ÁREAS VERDES HOSPITALARESPERCEPÇÃO E CONFORTO

Léa Yamaguchi Dobbert

Arquiteta | Ms recursos florestais

ldobbert@usp.br

SEMINÁRIO HOSPITAIS SAUDÁVEIS – SHS 2014

São Paulo, 18 de setembro de 2014

IDADE MÉDIA - JARDINS DOS MONASTÉRIOS

PRIMEIROS EXEMPLOS DE ESPAÇOS DE CURA PARA PACIENTES

ROGER ULRICH 1984

“ View through a window may influence recovery from surgery”

RACHEL KAPLAN E STEPHEN KAPLAN1989

Compreensão da conexão mente-corpoRedução do estresse aumenta a função imunológicaFatores ambientais (luz, temperatura ambiente, ruído, música, contato com anatureza) desempenham papel importante na recuperação do paciente

Reconhece - o ambiente Natural componentes que facilitam a recuperação da fadiga mental

“ The restorative benefits of nature: toward and integrative framework”

Percepção e Conforto

Como reagiram os profissionais, os pacientes e demais usuários da Santa Casa de Valinhos à requalificação dos espaços livres existentes entre as alas de internação desse hospital

Houve interferência das áreas verdes no conforto térmico e psicológico de seus usuários?

Quais os anseios dos usuários em relação a essas áreas verdes requalificadas ?

Fonte: Google Earth - nov. 2010

• área de 23.457,70 m²,

• áreas verdes requalificadas = 552,30 m²

ALA B

ALA C

FATURAMENTO

MATERNIDADE

UTI

PS

Áreas verdes requalificadasImplantação

Áreas verdes requalificadasImplantação

Fotos atuais das áreas verdes requalificadas

Fotos atuais das áreas verdes requalificadas

ÁREAS VERDES HOPITALARES E CONFORTO TÉRMICO AOS USUÁRIOS

Objetivos

• O presente estudo avaliou o grau de conforto térmicoproporcionado pelas áreas verdes requalificadas aosusuários

• Comparou os resultados obtidos pelos modelospreditivos calculados PMV (voto médio estimado) àpercepção subjetiva do conforto térmico que envolvefatores psicológicos e comportamentais, descrita pelosentrevistados

• Aferição das variáveis climáticas

• Cálculo do PMV e o PPD obtidos por meio do software Conforto 2.02 (RUAS 2002)

• Questionários • Aplicados simultaneamente às aferições das variáveis

climáticas (15’)

• Escala Analógica Visual

Materiais e métodos

PMV e PPD

• A ISO 7730 (1994) admite ser um ambiente confortável quando aporcentagem de pessoas insatisfeitas devido ao desconforto nocorpo como um todo esteja limitada a 10% PPD=10%

• O índice PMV (Voto médio estimado) no que diz respeito àsensação térmica Fanger (1970) conforto térmico apartir de variáveis pessoais e de variáveis ambientais

• Os índices de PMV e PPD calculados em quartos de internação eoutros setores da Santa Casa revelam a porcentagem deentrevistados que estão na faixa de conforto, observando-se oíndice estabelecido por Fanger (1970), cuja escala é descrita aseguir

PMV E PPD

Perfil dos entrevistados

• Foram entrevistadas 596 pessoas (229 funcionários, 288 pacientes e 79 acompanhantes)

• Do total de 229 funcionários entrevistados (82,53% - sexo feminino, 17,47% - masculino)

• Dos 288 pacientes entrevistados (64,24% - sexo feminino e 35,76% - sexo masculino)

• Dos 79 acompanhantes entrevistados (74,68% - do sexo feminino e 25,32% - sexo masculino)

PMV E PPD

• Pacientes confortáveis neutralidade térmica (70,76%), Acompanhantes (60%) e funcionários (12,72%) - Fanger (1970)

• Funcionários (71,93%) desconforto pelo calor (PMV>+1)

• PPD –Desconforto térmico geral- PPD acima de 70% lavanderia, limpeza, portaria e manutenção . Demais setores - PPD variando entre a mínima de 11,57% e a máxima de 62,18%

A relação entre o PMV e o PPD nos três grupos de entrevistados

3,002,001,000,00-1,00-2,00-3,00

PMV

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00

PPD

PACIENTEFUNCIONÁRIOACOMPANHANTE

muito frio

frio

pouco frio

neutralidade

pouco quente

quente

muito quente

0 10 20 30 40 50

Sen

saçã

o pe

lo P

MV

%Funcionários

0 10 20 30 40 50

%Acompanhantes

Para você o tempo nesse momento está: muito frio frio confortável quente muito quente

0 10 20 30 40 50

%Pacientes

Conforto climático relatado e calculado

Para você o tempo neste momento está

EAV (ambiente físico e conforto térmico) para funcionários , acompanhantes e pacientes com e sem contato com as áreas

verdesCAV= contato com áreas verdes

FUNCIONÁRIOS n EAV ambiente físico EAV conforto térmico CAV média/dp média/dp Não 141 5,91/2,79 a 5,02/2,92 a Sim 88 6,37/2,28 a 6,30/2,31 b Teste MannWhitney

