Aquisição/aprendizagem de Língua Inglesa (LI) e as Tecnologias de Informação e Comunicação...

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AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA (LI) E AS TECNOLOGIAS

DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Ingrid Lara de Araújo Utzig1

RESUMO: A presente pesquisa busca apontar os benefícios do uso das TIC no

processo de aquisição/aprendizagem da LI como Língua Estrangeira (LE), levando

em consideração a formação para o trabalho, ao perpassar o ensino do que no Brasil

é conhecido como Inglês Instrumental ou Inglês para fins específicos, voltado para o

objetivo particular da educação profissional integrada à educação propedêutica, em

concomitância com o letramento digital crítico assegurando, assim, a formação plena

do egresso como cidadão preparado não somente para o mercado globalizado, como

também para a realidade da sociedade atual com uma leitura de mundo bem

desenvolvida. Discutir-se-á, portanto, o suporte promovido pelo campo da

Computer/Mobile Assisted Language Learning (CALL/MALL) e como os recursos

digitais podem ser úteis nesse sentido.

Palavras-chave: 1. TIC. 2. LI. 3. Inglês para fins específicos. 4. Educação profissional

5. CALL/MALL.

ABSTRACT: This research aims to identify the benefits in the use of ICT for the

acquisition/learning of English as a Foreign Language (EFL), taking into account the

formation to work pervading education in English for Specific Purposes (ESP), facing

the particular goal of integrating professional education to propaedeutic education,

combining it to digital critical literacy to ensure the full training of students as citizens,

prepared not only for global market but also to the society’s reality, with a well

developed world of reading. It will be discussed the support promoted by the field of

Computer/Mobile Assisted Language Learning (CALL/MALL) and how digital

resources may be helpful in this regard.

Keywords: 1. ICT. 2. EFL. 3. ESP. 4. Professional Education. 5. CALL/MALL.

1 Licenciada Plena em Letras com habilitação em Língua Inglesa e respectivas Literaturas pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), especialista em Língua Inglesa pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá (IESAP) e mestranda em Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (FIG).

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INTRODUÇÃO

A partir do diálogo possível entre formação geral do cidadão e formação para o

trabalho, concepção resgatada pela Educação Profissional Técnica, o dilema nascido

da pseudo dualidade entre essas vertentes extirpou-se com o novo contexto pautado

na integração e na transdisciplinaridade de saberes voltados à plena compreensão do

aluno como sujeito crítico capaz de situar-se na realidade em que está inserido,

podendo transitar com competência por ela e transformá-la, posto que, ao construir

conhecimentos para adentrar no mercado de trabalho, também se vê a Educação

como veículo de poder e ascensão social com vistas a minimizar as desigualdades

societárias a curto e longo prazo.

Assim, ciência, tecnologia, trabalho e cultura são tidos todos como elementos

indispensáveis à Educação, no intuito de haver uma formação humana integral “na

perspectiva do trabalho como princípio educativo” (GRAMSCI apud BEZERRA, 2012,

p. 50), mesclando equanimemente os aspectos intelectual e profissional.

Nesse panorama, a aquisição/aprendizagem2 da LI precisa perpassar não

somente “a compreensão de textos técnicos na língua-alvo em aulas sobre estratégias

de leitura, mas possibilitar a compreensão dos discursos produzidos na língua em

questão sobre aspectos sócio-políticos referentes ao mundo do trabalho” (ZOLIN-

VESZ; SOUZA, 2009, p. 2). Dessa maneira, o processo se dá por meio da reflexão

também, deixando-o mais significativo.

Nessa lógica, devido à imersão na nova ordem econômica mundial, sabe-se

que a era da pós-modernidade exige cada vez mais mutação e evolução tecnológica;

a educação profissional também deve acompanhar esse ritmo e ser “criativa,

dinâmica, participativa e democrática” (CARVALHO, 2011, p. 2). Na defesa desse

modelo, entende-se que as TIC são uma ferramenta importante para otimizar o acesso

e o contato do aprendiz de LI para que conviva com situações autênticas de uso da

LE por meio de experiências assistidas pelo professor-mediador em abordagens que

desenvolvam não somente a leitura de textos técnicos, mas a leitura de mundo.

