Ararat o filme

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Ararat o filme Ararat não é um grande filme, mas é certamente um filme que tinha de ser feito e um filme que merece ser visto. Ararat é também a maior montanha do atual território da Turquia, próxima das fronteiras com o Irã e com a Armênia, e o símbolo nacional deste último país, ainda que se encontre em território turco. Ararat assistiu a partir do dia 24 de Abril de 1915 ao extermínio maciço de cerca de um milhão de armênios pertencentes ao então decadente Império Otomano. Ainda hoje o Governo Turco nega que tal genocídio tenha acontecido. Antes da invasão da Polônia, Hitler terá dito aos seus oficiais “Afinal quem se lembra do extermínio dos armênios?”. Atom Egoyan nasceu no Egito de uma família de sobreviventes armênios, tendo-se depois mudado para o Canadá. Neste filme, o realizador busca as suas origens e luta para que justiça seja feita ao seu povo. Afinal ainda há quem recorde o extermínio dos armênios. Charles Aznavour, também ele um descendente armênio, é Edward Saroyan um realizador de cinema filho de uma sobrevivente do genocídio armênio que vai para o Canadá fazer um filme sobre esse momento da História. A libanesa Arsinée Khanjian é Ani, uma professora universitária de História de Arte, viúva de um primeiro casamento com um armênio que tentou matar um diplomata turco e viúva novamente de um canadiano que se suicidou. Ani dedicou parte da sua investigação ao estudo do pintor armênio Gorki, também ele um sobrevivente do genocídio que, depois de emigrar para o Canadá, sucumbiu ao pesadelo que vivera, suicidando-se. O filho de Ani, Raffi (David Alpay), namora com a filha do último marido da mãe, Celia (Marie- José Croze), uma jovem que vê no trabalho de Ani sobre Gorki uma declaração de culpa desta relativamente ao suicídio do seu pai. Celia vende droga na internet e falsifica cartões de

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Ararat o filme

Ararat não é um grande filme, mas é certamente um filme que tinha de ser feito e um filme que merece ser visto. Ararat é também a maior montanha do atual território da Turquia, próxima das fronteiras com o Irã e com a Armênia, e o símbolo nacional deste último país, ainda que se encontre em território turco. Ararat assistiu a partir do dia 24 de Abril de 1915 ao extermínio maciço de cerca de um milhão de armênios pertencentes ao então decadente Império Otomano. Ainda hoje o Governo Turco nega que tal genocídio tenha acontecido. Antes da invasão da Polônia, Hitler terá dito aos seus oficiais “Afinal quem se lembra do extermínio dos armênios?”. Atom Egoyan nasceu no Egito de uma família de sobreviventes armênios, tendo-se depois mudado para o Canadá. Neste filme, o realizador busca as suas origens e luta para que justiça seja feita ao seu povo. Afinal ainda há quem recorde o extermínio dos armênios.

Charles Aznavour, também ele um descendente armênio, é Edward Saroyan um realizador de cinema filho de uma sobrevivente do genocídio armênio que vai para o Canadá fazer um filme sobre esse momento da História. A libanesa Arsinée Khanjian é Ani, uma professora universitária de História de Arte, viúva de um primeiro casamento com um armênio que tentou matar um diplomata turco e viúva novamente de um canadiano que se suicidou. Ani dedicou parte da sua investigação ao estudo do pintor armênio Gorki, também ele um sobrevivente do genocídio que, depois de emigrar para o Canadá, sucumbiu ao pesadelo que vivera, suicidando-se. O filho de Ani, Raffi (David Alpay), namora com a filha do último marido da mãe, Celia (Marie- José Croze), uma jovem que vê no trabalho de Ani sobre Gorki uma declaração de culpa desta relativamente ao suicídio do seu pai. Celia vende droga na internet e falsifica cartões de crédito. Ani e Raffi são chamados a trabalhar com Saroyan na feitura do filme que é para todos eles uma forma de homenagem aos seus ascendentes. Todos estes fios narrativos se juntam na boca de um guarda fronteiriço que conta ao seu filho homossexual como se apiedou de um jovem que deteve no aeroporto por transportar droga. Esse jovem era Raffi que tinha ido à Turquia filmar os cenários naturais do drama armênio e o tráfico de droga foi o preço que sem saber teve de pagar para conseguir esses minutos de filme.

O argumento de Ararat é bem urdido e as suas personagens, ainda que bastante fora dos padrões comuns de normalidade, são psicologicamente complexas e coerentes. O modo como os diferentes fios narrativos se entrelaçam é interessante e cativante. Este filme foi criticado, acima de tudo, por razões políticas. Egoyan deu voz ao ponto de vista turco também, mas a personagem que apresenta a versão oficial de que se tratou de uma guerra pela posse das terras com vítimas de ambos os lados é uma figura negativa, má e egoísta o que a descredibiliza automaticamente.

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Elenco

David Alpay (Raffi) Charles Aznavour (Edward Saroyan) Eric Bogosian (Rouben) Brent Carer (Philip) Marie-Josée Croze (Celia) Arsinée Khanjian (Ani) Elias Koteas (Ali / Jevdet Bey) Simon Abkarian (Arshile Gorky) Raoul Bhaneja (Fotógrafo)

http://portalcinema.blogspot.com/2008/08/crtica-ararat-2002.htmlhttp://www.adorocinema.com/filmes/ararat/noticias-e-curiosidades/