sabe que é algo muito mais saboroso, então a re-ceptividade das pessoas foi muito positiva a essa proposta”. Na feira orgânica realizada na Praça do Papa, também encon-tramos consumidores conscientes e em busca de mais qualidade de vida. Porém, eles afirmam que ainda é preciso mais estí-mulo para que a feira ganhe mais adeptos, tanto em consumidores, como em produtores. “Isso aqui é tão maravilhoso, mas é pouco divulgado. Encontramos uma op-ção para termos mais saúde, uma alimentação com menos produtos químicos, mas muita gente ainda não sabe. Então era preciso mais

“Adoção de hábitos mAis sAudáVeis e A buscA poR mAis QuAlidAde

de VidA leVARAm As pessoAs A pRAticAR mAis exeRcícios, entRARem

nA ondA fit e pRocuRARem noVAs foRmAs de leVAR A VidA”.

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reportagem

incentivo e divulgação para as feiras orgânicas”, afirmou Sônia Iandrith. Para Sélia da Penha Sarti, as feiras foram uma oportunidade de se alimentar melhor. “Eu venho lá de Cariacica e tenho certeza que vale a pena. Acho bacana também o trabalho dos produ-tores de se preocuparem com a saúde do ser humano e a saúde do planeta. O diferencial é saber que não tem agrotóxico, o sabor, a cor do alimento, é qualidade de vida”. Por ali, vendendo as suas hortaliças estava Selene Hammer Tesch, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá - Amparo Familiar. Ela afirma que as van-tagens dos produtos orgânicos não se restringem apenas a saúde. “No início tivemos dificuldade de colocar o produto no merca-

do, mas hoje a aceitação é muito grande. A questão ambiental é essencial, porque na agricultura, o que se promove com o produ-to orgânico é o meio ambiente, pois você consegue preservá-lo e manter o equilíbrio, produzindo produtos com mais qualidade, que consequentemente levam a mais qualidade de vida da população”. Selene afirma que o lado pessoal foi o que a fez trabalhar com esses alimentos. “Trabalho há 24 anos com isso e minhas filhas que hoje trabalham comigo eram tudo meninas. Nós tínhamos bastante doença como diarreia, dor de estômago, vômito, alergias e esses foram motivos que nos fizeram largar isso e trabalhar com uma cultura que levasse mais saúde para a nossa família”.

Ela também conta um pouco da produção de um alimento or-gânico: “é toda manual, não usa nenhum tipo de produto químico, é muito mais trabalhoso e por isso às vezes custa um pouco mais caro do que o convencional”.

Comodidade A correria, o excesso de afazeres e a falta de tempo pa-recem não ser mais desculpas dos tempos atuais para manter uma alimentação equilibrada e a pre-ocupação com a saúde. Em uma rápida visita ao shopping você pode levar para casa muito mais do que bolsas, roupas e sapatos. No Shopping Boulevard, em Vila Velha, desde o mês de novembro deste ano, o consumidor leva mais saúde para a sua mesa. Ali,

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uma questão ambiental

no conforto do ar condicionado e com uma organização própria, foi instalada a feira que vem ga-nhando cada vez mais adeptos. Esfeilan destaca a praticidade e comodidade. “Achei ótimo por-que às vezes a gente não tem tempo de ir à feira e como eu moro pertinho dá para vir. Os produtos são de ótima qualidade e o espaço está muito arrumado, com ar condicionado, tudo muito bom”. O feirante Édino Minikovski explica que para estarem ali preci-sam cumprir algumas exigências. “As bancas são arrumadas pelo próprio shopping e a gente precisa chegar até 9h ou 9h30. Até às 11h tem que estar tudo arrumado”. Se fazer as suas compras no conforto do shopping é uma alter-

nativa interessante, a feira deli-very também se torna uma opção viável para aqueles com uma vida mais atribulada. O ‘Espirito Or-gânico’ nasceu há seis meses, do interesse da proprietária Juliana em conhecer mais os produtos orgânicos. “Comecei a frequentar as feiras livres e nelas descobri os alimentos orgânicos. Em para-lelo a isso, conversando sobre o assunto com uma amiga médica, que na época estava fazendo um curso em São Paulo na área da alimentação, ela me disse que já

existia essa prestação de serviço. Comecei a buscar fornecedores e oferecer o serviço pelas mídias sociais”. Ela afirma que percebe nas pessoas o interesse cada vez maior em retirar os alimentos tóxicos do cardápio e assumir uma alimentação saudável. “A empresa aliou a boa alimentação com a comodidade. Acredito que esse é um estilo de vida que tende a crescer e se consolidar a cada dia. O debate sobre o assunto torna-se cada vez maior e mais popular”.

