Arq 1310405705
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Título do case: Diagnóstico Empresarial – Gerando valor desde o primeiro
contato com o cliente
Categoria: Projeto Interno
Temática: Mercado
Resumo
“Um problema claramente formulado já está meio resolvido”. Nesse dito
popular encontra-se também a essência do diagnóstico empresarial, objeto de
estudo desse case, que apresenta de forma prática como o diagnóstico pode
ser base de diferencial competitivo para uma empresa de consultoria. O
diagnóstico tem como intuito examinar os reais problemas organizacionais e
suas causas, não apenas seus sintomas, para que a solução de consultoria
ataque os problemas certos das empresas clientes.
Quando um paciente chega com dor de cabeça a um consultório,
inúmeros motivos podem estar causando tal dor. Assim também acontece em
uma empresa que está perdendo mercado para a concorrência e busca uma
consultoria. Em ambos os casos, se faz necessário diagnosticar os problemas,
explorando as causas dos sintomas, para então solucioná-los. Com uma
metodologia estruturada de diagnóstico e ferramentas adequadas a EJ tem
conseguido alcançar resultados expressivos tanto para a Empresa quanto para
seus clientes.
Introdução
Quando foi perguntado sobre o que faria se tivesse apenas uma hora
para salvar o mundo, Albert Einstein disse: “Eu gastaria 55 minutos para definir
o problema e 5 minutos para resolvê-lo”. A definição de um problema é o
primeiro e mais importante passo para uma boa solução, que se torna quase
óbvia.
De forma geral, um problema é um obstáculo ou uma situação
inadequada, ou seja, trata-se da diferença entre o que é e o que deveria ser.
Dessa forma, se essa diferença não estiver bem delimitada juntamente com
suas causas, é possível que sejam elaboradas soluções para problemas
errados, gerando perda de tempo, dinheiro, energia e recursos em geral.
Um caso que ilustra bem a importância de uma boa definição de
problemas é o Caso do Elevador: A Administração de um prédio comercial
estava recebendo constantes reclamações: as pessoas reclamavam por
esperar muito tempo o elevador. Uma solução antecipada poderia ser a troca
dos motores dos elevadores, pois aparentemente os elevadores eram lentos,
no entanto, seria essa a verdadeira causa das reclamações das pessoas? Para
entender a fundo a questão, deve-se traçar hipóteses de causas:
Não há elevadores suficientes (Solução: Aumentar o número de
elevadores);
Elevadores são de fato muito lentos (Solução: Trocar motores);
Algoritmo de controle dos elevadores está errado (Solução: Novo
sistema de controle);
Há picos de demanda em determinados horários (Solução: Estabelecer
escalonamento de horários entre empresas);
Pessoas têm a percepção de que os elevadores são lentos (Solução:
Distrair as pessoas no período de espera com espelhos ou TVs).
Percebe-se que para cada uma das hipóteses de causas há uma
solução diferente mais adequada. Se em um primeiro momento fossem feitas
as trocas de motores e o real problema fosse a “percepção das pessoas”, o
problema não teria sido resolvido e muito dinheiro haveria sido gasto
desnecessariamente. Para que esse tipo de erro não aconteça, é preciso traçar
hipóteses de causas factíveis e depois validá-las ou refutá-las através da coleta
e análise de dados. Por exemplo, a hipótese de que os “elevadores são lentos”
poderia ser validada ou refutada com uma pesquisa da velocidade média dos
elevadores de prédios semelhantes.
A todo esse processo, de busca pelas reais causas ou origens dos
problemas, é dado o nome de diagnóstico, que por definição é o ato de
conhecer algo no momento de seu exame. O mais conhecido dos diagnósticos
é o médico, que se assemelha muito ao diagnóstico em consultoria. Nos dois
casos deve-se entender o histórico e contexto do paciente, deve haver a
separação entre os sintomas e suas causas – para isso são feitos exames
validem ou refutem as hipóteses de causas – e por fim, planeja-se o tratamento
ou a solução do problema.
