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Símbolos do Espírito Uma Resposta para a Comissão de Nomeações Anjos em Ação África do Sul na Abril 2015 SADUCEUS FARISEUS E ENTRE 27 14 24 Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia

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R e v i s t a I n t e r n a c i o n a l d a I g r e j a A d v e n t i s t a d o S é t i m o D i a

Símbolosdo Espírito

Uma Resposta paraa Comissão de Nomeações

Anjos em Ação África do Sulna

Abr i l 2015

SaduceuS FariSeuSeE N T R E

2714 24

R e v i s t a I n t e r n a c i o n a l d a I g r e j a A d v e n t i s t a d o S é t i m o D i a

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Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 11, Nº- 4, Abril de 2015.

www.adventistworld.orgOn-line: disponível em 10 idiomas

Tradução: Sonete Magalhães Costa

3 N O T Í C I A S D O M U N D O

3 Notícias breves 6 Notícia especial 10 Igreja de um dia

11 S A Ú D E N O M U N D O

Picadas de abelha

A R T I G O D E C A P A

16 Jesus assume o centro

Gerald A. KlingbeilPara as pequenas categorias religiosas do seu tempo Jesus nunca se enquadrava.

8 V I S Ã O M U N D I A L

Trabalhando juntos Ted N. C. Wilson Uma tarefa tão grande quanto a nossa requer o

envolvimento de todos.

12 D E V O C I O N A L

Então você estava lá Chantal J. Klingbeil Os personagens ao pé da cruz têm uma

semelhança notável com o rosto no espelho.

14 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Uma resposta para a Comissão de Nomeações

Daisy Hall Esse não é um trabalho, é um chamado.

20 V I D A A D V E N T I S T A

A Cabeça, o coração e as mãos Youssry Guirguis O trabalho dedicado inclui todos eles.

22 E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Contemple a perfeição de Cristo Ellen G. White Pela contemplação somos transformados.

24 H E R A N Ç A A D V E N T I S T A

Anjos em ação na África do Sul Elaine Tarr Dodd Os primeiros missionários na África enfrentaram

tremendos desafios com maravilhosas recompensas.

26 R E S P O S T A S A

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

Enganados

27 E S T U D O B Í B L I C O

Símbolos do Espírito

28 T R O C A D E I D E I A S

S E Ç Õ E S

Abr i l 2015

I l u s t r a ç ã o d a c a p a : J e f f d e v e r e B r e t t M e l I t I

Assembleia da Associação GeralComunicado oficial determina que a sexagésima assembleia da Associação Geral será realizada nos dias 2 a 11 de julho de 2015, no Alamodome, em San Antonio, TX (EUA). A primeira reunião terá início às 8h do dia 2 de julho de 2015. Todos os delegados devidamente credenciados são convidados a estar presentes naquele momento.

Ted N. C. Wilson, presidente da Associação Geral

G. T. Ng, Secretário da Associação Geral

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N O T í C I A S D O M u N D O

S E Ç Õ E S

Escolha do time

Milhares de pessoas compareceram ao Festival de Liberdade Religiosa na Arena Nacional, em Kingston.

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■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia inaugurou a filial jamaicana da Associação de Liberdade Religiosa, que defende os direitos de todas as religiões, em festival que teve a presença de autoridades governamentais e milhares de outras pessoas, em Kingston.

Líderes, na filial chamada Associação Nacional de Liberdade Religiosa, disseram que o grupo foi necessário porque os jamaicanos não devem considerar garantida sua liberdade religiosa.

Há alguns meses a liberdade religiosa está na mente de muitos jamaicanos, após o governo promulgar uma lei de trabalho flexível, que várias organizações religiosas temem não proteger adequadamente seu dia de culto. No entanto, o governo insiste em afirmar que a lei não é uma ameaça à liberdade religiosa porque dá ao empregado um período de 24 horas para ser usado como dia de culto.

A Associação Nacional de Liberdade Religiosa foi inaugurada recen-temente durante o primeiro Festival de Liberdade Religiosa realizado na Arena Nacional, na presença de milhares de adventistas e membros de outras denominações.

“Nossa missão é proteger, promover e defender a liberdade religiosa de todos e em todos os lugares. Agora, essa é a nossa missão”, disse aos presentes John Graz, secretário geral da Associação Internacional de

Essa é uma das tradições mais antigas no parque infantil e no pátio da escola.Logo que soa o sinal do recreio, dois capi-

tães fazem duas filas dos que estão dispostos e os nem tão dispostos, para “escolher o time”. Não importa se é futebol (na versão americana, australiana, ou na versão mundial), vôlei, basquete ou algum teste regional de habilidade, temos que esperar para ser escolhidos para um time que irá jogar “contra” o outro.

Nas alianças fáceis e transitórias da infância, ser selecionado para um time é importante só por algumas horas. Sim, pode haver a euforia momentânea do gol da vitória, o lance de três pontos do basquete quando a bola fica rodando no aro e finalmente cai na cesta, ou da cortada indefensável na rede, no último toque da bola, no vôlei. Mas, geralmente, os triunfos e diferenças são logo esquecidos e apagados pelo calor da amizade dos que ficam satisfeitos simplesmente pelo fato de jogar.

Mas os times em volta dos quais gravitamos à medida que amadurecemos, não são tão fa-cilmente apagados, pois eles envolvem aspectos de nossa história, nossa cultura, nossa língua e até de nossa religião, que não desaparecem como quando o professor nos convocava no recreio ou quando juiz apitava o fim do jogo.

Começamos a dar importância, às vezes profunda, para os times que formamos com os que compartilham nossa identidade. Conside-ramos os que se uniram a nós como “pessoas melhores”, ao contrário dos “outros” que se reuniram em torno de um idioma, cultura e ponto de vista religioso diferentes.

E isso é assim, inclusive entre o povo rema-nescente de Deus. Os “times” são formados con-tinuamente, não mais para jogar nem por prazer, mas para marcar território ou fazer pontos teológicos ou de comportamento. As afinidades, crenças compartilhadas e amizade estão entre os maiores dons que Cristo deu à Sua igreja, mas Ele também deve chorar pela maneira como despedaçamos Seu corpo com divisões desne-cessárias, e às vezes não bíblicas, que falam mais de nosso desejo de vencer do que de Sua oração “que eles sejam um, assim como Nós” (Jo 17:11).

Ao ler o artigo de capa deste mês, “Jesus assume o centro”, ore para

que seu coração seja continu-amente aquecido pelo amor unificador de Cristo e regado pela chuva do Espírito Santo.

Igreja Adventista inauguraGrupo de Liberdade Religiosa, na Jamaica

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N O T í C I A S D O M u N D O

Liberdade Religiosa e diretor de Liber-dade Religiosa para a Igreja Adventista mundial.

Robert Pickersgill, ministro da água, terra, meio ambiente e mudanças climá-ticas que representou o primeiro mi-nistro, disse que o governo reconhece o “enorme impacto” da liberdade religiosa sobre o desenvolvimento da Jamaica, e esse direito foi garantido na emenda de 2011 da constituição da Jamaica.

Pearnel Charles, membro do Parlamento, que representou o líder de oposição, Andrew Holness, desafiou os cristãos a falar contra a injustiça humana. “Um ataque à liberdade em qualquer lugar é um ataque à liberdade em todos os lugares”, disse ele.

A Jamaica se une a mais de 80 países do mundo com associações de liberdade religiosa. Mais recentemente, Papua Nova Guiné inaugurou sua associação em um festival realizado em dezembro de 2014.– Rhoma Tomlinson, União Jamaicana

Papua Nova Guiné: A esperança faz história

■ O Hope Channel (Canal da Esperança – TV Adventista Mundial) está se preparando para começar suas transmissões em Papua Nova Guiné, lançando ao ar o equivalente a 300 programas de televisão de meia hora no espaço de um mês.

Uma equipe de 30 técnicos do Hope Channel, de vários lugares do mundo, foi recentemente à Universidade Adventista do Pacífico para se unir a centenas de voluntários na produção dos programas, com a participação de talen-tos locais, sermões e outros conteúdos.

“Pela graça de Deus estamos fazen-do história na Igreja Adventista”, disse Edgar de Lopez, um produtor veterano de TV e administrador da iniciativa,

subúrbios de Freetown, capital desse país da África Ocidental.

“Agora eles estão prontos para abrir mão dos materiais contaminados, pois sabem que serão substituídos”, disse Gabriel Dankyi, coordenador do combate ao ebola para a ADRA local. “Estamos causando um impacto signi-ficativo na população. Eles continuam a expressar sua gratidão.”

Desde novembro a ADRA já descontaminou cerca de mil casas. – Equipe da ADRA e ANN

apelidada de MEGA Projeto Hope PNG.O Projeto Hope serve como o

alicerce do desenvolvimento do Hope Channel sempre que este entra em um país, e nesse caso, ajuda a espalhar o evangelho em Papua Nova Guiné e no resto do sul do Pacífico.

“Esse é o maior Projeto Hope realizado até agora pelo Hope Channel”, disse Kandus Thorp, vice-presidente de desenvolvimento para o Hope Channel international.– Shania Lopez, Arquivo Adventista do Sul do Pacífico

Serra Leoa: Curva-se à ADRA

■ A Agência Adventista de Desen-volvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) está participando no único programa de descontaminação em Ser-ra Leoa que pulveriza casas e substitui colchões infectados e roupas de cama em um esforço para evitar a propaga-ção do ebola.

A ADRA disse que os sobreviventes do ebola correm o risco de reinfecção pois muitos escondem suas roupas de cama das equipes de descontaminação do governo, para não ter que comprar outras.

Mas as equipes da ADRA e seu par-ceiro governamental, Plan Serra Leoa, estão substituindo colchões e roupas de cama nos bairros de alto risco nos

Uma das equipes de descontaminação da ADRA se preparando para pulverizar as casas e substituir colchões e roupas de cama em um bairro, no subúrbio de Freetown, Serra Leoa.

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Editores do Hope Channel trabalhando na pós-produção na Universidade Adventista do Pacífico.

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N O T í C I A S D O M u N D O

contou esse episódio incontáveis vezes.” A história começa quando 14 estu-

dantes foram pegos roubando amen-doins de um celeiro na Escola da Missão Luwazi, em julho de 1946, segundo o relato do aniversário de Ziba, publicado pela agência de notícias. O roubo de amendoins cultivados na escola já esta-va acontecendo há algum tempo e só foi descoberto após investigação devido à diminuição do estoque.

O diretor da escola deu aos 14 estu-dantes a opção de ser expulsos ou de en-frentar o castigo. Cada um teria que cavar um banheiro externo. Os alunos, todos da mesma aldeia, escolheram voltar para casa.

Ziba, que era professor, achou que os alunos tomaram a decisão errada. Ele os convidou à sua casa, onde com sua esposa, insistiram que aceitassem o castigo. Os alunos não aceitaram e par-tiram do colégio no dia 27 de julho para o porto Nkhata Bay, onde planejavam tomar o barco para sua cidade.

Ziba não desistiu. No dia seguinte

caminhou os 24 quilômetros que separa-vam a escola do porto.

“Ele encontrou seus alunos ali e mais uma vez implorou para que voltassem para a escola”, disse sua filha. “Ele passou o dia todo argumentando com eles.”

Os estudantes recusaram mais uma vez.Seis deles compraram as passagens e

embarcaram no M.V. Vipya, assim que ele atracou. Os outros se espalharam à procura de algum trabalho temporário para obter recursos a fim de pagar sua passagem.

O navio de 40 metros, em sua quarta viagem desde a inauguração um mês antes, zarpou do porto com a tripulação e 194 passageiros a bordo, entre eles, os seis estudantes.

O Vipya, feito por encomenda em Belfast pelo mesmo estaleiro que construiu o Titanic, começou a navegar contra ondas pesadas e vento forte, de acordo com o guia de viagem, Bradt Malaui. De repente, uma enorme onda virou o navio. Pelo menos 145 pessoas se afogaram no desastre, o maior acidente de todos os tempos no Lago Malaui. Somente dois dos seis alunos do Luwazi estavam entre os 49 sobreviventes.

A notícia do acidente deixou Ziba devastado. Ele contou essa história aos convidados na sua festa de cem anos, realizada no Hotel Mzuzu, localizado na cidade de Mzuzu, cerca de 45 quilô-metros a nordeste do porto. Ele ainda se culpa por não ter feito mais para manter os alunos na escola.

A Agência de Notícias de Malaui, em seu editorial do dia 28 de dezembro de 2014, disse que o desejo de Ziba de ajudar os 14 estudantes exemplifica sua vida abnegada: “Foi esse dom de sempre querer ajudar os outros, que tornou o pastor aposentado tão popular em todos os lugares em que morou, fazendo a obra de Deus. Hoje, ele pode estar apo-sentado, mas as pessoas ainda falam com carinho a respeito dele.” ■

Uma festa de aniversário de 100 anos parece uma boa oportunidade para comemorar

uma vida bem vivida. Patrick Ziba é pastor e professor adventista aposentado em Malaui. Às 150 pessoas que lhe desejaram felicidades pelo seu centésimo aniversário, inclusive um ministro de Estado, ele compartilhou uma lição trágica sobre a importância da obediência.

Ziba contou como quatro alunos de uma escola adventista do sétimo dia pereceram com outras quase 150 pes-soas no naufrágio de um navio no Lago Malaui, após rejeitarem os apelos para aceitar punição por roubo.

A tragédia, que aconteceu quando Ziba tinha 31 anos, o atormentou por vários anos. “Nosso pai nunca se cansou de contar essa história a seus filhos como uma lição de moral de que vale a pena ser obediente na vida”, disse à Agência de Notícias de Malaui, Margaret Limbe, a quinta dos nove filhos de Ziba. “Desde que a tragédia aconteceu, ele nos

NO LAGO MALAUI: Um barco navegando ao pôr do sol na Baía Nkhata, de onde o Vipya partiu para sua última viagem, em 1946.

G e o f f G a l l I c e / W I k I c o M M o n s

Pastor do Malaui Completa 100 anos e

lamenta tragédia de barcoPatrick Ziba relata como quatro estudantes morreram após roubar uma escola adventista

Andrew McChesney, editor de notícias da Adventist World

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N O T í C I A S

Jesus – como Moisés, a outra única pes-soa descrita na Bíblia que morreu, foi ao Céu, e retornou para a Terra – não falou nada sobre como é o Céu.