2 Schütz apud Sobroza (2008, p. 2-3) define aquisição como “assimilação natural, subconsciente, que se dá em situações reais de convívio com outras pessoas, em que o aprendiz é um sujeito ativo”. Já na aprendizagem, segundo o mesmo autor, “são transmitidos conhecimentos ao aluno a respeito da língua [...], como se dá o funcionamento da estrutura gramatical [..], seguindo-se um planejamento didático que inclui memorização de vocabulário, a fim de que o aluno adquira conhecimentos e tenha um bom desenvolvimento”. Utilizar-se-ão os dois termos nesta pesquisa, por compreender-se que ambos os processos (informal e formal, respectivamente), sejam válidos e complementem-se entre si.

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1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O ENSINO DA LI

Quando se assume que a escola em si não é um ambiente neutro,

consequentemente tal afirmação requer concordar que “a língua trabalhada em sala

de aula não pode mais ser concebida como neutra, pois ela é carregada de ideologia

e de poder” (ZOLIN-VESZ; SOUZA, 2009, p. 5).

Logo, a Língua-Alvo (L2), nesse caso, a LI, bem como a própria Língua Materna

(LM) em si, “deve ser vista como um fenômeno social, histórico e ideológico que pode

ser usado pelo ser humano para transformar o mundo e se emancipar” (MOTTA, 2008,

p. 6), e “não apenas para produzir textos em diversos contextos interacionais, mas

também perceber as relações de poder que fazem parte de qualquer língua” (ZOLIN-

VESZ; SOUZA, 2009, p. 6-7).

Seguindo essa linha, a Educação Profissional não pode se ater ao mero

treinamento/preparação para o mundo do trabalho. O aluno não é apenas um produto,

ou simplesmente mão-de-obra qualificada. O aluno é, antes de qualquer coisa, um

cidadão. Um cidadão (inter)ativo com competências e potencialidades.

1.1 ENGLISH FOR SPECIFIC PURPOSES (ESP) E LETRAMENTO DIGITAL

CRÍTICO: UMA ASSOCIAÇÃO CONCEBÍVEL

A terminologia English for Specific Purposes (ESP) é popularmente conhecida

no País como Inglês Instrumental/abordagem instrumental/Inglês para fins

específicos. A supracitada abordagem tem como principal objetivo atender a um

objetivo, apesar de soar repetitivo. Esse objetivo pode variar de acordo com público

alvo, faixa etária, área de atuação. A ESP é feita para e por causa do aprendiz, de

acordo com a necessidade dele, fator primordial para sua existência.

[...] alguns dos princípios que embasam a leitura instrumental de uma língua estrangeira envolvem: a) o levantamento de análise de necessidades, b) objetivos que impulsionam a leitura, c) utilização de estratégias de leitura para a compreensão dos textos; d) a ativação do conhecimento prévio; e) o trabalho com textos autênticos; f) o estudo da gramática mínima do texto, na tentativa de ajudar os estudantes a compreenderem as relações entre os vários conceitos e proposições que ocorrem no texto (DEYES apud GUEDES, 2012, p. 1420)

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Encara-se, portanto, a LI como estratégia de leitura, por meio de técnicas como

bottom-up, top-down, skimming e scanning3, que são normalmente apresentadas

como elemento introdutório e trabalhadas para a compreensão e interpretação textual.

Tal abordagem é positiva do ponto de vista do aprendiz, pois uma turma do curso de

técnico em Marketing possui outros interesses do que uma turma de técnico em

Agropecuária, Turismo ou Alimentos, por exemplo, e essas particularidades são

atendidas através de textos que abarquem as exigências de cada público.

A ESP, nesse caso, deve respeitar as diferentes demandas e características

próprias, em observância às distintas áreas de conhecimento e necessidades do uso

da LI para chegar à fluência na habilidade de leitura, estritamente. Entretanto, a

capacidade de ler textos em LI por meio da aprendizagem das supracitadas técnicas

assegura somente o viés da formação para o trabalho. É útil compreender textos em

LI porque será necessário em um futuro emprego. É um diferencial no mercado. Mas

limita-se à decodificação e não contempla a formação geral do cidadão, defendida

nesta pesquisa como uma das missões da Educação Profissional (social).

