APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e...
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APRESENTAÇÃO
O presente Projeto é resultado de um trabalho coletivo entre os membros
da comunidade escolar: direção, equipe pedagógica, professores, funcionários,
alunos, pais, APMF, Conselho Escolar. Trata-se do registro do coletivo da escola
neste momento.
Para chegarmos a este resultado, tivemos uma longa caminhada durante o
ano, com reuniões e grupos de estudo entre professores e funcionários, pais e
alunos, nas quais abordamos questões pertinentes a construção desse
documento, bem como a importância da participação de todos através de
sugestões, tanto pessoalmente, como impessoais, através das respostas dadas a
questionários que enviamos aos pais e que trabalhamos em sala de aula com os
alunos.
Mesmo que regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, 9394/96, em seu Art. 12, I, a finalidade primordial do Projeto Político
Pedagógico no contexto da realidade educacional é, antes de uma exigência legal
ou um reflexo dos interesses que a comunidade escolar tem sobre a escola, um
norte para nossas ações.
Pensar e fazer educação formal, numa perspectiva político-pedagógica,
significa compreender que a educação não é um mero trabalho que se executa no
interior de uma sala de aula , de uma escola, limitado à relação professor-aluno.
O ato pedagógico carrega implicações sociais. Não é neutro. Está marcado pela
prática social de cada momento histórico. Neste sentido, a construção ou
reconstrução de um Projeto Político-Pedagógico pode ser alterado adequando-se
ao momento, assumindo uma postura crítica e um compromisso de transformação
frente à realidade. Assim,
A necessidade de um projeto político pedagógico na escola antecede a qualquer decisão política ou exigência legal, já que enquanto educadores e enquanto membros da instituição escolar, devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os nossos alunos, com a comunidade e com a sociedade, caso contrário não estaremos exercendo o nosso papel de educador, mas simplesmente de "aventureiro", que não sabe onde quer chegar. (REIS, 2001)
E como se trata de uma construção coletiva, o Projeto Político Pedagógico
envolve diferentes formas de pensar e entender as funções da educação, o que
requer que adotemos posturas coletivas, não pensando no “eu”, mas no que
todos podem fazer dentro de uma instituição de ensino para que consigamos
seguir por um mesmo caminho dentro desse espaço. Então, adotemos o pensar
coletivo, para que posteriormente possamos obter também um fazer coletivo. A
partir do momento em que decidimos determinados objetivos para nossa escola,
cada um deve responsabilizar-se por fazer estes acontecerem.
Dessa forma, gostaríamos de agradecer a todos que sempre se fizeram
presentes e muito contribuíram para a construção do Projeto Político Pedagógico
da Escola Estadual da Cango, da mesma forma que esperamos que cada um se
identifique dentro destas palavras.
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IDENTIFICAÇÃO
A Escola Estadual da Cango – Ensino Fundamental, situada à rua
Governador Parigot de Souza, nº 100, bairro da Cango, município de Francisco
Beltrão, Paraná, foi criada em 1991, sob a Resolução n.º 991 de 04/04/91,
oferecendo os cursos Regular e Supletivo Fase II. Obteve reconhecimento de
seus cursos pela Resolução n.º 2045 de 10/05/93 e Resolução n.º 436 de
01/02/94, respectivamente. Sua criação ocorreu devido ao processo de
estadualização do curso de 5ª a 8ª série e municipalização do curso de 1ª a 4ª
série, ocorrido em 1991, na gestão do Governador do Paraná Roberto Requião.
Foi assim denominada em tributo à Colônia Agrícola General Osório, sediada
durante a colonização do Sudoeste, no local onde é hoje o Bairro da Cango. A
Escola localiza-se a uma distância de aproximadamente, três quilômetros do
Núcleo Regional de Educação, que está localizado no Centro do município de
Francisco Beltrão.
Atualmente, é mantida pelo governo do estado do Paraná e atende 286
alunos do Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série, Regular, sob a direção da
professora Sandra Regina Gonçalves.
A Escola Estadual da Cango, atualmente, trabalha na forma de “trimestres”
e de “séries”, não mais através de “ciclos”. Seu funcionamento é só no período
matutino, tendo, no ano de 2006, um total de 09 (nove) turmas: 03 (três) 5ª séries,
02 (duas) 6ª, 02 (duas) 7ª e 02 (duas) 8ª.
Seu espaço físico constitui-se de 16 ( dezesseis ) salas de aula, sala de
Direção, de Pedagoga, sala de professores e de estudos para os mesmos,
secretaria, cozinha, área livre coberta ( saguão ), 02 ( dois ) banheiros –
masculino e feminino - para alunos, com 06 ( seis ) vasos sanitários cada, 01 (um)
banheiro na sala dos professores e 01 ( um ) na cozinha, área com horta e
jardim, pátio arborizado, casa de zelador, cancha de areia e quadra de esportes
sem cobertura e em condições precárias de utilização. Uma biblioteca com bom
acervo para pesquisa e leituras diversas. Mobiliário de sala de aula em precário
estado de conservação.
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Os alunos que freqüentam a escola são provenientes de famílias pouco
numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O
nível de instrução das mesmas, de um modo geral, está em torno do 1º Grau.
Seus pensamentos em relação à educação, baseiam-se numa leitura de mundo
obtida através da vivência de experiências e também nas informações
transmitidas pelos meios de comunicação que, de uma forma ou de outra,
chamam a atenção para a necessidade da escolaridade como garantia de um
padrão de vida melhor.
O quadro funcional da Escola Estadual da Cango é composto por: APMF,
Conselho Escolar, Direção, Pedagoga, Secretário, Corpo docente e discente e
Auxiliares de Serviços Gerais.