“se fAzeR As suAs compRAs no confoRto do shopping é umA AlteRnAtiVA

inteRessAnte, A feiRA deliVeRy tAmbém se toRnA umA opção ViáVel pARA

AQueles com umA VidA mAis AtRibulAdA”.

Os alimentos orgânicos, além de estarem ligados a menos toxicidade no organismo pelo uso de agrotóxicos, apre-sentam também uma questão que traz preocupações para o momento atual: o meio ambiente. Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente, quando utilizado, um agrotóxico, independente do modo de aplicação, possui grande potencial de atingir o solo e as águas, principalmente devido aos ventos e à água das chuvas, que promovem a deriva, a lavagem das folhas tratadas, a lixivia-

ção e a erosão. Além disso, qualquer que seja o caminho do agrotóxico no meio ambiente, invariavelmente o homem é seu potencial receptor. Os agrotóxicos são aplicados diretamente nas plantas ou no solo, e mesmo aqueles aplica-dos diretamente nas plantas têm como destino final o solo, sendo lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação. Os lençóis freáticos subterrâneos podem ser contaminados por pesticidas através da lixiviação da água e da erosão dos solos.

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VitóRiAw Feira de produtos orgânicos de barro

vermelho Rua Arlindo Brás do Nascimento,

atrás da Emescam

Sábado: das 6 horas às 12 horas

w Feira de produtos orgânicos da praça do papa Estacionamento da Praça do Papa,

Enseada do Suá

Quarta-feira: das 15 horas às 20h30

w Feira de produtos orgânicos de Jardim Camburi Av. Isaac Lopes Rubim, próximo à

Faculdade Estácio de Sá

Sábado: das 06 horas às 12 horas

cARiAcicAw Feira agroecológica de Cariacica Praça John Kennedy (Praça do Parque

Infantil), Campo Grande

Sábado: das 06 horas às 12 horas

VilA VelhAw Feira de produtos orgânicos da praia da Costa Entre as ruas XV de Novembro e Henrique

Moscoso, em baixo da Terceira Ponte

Sábado: das 06 horas às 13 horas

seRRAw Feira de produtos orgânicos de serra sede Praça de Encontro

Terça-feira: das 15 horas às 21 horas

w Feira de produtos orgânicos de valparaíso Estacionamento do antigo Serra Bela Clube,

Valparaíso (ao lado da biblioteca pública

municipal)

Terça-feira: das 15 horas às 21 horas

w Feira de produtos orgânicos de Colina de laranjeiras

Praça Central de Colina de Laranjeiras

Quinta-feira: das 16 horas às 20 horas n

reportagem

feiras orgânicas na grande Vitória

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arquiVo e memóriagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

coroação de nossa senhoraCrianças e catequistas participam da coroação de Nossa Senhora, em uma paróquia de Vitória em maio de 1934. Essa tradição começou na Europa, no século XIII, no ano de 1280 e chegou ao Brasil através dos portugueses. Desde então, devotos realizam coroações da imagem de Nossa Senhora durante o mês de maio homenageando Maria, mãe de Jesus e mãe da Igreja.

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pergunte a quem saBe

Pe. Arthur Francisco Juliatti dos SantosCoordenador do IFTAV

Drª Rosiani Grobério Nutricionista

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

Rel

igiã

o

Alim

entA

ção

Qual a diferença entre a bíblia utilizada pelos evangélicos e pelos católicos? A diferença está em dois esquemas de organização do Antigo Testamento, ou seja, o Massorético (Bíblia Hebraica), usado nas comunidades evangélicas, com 39 livros e o texto da Septuaginta (Bíblia dos Setenta ou Bíblia Grega), 1ª. tradução em grego, do séc. II a.C., com 46 livros, usado desde o tempo dos Apóstolos na evangelização e até hoje pela Igreja Cató-lica. A partir destes textos foram feitas as primeiras traduções para o latim e outras línguas modernas.

