Aquisição da morfologia derivacional no q ç g Português Europeu ...

29
Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística Universidade Nova de Lisboa, 26-28 de Outubro de 2011 Aquisição da morfologia derivacional no Português Europeu: estudo de caso MARINA VIGÁRIO & PAULA GARCIA (LABORATÓRIO DE FONÉTICA FLUL CLUL) (LABORATÓRIO DE FONÉTICA, FLUL-CLUL) Investigação desenvolvida no âmbito dos projectos PTDC/LIN/70367/2006 & PTDC/CLE-LIN108722/2008 1

Transcript of Aquisição da morfologia derivacional no q ç g Português Europeu ...

Encontro Nacional da Associação Portuguesa de LinguísticaUniversidade Nova de Lisboa, 26-28 de Outubro de 2011

Aquisição da morfologia derivacional no q ç gPortuguês Europeu: estudo de caso

MARINA VIGÁRIO & PAULA GARCIA

(LABORATÓRIO DE FONÉTICA FLUL CLUL)(LABORATÓRIO DE FONÉTICA, FLUL-CLUL)

Investigação desenvolvida no âmbito dos projectos PTDC/LIN/70367/2006 & PTDC/CLE-LIN108722/2008 1

ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃOESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO

1. Enquadramento2 Objectivos2. Objectivos3. Metodologia4. Resultados

Disc ssão & concl sões5. Discussão & conclusões

2Vigário & Garcia | APL 2011

1 ENQUADRAMENTO1. ENQUADRAMENTO

Até d b i i ã d f l i Até onde sabemos, a aquisição da morfologia no Português Europeu não foi antes estudada sistematicamentesistematicamente

Entre os estudos de aquisição, o desenvolvimento da morfologia (em especial derivacional) é uma das áreas morfologia (em especial, derivacional) é uma das áreas menos trabalhada e com menos línguas investigadas (Boysson-Bardies 1999 Clark 2001 Booj 2007 (Boysson-Bardies 1999, Clark 2001, Booj 2007, Herschensohn 2007, Dressler et al. 2010)

Na literatura é sugerida a importância da dimensão do Na literatura, é sugerida a importância da dimensão do léxico para a extracção de padrões morfológicos pela criança (Booij 2007)criança (Booij 2007)

3Vigário & Garcia | APL 2011

1 ENQUADRAMENTO1. ENQUADRAMENTO

Há i dí i d d d l i t f lógi d d Há indícios de que o curso do desenvolvimento morfológico depende das características das línguas particulares ─ e.g. a composição surge mais cedo nas línguas germânicas do que em línguas como o g g g q gFrancês (Nicoladis 2006, Dressler et al. 2010)

Sabe-se que noutras áreas da gramática a frequência no inputd h l i l f ê i l i d desempenha uma papel crucial na frequência e cronologia da emergência de unidades e padrões linguísticos infantis (e.g. Demuth 2006; vários trabalhos do projecto Padrões de Frequência no 006; á os t aba os do p ojecto ad ões de equê c a oPortuguês Europeu ─ Lab. Fonética, FLUL, e citações aí incluídas)

Tem sido defendido que o desenvolvimento da estrutura prosódica tem impacto no desenvolvimento mofológico e sintáctico – e.g. na emergência dos artigos (e.g. Demuth, 1992, 1994; Lleó & Demuth, 1999) ou na emergência de palavras compostas (Grimm 2007)1999) ou na emergência de palavras compostas (Grimm 2007)

4Vigário & Garcia | APL 2011

1 ENQUADRAMENTO1. ENQUADRAMENTO

dicotomia uso de palavra complexa / análise de dicotomia uso de palavra complexa / análise de palavra complexa não é uma implicação (e.g. Libben & Jarema 2006) não é uma implicação (e.g. Libben & Jarema 2006) no domínio da produção infantil, (apenas) o uso de formas complexas não-coincidentes com o input

ãimplicam/demonstram a aplicação de um processo adquirido (e.g. Booij 2007)

Parte desta investigação feita no âmbito da tese de Parte desta investigação feita no âmbito da tese de mestrado Palavras Complexas nas Primeiras Produções Infantis (estudo de caso) (Garcia 2010)

5Vigário & Garcia | APL 2011

2 OBJECTIVOS2. OBJECTIVOS

Fornecer o que julgamos ser a primeira descrição do desenvolvimento da morfologia derivacional nos primeiros estádios de aquisição no Português Europeu

Contribuir para o entendimento do papel da frequência do input no desenvolvimento morfológico infantil