O que diz a Bíblia O que é alarmante sobre O Menino

que Voltou do Céu, e histórias similares é que elas se opõem diretamente ao

e retornarem para a Terra para contar aos outros o que elas viram. Paulo fala sobre sua própria experiência de ver o Céu, em visão (2 Co 12:2-4), e o profeta Daniel e João escreveram sobre as visões que tiveram sobre o Céu (Dn 7:9, 10; Ap 4). Jesus retornou do Céu para a Terra após Sua ressurreição para passar alguns dias com Seus discípulos. Mas

Farsa

Há vários anos, Melissa, minha esposa e eu estávamos viajando de carro pelo estado de Idaho

(EUA), quando paramos para usar um telefone público.

A cabine telefônica era coberta por folhetos cor-de-rosa, com textos extraí-dos de um livro escrito por alguém que afirma ter visitado o inferno. A maneira pela qual o autor descreve o inferno era parcialmente gráfica, um tanto divertida, bastante incrível e totalmente antibíblica.

A mesma descrição poderia ser aplicada a um livro publicado em 2010, sobre um menino que visita o Céu após “morrer” em um acidente de carro que o deixou tetraplégico. O livro de Alex Malarkey, O Menino que Voltou do Céu vendeu mais de um milhão de cópias e foi transformado em um filme para televisão, arrebatando corações em todo o mundo.

Alex, de seis anos de idade, passou dois meses em coma após o acidente quase fatal. A maravilha de Alex ter recuperado a consciência foi ofuscada pelo incrível relato feito por ele sobre o que lhe aconteceu enquanto estava inconsciente. Ele afirma que anjos o escoltaram através dos portões do Céu, e ele ouviu a música celestial, viu o inimigo e falou com o próprio Jesus.

Mas, recentemente, Alex admitiu que sua história não era mais do que uma farsa.

“Eu não morri”, disse ele em uma carta aberta. “Eu disse que tinha ido para o Céu porque com isso eu chama-ria atenção.”

O livro foi tirado de circulação pelo editor, e as livrarias o retiraram das prateleiras.

Claro que a grande questão é: será que o livro deveria ter sido publicado? Do ponto de vista bíblico, a resposta clara é não. A Bíblia não diz nada sobre pessoas que morrem, irem para o Céu

Como um garoto de seis anos de idade enganou o mundoA perspectiva bíblica sobre o livro best-seller O menino que voltou do Céu

John Bradshaw, orador e diretor do programa It Is Written

f o t o : W a v e B r e a k M e d I a / t h I n k s t o c k

Celestial

C O M E N T á R I O D E

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N O T í C I A S

claro testemunho bíblico. A Bíblia diz claramente que a morte é um sono, e não uma condição na qual as pessoas podem viajar para o Céu ou para qualquer outro lugar. Jesus falou que Lázaro estava dormindo (John 11:11), o que claramente significava: “Lázaro está morto”(verso 14).

A Bíblia é muito consistente sobre o assunto. Paulo escreveu que os mortos dormirão até a segunda vinda de Jesus, quando Ele irá acordá-los (1Co 15:51, 52) e que os salvos que estiverem vivos nessa ocasião, vão para o Céu, naquela ocasião junto com aqueles que já ti-nham morrido na fé e dormiram o sono da morte.

Encontramos em várias passagens da Bíblia que a morte é um sono sem sonho, que dura do momento da morte até quando acontecer a primeira ressurreição (Ap 14:13; Jo 5:28, 29).

Ao longo dos anos, o inimigo de Deus tem realizado uma campanha deliberada e cuidadosamente orques-trada para confundir as pessoas em relação à morte e vida após a morte. Como a maioria dos cristãos, fui ensinado quando criança a acreditar que os mortos vão imediatamente para Céu ou para o inferno – e em certos casos, vão para o purgatório ou limbo. Em vez de esse ser um ponto teológico secundário de discussão ou debate, torcer a verdade nesse assunto leva a pelo menos dois problemas teológicos extremamente graves: a marginalização de Jesus e a abertura da porta para o espiritismo.

O espiritismo é um assunto sério. Milhões de dólares são gastos com videntes, médiuns e materiais sobre o tema. A pessoa que cultiva a ideia de consultar um médium espírita está cultivando pensamentos de entrar em contato muito próximo com o próprio inimigo. Essa foi a experiência do rei Saul (veja 1Sm 28).

mais vendidos do New York Times e vendeu mais de seis milhões de cópias. O Céu é Real, a história de uma criança de quatro anos de idade que supos-tamente visitou o Céu, vendeu mais de dez milhões de cópias e em 2014 deu origem a um filme que arrecadou mais de cem milhões de dólares. Esse fenômeno editorial agora é um gênero próprio conhecido como “turismo celestial”.

O sucesso do turismo celestial perturbou a mãe de Alex Malarkey, que, por um tempo, aparentemente tentou tirar de circulação o livro do filho.

“Há muitos que estão gritando e usando a Palavra de Deus ao fazer isso”, disse Beth Malarkey em um post no seu blog. “Eles são bons, especialmente se você não é profundo estudante da Bíblia.”

Como aconteceu, então, essa farsa?Alguns dizem que o pai de Alex e

coautor do livro, viu uma oportunidade para ganhar dinheiro. Os editores têm pouca motivação para deixar de publi-car livros lucrativos.

Segundo o Washington Post, “a ideia de que Alex de repente resolveu se retra-tar, não é verdade”, disse Phil Johnson, diretor executivo de um ministério de mídia dirigido pelo autor e locutor John MacArthur. “Em todos os lugares havia provas de que ele não sustentou o conteúdo do livro. Mas era um livro bestselling. Ninguém da indústria queria tirá-lo de circulação.”

Agora, aos 16 anos de idade, Alex tem bons conselhos para oferecer: “As pessoas devem ler a Bíblia; ela é suficiente”, disse ele em carta aberta. “A Bíblia é a única fonte da verdade. Qualquer coisa escrita por homem não pode ser infalível.”

Minha esperança é que agora muitas pessoas levem seu conselho a sério, assim como levaram a sério a sua história. ■

A Bíblia deixa claro que o espiri-tismo será uma grande influência nos últimos dias da Terra, preparando as pessoas para aceitar os enganos finais de Satanás (Ap 16:13).

Recentemente, um amigo me contou que, logo depois da morte trágica de sua filha de 23 anos de idade, ele certamente teria procurado entrar em contato com ela por meio de um médium espírita, se não tivesse compreendido o que a Bíblia diz sobre a morte. Tal envolvimento com o inimigo traz consequências desastrosas.

A má compreensão sobre a morte também reduz Jesus a menos do que Ele realmente é. Em João 11:25, Jesus explica à irmã de Lázaro que Ele é “a ressurreição e a vida”. Sem Jesus, o morto não tem esperança de vida além da sepultura. Somente por meio da intervenção direta de Jesus, na ocasião da segunda vinda é que alguém pode ser ressuscitado dos mortos. Se Jesus não acordar os mortos que dormem, a sepultura nunca irá libertar seus prisioneiros.

Até os gigantes da fé listados em Hebreu 11 – com exceção de Moisés e Enoque – “nenhum deles recebeu o que havia sido prometido” (Hb 11:39). Eles também esperam pelo retorno de Jesus para se levantarem do seu lugar de descanso (verso 40).

Se as pessoas vão para o Céu ime-diatamente depois que morrem, então a ressurreição é desnecessária e Jesus não é mais a “ressurreição e a vida”. A pergunta de Paulo em 1 Coríntios 15:55 – “onde está, ó morte, sua vitória?” – perde seu sentido.

Sucesso dos livros sobre turismo celestial

Histórias como a de Alex Malarkey são extremamente populares. O livro 90 Minutos no Céu, publicado em 2004, ficou mais de cinco anos na lista dos

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V I S Ã O M U N D I A L

Em apenas algumas semanas será realizada a sexagésima assembleia da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em San Antonio, Texas. Além dos

2.571 delegados oficiais, dezenas de milhares de adventistas comparecerão para desfrutar da comunhão com seus irmãos e irmãs de todo o mundo. Durante esse período, dedicamos atenção especial aos aspectos mundiais desse movimento ordenado por Deus, que agora chega aos 18 milhões de membros, com presença em 216 países em todo o mundo.

Entretanto, tão maravilhoso como possa ser, pensar como Deus está dirigindo e abençoando esse movimento no cenário global, lembremos também do papel vitalmente importante dos membros e pastores das 75.184 Igrejas Adventistas locais.

Infraestrutura prática Nossa base espiritual é, sem dúvida, nosso relacionamento

pessoal com Cristo, a Rocha. Só teremos unidade na igreja se todos estivermos conectados a Jesus Cristo. Mas a infraestru-tura prática da igreja é construída sobre a força de trabalho de seus pastores – que estão envolvidos em um evangelismo dinâmico, nutrindo os membros e compartilhando a palavra de Deus e Sua mensagem completa, todos os sábados. Eles inspiram os membros a compartilhar sua fé na breve volta de Cristo e estão engajados em um trabalho muito importante que é ser um treinador missionário para os membros da igreja.

Precisamos apoiar, honrar e animar nossos pastores de todo o mundo, muitos dos quais têm um distrito enorme com um grande número de igrejas e milhares de membros. Nesse cenário, os pastores devem depender completamente do Espírito Santo e dos líderes da igreja local. É muito im-portante que apoiemos esses pastores ao treinarem os líderes locais para um trabalho evangelístico ainda mais efetivo.

Somos chamados Ao orarmos pelos pastores, peçamos ao Senhor que ajude

cada a cada um de nós, quer estejamos em igrejas pequenas, rurais, institucionais ou de uma grande cidade, a apoiar o nosso pastor, aliviando sua carga.

Deus chamou cada um de nós, inclusive a mim, já que também sou membro de uma igreja local, a evangelizar o campo missionário ao nosso redor – nossa comunidade local, vizinhos e conhecidos – desenvolvendo amizade com eles, mi-nistrando às suas necessidades e compartilhando a mensagem singular e bíblica dada a nós pelo próprio Deus. Como mem-bros da igreja, fomos chamados para fazer esse trabalho e não devemos simplesmente confiar na esperança de que o pastor pode fazer sozinho. Uma das melhores maneiras de apoiar nosso pastor é dizer: “Pastor, por favor, nos dê trabalho.”

Ore pelos nossos pastores. Ore para que o Senhor coloque uma cerca de proteção ao redor dele e de sua família. Ore para

que se concentrem completa e totalmente na Palavra de Deus, porque a autoridade das Escrituras está cada vez mais sob ataque. Os conteúdos das mensagens de nossos púlpitos devem soar com a clareza bíblica e não da filosofia, psicologia e cultura.

Uma palavra aos pastores Pastores, um dos seus papéis mais importantes é treinar e

lançar os membros da igreja no trabalho missionário local, de tal modo que vocês fiquem livres para planejar como ampliar as fronteiras do reino de Deus.

É claro que essa ideia não é nova. A mensagem para nós é: “Os ministros não devem fazer o trabalho que pertence aos leigos, se desgastando e não deixando que outros cumpram sua obrigação. Eles devem ensinar os membros a trabalhar na igreja e na comunidade, a construir a igreja, a realizar reuniões de oração interessantes e a treinar jovens habilidosos como missionários. Os membros da igreja devem cooperar ativamente com os pastores, fazendo da região do país em que vivem, o seu campo missionário.”1

Quinze anos mais tarde, na Assembleia da Conferência Geral de 1901, Ellen White dirigiu as seguintes palavras aos pastores:

“Quem sente responsabilidade pelas pessoas que não podem receber a verdade até que esta seja levada a elas? Nossos pastores estão pairando sobre as igrejas, como se o anjo da misericórdia não estivesse se esforçando para salvar as pessoas. Deus considera esses pastores responsáveis por aqueles que estão em trevas […] Estabeleça em suas igrejas a compreensão de que eles não precisam esperar que o pastor esteja sempre à sua disposição e continuamente os alimentan-do. Eles têm a verdade; eles sabem o que é a verdade […] Eles devem ser enraizados e alicerçados na fé.”2

Um toque de clarim A poderosa mensagem que recebemos de Paulo em

2 Timóteo 4 deve sempre ser nosso toque de clarim: “Pregue a palavra, insta a tempo e fora de tempo” (2Tm 4:2), para que

Trabalhando

Um chamado especial para pastores e membros

Ted N. C. Wilson

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possam dizer como Paulo: “Completei a carreira” (v. 7).Jesus diz: “Apascenta as Minhas ovelhas” (Jo 21:17). Para

isso, precisamos conhecer a Deus e ter ligação diária com Ele, estudar diligentemente a Palavra de Deus e o Espírito de Profecia. Ser um forte advogado da oração pessoal e pública. “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis.” (2Cr 20:20).

Pastores, somos chamados para ser servos especiais de Deus, segundo o Seu coração. Vemos em Jeremias 3:15, o que Deus diz: “Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência.” O Espírito Santo nos ajudará a discernir a verdadeira necessida-de das pessoas.

Vamos seguir o exemplo de Cristo e sair em busca das pessoas. Fomos chamados por Deus para um trabalho espe-cial que só poderá ser realizado se cooperarmos com o Céu na gloriosa obra a nós confiada, lembrando que esse é um projeto de cooperação com o Céu.

Deus espera que façamos o nosso melhor. O apóstolo Paulo escreveu: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” (Cl 3:23, 24).

Seja um servo O real trabalho de um pastor é o de ser servo, alguém que

doa generosamente. Para ser um verdadeiro servo, devemos estar perto de Deus e submeter nossa vida a Ele a cada dia.

Paulo compartilhou desse conceito de uma forma dinâ-mica em Efésios 4:1-6. Ele começou chamando a si mesmo de “prisioneiro do Senhor” e nos pede que andemos “de modo

digno da vocação a que [fomos] chamados.” Os versos 2 e 3 dizem que fomos chamados “com toda a humildade e mansi-dão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-[nos] diligentemente por preservar a uni-dade do Espírito no vínculo da paz.” Devemos nos esforçar na prática de mostrar amor pelos outros no vínculo da paz.

Âmbito maior de utilidade Paulo nos ajuda a compreender um âmbito maior de

utilidade – maior do que nossas convicções pessoais simples-mente – ao nos elevar às cortes celestiais e aos temas eternos criados pelo próprio Deus. Ele descreve em Efésios 4:4-6 com as seguintes palavras: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.”

