Apostila_curso_PICC.pdf
-
Upload
loraim-douglas -
Category
Documents
-
view
222 -
download
0
Transcript of Apostila_curso_PICC.pdf
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
1/133
CURSO DE CERTIFICAO PARA INSERO DO PICC
GUIADO POR ULTRASOM.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
2/133
2
SUMRIO
MDULO I 4
Atualizao em acesso vascular: Histrico do cateter, dispositivos intravenososconvencionais e PICC; Indicaes e contra indicaes de uso de PICC
MDULO II 20
Aspectos ticos e legais da utilizao de PICC
MDULO III 27
Anatomia e fisiologia da pelee Sistema vascular
MDULO IV 41
Terapia intravenosa e Interaes medicamentosas
MDULO V 66
Controle de infeco e epidemiologia no uso de PICC
MDULO VI 76
Avaliao do paciente pr-insero de PICC
Tcnica de insero de PICC
Complicaes associadas ao uso de PICC e Intervenes
Cuidados e manuteno de PICC
MDULO VII 117
Tcnica de insero de PICC guiado por US
MDULO VIII 130Documentao e registros / Protocolo
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
3/133
3
MDULO I
Histrico do cateterAtualizao em acesso vascular:
Dispositivos intravenosos convencionais e PICCIndicaes e contra indicaes de uso de PICC
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
4/133
4
1. Histrico do cateter
Desde os primrdios da histria, o homem tenta introduzir alimentos, lquidos e solues no
corpo humano por via no oral, tendo como finalidade alimentar, hidratar, medicar e repor volumes
de lquidos perdidos.
No sculo XV experimentou-se a transfuso de sangue de animais para humanos, o que
naturalmente falhou. Em 1881, o sangue humano foi utilizado pela primeira vez em transfuses no
homem com resultados insatisfatrios, pois o conceito de compatibilidade sangnea ainda no era
conhecido. Somente no sculo XX as transfuses sangneas e outras infuses endovenosas
comearam a se realizar com sucesso. O conhecimento sobre grupos sangneos e o
desenvolvimento de processos eficazes de esterilizao tornaram-se mais abrangentes e fizeram
com que os fatores que interferiam nos resultados negativos fossem amenizados.
Com os avanos cientficos, apareceu a necessidade de desenvolvimento de novos
dispositivos para acesso venoso.
Em 1920, o conhecimento j existente sobre solues parenterais estreis, agulhas
descartveis e dispositivos de administrao endovenosa prepararam o caminho para as mais
amplas tcnicas endovenosas, como transfuses sangneas para tratamento de pacientes em
estado de choque hipovolmico.
Nos anos 50 foi desenvolvida a agulha de Rochester, um dispositivo que consistia de umaagulha oca de metal com canho curto e adaptador de metal cego, que era conectado acima do
canho da agulha, mais uma cnula de plstico. Foi o primeiro conceito de cateter sobre agulha
desenvolvido.
Em 1952, durante a guerra da Coria, foi descrito pela primeira vez o uso de insero
percutnea de cateter atravs da veia subclvia como um mtodo rpido e eficaz de reposio
volmica. Em 1962 foi popularizado seu uso para a verificao da presso venosa central e, em
1968, foi difundido e adaptado seu uso para administrao de nutrio parenteral total, permitindo
assim a introduo de solues hiperosmolares em grandes quantidades no organismo, sem, noentanto promover danos ao endotlio das veias.
Atualmente, os riscos associados s transfuses e infuses endovenosas diminuram
sensivelmente, sendo que milhes de pessoas em todo mundo recebem terapia intravenosa
diariamente, expondo-se a riscos conhecidos, estudados e calculados.
A trajetria atravs do tempo:
1660 Desenvolvimento da agulha hipodrmica (Sir Chistopher Wren)
1929 Primeiro relato de utilizao de um cateter de forma semelhante ao PICC descrito na
literatura. Um mdico alemo, Dr. Forssmann, anestesiou o prprio brao e puncionou uma veia
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
5/133
5
da fossa cubital com uma agulha de grande calibre e passou atravs desta um cateter ureteral de
4Fr, progredindo a ponta do mesmo at o corao.
1941 Doutor Cournand desenvolveu a cateterizao cardaca usando a veia antecubital, era
um cateter radiopaco.
1945 Dr. Lawrence Meyer inseriu um cateter plstico na veia antecubital.
1949 Derfly foi o primeiro a relatar a insero de cateter central de poliuretano na regio
antecubital, femoral e jugular externa.
1950 Foi provado que a administrao de fludos diretamente na veia cava superior produz
melhores resultados do que por veia perifrica. Gautier introduziu a agulha de Rochester.
1952 Cateter de subclvia (intra cath)
1957 Chega ao mercado o cateter agulhado com asas dobrveis (scalp).
1959 Hughes e Magoxin descreveram e documentaram a tcnica de medida da Presso
Venosa Central (PVC) em que a veia baslica e veia femoral eram utilizadas para o acesso
vascular.
1962 Primeiro cateter de silicone foi apresentado por Steward e Sanislow.
Incio da dcada de 70 - Incio das pesquisas, primeira utilizao de PICC para administrao
de nutrio parenteral, para antobioticoterapia em casos de fibrose cstica de pncreas e primeira
utilizao de PICC para administrao de drogas antineoplsicas.
1973 Fundao da INS (Intravenous Nursing Society), com sede em Norwood,
Massachussets.Final da dcada de 70 / incio da dcada de 80 - A idia / conceito e a popularidade do PICC
se espalham com o desenvolvimento da terapia IV como especialidade.
Incio da dcada de 80 Publicadas as primeiras guidelines do CDC (Center for Diseases
Control and Prevention) para preveno de infeces relacionadas terapia intravenosa.
Final a dcada de 80 - A utilizao do PICC teve um crescimento significativo nos servios de
Home Care e com o aumento da necessidade de acessos vasculares confiveis.
O PICC comeou a ser comercializado no Brasil na dcada de 90, a princpio para uso em
neonatologia, devido ao pequeno dimetro do cateter e flexibilidade do material (silicone).Quanto utilizao de PICC em adultos, h um registro informal de insero no Rio de Janeiro,
datado de 08/02/1995 e o cateter teve um tempo de permanncia de 65 dias (uma paciente em
sistema de home care, inserido em veia baslica antebraquial, no 1/3 proximal do antebrao
esquerdo. Era um cateter da marca L-Cath de 4.0 Fr. A paciente era portadora de um carcinoma
metasttico de mama direita, 65 anos e evolui ao bito).
1996 - Fundao da SOBETI (Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Terapia Intensiva),
responsvel pelos primeiros cursos de capacitao de PICC ministrados no Brasil.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
6/133
6
O primeiro registro "oficial" foi publicado em 1999 na Revista Brasileira de Cancerologia, porm
a experincia / trabalho da equipe de enfermagem teve incio em 1997 - A data de insero do
mesmo foi 03/01/1997 e remoo em 21/02/1997 (49 dias) em decorrncia de dermatite de contato
(alergia ao curativo). O paciente era portador de Doena de Hodgkin e tinha 18 anos. O PICC foi
inserido em veia ceflica braquial direita.
1999 Primeiro curso de capacitao de PICC ministrado no Brasil pela SOBETI.
2002 - Fundao da INS Brasil.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
7/133
7
2. Dispositivos convencionais e PICC
H diversos tipos de cateteres existentes no mercado, construdos em diferentes tipos de
materiais. De acordo com o material utilizado em sua construo, os cateteres podem ficar
implantados por diferentes perodos de tempo. As orientaes do fabricante devem sempre ser
observadas e seguidas, para que se obtenha sempre o melhor resultado com a utilizao dos
cateteres.
- Cateter perifrico curto (tipo Jelco, Abbocath) Construdo em PTFE sobre uma agulha
hipodrmica comum. Introduzido atravs de puno venosa simples (enfermagem realiza).
Aps a puno, a agulha retirada e o cateter de PTFE permanece no interior da veia,
podendo ser mantido at 72 horas. (Lembrar que o PTFE no compatvel com
quimioterapia...). Este cateter mantido em posio apenas atravs de curativo.
- Cateter de subclvia (tipo Intra Cath, I-Cath) Construdo em PTFE por dentro de uma
agulha hipodrmica comum. Introduzido atravs de puno percutnea cega / sondagem
(mdico realiza). Aps a puno, o cateter permanece por dentro da agulha, que fica
protegida dentro de uma presilha plstica, para que sejam prevenidas as leses ao cateter e
na pele. Este cateter pode permanecer no interior da veia por um perodo entre 7 a 15 dias.
(Lembrar que o PTFE no compatvel com quimioterapia...). Este cateter mantido em
posio atravs de suturas na pele e curativo.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
8/133
8
- Cateter venoso central (tipo mono lmen, duplo lmen, triplo lmen, cateteres para
hemodilise, cateteres agudos) Construdo em poliuretano, inserido atravs de puno
percutnea / tcnica de Seldinger (mdico realiza). Aps a puno, o cateter fica diretamente
no interior da veia, sendo fixado pele atravs de sutura. Pode permanecer no interior da veia
por vrias semanas / meses. (Lembrar que a grande maioria dos poliuretanos no compatvel
com solues antisspticas de base alcolica...).
- Cateter central de insero perifrica (PICC /CCIP) Construdo em silicone ou poliuretano.
Introduzido atravs de puno venosa perifrica (enfermagem ou mdico realizam). Aps a
puno, o cateter introduzido na veia at atingir uma situao central (veia cava superior ouinferior). Este cateter pode permanecer no interior da veia por perodos acima de 7 dias at o
trmino do tratamento o silicone um material dimensionado para longa permanncia.
(Lembrar que a grande maioria dos poliuretanos no compatvel com solues anti-spticas
de base alcolica ...). Este cateter mantido em posio atravs de curativo.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
9/133
9
- Cateter semi-implantvel (crnico) Construdo em silicone. Introduzido atravs de
procedimento cirrgico (tunelizao e colocao do cuff para fixao no tecido subcutneo e
puno / disseco para introduo do cateter na veia) (mdico realiza). Aps a tunelizao e
puno ou disseco, o cateter introduzido na veia at atingir uma situao central (veia cava
superior ou inferior). Este cateter pode permanecer no interior da veia por longos perodos
meses pois o silicone um material dimensionado para longa permanncia. Este cateter
mantido em posio atravs da fixao do cuff no tecido subcutneo / formao de fibrina.
