Aproveitamento de Rejeitos de Agua Salina

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XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas 1 USOS ALTERNATIVOS PARA ÁGUA SUBTERRÂNEA NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO Everaldo Rocha Porto 1 ; Luis Gonzaga De Albuquerque Silva Júnior 2 ; Odilon Juvino de Araújo 3 & Miriam Cleide Cavalcante Amorim 4 RESUMO - Com o objetivo de reduzir os impactos causados pelo rejeito da dessalinização de água salobra, proveniente do cristalino, no trópico semi-árido brasileiro, três alternativas de aproveitamento de água com alta salinidade foram avaliadas nos campos da estação experimental da Embrapa Semi-Arido. As alternativas foram: (a) cristalização seletiva dos sais; (b) cultivo de tilápia rosa (Oreochromis sp); e (c) irrigação da erva-sal (Atriplex nummularia). A salinidade média da água usada foi de 11,38 ds/m. Cinco tipos de sais foram conseguidos na cristalização; a tilápia atingiu o peso de 455 gramas em 6 meses; e o rendimento da erva-sal foi de 6.537kg de matéria seca por hectare. Em função dos resultado obtidos com estes estudos, é possível a viabilização do uso de água de poços no cristalino do semi-árido brasileiro para a geração de renda, através destas alternativas que apresentam menos risco que os atuais sistemas de produção de subsistência, ora utilizados pela maioria dos produtores de base familiar desta região. ABSTRACT - Looking forward to reducing environmental impact resulting from desalting brackish water in the region of the crystalline rocks in the semi-arid tropic of Brazil, three alternatives of using the brine were evaluated on the fields of the Embrapa Semi-Arid experiment station. The alternatives tested were: (a) selective crystallization of the salts dissolved in the brine; (b) fishpond operation with Tilapia (Oreochromis sp.); and (c) irrigating saltbush plants (Atriplex nummularia). The average sal concentration of the brine was 11,38 ds/m. Five kinds of salts were obtained by the evaporation process; the Tilápia fish reached a averaged weight of 455gr during six months; the yield of saltbush cultivated during one year was 6,537kg of dry matter per hectare. Considering the results obtained in these experiments, it is possible to assume the use of brackish water from deep wells encountered in the semi-arid tropic of Brazil as alternatives to generate income since they present less risk than the actually used farming system based on rainfeed agriculture. Palavras-chave: água salina, rejeito, tilápia 1 Engº Agrº, Ph.D., Pesquisador da Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-970, Petrolina-PE – [email protected] 2 Engº Agrº, M.Sc., CODEVASF, Petrolina-PE 3 Engº de pesca, CODEVASF – Petrolina-PE 4 Engª Química, M.Sc., COMPESA – Petrolina-PE

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Estudo científico mostrando alternativas sustentáveis para aproveitamento de água de rejeito de dessalinizadores de maneira sustentável e com custo baixo.