Para a melhor compreensão do modelo de consultoria e diagnóstico da
Empresa Júnior em questão, é fundamental que haja um entendimento prévio
do seu negócio, que é divido em dois focos estratégicos: O desenvolvimento
dos membros e a resolução de problemas de gestão dos clientes – que visa
potencializar a sua performance. Também é importante ressaltar a estrutura da
empresa, que é composta por 6 áreas funcionais, 4 delas – Finanças,
Organização e Processos, Marketing e Gestão de Pessoas – são áreas que
além de realizarem a gestão da empresa em suas respectivas especialidades,
também realizam projetos de consultoria. As outras 2 áreas são Negócios e
Escritório de Projetos, a primeira é responsável pelo diagnóstico e venda e a
segunda pelo gerenciamento dos projetos.
Desenvolvimento
O modelo de consultoria da empresa, que visa potencializar a
performance dos clientes, possui três elos de negócio: Captação e Venda;
Execução; e Implementação. A área comercial da EJ – área de Negócios – é a
responsável pela execução do elo de Captação e Venda (Anexo I), ou seja, é
responsável pela prospecção de clientes, diagnóstico organizacional dos
problemas, construção da solução e venda. Após o fechamento, a equipe do
projeto é formada por um gerente do Escritório de Projetos e por consultores
das áreas funcionais envolvidas.
Como as empresas clientes chegam à EJ com várias “dores” e
“sintomas”, mas dificilmente sabem definir corretamente seus reais problemas
ou suas raízes, a etapa de diagnóstico é de suma importância para esclarecer
os problemas para melhor solucioná-los posteriormente. Para isso são
utilizadas diversas ferramentas de investigação, visualização e priorização.
Como exemplo pode-se citar a AOP – Anatomy of Performance – idealizada
por Rummler; a Matriz de Priorização, que julga comparativamente cada um
dos problemas e necessidades da empresa; a Cadeia de Valor, adaptada do
livro Vantagem Competitiva, de Porter; Pesquisa de Clima Organizacional;
Análise SWOT; Diagrama de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito ou Ishikawa,
dentre muitas outras.
Mesmo sendo um processo complexo, o diagnóstico é feito de forma
gratuita, independente do fechamento – gerando diferencial competitivo – pois
a empresa o entende como fundamental para a arquitetura da melhor solução e
para a capacitação dos consultores de Negócios. Não existe um tempo ideal
para o diagnóstico, depende do porte da organização e dos problemas,
podendo variar de 1 semana a 1 mês. Esse tempo também varia de acordo
com as ferramentas escolhidas pelos consultores e utilizadas em cada caso.
Para apresentar o modelo de diagnóstico da EJ, decidiu-se mostrar em
conjunto um exemplo prático da aplicação do processo em uma empresa
cliente real, uma fábrica e distribuidora de Brownies que, segundo seu
proprietário, estava passando por um período de queda nas vendas.
A primeira etapa do processo de diagnóstico é o Entendimento do
Contexto, em que são realizadas reuniões e entrevistas com empresários e
funcionários chave da empresa cliente com o intuito de levantar todo o histórico
da gestão, a atual situação e os principais problemas. No caso da fábrica de
Brownies, para o entendimento da organização de forma mais sistêmica, além
de entrevistas com o empresário, que contou sobre como a empresa familiar
havia se desenvolvido em seus 17 anos de existência, foram utilizadas
algumas ferramentas de mapeamento, como a Cadeia de Valor, mapeamento
dos principais processos, mapeamento do organograma e hierarquização de
cargos.
A definição dos problemas centrais também é feita durante a etapa de
Entendimento do Contexto. Até então, o empresário havia mencionado a queda
nas vendas como principal problema, no entanto, através da utilização da
metodologia SPIN de perguntas em vendas complexas e da coleta de
documentos relevantes, como planilhas financeiras, concluiu-se que o
problema central da fábrica era outro: a empresa estava passando por um
período de aumento na captação de empréstimos devido ao prejuízo que
estavam tendo nos últimos meses.
A segunda etapa do processo é a Definição de Hipóteses, o objetivo
dessa etapa é determinar as suposições sobre as possíveis causas dos
problemas encontrados no Entendimento do Contexto. Dessa forma, foram
traçadas 5 hipóteses – H1: Queda nas vendas; H2: Grande desperdício de
brownies; H3: Definição ineficaz do preço; H4: Desvio de dinheiro da empresa;
H5: Aumento das despesas sem aumento da receita; e H6: Pontos de revenda
mal explorados (baixas vendas nos pontos).
Cada uma dessas hipóteses deve ser explorada mais a fundo
separadamente, devem ser levantadas as razões mais prováveis para
ocorrência de cada hipótese. Para isso, pode-se usar como ferramenta de
visualização uma árvore de problemas, como apresentado no Anexo II que
está delimitando as raízes do problema “Grande desperdício de brownies”.
Após a Definição de Hipóteses, parte-se para a Coleta de Dados e
Validação das Hipóteses. A primeira ação deve ser a definição de quais dados
e instrumentos de coleta de dados são necessários para validar ou refutar cada
uma das hipóteses. O Anexo IV apresenta os dados e instrumentos
necessários no caso da fábrica de Brownies, com eles a Validação das
Hipóteses ficou da seguinte forma:
H1: Queda nas vendas – Refutada: Com o histórico do controle de
vendas verificou-se que o volume de vendas teve oscilações normais
nos últimos meses, não havendo queda na quantidade vendida.
H2: Grande desperdício de brownies – Validada: Através de entrevistas
com funcionários, percebeu-se que o produto ficava estocado por 5 dias,
um alto valor para um produto que tem 25 dias de validade. Também
havia descontrole nas vendas por consignação, acarretando em muitas
reposições.
H3: Definição ineficaz do preço – Validada: Através de uma análise dos
custos da empresa e devido ao fato da empresa estar em constante
prejuízo operacional, foi notado que o preço médio de venda estava
abaixo dos custos de produção.
H4: Desvio de dinheiro da empresa – Refutada: Através dos dados das
planilhas financeiras e dos dados bancários verificou-se a inexistência
de fraudes.
H5: Aumento das despesas sem aumento da receita – Validada: Com a
análise dos dados financeiros, percebeu-se que houve um aumento das
despesas, principalmente as financeiras, sem que houvesse um
aumento significante da receita, devida a certa constância da demanda.
H6: Pontos de revenda mal explorados (baixas vendas nos pontos) –
Validada: Através de entrevistas com os vendedores, verificou-se uma
falha na exploração dos pontos de revenda, sobretudo com relação ao
posicionamento do produto nas lojas e ao relacionamento com as
revendas.
Com as hipóteses validadas é possível seguir para a Análise Final do
Problema, onde tudo que foi feito até então é resumido. Usualmente, até essa
etapa, os problemas ainda estão desordenados e a importância de cada um
deles para a resolução do problema central ainda não está clara. Dessa forma,
nessa fase os problemas devem ser ordenados e priorizados.
Para priorizar os problemas que deveriam ser solucionados
primeiramente na empresa de Brownies, utilizou-se a ferramenta Matriz GUT
(Anexo III), que leva em conta a Gravidade (impacto sistêmico do problema na
organização), Urgência (tempo disponível ou necessário para resolver o
problema) e Tendência (avalia o potencial de crescimento, redução ou
desaparecimento do problema). Com a ferramenta pode-se perceber que o
problema “Aumento das despesas sem aumento da receita” foi despriorizado,
pois não é um problema que tem a tendência de aumentar caso nada seja feito
a respeito dele imediatamente.
A última etapa do processo de diagnóstico é a Definição dos Objetivos e
Indicadores do projeto de consultoria, que deve ser feita antes do desenho da
solução, pois o escopo de trabalho do projeto será arquitetado para alcançar
tais objetivos e indicadores. Como exemplo pode-se utilizar o problema de
“Definição ineficaz do preço”, que resume-se ao fato de que a empresa estava
vendendo o produto aos pontos de revenda por um preço abaixo do seu custo
de produção, gerando grande prejuízo à empresa. Para esse problema, o
objetivo da solução deve ser o de definir um preço que cubra todos os custos
da empresa, que seja viável mercadologicamente (diante da concorrência
direta) e que não faça a demanda pelo produto cair ao ser implementado.