Segue a relação, em ordem alfabética, dos professores e funcionários da
escola, suas formações profissionais ( grau de instrução escolar ) e funções
exercidas:
Nome Formação Função
Antonio A. R. da Silva Ensino Médio Secretário
Augustinha L. P. Barboza Ensino Médio Serviços Gerais
Calinca S Dalla Flora Matemática Professora
Carmelina D. Migon Ensino Fundamental Merendeira
Cláudia S da Silva E. Médio Aux. Administrativo
Elenice M. M. Stecanella Letras Professora
Eliziane Biezus História Professora
Eloir S. de Lima Ensino Fundamental Serviços Gerais
Ester R. S. Fiorese História Professora
Gládis M Arantes E. Médio Aux. Administrativo
Ilda Schmitz Educação Física Professora
Iraci L. Cataneo Ensino Fundamental Serviços Gerais
Joceli M Zandonai Pedagogia Professora
Joiceli dos S Brum Letras-Inglês Professora
Josiany Furlan Letras-Inglês Professora
Lindamir T Frizzo Geografia Professora
Luiza Cattaneo Biologia Professora
Magda I. B. L. Baptista Letras e Pedagogia Pedagoga
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Marta M S Beal Geografia Professora
Mª Irenilda S. Ranucci Biologia Professora
Marinêz C. S. Bosio Letras Professora
Marli Maffi Matemática Professora
Meri T. M. Machado Matemática Professora
Sandra R. Gonçalves Educação Física Diretora
Susana B. Lourenci Educação Física Professora
Terezinha Baggio Ensino Médio Serviços Gerais
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OBJETIVOS
Segundo a LDB 9394/96 ( Art. 1º ) “a educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”, contudo, o § 1º
dispõe que “esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”, ou seja, o que
se aprende nas escolas (consideradas instituições próprias de ensino) é a
educação escolar.
Entendemos que, dada tal distinção, a educação escolar deve promover o
ensinamento de conhecimentos que vão além daqueles adquiridos na vida
familiar, na convivência humana ou no trabalho. Trata-se pois, do conhecimento
científico, cultural e historicamente produzido pela humanidade, que é o conteúdo
escolar propriamente dito.
Desse modo, temos como objetivo na Escola Estadual da Cango, ensinar
tal conhecimento através da interação entre ele e a realidade social, de forma que
este saber se torne elemento fundamental para análise crítica e transformação da
sociedade. Pretendemos resgatar a verdadeira função da escola, que é o
conhecimento
... “capaz” de levar os indivíduos das mais diferentes classes sociais, sobretudo das classes subalternas, a uma condição de esclarecimento e de conhecimento de seus direitos e deveres em uma sociedade moderna. (...) [De forma que] na medida em que as classes subalternas, uma vez de posse dos códigos das classes dominantes, transmitidos por uma escola eficiente, venham a saber manipulá-los contra a ordem dominante. (Grifo nosso. GALANO, 1992:7,8).
Desse modo, teremos como objetivo primordial em nossa atividade escolar,
sob orientação da Pedagogia Histórico-Crítica, a retomada da função vital da
escola, que entendemos ser, o ensinamento de conteúdo que possibilite que os
jovens a nós confiados se tornem indivíduos críticos, atuantes e transformadores
da sociedade em que vivem, e não a simples transmissão curricular de
conteúdos.
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MARCO SITUACIONAL
Se pensamos que a educação visa à formação do homem como um todo,
conseqüentemente, não podemos conceber a formação desse indivíduo apenas
dentro de uma instituição escolar, mas no interior de uma sociedade. Neste
sentido, a educação e a instituição escolar devem ser compreendidas dentro da
sociedade na qual estão inseridas.
Mas a qual sociedade nos referimos? Quais as implicações desta
sociedade nas políticas educacionais e no interior da escola?
Para tentarmos responder estas questões, tomaremos como referência
autores sintonizados com filosofia marxista, para a qual a sociedade se organiza
de acordo com as diferentes relações de produção, ou melhor, pelas diferentes
relações de trabalho.
Vivemos atualmente a fase neoliberal do capitalismo cujo desenvolvimento
está sustentado, principalmente, em reformas econômicas e políticas e, como
decorrência destas, também nas reformas em outras áreas, como a da educação.
Nesta lógica, está contemplada a não interferência do Estado na economia e nas
políticas sociais, com o gradativo desaparecimento do Estado do Bem Estar
Social1 e o retorno do laisse-faire, o “retorno do livre mercado do fim do século
XVIII e do século XIX, pela simples razão de que, segundo eles, a liberdade é o
meio mais efetivo da promoção da igualdade e do bem estar” (FERRARO, 1999,
p. 23). Para os neoliberais, a política do Estado do Bem Estar Social se tornou um
obstáculo à efetivação dos objetivos comerciais, visto que há demanda de custos
que não promovem lucros imediatos e acúmulo de capital.
Uma educação nos moldes neoliberais deve favorecer a competição e a
exclusão, deixando claro, desde cedo, que cada indivíduo é responsável por seu
êxito ou fracasso social, através da transmissão de um conteúdo superficial que
não permita que estes indivíduos sejam capazes de perceber que através da
1 O Estado do Bem Estar Social foi um mecanismo utilizado pelo sistema capitalista com o propósito de contornar a crise do sistema em 1930, no qual estado passou a comportar-se como o regulador da economia, para garantir o melhor desempenho da sociedade, foi assegurada a garantia do pleno emprego, além da implementação de programas de assistência social e melhor distribuição de renda, promovendo, assim, a elevação do poder aquisitivo e estimulando a produção. Este modelo de desenvolvimento, que de certa forma possibilitou uma retomada do crescimento econômico, começa a apresentar seus problemas, a partir da década de 70.
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tecnologização dos processos industriais, houve a diminuição da classe operária
e um aumento do trabalho assalariado no setor de serviços que, na maioria das
vezes, são trabalhos parciais, temporários e precários, resultando na flexibilização
do trabalho e da própria classe trabalhadora, bem como da redução dos direitos
trabalhistas adquiridos no inicio do século XX. Além disso, “a atual tendência do
mercado de trabalho é reduzir o número de trabalhadores centrais e empregar
cada vez mais uma força de trabalho que entra facilmente e é demitida sem
custos” (HARVEY, 1992, Apud: ANTUNES, 1999, p. 44). Na realidade, o que
assistimos hoje, é um capitalismo que se expande às custas da redução, sem
limites, dos custos de trabalho, debitando na conta do trabalhador e dos pobres, o
preço do progresso, sem ética e sem princípios, e com elevado índice de
exclusão social. (MARTINS, 2002).
Mas a exclusão não ocorre apenas pela falta de emprego, ocorre também,
pela injusta distribuição da renda adquirida entre as classes.
Diante da problemática da exclusão social e, por conseqüência, também, a
exclusão cultural, muito forte no Brasil atualmente, perguntamo-nos qual é o papel
desempenhado pela escola, na busca de alternativas para resolver este
problema, enquanto transmissora de cultura e enquanto instituição social e, por
conseguinte, inerente à sociedade?