Como pastor, certifique-se de ouvir a voz do Espírito Santo o guiando à verdadeira unidade que só acontece quando você se torna um com Deus em sua vida, testemu-nhando, evangelizando, treinando e nutrindo espiritual-mente a outros. “O segredo do êxito está na união do poder divino com o esforço humano. Aqueles que levam a efeito os maiores resultados são os que mais implicitamente confiam no braço do Todo-poderoso.”3

Separe tempo para as pessoas Seja um bom administrador e separe um tempo para

visitar e conhecer os membros da sua igreja. O Senhor passava tempo conhecendo as pessoas. Ele comia com elas, conversava com elas, ouvia seus problemas e Se compadecia delas. Pode ser que você não seja o melhor orador ou pregador, mas se você visita os membros da sua igreja e os anima espiritual-mente eles irão amá-lo!

Fique perto de sua esposa e família. Que o seu relaciona-mento familiar seja um exemplo bonito para o mundo sobre o que significa permitir que Cristo seja o Cabeça do lar e da igreja por seu intermédio como líder da família e da igreja. Que seus filhos saibam que você os ama e os valoriza. Que a sua vida familiar também mostre os sinais da ordem celestial e da mor-domia cristã. Ser um líder é mostrar às pessoas como depender completamente do Senhor em todas as necessidades e que um mordomo fiel é incompreensivelmente abençoado pelo Céu.

Em 3 João 2, lemos: “Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.” Nossa saúde física e espiritual estão interligadas, e devemos seguir as leis naturais de Deus tanto quanto as leis morais. Seja um propagador ativo no ministério integral de saúde, ajudando as pessoas da cidade e da zona rural a encon-trar Jesus, a fonte de vida e saúde.

f o t o : I p G G u t e n B e r G u k l t d / t h I n k s t o c k Abril 2015 | Adventist World 9

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V I S Ã O M U N D I A L

Enfrentando o futuro Pastores e membros, ao encarar-

mos o futuro, enfrentaremos muitos desafios e provações. Poderemos ser perseguidos e ridicularizados. Con-tinuemos a olhar para Cristo e não para seres humanos. Deus quer que tenhamos um relacionamento estável e crescente com Ele;–º este é o segredo para o verdadeiro poder espiritual. A cada manhã, coloque-se nas mãos de Deus pedindo que Ele o dirija em tudo o que fizer. Ao permitir que o Senhor o dirija todos os dias e o dia todo, você será uma grande bênção para todos com quem se encontrar.

Ser um crente em Jesus Cristo não é um esporte para espectadores; é uma participação ativa de evangelização. Não queremos que ninguém se sinta culpado porque não está indo de porta em porta, mas existem muitas maneiras de testemunhar por Jesus ativamente, inclusive de porta em porta. Se você tem um relacionamento com Cristo, você tem algo a dizer, não esconda isso. Dessa maneira você estará ajudando e apoiando o trabalho do seu pastor e de todo o movimento adventista.

Lembre-se que seu pastor precisa de tempo com a família e não só com você. Mantenha forte a sua fé no Senhor. Jesus está voltando em breve. Quando nos mantemos fiéis a Ele e à Sua Palavra, Ele nos faz este maravilhoso convite: “Vinde, benditos de Meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). ■

1 Ellen G. White, The Review and Herald, 12 de outubro de 1886.2 Ellen G. White, Pastoral Ministry, p. 100.3 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 509.

*Todos os textos bíblicos foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada

Em 1978, Madame Victória se mudou para Oyrifa, Ghana. Ela não esperou muito para começar a bater nas portas e oferecer estudos bíblicos. Apaixonada por Jesus, ela queria começar uma igreja adventista em seu bairro.

Mas havia um sabotador ali. Em todos os lugares que ela ia, um homem a seguia em sua bicicleta. Ele via o seu trabalho, e depois de ela ir casa após casa falando com as pessoas, ele ia a todas elas e dizia que ela era mentirosa. “Não acredite nela!” dizia ele para todas as famílias.

Mas Madame Vitória continuou orando e falando de Cristo.Após meses de trabalho, duas pessoas foram batizadas. Eles se reuniam com

Madame Vitoria na sua pequena casa, para o culto. Dois anos mais tarde, sete pessoas se reuniam regularmente. Juntos, construíram quatro paredes de barro e um telhado de palha: sua primeira igreja! Eles estavam gratos pelo espaço, mas continuaram pedindo a Deus por um espaço melhor, um lugar mais digno para convidar as pessoas.

Até que certo ano, as chuvas pesadas encharcaram o telhado de palha e as paredes, fazendo com que a igreja se tornasse um monte de barro no chão.

Madame Vitória continuou orando e falando sobre seu assunto preferido: Jesus. Ela era missionária para seus vizinhos mais próximos, mas também levava o amor de Deus de cidade em cidade, distribuindo material de cozinha gratuitamente.

Trinta e cinco anos após se mudar para Oyarifa, Madame Victória recebeu a notícia de que a Maranatha Volunteers International estava para construir uma igreja para a sua congregação! Logo a equipe chegou, levantou a estrutura da igreja tão rápido que ela mal podia acreditar! As orações de 35 anos foram respondidas em apenas um dia.

Ela e sua congregação imediatamente começaram a terminar a estrutura de aço com paredes, reboco e pintura. Houve muita alegria quando a igreja pronta foi dedicada.

Madame Vitória disse: “Meu sonho se tornou realidade!”

ASI* e Maranatha Volunteers International colaboram financiando e facilitando projetos de Igrejas de Um Dia e Escolas de Um Dia. Desde que esse projeto foi lançado em agosto de 2009, já foram construídas mais de 1.600 dessas igrejas em todo mundo. Carrie Purkeypile é a organizadora de projetos para a Maranatha Volunteers International.

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Os 35 anos de oração Carrie Purkeypile

Igreja de um dia

Esquerda: PLANTADORA DE IGREJAS: Por 35 anos Madame Vitória falou de Jesus para seus amigos e vizinhos. Direita: SÁBADO DE DECIDAÇÃO: O novo edifício em Oyarifa testifica da fidelidade cristã e de que Deus responde as orações.

Ted N. C. Wilson é presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

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S A Ú D E N O M U N D O

Peter N. Landless e Allan R. Handysides

Mordidas ou picadas de insetos podem causar reações de severidade variada, mas

um grupo de insetos chamados hymenoptera é o mais grave. Três famílias de hymenoptera comumente causam reações alérgicas: são a apidae (abelhas e zangões), vespidae (vespas, seus zangões e jaqueta amarela), e a formicidae (formigas).

Somente as hymenoptera fêmeas pi-cam e, geralmente, apenas como meca-nismo de defesa, quando ameaçadas. O veneno contém várias aminas e cininas, substâncias químicas que nos ajudam a sentir a dor, inchaço e prurido no local da picada. As abelhas deixam o ferrão na vítima, mas embora ele possa ser removido com a ponta das unhas, o fato de remover não diminui a reação. Isso acontece porque o veneno geralmente é liberado em um período de 20 a 30 segundos, momento em que o ferrão é removido. A presença de uma reação local forte não significa que haverá uma reação em todo o corpo (sistêmica), que é a mais severa e conhecida como anafilaxia. No entanto, uma vez que a pessoa teve uma reação sistêmica com manifestação alérgica forte, pode se preparar e ficar pronto para uma reação maior com picadas subsequentes. Tais reações frequentemente são muito rápi-das, embora em certas ocasiões possam ser retardadas.

Qualquer pessoa que já apresentou uma reação grave deve ser encaminhada a um alergista/imunologista e fazer testes com anticorpos IgE específicos

adrenalina/epinefrina; na presença de anafilaxia, é um salva-vidas.

Se os sintomas persistirem, é indica-do repetir a dose em intervalos de cinco a quinze minutos. Para a maioria dos pacientes apenas uma dose é suficiente, mas é imperativo que sejam transpor-tados rapidamente para os cuidados médicos. Os anti-histamínicos também ajudam a combater os sintomas. São necessárias pelo menos doze horas de observação em uma unidade equipada para lidar com sintomas recorrentes.

Tanto adultos como crianças com história de anafilaxia devem carregar consigo um auto-injetor de epinefrina. Para tais pacientes é muito importante evitar áreas de risco, e pode ser sensato ter disponível, o tempo todo, mais de um auto-injetor.

O conselho para ser guardado é que a diferença entre a reação local (dor, inchaço, vermelhidão em volta da área da picada) e a reação sistêmica (inchaço dos tecidos da garganta, dificuldade respiratória ou colapso) deve ser claramente reconhecida, pois as reações sistêmicas são as realmente perigosas. ■

da vespa. Esses anticorpos estão es-pecificamente relacionados a reações alérgicas de graus variados. Deve-se considerar dessensibilizar o paciente, o que requererá cerca de três anos de exposições repetidas ao antígeno para que o tratamento seja bem sucedido.

O número de mortes resultantes de uma picada de abelha varia em todo o mundo, desde duas por ano na Suécia a cerca de 40 nos Estados Unidos. As abe-lhas pertencem à classe Hymenoptera de insetos e são de longe os culpados mais comuns. As chamadas “abelhas assas-sinas” não são mais venenosas, porém mais agressivas, atacando, às vezes, em enxames. Se isso acontecer, vai resultar em uma reação tóxica (envenenamen-to) – oposta à alérgica.

Normalmente, a reação local tran-sitória requer pouco tratamento além de compressas frias, gelo ou algum anestésico tópico/local e creme de corticosteroide. Os antibióticos são ra-ramente necessários, e o aparecimento de vergões vermelhos indica logo no início que é uma reação ao veneno e não infecção.

Reações sistêmicas são muito mais graves e requerem pronto atendi-mento médico. A obstrução das vias aéreas superiores ou colapso cardio-vascular podem ser fatais. Deve ser aplicada, imediatamente, uma injeção de epinefrina (adrenalina) no músculo médio da coxa com uma Epi-Pen pré-carregada, ou uma dose de 0,5 mg em adultos e 0,3 mg em crianças.Não há contraindicação para o uso de

Picadas

Minha neta foi picada por uma vespa ou uma abelha – não tenho certeza – e teve uma reação terrível. Sua mão inchou muito e ficou bem vermelha. Os senhores acham que ela corre risco de anafilaxia?

f o t o : Y a n n B o I x

Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral.

Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral.

de abelha

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“Muitas mulheres estavam ali, observando de longe. Elas haviam seguido Jesus desde a Galileia, para O servir. Entre elas estavam Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago e de José; e a mãe dos filhos de Zebedeu.” (Mt 27:55, 56).*

Por que vocês ficaram assistindo de longe? Estavam com medo de se envolver? Era muito terrível para se suportar? Eu acho que sei como é assistir de longe. Fui criada num lar adventista. Sigo Jesus por algum tempo, e mesmo assim, às vezes, o tempo parece provocar certa distância. Permanecer com Jesus não é fácil, além do fato de que é perigoso. Não, eu nunca tive que enfrentar a ameaça da cruz, mas é tão fácil cair na rotina, colocar minha caminhada com Jesus no automáti-co e, em seguida, ficar distante.

“Ao cair da tarde chegou um homem rico, de Arimateia, chamado José, que se tornara discípulo de Jesus. Dirigindo-se a Pilatos, pediu o corpo de Jesus, e Pilatos ordenou que lhe fosse entregue. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo de linho e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se” (v. 57-60).

De repente você irrompe na história. Sua entrada é ines-perada e num momento tão escuro, tão esperançoso. Todos os discípulos – os que eram mais íntimos de Jesus – estão escondidos com medo, e ali está você desejoso de sair do esconderijo. Livrando-se de sua vida dupla secreta, vai em frente e bravamente pede pelo corpo de Jesus. Você escolhe Jesus no momento em que Ele não pode mais lhe oferecer nada. Mas você oferece algo a Ele: seu novo sepulcro. E se a escolha de Jesus significava ter que me afastar do meu círculo de amizade? E se eu não conseguir ver nenhum retorno por ter escolhido segui-Lo? Estou seguindo Jesus pelo que eu posso receber ou pelo que posso dar?

“No dia seguinte, isto é, no sábado, os chefes dos sacer-dotes e os fariseus dirigiram-se a Pilatos e disseram: Senhor, lembramos que, enquanto ainda estava vivo, aquele impos-tor disse: “Depois de três dias ressuscitarei” (v. 62 e 63).

Então, vocês se lembraram. Estranho que a essa altura, os Seus discípulos parecem estar com amnésia, mesmo que Jesus os tenha preparado para esse momento, há algum tempo. Vocês sabiam, já tinham ligado os pontos, mas não fez diferença

Então você

Conversas em torno da cruzlá Chantal J. Klingbeil

D E V O C I O N A L

estava

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na dureza do coração de vocês. Pensaram que estivessem certos – estavam defendendo a verdade – mesmo assim, tinham acabado de matar a Deus!

Convictos… Sei muito bem o que é isso. Acho que posso provar pela Bíblia que o sábado é o sétimo dia e conheço as doutrinas do santuário e do estado dos mortos, mas todo esse conhecimento não me fará bem algum se eu não aprendi a conhecer meu Mestre pessoalmente. Sem meu relacionamento com Jesus, posso me acordar um dia e descobrir que tenho lutado contra o próprio Deus.

“‘Levem um destacamento”, respondeu Pilatos. “Podem ir, e mantenham o sepulcro em segurança como acharem melhor. Eles foram e armaram um esquema de segurança no sepulcro; e além de deixarem um destacamento montando guarda, lacraram a pedra” (v. 65, 66).

Por favor, Pilatos! Você realmente acha que um selo sobre o túmulo e um guarda irá resolver o problema? Você não tem ideia de quem é a Pessoa com quem está lidando! Ele não é apenas o Rei dos Judeus. Ele expira estrelas e forma galáxias inteiras. Pensando bem, talvez eu não deveria ser tão duro com Pilatos. Acho que tenho mais peças do quebra-cabeça da história e uma imagem mais clara de Deus do que Pilatos tinha, e mesmo assim, às vezes me pego tratando Deus como se Ele fosse muito pequeno. Quando oro, às vezes me pego dizendo a Ele o que e como fazer as coisas. Talvez seja hora de eu parar de tentar restringir, manipular ou ditar para Deus e deixar que meu Criador faça comigo o que, com amor, Ele faz melhor.

“O anjo disse às mulheres: Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado” (Mt 28:5).