Contribuir para o entendimento da importância de f ódi d l i f ló i factores prosódicos para o desenvolvimento morfológico (destaque para a discussão sobre a importância do tamanho de palavra)tamanho de palavra)

Contribuir para o entendimento do papel do léxico no desenvolvimento linguísticodesenvolvimento linguístico

6Vigário & Garcia | APL 2011

3 METODOLOGIA3. METODOLOGIA

Dados da criançaDados da criança. Diário linguístico LumaLiDAOn (Frota, Vigário & Jordão 2008). Total de 17.229 palavras E d l i di l d i i d õ d L 1 01 . Estudo longitudinal das primeiras produções de L, entre os 1;01 e

3;03 (27 primeiros meses de produções verbais). Evolução mensal

(i) palavras simples e complexas (alvo)(ii) processos morfológicos exibidos pelas palavras complexas (alvo)(iii) categorias gramaticais das palavras(iii) categorias gramaticais das palavras(iv) tamanho das palavras - produzidas & alvo

(FreP – Martins, Vigário & Frota 2009). Contagens feitas sobre tokens e types (FreP – Martins, Vigário, Frota

2009)

7Vigário & Garcia | APL 2011

3 METODOLOGIA3. METODOLOGIA

Dados do adultoDados do adulto. Extracto do corpus do Português Falado–CLUL/IC (Portugal - Anos 90)

e corpus do Português incluído no C-ORAL-ROM (Integrated Reference Corpora for Spoken Romance Languages) Reference Corpora for Spoken Romance Languages)

. Total 20 075 palavras e 339778 palavras, respectivamente (tokens)

. Contagem de frequência de(i) palavras simples e complexas(ii) processos morfológicos exibidos pelas palavras complexas(iii) categorias gramaticais das palavras (corpus do Português (iii) categorias gramaticais das palavras (corpus do Português incluído no C-ORAL-ROM (Integrated Reference Corpora for Spoken Romance Languages) - Cresti & Monegnia (2005)dados facultados por Amália Mendes (CLUL)dados facultados por Amália Mendes (CLUL)(iv) tamanho das palavras (FreP – Martins, Vigário, Frota 2009)

. Contagens feitas sobre tokens e types (FreP – Martins, Vigário, Frota 2009)2009)

8Vigário & Garcia | APL 2011

3 METODOLOGIA3. METODOLOGIAClassificação morfológica – Mateus et al. (2004), Villava (2000,

2005)- Classificação quanto à estrutura morfológica interna:

. formas simples com radical ou radical+marca de classe/vogal temática, sem afixos (e.g. que, não, casa, homem) – código 0; formas simples com sufixo flexional (plural em A N; TMA e PN em V (e g . formas simples com sufixo flexional (plural em A, N; TMA e PN em V (e.g. peixes, podem, querem, havia) – código 1;. formas no Infinitivo, Particípio Passado e Gerúndio (e.g. estudar, caída, t h d ) ódi 11trazer, chegado) – código 11;. formas com sufixação derivacional (e.g. bastante, exactamente, tratamento) – código 21; ) g. formas com prefixação (e.g. bicicleta, desculpa, triângulo) – código 22; . formas com sufixação derivacional e prefixação (mas não simultânea) (e.g. d lig d ) ódig 23 desligado) – código 23;

9Vigário & Garcia | APL 2011

3 METODOLOGIA3. METODOLOGIA

f fi ã d i i l fi ã i ltâ ( i fi ã ) . formas com sufixação derivacional e prefixação simultânea (circunfixação) (e.g. acalmo, empoleirada) – código 24; . formas exibindo derivação regressiva (e.g. balanço) – código 25; . formas com dois radicais ou palavras (e.g. televisão, fotografia) – código 3; . formas com sufixos (z-) avaliativos (e.g. chuchinha, bolinho, ursinha, cremezinho) código 4; cremezinho) – código 4; . formas com reduplicação – popó, chichi, cocó.

10Vigário & Garcia | APL 2011

3 METODOLOGIA

Vigário & Garcia | APL 2011

3. METODOLOGIA

- Classificação das palavras quanto à categoria morfossintáctica: Classificação das palavras quanto à categoria morfossintáctica: Nomes (código N) (e.g. mamã, carro); Adjectivos (código Adj) (e.g. linda, verde); Advérbios (código Adv) (e.g. ali, ainda); Verbos (código V) (e.g. está, pára); Outros (código Outr) – classes de palavras não susceptíveis de entrar em Outros (código Outr) classes de palavras não susceptíveis de entrar em

processos de formação de palavras (subtipos irrelevantes para nossos propósitos)