os livros que os evangélicos não conside-ram seriam comparados aos apócrifos? Absolutamente não, pois os chamados apócrifos, palavra grega que significa secre-to são livros considerados não inspirados e que não estão presentes na Bíblia por não considerarem a história do Povo de Deus e estarem ligados às chamadas religiões misté-ricas do antigo Oriente Médio, sobretudo ao gnosticismo. No caso dos sete livros a mais que temos na Septuaginta é preciso dizer que judaísmo utilizou estes livros do séc. II a.C. até o início do séc. II d.C., deixando-os em razão da Igreja usá-los na evangelização.

o que comer na praia no verão? O ideal é levar frutas frescas para a praia, de preferência aquelas que contêm bastante líquido. Para facilitar, leve-as já higienizadas e “cortadinhas”. Exemplo: melancia, abacaxi, uva, ameixa, laranja, kiwi, manga. Se for comprar algo na praia, dê preferência à água de coco e ao milho verde cozido. Picolés de frutas também são boas opções.

se algum alimento não fizer bem, como proceder? A primeira dica é hidratar-se bastante. Porém, caso a situação persista, procure atendimento médico para receber medicação adequada.

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Dr. Giuliano Henrico Ruschi e Luchi Doutor em Otorrinolaringologia

Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc Arcebispo de Vitória do Espírito Santo

SAúde

Rel

igiã

o

Quais os prejuízos do uso de fone de ouvido em volume muito alto? A exposição a ruídos intensos frequentes é extremamente prejudicial ao aparelho auditivo. De forma prática, os sons muito altos levam a uma lesão irreversível na orelha interna, na região das células ciliadas, causando disacusia neurossensorial. Se a exposição se mantiver, a lesão é progressiva e pode prejudicar em muito a comunicação e socialização do indivíduo. A exposição pode ser ocupacional, ou seja, no ambiente profissional ou em situações de lazer, podendo ser ainda aguda ou crônica. Como já dito, uma vez instalada, a lesão é irreverssível, portanto a principal orientação é estar atento no dia-a-dia para afastar-se de situações que possam ser nocivas ao aparelho auditivo.

para a saúde auricular, existe diferença entre os modelos de fone de ouvido? Sim. Basicamente, existem dois mode-los de fones de ouvido: tipo concha (maiores e mais externos) e de inserção (menores e mais internos). Na utilização dos fones de inserção, a energia sonora fica mais concentrada no conduto auditivo externo, portanto nessa situação, a exposição pode ser mais prejudicial. Existem ainda fones mais modernos, que têm a capacidade de isolar os ruídos ambientais, para permitir que o indivíduo escute sua música preferida em ambientes muito barulhentos. Estes são ainda mais prejudiciais, por concentrarem ainda mais a energia sonora e, dessa ma-neira, a exposição acaba sendo maior.

o que é a epifania do senhor e por que algumas pessoas cha-mam de dia de Reis? Epifania significa manifes-tação do Senhor. Tivemos a festa do Natal, a encarnação do Ver-bo e agora é a manifestação do Senhor ao mundo. Era o dia em que se falava da universalidade do Evangelho. Os reis representam os destinatários do Evangelho fora do povo de Israel. Do ponto de vista espiritual o encontro com o Menino Deus no Natal deve levar-nos a estar “de saída”. Como ele se mani-festou ao mundo, também nós devemos ser os comunicadores que ao experimentá-Lo o mani-festam. Somos evangelizados e evangelizadores. A piedade popular gravou em seu coração a figura dos Reis Magos que visitaram e adoraram o Filho de Deus apresentando-lhe ouro, incenso e mirra. Este quadro enriqueceu a expressão religiosa do nosso povo.

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ensinamentos

O Catecismo af i rma que esse Sacramen-to pode ser cha-

mado por diversos nomes, dando-lhe o seu real sentido: a) sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão (Cf. Mc 1,15), o caminho de vol-ta ao Pai (Cf. Lc 15, 18), do qual a pessoa se afastou pelo pecado; b) sacramento da Penitência, porque consagra o esforço pes-soal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador; c) sacra-mento da Confissão, visto que a declaração dos pecados dian-te do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento; e manifesta o reconhecimento e

O Ano Santo da Misericórdia é momento oportuno para nos

aproximarmos do Sacramento da Penitência e da Reconciliação

– um dos Sacramentos de Cura – e recebermos a graça que Deus

nos concede pelo ministério da Igreja; pois Cristo continua agindo

por meio dos Bispos, sucessores dos Apóstolos, e dos Presbíteros

(Padres), perdoando e reconciliando a pessoa que, com espírito de

humildade e confiança, busca o perdão de Deus.