Vocês estavam com medo. Acho perfeitamente normal. Quase toda vez que nós humanos nos encontramos com a santidade, temos medo. É o paradoxo de sermos levados para a santidade e então, repelidos por ela, quando nos cons-cientizamos de quão estranha ela é à nossa constituição humana. É aquela “queda-de-braço” diária em meu coração – a guerra sobre quem eu sou e quem eu gostaria de ser. Talvez

vocês mulheres tenham ido ao túmulo em busca de algo. Mas descobriram que não havia esperança a menos que pudessem encontrar Jesus.

“Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes havia indicado. Quando O viram, O adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-Se deles e disse: ‘Foi-Me dada toda a autoridade nos Céus e na Terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que Eu lhes ordenei. E Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos’ ” (v. 16-20).

Vocês viram Jesus. No entanto, alguns de vocês duvida-ram. Eu, às vezes, pensava que se eu pudesse ter um vislumbre do Céu, enxergar algo sobrenatural, receber a visita de um anjo, nunca mais duvidaria. Vocês, discípulos incrédulos, me mostraram que ver não é crer. A fé não é um destino. É uma parte da jornada. Ela começa com a escolha de crer na Palavra de Deus e seguir em frente. Todos vocês, mesmo os que tinham suas dúvidas, creram em Jesus e em Sua palavra, e cheios da Sua autoridade, viraram seu mundo de cabeça para baixo.

Não preciso esperar pela minha igreja para iniciar um programa evangelístico no qual me sinta à vontade. Não preciso ser dependente de iniciativas ou de uma consciência pesada para começar a testemunhar. Não preciso ficar obser-vando à distância. O que realmente preciso é de reivindicar a promessa de que Ele está sempre comigo, e isso inclui hoje e amanhã. Posso dizer com confiança: “Meu Jesus não está morto. Ele está vivo. Veja como Ele está mudando minha vida. Vem, quero apresentar o meu Jesus a você.” ■

* Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.

Você escolhe Jesus no momento em que Ele não pode lhe oferecer nada.

Chantal J. Klingbeil é diretora associada do Patrimônio Literário de Ellen G. White na Associação Geral. É casada com Gerald e tem três filhas adolescentes.

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C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Eles se assentam em círculo, abaixam a cabeça e oram pela tarefa à frente deles. Após o “amém”, seus olhos se encontram e caem nas folhas à sua frente, cheias de

espaços vazios. A metade dos professores da Escola Sabatina desistiram, o diretor dos aventureiros está estressado e o casal que liderava o evangelismo, se mudou.

Com a lista de membros da igreja em mãos, a comissão de nomeação imagina quem, eventualmente, estaria disposto a aceitar os cargos vagos. Então, começaram a fazer telefone-mas, praticamente implorando aos membros da congregação para considerar assumir um dos departamentos da igreja. Todos para quem ligaram concordaram que alguém deve assumir esses trabalhos; mas como os membros da comissão de nomeação bem sabem, é incrivelmente difícil encontrar quem queira preencher os espaços vazios.

A respostaO Novo Testamento oferece conselhos quanto a preencher

os departamentos de nossa igreja local para que a comissão de nomeações não tenha que procurar desesperadamente quanto a que deseje preencher uma vaga. De fato, Deus nos deu uma forma incrível de evitar essa situação, concedendo dons espirituais para os membros da igreja.

Os dons espirituais são habilidades concedidas pelo Espírito Santo aos filhos de Deus. Esses dons podem ser chamados de talentos, mas na realidade são muito mais. As pessoas podem ter talento para fazer palavras cruzadas ou se equilibrar sobre um pé só, mas os dons espirituais são habilidades especiais dadas a cada pessoa com a intenção de

usá-los para apoiar o crescimento da igreja de Deus e para fazer sua parte no cumprimento da Grande Comissão.

Cada um tem um dom Cada membro da igreja de Deus tem um dom espiritual,

e somos instruídos a usar nossos dons para abençoar outros. Lemos em 1 Pedro 4:10 que: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas”.

Os dons espirituais não são características pessoais. Eles vêm diretamente de Deus, escolhidos por Ele especificamente para cada pessoa. Deus espera que cuidemos desses dons e que eles sejam usados para os fins planejados por Ele.

Nossos dons podem permanecer os mesmos por toda a vida. Se formos mordomos fiéis de um dom, Deus pode nos abençoar com outro, como fez com os servos que investiram sabiamente os talentos da parábola de Jesus.

Em algum momento da vida, nossos dons podem mudar completamente. As situações e as necessidades de nossas comunidades mudam e Deus é sempre capaz de nos moldar para o que seja mais útil para o avanço do Seu reino.

Embora haja muitos tipos diferentes de dons, o mesmo Espírito é responsável por todos eles. Paulo explicou desta forma: “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mes-mo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mes-mo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos […] Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e Ele as distribui individualmente, a cada um, como quer” (1 Co 12:4-11).

Daisy Hall

Uma

Dons espirituais para salvar

para a Comissão de Nomeações

N Ú m e r O 17

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Muito semelhante ao fruto do Espírito, os dons espirituais são o resultado da obra do Espírito Santo em nossa vida. Se aceitamos e Espírito Santo em nosso coração para nos mudar e nos tornar mais semelhantes a Cristo e realizar a Sua obra, também aceitamos o dom do Espírito para nos ajudar a realizar tal obra.

Alguns dos dons espirituais descritos nas Escrituras incluem sabedoria, conhecimento, cura, profecia, ensino, administração, generosidade, misericórdia, fé, evangelismo e trabalhos com as mãos, citando apenas alguns (1Co 12:8-10,

28; Rm 12:6-8; Ef 4:11; Êx 31:3). Há uma grande variedade de dons, e cada um é essencial para a construção do reino.

Usando seu domNos ministérios de nossa igreja há um lugar para pessoas

com todos os tipos de dons que, na visão de Deus, se ajustam a cada um de nós, para nos abençoar. Alguns dons podem ter aplicações mais óbvias que outros. Os que possuem o dom da cura se tornam profissionais da saúde. Os que têm o dom do ensino podem usar esse dom de várias e diferentes maneiras, dentro da Igreja Adventista. Os dons como da generosidade, misericórdia e fé, não correspondem a um ministério específi-co; ao contrário, eles afetam cada ministério e podem ser utili-zados em muitos e diferentes contextos. Nenhum dom é maior do que o outro e Deus espera que todos eles sejam utilizados.

Em 1 Coríntios 12:12-31, Paulo compara a igreja a um corpo humano. O corpo é feito de muitas partes diferentes que têm diferentes funções. Se algumas partes não estão fun-cionando corretamente, todo o corpo sofre. Na igreja, cada membro do corpo desempenha um papel vital na missão dada por Jesus a eles. Se alegremente esperamos a vinda de Jesus, não podemos deixar todo o trabalho para os pastores, professores ou líderes. “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Na verdade, Deus dispôs cada um do membros no corpo, segundo a Sua vontade”(v. 17 e 18). O corpo da igreja necessita que cada um dos seus membros estejam em pleno funcionamento para que realizem as tarefas dadas por Deus.

Os dons espirituais são uma parte muito importante de nossas crenças fundamentais. Nós, os adventistas do sétimo dia, cremos que Deus nos deu um trabalhado a ser feito, e os dons espirituais são Sua maneira de nos equipar para realizar essa obra. Por isso, precisamos descobrir quais são os nossos dons espirituais, e colocá-los em bom uso. Ao consultar os líderes da igreja e o Senhor, em oração, cada membro da igre-ja pode descobrir seus dons espirituais e começar a utilizá-los em seu ministério. A perspectiva de encontrar nossa atividade específica dentro da igreja pode ser assustadora. No entanto, ao nos dar esses dons, Deus nos capacitou não apenas para realizar esses trabalhos, mas para que eles fossem realizados com excelência. Podemos confiar a Ele a escolha de cada dom personalizado e de forma adequada. Quando assim fazemos, podemos realizar para o Seu reino, muito mais do que imagi-namos ser possível. ■

de Nomeações

ESPiRiTuAiSDONS e MiNiSTéRiO

Deus concedeu a todos os membros de Sua igreja, em todas as épocas, dons espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministério para o bem comum da igreja e da humanidade. Sendo outorgados pela atuação do Espírito Santo, o qual distribui a cada membro como Lhe apraz, os dons proveem todas as aptidões e ministérios de que a igreja necessita para cumprir suas funções divina-mente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons abrangem ministérios como a fé, cura, profecia, procla-mação, ensino, administração reconciliação, compaixão e serviço abnegado e caridade para a ajuda e animação das pessoas. Alguns membros são chamados por Deus e dota-dos pelo Espírito para funções reconhecidas pela igreja em ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de en-sino especialmente necessários para habilitar os membros para o serviço, edificar a igreja com vistas à maturidade espiritual e promover a unidade da fé e do conhecimento de Deus. Quando os membros utilizam esses dons espirituais como fiéis despenseiros da multiforme graça de Deus, a igreja é protegida contra a influência demolidora de falsas doutrinas, tem um crescimento que provém de Deus e é edificada na fé e no amor. (Rm 12:4-8; 1Co 12:9-11, 27, 28; Ef 4:8, 11-16; At 6:1-7; 1Tm 3:1-13; 1Pe 4:10, 11) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 17

Os dons espirituais não são características PESSOAiS. São a maneira de Deus nos EquiPAR para realizar esse trabalho.

Daisy Hall cursa o último ano do ensino médio (em ensino domiciliar) e mora com a família em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Ela gosta de escrever, da teoria da

educação e de viagens via terrestre.

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É muito complexo”, você ouviria dizer suspirando, um camponês que vivesse na Palestina do

período romano, ao lhe perguntarem sobre política e religião na sua cidade. Além da luta diária pela sobrevivência, as pessoas que viveram na Palestina do primeiro século d.C. tinham de conviver com a opressão de Roma, com os líderes locais ávidos por mais poder, partidos nacionalistas sempre prontos para iniciar uma rebelião – e a religião. Esta desempenhava um papel muito importante e estava envolvida em tudo. Ela afetava o estilo da vestimenta; o que, quando e como comer; como se relacionar com outras pessoas; abrangia até mesmo o que deveria ser plantado nos campos.

“É muito complexo” era o refrão da vida cotidiana na Palestina controlada por Roma, quando Jesus nasceu na “plenitude do tempo” (Gl 4:4). “É mui-to complexo” marcava Sua interação com a liderança judaica, incluindo os escribas, fariseus e saduceus. “É muito complexo” também soa familiar às pessoas que vivem no século 21, inde-pendentemente de onde você mora. Se na Europa secular ou em uma favela no Brasil; se na atmosfera politicamente carregada de Washington, DC, ou na conflituosa Síria ou no Iraque: vivemos em um mundo fragmentado, dividido por profundas convicções religiosas, políticas ou econômicas.

Até em nossa própria igreja, pode-mos ver uma crescente fragmentação em vez da interação e integração com total comprometimento pela qual Jesus orou em João 17:21. Basta lançar questões polêmicas como “a ordenação de mulheres”, “formação espiritual” ou “criação e evolução em Gênesis 1” em um almoço de confraternização na igre-ja, após o culto, e é bem provável que haja uma discussão calorosa, muitas vezes fazendo com que os participantes olhem com desconfiança para as pessoas com opiniões diferentes.

Como Jesus viveu em um contexto assim tão dividido? Como era Sua relação com os que tinham opiniões religiosas de “direita”

ceNTroa s s u m E o

Entre saduceus e fariseus

Gerald A. Klingbeil

A R T I G O D E C A PA

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ou “esquerda”? Como o Salvador de nosso mundo (não apenas do mundo romano ou mediterrâneo conhecido) conseguiu ser fiel aos Seus próprios princípios divinamente estabelecidos e permanecer totalmente envolvido com Seu mundo?

Jesus e o conflito O conflito foi um marco no minis-

tério de Jesus. Não que Ele provocasse o conflito; ao contrário, aparentemente só a Sua presença fazia com que as pessoas tomassem uma posição. Alguns eram completamente contra o emergente Mestre de Nazaré. Outros estavam intrigados ou simplesmente ficavam de lado observando o desenrolar do confli-to. A maioria dos antagonistas de Jesus pertencia ao círculo da liderança de Jerusalém. João os chama de “judeus” (Jo 1:19; 2:18; 5:16-18; 6:41; etc.); em outras ocasiões, eles são apresentados como escribas, anciãos ou governantes (Mt 9:3; 16:21; Mc 3:22; Lc 23:35; etc.), ou, mais especificamente, como fariseus e saduceus (Mt 3:7; 9:11; 16:1, 12; Mc 12:18; para saber mais sobre os grupos religiosos da Palestina do primeiro século, veja o quadro).

Os conflitos também estavam presentes no círculo íntimo de Jesus. Às vezes, O encontramos repreendendo Seus discípulos, quando eles mesmos tinham dificuldade para compreender o sentido do seu mundo, da missão do seu Mestre, das tradições nas quais foram criados e da sua própria natureza huma-na (caída). Basta lembrar as repetidas discussões sobre quem seria o maior no reino de Deus (Mc 9:34; Lc 22:24).

No entanto, em meio ao conflito, Jesus sempre estava disposto a envolver todos, até mesmo Seus inimigos decla-rados. Por exemplo, encontramos Jesus, à noite, conversando em particular com Nicodemos, um fariseu, e um dos líde-res do Sinédrio (Jo 3: 1). Jesus também pode ser visto na casa de Simão, outro fariseu, que estava oferecendo uma festa em Sua homenagem (Lc 7:36-50).

Escribas, fariseus, saduceus, gover-nantes e professores pareciam

sempre estar em torno de Jesus, ouvindo atentamente Seu

raciocínio, argumentando contra Suas convicções, discordando violentamente e, finalmente, conspirando desesperada-mente para silenciar Aquele sobre quem não conseguiam em nenhuma ocasião prevalecer.

Às vezes, Jesus respondia de maneira criativa e surpreendente às armadilhas preparadas por alguns dos Seus opo-nentes. Lembra-se do tempo em que a aliança profana de fariseus e herodianos queria saber se era “lícito pagar tributo a César, ou não”? (Mt 22:17; cf. versos 15-28). Eles pensaram que O tinham encur-ralado, mas Sua resposta inesperada os deixou impressionados e frustrados.

Uma das razões de Jesus ter causado tanta tristeza à liderança judaica foi que eles não conseguiam apertá-Lo facil-mente em nenhum ponto do espectro teológico do Seu tempo. Em um mo-mento Ele “calou” os saduceus, quando respondeu às suas perguntas capciosas sobre a ressurreição (versos 23-33); logo depois, Ele lidou habilmente com uma pergunta complicada feita pelos fariseus sobre o “maior mandamento da lei” (verso 36, NVI). Várias vezes, Ele Se recusou a responder seus pedidos incrédulos por um sinal (Mt 12:38-45; 16:1-4),1 mas em outras ocasiões esses religiosos são diretamente envolvidos em discussões (Mt 22:41-46).