Visando o lucro e o acúmulo de capital, os neoliberais vêem a educação
como um investimento, seguindo os pressupostos da Teoria do Capital Humano e
que, como tal, será objeto de investimentos através de uma ação planejada do
Estado e cooperação de agências financeiras internacionais, pois para eles, a
educação é capaz de findar as contradições do capitalismo, provendo-a não só
para o trabalho, mas para a vida do trabalhador que, a partir da escola, poderá
conseguir status e cargos. Na realidade, estamos assistindo à necessidade de
estabelecer mecanismos de controle e avaliação da qualidade dos serviços
educacionais, como se as escolas fossem empresas produtivas, visto que nelas
se produz um tipo especifico de mercadoria (o conhecimento, os alunos
escolarizados, o currículo) e, conseqüentemente, suas práticas, que devem estar
submetidas aos mesmos critérios de avaliação que se aplicam a toda empresa
dinâmica, eficiente e flexível. (SILVA & GENTILI, 1996)
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Mediados por esta concepção de educação, intensamente divulgada em
meios de comunicação de massa, os pais dos alunos vêem na educação uma
forma de ascensão social e não de transformação social pois, a maioria desses
pais pertencem a classe operária que vem sendo esmagada ao longo dos anos e
a medida que avança o capitalismo neoliberal, sem falar naqueles que estão
desempregados e, uma vez que a sociedade gira em torno das relações de
produção, estes indivíduos são excluídos dela sobrevivendo, muitas vezes
mantidos pelo assistencialismo governamental.
As instituições de educação tem buscado algumas formas de manter-se,
apesar do sucateamento promovido pelas investidas neoliberais em educação.
Contudo, no que se refere a esta escola, temos percebido um grande descaso
quanto à estrutura física para atendimento aos alunos. As salas de aula são mal
ventiladas devido à falta de planejamento na construção das mesmas e isso
provoca uma inquietação nos alunos pelo fato de sentirem-se incomodados,
principalmente quando faz muito calor. As portas das salas de aula não podem
permanecer abertas pois existe um corredor entre elas, o que provoca barulho
excessivo, atrapalhando o andamento das outras turmas.
O estabelecimento de ensino conta com laboratório de informática, para
pesquisa dos alunos e para os professores realizarem seus trabalhos de apoio
profissional para a melhoria de suas aulas.
A escola trabalha apenas no período matutino, e neste período, seu
espaço físico é dividido entre a rede estadual e municipal de ensino, causando
alguns problemas, principalmente, na hora do recreio, onde alunos de idades
muito diferenciadas convivem no mesmo espaço físico. Nessa divisão, surgem
benefícios e desvantagens para ambas as escolas, pois, apesar de seguirem o
mesmo calendário acadêmico, por muitas vezes possuem ritmos diferentes,
necessidades de utilizar locais comuns, de mudar alguns horários, o que deixa
comprometidas as atividades de uma ou de outra escola em alguns momentos do
ano.
Em termos de administração, ter uma escola compartilhada proporciona
muitos benefícios, desde que ambas as Direções tenham um bom relacionamento
entre si, almejem coletivamente os objetivos a serem atingidos. Esse trabalho
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coletivo também beneficia a parte financeira, pois todas as despesas são
divididas.
Com relação ao espaço físico, não podemos deixar de explicitar uma antiga
reivindicação da comunidade escolar, que é um mini-ginásio de esportes, pois
além da área construída, contamos ainda, com uma grande área livre sem
cobertura e nesta, uma quadra de areia.
A Escola Estadual da Cango trabalha, atualmente, na forma de
“trimestres” , não mais através de “ciclos”, e sim de “séries”.
A Direção procura sempre colocar em prática os princípios de Gestão
Democrática, fazendo com que cada segmento da escola ajude a pensar e
colocar em prática as soluções para suas próprias necessidades. No entanto, em
virtude da falta de funcionários, principalmente a Diretora e a Pedagoga, acabam
realizando funções que não são próprias do seu cargo, como substituir
professores, providenciar material para as aulas, atender a biblioteca, resolver
problemas da entrega no Programa Leite das Crianças, entre outros. Com isso,
deixa de dedicar-se, prioritariamente, às questões administrativas e pedagógicas,
que realmente fariam a diferença na escola, pois o desempenhar dessas
inúmeras funções, tira a especificidade de cada função e faz com que
trabalhemos a manhã inteira sem ver os reais resultados do nosso verdadeiro
trabalho.
A Equipe Pedagógica é composta apenas por uma pedagoga, que tem
plena autonomia para atuar em suas funções na escola. No entanto, não diferente
da Direção, desmembra-se em várias funções ao longo da manhã, atendendo aos
alunos, controlando o tempo das aulas, entrada e saída de alunos, resolvendo
problemas de indisciplina entre eles, acompanhando seu desempenho e
freqüência, conversando com os pais via telefone ou pessoalmente, quando a
principal função da pedagoga seria dar apoio pedagógico aos professores, ser
suporte nas suas dificuldades metodológicas e outras pertinentes ao ensino e
aprendizagem.
O Conselho de Classe acontece de uma forma considerada bem
participativa, onde são discutidos os problemas de aprendizagem dos alunos que
os apresentam e acordadas algumas sugestões e/ou soluções para tais
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problemas. Também nesse momento são feitas trocas de experiências
educacionais que deram ou estão dando certo.
O mesmo acontece em horário contrário ao turno de aulas
(preferencialmente à noite) e todos os envolvidos se fazem presentes. É feito por
turma e série separadamente, onde cada educando tem o seu espaço de atenção
para que se faça uma análise geral do seu aprendizado e, sempre que
necessário, em conjunto, se tomam as decisões para a melhoria do avanço
educacional de cada aluno.
É considerado e avaliado o aluno como um todo, comparando-o consigo
mesmo, seus avanços e crescimentos.
Os professores sugerem atitudes e atividades a serem realizadas para os
alunos que apresentam qualquer tipo de dificuldade.
O Conselho Escolar é composto por pais, funcionários e professores, de
acordo com a legislação em vigor, e atua juntamente com a direção da escola, em
assuntos que se referem a todas os problemas escolares, tanto pedagógicos
como administrativos e financeiros. Mas, no entanto, não tem estado tão atuante
e presente para ajudar a solucionar os problemas existentes. No que se refere à
APMF podemos conferir a mesma distância dos problemas da escola, uma vez
que, não procuram conhecê-los para auxiliar intervindo sobre eles.