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XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 1 USOS ALTERNATIVOS PARA GUA SUBTERRNEA NO SEMI-RIDO BRASILEIRO Everaldo Rocha Porto1; Luis Gonzaga De Albuquerque Silva Jnior2; Odilon Juvino de Arajo3 & Miriam Cleide Cavalcante Amorim4 RESUMO - Com o objetivo de reduzir os impactos causados pelo rejeito da dessalinizao de gua salobra,provenientedocristalino,notrpicosemi-ridobrasileiro,trsalternativasde aproveitamento de gua com alta salinidade foram avaliadas nos campos da estao experimental da Embrapa Semi-Arido. As alternativas foram: (a) cristalizao seletiva dos sais; (b) cultivo de tilpia rosa(Oreochromissp);e(c)irrigaodaerva-sal(Atriplexnummularia).Asalinidademdiada guausadafoide11,38ds/m.Cincotiposdesaisforamconseguidosnacristalizao;atilpia atingiuopesode455gramasem6meses;eorendimentodaerva-salfoide6.537kgdematria secaporhectare. Emfunodosresultado obtidoscomestesestudos,possvelaviabilizaodo uso de gua de poos no cristalino do semi-rido brasileiro para a gerao de renda, atravs destas alternativasqueapresentammenosriscoqueosatuaissistemasdeproduodesubsistncia,ora utilizados pela maioria dos produtores de base familiar desta regio. ABSTRACT-Lookingforwardtoreducingenvironmentalimpactresultingfromdesalting brackishwaterintheregionofthecrystallinerocksinthesemi-aridtropicofBrazil,three alternativesofusingthebrinewereevaluatedon thefieldsoftheEmbrapaSemi-Aridexperiment station. The alternatives tested were: (a) selective crystallization of the salts dissolved in the brine; (b)fishpondoperationwithTilapia(Oreochromissp.);and(c)irrigatingsaltbushplants(Atriplex nummularia). The averagesal concentration of the brine was 11,38 ds/m.Five kinds ofsalts were obtained by the evaporation process; the Tilpia fish reached a averaged weight of 455gr during six months;theyieldofsaltbushcultivatedduringoneyearwas6,537kgofdrymatterperhectare. Consideringtheresultsobtainedintheseexperiments,itispossibletoassumetheuseofbrackish waterfromdeepwellsencounteredinthesemi-aridtropicofBrazilasalternativestogenerate incomesincetheypresentlessriskthantheactuallyusedfarmingsystembasedonrainfeed agriculture. Palavras-chave: gua salina, rejeito, tilpia

1Eng Agr, Ph.D., Pesquisador da Embrapa Semi-rido, C. Postal 23, 56300-970, Petrolina-PE [email protected] 2 Eng Agr, M.Sc., CODEVASF, Petrolina-PE 3 Eng de pesca,CODEVASF Petrolina-PE 4 Eng Qumica, M.Sc., COMPESA Petrolina-PE XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 2 INTRODUO Aescassezdeguaeasalinidadedobinmiosologua,sodoispontoslevantadoscomo limitantesparaaprodutividadeeaexpansodoagronegciodesequeironosemi-ridobrasileiro. Todavia,mesmonasreasmaiscrticasdestaregio,constitudaspelocristalino,opotencial explorveldeguasubterrneapodeserestimado,combasenaexistnciade50.000poos perfurados (Rebouas 1999).Estespoosapresentamvazomdiamnimasuperiora1000litrosdeguaporhora. Todavia, sua utilizao na maioria das vezes, se restringe apenas ao dessedentamento dos caprinos e ovinos,animaispredominantesnossistemasdeproduodosagricultoresdebasefamiliardesta regio,porrazodesuasguasapresentaremsalinidadesuperioresaolimiteestabelecidopela Organizao Mundial de Sade, para o consumo humano. Nos ltimos anos, pesquisadores desenvolveram, atravs de projetos de pesquisa, tecnologias apropriadasparaousodeguasalobra,comaltoscontedossalinos(Miyamotoetal.,1996)e (Glenn et al., 1998). O objetivo deste documento apresentar alguns resultados de pesquisas como alternativas para uso de gua salina no semi-rido do nordeste brasileiro. AES DESENVOLVIDAS Sistema de Dessalinizao: Dados do Sistema DosseispoostubularesexistentesnoCampoExperimentaldeManejodaCaatingada EmbrapaSemi-Arido,todospossuemteoresdesaisacimadoaceitvelparaconsumohumanoe todos passveis de potabilizao via dessalinizao. Em 1997, foi instalado o primeiro equipamento com o objetivo de produzir gua potvel para os trabalhadores de Campo deste Centro de Pesquisa e pesquisar as alternativas de uso de parte da gua que eliminada no processo, denominado rejeito, com nvel de salinidade bem superior a gua do poo. A planta de dessalinizao por Osmose Inversa compe-se de uma bomba submersa instalada nopootubularquebombeiaaguasalobraparaumsistemadepr-tratamento,umconjunto motobombacentrfugadealtapresso,pr-filtrosemembranasosmticas.Orejeitoproduzido distribudo para os tanques de Evaporao, para os tanques de cultivo de peixes e para irrigao das plantas halfitas, conforme mostra o fluxograma da Figura 1. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 3 Figura 1 Fluxograma do sistema de dessalinizao e acondicionamento dos rejeitos. Aanlisefsico-qumicadaguadopoodetermina,atravsdondicedeLangelier,a necessidadedeutilizaodeumpr-tratamentoparaprevenirodepsitodesaisincrustantesnas membranasosmticas.utilizadoumasoluopolimrica(hexametafosfatodesdio) especialmente efetivo contra incrustaes de carbonato de clcio e sulfato de clcio. O sistema opera com uma taxa de remoo de sais (TRS) de 98,8 %, e nvel de recuperao de17,64%.Osistemaoperacomumaproduo depermeadode514l/heproduode rejeitode 2400 l/h, sendo necessrios 6089 l de gua de alimentao para produzir 5000 litros de rejeito. Caractersticas Qumicas das guas em Estudo Adeterminaoanalticadosdadosfsico-qumicosdasguasemestudofoirealizadano LaboratriodeSolosdaEmbrapaSemi-Arido,sendoanalisadasaguadealimentao(guado poo), permeado (gua purificada ou dessalinizada) e gua do rejeito, numa frequncia mensal. Os resultadosdadeterminaoanalticaencontram-senaTabela1.Observa-sequeosonsdemaior predominncianastrsguassoosdio(Na+), omagnsio(Mg++)eocloreto(Cl-),contudoso usualmenteoclcio(Ca2+),sulfato(SO4--)ebicarbonato(HCO3-)demaiorrelevnciapois,eles podem contribuir para a formao de incrustaes nas membranas osmticas. Tanque de Armazenamento Armazenamento de Rejeito gua Purificada Pr-Tratamento Plantas Halfitas Cultivo de Peixes Evaporao Poo Tubular XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 4 Tabela1 - Caractersticas qumicas das guas em estudo. guas analisadas AnlisesUnidades AlimentaoPermeadoRejeito Cor555 Turbidez1,00,30,3 AlcalinidadeMgCaCO3/l48020 PH7,15,67,1 CE 25 oCDS/m7,660,428,98 Resduo Secomg/l5.4971036.156 DurezaTotal MgCaCO3/l2343,914,42797,2 Ca++meq/l23,060,2638,43 Mg++meq/l41,690,4153,26 Na+meq/l53,721,1039,05 K+meq/l3,670,142,66 CO3- -meq/l0,00,00,0 HCO3- meq/l31,020,5239,32 SO4- -meq/l1,230,200,94 Cl -meq/l98,591,39124,48 Anlises realizadas no perodo de 15/01/98 a 29/01/99 A partir dos dados da Tabela 1, foram plotados os dados do resduo seco e da condutividade eltrica da gua do poo, conforme mostra a Figura 2. Figura 2 - Comportamento da concentrao de sais na gua do poo no perodo de um ano. Acondicionamento dos