Apresentação do PowerPoint · atenção dafamília e educadores para a proteção da infância...

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Dia das Crianças: “O consumismo tira o espaço e o tempo de ser criança”

Para comemorar o Dia das Crianças, entrevistamos a psicóloga e coordenadora de educação e pesquisa do projeto Criançae Consumo do Instituto Alana, Lais Fontenelle Pereira, sobre a relação das crianças com o consumo que merece especialatenção da família e educadores para a proteção da infância frente às relações de consumo.A psicóloga fala sobre a influência da criança no consumo da família, os problemas gerados pelo consumismo infantil, qualo papel da família nesse contexto, como fazer uma comemoração no Dia das Crianças menos mercadológica e mais.(1) O Instituo tem alguma pesquisa recente que evidencie em números o quanto as crianças influenciam no consumo dafamília?O Projeto Criança e Consumo ainda não tem uma pesquisa própria que fale da influência das crianças no consumo dafamília. Mas em pesquisa da Interscience de 2003, foi constatado que as crianças influenciam 80% das comprasdomésticas – e não apenas de produtos infantis.É evidente que precisamos evoluir no tratamento e nos direitos desse público, considerado hipervulnerável pelaConstituição Federal por não possuir condições de compreender e se defender da comunicação publicitária.Essa mudança de pensamento só será conseguida através da ação conjunta de pais, escolas, sociedade civil e do Governo,que precisa proteger as crianças de acordo com o que está estabelecido no Código de Defesa do Consumidor e noEstatuto da Criança e do Adolescente.(2) Qual o papel da família para minimizar os efeitos do consumo infantil e não incentivar essa prática?Até os 12 anos a criança está em fase de desenvolvimento, e, por isso, não entende plenamente as relações de consumo esuas conseqüências. Para que esse senso crítico seja formado aos poucos, é preciso que o adulto faça a mediação dessa

relação.É importante que as crianças sejam educadas para entender que o consumo de cada um tem um impacto social,ambiental e econômico. No momento em que as crianças percebem que ao comprar, usar e jogar fora um objeto, porexemplo, nós estamos gerando lixo, as coisas começam a ficar mais claras para elas.Da mesma forma, é preciso explicar que a imagem que a publicidade vende, de que consumir traz felicidade, não éverdadeira, e que muitas vezes nossas vontades não serão cumpridas. A criança precisa de limites e dizer NÃO éfundamental.Os pais devem ser presentes na vida dos filhos. Os adultos também não devem se esquecer de ser um exemplo positivopara os pequenos e oferecer alternativas ao consumo, valorizando outras atividades que não envolvam compras.(3) Qual a sugestão para os pais que pretendem fugir do consumismo no dia das crianças, uma vez que a comemoraçãoé pautada pelo consumo?Acreditamos que, para não tornar a data extremamente mercadológica, os pais devam pensar em formas alternativas depresentear a criança. Ao invés de comprar um novo brinquedo, um jogo eletrônico ou um celular, os pais poderiam levaras crianças para um passeio cultural ou recreativo.Outra sugestão é se unir ao filho em trabalhos manuais e construir seu próprio presente. Isso tornaria a data menosmercadológica, além de estimular a criatividade das crianças e unir pais e filhos.(4) A obesidade infantil é considerada uma conseqüência do consumo infantil desenfreado e mais recentemente vemsendo bastante discutida pela mídia. O Instituo Alana listaria outras conseqüências relacionadas ao excesso do consumoinfantil? Quais?Sim, cada vez mais as crianças são induzidas a consumir alimentos ultra-processados e com alto teor de sal, gorduras eaçúcar. Os apelos são inúmeros: publicidades na TV, embalagens com desenhos divertidos e coloridos, venda de brindescom alimentos, etc.

Ainda tem a questão da adultização infantil. As meninas de hoje, por exemplo, estão cada vez mais parecidas com asmulheres: vestem roupas iguais, fazem a unha e escova nos cabelos, usam salto alto e maquiagem – tudo produzido naversão mirim.Só que são apenas meninas, às vezes bem pequenas, que não estão preparadas para lidar com o mundo adulto. São muitosos problemas, como estresse familiar, violência, consumo precoce de álcool e a diminuição das brincadeiras criativas. Oconsumismo tira o espaço e o tempo de ser criança.(5) Vários estudos mostram que a publicidade tem um papel importante no consumo infantil. No mundo atual é impensável evitar queas crianças e os adolescentes sejam expostos a os investimos publicitários. Que medidas os responsáveis podem tomar para minimizaresse estímulo?

A transformação só virá da atuação em duas frentes: educação e regulação. É necessário conscientizar pais e educadoressobre o problema do consumismo na infância e seus impactos no desenvolvimento dos pequenos. Isso é um dos pontosprincipais para a mudança de paradigmas.É muito importante que a família e os educadores desenvolvam um trabalho conjunto quanto à tomada de consciência edemonstrem isso em posturas visíveis no dia-a-dia, para que auxiliem as crianças a compreender o sentido dessas ações.Mas discordo quando se diz que é impensável evitar a exposição de crianças aos apelos comerciais. É possível, sim – comojá se vê em diversas democracias ao redor do mundo – reduzir os impactos da publicidade na criança.Basta criar regras claras para que a mensagem seja dirigida aos adultos e não ao público infantil. É cruel impor que acriança, para que tenha acesso à televisão e às novas mídias, tenha que estar sujeita aos apelos publicitários numa fase dedesenvolvimento em que ainda são vulneráveis.(6) Qual a mensagem que o Instituto Alana deixa para os pais nesse dia das crianças?

Seria muito bom que a data fosse marcada por valores menos materialistas e mais humanos. Que pais e filhos brincassemjuntos e comemorassem com alegria, diversão e afeto sem precisar da mediação de tantos presentes.O Projeto Criança e Consumo, desde 2005, desenvolve atividades que despertam a consciência crítica da sociedadebrasileira a respeito das práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes.