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11 de fevereiro de 2019.

Silvana do Couto Jacob

Vice-diretora de Ensino e Pesquisa

Dia Internacional das Mulheres

e Meninas na Ciência no INCQS/

Fiocruz

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• A contribuição feminina para a ciência

• Exemplo de mulheres que deixaram sua marca na evolução da sociedade

• Sonda que irá a Marte homenageia pioneira no estudo de DNA

• Mulheres no Prêmio Nobel

• Representatividade feminina em 2018

• Literatura: temor feminino em assinar o próprio nome

• CNPq: Mulheres são minoria em categorias elevadas

• INCQS: força de trabalho feminina

SUMÁRIO

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Exemplo de mulheres que deixaram sua marca

na evolução da sociedade

A contribuição

feminina para a

ciência

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Durante a idade média, mulheres se instruíram em conventos e foi como abadessa que Hildegard de Bingen (ou santa

Hildegard, para a igreja anglicana) escreveu livros sobre botânica e medicina. Suas habilidades de médica eram conhecidas e

frequentemente confundidas com milagres. Seus feitos se tornaram tão famosos que um asteroide foi batizado em sua

homenagem: o 898 Hildegard.

Mulheres que deixaram sua marca

na evolução da sociedade

A contribuição feminina para a ciência começa muito antes de existir o Dia da Mulher e dos movimentos de revolução feminista.

A matemática espanhola descobriu uma solução para equações que, até hoje, é usada. É ela a autora do primeiro livro de

álgebra escrito por uma mulher. Também foi a primeira a ser convidada para ser professora de matemática em uma

universidade.

Hildegard de Bingen (1098-1179)

Maria Gaetana Agnesi (1718-1799)

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a “mãe da Física Moderna”. É famosa por sua pesquisa pioneira sobre a radioatividade, pela descoberta dos elementos

polônio e rádio e por conseguir isolar isótopos destes elementos. Foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira

pessoa a ser laureada duas vezes com o prêmio: a primeira vez em Química, em 1903, e a segunda em física, em 1911.

Mulheres que deixaram sua marca

na evolução da sociedade

O nome parece conhecido? Foi ela quem criou as primeiras fórmulas dos produtos de beleza. Formada em enfermagem,

começou sua carreira criando cremes para queimaduras em sua própria cozinha, usando leite e gordura. Logo, passou a

buscar a receita do creme hidratante perfeito. E assim nascia a Elizabeth Arden, uma das mais valiosas empresas de

cosméticos da atualidade.

Ada Lovelace (1815-1852)

Elizabeth Arden (1884-1966)

Marie Curie (1867-1934)

Ada é creditada como a primeira programadora do mundo por sua pesquisa em motores analíticos – a ferramenta que baseou

a invenção dos primeiros computadores. Suas observações sobre os motores são os primeiros algoritmos conhecidos.

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Psiquiatra renomada, a brasileira foi aluna de Carl Jung. Lutou contra métodos de tratamento comuns na sua época, como

terapias agressivas de choque, confinamento e lobotomia. Durante a Intentona Comunista, em 1936, foi presa por possuir

livros marxistas e acabou conhecendo o escritor Graciliano Ramos, que a transformou em uma personagem de seu livro

“Memórias do Cárcere”.

Mulheres que deixaram sua marca

na evolução da sociedade

É ela a criadora da Escala de Apgar, exame que avalia recém-nascidos em seus primeiros momentos de vida, e que, desde

então, diminuiu as taxas de mortalidade infantil. Especialista em anestesia, ela também descobriu que algumas substâncias

usadas como anestésico durante o parto acabavam prejudicando o bebê.

Florence Sabin (1871-1953)

Virginia Apgar (1909-1974)

Nise da Silveira (1905-1999)

Florence é conhecida como “a primeira-dama da ciência americana” – ela estudou os sistemas linfático e imunológico do

corpo humano. Tornou-se a primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciência dos EUA e, além disso,

militava pelo direito de igualdade das mulheres.

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Mulheres que deixaram sua marca

na evolução da sociedade

A agrônoma realizou pesquisas fundamentais para que o Brasil se tornasse um grande produtor de soja, além de ter

desenvolvido o Proalcool. Estima-se que suas pesquisas fazem com que o nosso país economizem 1,5bilhões de dólares

todos os anos, que seriam gastos em fertilizantes. Seu estudo sobre fixação de nitrogênio permitiu que mais pessoas tivessem

acesso a alimentos baratos e lhe rendeu uma indicação para o Nobel de Química em 1997.

Gertrude Bell Elion (1918 -1999)

Johanna Döbereiner (1924-2000)

A americana criou medicações para suavizar sintomas de doenças como Aids, leucemia e herpes, usando métodos

inovadores de pesquisa – seus remédios matavam ou inibiam a produção de patógenos, sem causar danos às células

contaminadas. Ganhou o prêmio Nobel de medicina em 1988.