Da mesma forma, sentimos fragmentada a relação entre a escola e os pais
dos alunos, causada pelo afastamento dos pais da educação de seus filhos,
deixando esta nas mãos dos professores e dos próprios jovens, vindo a escola
apenas quando são chamados, ou nas “reuniões de entrega de boletins”, onde
são abordados vários outros pontos relativos à escola, pois é um momento em
que conseguimos reunir um grande número de pais, por acontecer no período da
noite.
Mas essa ausência não é diretamente por culpa dos pais. Afinal, na lógica
acumulativa de capital, estes pais precisam trabalhar cada vez mais, recebendo
um salário cada vez mais rarefeito, para poder manter um padrão de vida de
classe média baixa ou baixa. Desse modo, depositam muito de suas expectativas,
em relação à educação de seus filhos,na escola. Mas, ao mesmo tempo,
permanecem alheios ao seu cotidiano.
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A escola oferece uma “Sala de Apoio à Aprendizagem” para alunos de
quintas séries, pois estes sofrem muito com a mudança de hábitos escolares que
ocorre entre quarta e quinta série, necessitando de um acompanhamento mais
individualizado em determinadas disciplinas.
Há na escola o Projeto Segundo Tempo, que abriu espaço a
aproximadamente 200 ( duzentos ) alunos dando oportunidade de realizar uma
atividade recreativa no período contrário ao das aulas, por três vezes na semana.
De 2001 a 2007, houve uma diminuição do número de alunos, ou seja, de
350 para 250.
Nota-se desinteresse da maioria das famílias no acompanhamento dos
estudos de seus filhos, o qual reflete-se neles quando deixam de cumprir com
seus deveres básicos de aluno. Eles são muito agitados em sala de aula, têm
falta de concentração, de leitura e, alguns apresentam grande desrespeito pelos
colegas e professores.
O Corpo Docente, na sua maioria, está bem consciente da realidade que
vivemos nesta escola e são extremamente responsáveis com seu compromisso
de ensinar, o que facilita o diálogo entre todos, vez que, têm autonomia para
contribuir em praticamente todas as decisões referentes a escola, da mesma
forma que recebem o apoio da direção e equipe pedagógica nas decisões que
são levados a tomar em sala de aula. Eles reconhecem a ausência de
funcionários que lhes possibilitem apoio técnico e mesmo pedagógico, da mesma
forma que procuram não ausentar-se de suas funções na escola, ou seja,
dificilmente faltam ao trabalho.
No que se refere ao preparo das aulas, o professor conta com a hora-
atividade, que apesar de ser um tempo curto, é muito importante para a
realização dos planos de aula e outras atividades didáticas. Portanto, trata-se de
um momento em que os professores podem conversar entre si ou realizar suas
atividades de acordo com suas necessidades. O acompanhamento pedagógico
ainda é insuficiente, devido a falta de pessoal e o trabalho rotineiro da escola.
Desse modo, cada professor é responsável pelo aproveitamento de seu tempo de
hora-atividade, direcionando seu trabalho.
Esse grupo de professores sente alguma dificuldade em ensinar devido a
falta de disciplina e de limites de alguns alunos, o que dificulta a formação do
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conceito de responsabilidade com os estudos. Da mesma forma, sentem
dificuldade em avaliar, pois mesmo com tentativas diferentes de avaliação
(trabalhos de pesquisa, análise de filmes, auto-avaliação, produção de textos,
questionamentos orais e escritos, expressões artísticas, jogos e outros, além dos
projetos do Plano de Ação da Escola), buscando a promoção ao invés da
exclusão do aluno, sentem que a aprendizagem algumas vezes não acontece
completamente. Ou seja, hoje a escola não é apenas considerada pelos alunos
como um lugar de aprender, mas é, sobretudo um local de socialização e
convivência com seus iguais. Isso acarreta alguns problemas para a escola, que
enquanto instituição de ensino, possui um Regimento Escolar, que muitas vezes
não é respeitado e menos ainda, seguido pelos alunos.
Em tempos passados, a Avaliação Escolar era feita para verificar se o aluno
memorizava os conteúdos que constavam na grade curricular.
Hoje, a avaliação vem sendo repensada na escola, para que a qualidade do
ensino não fique comprometida.
Segundo a professora Jussara Hoffmann, avaliar num novo paradigma é
dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do
professor e este deve propiciar ao aluno, em seu processo de aprendizagem,
reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, libertários e participativos na
construção de verdades formuladas e reformuladas.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, de acordo
com o art. 24, inciso V, sobre a avaliação escolar segue-se:
_ uma avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
longo do período sobre os de eventuais provas finais;
_ a possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
_ a possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante verificação
do aprendizado;
_ o aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
_ a obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados
pelas instituições de ensino e seus regimentos;
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A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se
analisa, se interpreta um determinado fenômeno (construção do conhecimento),
situando-o concretamente quanto aos dados relevantes, objetivando uma tomada
de decisões em busca da produção humana.
Segundo o pedagogo Cipriano Carlos Luckesi, avaliar tem basicamente três
passos:
_ Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da
realidade.
_ Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no
processo educativo (qualificação).
_ Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.
A avaliação só tem sentido quando é continua, provocando o
desenvolvimento do educando.
Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade
do ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no decorrer do ano
letivo, observando a capacidade e o ritmo individual de cada um.
A avaliação permite, por um lado, detectar os avanços e as dificuldades que
o aluno apresenta em relação aos conteúdos com ele trabalhados; por outro,
explica a adequação ou não da prática pedagógica do professor, permitindo seu
direcionamento. Por isso, a avaliação tem um caráter diagnóstico e processual.
Isso significa dizer que é necessário romper com a idéia de que avaliação é
sinônimo de verificação de acertos ou erros ( forma coerente apenas com uma
visão do saber como algo pronto, cristalizado, passível de ser apenas
memorizado e reproduzido acriticamente ). Cabe ao professor estar
permanentemente interpretando as respostas dadas pelo aluno, pois elas revelam
o que e como ele vem pensando, para, a partir daí, interferir. Nessa perspectiva, a
avaliação é entendida como parte integrante do processo de ensino e não como
um momento final de um período de atividades escolares.