- Cateter totalmente implantvel Desenvolvido para prover acesso confivel de longa
durao. O sistema consiste em duas partes distintas: um local de acesso atravs de agulha
vedado com septo de silicone e um cateter construdo em material radiopaco, silicone ou
poliuretano. Pode ser usado intravenoso, intraperitoneal ou intra-arterial. um sistema
totalmente implantvel para administrao de drogas que permite acesso venoso repetido para
qualquer tipo de infuso. Introduzido atravs de procedimento cirrgico (tunelizao e
colocao do reservatrio no tecido subcutneo e puno / disseco para introduo do
cateter na veia) (mdico realiza). Aps a tunelizao e puno ou disseco, o cateter
introduzido na veia at atingir uma situao central (veia cava superior ou inferior) e logo aps
conectado ao reservatrio. Este sistema pode permanecer implantado por longos perodos
anos pois o silicone um material dimensionado para longa permanncia. Este cateter
mantido em posio atravs da fixao do reservatrio no tecido subcutneo.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
10/133
10
Tipo de dispositivo Material utilizado na construo Durao
Cateter perifrico curto PTFE/ politetrafluoroetileno CurtaCateter central no tunelizado Vialon / polieteruretano Curta
Cateter de subclvia / jugular Poliuretano (PU) Mdia
Cateter de linha mdia (Midline) 100% silicone grau mdico / PU Mdia
Cateter central de inseroperifrica (PICC)
100% silicone grau mdico / PU Mdia
Cateter semi-implantveltunelizado- Hickman, Broviac- Groshong
100% silicone grau mdico / cuffPU
Longa
Cateter totalmente implantvel- Reservatrio- Cateter
- Plstico ou titnio- 100% silicone grau mdico / PU
Longa
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
11/133
11
3. Tipos de PICC
a. Caractersticas
O cateter central de insero perifrica (PICC / PICC) um cateter longo e flexvel, inserido por
puno em uma veia perifrica, geralmente da regio da fossa antecubital, progredindo atravs
desta at o sistema venoso central, sendo que sua ponta dever ficar posicionada em tero mdio
/ inferior da veia cava superior ou em tero superior da veia cava inferior (especificamente nos
neonatos).
H vrios tipos diferentes de cateteres disponveis no mercado, com caractersticas diversas
referentes a material de construo, calibre, nmero de lumens, comprimento, ponta,
radiopacidade e recursos disponveis, entre outras.
o Material de construo: Os cateteres devem ser construdos em materiais que apresentemas seguintes caractersticas:
- Obrigatrias: biocompatibilidade, hemocompatibilidade, bioestabilidade,
radiopacidade, oferea segurana ao paciente.
- Desejveis: tromboresistncia, flexibilidade, resistncia a dobras e deformaes,
termosensibilidade e mnima aderncia bacteriana.
Atualmente, os materiais mais utilizados na construo de cateteres so o poliuretano e o silicone.
Poliuretano: um polmero termoplstico, amplamente utilizado na fabricao de cateteres. Suasprincipais caractersticas so: dureza; resistncia qumica; moldabilidade; bioestabilidade;
resistncia e baixa trombogenicidade.
Silicone: um polmero sinttico cujas caractersticas permitem sua utilizao na construo de
ampla variedade de implantes mdicos. O elastmero de silicone apresenta como principais
propriedades fsico-qumicas: elevada inrcia qumica e fora tnsil; resistncia temperatura e
oxidao; alta resistncia dobras; baixa trombogenecidade; baixa aderncia bacteriana; altssima
biocompatibilidade.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
12/133
12
Silicone Poliuretano
Mais malevel
Paredes mais espessas
Dimetro interno reduzido
Suporta menos presso
Maior resistncia a dobras e
pinamentos repetidos
Compatvel com solues antisspticas
com base alcolica
Menos malevel / apresenta memria
Paredes mais finas
Dimetro interno maior
Suporta mais presso
Menor resistncia a dobras e pinamentos
repetidos
A termosensibilidade uma caracterstica
importante desse material
PICC confeccionados com poliuretano
podem ser utilizado para infuso de
contraste por bomba em altas presses.
o Calibre: a medida do dimetro externo do cateter, cuja unidade conhecida como French
(equivale 0.3 mm) Quanto maior o french do cateter, maior o seu calibre. H uma
diferena entre o dimetro externo do cateter (D.E ou O.D) e o dimetro interno do cateter
(D.I ou I.D), pois dependendo do material utilizado na construo do cateter, a espessura
da parede varia.
O calibre dos cateteres pode variar entre 1.0 Fr (para prematuros extremos) at 6.0 Fr
(adultos)
Obs.: Gauge a medida de calibre de agulhas (quanto maior o gauge, menor o calibre da
agulha).
o Nmero de lumens: Lmen o interior ou canal do cateter.
D.I
D.E
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
13/133
13
O cateter pode apresentar lmen nico, duplo ou triplo,
o Comprimento:
Varia de 15 a 65 centmetros, apresentando ou no marcas de profundidade a cada
centmetro.
o Ponta:
A ponta distal do cateter pode se apresentar aberta ou valvulada.
Cateter com ponta aberta Cateter com ponta distal valvulada
Heparinizao obrigatria aps a
lavagem
Necessrio clampear quando no estiver
em uso
Necessrio tcnica de presso positiva
para flush
Maior risco de embolia area
No necessrio heparinizar aps
a lavagem
No possui clamp
A ao da vlvula substitui a tcnica
de presso positiva para flush
Mnimo risco de embolia area
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
14/133
14
o Suporte a presso: atualmente temos disponibilizados cateres centrais de insero
perifrica, fabricados em poliuretano, que suportam altas presses (em torno de 300 psi
com fluxo de 6ml/seg, variando conforme a marca).
o Radiopacidade: Capacidade de o cateter permitir visualizao atravs de imagem / raios-X
ou fluoroscopia. Esta caracterstica devida adio de brio (elemento radiopaco) ao
material de construo do cateter, para permitir a visualizao do cateter sob fluoroscopia
ou raios X (esta mistura no deve ultrapassar 30%, caso contrrio, o material torna-se frgil
e quebradio).
o Recursos disponveis:
- Construo em silicone ou poliuretano
- Lmen nico, lmen duplo ou triplo lmen
- Com ponta distal aberta ou ponta distal valvulada
- Com agulha introdutora, introdutor que descasca ou micro-introdutor
Os introdutores para cateter apresentam duas caractersticas bsicas: so do tipo que
descasca (peel away), constitudos por uma bainha plstica com asas ao redor de uma agulha
hipodrmica (bastante semelhante a um cateter perifrico curto, tipo Jelco ou Abbocath, o qual
rasgado aps a concluso da insero do cateter) ou so agulhas metlicas quebrveis com asas,
possuindo um friso que separa as partes quando as asas so aproximadas. Ambos apresentam
uma cmara para observao do refluxo sangneo aps a puno venosa. A medida dos
introdutores a mesma das agulhas, gauge (quanto maior o gauge, mais fino o introdutor /
agulha).
Introdutor para cateter Groshong: semelhante ao dispositivo intravenoso curto (abbocath)
geralmente calibrosos, pois os mesmos so removidos aps a insero do cateter sem que
necessidades de quebra-los como os descritos anteriormente. (Ver maiores detalhes na tcnica
de puno PICC Groshong).
Puno com Micro-introdutor: utiliza a Tcnica de Seldinger modificada, onde a puno
venosa realizada com uma a
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
15/133
15
- Com ou sem fio guia (metlico ou plstico)
Excetuando-se os cateteres utilizados na neonatologia (1.0, 1.9 e 2.0 Fr), os demais tamanhos
geralmente possuem estiletes metlicos ou plsticos, semelhantes a um fio guia, para conferir
mais firmeza ao cateter e facilitar sua introduo / progresso atravs da veia aps a puno, os
quais podem ou no vir pr-montados nos cateteres. H ainda cateteres que so inseridos atravs
da Tcnica de Seldinger ou Seldinger Modificada.
- Dispositivo para irrigao
A maioria dos cateteres e estiletes tem algum tipo de tratamento hidroflico, isto , quando entram
em contato com meio aquoso (soluo fisiolgica) tornam-se escorregadios, facilitando seu trajeto
pelo interior da veia puncionada e sua retirada do interior do cateter aps a concluso do
procedimento. por esta razo que todos os cateteres devem sempre ser molhados epreenchidos com soluo fisiolgica antes de sua insero no sistema venoso. Muitos cateteres
apresentam dispositivos para irrigao, permitindo que ele seja irrigado antes, durante e aps o
procedimento de insero.
- Com ou sem extenses / conectores
Alguns cateteres apresentam conectores com local para infuso / injeo lateral, disponibilizando
mais um ponto para acesso ao sistema venoso sem a necessidade de manipular o conector do
cateter diretamente.
- Kit para reparo
Alguns fabricantes de cateter oferecem a opo de kit para efetuar reparo no cateter quando
ocorrem fraturas / quebras no segmento externo de um cateter que est permevel e funcionando
bem, sem, no entanto ter que remov-lo. Geralmente estes kits constam de conectores extras, na
medida do cateter que se quebrou.
- Com ou sem kit completo para insero
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
16/133
16
H diversas apresentaes de cateteres, desde bandejas simples contendo o cateter, o introdutor
ou agulha introdutora e o estilete, at kits completos contendo todo material necessrio
execuo da tcnica (fita mtrica, tesoura, introdutor, cateter, garrote, seringa, agulha hipodrmica,
pina delicada, fita adesiva para fixao, curativo transparente, campos cirrgicos, campo
fenestrado, compressas de gaze, swab com anti-spticos, lcool e soluo para preparo da pele).
Por razes econmicas, muitas vezes opta-se pelas embalagens mais simples.
4. Escolha do cateter:
Desde muito tempo, no exerccio dirio da assistncia de enfermagem, a escolha de um
dispositivo de acesso venoso um passo importante e necessrio implementao da terapia
intravenosa prescrita. Geralmente, esta acaba recaindo sobre um cateter perifrico curto,independente da terapia prescrita. Atualmente, a escolha e indicao de um cateter central de
insero perifrica logo de incio uma opo racional e vivel, para que se possa utiliz-lo desde
o incio at o final do tratamento. Esta escolha se baseia nas caractersticas bsicas de um
dispositivo venoso adequado deve apresentar:
o Possuir a maior chance de permanecer durante todo o tempo previsto para o tratamento
o Prestar-se aos requerimentos do tratamento
o Ser o menos invasivo possvel
o Apresentar o menor calibre em relao veia
o Utilizao do menor nmero de cateteres para implementar o tratamento prescrito
o Apresentar uma relao custo x risco x benefcio vivel
Alm disso, deve-se tambm levar em considerao as indicaes, limitaes para uso, contra-
indicaes, vantagens, desvantagens e escolha / preferncia do paciente.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
17/133
17
5. Indicaes e Contra Indicaes do PICC
a) Indicaes
O cateter central de insero perifrica considerado um acesso venoso central confivel,
uma vez que sua ponta est posicionada em veia central de grosso calibre. Ele est indicado
quando houver previso de terapia intravenosa prescrita por perodos acima de sete dias a
vrios meses; para administrao de antibiticos por longos perodos (02 a 03 semanas a
vrios meses); para administrao de nutrio parenteral, com ou sem lipdeos; para infuso
de drogas antineoplsicas, drogas com caractersticas irritantes ou vesicantes ou que
apresentem extremos de pH e osmolaridade / concentrao; para infuso de sangue total,
hemoderivados ou hemocomponentes (cateteres acima de 4.0 Fr); para verificao de presso
venosa central em unidades de cuidados intensivos, atendimento domiciliar (home-care) ou de
acordo com as preferncias do paciente. Em pediatria e neonatologia, alguns exemplos
concretos para se considerar a escolha de PICC: Crianas necessitando de terapia IV por mais
de 7 dias; prematuros com peso
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
18/133
18
Tabela de Indicaes para o PICC
Local Terapia Medicamentosa Condies do
Paciente
Tipo de PICC
Hospital
(paciente internado)
Drogas vesicantes e
Irritantes
Antibitico;
Quimioterpicos; NPT;
Drogas vasoativas;
CT com contraste
seriadas.