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Nascida na Filadélfia, no estado americano da Pensilvânia, em julho

de 1928, ela começou a se interessar pelos mistérios do universo

ainda criança. Décadas depois, a menina que "preferia ficar

acordada observando as estrelas em vez de dormir“, foi

responsável pela confirmação da existência da matéria escura,

material que corresponde a 23% da composição do universo.

Ela se inspirou em grandes mulheres da astronomia

No início da vida adulta, Rubin decidiu que estudaria astronomia na

Vassar College, em Nova York, quando descobriu que Maria Mitchell,

a primeira astrônoma profissional dos Estados Unidos, foi professora

da instituição no século 19. Ficou conhecida após descobrir o

"Cometa da Senhorita Mitchell", oficialmente chamado de C/1847 T1,

em 1847.

Vera Rubin, astrônoma que confirmou a

existência da matéria escura

(Foto: Instituto Smithsonian)

Mulheres que deixaram sua marca na evolução da sociedade

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Sonda que irá a Marte homenageia

pioneira no estudo de DNA

A próxima sonda da Agência Espacial

Européia (ESA) que irá a Marte - missão do

programa ExoMars que tentará encontrar

sinais de vida no planeta vermelho-

homenageia: Rosalind Franklin, pioneira no

estudo de DNA.

Agência espacial tem a tradição de batizar

suas missões em homenagem a grandes

cientistas

(Foto: ESA/ ATG)

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Sonda que irá a Marte homenageia

pioneira no estudo de DNA

A britânica Rosalind Franklin foi pioneira nos estudos do DNA. Nos

anos 50, ela produziu imagens em alta definição do nosso código

genético e descobriu sua estrutura tridimensional e de dupla

hélice. Franklin faleceu em 1958, quatro anos antes de seu

trabalho ser reconhecido pelo Prêmio Nobel.

“Esse nome nos lembra que é nos genes humanos que devemos

explorar. A ciência está no nosso DNA e em tudo o que fazemos na

ESA. Rosalind, a sonda, captura este espírito e leva a todos à

vanguarda da exploração espacial”, explica Jan Woerner, diretor-geral

da ESA.

(Foto: Wikimedia Commons)

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Representatividade feminina em 2018

Mulheres no Prêmio

Nobel

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Menor percentual de participação feminina é na física, que tem só 1%

de ganhadoras mulheres em toda a trajetória do prêmio.

Apenas três mulheres ganharam o prêmio desde 1901. Antes de a

canadense Donna Strickland vencer em 2018, a última mulher a ser

premiada foi em 1963 — há nada menos que 55 anos. Antes disso, o

tempo entre uma mulher e outra ganhar foi ainda maior: seis décadas.

Marie Curie venceu em 1903.

Nobel premia três mulheres em 2018,

mas elas somam apenas 51 (5,6%) dos

vencedores desde 1901

51%

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Representação feminina no Prêmio Nobel

As dificuldades para aumentar esse número têm origem ainda na infância. Quando

você pensa em física, pensa em experimentação. As meninas, na infância, não têm

brinquedos de experimentação. Os meninos têm.

No caso da física teórica, a gente associa àquela superinteligência. Um estudo feito

em Princeton mostrou que as meninas, aos sete anos, já acham que elas não são

inteligentes. Nós as elogiamos por fazerem coisas caprichosas, bonitinhas. Utiliza-se a

beleza como instrumento de elogio, mas nunca a inteligência.

Opinião - Marcia Barbosa, professora do Instituto

de Física da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS)

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Outro fator citado por Marcia Barbosa, como contribuinte para o pequeno

número de mulheres em premiações como o Nobel, especialmente na

física, é o chamado "efeito tesoura":

O número de mulheres em carreiras de exatas vai

diminuindo à medida que o nível de pesquisa se

torna mais complexo.

Vencedoras do Nobel em física: Marie Curie (à esq.), Maria Goeppert Mayer

(topo) e Donna Strickland — Foto: Donna Strickland: Universidade de Waterloo;

Marie Curie: domínio público; Maria Goeppert Mayer: Fundação Nobel | Arte: G1

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Mesmo assim, esse número só chega a 5% — 12 dos 216 vencedores.

Para Marcia Barbosa, da UFRGS, o número ligeiramente maior também

tem suas origens na infância.

Das três áreas das ciências naturais, a MEDICINA

é que a tem a maior porcentagem de mulheres

vencedoras.