Mas como aliar o ensino da LI à consciência analítica do texto para a formação

plena do cidadão? Como dar a cara de ação política a esse processo? Entende-se

aqui que é possível gerar significado reflexivo à ESP conjugando-a com o letramento

digital crítico4.

Por meio da linguagem e dos diversos gêneros existentes, o aluno, como

agente ativo e transformador não somente no processo de aquisição/aprendizagem

da LI como em geral, utiliza-se de uma amostra genuína de texto (oral, escrito ou

visual) e, mediado pelo professor-facilitador, empodera-se para “questionar a

estrutura de poder vigente e posicionar-se acerca de questões como sexualidade,

opressão, lutas de classes e interesses e disseminação de valores hegemônicos que

permeiam nossa sociedade” (SOARES, 2014, p. 26), ideias que têm como base a

teoria de Freire5.

3 Bottom-up: “identificação do significado e na categoria gramatical das palavras, na estrutura das frases e nos detalhes do texto”; top-down: “habilidade do leitor em acionar seu conhecimento de mundo para compreender um texto”; skimming: “leitura rápida para entender as ideias principais do texto” (PAIVA apud GUEDES, p. 1421); scanning: “rápida visualização do texto procurando palavras-chave, frases especificas ou ideias (BORTOLETTO, 2010, p. 2). 4 “O letramento crítico busca engajar o aluno em uma atividade crítica através da linguagem, utilizando como estratégia o questionamento das relações de poder, das representações presentes nos discursos e das implicações que isto pode trazer para o indivíduo em sua vida ou de sua comunidade” (MOTTA, 2008, p. 14). 5 Pautadas na Pedagogia crítica.

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1.2 COMPUTER/MOBILE ASSISTED LANGUAGE LEARNING (CALL/MALL)

INTEGRATIVO

CALL/MALL é uma sigla referente ao ensino de línguas mediado pelo

computador/celular; “a diferença entre CALL e MALL se dá pelo uso de dispositivos

pessoais portáteis” (SÁ; PEREIRA; CARELLI, 2011, p. 3).

Trata-se de um campo da Linguística Aplicada (LA) e investiga a informática

educativa e o direcionamento à aquisição/aprendizagem de LE, surgido há mais de

30 anos e subdividido em três fases: behaviorista, comunicativa e integrativa, segundo

Warschauer e Kern6. O foco deste artigo é o modelo integrativo.

Na resistência de resumir CALL/MALL a exercícios repetitivos (drills) e

automatizados pela máquina-tutor e para permear a aquisição/aprendizagem da LI de

maneira mais flexível, buscou-se o “desenvolvimento de novos materiais onde o texto

escrito, a linguagem oral, ilustrações e vídeos são integrados em um todo” (SOUZA,

2004, p. 78).

Com o advento da internet e a World Wide Web (WWW), a rede também tornou-

se foco no ensino de línguas (Network-based Language Teaching – NBLT7),

sustentáculo da direção atual que vem tomando os estudos em CALL/MALL. Tal frente

é abraçada pois o aprendiz de LI pode ter “acesso a materiais de multimídia sobre

assuntos de sua escolha e interesse, mas também de publicar seus próprios materiais

e tomar parte ativamente em comunidades discursivas globais” (SOUZA, 2004, p. 80),

normalizando gradativamente a CALL/MALL no cotidiano da sala de aula.