Alta complexidade
e mltiplas drogas
PICC de poliuretano:
Mltiplos lumens;
Suporte a alta presso;
Maior fluxo.
Power PICC Bard
Hospital
(paciente internado)
Drogas vesicantes ou
irritantes
Antibitico;
Quimioterpicos; NPT;
Drogas vasoativas;
Baixa
complexidade
Drogas nicas
PICC Groshong
Menor manipulao, sem
necessidade de heparinizaes.
Hospital
(atendimento internado e
ambulatorial)
Drogas vesicantes ou
irritantes;
Quimioterapia;
Antibitico.
Baixa
complexidade;
PICC Groshong: pacientes
recebem medicao no hospital
(internado ou ambulattio);
Mantem cateter em casa fazendo
manuteno 1x por semana no
ambulatrio.
Home Care Drogas vesicantes ou
irritantes
Antibitico;
Quimioterpicos; NPT;
Drogas vasoativas;
Baixa
complexidade
PICC Groshong
Observao: o cateter poder ser
inserido na casa do paciente.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
19/133
19
6. Contra-indicaes
H situaes em que a escolha / utilizao do PICC como primeira opo de acesso
venoso confivel est contra indicada, embora, por vrias vezes, a sua utilizao ainda seja a
melhor opo para o paciente, levando-se em conta suas condies gerais. Assim sendo,
considera-se contra-indicada sua utilizao quando o paciente apresentar: infeco da pele;
flebites, tromboflebites, tromboses ou extravasamentos qumicos; leses drmicas que possam
comprometer a insero e os cuidados posteriores com o cateter; alteraes anatmicas
(estruturais ou venosas) que possam impedir a correta progresso do cateter (punes venosas
prvias, disseces, leses ou cirurgias prvias que possam ter alterado a anatomia venosa ou o
retorno venoso); deficincia de acesso venoso perifrico; alteraes neurolgicas ou ortopdicas,
histria prvia de trombose venosa profunda, pacientes com insuficincia renal aguda e uso de
muletas no lado que ser inserido o PICC.
7. Limitaes
Devem ser levadas em conta ainda algumas situaes especiais que podem limitar a
escolha / utilizao do PICC - exigem monitoramento e discusso prvia com a equipe para a
tomada de deciso / escolha do PICC. Lembrar sempre que o PICC ainda permanece como sendouma das nicas alternativas de acesso para estes pacientes.
o Plaquetopenia severa;
o Utilizao de medicao com efeito anticoagulante / preveno de trombose venosa
profunda;
o Doena cardaca com edema Veias de difcil acesso e risco de sobrecarga volmica;
o Diabetes Neuropatia perifrica e risco de infeco;
o Cncer a quimioterapia que poder levar ao imunocomprometimento e ou hemorragias e,
por outro lado, a hipercoagulao desencadeada por alguns tumores.
o Imunossupresso devido ao risco de infeco aumentado;
o Desidratao devido ao volume intravascular reduzido;
o Mastectomia circulao comprometida quando de esvaziamento axilar;
o Hemodilise frente ao risco de atingir a fstula arteriovenosa;
o Obesidade o aumento do tecido adiposo torna as veias mais profundas e de difcil
acesso;
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
20/133
20
o Veias esclerosadas a esclerose acarreta reduo do fluxo sanguneo no interior da veia e
as calosidades podem propiciar dificuldade na progresso do cateter.
Candidatos utilizao de PICC
Exemplos de diagnsticos Drogas utilizadas / justificativaAbscessos AntibiticosAIDSPneumonia / Pneumocystiscarinii
A terapia farmacolgica depende da infeco oportunistaque estiver instalada / Antibiticosanalgesia
Aneurisma cerebralCraniotomia
Agentes hipotensores, bloqueadores de clcio,aminofilina, corticides, inibidores fibrinoliticos, albumina,sangue e ou derivados.
Apendicectomia AntibiticosArtrite sptica AntibiticosAVCHematoma intracerebral
Corticides, analgsicos, anticoagulantes
Cncer de pncreas Quimioterapia, controle da dor, suporte nutricional,antibiticos
Cardiomiopatias Vasodilatadores (Dopamina)Celulites AntibiticosCirrose heptica Anti-emticos, anti-histamnicos, hidrataoCitomegalovrus Antibiticos / antiviraisCoagulao intravascular
disseminada
Plasma, crioprecipitados, plaquetas, heparina
Doena de Crohn Corticides, agentes antibacterianos, antidiarricos,imunossupressores, analgsicos, sangue e derivados
Encefalite Antivirais / anibiticosEndocarditeMiocarditePericardite
Antibiticos
Enfisema pulmonar Broncodilatadores, antibiticos, esteridesFibrose cstica AntibiticosHipermese Fluidos e reposio deeletrlitosInfeces de feridas operatriase outras
Antibiticos
Insuficincia cardacacongestiva
Vasodilatadores perifricos ( Dopamina)diurticos (Lasix)
Insuficincia renal aguda Diurticos, reposio eletroltica, bicarbonato de sdio,anti-hipertensivoss, antibiticos
Leucemia aguda Quimioterapia, corticides, antibiticos, sangue ederivados
Meningite AntibiticosOsteomielite AntibiticosPancreatite Reposio de lquidos e eletrlitos, albumina, dopamina
(nos casos de choque e septicemia), analgsicos,insulina, anticidos, anti-histamnicos, anti-colinrgicos,
antibiticos
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
21/133
21
Peritonite Antibiticos, analgsicos, suporte nutricional, reposiohidroeletroltica
Pneumonias complicadasSuporte ventilatrio mecnico
Traqueostomias
AntibiticosHidratao IV
Procedimentos no intestinodelgado ou grosso (diverticulite,obstruo intestinal)
Analgsicos, anticolinrgicos, antibiticos
Queimaduras Nutrio, hidratao, reposio hidroeletroltica, controleda dor
Retocolite ulcerativa Esterides, antibiticos, agentes anti-colinrgicos,imunossupressores, reposio de lquido e eletrlitos,sangue e derivados, suporte nutricional
Septicemia / infeces porpseudomonas
Antibiticos
Toxoplasmose Antimicrobianos
Transplante heptico Anti-emticos, anti-histamnicos, hidratao, antibiticosUlceras de decbito Suporte nutricional, antibiticos
Tambm so boas indicaes para uso de PICC:
- Controle da dor;
- Coletas de sangue (cateteres acima de 4.0 Fr);
- Acesso venoso limitado na internao;
- Esterides;
- Pacientes com restries hdricas;- Usurios de drogas injetveis;
- Diabticos;
- Administrao de drogas mltiplas;
- Mltiplas internaes;
- Pacientes obesos
- Pacientes plaquetopnicos;
- Infuso simultnea de drogas incompatveis.
Consideraes importantes na hora da escolha:
Os fatores abaixo podem interferir na integridade / condies da rede venosa perifrica:
- Diabetes (devido perda de gordura subcutnea, turgor da pele);
- DPOC (perda de massa muscular);
- Obesidade;
- Usurios de drogas (falta de acessos venosos);
- Utilizao de corticides (fragilidade venosa);
entre outros.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
22/133
22
MDULO II
Aspectos ticos e legaisda utilizao de PICC
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
23/133
23
Aspectos ticos e Legais da Utilizao do PICC
Diferentes conceitos instrumentalizam a trajetria profissional da classe de Enfermagem, to
indispensvel administrao da sade. Conceitos estes, reguladores das normas especficas ao
exerccio da profisso. Para tanto, necessrio , exigir explicitando direitos e deveres, dentro do
universo do exerccio de suas atividades e das necessidades prementes de informao e
aculturamento dos referidos profissionais.
Moral
Para Barton e Barton (4) o estudo da filosofia moral consiste em questionar-se o que correto ou
incorreto, o que uma virtude ou uma maldade nas condutas humanas. A moralidade um
sistema de valores do qual resultam normas que so consideradas corretas por uma determinada
sociedade, como, por exemplo, os Dez Mandamentos, os Cdigos Civil e Penal etc. A lei moral ou
os seus cdigos caracterizam-se (2) por uma ou mais normas, que usualmente tm por finalidade
ordenar um conjunto de direitos ou deveres do indivduo e da sociedade. Para que sejam
exeqveis, porm, torna-se necessrio que uma autoridade (Deus, Juiz, Superego) as imponha,
sendo que, em caso de desobedincia, esta autoridade ter o direito de castigar o infrator. Gert (5)prope cinco normas bsicas de moral:
No matar; 2) no causar dor; 3) no inabilitar; 4) no privar da liberdade ou de oportunidades; 5)
no privar do prazer.
tica
Para Barton e Barton (4) a tica est representada por um conjunto de normas que
regulamentam o comportamento de um grupo particular de pessoas, como, por exemplo,advogados, mdicos, psiclogos, enfermeiros etc. Pois comum que esses grupos tenham o seu
prprio cdigo de tica, normatizando suas aes especficas. Nesta interpretao da tica, ela
no se diferencia em nada da moral, com a exceo de que a tica serviria de norma para um
grupo determinado de pessoas, enquanto que a moral seria mais geral, representando a cultura de
uma nao, uma religio ou poca. No nos associamos a esse enfoque. Nossa compreenso de
TICA a seguinte: conforme j dissemos, a eticidade est na percepo dos conflitos da vida
psquica (emoo x razo) e na condio, que podemos adquirir, de nos posicionar, de forma
coerente, em face desses conflitos. Consideramos, portanto, que a tica se fundamenta em trs
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
24/133
24
pr-requisitos: 1) percepo dos conflitos (conscincia); 2) autonomia (condio de posicionar-se
entre a emoo e a razo, sendo que essa escolha de posio ativa e autnoma); e 3)
coerncia. Assim, fica caracterizado o nosso conceito de tica, reservando-se o termo eticidade
para a aptido de exercer a funo tica. Kant estabeleceu como pressuposto de sua moral a
condio de livre escolha, fundamentando essa escolha na razo. Mas a razo tambm um
pressuposto, passvel de avaliao de fora. O que razovel (ou racional) para uns pode no ser
para outros. Entendemos que nossa conceituao de tica, que no se atm apenas
racionalidade, mais dinmica e abrangente do que a kantiana. Admitimos, entretanto, que,
mesmo pretendendo pluralizar ao mximo o conceito de tica, distinguindo-o do de moral, no h
como estabelec-lo sem amarr-lo a alguns valores preestabelecidos.