Primeiras seis vencedoras do Nobel de Medicina: Gerty Theresa Cori (Fundação

Nobel); Rosalyn Yalow (Fundação Nobel); Barbara McClintock; Rita Levi-

Montalcini; Gertrude B. Elion; Christiane Nüsslein-Volhard — Foto: Fotos:

Fundação Nobel, com exceção de Chrsitiane Nüsslein-Vollhard (Jörg

Carstensen/AFP) | Arte: G1

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Os brinquedos das meninas estão associados ao cuidado. Se a menina vai para a

ciência, vai para o cuidado. Temos que fazer um trabalho lá atrás, de que as crianças

podem fazer o que elas quiserem, senão teremos as mulheres todas em uma

profissão e os homens em outras.

Destaco a aplicabilidade dos prêmios de 2018, que premiou iniciativas que melhoram

diretamente a vida das pessoas — algo que está próximo das áreas onde as mulheres

costumam ter mais presença.

Acredito que as premiações servem de estímulo a outras mulheres. Quando temas

mais cotidianos são premiados, elas podem ver e pensar, ‘nossa, eu podia estar ali’. E

podia mesmo, é só se esforçar. Não é impossível.

Opinião - Marcia Barbosa, professora do Instituto

de Física da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS)

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Foram cinco vencedoras desde 1911, quando Marie Curie levou o

prêmio — a única cientista, mulher ou homem, a vencer em duas

categorias científicas diferentes.

QUÍMICA: mesmo com a vitória de Frances H.

Arnold neste ano, a situação na química não é

muito diferente: apenas 3% dos vencedores são

mulheres.

Vencedoras do Nobel em Química. No topo: Marie Curie (domínio público), Irène

Joliot-Curie (Fundação Nobel), Dorothy Crowfoot Hodgkin (Vladimir

Vyatkin/AFP). Abaixo, Ada Yonath (Evgeny Biyatov/AFP) e Frances Arnold

(Heikki Saukkomaa/AFP). — Foto: Arte: G1

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Representação feminina no Prêmio Nobel

A vitória de Frances Arnold e Donna Strickland, ao Nobel de Química,

são motivos para comemorar, mas ainda há muito potencial a ser

desenvolvido.

Toda vez que você premia, está contribuindo para uma igualdade.

Avançou, mas as mulheres ainda são mal representadas.

Vanderlan Bolzani — Foto: Unesp

Opinião - Vanderlan Bolzani, vice-presidente da

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

(SBPC) e professora do Instituto de Química da

Unesp de Araraquara

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Representação feminina no Prêmio Nobel

No entanto, há um detalhe: o prêmio só foi criado em 1968, mais de seis

décadas depois das categorias pioneiras.

ECONOMIA: a princípio, pode parecer a área em

que as mulheres são pior favorecidas - apenas

uma levou a láurea, a americana Elinor Ostrom, em

2009.

Elinor Ostrom - Foto: Raveendran/AFP

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Representação feminina no Prêmio Nobel

A economia não era entendida como ciência no começo do século.

Considerados só os últimos 50 anos, economia e física têm o mesmo

número de ganhadoras mulheres. O índice na economia ainda é um

pouco mais alto: 1,23%.

O problema é o mesmo para todas as chamadas ciências "duras",

premiadas pelo Nobel. Há discriminação nos Nobéis contra as mulheres,

não é só na economia. De um modo geral a academia é muito pouco

permissiva às mulheres. Nas profissões duras não tem mulher. Há um

preconceito contra.

Maria da Conceição Tavares — Foto: Divulgação

Opinião - Maria da Conceição Tavares, ex-professora da

Universidade Estadual de Campinas e da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, além de ex-integrante da

Comissão Econômica para a América Latina (Cepal)

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Segundo Maria da Conceição Tavares, se você pegar todos os grandes

economistas, eles estiveram, uma hora ou outra, no poder. Sobretudo

abaixo do Equador. Abaixo do Equador, também, ninguém ganha Nobel

no mundo.

Abaixo do Equador só ganha-se Nobel em Literatura e de Paz — que é

o que caracteriza os Nobéis femininos. Não são os Nobéis científicos.

Nessa disputa, as mulheres, a partir do movimento feminista dos anos

70, vão aparecer mais. Ou você bota a boca no trombone ou nada

muda. A professora enxerga na maternidade uma das raízes para essa

lacuna.

As mulheres estão sempre presentes nas

pesquisas, nos laboratórios, mas elas são sempre

uma figura invisível. O sucesso em economia

passa pelo exercício do poder.

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Maria da Conceição Tavares questiona: Por que é que as mulheres vão

fazer a área de saúde? Porque as mulheres são treinadas para cuidar

das pessoas.

Ninguém escolhe uma profissão que não conhece. Eu acho que se não

tivesse passado pelas Nações Unidas, pela Cepal, eu não teria

conseguido ser notória. Só na profissão de professora de economia não

daria, porque tem preconceito contra as mulheres. Ou você tem alguma

dúvida?