Assim, não há como avaliar a turma tendo como referência um aluno-ideal,
segundo o qual todos os demais serão julgados, mas considerar cada aluno em
relação a determinados critérios indicadores de aprendizagem. Por isso, a
avaliação está intrinsecamente articulada com os conteúdos definidos na
Proposta Pedagógica.
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A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, como
ato de julgar o próprio desempenho de alunos e professores. O educador deve se
auto-avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a
auto-avaliação do aluno deve servir como subsídio para a sua própria avaliação e
para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador.
A Recuperação Paralela acontece, primeiramente, através do diagnóstico
das dificuldades de aprendizagem encontradas pelos educandos. Após, há a
retomada dos conteúdos utilizando uma metodologia diferenciada, recursos
didáticos apropriados e novas avaliações orais e/ou escritas das formas já acima
citadas.
A Escola Estadual da Cango conta com quatro Auxiliares de Serviços
Gerais sendo duas merendeiras e duas zeladoras. As primeiras consideram difícil
dar conta de suas funções e atender aos beneficiários do programa Leite das
Crianças, mas ainda assim, são menos prejudicadas que as segundas que,
mesmo com o auxilio das zeladoras da rede municipal, têm dificuldade em limpar
e organizar toda a escola da forma como deveria ser, deixando a desejar,
sobretudo, nas limpezas que exigem mais tempo para serem realizadas.
A Equipe Administrativa é composta por dois funcionários que trabalham na
secretaria e uma bibliotecária.
Apesar dos problemas e contradições enfrentados, a preocupação maior
desta instituição está centrada na melhoria da qualidade de ensino para alunos do
Ensino Fundamental – 5ª a 8ª séries, visando instrumentalizá-los de um
embasamento teórico que possibilite a superação dos problemas sócio-estruturais
existentes, por meio de ações participativas e transformadoras.
Desse modo, desenvolvemos ao longo do ano atividades que promovem a
interação e participação de todos os alunos da escola, pois a mesma, enquanto
local de socialização de conhecimentos, sabe da necessidade que os alunos
sentem em realizar atividades diferenciadas, como a Gincana Estudantil, a Festa
Junina, Festa do Folclore, Festival de Dança, Passeio Ecológico, Projeto de
Leitura e Recital de Poesia, Gincana do Dia do Estudante, Jogos Interséries, Feira
das Ciências, Hinos Brasileiros, dentre outros que surgem ao longo do ano letivo
e que, de formas diversificadas, promovem aprendizagens a toda a comunidade
escolar.
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MARCO CONCEITUAL
Trataremos agora de refletir sobre a teoria que adotaremos para atender a
realidade e os problemas educacionais já descritos.
Constitucionalmente temos direito à educação, no entanto não temos
consciência de que a educação que recebemos varia de acordo com nossa classe
social, pois para os liberais, a educação é necessária para o desenvolvimento da
humanidade, mas, de acordo com o economista Adam Smith, esta deve ser
concedida em doses homeopáticas.
Divergindo deste pensamento, apesar de vivermos em um sociedade
capitalista, pensamos que a educação é um direito adquirido, e como tal, deve ser
concedida da mesma maneira para todos, independentemente da classe social,
para que possa possibilitar transformações na sociedade, pois, mesmo não sendo
o único meio de reprodução do status quo, se pensarmos numa educação que o
mantém, estaremos perdendo uma função de extrema importância da escola, que
é a de possibilitar a superação da sociedade atual. (GALANO, 1992)
A educação deve priorizar a formação de um homem capaz de atuar na
sociedade, e se na sociedade tudo gira em torno das relações de trabalho, deve
saber desenvolver um trabalho. Mas, mais do que apertar um parafuso, deve
saber por que o está apertando. Devemos pois, formar um homem para atuar na
sociedade e não para ser manipulado por ela. A isso está atrelado o
conhecimento, pois este deve ser entendido como algo produzido através das
relações sociais mediadas pelo trabalho. Desse modo, a escola deve assumir o
objetivo de ensinar, e, independentemente da classe social, dar acesso a todos os
mesmos conhecimentos, pois para Silva (1992: 128) “é exatamente a suposição
de que um produto uniforme, “escolarização”, está sendo oferecido a todas as
crianças, independentemente de sua classe social, que permite a distribuição
desigual”, vez que, o conhecimento é sempre conhecimento de alguma coisa, é
sempre intencionado, isto é, está sempre dirigido para alguma coisa. Dessa
forma os direitos por nós adquiridos ao nascermos, que aparentemente são todos
iguais, com o tempo vão se tornando diferentes entre as classes sociais, ou seja,
não se constituem em direitos efetivos.
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Segundo Silva & Gentili (1996:41), “após o dilúvio neoliberal as nossas
escolas serão muito piores do que já são agora. Não se trata apenas de um
problema de qualidade pedagógica (embora também o seja), serão piores porque
serão mais excludentes”. Não podemos permitir que isso aconteça e a nossa
única “arma” contra o neoliberalismo é a conscientização da massa populacional.
Contudo, para atrelarmos o conscientizar das mentes e o ensinar dos conceitos
científicos, precisamos de um bom suporte teórico, afinal, não buscamos apenas
a escolarização, mas a educação conscientizadora para a transformação. É
apenas pelo ato de conhecer que estaremos em um caminho privilegiado para a
compreensão da realidade, pois é a ação do homem que conhece, que
transforma a realidade.
Se concebemos um conhecimento que não é neutro, temos em sala de aula
um professor que também é um ser político e social, que tem sua presença
garantida e extremamente necessária na sala de aula. Ele é aquele que participa
das atividades como o detentor do conhecimento e o método de gerar a
aprendizagem dirigindo o processo (SAVIANI, 2004).
Para Vygotsky (1988), a boa aprendizagem escolar é aquela que se
antecipa ao desenvolvimento da criança / jovem, mesmo que a aprendizagem da
criança comece muito antes da aprendizagem escolar. Desse modo, o professor
deve valorizar o conhecimento sincrético do aluno, mas levá-lo a pesquisar e
reelaborar esse saber ao ponto de torná-lo um saber cientifico, superando o
conhecimento inicial. Segundo Saviani (2002: 69), é preciso desenvolver uma
pedagogia articulada com os interesses populares, que valorizará a escola e que
... não será indiferente ao que ocorre em seu interior; estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará interessada em métodos de ensino eficazes. Serão métodos que estimularão a atividade iniciativa dos alunos, sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o dialogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o dialogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.
