Aprendizagem e Condicionamento Operante

download Aprendizagem e Condicionamento Operante

of 6

Transcript of Aprendizagem e Condicionamento Operante

UFPBPRG_____________________________________________________________XENCONTRODEINICIAODOCNCIA

1

4CCHLADPMT02 PSICOLOGIADAAPRENDIZAGEM:AUTILIZAODATCNICADECONDICIONAMENTO OPERANTEDENTROEFORADOLAB ORATRIO (1) (2) EllenDiasNicciodaCruz ValtenicedeCssiadeMatosFrana (2) (2) (2) PrscillaAnnydeArajo KatiusciadeAzevedoBarbosa JandilsonAvelinodaSilva (3) NatanaelAntoniodosSantos CentrodeCinciasHumanas,LetraseArtes/DepartamentodePsicologia/MONITORIA

RESUMO A aprendizagem pode ser explicada sob vrias nfases tericas, entre elas, o Behaviorismo. Esta nfase terica considera que a aprendizagem o processo de mudana de conduta do organismo em funo de suas interao com o meio. Inicialmente formulado a partir de experincias em laboratrio, o Comportamentalismo ganhou espao na educao e na explicao de vrios comportamentos humanos. Para o Behaviorismo radical, os eventos mentais devem ser traduzidos em termos de comportamento. Portanto, para esta teoria, possvel falar de comportamentos perceptivos. O presente estudo versa sobre a percepo visualdaformaenquantoumcomportamentoperceptivoquepodesofrerinterfernciadevrios reforadores.Paraisso,mensuramosecomparamos aFunodeSensibilidadeaoContraste para crianas de 8 a 11 anos e adultos entre 21 e 30 anos, identificando as variveis reforadoras para essa medida. Os voluntrios, com acuidade normal ou corrigida, foram submetidos ao mtodo psicofsico da escolha forada, no qual eles tiveram que escolher o estmulo teste (grade senoidal vertical 0,25 2,0 e 8 cpg) em detrimento de um padro homogneocomluminnciamdia(42cd/m).Osresultadossugeremqueapercepovisual dascrianassedesenvolvemaisrapidamenteparaasfreqnciasespaciaismaisbaixas(0,25 e 2,0 cpg) do que para as freqncias espaciais mais altas (8,0 cpg) e que estas medidas podemsofrerinterfernciasdaposturadoexperimentado. PALAVRASCHAVE:Behaviorismoaprendizagempercepovisual INTRODUO A aprendizagem pode ser definida como aquisio de novos conhecimentos do meio, cujo resultado a modificao do comportamento (BRANDO, 1995). Ela abordada sob vriasperspectivas.Dentreasprincipais,encontramseasabordagenscognitivista,biolgicae comportamental. A perspectiva cognitivista destaca a importncia dos processos mentais na compreenso do comportamento. Assim, ela defende que a aprendizagem se d por ensaios de tentativas e erros ou insight e, no por fatores ambientais. A corrente biolgica ressalta a atividade neurofisiolgica (p.ex., vias e estruturas neurais relacionadas aprendizagem) subjacente aos eventos psicolgicos. Por outro lado, a abordagem comportamental ou behavioristasedetmemestudarasatividadesdeumorganismoquepodem serclaramente observadas e descritas, enfatizando a influncia de variveis ambientais na aprendizagem (ATKINSONetal.,1995). O Behaviorismo (vocbulo derivado de behavior, em ingls, que significa comportamento) uma teoria conexista (associao entre estmulos ou entre estmulo e comportamento) com trs premissas bsicas: (i) o aprendizado adequadamente explicado quando se refere a repostas ou comportamentos observveis (ii) alguns dos mecanismos de aprendizagem utilizados por animais inferiores so teis, tambm, aos humanos e (iii) a natureza da aprendizagem humana complexa esclarecida por anlises com base nos processosmaiselementaresp.ex.,estmuloeresposta(CATANIA,1999HILGARD,1973). Neste sentido, estes princpios, que se consolidaram na Anlise Experimental do Comportamento, so a base para dois tipos de aprendizagens associativas: o Condicionamento Clssico e o Condicionamento Operante. No primeiro, o organismo elicia uma reposta a partir da associao entre estmulos (incondicionado e neutro). Assim, um estmulo neutro, que antes no tinha a competncia de evocar uma resposta reflexa ou automtica, passa a fazlo (TELFORD & SAWREY, 1968). Inicialmente, John Watson, precursor do Condicionamento Clssico, realizou seus estudos em laboratrio, mas logo sua teoria veio a ser utilizada para explicar alguns comportamentos patolgicos ou no (por