No Evangelho de Mateus, encontramos uma das conversas mais notáveis entre Jesus e os fariseus, escribas e os doutores da lei. Em uma série de sete calamidades, Jesus lamentou o orgulho e a cegueira espirituais dos Seus oponentes (Mt 23).

Na cultura judaica, um infortúnio indicava luto e morte iminente ou re-cente. Ao ler o texto, mesmo sem ouvir o tom de Sua voz, podemos chegar à conclusão de que essas eram as palavras de Jesus quando repreendia. Mas, sabe-mos que a missão de Jesus naquele mo-mento não era de retaliação, raiva nem irritação; ao contrário, Sua repreensão foi marcada pelo espírito de compaixão e um pedido de retorno. “No semblante do Filho de Deus estampava-se divina piedade”, escreveu Ellen White, “ao dei-tar Ele um demorado olhar ao templo, e depois, aos ouvintes. Numa voz agitada por profunda angústia de coração e

amargas lágrimas, Ele exclamou: ‘Jerusa-lém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quan-tas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!’ […] Na lamentação de Cristo, extravasou o próprio coração de Deus.”2

Deus é o centro A interação de Jesus com o povo ao

Seu redor não era “politicamente corre-ta” nem de oportunidades estratégicas. Em vez disso, era motivada pelo amor que “não desiste de mim” (como escre-veu George Matheson, ministro escocês do século dezenove). Ele sabia ser o centro da vontade de Deus. Isso atraía as pessoas a Ele. Jesus era realmente di-ferente: Ele falava diferente, Sua teologia era compreensível, do tipo que todo o mundo podia apreciar; Sua humildade era exemplar; Sua vontade de aliviar o sofrimento parecia infatigável.

Você poderá dizer: “Espere um pouco! Você não acabou de listar todos os momentos de conflito da vida de Jesus que, às vezes, eram assustadores e agora está sugerindo que, apesar do conflito aparentemente constante, Ele conseguiu alcançar seu mundo?” Sim e sim. Embo-ra Jesus não Se omitisse de um conflito, especialmente conflito teológico – Ele escolhia cuidadosamente Suas batalhas e jamais caiu na armadilha de colocar as pessoas em categorias rotuladas. Você conhece o tipo que diz “liberal”, “conservador”, “ultraconservador”, “da moda” ou “que não se importa”. Se fosse fariseu ou saduceu, rico ou pobre, edu-cado ou analfabeto, Jesus via a pessoa, não a tendência teológica. Ele nunca hesitou em relação à verdade, mas esta-beleceu princípios divinos.

Há um ano, passei o verão lendo mais uma vez os Evangelhos. Eu estava de férias; passei mais tempo com a Palavra do que seria possível quando se trabalha num escritório editorial muito movimentado e fiquei intrigado em notar como Jesus interagia com os teó-logos e líderes do Seu tempo. Enquanto eu seguia Jesus pelas páginas de Mateus, Marcos, Lucas e João, seis princípios importantes se destacaram.

I l u s t r a ç ã o : J e f f d e v e r e B r e t t M e l I t I Abril 2015 | Adventist World 17

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A R T I G O D E C A PA

1 Jesus nunca escolhia um lado – em vez disso, Ele usava as Escrituras. Enquanto os fariseus eram centrados nos rituais de purificação e nos meandros da lei referentes ao cominho e ao endro (Mt 23:23), os saduceus, do ponto de vista do vazio teológico, ignoravam a Palavra porque duvidavam da sua inspiração. Seu pensamento helenístico iluminado abominava a literalidade primitiva dos seus oponentes teológicos. Quando Jesus identificou isso claramente, resumiu assim o dilema dos saduceus: vocês “não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” (Mc 12:24). No entanto, quando observamos Jesus, podemos ouvi-Lo citando e explicando textos da Palavra. 2 Jesus era concentrado em Sua

missão – a missão de Deus – e não Se distraiu com jogos de poder ou disputas teológicas. Em seguida à cura da sogra de Pedro e de uma multidão de outros enfermos, Jesus orou em um lugar tranquilo (Mc 1:29-39). Os discí-pulos ainda estavam admirados pelo que tinham visto no dia anterior. Esse era o momento de solidificar suas conquistas em Cafarnaum. Todos estavam procu-

rando Jesus. No entanto, em lugar de permanecer ali, Jesus saiu, pois Sua missão era muito maior que Cafarnaum. “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos”, disse Jesus a Pedro, “para que tam-bém lá Eu pregue. Foi para isso que Eu vim” (Mc 1:38). De alguma forma, parece que as mentes concentradas na missão, vão muito longe para esclarecer impasses teológicos. 3 Jesus envolvia todas as pessoas,

até Seus inimigos. Já percebemos que Seu amor pelas pessoas O motivava à ação. Aqui está outro grande exemplo. Encontramos a história em Mateus 19:16-24: alguém influente abordou Jesus com uma pergunta difícil, mas vital: “O que […] devo fazer para herdar a vida eterna?”

Tenho certeza de que todos ouviram essa pergunta. Jesus destacou a segunda parte do decálogo, os mandamentos re-ferentes aos relacionamentos humanos. “Tudo isso tenho observado; que me falta ainda?”, respondeu o rapaz. Jesus nunca questionava uma declaração, mas colocou o dedo na ferida: “vai, vende os teus bens […]” Você se lembra do

resto da história. O moço rico saiu triste porque tinha muitas posses. Jesus não Se voltou e foi embora; Ele olhou triste e amorosamente para moço.4 Jesus reconheceu a importância

da palavra profética. Ele chegou no tempo certo, ministrou no tempo certo e morreu no tempo certo (cf. Dn 9:24-27). Em Suas pregações, Jesus identifi-cava o plano de Deus proclamado pelos profetas do passado. Em seguida ao aprisionamento de João, Jesus deixou Nazaré e fez de Cafarnaum o centro de Suas atividades. Mateus 4:14 relata que Ele fez isso para cumprir a profecia (cf.

A Palestina do primeiro século d.C. ostentava uma variedade de grupos religiosos e seitas. As Escrituras fazem referência a vários deles; outros não são mencionados no texto bíblico, mas são conhecidos por fontes não bíblicas (como por exemplo: Josefo, historiador judeu; Filo, filósofo judeu; autores romanos e, mais tarde, pelos textos rabínicos). A existência desses grupos realça o fato de que a vida na Palestina era realmente complexa.

Fariseus: Um grupo de membros em sua maioria leigos. Esse grupo fundamentava seus ensinos na interpretação da lei, escrita e oral. Estava interessado na pureza ritual do dízimo, acreditava em vida após a morte com julgamento, e enfatizava o ensino da lei oral. Como todos os grupos judeus daquela época, os fariseus estavam bastante interessados no futuro de Israel e nutriam esperanças messiânicas.

saduceus: Um pequeno grupo de líderes, de maioria rica, muitas vezes associado com a classe da elite sacerdotal. Na apa-rência, eram altamente helenizados (falavam e usavam a filosofia grega), mas ao mesmo tempo, favoreciam atividades nacionalistas. Não acreditavam na vida após a morte com julgamento, punição ou recompensa. Os textos rabínicos relatam que eles tinham ideias

GrupoS reliGioSoSda paleSTiNa do primeiro Século d.c.

o conflito foi um marco no ministério

de Jesus.

18 Adventist World | Abril 2015

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Is 9:1, 2). Quando Jesus estava viajando fora da Palestina, ao longo da costa do Mediterrâneo, na região de Tiro e Sidon e uma mulher O seguiu implorando por sua filha doente, Ele declarou que Seu ministério era primeiro para as “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 15:24). Cada momento do Seu ministério estava em harmonia com a palavra profética. 5 Jesus falou de maneira diferente.

De algum modo, além dos milagres e sinais, o público de Jesus reconhecia essa diferença. Mateus resume esse efeito surpreendente da seguinte maneira: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, as multidões estavam maravi-lhadas da Sua doutrina; porque Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7:28, 29 ARA). Jesus não só usava uma linguagem atual e acessível, Ele falava com autoridade, algo que Seus oponentes não conseguiam reunir. Os fariseus eram especialistas nas tradições orais da lei; os saduceus falavam grego fluentemente e tentavam assimilar a cultura helenística. Mas Jesus falava com uma autoridade que não vinha de um cargo nem de uma nomeação.

6 Finalmente, Jesus revelava o poder de Deus. Além das palavras havia a ação. Ele demonstrava o poder de Deus e as pessoas ficavam “maravi-lhadas” (Mt 12:23; Mc 1:27).

Em lugar de palavras vazias, o ministé-rio de cura de Jesus tocou um nervo expos-to de pessoas famintas pelo Deus conosco: um Deus que iria tocar e abraçar Sua criação e andar com ela nas estradas empo-eiradas e sujas de um mundo que estava (e ainda está) em busca de autenticidade.

É muito complicado Será que podemos aprender com

o Mestre ao tentarmos navegar pelas complexidades de uma igreja, que neste ano enfrenta uma assembleia crucial da Associação Geral, em San Antonio? Podemos descobrir como Ele Se envolvia com pessoas de todas as raças e cores? Jesus Se concentrava na Palavra reve-lada de Deus – em sua integridade e reconhecendo os princípios de inter-pretação baseados nas Escrituras – a Sua habilidade de manter diálogo com todas as pessoas me impressiona. Minha tendência é ouvir as pessoas de

cujo posicionamento eu gosto, e a me desviar daqueles de quem não gosto.

Seu foco em Sua missão – nossa missão – e o reconhecimento da impor-tância da palavra profética é uma boa lembrança de que as primeiras coisas devem vir primeiro. Finalmente, há a questão crucial: Se o meu envolvimento tem por base autoridade de Deus (e não a minha) e é acompanhado pelo poder de Deus (ou pela falta dele).

Sem dúvida, é muito complexo. Sem dúvida, fomos magoados. Mas somos chamados, para juntos avançar e reivindi-car o lugar em que Jesus está: exatamente no centro da vontade de Deus. ■

1 Jesus prometeu a eles o “sinal de Jonas (Lc 11:29; Mt 12:39; 16:4).2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Casa Publica-dora Brasileira), p. 620.

Zelotes: Esse grupo foi organizado oficialmente em 67-68 d.C. Porém, sua postura antirromana e senso messiâni-co de libertação da opressão aristocrática romana e judaica, já existia no tempo de Jesus. Zelotes eram mais centrados na política e na ação militar do que na teologia, embora suas ações fossem inspiradas por uma razão teológica subjacente.

puritanas diferentes dos fariseus. Eram oponentes à tradição oral. essênios: Esse grupo não é mencionado no Novo

Testamento. Alguns estudiosos sugerem que o grupo que vivia em Khirbet Qumran, às margens do Mar Morto, onde foram en-contrados os rolos famosos, em 1947, deve ser identificado como essênios. Eles tinham regras estritas que envolviam uma iniciação de três anos, propriedade compartilhada, celibato (possível), pureza no ritual, trabalho comunitário e eram interessados nas Escrituras e na sua interpretação.

Herodianos: Um grupo aliado à dinastia herodiana, politicamente ativo e a maior parte de sua teologia se alinhava à dos saduceus.

GrupoS reliGioSoSda paleSTiNa do primeiro Século d.c.

Gerald A. Klingbeil é editor associado da Adventist World. Às vezes fariseu e às vezes

saduceu, Gerald se alegra em encontrar seu centro em Jesus.

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V I D A A D V E N T I S T A

O que é missão? O dicionário Aurélio

Buarque de Holanda define a palavra “missão” como “ato de enviar ou ser enviado, encargo, incumbência, desempenho de um dever. Negociação diplomática. Sermão ou sermões destinados a avivar a fé. Local onde se estabelecem missionários.”1 O termo latino teológico cristão missio Dei2 nos dá a fonte da missão. Ele indica que a missão começa com Deus, que envia os missionários. Referindo-se à esfera da missão, Stefan Paas diz: “Não devemos limitar a ‘missão’ a países distantes.”3 Em outras palavras, “missão não deve ser definida por um endereço ou locali-zação geográfica.”4

Para que todo missionário seja bem-sucedido no campo, a “pessoa como um todo” deve estar envolvida – cabeça, coração e mãos. Devemos estar totalmente comprometidos com Deus, servindo os outros e compartilhando a mensagem do evangelho para que vidas sejam transformadas, inclusive a nossa.

A cabeça A missão começa na cabeça onde

está localizado nosso cérebro, nosso conhecimento e onde estão nossos pen-samentos. Para nos tornarmos crentes, devemos aceitar Jesus em nossa mente.5 O apóstolo Paulo diz: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guar-dará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Fp 4:7 NVI). A palavra “entendimento” no grego é nous, que significa “mente”. Essa palavra se refere à habilidade de pensar, arrazoar, entender, compreender. Ela também retrata a mente como a fonte de todas as emoções.

No grego, a palavra “mente” repre-senta a força interior da pessoa. É o centro do controle geral do ser humano6. Portanto, compreendia-se que o estado da mente era determinado pela condição da vida da pessoa.

Comentando o significado da mente, Ellen G. White escreveu: “Quando a mente de alguém é posta em comunhão com a mente de Deus, o finito com o infinito, o efeito sobre o corpo, a mente

e a alma vão além do admissível. Em uma comunhão assim é encontrada a mais alta educação. É o método de desenvolvimento usado por Deus”7. Isso significa simplesmente que uma atitude positiva em relação a Deus irá afetar e influenciar nossos pensamentos, nossos sentimentos, nosso comportamento e nossa maneira de fazer as coisas.

O coração O coração é a “base”, ou o centro das

emoções. É onde sentimos e usamos o que cremos e onde a Palavra de Deus começa sua obra de fé. “A fé vem por ouvir, e ouvir a Palavra de Deus” (Rm 10:17). A fé não é simplesmente uma aplicação mecânica; ela também afeta o nosso sentimento. Um missionário precisa ter paixão pela missão. Siegfried H. Horn define “paixão” como “uma emoção ou desejo forte” 8. O dicionário do inglês Cassel Concise traz uma visão similar: a paixão é uma “emoção intensa que avassala a feição da mente” e impõe “um entusiasmo ardente” 9. Portanto, paixão é uma convicção ou sentimento intenso, potente ou “dominante”10.