A Reconciliação e o Ano da Misericórdia

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Vitor nunes rosaprofessor de filosofia na faesa

o louvor da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o pecador; d) sacramento do Perdão, porque pela absolvi-ção sacramental do sacerdote Deus concede o “perdão e a paz”; e) sacramento da re-conciliação, pois dá ao pecador o amor de Deus que reconci-lia com Ele e com os irmãos. A finalidade e o efeito des-te sacramento é a reconciliação e a amizade com Deus, geradoras de uma verdadeira ressurreição espiritual, com a paz de cons-ciência aos que o recebem com o coração contrito e disposição religiosa, revigorando também a vida da Igreja.

O Papa Francisco, na Bula “O Rosto da Misericórdia”, en-fatiza que a Igreja deve anunciar a Misericórdia de Deus, que se revela como dimensão essencial da missão de Cristo. Pela mise-ricórdia, Deus expressa o seu amor ao pecador, oferecendo--lhe sempre oportunidades para que se arrependa, converta-se e acredite. Ela é concedida pelo Pai a todos nós como graça em virtude da Paixão, Morte e Res-surreição de Jesus. O Papa acentua que, pelo Sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os nossos pecados; mas as consequências negativas geradas por eles continuam. En-

A Reconciliação e o Ano da Misericórdiatão, a misericórdia de Deus se torna indulgência do Pai que, por meio da Igreja, alcança e liberta todos os pecadores per-doados de qualquer resíduo dos efeitos do pecado. Por isso, fala-se em viver a indulgência no Ano Santo como aproximação da misericórdia de Deus, tendo a certeza absoluta de que o seu perdão cobre a nossa vida por inteiro, fazendo--nos experimentar a santidade da Igreja que participa em todos os benefícios da redenção de Cristo.n

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ecologia

Para chamar a atenção da so-ciedade a cuidar do planeta que sofre com a ação desu-

mana e com o modelo econômico predominante que almeja o lucro para as corporações e não a vida da criação, a Campanha da Frater-nidade 2016 propõe o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”. O texto-base joga luzes so-bre os problemas do saneamen-to básico, relacionando-o com o meio ambiente, vindo ao encon-tro da crise hídrica que assola o Espírito Santo, agravada pelo maior crime ambiental que já aconteceu na história do Brasil.

falta cuidado com a “casa comum”

No dia 05 de novembro, atôni-tos, acompanhamos as notícias do rompimento de uma das barragens de rejeitos de minério de ferro da Samarco, em Mariana, Minas Ge-rais. As empresas responsáveis por esse crime ambiental possuem poder econômico e poder político capazes de influenciar nas ações organizadas pelo poder público e nas informações transmitidas pelos meios de comu-nicação. Preocupados com esta situação, organizações sociais e religiosas for-maram o Fórum Capixaba de Enti-dades de Defesa do Rio Doce para monitorar as ações das empresas e do poder público, e assim, ajudar a diminuir o sofrimento que esta tragédia criminosa causou. Em visita ao Brasil, no último dia 03, o Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein, preocupado com o compro-metimento político das ações ado-tadas pelas empresas responsáveis pelo desastre e pelo poder público, requereu que a ONU fizesse uma investigação completa e imparcial da situação. Pesquisadora, a geógrafa Ediene Vacari produziu um relatório in-dependente sobre os impactos am-bientais ao longo da Bacia do Rio Doce. Nele, afirma que a lama, ao contrário do que dizem as empresas, é altamente tóxica: “O rompimento da barragem da Samarco destruiu todo um ecossiste-ma. Morreram peixes, insetos, anfí-