UFPBPRG_____________________________________________________________XENCONTRODEINICIAODOCNCIA

2

exemplo, a fobia ou o comportamento de salivar quando escutamos algum falar de comida) (REY&PACINI,2006). BurrhusFrederikSkinner,queprocurouexplicarcomoosanimaiseaspessoas modificameaprendemcomportamentos,observouque:

toda formulao dos comportamentos em termos de estmulo e resposta, ou de entrada e sada, sofre uma sria omisso. Nenhuma descrio do intercmbio entre organismo e meio ambienteestarcompletaenquantonoincluiraaodoambientesobreoorganismodepois daemissodaresposta(SKINNER,1975,p.10).Assim,Skinner(1975)afirmaqueateoriaclssicadeWatsonsuprimeainflunciaque ascontingnciasambientaistmsobreo organismo.Neste sentido,arelaoentrehomeme ambiente bilateral. Segundo Gomide e Weber (2003), o homem atua sobre o mundo, modificandoo,eomundoagesobreohomem,podendomodificlo. Uma das primeiras tentativas de se estudar experimentalmente as mudanas ocasionadas no comportamento segundo suas conseqncias foi realizada por Edward Thorndike. De acordo com Rosa (1995), desse trabalho experimental, surgiu a teoria mecanicistadaaprendizagem, cujafundamentaoestnaLeidoEfeito. Estaleidizrespeito aoefeitodasrecompensasepunies sobrearespostadadaaumdeterminadoestmulo.Em outras palavras, o organismo repete um comportamento porque sua conseqncia satisfatria.Casocontrrio,aprobabilidadeque elesecomporte damesmamaneiratornase menordoqueantes. Skinner(1985)desenvolveuasidiasdeThorndike,nateoriaqueveioasechamarde CondicionamentoOperante.SkinneroperacionalizoualgunsconceitosqueThorndikeutilizava, como,porexemplo,oadjetivosatisfatrioempregadonaLeidoEfeito.Elealegouquenoh comodefinilodemaneiraobjetivaequeadescriodessesignificadoredundante.Poreste motivo,elesubstituiestapalavraporreforo. No Condicionamento Operante, o aprendizado se d pelas conseqncias do comportamento.Nestadireo,aemissodedeterminadarespostaaumentadefreqncia,se osestmuloscontingentesaelaforempositivosparaoorganismoou,emcontraste,diminuia freqncia, caso as conseqncias do comportamento sejam negativas. Segundo Deese e Hulse (1975), o acontecimento reforador, que aumenta a probabilidade da ocorrncia futura decertocomportamentoouoperante,chamasereforopositivo.Enquantoapresenadeum reforonegativo,contrariamente,diminuiaprobabilidadedeocorrnciadaresposta,sendo,por isso,esteprocessodenominadodepunio. O Behaviorismo, portanto, procura dar o status de cincia Psicologia, voltandose, unicamente, investigao do comportamento observvel (MARX & HILLIX, 1973). Neste enfoque,deacordocom Lopes (2006),comportamentos socoordenaessensriomotoras, queestorelacionadascomoseventosambientaisqueaacompanham.Assim,aocontrriodo que muitos crticos afirmam (p.ex., MATOS, 1995), o Behaviorismo no nega radicalmente a existnciadeeventosnoobservveis,comoamente.Esteenfoque,comoasseguraGomidee Weber(2003),apenasassumeumaposiomonista,considerandoqueprocessosouestados mentais, como os sonhos, a linguagem e a percepo, devem ser traduzidos em termos de comportamento(verBACHTOLD,1999). ApercepoparaoBehaviorismo Para o Behaviorismo, a percepo pode ser explicada e traduzida em termos comportamentais. Por este motivo, mais usado o termo comportamento perceptivo para referirseaesseprocesso. DeacordocomLopeseAbib(2002),Skinnerbaseiasenanoodecontingnciasao definir o comportamento perceptivo. Para ele, este comportamento fruto de reforamentos que ocorreram no decorrer da vida do indivduo e esto acontecendo no momento da percepo.Assim,nopossvelsepararapercepodoobjetopercebido,jque:

nohumaseparaoaprioridoestmuloedaresposta,arelaoentreeles(contingncia) o dado inicial, no sendo possvel separar um do outro (no h estmulo sem resposta e muitomenosrespostasemestmulo)(LOPES&ABIB,p.130).________________________________________________________________________________________________________________________________________________ (1)