Assim que todas essas etapas são finalizadas o consultor de Negócios
repassa todas as informações aos diretores das áreas funcionais envolvidas
através de um relatório. No exemplo supracitado, como foram priorizados
problemas financeiros, de operações e de mercado, o relatório foi enviado aos
diretores de Organização e Processos, Finanças e Marketing. Em conjunto com
os consultores de Negócios, os diretores desenvolveram as soluções mais
adequadas, também presentes no Anexo IV.
Com o escopo da solução fechado, os consultores de Negócio são os
responsáveis por precificar o projeto e vendê-lo, etapa em que o diagnóstico
tem grande importância, pois com os reais problemas explícitos e bem
diagnosticados, fica muito difícil para o cliente recusar a proposta de solução, já
que ela se encaixa perfeitamente nos problemas que foram levantados e
trabalhados em conjunto com o próprio cliente e com as informações que ele
forneceu.
No caso da fábrica de Brownies não foi diferente, ao chegar na EJ pela
primeira vez o cliente achava que seu prejuízo era advindo da queda nas
vendas, com o diagnóstico foi possível mostrar que as raízes do problema de
prejuízo eram outras. Se num primeiro momento tivéssemos atacado o
“problema” de queda nas vendas com soluções em marketing e vendas,
teríamos aumentado o prejuízo do cliente, já que um dos problemas era o
preço do produto abaixo do custo de produção, quanto mais Brownies fossem
vendidos, maior seria o prejuízo.
Conclusão
A realização de diagnósticos antes da venda foi idealizada na EJ no ano
de 2006, quando o novo modelo de consultoria da empresa foi desenhado, e o
primeiro diagnóstico ocorreu em 2007. Desde então o diagnóstico vem sendo
aperfeiçoado e funciona no atual modelo desde 2008. A EJ já teve inúmeros
benefícios advindos da implementação desse processo. Como principais
resultados, pode-se citar:
O desenvolvimento dos consultores de Negócios em diversas
características requeridas pelo mercado de trabalho – Raciocínio lógico
e analítico; Visão sistêmica, holística e estratégica; Senso crítico;
Investigação e problematização; e conhecimento técnico em
administração.
Projetos de consultoria de maior qualidade, uma vez que o escopo
passa a atingir os problemas e objetivos certos. Esse fato, além de
alavancar o desempenho das empresas clientes sem desperdiçar
recursos, também elevou a satisfação dos clientes com os projetos.
O diagnóstico passou a ser além de um diferencial competitivo um
ótimo instrumento de vendas, uma vez que faz as necessidades
implícitas dos clientes se tornarem explícitas e claras. Esse fato pode
ser comprovado pelo expressivo crescimento da empresa desde a
implementação desse processo:
o Aumento de 42% no número de projetos fechados e de 140% no
faturamento advindo de projetos desde que o atual modelo de
diagnóstico começou a ser praticado (Anexo V).
Anexo I – Processo de Captação e Venda
Anexo II – Raízes do problema “Grande desperdício de brownies”
Anexo III – Matriz GUT
Gravidade Urgência Tendência Nota
Sem gravidade Sem urgênciaSem tendência
de piorar1
Pouco grave Pouco urgenteVai piorar a
longo prazo2
Grave UrgenteVai piorar a
médio prazo3
Muito grave Muito urgenteVai piorar a
curto prazo4
Extremamente
grave
Extremamente
urgente
Piora
imediatamente5
Problemas Validados Gravidade Urgência Tendência Prioridade
Grande desperdício de brownies 4 4 1 9
Definição ineficaz do preço 5 5 4 14
Aumento das despesas sem aumento da receita 3 3 2 8
Pontos de revenda mal explorados 3 4 3 10
Anexo IV – Quadro resumo do diagnóstico
Anexo V – Resultados da empresa
60
85
2005 a 2007 2008 a 2010
Projetos Fechados
333.000
798.000
2005 a 2007 2008 a 2010
Faturamento (R$)
42% 140%