Amálgamas (código Amlg Adv daqui dali)/ Amlg Outr dum no)Amálgamas (código Amlg-Adv - daqui, dali)/ Amlg-Outr - dum, no)

processos originadores de palavras complexas~composição interna processos originadores de palavras complexas composição interna morfológica (i.e. palavra com prefixo~instância de processo de prefixação)

palavra complexa – se decomponível em partes (dif. flexão) de forma a que pelo menos um dos elementos tenha um formato e um significado aproximável a um morfema existente (e.g. profess or)

11

4. RESULTADOSPalavras simples, complexas e com reduplicação (valores absolutos;

Vigário & Garcia | APL 2011

Palavras simples/complexas

(valores absolutos; types e tokens).

- Palavras simples flexionadas aparecem desde o início do 1º ano (17%-33%)

1º ano

NB: ( )

- Até 2;02 praticamente não há ocorrência de palavras complexas

NB: escala variável no eixo y (número de paralavras

- Mesmo depois de 2;02, a proporção de palavras complexas

2º ano

paralavras produzidas)

relativamente a todas as produções é muitíssimo baixa (to e ty)

2 03 2 04 l ã l i l

2 ano

-2;03~2;04 – explosão lexical (types e tokens)

a partir 2;05 pal complexas - a partir 2;05 – pal. complexas com valores já muito consistentes (~5,6% dos tokens) 3º ano 12

4. RESULTADOS S fi ã ( )

Formas não-coincidentes l

Processos de formação de palavras

Vigário & Garcia | APL 2011

Idade Derivação ComposiçãoSufixação (z‐) Avaliativa

1,01

1;02

1;03

Palavras complexas

P i i f

Idade  

Alvo  

Realização  

2;04 chuchinha chuchazinha

com o alvo

1;03

1;04

1;05

1;08

1 09

- Primeiras formas complexas aparecem sistematicamente aos 2;03 2;04

2;04 chuchinha chuchazinha 

2;05  bolinha  bolazinha baixinho  baixoginho jeitinho  jeitozinho 

1;09 2

1;10 1

1;11

2;00

2;03~2;04 (desculpa, ventania, fotografia, saco-de-dormir, comidinha, passarinho)

cuequinha quecazinha gatinho  gatozinho 

pouquinha  poucazinha quentinha  quentizinha vaquinha vacazinha 

2;01

2;02

2;03 3 2

2;04 5 6 9

p )

- Emergência (quase) simultânea

qfuminhos  fumozinho fofinho  fofozinho pintinhas  pintazinha molinho  monzinho tontinha tontazinha

2;05 23 11 60

2;06 30 8 42

2;07 29 6 27

2;08 52 7 30

de palavras derivadascompostas

ã

tontinha tontazinha ervinhas  vevazinha sininho  sinozinho limpinha  mimpazinha sequinho  secozinho 

2;08 52 7 30

2;09 35 7 26

2;10 16 2 11

2;11 15 4 14

com sufixação(z-)avaliativa

Formas não coincidentes

bolsinho  boçozinho bolinhas  bolazinha pombinho  bombozinho porquinhos  poucozinho pontinha pontazinha

3;00 12 7 15

3;01 17 5 20

3;02 21 7 21

3;03 14 7 15

- Formas não-coincidentes com o alvo atestadas desde o início desta fase

pontinha pontazinha sentadinho  sentazinha 

2;06  bonequinha  bonecazinha  

13

4 RESULTADOS

Classes de palavras (types )

4. RESULTADOS

Classes de palavras (types)1º ano:

- evidente preponderância de N - quase só classes abertas- N >> V (> Adv > Outr)- ausência de Adj

2º ano- explosão categorial (desde 2;01~2;02)- Adj aparecem ao 2;01- aumento de todas as classes à custa da diminuição do espaço ocupado por Nocupado por N

3º ano- reforço do anterior, sobretudo aumento de Vaumento de V- N~V > Outr >Adv > Adj

14Vigário & Garcia | APL 2011

4 RESULTADOSClasses de palavras (tokens )

4. RESULTADOSClasses de palavras (tokens)

1º ( ) 1º ano (=): - evidente preponderância de N - quase só classes abertas- N >> V (> Adv > Outr)- ausência de Adj

2º ano2 ano- explosão categorial (desde 2;01~2;02)- Adj aparecem ao 2;01dj apa ece ao ;0- aumento de todas as classes à custa da diminuição do espaço ocupado por N- N > Outr >V

3º ano- reforço do anterior sobretudo - reforço do anterior, sobretudo aumento de Outr (e V)- Outr > V > N> Adv > Adj 15Vigário & Garcia | APL 2011