Biotica e o Exerccio Profissional da Enfermagem
Biotica o estudo sistemtico da conduta humana na rea das cincias da vida e dos cuidados
da sade, na medida em que esta examinada a luz dos valores e princpios morais.
Poderamos filosofar sobre conceitos diversos, de relativo valor, pois para a abrangncia desta
matria o mais prximo do entendimento e da eficcia da interpretao geral , efetivamente, a
prtica.
Justia
O termo justia, de maneira simples, diz respeito igualdade de todos os cidados. o principio
bsico de um acordo que objetiva manter a ordem social atravs da preservao dos direitos em
sua forma legal (constitucionalidade das leis) ou na sua aplicao a casos especficos.
Dolo:Significa a inteno de cometer determinado crime.
Exemplo: a enfermeira que deseja vingar-se de determinado paciente aproveita-se do pretexto deinserir o PICC, sabendo dos riscos e ciente que familiares, entre outros, tambm sabem, induz a
falha no sistema de aplicao provocando uma obstruo que leve o paciente a bito.
Observao: houve a inteno de matar!
Dolo Eventual:Quando no h inteno objetiva de lesar, porm ocorre o conhecimento do risco
que possa causar pelo agente causador do dano.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
25/133
25
Exemplo: houve a determinao pela chefia imediata para inserir o PICC em paciente. A
enfermeira que recebe a incumbncia executa o procedimento, mesmo no habilitada para tal e
desconhecedora da metodologia necessria, assume o risco para no descumprir ordens.
Culpa:Toda ao lesiva em que o agente no assume o risco e nem tem a inteno objetiva de
lesar ou matar ou produzir qualquer dano. O fato ocorre independente de sua vontade.
Exemplo: a Enfermeira que em pleno ato de introduo do PICC, cercada de todos procedimentos
tcnicos, com a devida assepsia e conhecimentos especficos, com as respectivas autorizaes
para o exerccio de sua atividade e ao do procedimento tcnico, vem a provocar um aneurisma,
seguido de bito do paciente. Em razes adversas, colaterais, no ligadas aos problemas
vasculares provocados pelo procedimento, gera-se a culpa.
Exemplo: O indivduo que trafega em velocidade regular sendo surpreendido por um cidado que
ao atravessar a rua atira-se na sua frente. O fato gera um homicdio culposo, pois o motorista nada
tem haver com a tentativa de suicdio do cidado. Observa-se que o motorista ter
responsabilidade sobre o fato, na medida de sua culpabilidade.
A importncia de o profissional ter relativo conhecimento destes instrumentos jurdicos
fundamental. A responsabilidade declinada dever ser justa, pois somente haver aresponsabilizao para a Enfermeira e o Enfermeiro quando houver a incidncia de sua
culpabilidade, caracterizada no Dolo ou Dolo Eventual.
Somente haver responsabilizao, na medida exata da sua culpabilidade. Cdigo Penal
Brasileiro.
Isto remete-nos aos seguintes aspectos: somente o profissional, de qualquer rea, ser culpado
sobre algo se realmente for o autor do feito. Exemplo: em uma sala de recuperao, o paciente
morre por que a equipe esqueceu no interior de seu corpo, um instrumento cirrgico, resultante deagravamento do quadro e conseqente bito. Haver uma responsabilizao especfica
negligncia e suas conseqncias, porm, necessrio que se identifique o culpado ou os
culpados. Dificilmente toda equipe teria culpa, portanto, s responder na medida exata de sua
responsabilidade aqueles que, por impercia, imprudncia ou negligncia equivocaram-se ou
contriburam para tanto.
Elementos fundamentais em que a justia baseia-se para a responsabilizao dos profissionais da
sade entre outros:
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
26/133
26
Impercia
Ausncia de conhecimento especfico sem ser perito (Falta de habilidade); sem capacitao para
tal; sem conhecimento ou normatizao que regulamente o ato executado. Ignorncia associada
falta de conhecimento tcnico.
Imprudncia
Irresponsabilidade na gerncia ou na ao de qualquer atitude. Falta de prudncia, ao
inconseqente sem prvia avaliao das possibilidades de erro ou dano. Precipitao,
inconseqncia.
Negligncia
Ausncia de precauo, indiferena s conseqncias, desleixo.
Desateno, falta de acompanhamento adequado das responsabilidades exercidas.
Lei
Regra geral justa e permanente que exprime a vontade imperativa do Estado a que todos so
submetidos.
Regramento impositivo no qual todos os cidados devem conhecer e cumprir obrigatoriamente. O
argumento do desconhecimento da lei descartado, pois dever do cidado o pleno
conhecimento da lei.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
27/133
27
Cdigo de tica de Enfermagem
(Resoluo Cofen 240/2000)
Art. 1 A enfermagem uma profisso comprometida com a sade do ser humano e da
coletividade. Atua na promoo, proteo, recuperao da sade e reabilitao das pessoas,
respeitando os preceitos ticos e legais.
Art. 6 O profissional de enfermagem exerce a profisso com autonomia, respeitando os preceitos
legais da enfermagem.
Art. 16 Assegurar ao cliente uma assistncia de enfermagem livre de danos decorrente de
impercia, negligncia ou imprudncia.
Art. 17 Avaliar criteriosamente sua competncia tcnica e legal e somente aceitar encargos ou
atribuies, quando capaz de desempenho seguro para si e para a clientela.
Resoluo Cofen 258/01
Insero de Catter Perifrico Central, pelos Enfermeiros:
O Conselho Federal de Enfermagem COFEN, no uso de suas atribuies legais e regimentais;
Considerando a competncia tcnica do Enfermeiro, estatuda na lei nmero 7.498/86 em seu
artigo 11, inciso l, alnea e e f;Considerando a resoluo do Cofen nmero 240/2000, que aprova o cdigo de tica dos
profissionais de enfermagem, em seu captulo lll, artigos 16, 17 e 18;
Considerando o parecer da Cmara Tcnica Assistencial nmero 011/2001, aprovado na reunio
Ordinria do Plenrio nmero 296;
Artigo Primeiro:
ilcito ao enfermeiro, a insero de Catter Perifrico Central.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
28/133
28
Artigo Segundo:
O Enfermeiro para o desempenho de tal atividade, dever ter-se submetido a qualificao e/ou
capacitao profissional.
Artigo Terceiro:
Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao, revogando disposies em contrrio.
Rio de Janeiro, 12 de Julho de 2001.
Gilberto Linhares Teixeira
Coren Rj nmero 2.380
Presidente
Joo Aureliano Amorim de Sena
Coren Rj nmero 9.176
Primeiro Secretrio
*A referncia supra citada constata a entrada em vigor da resoluo.
Resoluo o instrumento legal, normativo elaborado e executado por rgos e ou Conselhos.
Em anexo segue os pareceres tcnicos do Coren sobre a utilizao da Tcnica de Seldinger e da
Puno Venosa Guiada por Ultrasom.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
29/133
29
MDULO III
Anatomia e fisiologia da pelee Sistema vascular
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
30/133
30
1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE
A pele uma cobertura impermevel que envolve todo o corpo humano, protegendo-o eadaptando-o ao meio ambiente. Suas principais funes so a regulao da temperatura do corpo,
proteo contra a desidratao, proteo contra a infeco e coleta de informaes sensitivas.
1.1 Camadas da PeleA pele formada por duas camadas principais, que so epiderme e derme, alm do tecido
subcutneo que serve para unir a pele aos demais tecidos.
Epiderme: formada por uma camada de clulas epiteliais sobrepostas, no contm vasossanguneos, mas contm terminaes nervosas. a camada sobre a qual se encontra asbactrias, denominadas de microbiota residente e transitria.
Derme: uma densa camada de fibras colgenas e elsticas entrelaadas, sobre a qual seapia a epiderme. D suporte a vasos, nervos, gnglio linfticos, glndulas sebceas,
sudorparas e folculos pilosos. A dor referida durante a puno venosa em decorrnciaprincipalmente da penetrao dessa camada, pois rica em terminaes nervosas.
Tecido subcutneo: no considerado exatamente uma camada da pele, situando-se entrea derme e a fscia muscular. formado principalmente por um tecido conjuntivo frouxo(colgeno e elastina) e tecido adiposo. Os vasos sanguneos que auxiliam na regulao datemperatura corporal e suprem a pele se localizam nessa camada.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
31/133
31
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
32/133
32
1.2 Microbiota da Pele
A pele humana normalmente colonizada por bactrias, sendo algumas regies do corpo
mais ou menos colonizadas que outras, dependendo da umidade, calor local e proximidade comlocais de produo de secreo.
A microbiota da pele classificada em residente e transitria.
1.3 Sistema Vascular
O Sistema Vascular responsvel pelo transporte do sangue para todas as partes do corpohumano e destas para o corao. Os vasos sanguneos que compes o sistema vascular soclassificados em: artrias, veias e capilares.
Artrias: Transportam o sangue do corao para os tecidos. Tm a capacidade de se contrarem,pois so controladas pelo sistema nervoso autnomo. Suas paredes so mais espessas, poisprecisam suportar a presso exercida pelo corao.
Veias: Transportam o sangue dos tecidos para o corao. Suas paredes so mais finas e seudimetro interno em geral maior e, como conseqncia, a presso venosa muito mais baixaque a arterial. Muitas veias possuem vlvulas que impedem o refluxo venoso.
Capilares: so vasos microscpicos e possuem somente uma camada formada de endotlio.Atuam como membranas semipermeveis, que permitem a realizao das trocas gasosas e denutrientes entre o vaso sanguneo e as clulas.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
33/133
33
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
34/133
34
1.4 Camadas dos Vasos
As artrias e veias so compostas por trs camadas ou tnicas e os capilares por apenasuma camada, classificada em:
Tnica Intima: membrana interna formada por clulas epiteliais achatadas, o endotlio, quereveste todo os sistema circulatrio, formando uma superfcie interna lisa. A tnica ntimapode ser lesada por cateterizao traumtica, irritao da ntima por dispositivo muitocalibroso ou hiperosmoloridade da soluo administrada.
Tnica mdia: mais espessa e central, composta por fibras elsticas e musculares querespondem aos comandos do sistema nervoso autnomo. O tecido elstico permite que ovaso se distenda e se contraia quando necessrio, tolerando mudanas na presso e nofluxo.