No entanto, é importante lembrar que, embora a fé afete os sentimentos da

Youssry Guirguis

pessoa, nossos sentimentos não devem afetar nossa fé. Há aí uma diferença.

Quando o apóstolo Pedro escreveu para as viúvas em 1 Pedro 3:4, ele as instruiu a prestar atenção especial à pessoa escondida no “ser interior”. A palavra “coração” no grego é a palavra kardia. Embora Pedro não tenha se referido ao órgão propriamente dito, o coração físico é um órgão vital e central do corpo. Embora o coração seja invi-sível aos olhos, o corpo humano não pode viver sem ele. Ele exerce grande impacto em todas as partes do corpo ao bombear sangue pelas artérias e muitos quilômetros de vasos sanguíneos.

Da mesma forma, os antigos egípcios acreditavam que “cada palavra divina veio à existência através do pensamento do coração e o comando da língua”11. Como os antigos egípcios, Pedro usou a palavra “coração” no sentido figurado, para se referir à pessoa interior, a base dos sentimentos que conduzem as ações. Em outras palavras, o que está no cora-ção será reproduzido na vida e na condu-ta da pessoa e vai influenciar nosso modo de nos relacionarmos com os outros.

O espírito humano é a fonte de vida de qualquer pessoa. Como observou

A missão requer os três.

A

o

e as

Cabeça,coração

mãos

f o t o : d u B e M t h o k o z I s I20 Adventist World | Abril 2015

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Ellen White: “Todos aqueles em cujo coração Cristo habita, cada um que mostre Seu amor ao mundo, é um cooperador de Deus, para bênção da humanidade. À medida que recebe do Salvador graça para reparti-la com ou-tros, de seu próprio ser fluem torrentes de vida espiritual”12.

Cristo nos diz que “do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15:19). Essas coisas des-troem nossa missão e nossa unidade.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é orientada pela missão. Por isso, não é de admirar que Ellen White tivesse chama-do a atenção da igreja para a unidade e não para a divisão. Sua admoestação foi: “Trabalhemos com ardor em favor da união. Oremos e trabalhemos para alcançá-la. Ela nos produzirá saúde es-piritual, pensamentos elevados, nobreza de caráter, mentalidade celestial que nos capacitará para vencer o egoísmo e as ruins suspeitas, e a ser mais do que vencedores por Aquele que nos amou e a Si mesmo Se deu por nós”13.

Russell Brownsworth conta a história de Lord Nelson da Inglaterra que estava para entrar em uma batalha importante. Ouviu que dois dos seus oficiais estavam em desacordo. Ele os chamou e disse: “Senhores, deem-me suas mãos.” Os dois capitães colocaram as mãos nas mãos do comandante, e este as apertou com bastante força. “Senhores”, disse ele, “lembrem-se de que o inimigo está ali fora!”

Essa é uma ótima história sobre o poder da unidade em ação.

Quando envolvidos na missão, para ter unidade em ação, temos que seguir a Cristo e proclamá-Lo a todo o mundo. Precisamos estar profundamente enrai-zados na Palavra de Deus e passar muito

tempo em oração. Dessa maneira iremos nos tornar um “sermão ambulante” e levar perdidos a Jesus (veja Mt 28:19).

As mãos As mãos simbolizam ação. Nós tra-

balhamos, falamos e ministramos com nossas mãos. Nós também lutamos com nossas mãos. Usamos nossas mãos para assinar contratos, ajustar o microscó-pio, ou para tocar um instrumento mu-sical. As mãos podem mostrar alegria ou desgosto. Portanto, quando a cabeça e o coração estão afinados com Deus em relação à missão, as mãos também estarão.

Não devemos ficar ociosos. Precisa-mos ser ativos, servindo a comunidade e ajudando os outros. Não devemos esperar que todas as condições estejam “perfeitas” para nos envolvermos no serviço. William A. Feather, autor e edi-tor americano, explicou o assunto muito bem. Ele disse: “As condições nunca se-rão perfeitas. As pessoas que esperam até que tudo seja favorável, nada fazem”14.

Ellen White também enfatizou a importância do trabalho: “Em nosso trabalho devemos ser coobreiros de Deus. Ele nos dá a terra e seus tesouros; nós, porém, devemos adaptá-los a nos-so uso e conforto. Ele faz com que as árvores cresçam, mas nós preparamos a madeira e construímos a casa. Ele ocultou na terra o ouro e a prata, o ferro e o carvão; todavia, é mediante o trabalho, apenas, que os podemos obter […] Nenhum homem ou mulher se degrada pelo trabalho honesto. O que degrada é a ociosidade e egoísta dependência”15.

Mantenha o equilíbrio Devemos adotar uma compreensão

equilibrada da missão, que envolva a pessoa como um todo: cabeça,

FORMATURA NA SOLUSI: A Universidade Solusi, em Zimbábue, sul da África, onde o autor viveu, estudou e trabalhou por 12 anos, foi a inspiração para este artigo. “Os professores, funcionários e alunos na Solusi realmente são o exemplo do verdadeiro espírito missionário pelo seu amor, infinita paciência, alegria, comprometimento, bondade e habilidade”, diz Youssry Guirguis.

coração e mãos. Quando realmente aprendermos a vontade de Deus sobre a missão, vamos desejar nos envolver. Os papéis que as pessoas desempenham na missão variam de pessoa para pessoa, mas todos nós devemos ter o coração totalmente comprometido com Deus e o desejo de servir onde for necessário. “Deixe o que adoraria a Deus abrir sua boca em louvor, seu coração em recep-tividade, sua mente em contemplação, sua bolsa em dedicação e sua mão em comunhão”16.

“No fim das contas, é tudo uma questão do amor que se revela na ação sacrifical. Isso significa doar a nós mesmos para ajudar os outros e compartilhar com eles a mensagem do evangelho. Amar dessa maneira pode ter seu custo, mas os benefícios serão eternos”17. ■

1 Dicionário Aurélio, online, s.v. “missão”, veja http://www.dicionariodoaurelio.com/missao.2 “missão de Deus” ou “envio de Deus”. 3 Stefan Paas, “Prepared for a Missionary Ministry in 21st Century Europe,” European Journal of Theology 20, no. 2 (2011): 119-130.4 Ibid.5 Algumas ideias e o título foram extraídos do sermão “The Head, the Heart, and the Hands,” de W. Alderman.6 Rick Renner, Sparkling Gems From the Greek: 365 Greek Word Studies for Every Day of the Year to Sharpen Your Understating of God’s Word (Tulsa, Okla.: Rick Renner, 2003), p. 751.7 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 126. 8 Siegfried H. Horn, Seventh-day Adventist Bible Dictionary, rev. ed. (1979), s.v. “passion.” 9 The Cassell Concise English Dictionary (1989), s.v. “passion.”10 Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11th ed. (2003), s.v. “passion.”11 In MindReach Library, www.cosmic-mindreach.com/Egypt_Part1.html, accessed Jan. 27, 2014. 12 E. G. White, Atos dos Apóstolos, p. 13.13 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v 9 (Casa Publica-dora Brasileira), p. 290.14 www.worldofquotes.com/author/William+Feather/1/index.html.15 Ellen G. White, Educação (Casa Publicadora Brasileira), p. 214, 215.16 Atribuída a Keith Huttenlocker. Veja www.churchesofchrist.net/authors/Grady_Scott/thingsbeforeworship.htm.17 Minha profunda gratidão a Canaan Mkombe (professor da Universidade Solusi) por revisar este artigo e acrescentar algumas informações.

Youssry Guirguis é mestre em religião pela Universidade Solusi. Está cursando doutorado

em estudos bíblicos no Instituto Adventista Internacional de Estudos Avançados, nas Filipinas.

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E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Cristo era infinito em sabedoria e, mesmo assim, considerou ser melhor aceitar Judas, embora soubesse de suas imperfeições de caráter. João não era perfeito;

Pedro negou seu Senhor; mas foi com homens como esses que a igreja cristã primitiva foi organizada. Jesus os aceitou para que aprendessem com Ele como é o caráter cristão perfeito.

Todo cristão tem o dever de estudar o caráter de Cristo.

As lições dadas por Jesus aos discípulos nem sempre se harmonizavam com o que pensavam. Havia um imenso con-traste entre as verdades por Ele ensinadas, que chegavam ao Céu e alcançavam a eternidade e as coisas relacionadas à vida terrestre, temporal e comum. O Redentor do mundo sempre procurou conduzir a mente daquilo que é terreno para o celestial. Cristo ensinava constantemente a Seus discípulos e Seus ensinamentos sagrados tinham uma influência mode-ladora sobre o caráter deles. Somente Judas não respondeu à iluminação divina. Apesar da aparência de justo, cultivou sua tendência para acusar e condenar os outros […]

Judas veio a Cristo com o mesmo espírito de justiça pró-pria; e se tivesse perguntado: “O que ainda me falta?” Jesus teria respondido: “Guarde os mandamentos”. Judas era egoísta, avarento e ladrão, mas estava entre os discípulos. Seu caráter era defeituoso e ele não conseguiu praticar os ensinos de Cris-to. Ele endureceu seu coração e resistiu à influência da verda-de; e, enquanto criticava e condenava os outros, negligenciava

sua própria alma, acalentava e fortalecia suas tendências naturais para o mal, até que se endureceu de tal modo, que foi capaz de vender seu Senhor por trinta moedas de prata.

Olhemos para Jesus! Falemos a todos quanto é perigoso negligenciar a saúde eterna de sua própria condição espiritual ao olhar para as doenças da vida espiritual dos outros, ao falar do caráter defeituoso daqueles que professam o nome

de Cristo. O caráter não se torna mais semelhante ao de Cristo, quando contemplamos o mal. Ao contrário, assim procedendo nos tornamos semelhantes ao mal que estamos contemplando. O mesmo amor por si mesmo, a mesma con-descendência com o eu, a mesma precipitação de espírito, a mesma petulância de temperamento, a mesma sensibilidade e opinião orgulhosa, a mesma indisposição para receber um conselho, a mesma insatisfação e julgamento independente se manifestarão na vida daqueles que têm o hábito de criti-car, tais como são manifestos na vida dos que são criticados por eles. Agirão como se não tivessem Cristo como seu modelo e exemplo. Precisamos nos guardar dessa artimanha de Satanás!

Servindo a DeusO apóstolo Paulo, escrevendo sobre o povo escolhido

de Deus, disse: “Deus não Se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. Ora, estas

Ellen G. White

Estudar o caráter de Cristo é nosso dever.

f o t o : c é l I o s I l v e I r a

perfeiçãoContemple

Cristode

a

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coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.” Em segui-da, ele enumerou os pecados que entristecem o Espírito de Deus; outra vez o Apóstolo disse: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para adver-tência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse hu-mana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo” (1Co 10: 5 e 6, 11-16, ARA).

É comum vermos imperfeição naqueles que realizam o trabalho de Deus. Vá a qualquer lugar onde haja uma grande igreja, onde há importantes interesses em jogo, como existem em Battle Creek, e podemos observar as tramas profundas de Satanás ali; mas isso não deve nos motivar a nos demorar nas imperfeições daqueles que cederam às suas tentações.

Não seria mais agradável a Deus se olhássemos imparcial-mente e víssemos quantas pessoas estão servindo, glorifican-do e honrando a Deus com seus talentos, recursos e intelecto? Não seria melhor considerarmos o maravilhoso poder milagroso de Deus na transformação de pobres e degradados pecadores, cheios de poluição moral, mas que foram transfor-mados para que tenham um caráter semelhante ao de Cristo, participantes da natureza divina, que escaparam da corrupção do mundo, causada pela cobiça?

A teia da humanidade Somos uma parte da grande teia da humanidade. Somos

transformados à semelhança daquilo que contemplamos. Por isso é tão importante abrir nosso coração para o que é verdadeiro, amável e de boa fama. Deixe a luz do Sol da Justiça entrar no coração. Não cultive nenhuma raiz de amargura que possa surgir e contaminar a muitos. As ques-

tões mais adversas que estão acontecendo em Battle Creek ou qualquer outro lugar, não devem nos deixar perplexos nem desanimados. É o propósito de Deus que tudo o que nos leva a ver as fraquezas da humanidade nos ajude a olhar para Ele, e nunca a colocar nossa confiança em homens, ou fazer da carne nosso apoio. Que nos lembremos de que nosso Sumo Sacerdote está pleiteando diante do trono de misericórdia, em favor de Seu povo redimido. Ele sempre vive para interceder por nós.

“Se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2:1). O sangue de Jesus intercede com poder e eficácia pelos desviados, pelos rebeldes, pelos que pecam contra a grande luz e excelente amor.

Satanás está à nossa direita para nos acusar, e nosso

Advogado permanece à direita de Deus para interceder por nós. Ele nunca perdeu um caso que tenha sido confiado a Ele […] Ele diz: “Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que Eu vou para junto de Ti. Pai santo, guarda-os em Teu nome, que Me deste, para que eles sejam um, assim como Nós […] Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal [. . .] Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:11,15 e 18), para que participem comigo na abnegação, sacrifício próprio e nos Meus sofrimentos.

Sim, Ele contempla Seu povo neste mundo de perseguição e todos os que são marcados e arruinados pela maldição e sabem que necessitam de todos os recursos divinos, de Sua compaixão e de Seu amor. Nosso precursor atravessou o véu por nós e ainda mantém uma ligação próxima com Seu povo pela corrente de ouro do amor e da verdade. ■

Esse texto foi extraído do artigo “Contemple a Perfeição de Cristo, Não a Imperfeição dos Homens”, publicado na Review and Herald, de 15 de agosto de 1893. Os adventistas do sétimo dia acreditam que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.

Somos uma parte da grande teia da humanidade. Somos transformados à semelhança daquilo que contemplamos.perfeição

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H E R A N Ç A A D V E N T I S T A

Ler não era a atividade preferida de Ida, mas uma história no seu livro de quarta série a deixou intrigada e impressionada. Intitulada “O Vendedor Ambulante”, a história sobre

Fletcher Tarr, criado na África do Sul durante os anos 1800, transportando mercadorias para as minas de diamante e que, no processo, aprendeu sobre o sábado do sétimo dia. Enquanto lia, Ida sentiu tão forte a presença de alguém, que olhou para trás …

Conhecendo o pioneiroDavid Flecher Tarr, nascido em 1861, era o décimo-segundo

dos 16 filhos de James e Hannah (Brent) Tarr, piedosos cristãos metodistas wesleianos. As famílias Tarr e Brent escolheram a África do Sul e estavam entre os que hoje são conhecidos como “colonizadores” de 1820. Como novos imi-grantes, eles transformaram a selva em um lugar que podia ser chamado de lar, com prédios, casas, poços, jardins e uma igreja próxima a uma colina que eles chamaram de Clumber, onde as pessoas adoram a Deus até hoje.