4 RESULTADOS

Tamanho palavra (nº sil)Formatos alvo

4. RESULTADOS

Tamanho de palavra 1º anoTamanho de palavra(formatos do alvo)

tamanhos superiores a - tamanhos superiores a duas sílabas pouco frequentes no 1º ano; grande variabilidade

grande variabilidade

- formatos com 3 e 4 sílabas consistentemente

2º anopresentes, com valores expressivos desde 2;01

- proporção dos diferentes formatos de palavra com muito pouca variação

3º ano

desde 2;01 até ao final

16Vigário & Garcia | APL 2011

Formatos produzidos4 RESULTADOS

Tamanho palavra (nº sil)

4. RESULTADOS

Tamanho de palavra 1º anoTamanho de palavra(formatos produzidos)

tamanhos superiores a - tamanhos superiores a duas sils. muito raros no 1º ano (limitados a 3 sils.); grande variabilidade

- formatos com 3 e 4 sílabas consistentemente

t ti d 2º anopresentes, a partir dos 2;03~2;04 e com valores expressivos desde 2;06

- proporção dos diferentes formatos de palavra com muito pouca variação d d 2 06 2 08 té

3º anodesde 2;06~2;08 até ao final

17Vigário & Garcia | APL 2011

4 RESULTADOS4. RESULTADOS

P l Palavras simples/complexas

AdultoAdulto Palavras simples/complexas AdultoAdulto

- predomínio muito ig ifi ti d

Palavras simples/complexas (Adulto)

significativo de palavras simples

- proporção de palavras complexas especialmente pbaixa na contagem sobre tokens (5.6%)(5 6 )

18Vigário & Garcia | APL 2011

4 RESULTADOS4. RESULTADOS

Processos morfológicosProcessos morfológicos

(Adulto)Processos morfológicosAdultoAdulto

palavras derivadas

(Adulto)

- palavras derivadas são claramente mais frequentes do que as compostas e com sufixos

. palavras simples não-flex (0), . simples flexionadas (1), typessufixos

(z-)avaliativos

derivadas+ formas

. formas nominais verbais (11), . derivadas - suf. (21), pref (22), pref.+suf. (23) e circunf. (24),

types

derivadas+ formas nominais dos verbos (25.4% - types; )

( ),. compostas (3), . suf. (z-)avaliativa (4). redupl. (5)

(%)- Não há, virtualmente, formas com reduplicação (1 ocorrência)

(%)

tokensocorrência)

19Vigário & Garcia | APL 2011

4 RESULTADOS

Classes de palavras

4. RESULTADOS

Classes de palavrasAdultoAdulto

Predomínio evidente de Outr Classes de palavras (Adulto)- Predomínio evidente de Outr sobre todas as restantes

- V e N: menos de metado do

Classes de palavras (Adulto)

V e N: menos de metado do número de ocorrências de Outr

Ad ú l - Adv: números razoavelmente altos

- Adj proporcionalmente muito - Adj proporcionalmente muito menos frequentes

- Outr>V~N>Adv>Adj.j

20

4 RESULTADOS4. RESULTADOS

Tamanho de palavra

Tamanho (nº sil.) -Adulto Palavras simples

Tamanho de palavraAdultoAdulto

- Assimetria muito marcada entre formatos de palavras simples e de palavras complexas:

1-2 sílabas. 51% palavras simples Tamanho (nº sil.) - Adulto p p. menos de 1% das palavras complexas

Palavras complexas

4 sílabas. 13% palavras simples 69% l l. 69% palavras complexas

21Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕESPalavras simples vs complexas

- 1º ano - quase exclusivamente formas simples, flexionadas ou não- o evidente predomínio de palavras simples no input (types e, sobretudo, tokens) pode justificar a emergência das palavras

l 2º complexas apenas no 2º ano- a partir 2;05 a proporção de palavras complexas torna-se sistemática (~5 6% dos tokens) e é muito próxima da verificada sistemática (~5,6% dos tokens) e é muito próxima da verificada no adulto (5,6% dos tokens)- proporção de palavras complexas em L é baixa quer em typesproporção de palavras complexas em L é baixa, quer em typesquer em tokens > ambos mais próximos dos valores do adulto de tokens (5.6%) do que de types (22.7%)

papel da frequência no input contada sobre tokens22Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕESPalavras complexas e processos morfológicos

- quando surgem palavras complexas, aparecem simultaneamente os diversos processos de formação de palavras