Tnica externa: a camada externa dos vasos, formada de tecido conjuntivo, que refora a
parede do vaso para que ele no se rompa com a presso.
1.5 Sistema Venoso
Considerando que o CCIP inserido em sistema venoso perifrico com ponta emlocalizao venosa central (em veia cava superior ou inferior), neste estudo vamos abordar aanatomia e fisiologia do sistema venoso profundo e superficial, com nfase nos vasos utilizadosdurante a insero at a localizao central da ponta do cateter.
O sangue que levado periferia por meio da aorta e das suas ramificaes volta aocorao transportado por veias que desembocam em duas grandes veias: a veia cava superior e aveia cava inferior, que desembocam no trio direito.
O sistema venoso segue o mesmo trajeto que as artrias e de um modo geral, as veias tmo mesmo nome das artrias que acompanham. Em quase toda a extenso do membro superior(brao, antebrao e mo), e metade distal do membro inferior (perna e p), profundamenteencontramos duas veias para cada artria.
O fluxo venoso ocorre em direo ao corao por influncia de diversos fatores, sendopromovido pela contrao da musculatura vizinha, da presso intratorcica negativa que ocorrecom a respirao, da ao da gravidade na parte superior do corpo e pela presena de vlvulas.
Vlvulas VenosasAs vlvulas so dobras endoteliais da tnica ntima que permitem o fluxo venoso em apenas umadireo. Quando o sangue tende a fluir de uma forma retrgrada, a vlvula fecha, prevenindo oretorno do fluxo, principalmente nas partes inferiores do corpo onde o retorno do sangue
realizado contra a gravidade. 2,6,8A presena de vlvulas algumas vezes pode dificultar a progresso do cateter dentro da veia.
Classificao das veias
Veias SuperficiaisSo veias localizadas na tela subcutnea, principalmente nos membros, e muitas vezes possveisde serem visualizadas.6 Na extremidade superior encontramos as seguintes veias superficiais:veias do dorso da mo, veia ceflica, veia baslica, veia intermdia do cotovelo e veia safenasmagna e parva, as maislongas do corpo humano.1-3,8A topografia das veias superficiais pode apresentar pequenas variaes entre indivduos, pormeste captulo descreve o admitido como padro. Para facilitar a compreenso da anatomia das
veias, sugerimos acompanhar o estudo visualizando as figuras do sistema venoso.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
35/133
35
Veias profundasGeralmente so paralelas s artrias e normalmente possuem os mesmos nomes que as suasartrias correspondentes. Exemplos de veias profundas na extremidade superior:jugular interna,braquioceflica, axilar e subclvia. E na extremidade inferior: tibial, popltea e femoral.
Principais veias
Veias do membro superior veia cava superior Veia ceflica: nasce na mo no lado radial do arco venosos dorsal, ascende pela face
anterior do antebrao e sobe pelo brao correndo ao nvel do ombro, no sulco deitopeitoral.Em seguida se aprofunda nos tecidos, unindo-se veia axilar.
Veia baslica: nasce na mo no lado medial do arco venoso dorsal e ascende na faceposteromedial do antebrao. Na metade do brao a veia baslica perfura profundamente ostecidos e na regio da axila se une veia braquial, formando a veia axilar.
Veia intermdia do cotovelo: prximo prega de flexo do cotovelo a veia ceflica e aveia baslica se unem formando a veia intermdia do cotovelo, separando-se novamenteem veia ceflicae veia baslica no brao.
Veia intermdia do antebrao:as veias da regio palmar formam a veia intermdia doantebrao, que se localiza entre a veia caflica e a baslica, podendo unir-se a essas duasna prega de flexo do cotovelo. Ainda a veia intermdia do antebrao pode bifurcar-se naprega de flexo do cotovelo em veia mediana ceflica e veia mediana baslica que vo seanastomosar com a veia ceflica e veia baslica respectivamente.
Demais veias:axilar, jugular, subclvia, braquioceflica ecava superior.
A veia axilar continua na veia subclvia ao nvel da borda externa da primeira costela, e forma coma veia jugular interna a veia braquioceflica. A veia jugular externa comea prximo do ngulo damandbula, desce pelo pescoo, cruza o msculo esternocleidomastideo, esvaziando-se na veiasubclvia.Asveias braquioceflicas direita e esquerda se unem formando a veia cava superior. A veia cavasuperior muito curta e desemboca no trio direito do corao, drenando o sangue que provmdos rgos localizados acima do diafragma.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
36/133
36
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
37/133
37
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
38/133
38
Veias dos membros inferiores veia cava inferiorO sistema venoso superficial dos membros inferiores composto pela veia safena magna e veia
safena parva.
Veia safena magna: origina-se na rede de veias da regio medial do dorso do p eestende-se para cima no lado medial da perna, joelho e coxa, desembocando na veiafemoral prximo virilha. medida que ascende na perna e na coxa, a veia safena magnarecebe diversas tributrias e comunica-se com a veia safena parva, o que resulta naformao de uma complexa rede venosa.
Veia safena parva:nasce da unio das veias da margem lateral da regio dorsal do p,sobe pela linha mediana da face posterior da perna e na fossa popltea (posterior ao joelho)aprofunda-se para esvaziar em uma das veias poplteas.
Veia popltea: formada pelas veias tibiais, que drenam asveias do arco venoso plantar.
Demais veias: femoral, ilaca externa, ilaca interna, ilaca comum ecava inferior.
A veia femoral uma continuao da veia popltea, que posteriormente se torna em veia ilacaexterna.A veia ilaca interna e veia ilaca interna se unem e formam as veias ilacas comuns (direita eesquerda). A veia ilaca direita comum e veia ilaca esquerda comum se unem e formam a veiacava inferior.A veia cava inferior mais longa que aveia cava superior e drena o sangue proveniente daspartes do corpo abaixo do diafragma. Depois sobe e atravessa o diafragma desembocando no
trio direito do corao.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
39/133
39
Para executar uma tcnica de insero de um cateter por veia perifrica, importante estar atentos outras estruturas anatmicas que compem o membro escolhido, como tendes, nervos eartrias, buscando prevenir acidentes e possveis problemas.
Sistema venoso no recm-nascido
As principais veias para acesso venoso peditrico incluem as veias das regies ceflica, dorso damo, antebrao e p.Preferencialmente deve-se optar por puncionar as veias localizadas nos membros superiores,considerando como primeira opo as veias baslicas e as veias ceflicas, pois apresentammenores irregularidades em seu trajeto e como segunda opo a veia intermdia do cotovelo.As veias da regio ceflica utilizadas para puno venosa so: veia temporal, veia frontal e veiaauricular posterior. A puno das veias da regio ceflica pode ser realizada at 18 meses, a partirde quando a epiderme torna-se endurecida e os folculos dos cabelos maduros.As veias localizadas na regio ceflica e pescoo devem ser a ltima escolha de insero do CCIP
em recm-nascidos pela dificuldade de fixao e risco de migrao do cateter. A puno da veiajugular externa ainda apresenta um risco adicional, de puno acidental da artria cartida.Nos membros inferiores as opes so a veia popltea, a veia safena e a veia femoral, pormdevido presena de muitas vlvulas nessas veias pode ocorrer dificuldade de migrao docateter.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
40/133
40
MDULO IV
Terapia intravenosa eInteraes medicamentosas
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
41/133
41
Interaes Medicamentosas
A prescrio mdica de dois ou mais medicamentos administrados seqencialmente ou
concomitantemente faz parte da rotina diria. Pode ocorrer interferncia de um frmaco na ao
de outro ou de um alimento/nutriente na ao de medicamentos. A interao medicamentosa pode
ser definida como resposta clnica ou farmacolgica administrao de diferentes combinaes de
medicamentos, uma situao na qual os efeitos de um medicamento so alterados pela
administrao prvia ou concomitante de outro medicamento. O conceito de interao
medicamentosa se estende incluindo situaes nas quais:
Alimentos ou outros itens da dieta influenciam a atividade de um
medicamento(ou seja,interaes frmaco-alimetares);
Substncias qumicas ambientais ou tabagismo influenciam a atividade de
um medicamento;
Um medicamento causa alterao dos resultados dos exames laboratoriais
(ou seja, interaes frmaco-exame laboratorial);
Um medicamento causa efeitos indesejveis em pacientes com
determinados processos mrbidos (ou seja, interaes frmaco-doena).
Classificao das Interaes:
Interaes Farmacuticas (Incompatibilidade Medicamentosa): resulta de reaes
fsico-qumicas entre os frmacos, ou com o seu material de acondicionamento e
administrao.
Interaes Farmacocinticas: ocorrem durante os processos de absoro,
distribuio, biotransformao e excreo. Um exemplo desse tipo de interao a
induo das enzimas hepticas que fazem a biotransformao, como por exemplo os
barbitricos, que acabam aumentando o metabolismo e diminuindo as concentraes
plasmticas da varfarina e dos antidepressivos, podendo resultar em agravao da
doena.
Interaes Farmacodinmicas: ocorrem nos stios de ao dos frmacos, quando
estes esto envolvidos no mesmo receptor ou enzima. Um frmaco pode aumentar o
efeito do agonista por estimular a receptividade do seu receptor celular ou por inibir
enzimas que o inativam no seu local de ao, ou diminuir o seu efeito por competir pelo
mesmo receptor. Exemplo: ondansetrona e tramadol, que geram um antagonismo por
bloqueio de receptores.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
42/133
42
Exemplos:
Agente
precipitante
Agente afetado Interao
resultante
Mecanismo proposto
Trimetoprima Sulfametoxazol Sinergia Atuao em etapas diferentes
da mesma rota metablica
Naloxona Morfina antagonismo Competio por receptor
Flumazenil benzodiazepnicos antagonismo Competio por receptor
Ondasentrona Tramadol Antagonismo Bloqureio de receptores
Interaes de Efeito: ocorrem quando os frmacos exercem efeitos similares ou
opostos sobre uma mesma funo do organismo, sem interagir diretamente um sobre o
outro. Exemplo: cido acetilsaliclico e anticoagulantes orais, que aumentam o
sangramento.
Significncia das Interaes:
A significncia um dos principais interesses quando se avalia o potencial de interao
medicamentosa. Est relacionada ao tipo de efeito e sua magnitude e, conseqentemente,
necessidade de monitoramento do paciente ou de alterao da terapia a fim de evitar efeitos
adversos srios.
Os principais fatores que definem a significncia clnica so:
Incio de efeito: o tempo que leva para a manifestao dos efeitos clnicos decorrentes de
uma interao. Determina a urgncia com que medidas preventivas devem ser adotadas. O
nvel de incio de efeito pode ser rpido (os efeitos sero evidentes dentro de 24 horas
aps a administrao), ou lento (os efeitos no so evidentes por um perodo de dias ou
semanas aps a administrao).