Fletcher Tarr, um bom atleta e praticante de tiro ao alvo, que amava a Bíblia, se tornou professor da Escola Dominical aos 15 anos de idade, e mais tarde um pregador leigo. Em 1887, seu primo Albert Davies e a esposa decidiram transportar mer-cadorias para a mina de diamantes Kimberley, cerca de 1900 quilômetros a noroeste, em um carro de boi. Algo naquele negócio atraiu Fletcher: algo o estava chamando para o norte.

Jornada para o novo Com as carroças carregadas, eles partiram, fazendo suas

próprias estradas. Semanas depois chegaram a Beaconsfield, nos arredores de Kimberley, no final da tarde de uma sexta-feira. Pro-curando um lugar para acampar e para os bois pastarem, Albert foi enviado a um fazendeiro chamado Pieter Wessels, que permitiu que ficassem, contanto que nenhuma atividade que transgredisse o sábado fosse realizada na sua propriedade, nas próximas 24 horas. “O sábado começa ao pôr-do-sol”, explicou ele.

Albert, impressionado que uma pessoa inteligente não soubes-se como um dia substituía o outro, o questionou. Wessels mergu-lhou o rapaz num estudo bíblico de tanta qualidade que Alberto correu para contar ao seu primo a nova interpretação bíblica.

Fletcher, bom estudante da Bíblia, simplesmente rejeitou o ensino de Wessels, como algo instável. No entanto, no dia seguinte, Wessels convidou Fletcher para pregar para uma grande congregação do Exército de Salvação, em Beaconsfiels.

Na manhã seguinte durante a devoção pessoal de Fletcher, um estranho apareceu na sua tenda. Fletcher o convidou a entrar. O estranho queria estudar, e disse: “que era sobre a santidade do primeiro dia da semana.” Mas, depois de duas horas de estudo insatisfatório sobre a santidade do domingo, o homem, de repente, desapareceu. Fletcher nunca mais o viu. Nenhum residente da área o tinha visto antes. Fletcher ficou convencido de que o estranho era um anjo enviado para convencê-lo sobre a verdade do sábado. Após horas de oração e exame de consciência, ele decidiu guardar o sábado do sétimo dia. Agora compreendia por que tinha sentido urgência na viagem para o noroeste com os carros de bois. Deus mostraria por meio do ministério de Fletcher que aquela urgência não era só por causa dele.

Cerca de quatro meses mais tarde, Albert, seu companheiro de equipe e a esposa de Albert foram batizados na água da represa do irmão Wessel. Logo depois disso, seus estudos entre parentes e amigos, apoiados pela pregação pública de IJ Hankins, resultou na construção de uma igreja forte. Entre os novos conversos estavam cinco pastores locais. Essa casa de culto, cons-truída por Fletcher em um terreno doado pelo primo Ebenezer Purdon, ainda é usada pelos adventistas da área. Outra igreja que ajudou a estabelecer em Beaconsfield é um monumento anunciado como Primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia da África do Sul. Ela está quase no mesmo local em que o anjo se encontrou com ele em sua tenda naquela memorável manhã.

Como resultado das poucas semanas de estudo com James,

AnjosTrabalhando

naÁfrica do SulDuas horas de estudo com um estranho

f o t o s : c o r t e s I a d o a u t o r

Elaine Tarr Dodd

24 Adventist World | Abril 2015

Page 25: April 2015 portuguese

toda sua família de 15 filhos se uniu à igreja, seguido por seu segundo irmão, Walter, viúvo, e seus filhos. Dessas duas famílias, 17 integrantes se tornaram obreiros da igreja, inclusive quatro

ministros ordenados. Desde então, muitos descendentes trabalharam para a igreja.

Serviço expandidoEm 1890, Fletcher e dois sobrinhos navegaram para a Amé-

rica para estudar no Colégio Battle Creek, onde conheceu Ellen White e se tornaram bons amigos. Ele retornou para a África do Sul em 1893, então recém-casado com Olive Phillips, que havia sido enfermeira chefe para John Harvey Kellogg.

Tão fluente no idioma xhosa como era no inglês, Fletcher trabalhou com a população nativa, muitas vezes deixando Olive sozinha na casa de ferro ondulado, com apenas dois cômodos – insuportavelmente quente no verão e congelante no inverno.

Uma noite, enquanto desidratava frutas na mesa da cozinha, Olive deixou a parte superior da porta aberta para ventilar. De repente, apareceu um rosto violento na porta. Rapidamente ela bateu e trancou a metade superior, correu para a janela aberta, gritou pelo seu cachorro Peter e fechou bem na hora que o ros-to aparecia ali também. A janela do quarto estava fechada, mas quando ela fechou a cortina, uma pedra enorme a atravessou, quebrando tudo. Nesse momento, Peter chegou e agarrou o intruso pelos fundos das calças. Gritando apavorado, o homem desapareceu na escuridão. Na manhã seguinte, sua roupa rasga-da estava ali do lado de fora da janela do quarto.

Com o tempo, o casal Tarr e seu filho Percy se mudaram para a Cidade do Cabo, onde Fletcher pastoreava uma igreja inglesa e uma holandesa. Depois veio o trabalho evangelístico e pastoral em várias cidades grandes com o salário dos obrei-ros nativos de sete libras esterlinas por mês, o equivalente a sete dólares por semana. Olive alimentava seus cinco filhos e quando os ternos estavam desbotados, ela desmanchava e costurava outra vez pelo avesso para parecer novo. A família frequentemente caminhava por quilômetros em vez de tomar o ônibus para economizar alguns centavos.

Por volta de 1916, para o espanto dos líderes da associação e do seu esposo, Olive aceitou um emprego oferecido pela cidade de Port Elizabeth, para supervisionar o atendimento às viúvas e indigentes. Seus labores nas colinas de Port Elizabeth traziam para família cerca de três dólares por semana. Mas sua saúde ficou abalada. No entanto, quando houve a epidemia

de gripe de 1918, Olive foi nomeada enfermeira-chefe da cidade, devido à sua experiência no Sanatório de Battle Creek. Ela ainda dirigia os cultos de sábado de manhã para Fletcher quando ele estava em outro lugar, tocava o velho órgão de pedal, dirigia os cânticos e ocupava o púlpito, tudo além de atender seus dois filhinhos travessos na primeira fila.

Férias e adeus Em 1921, Olive tirou suas primeiras e únicas férias após

24 anos de distância de seus amigos e da família, nos Esta-dos Unidos. Seu antigo chefe, Dr. Kellog, observou que ela necessitava de uma cirurgia e insistiu para que ela o deixasse operá-la. Ela voltou para servir por mais doze anos, e faleceu em 1933, no Leste de Londres, com a idade de 63 anos.

Após a morte dela, Fletcher viveu alternadamente com seus filhos e ainda pastoreava uma igreja local. Seus netos relembram suas histórias cativantes e seu compromisso irre-freável de compartilhar sua fé.

Quando morava em Durban, em 1947, foi acometido por uma pneumonia e faleceu aos 86 anos de idade. Podemos ler em sua lápide: “Aguardando o Doador da Vida”. Hoje, um sem número de crentes também espera com ele, os que de-vem sua fé adventista a David e Olive Tarr, que combinados, trabalharam para o Senhor 99 anos na África do Sul.

De volta à Califórnia A pequena Ida cresceu e se matriculou na Escola de

Fisioterapia da Universidade Loma Linda, esquecendo com-pletamente a sensação estranha que sentiu enquanto lia a história de Fletcher Tarr. Lá em Loma Linda, ela conheceu um estudante, David Otis, que também amava ao Senhor. Eles se casaram e formaram uma família. Certo dia, David descobriu entre seus pertences, um livro de leitura do quarto ano, com a história do tetravô da esposa, David Fletcher Tarr, o primeiro pastor adventista do sétimo dia do idioma inglês da África do Sul. Ele mostrou a história para Ida e aquela impressão de tanto tempo atrás voltou à tona. Deve ter sido uma presença divina observando sua fascinação pela história que impactaria o seu futuro. ■

Esquerda: Os cinco filhos de David e Olive: Floyd, estrema esquerda, se tornou um vice-presidente da Associação Geral. Centro: Ollive Philips Tarr, ex enfermeiro pessoal de John Harvey Kellogg, se casou com David Fletcher Tarr em 1893. Direita: David Fletcher Tarr, pastor pioneiro na África do Sul, evangelista e plantador de igrejas.

Elaine Tarr Dodd é ex-diretora de relações públicas do programa Está Escrito. Esta história é a sua versão da primeira, que foi escrita por seu pai,

W. F. Tarr, falecido em 1994. Elaine e seu marido moram em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos.

Abril 2015 | Adventist World 25

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R E S P O S T A S A P E R G U N T A S B Í B L I C A S

O uso deste verbo sugere que Adão e Eva deviam ficar alertas, guardando e protegendo o jardim; isso sugere perigo e a presença potencial de um inimigo. Deus deve ter falado a eles sobre a natureza do inimigo. Essa interpretação do verbo é apoiada pelo seu segundo uso em Gênesis 3:24. Após a queda, a proteção do jardim e da árvore da vida, em particular, foi colocada nas mãos de um querubim. Como os humanos falharam, Deus transferiu para outros o que era responsabilidade deles.

3. Havia um Tentador no Jardim: O perigo implícito em Gênesis 2:15 é explicitamente identificado em Gênesis 3. Um inimigo de Deus se opõe abertamente à Sua palavra e O acusa de limitar intencionalmente o desenvolvimento de Adão e Eva (Gn 3:4). Ele diz que, ao rejeitarem a palavra de Deus, seriam “iguais a Deus” (verso 5). O que esse inimigo introduz na conversa é o que o querubim caído queria para si: “Subirei mais alto do que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo” (Is 14:14). Agora sabemos a verdadeira identi-dade desse inimigo: o Novo Testamento o identifica como “diabo, ou Satanás” (Ap 12: 9). Esses detalhes são suficientes para indicar que Adão e Eva tinham sido informados sobre sua existência e foram avisados para ficar alertas.

4. Engano no Jardim: Há ainda outra informação que pode ser útil para responder a essa pergunta. Eva tentou se defender argumentando que foi enganada pela serpente (Gn 3:13). Sem dúvida, ela foi enganada (2Co 11:3; 1Tm 2:14), mas o engano não foi aceito como uma desculpa válida para sua desobediência. Por que não? Em minha opinião, a razão é porque eles foram informados sobre a vinda de um inimigo de Deus para tentá-los. Eva estava esperando que o inimigo agisse de certa maneira e ele a surpreendeu e a enganou. Se ela não tivesse dialogado com a serpente, poderia ter sido salva. ■

Nenhuma passagem bíblica indica ser esse o caso,

mas há alguns pormenores que devemos examinar.

Analisemos a narrativa para ver se o texto bíblico oferece alguma

evidência sobre esse assunto. Conside-remos, também, o ensino geral da Bíblia sobre o inimigo de Deus.

1. Seres celestiais antes de Adão e Eva: A Bíblia indica que Deus criou seres celestiais antes de criar Adão e Eva. Segundo o livro de Jó, “todos os anjos se regozija-vam” quando Deus estava criando a Terra (Jó 38:4-7), e Gênesis sugere que Deus já havia criado querubins antes de Adão e Eva (Gn 3:24). Foi um desses querubins que se rebelou contra Deus e foi lançado fora do Céu (Is 14:12-14; Ez 28:13-18). O inimigo no jardim seria esse querubim.

2. A Responsabilidade de Adão e Eva: A narrativa de Gênesis indica que, após a criação, Deus deu a Adão e Eva instruções específicas concernentes às suas funções e responsabilidades.

Era de se esperar que tais instruções incluíssem infor-mações sobre o inimigo de Deus. Quando Deus falou com Adão e Eva pela primeira vez, Ele os abençoou e ordenou que “enchessem a Terra” (Gn 1:28). Eles deveriam governar sobre o restante da criação e desfrutar de uma dieta específica, diferente da dos animais (Gn 1:29, 30). Ele também ordenou a Adão e Eva que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou então morreriam (GN 2:16; 3:3).

Não há quase nada nessas instruções sobre o inimigo de Deus. Mas sua responsabilidade diante de Deus como cui-dadores da Terra é clara. Há também uma referência sobre a possibilidade de morrer e isso por si só, sugere um elemento perigoso se fizessem a escolha errada. Mas, até aí, não há nenhuma dica específica sobre um inimigo contra quem deviam estar atentos.

No entanto, ainda há mais. Deus disse a eles que “cultivas-sem [‘abad] e cuidassem [shamar](do jardim)” (Gn 2:15). O verbo ‘abad (“trabalhar; servir”) podia significar em alguns contextos “cultivar, trabalhar” no solo (Gn 4:2, 12). O verbo shamar significa “cuidar de, proteger, guardar”.

EnganadosSerá que Adão e Eva sabiam que o inimigo de Deus viria

tentá-los?

Angel Manuel Rodríguez serviu como pastor, professor e teólogo. Ele continua a servir a igreja, mesmo aposentado.

26 Adventist World | Abril 2015

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E S T U D O B Í B L I C O

A Bíblia usa vários símbolos para descrever o ministério e a obra do Espírito Santo. Cada símbolo revela um papel diferente. Esses símbolos comunicam as facetas

do ministério do Espírito Santo em nosso coração. Deus nos fala por meio desses símbolos para animar e fortalecer nossa fé. Na lição deste mês, vamos estudar quatro desses símbolos do Espírito Santo: vento, água, fogo e óleo. Ao estudar, em oração, cada símbolo, peça a Deus para aplicar em sua vida as verdades que você descobrir.

1 Como Jesus descreveu para Nicodemos o mistério do novo nascimento? Em sua opinião, por que Jesus usou o símbolo do vento? Leia João 3:7, 8.