Z=0,9578

p-valor=0,3382

Z=3,2777

p-valor=0,0011

ACOMPANHANTES n EAV ambiente físico EAV conforto térmico CAV média/dp média/dp Não 14 6,46/3,19 a 6,75/1,96 a Sim 65 8,19/1,93 a 6,52/2,99 a Teste MannWhitney

Z=-1,6435

p-valor=0,1003

Z=-0,0707

p-valor=0,9436

PACIENTES n EAV ambiente físico EAV conforto térmico CAV média/dp média/dp Não 88 7,91/2,22 a 6,67/2,92 a Sim 200 8,34/2,48 b 7,86/2,33 b

Teste MannWhitney

Z=2,2596

p-valor=0,0238

Z=-3,4285

p-valor=0,0006

Os índices de conforto térmico calculados, muitas vezes, não foramconfirmados pelos entrevistados, indicando subjetividade na avaliaçãodo conforto, o que contribuiu para que os resultados da pesquisaapresentassem diferenças significativas entre a sensação térmica deconforto relatada pelos entrevistados (ASV) e a calculada (PMV).PACIENTES se enquadraram na faixa de maior conforto térmico.

Em relação ao conforto térmico calculado (PMV e PPD) proporcionadopelas áreas verdes não se constatou interferência significativa dasáreas verdes. Este fato esta relacionado, provavelmente, com o porte davegetação arbórea, pouco significativo para modificar o microclimainterno dos ambientes adjacentes às áreas verdes

Conclusões

Nenhum setor de trabalho se enquadrou na faixa de limite deinsatisfação térmica (PPD=10%) - Locais mais críticos lavanderia emanutenção - PPD >70%O grupo com contato com áreas verdes relatou maior grau desatisfação térmica.

ÁREAS VERDES HOPITALARES – BEM ESTAR

Objetivos

• Observar e analisar as interferências no bem estar dos usuários, proporcionadas por áreas verdes requalificadas.

• Avaliar e comparar o nível de estresse entre dois grupos distintos de entrevistados (com e sem contato com as áreas verdes) a fim de observar se houve relação entre o grau de estresse e o contato com as referidas áreas.

• Analisar os pontos positivos e negativos.

Materiais e métodos

• Questionários – questões abertas e fechadas

• Avaliação do grau de estresse de funcionários- dois grupos Inventário de Estresse para Adultos de Lipp (1994)

• Os setores da Irmandade Santa Casa de Valinhos, onde foram aplicados os inventários de estresse, agruparam-se em dois tipos: com visão para áreas verdes (UTI, Ala B, Ala C, Recepção, Faturamento e Maternidade), e sem visão para áreas verdes (Secretaria, RX, Centro Cirúrgico, PS, Pediatria e Farmácia)

Ambientes sem visão para os jardins

Ambientes com visão para os jardins

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

não mantinham contato (n=78)

mantinham contato (n=75)

E s t r e s s e (%)

Áreas Verdes

Entrevistados e o Estresse

Total funcionários avaliados=153 (84,31% feminino e 15,9% masculino)

Entrevistados e o Estresse

A R QE E A R QE E05

10152025303540455055606570758085

Fases do estresse:A=alertaR=resistênciaQE=quase exaustãoE=exaustão

não mantinham contato n=41

mantinham contato n=31

%

Áreas Verdes

Sensações em relação às áreas verdes requalificadas

bem-estar calma medo insegurança liberdade indiferente0

10

20

30

40

50

60

70

80

90 funcionários pacientes acompanhantes

O que sente ao descansar, passear ou contemplar uma área como esta?

%

Aspectos positivos e negativos

fresco

agradável

seguro

bonito

tranquilo

inseguro

quente

frio

perda de privacidade dos quartos

fumantes

falta de algum equipamento

falta sombra

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Quanto às áreas verdes enumere os aspectos positivos e negativos

%

funcionários pacientes acompanhantes

Sugestões dos entrevistados

1 2 3 4 5 6 7 8 90

10

20

30

40

50

60

70

Quais as suas sugestões para estas áreas livres?1=mais plantas 2=mais árvores 3= mais cores 4=mais aromas 5=pássaros6=som de água 7= piso melhor 8=mais bancos 9=outros

%

funcionários pacientes acompanhantes

Conclusões• O percentual de entrevistados na fase mais grave de estresse

(exaustão) foi maior no grupo que não mantinha contato com as áreas verdes

• Preferências por vistas com elementos da natureza, principalmente providos de vegetação benefícios proporcionados por áreas verdes

• Pacientes - mais beneficiados pela requalificação das áreas ajardinadas- quase todos os quartos possuem janelas voltadas para os jardins. Funcionários- passagem

• É necessário que gestores reconheçam a importância de espaços verdes em ambientes hospitalares, melhorarem a qualidade do ambiente, proporcionando aos seus usuários conforto físico e psicológico.

Sr. Domingos: “ Trabalho com jardim, esta vista só me faz bem ”

D. Lorice: “ Eu adoro plantas…na minha casa tem um jardimassim…me sinto como se estivesse lá.”

OBRIGADA