Neste modelo pedagógico, há a vinculação entre educação e sociedade,
professor e alunos serão tomados como agentes sociais, seres ativos que
produzem saberes e que transformam sua realidade social.
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Para efetivar-se na pratica, Saviani (2002) propõe uma metodologia para
esse modelo pedagógico elaborado por ele. Assim, a aula consistirá em cinco
momentos: o ponto de partida é a prática social, lugar comum entre professor e
alunos, mesmo ocupando lugares distintos na sociedade. O segundo passo, é a
apresentação de novos conhecimentos por parte do professor e a detecção de
problemas da pratica social que podem ser resolvidos à luz desse novo
conhecimento, ou seja, é a problematização. O terceiro passo trata da
apropriação dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento
dos problemas detectados na pratica social, é a instrumentalização. Ao quarto
ponto, Saviani chama de catarse, que seria a incorporação dos instrumentos
culturais como elementos para a transformação social. E o quinto ponto é o
retorno desse conhecimento reelaborado para a pratica social.
Dado este modelo de pedagogia, temos de abordar quatro aspectos
importantes de serem revistos para sua efetivação, objetivando a formação de um
indivíduo crítico e atuante na sociedade: o professor, o aluno, a avaliação e o
conselho de classe.
Tomando a importância da figura do professor no processo de ensino e
aprendizagem, exposto por Saviani na pedagogia histórico-crítica, precisamos
elaborar mecanismos de efetivar-se um processo de formação continuada a este
profissional, já garantida pela LDB em seu Art. 67, Inc. II, bem como para os
demais profissionais em educação, para que possam estar constantemente em
contato com novos conhecimentos que resultarão na melhoria da qualidade no
processo de ensino e aprendizagem.
Na proposta da pedagogia histórico-crítica, concebe-se um aluno pré-
disposto a aprender, diferente de alguns que temos em nossas escolas, o qual
descrevemos anteriormente. Revelando-se novamente a importância de um
professor bem articulado com o contexto social que o cerca, para poder
desenvolver em seus alunos o desejo de aprender.
A avaliação que temos atualmente é seletiva, a nota está voltada, assim
como a sociedade capitalista, para o mérito dos melhores e a exclusão dos que
não se saem bem, ou seja, tem um fim em si mesma. Segundo Perrenoud (1999).
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A nota é uma mensagem que não diz de inicio ao aluno o que ele sabe, mas o que lhe pode acontecer “se continuar assim até o final do ano”. Mensagem tranquilizadora para uns e inquietante para outros, que visa também aos pais com a demanda implícita ou explicita de intervir “antes que seja tarde demais”.
No entanto, diante do método da pedagogia histórico-crítica, temos que nos
atentar para o fato de que um conhecimento deve ser aplicado na prática social, o
que impede uma avaliação imediata. Como avaliar então?
Precisamos de um instrumento de avaliação que esteja a serviço das
aprendizagens, que seja um “instrumento privilegiado de uma regulação contínua
das intervenções e das situações didáticas” (Idem: 14), tanto para avaliar os
alunos como para avaliar a pratica dos professores, tornando a avaliação não
apenas um amontoado de notas mas o início de um processo de auto-reflexão.
Mas ainda surgem dúvidas. Como efetivar essa avaliação prognóstica em salas
de aula com mais de trinta alunos? Como avaliar amplamente, considerando os
avanços e retrocessos de cada aluno se muitas vezes, cada professor possui
mais de 300 alunos distribuídos por várias escolas de diferentes contextos e mal
sabe o nome de cada um? Como avaliar nesse modelo, que exige mais tempo do
que o normal, se existe um sistema estruturado verticalmente que exige notas ou
pareceres bimestrais, trimestrais ou semestrais? E ainda, como avaliar a si
mesmo com uma avaliação direcionada ao outro?
O problema da avaliação abre espaço para outro importante elemento
avaliativo e de julgamento: o Conselho de Classe. Segundo Dalben (2004: 63),
durante o conselho de classe se coloca uma questão paradoxal: “os profissionais
não admitem ser avaliados em seu trabalho. Eles avaliam os alunos e seus pares,
mas o processo de avaliação nunca é direcionado para quem avaliou”.
No entanto, antes de ser um espaço de agressão pessoal ou "ditação" de
notas, o Conselho de Classe deve ser um espaço garantido para a elaboração de
objetivos comuns a serem alcançados, um local para se explicitarem as
diferenças entre as posturas, clarearem os conflitos e articularem em ações de
modo que não se perca de vista a riqueza da divergência e da diferença, para a
proposição de projetos originais e concretos em beneficio dos alunos. (Idem)
Se pretendemos com a educação a transformação do homem e da
sociedade, temos de encará-la com um cunho político e uma intencionalidade
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explicita, do mesmo modo que devemos utilizarmo-nos de elementos escolares
como o Conselho de Classe, o Conselho Escolar e a APMF a nosso favor, como
“armas” numa luta em prol de uma eqüidade econômica e social, apesar da
diversidade cultural.
A própria LDB, em seu Art. 15, declara que “os sistemas de ensino
assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. Assim, as
instâncias colegiadas da escola devem ter suas funções revitalizadas para
atingirem objetivos específicos, determinados coletivamente mediante intervenção
de uma direção atuante e democrática.
MARCO OPERACIONAL
Para que se consiga resolver alguns problemas internos da escola, mas
que causados devido a um modelo sócio-estrutural, precisamos de uma teoria
consistente que realmente seja o suporte para uma prática eficaz, uma teoria que
considere a escola inserida num contexto social mais amplo, e por isso
reciprocamente dependente dele, ou seja, da mesma forma que a sociedade
influencia em questões escolares, a escola, munida da possibilidade de
instrumentalização dos jovens através do conhecimento, pode também,
influenciar na transformação da sociedade.
Adotaremos então, a filosofia da praxis.
A filosofia da praxis, requer antes de tudo, o executar uma atividade
pensada para um determinado fim. Consideremos pois, que nem toda atividade
pode ser considerada uma praxis, uma vez que
a atividade mostra, nas relações entre as partes e o todo, os traços de uma totalidade concreta. Vários atos desarticulados ou justapostos casualmente não permitem que se fale em atividade; é preciso que os atos singulares se articulem ou estruturem, como elementos de um todo, ou de um processo total, que culmina na modificação da matéria-prima. (VÁZQUÉZ, 1997: 186)
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A matéria-prima da escola é a formação do aluno. Se desejamos formar
alunos críticos, preocupados com a coletividade, participativos e transformadores,
temos de ter uma praxis, ou seja, uma ação conjunta, articulada e estruturada
para este fim, de todos as partes da escola, pais, alunos, funcionários,
professores, direção e equipe pedagógica.