- o facto de as formas derivadas serem muito mais frequentes no adulto do que os restantes tipos de palavras complexas não conduz à emergência mais precoce de palavras derivadas do que de palavras compostas e com sufixação (z-)avaliativa

aqui não é visível o efeito de frequência no input aqui não é visível o efeito de frequência no input

- no momento em que aparecem as primeiras palavras complexas (2;03~2;04) surgem já palavras formadas pela criança (≠adulto) as palavras não são necessariamente armazenadas sem análise; há computação dos mecanismos morfológicos para a formação de há computação dos mecanismos morfológicos para a formação de palavras

23Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Emergência de morfologia derivacional coincide com marco de explosão lexical (types e tokens). até aos 2;02 L nunca produz mensalmente mais de 43 typese 59 tokens. aos 2;03 L produz 160 types e 317 tokens, valores que crescem muito, subsequentemente dimensão do léxico como requisito para o desenvolvimento morfológico (Booij 2007; ver tb. Frota 2010 sobre a relação entre dimensão do léxico e desenvolvimento prosódico)entre dimensão do léxico e desenvolvimento prosódico)

24Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Classes de palavras- quase só classes abertas no 1º ano – isto deve ser relacionado com a fase do desenvolvimento sintáctico, mas não só: muitas das palavras de classe fechada são clíticos fonológicos

- o facto de no 1º ano quase só estarem representadas classes abertas que são as que podem entrar em processos regulares abertas, que são as que podem entrar em processos regulares de formação de palavras, significa a ausência de palavras complexas no 1º ano não é explicável pela inexistência das co p e as o a o ão é e p cá e pe a e stê c a dasclasses de palavras relevantes nesse período.

25Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕESFormatos de palavras

- formatos de palavras-alvo com 3 e 4 sílabas consistentemente presentes e com valores expressivos desde 2;01 – o que parece preceder a produção de formas complexas (2;03~2;04) preceder a produção de formas complexas (2;03 2;04) pode significar que um léxico com palavras maiores tem de preceder a morfologia complexa; - o facto de na produção os formatos maiores aparecerem consistentemente mais tarde (2;06) parece sugerir que o que é relevante para o aparecimento da morfologia complexa é o léxico da relevante para o aparecimento da morfologia complexa é o léxico da criança (> que contenha palavras com esse formato) e não a capacidade de a criança produzir esse formato.- as proporções sistemáticas dos diversos tamanhos de palavra na criança entre 2;01-3;03 não reflectem dados do adulto (palavras com 1 e 2 síl ocorrem com freq ência semelhante e m ito s perior aos e 2 síl ocorrem com frequência semelhante e muito superior aos restantes formatos e trissílabos representam ~10%)

26Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Processos de formação de pala ras em partic lar Processos de formação de palavras, em particular composição, mais tardios do que o reportado para línguas como o Alemão (Grimm 2007)como o Alemão (Grimm 2007) compatível com a hip. de Peters & Menn (1993) de que, em línguas em que as fronteiras de morfemasq g qcoincidem com fronteiras de sílabas, as criançasproduzem palavras polimorfémicas mais cedo compatível com o papel da frequência (mas apenas se computada sobre tokens) (e.g. Nicoladis 2006, Dressler et al 2010)al. 2010)

27Vigário & Garcia | APL 2011

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Fornecemos o que julgamos ser a primeira descrição do desenvolvimento da morfologia complexa nos primeiros estádios de aquisição no Português Europeuaqu s ção o o tuguês u opeu

A investigação contribui para o entendimento. do papel da frequência do input no desenvolvimento morfológico infantilinfantil. da importância de factores prosódicos para o desenvolvimento morfológico (tamanho de palavra) d l d lé i d l i t li í ti. do papel do léxico no desenvolvimento linguístico

Investigação futurag ç> alargar a observação a outras crianças> alargar o escopo temporal coberto> reforçar o estudo do desenvolvimento morfológico em interacção > reforçar o estudo do desenvolvimento morfológico em interacção com o desenvolvimento do léxico e de outras áreas da gramática

28Vigário & Garcia | APL 2011

OBRIGADA!Agradece-se em especial

A áli M d l di ibili ã d d d b f ê i d > a Amália Mendes, pela disponibilização dos dados sobre a frequência das classes de palavras no corpus do Português incluído no C-ORAL-ROM

> a Sónia Frota que esteve na génese deste projecto> a Sónia Frota, que esteve na génese deste projecto

Este trabalho não seria possível sem o uso do FreP e da base de dados LuMaLida ON desenvolvidos no Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras LuMaLida_ON, desenvolvidos no Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras de Lisboa (CLUL)

29Vigário & Garcia | APL 2011