2 Leia a visão dada por Deus em Ezequiel 37:1-10. qual é a condição espiritual descrita aqui? que solu-ção é oferecida por Deus? Como isso se aplica a nós?Quando Ezequiel viu o vale de ossos secos, representando a morte espiritual, ficou desesperado. Em resposta à pergunta de Deus, “Filho do homem, estes ossos poderão tornar a viver?” A resposta do profeta foi “Ó Soberano Senhor, Tu o sabes” (Ez 37:3). O que parecia impossível para o profeta era possível para Deus. Ele sopra nova vida em vidas mortas espiritualmente. O símbolo do sopro representa o poder de Deus de dar vida por meio do Espírito Santo para transformar a morte espiritual em vida espiritual.

3 Em uma época de seca severa, que promessa Deus fez a Seu povo? qual é o significado mais profundo dessa promessa, e qual é sua relação com o derramamento do Espírito Santo? Leia Joel 2:21-23, 28, 29 e Atos 2:1-3, 16-21.O derramamento da chuva durante períodos de seca e fome severa no antigo Israel, simbolizava o poderoso derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes, no início da dispensação cristã. O derramamento do Espírito Santo no poder Pentecostal, no livro de Atos, resultou em milhares de pessoas aceitando a Cristo. Para o tempo do fim, Deus prometeu outra vez, derramar Seu Santo Espírito a fim de completar a comissão evangélica.

4 que conselho Deus dá ao Seu povo do tempo do fim em relação ao derramamento do Espírito Santo com o poder da chuva serôdia? Leia Zacarias 10:1 e Tiago 5:7, 8.Ellen White escreveu: “A grande obra do evangelho não deve-rá encerrar-se com menor manifestação do poder de Deus do que a que assinalou seu início. As profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no início do evangelho, devem novamente cumprir-se na chuva serôdia, no final” (O Grande Conflito, p. 611, 612).

5 Por que Deus usou o símbolo do fogo para simbolizar o Espírito Santo? O que o fogo representa? Leia Malaquias 3: 2, 3 e Hebreus 12:39.Nas Escrituras, o fogo representa a presença de purificação de Deus pelo ministério do Espírito Santo. Nosso Senhor nos convida a orar diariamente para que o fogo da presença do Espírito consuma o mundanismo em nossa vida.

6 Na Bíblia, qual aspecto do ministério do Espírito Santo é representado pelo óleo? Leia as passagens a seguir e descubra o significado do óleo: Tiago 5:14, 15 e Lucas 10:33, 34.Em toda a Bíblia, o símbolo do óleo está associado com consagração e cura. Por meio do Espírito Santo, Jesus anseia curar nossas feridas profundas e nos tornar física, mental, emocional e espiritualmente completos.

7 Como podemos receber, em sua plenitude, esse dom precioso que Deus tem para nós? Leia Lucas 11:13.Quando buscamos Jesus, crendo que Ele anseia derramar Seu Espírito para nos dar vida nova, espírito purificado e curar nosso interior, podemos ter absoluta certeza de que Ele anseia nos dar o dom de Seu Espírito muito mais do que nós ansiamos recebê-Lo. Se formos a Ele com fé, podemos ter certeza de que Ele sempre ouve as súplicas dos Seus filhos que pedem o Espírito, e irá nos abençoar muito além de nossas expectativas. ■

Mark A. Finley

doSímbolos

Espírito

f o t o : M I c h a e l s c h W a r z e n B e r G e r Abril 2015 | Adventist World 27

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CartasSecretário executivo da Associação Geral se preocupa com “graves perdas” de membros Em relação à perda de membros na Igreja Adventista do Sétimo Dia, assim se expressou G. T. Ng, secretário execu-tivo da Associação Geral, em dezembro de 2014: “Eu concordo que a retenção e o cuidado são importantes. No entanto, a liderança de nossa igreja como um todo precisa reavaliar sua metodologia de crescimento da igreja. Fazer mais de algo que não tem funcionado tão bem não vai produzir melhores resultados.”

Os líderes da igreja precisam acatar os conselhos de Ellen G. White em Pa-rábolas de Jesus: “Os últimos raios da luz misericordiosa, a derradeira mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino” (p. 415). Talvez precisemos ajustar nossa ênfase, e nos apaixonar em primeiro lugar pelas Pessoas que se encontram atrás das doutrinas – Pai, Filho e Espírito Santo – e, em seguida, nos apaixonar-mos pelas doutrinas. Precisamos gastar mais tempo ajudando as pessoas a conhecer a Deus. Oro fervorosamente por uma abordagem renovada no evangelismo, que diminuirá as “graves perdas” mencionadas neste artigo.

Em relação ao Breathe-Free 2, pro-grama para deixar de fumar: Acompa-nhei os comentários dos leitores na seção de cartas. Penso que o objetivo de Daniel Handysides (no artigo de notícias de Andrew McChesney, “Igreja Adventista

lança Breathe-Free 2 – Novo Curso para deixar de fumar”, setembro de 2014), é uma abordagem saudável e amigável com os fumantes. É claro que nenhuma pessoa de mente aberta acolheria a ideia de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia esteja apoiando o vício do cigarro! Além disso, as crianças podem ser ensinadas que Deus vai aonde as pessoas se encon-tram e os ajuda a crescer.

Jesus nos deixou o legado do amor e da aceitação, de maneira que preci-samos encontrar maneiras de alcançar todas as pessoas com misericórdia e graça, e oferecer a elas soluções para os hábitos não saudáveis. Que os métodos de Cristo sejam nossos métodos!

Possivelmente precisemos em primeiro lugar nos arrepender do nosso próprio pecado de assumir atitudes per-feccionistas e piedosas perante as pessoas.

Joanne RectorBattle Creek, MI, Estados Unidos

Confiando em nosso Deus Todo poderosoAcabo de ler o artigo de Ted N. C. Wilson “Confiando em nosso Deus Todo poderoso”(dezembro de 2014). Satanás é mencionado pelo menos 21 vezes nesse texto relativamente curto. Será que precisamos dar tanta importância a Satanás? Ao contrário, não deveríamos

nos concentrar em Cristo e na boa-nova que Ele nos trouxe? Não convenceremos as pessoas pintando um quadro assus-tador de Satanás, e duvido que muitos adventistas vão se sentir inspirados a ser mais comprometidos com a fé, com esse tipo de abordagem.

Sinto muito que a família Wilson esteja passando por tantas provações. Eu almejo o Céu, onde não mais haverá dor.

Lieselotte PetersenMölln, Alemanha

Outra vez?Escrevo sobre o artigo de Andrew McChesney “O tema ordenação de mu-lheres é encaminhado à Assembleia da AG” (dezembro de 2014). Por que estão nos pedindo que oremos pela orienta-ção do Espírito Santo para esse assunto? Já nos pediram que orássemos por

Deus me abençoou com uma esposa, quatro filhos e 17 órfãos sob meus cuidados. Sou também o diretor de um grupo de cristãos com o intuito de levar o evangelho a todo o mundo. Por favor, orem por meu trabalho.

Benard, Quênia

Meus filhos deixaram de ir à igreja. Eles estão bebendo, fumando e usando drogas. Por favor, orem para que eles se conver-tam, sigam a Deus de coração e trabalhem para Ele pelo resto da vida deles.

Barwana, Singapura

Recentemente, Deus tem me guiado por várias situações que me mostram que Ele me ama e está ao meu lado. Ele vive, é meu Salvador e Amigo! Por muito tempo fui apenas um cristão formal e meu relaciona-mento com Deus não existia. Agora tudo mudou! Muito obrigado por suas orações.

Galeva, Papua Nova Guiné

Jesus nos deixou o legado do amor e da aceitação; precisamos encontrar maneiras de alcançar todas as pessoas com misericórdia e graça.

– Joanne Rector, Battle Creek, Michigan, Estados Unidos

T r O C A D e I D e I A S

GRATIDÃOOraçãow

28 Adventist World | Abril 2015

Page 29: April 2015 portuguese

Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradeci-mentos (gratidão por orações respondidas) para [email protected]. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

orientação antes de 1990 e na assembleia da Associação Geral, em 1995, a grande maioria votou contra essa questão.

Estamos achando que Deus nos deu orientação errada? Estamos pedindo que Ele mude de ideia? Vamos conti-nuar pedindo e votando até que os que são favoráveis à ordenação de mulheres consigam a orientação “correta”?

O pedido para orarmos outra vez nos dá a impressão de que a igreja não acredi-ta que recebemos a orientação correta, ou que recebemos alguma orientação.

Derald Barhampor e-mail

Quando eu tinha 12 anos de idade, sonhava em ser um anciã ou pastora de igreja. Tive que colocar esses sonhos de lado porque a igreja era muito estrita sobre esse assunto. Mudei meus planos e me tornei uma engenheira de alimentos.

Hoje, aos 38 anos de idade, fiquei muito feliz quando li o artigo sobre a ordenação de mulheres. Deus não faz acepção de pessoas. Seu chamado é tan-to para homens como para mulheres. Tenho certeza de que muitas mulheres foram chamadas por Deus e têm no coração o desejo pelo ministério. Agora terão a oportunidade de realizar seu chamado para honra e glória de Deus.

Hulda Naomi Chambi MamaniHortolândia, Brasil

Por favor, orem para que eu seja apro-vada nos exames de enfermagem e passe para o segundo ano.

Lorritta, Reino Unido

Lembrem-se de mim em suas orações. Oro para me libertar do meu passado,

para ter uma vida transformada, a saúde restaurada e com paz em meu coração.

Fenix, Brasil

Por favor, orem para que eu consiga um patrocinador para meus estudos.

Jacob, Uganda

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Oklahoma (EUA), as pessoas que andam pelo menos 10 mil passos por dia reduzem em 69% o risco de contrair doenças cardiovasculares.

Um estudo australiano demonstrou que pessoas que usam um aplicativo de pedômetro são 20 vezes mais propensos a ultrapassar sua meta de passos. Os aplicativos de pedômetro estão disponíveis gratuitamente para a maioria dos smart phones.Fonte: Men’s Health

passos

uma jornada de descobertas pela BíbliaDeus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros membros, em mais de 180 países, que estão lendo um capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org, ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui:

1º- DE MAIO DE 2015 • Colossenses 3

ReavivadosSua Palavrapor

Abril 2015 | Adventist World 29

Page 30: April 2015 portuguese

Em 2 de abril de 1910, Judson S. James batizou os primeiros conversos adventistas do sul da Índia; catorze homens e seis mulheres.

James foi para a Índia em 1906, e se mudou para o distrito de Tiru-nelveli, no estado de Tamil Nadu, em 1908, e morava em uma escola no meio de uma aldeia. Ele e a esposa criaram um dispensário médico na varanda de sua casa. A epidemia de cólera os obrigou a passar a maior parte do seu tempo trabalhando pelos doentes, com a ajuda da enfermeira Belle Shryock.

Os moradores do local deram a James oito hectares de terra nos arredores da aldeia, onde ele construiu uma residência com tijolos e argamassa; esse foi o primeiro bangalô de missão construído na Índia com o recurso da missão adventista.

Uma das pessoas batizadas em abril de 1910, foi Edward Duraiswamy Thomas, cujo pai tinha ligação com a escola da Igreja da Inglaterra, próxima dali. Thomas se tornou o primeiro pastor adventista indiano a ser ordenado.

A James Memorial Higher Secondary School (escola de ensino médio) recebeu esse nome em homenagem a Judson James, e a E. D. Thomas Memorial Higher Secondary School, em homenagem a Edward Thomas.

Estudos têm revelado que o altruísmo – desprendimento, o ato de servir os outros – aumenta o tamanho das amígdalas cerebelosas, parte do cérebro que reage ao medo e ao prazer. Nas pessoas altruístas as amígdalas cerebelosas podem ser maiores e mais ágeis Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences/The Rotarian

92% das mortes por malária no mundo ocorrem na África subsaariana, onde as baixas taxas de fidelidade ao tratamento comprometem a recuperação. Entretanto, pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard descobriram que lembretes enviados por mensagem de texto aumentaram em cerca de 5% as chances de completar o tratamento.

Fonte: The Rotarian

Mensagem de texto no

combate à malária

f o t o : G c a r c h I v e s

Os cinco principais idiomas para realizar negócios no mundo são:

1 iNGLêS2 MANDARiM3 FRANCêS4 ÁRABE5 ESPANHOL

Falar mais de uma língua, além de favorecer a reali-zação de negócios, pode ajudar a adiar os sintomas do Mal de Alzheimer. Fonte: The Rotarian

T r O C A D e I D e I A S

Há 105 anos

Quem Ganha é o cérebro

maıs

Page 31: April 2015 portuguese

“Eis que cedo venho…”Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

EditorAdventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.

Editor Administrativo e Editor-ChefeBill Knott

Editor AssociadoClaude Richli

Gerente internacional de PublicaçãoPyung Duk Chun

Comissão EditorialTed N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.

Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, presidente; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn, Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han

Editores em Silver Spring, Maryland, EuALael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Kimberly Luste Maran, Andrew McChesney

Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim

Editor On-lineCarlos Medley

Gerente de OperaçõesMerle Poirier

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ConselheiroE. Edward Zinke

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Diretor de Arte e DiagramaçãoJeff Dever, Brett Meliti

ConsultoresTed N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Raafat Kamal, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari

Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: [email protected]

Website: www.adventistworld.org

Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.

V. 11, nº- 4

RESPOSTA: Na Igreja Central de São Francisco, Califórnia (EUA), os adventistas em trajes de época recriam a visão de Ellen White sobre o que poderia ter acon-tecido na assembleia da Associação Geral de 1901, em Battle Creek, Michigan, se os delegados daquela assembleia tivessem demonstrado mais humildade. A assembleia de 1901 tratou de questões complicadas relacionadas com a liderança e organização do movimento que estava crescendo rapidamente.

A produção completa de “O que poderia ter sido”, filmada em janeiro, será apresentada na assembleia da AG de 2015, em San Antonio, Texas (EUA), que acontecerá nos dias 02 a 11 de julho.

As pessoas que param de fumar sentem menos ansiedade, depressão e estresse em relação aos que fumam. Os que sofrem de depressão sentem melhora no humor, ao deixar de fumar e ao parar de tomar antidepressivos.

Normalmente são necessárias seis semanas para que o ciclo do vício de fumar seja quebrado e haja melhora no humor.

Fonte: British Medical Journal/Women’s Health

Mensagem de texto no

combate à malária

LugaréEste?

Que

Mais um motivo para abandonar o vício

Abril 2015 | Adventist World 31

Page 32: April 2015 portuguese

Não perca um momento da assembleiada Associação Geral.

(2-11 de julho de 2015)

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