Primeiramente precisamos atentar para o retorno gradativo da participação
dos pais no processo de ensino e aprendizagem de seus filhos, resgatando ou
desenvolvendo o conhecimento necessário para auxiliarem o trabalho
desenvolvido pela escola através de palestras e reuniões que se desenvolverão
de acordo com as atividades elaboradas para o Plano de Ação da escola.
Concomitante à vinda dos pais para a escola, precisamos reestruturar e ter
mais atuantes as instâncias colegiadas da escola, disponibilizando para que ajam
em conjunto com a Direção na solução de problemas que dizem respeito ao bom
andamento da escola como um todo. Para isso, pretende-se fazer reuniões no
decorrer do ano com os membros dessas instâncias, nas quais abordaremos suas
funções e questões pertinentes e como poderão contribuir para a melhoria do
todo da escola.
É visto que tentar essa aproximação é difícil, considerando a sociedade e
as relações de produção tal como consideramos anteriormente: visando
acumulação de capital e o trabalho alienado, pois os pais, quando estão fora do
trabalho, querem descansar e não têm, na maioria das vezes, preocupação com
estes aspectos “socioculturais” que interferem na formação escolar de seus filhos,
mas que muitas vezes podem ser resolvidos coletivamente pelos interessados,
desde que estes se reúnam para debater os problemas.
Outro elemento importante para a formação de um indivíduo politicamente
atuante é a constituição de um Grêmio Estudantil, que é o olhar dos alunos para a
luta na conquista de direitos, bem como sua organização e mobilização em prol
disso desde os últimos anos do ensino fundamental e não apenas no ensino
médio, pois desde sempre, o conhecimento por si só não transforma a realidade.
É preciso a ação dos homens, que conscientemente devem ir em busca de seus
direitos.
Para isso, serão seguidas as normas já previstas para a formação de
Grêmios Estudantis, ou seja, democraticamente. Serão constituídas assembléias
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de onde serão escolhidas as chapas a serem votadas pelos seus pares. Da
mesma forma, será disponibilizado espaço para atuação deste colegiado, que
vem atuar em benefício dos alunos.
Se educar é uma ação intencional, o professor, munido de conhecimentos
adquiridos ao longo de sua formação e experiência, deve ter um bom
planejamento de suas aulas, para atingir efetivamente um objetivo pré-
determinado em seu Plano de Trabalho Docente, de modo que realmente ocorra
o processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que, ser professor exige muito
mais tempo do que o que dispomos na escola. Precisamos estudar
continuamente para dar conta de ensinar aos nossos alunos aquilo que lhes é
importante, uma vez que o conhecimento não é estável e único, é dinâmico e
diverso, por isso, precisamos de suporte teórico para podermos discernir entre o
conhecimento útil (que atende a um determinado fim, estabelecido socialmente) e
o conhecimento verdadeiro e necessário. (VÁZQUÉZ, 1997)
No que se refere aos professores, elemento principal da proposta
pedagógica que nos propomos a desenvolver, é necessário estimular e organizar
momentos de estudo e de reflexão, pois da mesma forma que pais e filhos
receberão palestras para melhor entenderem e atuarem sobre a educação, os
professores devem ter possibilidade de acesso a conhecimentos que lhe
permitam pensar e agir coerentemente no desenvolver de sua prática pedagógica.
Desse modo, pretende-se disponibilizar momentos de estudo para os
professores durante a hora-atividade, para que tenham um período de estudo e
capacitação além dos disponibilizados e direcionados pela Secretaria de
Educação, do mesmo modo que possam estar constantemente revendo
coletivamente variados aspectos do processo de ensino e aprendizagem no
interior da escola. Da mesma forma serão direcionadas as capacitações também
aos funcionários da escola.
A intervenção pedagógica avaliativa ocorre no sentido de provocar
desequilíbrio que leve a novas interações e buscas. E, neste momento, o
processo de avaliação requer observações, registros e análises sistemáticas do
processo de elaboração do conhecimento pelo aluno. É preciso registrar seu
crescimento e desenvolvimento no que se refere à autonomia intelectual, à
criatividade, à capacidade de organização e à participação, condições de
22
elaboração e generalização, relacionando o coletivo, comunicação e outros
critérios que o professor julga serem necessários e pertinentes na fase de
desenvolvimento e maturidade em que se encontra o educando.
Sendo assim, o corpo docente da presente escola propõe-se a utilizar
metodologias variadas onde seja considerado, principalmente, a produção oral e
escrita de cada educando. Propõe-se, também a manter sempre o diálogo,
buscando respostas para questões relativas aos alunos e articulando idéias e
debates das propostas e práticas pedagógicas sugeridas pela Secretaria de
Estado da Educação e adequadas a cada turma/série. Pois entende-se que
assim, a aprendizagem de fato, acontecerá.
Entende-se que, quando a maioria dos alunos não consegue boas notas
nas avaliações, o professor irá rever seu trabalho, fará sua auto-avaliação.
Neste sentido propõe-se uma reelaboração nos encaminhamentos do
Conselho de Classe, da seguinte maneira: primeiramente, através de documento
escrito, a realização pelos professores ( individualmente ), do Pré-Conselho de
Classe em forma de questionamentos relacionados ao ensino e à aprendizagem
dos alunos ( por turma e por aluno ). Após, a análise dos relatórios pela equipe
pedagógica e a síntese dos resultados, segue-se o Conselho de Classe, com a
participação dos professores, pedagoga, direção e alunos representantes de
turma, onde acontece, primeiramente a discussão dos problemas levantados ( por
turma ) e as sugestões de soluções, e a avaliação individual dos alunos de forma
verbal pelos professores e registros escritos feitos em Ata específica. Em seguida,
e concomitante ao relato avaliativo. são discutidas e elaboradas formas de
intervenção que serão efetivadas diretamente aos alunos, na maioria das vezes
com a participação e o apoio dos pais comparecendo à escola e tomando ciência
das resoluções e outras, através de conversa ( aconselhamento ) pela direção ou
equipe pedagógica.