6 “Os elementos centrais do behaviorismo [...], – estímulo, resposta e reforço – postos em prática por meio de atividades repetidas, quando aplicados à aprendizagem de línguas mediada por computador, dão à máquina o papel de tutor, por apresentar ao estudante uma série de exercícios, para os quais há apenas uma resposta correta, seguida de um feedback imediato. É o momento da instrução programada, do computador como tutor [...] provedor de material instrucional para o aluno, constituindo-se um meio ideal para a manipulação e a prática repetitiva de vocabulário e estruturas gramaticais por meio de drills (exercícios de repetição), além de prover correção imediata a fim de evitar erros”; já no CALL comunicativo, “as atividades no computador devem ter seu foco mais no uso da língua do que na forma em si. Ou seja, busca-se ensinar gramática de forma implícita, encorajar o aprendiz a emitir enunciados originais em vez de língua pré-fabricada, não julgar ou avaliar cada produção do aprendiz, aceitar respostas variadas e usar predominantemente a língua alvo [...] pois agora tem o objetivo de desenvolver habilidades e não apenas estruturas isoladas, o computador continua sendo o detentor da resposta certa, só que agora com uma mudança substancial no modo de como chegar a essa resposta: o aluno tem escolhas e controle sobre a sua interação com a máquina” (WARSCHAUER apud OLIVEIRA NASCIMENTO; GIRÃO; NASCIMENTO, 2010, p. 200-201). 7 O letramento digital crítico também deve acontecer não só por meio da leitura. Associado ao NBLT tem “por objetivo que se explore o potencial do computador [e/ou celular] conectado à internet [...] com

o intuito de proporcionar a comunicação entre humanos, e não apenas entre aprendiz” e máquina (IMBERNOM-PEREIRA, 2009, p. 73).

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2 AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DA LI E AS TIC

É indiscutível que existem muitos benefícios na utilização das TIC como

ferramentas cognitivas e suporte didático, principalmente no que se refere aos fatores

inte(g)ração e motivação, palavras-chave no processo de aquisição/aprendizagem de

uma LE. No entanto, não se pode falar de TIC sem abordar o pré-requisito básico para

o manuseio responsável desse recurso: a formação docente - continuada para

aqueles que já atuam na Educação e como disciplina a ser inserida na grade curricular

dos acadêmicos em licenciaturas diversas -.

Longe de serem vistas como entretenimento ou tão somente um jeito de deixar

a aula mais atraente, as TIC têm a relevante função de diminuir as barreiras de

espaço/tempo, além de aproximar teoria e prática, principalmente no contato com a

L2. Elas propiciam acesso direto e fidedigno às situações de uso real da língua e com

feedback imediato e a colaboração dos alunos entre si seguindo a visão vygotskyana

de aprendizagem cooperativa e Interacionismo8; por isso, é imprescindível que haja

“uma formação específica para o uso das TIC em sala de aula, dando-lhes [aos

professores] o conhecimento necessário para que consigam utilizá-las de acordo com

a realidade dos seus estudantes” (MARQUES; SOUZA, 2014, p. 9).

A capacitação oportuniza o professor a manipular/intervir com consciência e

coerência os multimeios9 e fazer bom uso dessas alternativas para otimizar a prática

em sala de aula, posto que “as TIC têm o potencial de diminuir as fronteiras e ampliar

a circulação da informação, ocasionando a construção do conhecimento” (VIEIRA,

2011, p. 70). Segundo essa ótica, percebe-se que a contribuição das TIC para a

aquisição/aprendizagem da LI é inegável pois, com o direcionamento do professor,

proporciona inúmeras experiências ao aluno, tais como:

8 “O Interacionismo considera que os elementos biológicos e sociais não podem ser dissociados e exercem influência mútua. Na interação contínua e estável com os outros seres humanos, [...] desenvolve-se todo um repertório de habilidades. [...] O desenvolvimento humano se dá numa rede de relações, num jogo de interações em que diferentes papéis complementares são assumidos e atribuídos pelos e aos vários participantes. O que um sujeito é em cada momento está ligado às interações que ele estabelece com outros sujeitos, aos papéis que assume em relação aos outros e os outros em relação a ele” (JOSIAS, 2008, p. 1). 9 “[...] definem-se como todos os suportes da comunicação; são os meios ou veículos para se comunicar uma ideia, imagem, informação ou um conteúdo qualquer. Assim, a televisão, o vídeo, o DVD, gravador, computador, material impresso, rádio, Internet, fazem parte deste cenário, compondo o arsenal de recursos atualmente presentes nas escolas” (CANTINI et. al., s. a., p. 1-2).