RejeitosOstrabalhosforamimplantadosnaEmbrapaSemi-Arido,noCampoExperimentalda Caatingaondeestmontado oequipamentodedessalinizaopor osmoseinversa.Ametodologia empregadanoprojetoconsistiunautilizaodeumsistemaintegradoondeosrejeitosda dessalinizao da gua foram utilizados para obteno de sais cristalizados, atravs da precipitao relativa;nocultivodepeixes;e,finalmente,parairrigarespcieshalfitas,conformeesquema mostrado na Figura 3.024681012jan/98fev/98mar/98abr/98mai/98jun/98jul/98ago/98set/98out/98nov/98dez/98jan/99ConcentraoResduo Seco (g/l)Condutividade Eltrica (dS/m) XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 5 Inicialmente,partedosrejeitosforamdesviadosparaasbaciasdeevaporaoparaa cristalizaoseletivadossais.Oprocessofoiimplementado,baseando-senametodologiade produo de sal marinho que tradicionalmente obtido por exposio da gua do oceano ao sol e ao vento,emtanquesrasosedepisosargilosos,ondeasoluosalinavaiatingindoconcentraescadavezmaioresatopontodesaturao,quandocomeaaprecipitarocloretodesdio.A identificao deste ponto realizada atravs da medio de graus Baum. Obtida a precipitao dos cristais de cloreto de sdio, a soluo restante foi separada para obteno dos demais componentes.Nasegundaetapadoprocesso,ovolumerestantedosrejeitosfoiacondicionadoemreservatrioscomcapacidadepara330m3queserviudemeiolquidoparaocultivodopeixe Tilpiarosa(Oreochromissp).Aalimentaofoirealizadaempregando-seraesbalanceadas, especficasparacadaespcieeocrescimentodosanimaisfoimonitoradoatravsdepesagens mensaisdosindivduosamostrados.Arenovaodepartedaguadoreservatriofoirealizada semanalmente,apso monitoramento datemperatura da gua, pH e condutividadeeltrica.Estas anlisesforam realizadas diariamente, visando manter as condies ecolgicasnecessrias ao bom desenvolvimento dos indivduos.A gua descartada foi utilizada para irrigao de plantas halfitas. Autilizaodosrejeitosnairrigaodeplantashalfitasfoioultimosegmentodoprojeto, quando a espcies Atriplex nummularia foi introduzida na regio e estudada quanto adaptao s condiesambientaisdaregio,bemcomo,scaractersticasqumicasdosrejeitosda dessalinizao.Noexperimento,asmudasforamplantadasemespaamentode3x3m,emdelineamento experimentaldeblocosaoacaso,contendocadaparcela16plantas.Osblocosforamrepetidos3 vezes.Airrigaofoi por sulcos e a quantidade de gua aplicadafoi de 300litros de rejeitos por sulcode12mporsemana.Omonitoramentodasalinidadefoirealizadonosolo,aintervalosde 30cm, indo da camada superficial at a profundidade de 90cm. A seguir as informaes referentes a cada segmento so apresentadas separadamente. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 6 Figura 3- Diagrama da rea experimental para utilizao do rejeito da dessalinizao. BOMBAPsicultura 3Psicultura 2Psicultura 1Bat. 1T1 T1 T1 T1T2 T2 T2 T2T3 T3 T3 T3T4 T4 T4 T4T5 T5 T5 T5Bat. 2 Bat. 3 Bat. 4T1 T2TratamentosBlocosTanques de EvaporaoT3 T4B 01B 02B 033,00 m 3,00 m1,50 m 1,50 mT.C.AIRRIGAO DE PLANTAS HALFITAS CULTIVO DE TILPIAPRECIPITAO SELETIVA DOS SAISPsicultura 3Psicultura 2Psicultura 1 Bomba XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 7 Sistema de Evaporao dos Rejeitos Deacordocomascaractersticasqumicasdasguasdosrejeitos,umadasformasde reaproveitamento pode ser a evaporao para obteno de sais, a exemplo do processo de produo de sal marinho, no qual a gua do mar captada e exposta ao sol e ao vento em tanques rasos para evaporao da gua e