Outra parte importante do processo de ensino e aprendizagem é a
Recuperação Paralela, que além de apresentar-se como direito do aluno no
Regimento Escolar, é imprescindível a sua realização sempre que os alunos não
tenham se apropriado dos conteúdos, ou de parte deles.
O Corpo Docente propõe-se que a Recuperação Paralela se efetive
utilizando metodologias diversificadas e critérios como: produção de textos de
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diferentes gêneros, ilustração dos mesmos, debates, dramatização e
apresentação de conteúdos de forma mais dinâmica, utilização de recursos
audiovisuais, diagnóstico e acompanhamento/atendimento aos alunos que
necessitam de Adaptação Curricular para que ela se efetive realmente no dia-a-
dia escolar.
Os valores de notas atribuídos às recuperações paralelas substituirão as
menores notas de avaliações do trimestre. É vedada a recuperação apenas no
final do trimestre, pois ela deve ser sempre paralela aos conteúdos não
apreendidos.
Quanto à Adaptação Curricular, ela acontece de forma à atender as
necessidades educacionais dos alunos, uma vez que faz parte da tarefa de
ensinar procurar as estratégias que melhor respondam às características dos
mesmos. É realizada sempre que necessário e com o efetivo registro em
documento próprio pré-elaborado ( modelo ), sendo este através de ficha
individual para cada aluno que necessitar de adaptação.
Saber se o conhecimento que pensamos ter ensinado foi realmente
apreendido por nossos alunos requer um modelo complexo de avaliação de suas
atividades sociais, pois enquanto está na escola, o aluno fica sujeito a uma nota
que pode ser revista ao longo dos estudos. Já na sociedade, ele está sujeito a um
conceito e julgamento que muitas vezes é imparcial e definitivo. Mas é através da
forma de atuação de nossos alunos socialmente, na continuidade, ou não, de
seus estudos, que teremos uma possibilidade de resposta para uma questão
fundamental, que trata sobre a escola realizar efetivamente sua função e atingir,
ou não, o seu objetivo, que é promover o aprendizado de um conhecimento que
modifique as estruturas sociais atuais.
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26
AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
Na data de 30 ( trinta ) de julho de 2008 ( dois mil e oito ) na Escola
Estadual da Cango, com a presença da diretora Sandra Regina Gonçalves, da
pedagoga Magda Inês Brito Lustosa Baptista, dos funcionários Eloir S. De Lima,
Iraci Cataneo, Carmelina D. Migon, Antonio Ap. Rodrigues da Silva, Claudia
Schwaab da Silva e Clarete de F. Camera e dos professores Aline da S. Turmann,
Elenice M. Mackowiak, ester R. S. Fiorese, Ilda Schimitz, Ivanilda Bernardon,
Ivone Donatti, Joceli M. Zandonai, Josiany Furlan,Marcelo A. Kalsing, Maria
Irenilda de S. Rannuci, Marinez C. Soares, Marli Maffi, Marta M. S. Beal, foi
realizada a avaliação do Projeto Político-Pedagógico, sendo analisada a
coerência e a concordância com a realidade da comunidade escolar.
Em relação aos objetivos do Projeto, percebe-se que está de acordo, uma
vez que a escola procura trabalhar sempre no sentido do resgate da sua
verdadeira função que é o conhecimento, capaz de levar os indivíduos das mais
diferentes classes sociais, a uma condição de esclarecimento de seus direitos e
deveres e que possibilite aos mesmos serem atuantes e transformadores da
sociedade em que vivem.
Quanto ao Marco Situacional, nota-se que consta no Projeto a descrição
real da sociedade onde vivemos: global, regional e local, pois há várias citações
de autores renomados que esclarecem a situação vigente da nossa realidade.
Sobre os projetos e órgãos colegiados da escola, os textos estão bem
esclarecedores e de fácil entendimento a qualquer pessoa da comunidade escolar
que queira ter acesso ao documento e lê-lo na íntegra.
Também no que discorre sobre o corpo docente e discente está de pleno
acordo com a realidade, o “ chão “ da escola, quando afirma que as decisões que
envolvem a totalidade da escola são sempre tomadas no coletivo e assumidas
também na coletividade.
Ainda no texto do Marco Situacional, há um espaço amplo reservado à
avaliação escolar, onde são apontadas várias fontes ( autores ) que esclarecem e
reforçam que a avaliação deve ser levada muito a sério e as múltiplas formas de
se avaliar os alunos para que seja um processo justo e educativo.
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No Marco Conceitual, que trata principalmente, da proposta pedagógica
incorporada pela escola que é a Pedagogia Histórico-Crítica, de Vygotsky, nota-se
ainda, uma certa insegurança na opinião de alguns professores por julgarem uma
metodologia de difícil aplicabilidade nas turmas de alunos concretos que se tem
hoje nas salas de aula, principalmente pela indisciplina e falta de motivação para
os estudos pelos alunos e professores também. Mas concordam quando a
proposta afirma que o principal da escola é ensinar o conhecimento científico e
que este seja útil de alguma maneira em algum tempo na vida dos alunos.
Quanto ao Marco Operacional, a avaliação é positiva quando todos da
escola declaram trabalhar coletivamente nas propostas elaboradas e
concretizadas no âmbito escolar, para a melhoria do ensino e da aprendizagem
e, conseqüentemente, dos resultados de aprovação e reprovação de alunos.
Acrescentou-se, no Marco Operacional, texto que se refere à Adaptação
Curricular por ser assunto consideravelmente novo a ser exigido efetivamente nas
escolas e a ser realizado pelos professores em sala de aula.
Todos concordam e aprovam no que se refere a uma maior aproximação da
escola com os pais ( famílias ) dos alunos, buscando um maior comprometimento
dos mesmos em relação à vida escolar de seus filhos.
Também quando se fala em tornar mais atuantes as instâncias colegiadas
da escola, todos avaliam como muito positivo.
Quanto às mudanças/melhorias/avanços nos encaminhamentos dos
Conselhos de Classe ainda há certa resistência por alguns docentes quando se
trata da participação dos alunos nos Conselhos, mas a maioria dos professores
acha positivo e afirmam que é necessário e favorece o amadurecimento de todos
os envolvidos no processo.
Sendo assim, o PPP será avaliado e alterado sempre que houver
necessidade e/ou de acordo com instruções da SEED.
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