Que em 2016 a justiça corra pelo vale do Rio Doce

bios, moluscos, larvas, fitoplâncton. A probabilidade de que tenha ocor-rido a extinção de espécies animais e vegetais existentes apenas no Rio Doce é tida como alta.” Na foz do Rio Doce além dos danos sociais e ambientais irrecu-peráveis, a lama causou prejuízos econômicos à população, conforme afirma o oceanógrafo Eric Mazzei, no relatório entregue à ONU: “Apesar de essencialmente pes-queira, a Vila de Regência possui a economia local movimentada pelo turismo. Com a chegada da lama, todas as pousadas tiveram praticamente 100% de desistências das reservas para a virada do ano. Com isso, a previsão de uma das melhores temporadas de verão de todos os tempos para o turismo de Regência, de acordo com a procura prévia, acabou.” As demais consequências que esta tragédia criminosa causará es-tão sendo estudadas e serão compro-vadas ou não no decorrer da história porém, ela precisa ser compreendida de maneira integral, tendo como princípio o cuidado com a Casa Comum - o nosso planeta -, que é nossa responsabilidade, para que, como sentencia o profeta Amós, o direito brote como uma fonte e a justiça corra pelo vale do Rio Doce, e nunca mais a lama tóxica das mineradoras transforme os vales dos rios em vale de lágrimas. n

padre Kelder Brandão

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cultura capixaBa

diovani favoretoHistoriadora

Essa tradição trazida da Europa nos primórdios da colonização do Bra-

sil se espalhou por todo o lito-ral, de norte a sul, e encontrou também nas terras do Espírito Santo o seu local de produção. Uma arte, no mínimo cen-tenária, a renda de bilro podia ser encontrada já no século XIX, conforme nos relatou o viajante François Biard (em 1858), em algumas casas de Vitória: “Entrei em várias des-sas moradas; em quase todas, as mulheres faziam renda de bilro”. Aliás, ainda hoje, na re-gião de Guarapari, as rendeiras produzem blusas, saias, col-chas, rendas diversas, cami-nhos de mesa e até vestidos de noivas, com seus piques, bilros cavaletes de almofadas e alfinetes. Renato Pacheco, em seu livro Índice do Folclore Ca-pixaba, descreve o ofício: “Os primeiros [piques] são cartões perfurados, a ‘guia’ do desenho das rendas; os bil-

Tiro renda e boto renda,Faço renda na almofada,Por causa de meu benzinhoNão faço renda nem nada...

Estou fazendo esta rendaPra busca e ganha dinheiro,Pra compra um par de pentePrá botá no meu cabelo.

Esta almofada me mata,Estes bilros me consome,Os alfinetes me espeta,As rendas me tira a fome...

Cantiga das rendeiras de guarapari, 1952

Artesanato com

Rendas de Bilro

ros servem de pequenos fusos onde se enrola a linha, e são de madeira macia, com cabeça de coquinhos de palmeiras do lugar; as almofadas, de pano, de formato cilíndrico, dão o apoio para piques, alfinetes e bilros. Alguns pontos de renda têm nomenclatura especial: cocadinha, margarida, zigue-zague, aranha, pano aberto ou fechado, trancinha, trocadi-nho...”. n

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acontece

Abertura da porta santa na catedral

novos diáconos para a Arquidiocese

Atendendo ao chamado do Papa Francisco para vivenciar o Ano da Misericórdia, a Arquidiocese realizou a abertura da primeira porta santa, na Catedral de Vitória, no dia 13 de dezembro. Após a procissão que saiu da Igreja São Gonçalo, o arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela celebrou a missa na Catedral e afirmou que “quem faz a experiência do encontro com Jesus Misericordioso aprende a ‘estar de saída’ em vista do próximo, ‘Igreja em saída’ como diz o Papa Francisco”. O arcebispo explicou as condições necessárias para receber as indulgências no Ano Santo da Misericórdia: deve-se rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e o Credo, buscar a confissão sacramental individual, rezar pelo Papa e as suas intenções e passar pela Porta Santa.

No dia 19 de dezembro, os seminaristas Abel Andrade, Alessandro Chagas e Jones Teixeira foram ordenados diáconos. Eles irão desenvolver as atividades pastorais em três paróquias da Ar-quidiocese - Santa Mãe de Deus em Vila Velha, Nossa Senhora da Vitória e São Francisco, em Laranjeiras, em preparação à ordenação sacerdotal para servir à Igreja.

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