cristalizao dos sais. Como no h metodologia para cristalizao de sais das guas salobras dos poos do Nordeste semi-rido, inicia-se utilizando a metodologia utilizada nas salinas marinhas, na qual a gua do mar postaaevaporarvaiatingindoconcentraescadavezmaiores,atopontodesaturaodossais nelapresentes,quandocomeamacristalizareprecipitar.Estepontoidentificadoatravsda mediodegrausBaum(oB)utilizandoaparelhochamadoaermetrodeBaum,ecadasal possue uma faixa ideal de cristalizao Resultados Obtidos Apstransfernciadolquidodeumtanqueparaooutroosalcristalizadoobtidoemcada tanque,foirecolhidoemsacosplsticos,identificados,postosasecar,pesadoeanalisadono laboratrio,deformaqueseguindoestesprocedimentos,foramrealizadoscincoexperimentos, tendocadaexperimentocincosais.ATabela2apresentaospesosdossaisobtidosnoscinco experimentos. Tabela 2 Peso dos sais cristalizados nos tanques de acordo com as faixas de cristalizao. 0,5 - 16 16 - 25 25 - 29 29 - 31 32 - 44Experimento Peso Total01 10,00 17,00 9,00 3,00 0,60 39,6002 4,00 9,00 17,00 4,10 0,75 34,9003 5,50 4,50 10,00 8,50 0,78 29,3004 13,50 13,50 7,50 3,50 0,83 38,8005 10,00 10,00 13,00 3,90 0,83 37,70MDIA 8,60 10,80 11,30 4,60 0,76 36,06Faixas de Cristalizao (0B)Pesos dos Sais nas faixas de cristalizao (kg) ATabela3apresentaotempoemdiasparaevaporaodaguaemcadafaixade cristalizao,paracadaumdoscincoexperimentos.Otempomdioentreoincioeofimdos experimentosfoide71dias,comumaevaporaomdia( Ev )de9,59mmmedidaemTanque Classe A eEvde 4,2 mm nos tanques de cristalizao, conforme Tabela 4. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 8 Tabela 3 - Tempo em dias para evaporao da gua do rejeito em cada faixa de cristalizao e ao fim dos experimentos. Faixas de cristalizao (oB) ExperimentoMs Inicial 0,5 - 1616 - 2525 - 2929 - 3232 - 44TotalMs Final 01Out/97380303031966Jan/98 02Nov/97430304072986Mar/98 03Nov/9747080609--Abr/98 04Dez/97310305032365Abr/98 05Dez/97330404042469Abr/98 Tabela 4 - Evaporao em Tanque Classe A (mm) e em Tanques de cristalizao (mm). Faixas de Cristalizao (oB) 0,5 - 1616 2525 - 2929 - 3232 - 44 Experimento EvA1 EvTq2 EvA EvTq EvA EvTq EvA EvTq EvA EvTq 019,037,2010,902,608,862,0012,742,0011,715,20 029,728,0011,304,0011,812,8010,392,508,162,80 039,408,3010,404,608,703,608,303,409,502,60 049,206,608,404,508,501,708,601,809,102,00 059,0815,907,664,008,972,809,461,709,912,20 1EvA: Evaporao em Tanque Classe A 2EvTq: Evaporao em Tanques de cristalizao Plotando os dados da evaporao mdia do Tanque ClasseA e dos Tanques de Cristalizaoem funo das faixas de cristalizao, conforme Figura 4, observamos que a evaporao da gua do rejeitodiminuiconsideravelmenteamedidaqueomesmoaumentasuaconcentraoequea evaporao que mais se assemelha a evaporao do Tanque Classe A na faixa de 0,5-16oB. Figura 4 - Comportamento da Evaporao no Tanque Classe A e nos Tanques de Cristalizao 0246810120,5-16 16-25 25-29 29-32 32-44Faixas de Cristalizao (B)Evaporao (mm)Evaporao do TanqueClasse AEvaporao do Tanquede Cristalizao XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 9 Meio Lquido para Cultivo De Tilpias Ocrescimentodapiscicultura,combaseemraasdetilpiascujoorigemgenticavemdo gneroOreochromis,temobrigadoaosmeiostcnico-cientficosbuscaremnovasalternativas visandoamelhoriadoprodutofinal,nabuscadaqualidadeeaceitabilidadepeloconsumidor. Dentro do universo estudado, seincluiformas demelhoramento do sabor