Severidade ou gravidade: a avaliao da gravidade importante para se medir os riscos
versus os benefcios das alternativas teraputicas. Existem trs graus de severidade: maior
(os efeitos oferecem riscos potenciais vida ou so capazes de causar danos
permanentes), moderada (os efeitos podem agravar as condies clnicas do paciente,
podendo ser necessrio um tratamento adicional ou hospitalizao) ou menor (os efeitos
so normalmente leves e as conseqncias podem ser desagradveis ou imperceptveis, e
no devem afetar significativamente o resultado da terapia).
Uma das conseqncias mais importantes da interao medicamentosa uma resposta excessiva
a um ou mais agentes que tambm esto sendo administrados. Por exemplo, um efeito
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
43/133
43
significativamente acentuado de agentes como a digoxina e a varfarina pode resultar em efeitos
adversos srios como aumento do risco de sangramento. No to bem reconhecidas, mas
tambm muito importantes, so aquelas interaes nas quais a atividade do medicamento est
diminuda resultando em perda de eficcia. Essas intreraes so especialmente difceis de
detectar, porque podem ser confundidas com fracasso teraputico ou progresso da doena.
Numerosos estudos tm demonstrado que muitos pacientes so medicados com agentes de
potencial risco de interao. medida que aumenta o nmero de medicamentos no esquema
teraputico do paciente, maior o risco de ocorrncia de uma interao medicamentosa.
Existe uma possibilidade aumentada de dois medicamentos administrados concomitantemente
afetarem algum sistema comum. Quando se considera o potencial de interao entre os
medicamentos, existe freqentemente uma tendncia apenas de se preocupar com os efeitos
primrios dos medicamentos envolvidos e deixar passar as atividades secundrias que eles
possuem.
Muitos fatores que influenciamna resposta a um medicamento pertencem ao paciente e podem
predisp-lo ao desenvolvimento de reaes adversas a um medicamento e influenciar nas
interaes medicamentosas tais como:
Idade
Fatores genticos
Estados mrbidos
Funo renal Funo heptica
Etilismo
Tabagismo
Dieta
Fatores ambientais
Variao individual
Recomendaes para reduo das interaes medicamentosas: Identificar os fatores de risco do paciente;
Obter histria medicamentosa completa;
Conhecer as aes dos medicamentos usados;
Considerar alternativas teraputicas;
Evitar esquemas teraputicos complexos quando possvel;
Educar o paciente;
Monitorar a terapia;
Individualizar a terapia
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
44/133
44
As interaes podem ser desejveis quando tm por objetivo tratar doenas concomitantes,
reduzir efeitos adversos, incrementar a eficcia ou permitir a reduo da dose. J as interaes
indesejveis so as que determinam reduo do efeito ou resultados contrrios aos esperados,
aumento da incidncia e da gama de efeitos adversos e do custo da teraputica, sem incremento
no benefcio teraputico.
Vantagens e desvantagens das interaes medicamentosas:
Vantagens de sinergismos:
Aumento da eficcia teraputica: substncias que atuam em mais de uma etapa do
mesmo mecanismo de ao ( sulfametoxazol + trimetoprima; associaes de
antineiplsicos) ou em diversas manifestaoes do mesmo processo fisiopatolgico
(broncodilatadores + antiinflamatrios);
Reduo de efeitos txicos (sulfas associadas podem diminuir a cristalria);
Obteno de maior durao de efeito pelo impedimento, por exemplo da excreo
do frmaco (Probenecida+ penicilinas);
Combinao de latncia curta com durao de efeito prolongado (penicilina G
cristalina + penicilina G procana)
Impedimento ou retardo de surgimento de resistncia bacteriana (esquema trplice
de antituberculosos);
Impedimento ou retardo de emergncia de clulas malignas (esquema com
mltiplos antineoplsicos);
Aumento de adeso ao tratamento por facilitao do esquema (menor nmero de
frmacos a ingerir, como na associao rifampicina + isoniazida);
Inibio da multiplicao viral (esquema mltiplo de frmacos anti-retrovirais de alta
potncia).
Vantagens de antagonismos:
Anular o efeito indesejvel de certo frmaco (efeito corretivo). Ex: Uso da naloxona
como antdoto para morfina;
Inativar composto causador de intoxicao (antidotismo qumico). Ex: Emprego de
BAL (quelante) na intoxicao por mercrio.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
45/133
45
Desvantagens das interaes:
Soma dos efeitos indesejveis, quando os frmacos associados tm o mesmo perfil
toxicolgico. Ex.: vancomicina e aminoglicosdeo, aumentando a toxicidade renal.
Dificuldades no ajuste de doses individuais e na deteco do agente responsvel
por eventual reao adversa.
Custo elevado.
Incompatibilidades Medicamentosas
So consideradas interaes farmacuticas e ocorrem in vitro, isto , antes da
administrao dos frmacos no organismo, quando se misturam dois ou mais deles numa bolsa de
soro, na mesma seringa, equipo de infuso ou outro recipiente. Devem-se a reaes fsico-
qumicas que resultam em:
Alteraes organolpticas;
Diminuio da atividade de um ou mais dos frmacos originais;
Inativao de um ou mais frmacos originais;
Formao de novo composto (ativo, incuo, txico);
Aumento da toxicidade de um ou mais dos frmacos originais.
A ausncia de alteraes macroscpicas no garante a inexistncia de interao
medicamentosa.
H fatores que afetam a compatibilidade entre substncias, tais como a estrutura
molecular, natureza do soluto, solvente, material do recipiente (vidro, polietileno, EVA), pH do
meio, constante de dissociao do frmaco; solubilidade, concentrao temperatura, luminosidade
e tempo de contato entre os compostos.
Os frmacos podem ser incompatveis in vitroe sinrgicos dentro do organismo, desde que
tenham sido administrados separadamente, como por exemplo, gentamicina e penicilina. Algumas
medidas podem ser tomadas para evitar as interaes farmacuticas, tais como:
Leitura atenta das orientaes referentes quanto a reconstituio, diluio,
temperatura e condies de armazenamento ps-diluio;
No adio de outros frmacos nas solues de infuso, a menos que haja
garantia de compatibilidade;
Certificao da completa diluio do frmaco na soluo de infuso, verificando
presena de alteraes;
No exposio do medicamento ou frmaco ou da diluio luz direta; proteg-los
do calor excessivo durante a infuso;
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
46/133
46
Rotulagem adequada do recipiente de infuso;
Preparao de diluies no momento da administrao quando no houver
segurana quanto estabilidade;
Administrao de nutrio parenteral em via exclusiva;
Consulta ao farmacutico hospitalar em caso de dvida.
Vias de administrao parenterais
A administrao de medicamentos deve ser realizada com eficincia, segurana e
responsabilidade, a fim de que sejam alcanados os objetivos da teraputica, ou seja, melhora do
quadro clnico do paciente.
As principais vias de administrao so as seguintes: intradrmica, subcutnea,
intramuscular, intravenosa e intra-raqudea. A escolha da via de administrao depende dos
fatores clnicos, farmacolgicos e farmacocinticos bem como fatores tecnolgicos (aprimoramento
das formulaes, visando ampliar o uso para diversas vias de adminitrao).
A taxa de absoro das vias subcutnea e intramuscular depende da passagem pela
barreira capilar e da dissoluo do veculo no fludo intersticial. Os canais aquosos relativamente
grandes da membrana endotelial permitem a difuso de molculas com solubilidade lipdica.
Molculas grandes, como as protenas, lentamente ganham acesso circulao pelos canais
linfticos. A via intravenosa no apresenta absoro, apresentando 100% de biodisponibilidade e
potenciais efeitos imediatos.As vias de administrao diferem-se em alguns parmetros: rapidez de incio de ao,
natureza da via, quantidade a ser administrada e as condies do paciente.
Via intramuscular - IM
Administrao direta do injetvel na massa muscular. A velocidade de absoro do
medicamento aps a administrao IM dependente do tipo de administrao, bem como dos
fatores farmacocinticos. Dentre estes fatores incluem solubilidade do medicamento, efeito do
solvente, volume e concentrao da soluo injetada, tamanho da molcula do frmaco e aperfuso vascular no local da injeo.
Propriedades da via
msculo estriado dotado de elevada vascularizao, no entanto, pouco
inervado por fibras sensitivas. Estas caractersticas conferem-lhe facilidade de
absoro dos medicamentos e possibilidade de uma administrao menos
dolorosa.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
47/133
47
A absoro depende do fluxo sangneo no local da injeo e geralmente
rpida, havendo pronto incio dos efeitos teraputicos.
Frmacos em soluo aquosa so absorvidos rapidamente, dependendo do
fluxo sangneo no local de administrao. Massagem e exerccio podem
aumentar a absoro por essa via.
A velocidade de absoro no msculo deltide ou no grande lateral maior do
que a absoro no msculo grande glteo.
Volume de lquidos administrados no devem ultrapassar 10mL. Na maioria dos
casos o volume administrado de 1 a 5 mL.
Propriedades dos frmacos
Os frmacos administrados pela via IM devem permanecer em soluo nos
lquidos intersticiais at serem absorvidos e por isso se exige suficiente
solubilidade em gua no pH fisiolgico.
Alm disso, algum grau de lipossolubilidade necessrio para permear as
clulas endoteliais dos capilares.
Em geral, as solues utilizadas so aquosas, oleosas e suspenses.
Algumas injees intramusculares so dolorosas, logo frequente incluir na sua frmula
anestsicos locais, que simultameamente so conservantes. Podem ocorrer efeitos adversos
locais como dor e desconforto, dano celular, hematoma, abscessos estreis ou spticos e
reaes alrgicas.
Apropriado para volumes mdios, veculos oleosos e algumas substncias irritantes.
Via intravenosa - IV
A administrao intravenosa ou endovenosa caracterizada pela introduo do
medicamento diretamente na corrente sangnea.
Propriedades da via
volume de lquidos a serem injetados nesta via pode oscilar entre 1 a 1000mL e,
em alguns casos, pode ser superior. A concentrao desejada de um frmaco
no sangue obtida com maior preciso e rapidez do que nas demais vias.
Uso apropriado para grandes volumes e para substncias irritantes, quando
diludas.
Propriedades dos frmacos
Preparaes aquosas, e em alguns casos, suspenses aquosas ou emulses
leo em gua. Nestes dois ltimos tipos de preparaes, importante ressaltar a
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
48/133
48
importncia de que as partculas suspensas ou emulsionadas devem apresentar
dimetros inferiores a 7 m. Usualmente utilizam-se partculas de 1 a 2 m, com
objetivo de evitar fenmenos do tipo de trombose e/ou embolia.
Os medicamentos destinados a esta via devem ser isotnicos, isentos de
pirognios e possuir pH neutro (6,0 e 7,5). Contudo, so tolerveis desvios
mnimos de isotonia, tanto para o lado hipotnico quanto para o lado
hipertnico*3.