As mulheres precisam ter exemplos para se

verem. Porque você só se vê como mãe —

abnegada mãe.

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Representação feminina no Prêmio Nobel

A primeira vencedora, a baronesa austríaca Bertha von Suttner, era

amiga próxima de Alfred Nobel e realizou diversos esforços pela paz no

período pré-Primeira Guerra Mundial.

PAZ - Se "botar a boca no trombone" é necessário

para algo mudar, foi exatamente isso o que

fizeram as 17 ganhadoras do prêmio na categoria

da paz, que tem o maior índice de mulheres: 16%

Nadia Murad e Malala Yousafzai, últimas vencedoras do Nobel da Paz

Foto: Malala Yousafzai: David Himbert - Hans Lucas - AFP; Nadia Murad: AP

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Para a professora da Universidade de São Paulo e da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, Marlise Vaz Bridi, especialista em literatura de

autoria feminina, uma das explicações é que as mulheres, por muito

tempo, não tiveram acesso a escolas e alfabetização. Durante séculos

muitas coisas foram escritas por mulheres que usavam nomes masculinos.

As mulheres demoraram para se pensar em todas as áreas, e na literatura

não seria diferente. Elas tiveram oportunidade de estudar e de serem

alfabetizadas, de escrevem, terem vida própria, muito tardiamente. As

escolas eram para os homens; as mulheres eram para os homens, para a

casa, para a vida privada.

LITERATURA - Apenas 14 dos 114 vencedores do

prêmio Nobel na categoria são mulheres: 12%.

Vencedoras do Nobel em Literatura: (acima) Selma Lagerlöf, Grazia Deledda,

Sigrid Undset, Pearl Buck. Abaixo: Gabriela Mistral, Nelly Sachs, Nadine

Gordimer, Toni Morrison — Foto: Fotos: Fundação Nobel. | Arte: G1

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Representação feminina no Prêmio Nobel

Marlise Vaz Bridi chama atenção para o aspecto político da premiação:

Abaixo da linha do Equador, somente uma outra foi laureada: a sul-africana

Nadine Gordimer, em 1991. "Nós somos a periferia do mundo".

O próprio comitê do Nobel reconheceu a necessidade de premiar autores

fora das fronteiras europeias. "Durante um longo tempo a Academia Sueca

pôde, com justiça, ser criticada por tornar o prêmio um negócio europeu",

afirma a organização em seu site. A maior parte dos laureados entre 1901

e 2017 publicou obras em inglês: 29. Francês aparece em segundo

lugar, sendo a língua de 14 dos ganhadores; alemão é o terceiro, com

13. O único vencedor a publicar em português foi José Saramago, em

1998.

LITERATURA - Apenas uma escritora latinoamericana

venceu o prêmio, a chilena Gabriela Mistral, em 1945.

Marlise Vaz Bridi — Foto: Divulgação USP

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Literatura: temor feminino em assinar o próprio nome

Em 1929, a escritora britânica Virginia Woolf chegou a afirmar, no ensaio 'Um Teto Todo

Seu', que "arrisco-me a dizer que Anônimo, que escreveu tantos poemas sem cantá-los,

com frequência era uma mulher".

O caso da escritora britânica J.K. Rowling, autora da série de livros 'Harry Potter', que

utilizou as iniciais, e não o nome completo, na capa dos livros — por orientação dos

próprios editores. O primeiro livro da série foi publicado em 1997, quase sete décadas

depois da frase de Woolf.

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CNPq: Mulheres são minoria em categorias elevadas

Estudo de 2013 e 2014: das 1.213 bolsas de pesquisa

concedidas pelo Conselho no nível 1A, apenas 299,

ou 24%, foram concedidas a mulheres.

Quando se considera apenas as áreas de ciências exatas, naturais

ou da terra, o percentual de bolsas concedidas no nível mais alto de

pesquisa cai para 18%. Vanderlan Bolzani destaca que a

maternidade também pode ser um fator limitante:

“Isso é uma coisa complicada. A maioria das mulheres que se tornam

mães e cientistas e conseguem conciliar têm um apoio familiar —

mas sempre foi assim, a vida inteira. A Marie Curie foi discriminada e

teve um grande apoio da família. Meu neto hoje, com quatro anos, vai

ter uma cabeça diferente. As meninas e os meninos brincam das

mesmas brincadeiras, que estimulam o cérebro”.

24%

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INCQS: força de trabalho feminina

Ano Residência MP MA Doutorado

2015 91 80 60 44,4

2016 91 80 92 88,9

2017 83 - 84,6 100

2018 83 72 58,3 85,7

2019 66,7 67 75 100

128 servidores sendo 51 mulheres doutoras.

Porcentagem de mulheres no nosso PGVISA:

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Obrigada!

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