do produto final atravs da gentica e tcnicas de depurao do pescado vivo. Autilizaodeguasalobraparacontroledegruposdealgasqueafetamaqualidadedo pescado j usada em regies do mundo, onde se dispe de gua do mar em quantidade e qualidade suficiente para atender, economicamente, as necessidades do processo utilizado. Emregiesdistantesdosmares,oceanose/oumananciaisnaturalmentesalgados,torna-se difcileanti-econmicoautilizaodestemtodo.Apeculiaridadeencontradanaregiodosemi-rida,atravsdepoosperfuradosnocristalino,aparececomoformavivelparaoprodutor melhorarseuprodutoe,atravsdediluio,devolveraguaresultanteaosmananciais,sem prejuzo ao meio ambiente. Porserumaespcieoriginriadeguadocequeadapta-semuitobememguasalgada,por suacorrosaquefavorecenoaspectodemercadoalmdeumacarnesemespinhasedeboa qualidade, foi escolhido o peixe da raa da espcie Tilpia koina, originria da Malsia, cujo nome cientfico Oreochromis sp. Comoobjetivodeverificarascondiesecolgicasdoreservatrioparasobrevivnciada Tilpia Rosa, foi construdo um tanque com capacidade de aproximadamente 330 m3 revestido com geomembrana de PVC (Vinimanta), com caractersticas tcnicas e modelagem conforme Tabela 5 e Figura 5, respectivamente, a fim de evitar contato da gua salgada com o solo. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 10 Tabela 5 Principais caractersticas tcnicas da geomembrana flexvel de PVC. Caractersticas EspecficasUnidadeMtodo de EnsaioEspecificaes Espessuramm0,80 Variao de espessura%ASTM D 1593+/-5 Peso especficog/cc ASTM D 792 Mtodo A 1.20-1.35 Resistncia mnima trao Tenso de ruptura mnimoKg/cm2140 Alongamento na ruptura mnimo%325 Mduloa100%alongamento mnimo Kg/cm2 ASTM D 882 65 Resistncia ao rasgo mnimoKg/cmASTM D 100445 Estabilidade dimensional mximo% ASTM D 1204 1000C, 15 minutos 5 Perda de volteis - mximo%ASTM D 12030,7 Resistncia da solda em fbrica (alta frequncia) mnimo Kg/cmASTM D 30839 Figura 5 Desenhos da modelagem e ancoragem do revestimento. Considerando o parmetro de 4 peixes/m3 de gua, foram colocadas 1320 Tilpiascom peso mdiode3,2g,asquaistiveramumperododecultivoeengordadeseis(06)meses.Arao extrusadaflutuantefoifornecidaduasvezesaodia,noperododamanhetarde.Diariamente foram medidos a temperatura, concentrao salina epH da gua no tanque. A Tabela 6 apresenta as mdias mensais destas informaes para o perodo de cultivo. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 11 Tabela6 Dados das medies de temperatura, condutividade eltricapH e grau Baum da gua do tanque de criao da tilpia (mdias mensais). Ms/Ano 09:00 15:00 CE pHmaio-98 25,50 28,45 10,15 8,23junho-98 25,00 28,00 9,46 8,36julho-98 24,96 28,38 10,90 7,99agosto-98 25,10 28,77 11,85 7,87setembro-98 25,40 29,47 11,16 7,86outubro-98 25,37 29,17 11,76 8,13novembro-98 25,98 28,38 11,95 8,07dezembro-98 25,52 27,65 11,76 8,16janeiro-99 25,87 28,35 12,13 8,27fevereiro-99 25,33 27,33 12,70 8,20Temperatura Apsdecorridososseismesesdaavaliao,observou-sequeasobrevivnciafoide92,7%, valorestedentrodospadresnormaisdecultivo,eindicandoqueascondiesecolgicasdo reservatrioforamboase,permitiraminclusive,areproduodosindivduos.Observou-se, tambm,quealmdecondiespermissveisdevida,houveganhodepesosatisfatriodos indivduos. Resultados sobre a Produo do Peixe ObservaesdesobrevivnciaecrescimentodeTilpiarosa(Oreochromissp)em reservatriocomrejeitodedessalinizadoresdeguadepoosalinizadosoapresentadosna