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Desfrutar de programas e softwares que atraem a atenção do aluno provocando a interatividade, participação e interesse do aprendiz;

Exercitar a criatividade através da mescla de softwares de texto, apresentação, vídeo, áudio, imagens e links;

Instigar a investigação através da utilização de sites de busca, bibliotecas virtuais e indicações bibliográficas encontradas na internet;

Acesso a informações de ontem e de hoje que passam por frequentes atualizações;

Construir e compartilhar conhecimentos através de enciclopédias on-line, livres e colaborativas;

Possibilidade de criação e modificação ágeis;

Facilidade oferecida por editores de texto que disponibilizam editoração e correção eletrônicas;

Cópias, inclusão, exclusão e reescrita de um texto;

Possibilidades de diversas formatações;

Impressão de textos e demais produções;

Dicionários virtuais que torna a consulta mais prática e contínua;

Conteúdos acessados com maior facilidade através de comandos que permitem especificar palavras ou expressões;

Materiais dinâmicos;

Acesso a um determinado conteúdo através de um clique;

Possibilidade de publicar, melhorar e incrementar trabalhos;

Estruturar apresentações com mapas conceituais, imagens, sons, textos, vídeos e hiperlinks;

Comunicar, interagir, trocar experiência e exercitar a coletividade através de fóruns de discussão, salas de bate-papo e listas de discussão;

Facilidade e agilidade no intercâmbio de informações através do e-mail (VALLIN apud SILVA & SILVA NETO, 2007, p. 7).

É válido ressaltar que a variedade de atividades disponíveis não exclui a

relação educador-educando. A máquina é um recurso, um meio, mas não o centro do

processo, tampouco substituta que apaga o papel do docente. É para ser usada em

prol da aquisição/aprendizagem em LI, não para usar os sujeitos envolvidos no

processo. Assim, o professor deve combinar as competências: implícita, comunicativa,

teórica, aplicada e receptiva10 para desenvolver profissionalmente a atuação didática

com as TIC.

Destarte, as TIC também contribuem para que o aluno de Educação

Profissional Técnica possa conectar-se à realidade de seu curso em amostras de

textos autênticos em LI, aproximando-se de informações na L2 da área que escolheu,

mas também questionando esses dados, enriquecendo a capacidade de pesquisa

10 Competência implícita: “conjunto de crenças, intuições e experiências anteriores, as quais contribuem para [...] ensinar e aprender”; competência comunicativa: “capacidade essencial de poder se comunicar [...] a qual constitui um professor de LE”; já a competência teórica se dá quando o docente se dedica “a leituras, estudos e discussões [...]. Novas concepções teóricas passarão a figurar seu repertório e integrarão seu conjunto de conhecimentos”. A prática desses conhecimentos no processo de aquisição/aprendizagem da LE é chamada de “competência aplicada”. Por fim, a competência reflexiva é “a atitude de buscar soluções que otimizarão as aulas” (IMBERNOM-PEREIRA, 2009, p. 61-62).

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individual e coletivamente e a autonomia do aprendiz num letramento digital crítico

sem obstáculos geográficos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe aos docentes em LI refletirem qual a estratégia mais adequada de

inserção das TIC na aquisição/aprendizagem da L2. As opções são incontáveis, tais

como softwares educacionais, games, chats, blogs, quizzes, fóruns, redes sociais,

apps, sites de busca; a internet dispõe de uma infinidade de gêneros textuais

autênticos e na área de interesse/atuação do aprendiz, perfazendo a abordagem de

ESP. As TIC ofertam uma riqueza de possibilidades em experiências legítimas de

contato com a LI.

O campo da CALL/MALL, assim, estuda a evolução dos papéis do professor

(mediador), do aluno (cada vez mais autônomo) e da máquina ao longo do tempo, no

intuito de otimizar o uso do computador/celular em prol do processo de

aquisição/aprendizagem em LE sem mecanizar as relações interpessoais e humanas,

posto que a tecnologia não pode dominar o orgânico.

No caso desta pesquisa, entende-se que o letramento digital crítico permeia a

leitura dos gêneros em conjunto à leitura de mundo do aluno, para que haja não só a

formação para o trabalho, mas também o fortalecimento da formação humana como

pilares da Educação Profissional Técnica na contemporaneidade.

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