Monitor(a)Bolsista)

(2)(

MonitorVoluntrio

(3)

Professor(a)Orientador(a)/Coordenador(a)

UFPBPRG_____________________________________________________________XENCONTRODEINICIAODOCNCIA

3

Aperceponopodeseranalisadademaneiraisolada,poiselaestabelecerelaes funcionaiscomoutroscomportamentoshumanos.Almdisso,osreforosimplicam,namaioria dasvezes,naexistnciadeumoutroindivduo,queforneceumelogio,expressaumsorrisoou gratidoquandoaprovaumadeterminadaconduta. Segundo Skinner (1953, p.281), ver uma resposta a um estmulo, e no um mero registro semelhante ao de uma cmara fotogrfica. Assim, a viso, como sentido humano predominante,influenciadaporcondicionamentosenoumacpiaourepresentaofielde umarealidadepersi. A partir dessa idia, neste trabalho, a percepo visual da forma foi avaliada, tendo, comoindicadoraFunodeSensibilidadeaoContraste(FSC). AFunodeSensibilidadeaoContraste AFunodeSensibilidadeaoContraste(FSC)constituiseumindicadordapercepo visual, sendo varivel devido a insultos externos e internos. Ela pode ser definida como o inverso da curva de limiar de contraste, que indica o mnimo de contraste necessrio para detectar um padro qualquer em uma certa freqncia espacial (Santos, Simas & Nogueira, 2003 Kri, Antal, Szekeres, Benedek, & Janka, 2000). Deste modo, o sistema visual possui alta sensibilidade quando um padro precisa de pouco contraste (baixo limiar) para ser detectado. Por outro lado, quanto mais unidades de contraste o sistema visual precisar para detectarumestmulo(ouobjetoqualquer),menorasuasensibilidade(Levine&Shefner,2000). No presente estudo, o objetivo foi mensurar e comparar curvas de sensibilidade ao contraste (FSC) para freqncias espaciais em crianas e adultos jovens. Alm disso, comparamos a FSC de duas crianas que foram submetidas aos mesmos testes com experimentadores diferentes. Um deles permaneceu em silncio durante toda a sesso experimental(grupocontroleGC),enquantoooutroelogiavacadaacertodacrianaerepetia asinstruesdurantetodaasesso(grupoexperimentalGE).

DESCRIOMETODOLGICA Participaram da pesquisa 11 voluntrios distribudos em trs grupos com faixas etriasdiferentes(trscrianascomidadesentre89anos,quatrocomidadesentre1011 anose quatroadultoscom idade entre2126 anos). Todososparticipantesapresentavam acuidade visual normal ou corrigida e estavam livres de doenas oculares identificveis. Foram utilizados estmulos de freqncias espaciais de 0,25 2,0 e 8,0 ciclos por grau de ngulo visual (cpg) (ver Figura 1). Estes eram circulares com um dimetro de aproximadamente 7,2 graus de ngulo visual e foram gerados em tons de cinza e em um Monitor LG colorido de 19 polegadas, de alta resoluo (1280 x 1024), controlado por um microcomputador. As medidas foram obtidas, binocularmente, a uma distncia de 150 cm domonitor,usandoomtodopsicofsicodaescolhaforada.Oprocedimentoparamediro limiar para cada freqncia consistiu na apresentao sucessiva simples de pares de estmulos.Atarefadoparticipantefoiescolher,dentreosestmulos,qualcontinhaumadas freqnciasespaciais.Ooutroestmulo(estmuloneutro)foisempreumpadrohomogneo 2 com a luminncia mdia (42 cd/m ) ajustada por um Fotmetro OPTICAL produzido pela Cambridge Research. Cada vez que o voluntrio escolhia o estmulo teste, um bip soava, comunicandooacerto.Asessoexperimentalvariouemduraodependendodoserrose acertosdoparticipanteatproporcionarumtotaldeseisreversesconformerequeridopara ofinalautomticodamesma.

Fi g. 1 Exemplos de estmulos grades senoidais com freqncias espaciais de 0,25 e 1,0cpg (da esquerdaparadireita).

UFPBPRG_____________________________________________________________XENCONTRODEINICIAODOCNCIA

4

RESULTADOS AFigura2mostra asensibilidadeaocontrastedascrianasnasfaixasde 89anos e 1011 anos, e adultos jovens em funo das freqncias espaciais grades senoidais. Houve efeito significativo dos grupos [F(2, 129) = 10,75 p