Tabela 6. Tabela 6 Informaes sobre desempenho da piscicultura. OPERAODATA PESO MDIO (gramas) SOBREVIVNCIA (%) Amostragem25/05/9814,86100,0 Amostragem29/06/9830,6496,4 Amostragem29/07/9851,7496,4 Amostragem03/09/98108,3396,4 Amostragem13/10/98146,5796,4 Amostragem14/11/98338,4690,2 Despesca13/10/99445,5882,4 XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 12 Utilizao como gua de Irrigao de Plantas Halfitas Oplantiodeespciesresistentesaosalpoderserumaboaopodeaproveitamentodos rejeitos, devido aos seusmecanismos de tolerncia e evitncia salinidade, que permitemexcretar ossaisabsorvidosouacumular-senabiomassa,eaoseupotencialforrageiro,constituindo-seem uma importante fonte de nutrientes para ruminantes.Por seu excelente potencial como produtora de forragem em ambientes salinos, foi conduzido umexperimentocomespciedogneroAtriplex,fornecidaspelaUniversidadeFederalRuralde Pernambuco e irrigadas com os rejeitos da dessalinizao, num regime de aplicao de 300 litros de rejeitoporsulcode12metros,umavezporsemana.Aespcieselecionadaparaotrabalhofoia atriplex nummularia. Ao redor da rea do campo experimental na qual as plantas esto sendo cultivadas, foi erguida umacercaafimdeisolarosexperimentosdevidoacirculaodeanimais.Deacordocoma literatura, o gnero Atriplex pertencente a famlia Chenopodiacea, conta com mais de 400 espcies distribudas em diversas regies ridas e semi-ridas do mundo, sendo a espcie nummularia a mais importantenocombateadesertificaoemzonasridasesemi-ridas.Ascaractersticasquelhe doimportnciaso:altaresistnciascondiesdeextremaaridez,bomrendimentoforrageiro apresentadoentre7e17%deprotenabruta,fcilpropagao,apresentaaltopodercalorficoe pouco susceptvel a pragas e doenas. Uma peculiaridadeimportante nesta planta que ela requer sdio como elemento essencial em sua nutrio (FAO, 1996). Asplantasutilizadasforamoriginriasdeumnicaplantaaqualfoireproduzidaporestaquia, evitando-se assim a variabilidade gentica que por ventura pudesse existir entre as plantas. As mudas de Atriplex, num total de 192 plantas, foram transplantados em espaamento de 3m x 3m, perfazendoumareatotalde1728m2.Oplantiofoirealizadoem27/02/98eforamcolhidosentre 12 e 16 de maro de 1999. A Figura 6 mostra uma foto da Atriplex nummularia uma semana antes da colheita. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 13 Figura 6 Atriplex nummularia irrigada com o rejeito da dessalinizao de gua salobra, com um ano de idade. Durante este perodo cada planta recebeu 50 irrigaes, sendo aplicados 75 litros de gua por planta, totalizando 3.750 litros. Na colheita o corte foi realizado a uma altura de 0,70 m a partir da superfcie do solo. Todo material colhido foi separado quanto a folhas, caules finos, caules grossos emateriallenhoso,sendoostrsprimeirosconsideradoscomomaterialforrageirooqualfoi transformadoemfeno.OsresultadossobreodesempenhodaAtriplexnummularia,duranteo primeiro ano, so apresentados a seguir. Resultados Obtidos A Tabela 7 apresenta o peso total damatriafresca (MF) de cada uma das parcelas colhidas deAtriplexnummulariaapsumanodeidade.Cadaparcelaporsuavezconstitudapor16 plantas,produzindoumamdiageralde23,46kgdematerialporplanta.Ototaldeproduode todo oconjuntodeplantasdareade4.504,0kg,dandoumaprodutividadede26.064,0kgpor hectare. XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 14 Tabela 7 Produo colhida de Atriplex nummularia no 1 corte (peso fresco kg) 328,5 404,0 416,5391,0 410,0 296,0344,5 343,0 392,5368,5 366,0 441,5Mdia/Parcela 358,1 381,2 386,6Mdia/Planta 22,4 23,8 24,2Produo Total Obtida (kg)/rea colhida 4.504,0 Produtividade Estimada (kg/ha) 26.064,0Peso total colhido por parcela de 16 plantas ATabela8apresentaodetalhamentodaproduoparaasdiferentespartesdaplanta. importantechamaraatenoparaoqueestsendochamadodecaulefinoegrosso.Caulefino todo ramo tenro que suporta as folhas. Caule grosso todo material lenhoso com dimetro igual ou inferioraespessuradeumlpiscomum.Poroutrolado,orestantedomateriallenhosoquefoi colhidoconsideradolenha.Deacordocomestatabela,omaterialpredominanteafolhagem, como pode ser visto na coluna que demonstra a proporo em relao ao total da planta. Tabela 8 Totais de material fresco e percentuais produzidos por parte das plantas. Parte da Planta Produo matria fresca Proporo em relao ao(kg) total da Planta (%)Total 4.504,0 100,0Lenha 824,0 18,3Folha 2.557,0 56,7Caule Fino 552,0 12,3Caule Grosso 571,0 12,7 ATabela9apresentaosdadossobreosprincipaiscomponentesbromotolgicos.As informaes apresentadas so com base na produtividade estimada. De acordo com a literatura sobre o desempenho da Atriplex, a produtividade de 6.538,0 kg de matria seca considerada como muito alta. O teor de protena mdio encontrado est ao redor de 14%, o que j era esperado. Tabela 9 Composio bromotolgica do total e de partes da planta de Atriplex (kg/ha). Planta InteiraMaterial Forrageiro Composio TotalLenhaFolhaC. FinoC. GrossoTotal Matria Fresca26.064,04.768,014.797,03.194,03.305,021.296,0 Matria Seca3.425,01.405,01.711,06.538,0 Prot. Bruta633,5112,0102,5980,0 XII Congresso Brasileiro de guas Subterrneas 15 CONCLUSES & RECOMENDAES -Acristalizaodesaisatravsdaevaporaoumaalternativacompotencialidadedeser colocada em prtica a curto prazo. Nas condies climticas de Petrolina-PE, o tempo para evaporao de 5000 litros de rejeito de 60 a 70 dias. -Aseparaodossaisatravsdacristalizaoseletivapelaevaporao,apresenta potencialidadedeserimplementada.Todavia,hnecessidadedodesenvolvimentode diagrama especfico para gua de poo. -Acriaodetilpiarosa,dogneroOreochromis,comautilizaodorejeito acondicionadoemtanquerevestidocomgeomembranadePVC,umaalternativacom grandes potencialidades de viabilidade econmica. -A Atriplex nummularia apresenta potencialidade como planta forrageira de tolerncia a alta salinidade,podendoserproduzidadurantetodooano,utilizando-seguadepoosdo cristalino como meio lquido para irrigao. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FAO(Roma,Itlia).Estudiosdecasodeespeciesvegetalesparazonasaridasysemiaridasde ChileyMexico.Santiago:OficinaregionaldelaFAOparaAmericaLatinayelCaribe, 1996.143p.il(FAO.OficinaRegionalparaAmricaLatinayelCaribe.ZonasAridasy Semiaridas, 10).GLENN, E.P; BROWN, J.J.; O'LEARY, J.W. lrrigating crops with seawater. Scientific American, v.278, n. 1, p. 76-81, Aug., 1998.MIYAMOTO,S.;GLENN,E.P;SINGH,N,T.Utilizationofhalophyticplantsforfodder productionwithbrackishwatersubtropicdeserts.ln:SQUIRES,V.R.;AYOUB,A.T.eds. Halophytesasaresourceforlivestockandforrehabilitationofdegradedlands.The Wetherlands: Kluver Academic, 1996. p.43-75.REBOUAS,A.deC.Potencialidadedeguasubterrneanosemi-ridobrasileiro.Trabalho apresentadonoseminrioguaSalobra:FontedeguaPotveleAlternativadeUsodo Rejeito da Dessalinizao, 1999, Petrolina, PE.