Via intradrmica - ID
Os medicamentos so administrados na pele entre a derme e a epiderme, especialmente a
zona do antebrao.
Propriedades da via: o volume injetado pequeno, na ordem de 0,03 a 0,18mL.
Via subcutnea - SC
Os medicamentos so administrados no tecido subcutneo, abrangendo as reas abaixo
da pele.
Propriedades da via:
Solues injetadas pela via subcutnea so influenciadas pela capacidade
tamponante dos tecidos e fludos subcutneos. A absoro dos medicamentos
administrados por esta via geralmente mais lenta do que a absoro dos
frmacos administrados pela via intramuscular (IM) devido ao menor fluxo
sangneo regional nos tecidos subcutneos.
A velocidade de absoro determinada pelo fluxo sangneo da regio. O uso
de vasoconstritores prolonga os efeitos locais, e a aplicao de calor ou
massagem acelera a absoro.
Esta via prev uma absoro rpida pois o frmaco s necessita ultrapassar as
clulas endoteliais para chegar corrente circulatria. O fluxo sangneo
regional o maior determinante da velocidade de absoro.
Esta via no adequada para a administrao de grandes volumes (somente de
0,5 a 2,0mL sa injetados confortavelmente) ou de substncias irritantes. Seus
incovenientes incluem dor local, abscessos estreis, infeces e fibrose.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
49/133
49
Propriedades dos frmacos:
Esta via usada apenas para substncias que no so irritantes para os
tecidos. A absoro costuma ser constante e suficientemente lenta para produzir
um efeito sustentado.
Apropriada para suspenses insolveis e implantao de pellets.
Via intra-raqudea - IR
A administrao intra-raqudea consiste em injetar a preparao medicamentosa no canal
raquideano.
Os medicamentos injetveis destinados a esta via devem ser solues aquosas neutras e
isotnicas, estreis e apirognicas. No devem conter conservantes germicidas, pois podem
lesar elementos do tecido nervoso. Devido ao pequeno volume e a lentido dos movimentos do
lquido cfalo-raquideano, as preparaes injetadas nesta via tambm devem apresentar pH e
tonicidade prximos aos valores fisiolgico
INFUSO DE MEDICAMENTOS POR ACESSO VENOSO PERIFRICO
Medicamento vesicante: causa destruio do tecido.
Medicamento irritante: causa dor, tenso e flebite com ou sem inflamao.
Extravasamento: Quantidade de lquido do medicamento perdida por vazamento que causa dor,
necrose ou pele de cobra.
Extravasamento tardio: Os sintomas ocorrem 48 horas aps a administrao.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
50/133
50
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
51/133
51
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
52/133
52
Medicamentos que so irritantes / vesicantes quando administrados por via perifrica, pois irritam
e destroem o endotlio venoso nas seguintes concentraes:
Medicamento Concentrao
Aciclovir
Anfotericina B
Ampicilina
Bicarbonato de sdio
Ceftriaxona
Cloreto de potssio
Dopamina
Eritromicina
Fenitona
Gluconato de clcio
Piperacilina
Vancomicina
[7 mg/mL]
[0,1 mg/mL]
[250 mg/mL]
[0,5 mEq / mL]
[50 mg/mL]
[2 mEq / mL]
[0,8 mg/mL]
[100 mg/mL]
[50 mg/mL]
[100 mg/mL]
[100 mg/mL]
[5 mg/mL]
Flebites Acesso Perifrico: A irritao venosa e o desenvolvimento de flebite qumica est
associada com a administrao de solues com extremos de pH e/ ou osmolaridade.
Medicamentos com pH acima de 4,1, j so irritantes para o sistema venoso, podendo
desencadear flebite. Os mais preocupantes so: vancomicina, fenitona, prometazina, morfina e
aciclovir.
Medicamentos irritantes para o acesso perifrico
Penicilinas
Cefalosporinas
Anfotericina B
Aciclovir
Ganciclovir
Fenobarbital
Diazepam
Cloreto de potssio
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
53/133
53
Medicamentos vesicantes para o acesso perifrico
Vincristina
Vimblastina
Doxorrubicina
Gluconato de clcio
Cloreto de potssio
Dopamina
Nitroprussiato de sdio
Glicose 10%, 20%, 50%
AGENTES VESICANTES
Toxinas Celulares DiretasAgentes
Hiperosmticos
(>280 mOsm/L)
Indutores de
Isquemia Agentes no
Antineoplsicos
Agentes
Antineoplsicos
Gluconato de Clcio Dobutamina Nitroglicerina Dactinomicina
Glicose (>10%) Esmolol Fenitona Epirrubicina
Manitol (>5%) Metaraminol Tiopental Sdico Esorrubicina
Acetato de Potssio
(>2 mEq/mL)
Norepinefrina Tetraciclina Idarrubicina
Cloreto de Potssio
(>2 mEq/mL)
Fenilefrina Mecloretamina
Bicarbonato de Sdio
(8,4%)
Vasopressina Mitomicina
Cloreto de Sdio
(>1%)
Streptozocina
Agentes relacionados com reaes ocasionais de extravasamento
Bleomicina Fluorouracila
Carboplatina 10 mg/mL Gencitabina
Carmustina Gentuzumabe
Cisplatina Ifosfamida
Ciclofosfamida Irinotecano
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
54/133
54
Dacarbazina Mitoxantrona
Daunorrubicina Citrato (lipossomal) Oxaliplatina
Dexrazoxano Paclitaxel
Docetaxel Tenoposideo
Doxorrubicina (lipossomal) Topotecano
Etoposide
MEDICAMENTOS MAIS UTILIZADOS POR VIA INTRAVENOSA
FENTANIL
Categoria teraputica: analgsico narctico
Efeito da ao analgsica:
o IV ocorre imediatamente; durao da ao: 30 a 60 min.
Administrao parenteral:
o IV push lento: 3 a 5 min
o Infuso contnua: em SG5% ou SF 0.9%
o Estabilidade: 48h a temperatura ambiente (TA)
Monitorar:
o taxa respiratria, presso sangnea, saturao de oxignio, distenso abdominal
Cuidados:
o Administrao IV rpido pode resultar em apnia
o Apresenta efeito hipotensor menor que o fenobarbital e tiopental
Incompatibilidades em Y:
o Fenobarbital
o Tiopental
o Fenitona
o Azitromicina
Ocorre precipitao.
MIDAZOLAM
Categoria teraputica: anticonvulsivante
Farmacodinmica:
o Incio da ao sedativa: 1 a 5 minutos
o Durao da ao: 20 a 30 minutos
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
55/133
55
Administrao parenteral:
o IV lento por 2 a 5 minutos na concentrao de 1 a 5 mg/mL (concentrao mxima
de 5 mg/mL)
o IM: concentrao mxima de 1 mg/mL
o Estabilidade: na concentrao de 0,5 mg/mL, estvel por 24 horas em SG 5% ou
SF 0,9%, ou por 4 horas em Ringer lactato.
Monitorar:
o Nvel de sedao, taxa respiratria, taxa cardaca, presso sangnea, saturao
(oximetria de pulso).
Cuidados:
o Evitar extravasamento, no administrar intra-arterial
o Retirada abrupta pode resultar em sndrome de abstinncia.
Neonatologia:
o No usar via IV quando for doses maiores.
Incompatibilidades em Y:
o Amoxacilina
o Amoxacilina/Clavulanato
o Albumina
o Ceftazidime
o Cefuroximeo Dexametasona fosfato
o Hidrocortisona succinato
o Imipenem/Cilastatina
o Bicarbonato de Sdio
NORADRENALINA
Sinnimo: Norepinefrina
Categoria teraputica: agente agonista adrenrgicoCuidados:
o Deve ser diluda antes do uso.
o Monitorar status termodinmico.
o A injeo contm metabissulfito, o qual pode causar reaes alrgicas em
indivduos suscetveis.
o Extravasamento pode causar necrose tecidual.
o No administrar em pacientes com trombose vascular mesentrica ou perifrica
porque a isquemia pode ser aumentada e a rea do infarto estendida.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
56/133
56
Estabilidade:
o Oxida rapidamente; no usar se colorao escurecida (marrom).
o Diluir em SG 5% ou soro fisiolgico (SG 5%/SF 0,9%). No recomendada diluio
em SF 0,9%.
o Concentrao: 8 mg/mL em SG 5%.
o No estvel em solues alcalinas.
o Proteger da luz.
Administrao:
o Em veia de grande calibre.
o Concentrao padro: 4 mcg/mL, porm 16 mcg/mL tem sido usado com segurana
e com eficcia em situaes de restrio hdrica.
Incompatibilidade em Y:
o Insulina
VANCOMICINA
Categoria teraputica: antibitico
Estabilidade:
o Frasco/ampola 500 mg, reconstituir com 10 mL AD. Estvel por 24 horas se
refrigerado.o Solues para infuso: SG 5%, SF 0,9%; concentrao mxima: 5 mg/mL. Estvel
por 24 horas a temperatura ambiente.
Administrao:
o 500 mg: mnimo 60 minutos
o 1000 mg: mnimo 90 minutos
o Adultos com funo renal normal: no exceder 2 g/dia
Cuidados:
o No administrar IM.Incompatibilidades em Y:
o Heparina
o Fenobarbital
o Foscarnet
o Aminofilina
o Cotrimoxazol (SMT + TMP)
o Ceftazidime
o Albumina
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
57/133
57
o Bicarbonato de Sdio
MORFINA
Categoria teraputica: analgsico, narctico.
Cuidados:
o Depresso respiratria.
o Neonatos e crianas menores que 3 meses de idade so mais suscetveis
depresso respiratria. No diluir em solues com conservante.
o Descontinuao abrupta em uso prolongado pode causar sndrome de retirada.
o Injees podem conter metabissulfito de sdio, que pode causar reaes alrgicas.
Interaes:
o Depressores do SNC (fenotiazinas, antidepressivos tricclicos)
o Isoenzima do citocromo P450.
Dose mxima em neonatos: 0,1 mg/kg/dose
Administrao:
o Push: administrar acima de 5 minutos at uma concentrao final de 0,5 a 5 mg/mL
(IV rpido pode aumentar os efeitos adversos).
o Infuso intermitente: administrar acima de 15 a 30 minutos, a uma concentrao
final de 0,5 a 5 mg/mL.
o Infuso contnua: 0,1 a 1 mg/mL em SG 5%, SG 10% ou SF 0,9%.
ALBUMINA
Categoria teraputica: expansor de volume plasmtico.
Neonatos:
o Usar a concentrao de 25% com extremo cuidado e infundir lentamente em
neonatos a pr-termo, devido ao aumento do risco de IVH (a partir da expanso
rpida do volume intravascular).
o Diluir com soro fisiolgico e SG 5%.o No diluir com gua estril, pois pode resultar em hipotonia, que pode ser fatal
(hemlise).
Estabilidade:
o Os frascos, aps abertos, devem ser usados em 4 horas.
Administrao:
o Taxas mximas de infuso aps volume final de reposio:
5%: 2 a 4 mL/minuto
25%: 1 ml/minuto
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
58/133
58
Monitorar:
o Hipervolemia
o Edema pulmonar
o Sinais vitais
ANFOTERICINA B
Categoria teraputica: antimicrobiano
Possveis interaes:
o Digoxina: toxicidade em presena de hipocalemia
o Corticides: agravamento de hipocalemia
o Bloqueio muscular no despolarizante
o Diurticos (K+) tiazdicos/de ala: agravamento da hipocalemia
o Radioterapia: piora anemia
o Ciclosporina, Tacrolimo, aminoglicosdeos: aumenta o risco de nefrotoxicidade
o Imidazlicos: possvel antagonismo farmacodinmico
Administrao:
o Dose mxima: 1,5 mg/kg/dia
o Diluio: SG 5% ou SG 10%
o Concentrao mxima: 0,1 mg/mL (acesso perifrico; heparinizar acesso) e 0,5
mg/mL (central preferencial)o Tempo de infuso recomendado: 6 horas (mnimo 4 horas)
o Tempo de infuso em neutropenia febril: infuso contnua (24 horas)
Cuidados:
o Medir a PA, FR, Tax, FC imediatamente antes da infuso;
o Hidratao com NaCl 0,9% conforme prescrio;
o Flush com SG na via antes e aps a administrao;
o Separar via de administrao da infuso de NaCl 0,9%;
o No utilizar se a soluo IV apresentar turbidez;o Registrar horrios exatos de incio e trmino da infuso;
o Monitorar efeitos adversos infusionais e, caso ocorram, registr-los no pronturio de
forma detalhada.
Estabilidade:
o Soluo a temperatura ambiente: 24 horas
o No necessrio proteger da luz at 24 horas de infuso
Incompatibilidades:
o Acetilcistena
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
59/133
59
o Alopurinol
o Amifostina
o Ampicilina
o Aztreonam
o Carbenicilina
o Canamicina
o Cefepime
o Cefpiroma
o Cimetidina
o Clindamicina
o Cloreto de Clcio
o Cloreto de Sdio
o Clorpromazina
o Clortetraciclina
o Cotrimazol
o Difenidramina
o Docetaxel
o Dopamina
o Doxorrubicina
o Enalaprilo Estreptomicina
o Etoposido
o Filgrastima
o Fluconazol
o Fludarabina
o Gencitabina
o Gentamicina
o Glicose em Cloreto de Sdioo Glicose em Ringer
o Heparina
o Lidocana
o Linezolida
o Magnsio
o Melfalano
o Meropenem
o Metildopa
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
60/133
60
o Nitrofurantona
o NPT
o Ondansetrona
o Oxitetraciclina
o Paclitaxel
o Penicilina G Potssica
o Penicilina G Sdica
o Piperacilina/Tazobactam
o Polimixina B
o Potssio
o Procana
o Propofol
o Ranitidina
o Remifentanila
o Sargramostima
o Tetraciclina
o Tobramicina
o Verapamil
o Vinorelbina
o Viomicinao Vitaminas
INSULINA
Categoria teraputica: agente antidiabtico
Apresentao: Fr/amp 10mL (100UI/mL)
Armazenamento:
o Armazenar os frascos intactos sob refrigerao;
o Os frascos em uso devem ser armazenados sob refrigerao por no mximo 30
dias.
o Proteger da luz;
o No congelar. O congelamento pode resultar na alterao da estrutura da protena
que ocasionar uma diminuio de potncia;
o Evitar temperaturas extremas (menores de 2C e maiores de 30C);
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
61/133
61
Cuidados na administrao:
o Administrar quando o medicamento estiver em temperatura ambiente;
o Se apresentar descolorao, turbidez ou viscosidade no usual, a ampola dever
ser descartada, uma vez que essas mudanas indicam deteriorizao e/ou
contaminao;
o Evitar agitao excessiva;
o Se aps agitao, a soluo apresentar modificaes na aparncia,como sedimento
branco no fundo do frasco, presena de grumos ou cogulos suspensos, aderncia
da insulina nas paredes do frasco, recomenda-se no utilizar porque pode acarretar
em erro de dosagem;
o Insulina de longa durao deve ser clara, todas as outras insulinas so turvas;
o Depois de diluda em SF0,9% ou gua para injeo (1UI/mL), apresenta
estabilidade de 24 horas a temperatura ambiente ou sob refrigerao;
o Se novo equipo for necessrio: preencher equipo com soluo de insulina, esperar
30 minutos at saturao, desprezar o contedo e preencher novamente para iniciar
a infuso;
o Agitar eventualmente o frasco/bolsa durante a infuso;
o Se for necessrio misturar mais de um tipo de insulina, a Insulina Regular deve ser
aspirada antes;
Cuidados de enfermagem:
o A hipoglicemia em pacientes em uso de Insulina Humana pode ser menos provvel
de se reconhecer do que em pacientes que utilizem Insulina suna. os quais
apresentam sudorese e fome quando os nveis de glicose esto baixos.
o A Insulina Regular Humana a nica que pode ser administrada intravenosa;
Incompatibilidades (Y):o Cefoxitina, Cisplatina, Clorpromazina, Dantroleno, Digoxina, Diltiazem, Dopamina,
Diazepam, Fenilefrina, Fenitona, Isoproterol, Levofloxacino, Norepinefrina,
Pentamidina, Piperaciclina-Tazobactam, Polimixina B, Propranolol, Protamina,
Ranitidia, Rocuronio, Sulfametozaxol-Trimetroprima.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
62/133
62
Interaes:
o Efeito Hipoglicemiante:
Antagonistas -Adrenrgicos, Salicilatos, Naproxeno, Indometacina, Etanol, Ltio, Clcio, Teofilina,
Mebendazol, Sulfonamidas, Ampicilina+Sulbactam, Tetraciclina, Pentamidina,Piridoxina.
o Efeito Hiperglicemiante:
Epinefrina, Clicocorticides, Diurticos, Contraceptivos Orais, Agonistas -Adrenrgicos,
Bloqueadores De Canais De Clcio, Fenitona, Clonidina, Morfina, cido Nalidxico, Nicotina,
Bloqueadores H2.
ANTIBITICOS MAIS USADOS EM NEONATOLOGIA:
o Amicacina
o Ampicilina
o Aztreonam
o Cefotaxime
o Ceftazidime
o Ceftriaxonao Cefepime
o Ciprofloxacina
o Clindamicina
o Eritromicina
o Estreptogramina
o Gentamicina
o Imipenem
o Linezolideo Metronidazole
o Meropenem
o Netilmicina
o Oxacilina
o Penicilina G
o Piperacilina Tazobactam
o Rifampicina
o Ticarcilina Clavulanato
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
63/133
63
o Tobramicina
o Vancomicina
REFERNCIAS
1. DrugDex. MICROMEDEX Healthcare Series Integrated IndexSystem. Vol. 125. 1974-
2005. 3 CD-ROM.
2. TRISSEL, LA. Handbook on Injectable Drugs. 13th ed. Bethesda (MD): American Society of
Hospital Pharmacistis, 2001.
3. Martindale In: MICROMEDEX Healthcare Series Integrated Index System. Vol. 124.
1974-2006. 3 CD-ROM.
4. TAKETOMO, C.K.; HODDING, J.H.; KRAUS, D.M. Pediatric Dosage Handbook. 9thed.
USA: Lexi-Comp, 2002-2003.
5. LACY, C.F., ARMSTRONG L.L., GOLDMAN M. P., LANCE L. L. Drug Information
Handbook. 11ed, USA: Lexi-comp Inc 2003-2004.
6. AHFS, American Hospital Formulary Service: Drug information 2002. Bethesda, MD.
7. Bula do medicamento Biohulin - Laboratrio Biobrs S. A.
8. GOODMAN & GILMAN. The Pharmacological Basis of Therapeutics. 10th ed. Hardman
JG, Limbird LE (editors in chief). International Edition.
9. Genaro A.R. Remington. A Cincia e a Prtica da Farmcia. 20ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan S.A., 2004.
10. Ferreira, J.P. Pediatria Diagnstico e Tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
11. Gomes M. J.V.M., Reis, A.M.M. Cincias Farmacuticas: Uma Abordagem em Farmcia
Hospitalar. 1ed. So Paulo: Editora Atheneu, 2000.
12. FUCHS F., WANNMACHER L. Farmacologia Clnica. Rio de Janeiro, 1992. Guanabara
Koogan, 1999.
13. Goodman & Gilman. The Pharmacological Basis of Therapeutics. 9th ed. Hardman JG,
Limbird LE (editors in chief). International Edition
14. Informaes disponveis em www.injectaveis.comacessado em 24/01/05.
15. Informaes disponveis em www.infomed.hpg.ig.com.bracessado em 24/01/05.
16. Informaes disponveis em www.uspharmacist.comacessado em 26/01/05.
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
64/133
64
MDULO V
Controle de infeco eEpidemiologia no uso de PICC
-
7/25/2019 Apostila_curso_PICC.pdf
65/133
65
A. Relevncia
As infeces relacionadas a cateteres intravasculares so das mais prevalentes nosservios de sade. Causam considervel morbidade e contribuem para a mortalidade
dos hospitais(1).
Nos EUA estima-se que sejam utilizados mais de 150 milhes de cateteres vasculares
por ano; Incluindo 7 milhes de Cateteres Vasculares Centrais (CVC).
o CVC: Cateter cuja extremidade terminal (ponta) localiza-se em um grande vaso
aorta, artria pulmonar, veia cava superior,veia cava inferior, veias braquio-
ceflicas,veias jugulares internas, veias subclvias e veias femurais. O PICC
um CVC.
Os CVCs so a fonte da maioria (90%) das infeces primrias de corrente sangnea
(ICS) (2).
Nos EUA 48% dos pacientes internados em CTIA usam CVC.
Ocorrem em torno de 5,3 ics-cvc/1000 cvc-dianas CTIAs dos hospitais americanos(1).
A mortalidade Atribuda das ICS-CVC de 18%; assim, nos EUA ocorrem cerca de
14.000 mortes por ano devido a infeces relacionadas a CVCs (3-5).
Adicionalmente as ICS-CVC prolongam a hospitalizao em mdia em 7 dias; o custo
atribuvel estimado, nos EUA, por episdio de U$ 3.700 a U$29.000 (6).
Os PICC so a modalidade preferida por mdicos e enfermeiros para pacientes
ambulatoriais nos EUA:
o So atrativos para acessos de mdia e longa permanncia 1